SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 32
Downloaden Sie, um offline zu lesen
CROSS FASHION CONSUMPTION: RESSIGNIFICANDO OS ESPAÇOS SOCIAIS E OS OLHARES ESTÉTICOS
Letícia Diniz 
Mestre em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social PUC/BA 
Sócia da empresa de Gestão + Criatividade Antropolab 
Clarisse Barreiros 
Mestre em Antropologia PUC/SP 
Sócia da empresa de Gestão + Criatividade Antropolab
Analisamos as novas formas de consumo de moda com um olhar sociológico sobre o cruzamento de fluxos sociais de consumo em busca do capital simbólico, ressignificando os espaços sociais e os olhares imagéticos entre a estética da periferia e o novo luxo construindo o conceito de CROSS FASHION CONSUMPTION
DowntownAbbey 
A história conta sempre a versão dos vencedores, dos conquistadores, da cultura hegemônica, da classe social financeiramente preponderante. 
As classes economicamente menos favorecidas, mas contingencialmente mais significativas vestiam-se de forma distinta do que lemos nos livros ou analisamos em pinturas e afrescos.
Arte e Mecenato: 
As pessoas retratadas representavam a classe privilegiada, trajando, para tal momento, a sua melhor veste. 
Augusta Princess of Wales, mãede George III, 1758 George Knapton, pintor inglês (1698–1778).
Imobilidade social podia ser distinguida pelos trajes e acessórios adotados. 
O acesso ao consumo das roupas e o simples contato com informação sobre moda estava restrito as classes mais abastadas.
Mas o ser humano, essencialmente social, não se contenta em permanecer. 
O ser humano quer mobilidade.
Jogo de força 
nos campos 
sociais
Nos movimentos, descendente ou ascendente, o equilíbrio buscado é uma estética que será absorvida como referência a ser propagada como sinônimo de algo que possui o aval, a chancela dos “entendidos” da boa moda, da conduta social e financeiramente aprovada pela classe dominante. 
interseção das trajetórias dos dois fluxos
Fluxo dos modismos: a meta do discurso da moda é estabelecer uma nova estética com nomenclatura em língua estrangeira, verniz e aceitação da classe social dominante. Portanto, mesmo quando a origem de uma nova moda é popular, esta, ao ser inserida, nos ciclos tendenciais de consumo, ganha aura de nobreza para atestar sua aprovação. 
Case: Mendigo do Paraná
O fastfashion revelou ao mundo bastidores antiéticos e 
questionáveis, mas trouxe para os consumidores roupas com preços acessíveis 
e impregnadas de informações atualizadas de moda
Muito embora as grandes marcas de moda não intencionem ou se agradem dessa constatação, cresce o número de consumidores de produtos e acessórios do vestuário de classes mais populares
A comunicação de tais marcas deveria afastar tais consumidores, fazê-los desejar seus produtos, mas por uma incompatibilidade de estilo de vida, intimidá-los ao consumo 
Mas hoje, o consumidor de classes populares encorajou-se para adentrar nos centros comerciais elitizados
As grandes marcas adentraram no mix de marketing de polos comerciais construídos em territórios de origem mais populares
Marcas e designers de alto luxo assinaram contratos para desenvolvimento de coleções- cápsulas em redes populares de varejo.
A conquista árdua do poder de consumo tem mostrado uma nova classe ansiosa por uma nova estética e o valor agregado que grandes marcas constroem 
podem trazer a resposta e esta ânsia
Mas dessa vez, a classe emergente não tem procurado reproduzir os hábitos da classe elitizada. Ao contrário, os novos emergentes têm orgulho de suas origens, da trajetória de suas conquistas. Assim, eles consomem marcas de luxo, mas vestem as mesmas de maneira que os caracterizem.
As novas formas de consumo que surgiram e estão vigentes na atualidade, propõem um novo olhar sob a perspectiva dos desejos de pertencimentos sociais. 
Os fluxos sociais não mais se encontram no espaço de intermediário que propaga a estética de uma elite globalizada como o discurso único da moda, mas se cruzam, experimentando e ressignificando os espaços sociais e os olhares estéticos. A isso estamos chamando de 
CROSS FASHION CONSUMPTION
“Movimento isoporzinho”: crítica aos preços abusivos dos alimentos e bebidas comercializados. Propõe a socialização do consumo de produtos com preços de prateleira. Incorporado na versão de luxo. Gerou um manual de etiqueta para o bom convívio social.
“FoodTruck” de luxo
“Parklets”. Praça pública de luxo.
Fast-luxo: Moschino, a coleção outono-inverno 2014/2015 do estilista Jeremy Scott trouxe como referência uma grande franquia norte- americana de fast-foodcomo inspiração. 
Qual é o público-alvo ensejado por essa estratégia ?
Chanel, Inverno 2014/2015 : a plateia foi convidada ao consumo. Esqueceu-se das etiquetas e normas para o bom convívio social que ela própria determinou como sinônimo de capital cultural e esbaldou-se desordenadamente, como a tia-avó do casamento de periferia que enche sua bolsa de festa de docinhos indiferente aos comentários, fazendo a classe elitizada se perder no meio do caminho de volta ao seu habitus.
Se por um lado o consumo exacerbado tem sido publicamente criticado por sua conduta antiecológica e supérflua, por outro, consumir nunca foi tão acessível e, portanto, tentador.
Indução ao erro interpretativo: 
-Luxo como conduta padrão elitizada. 
-Referências europeias de capital intelectual como pacote aspiracionalde qualquer classe emergente. 
-Consumo de produtos simbólicos elitizados como recurso suficiente para uma rearrumação na hierarquia social das classes. 
Nessa hipótese, o consumo tem refletido visibilidade social, mas sem a busca da mimetização elitizada de hábitos e valores.
Assim sendo, as classes emergentes não estariam buscando uma inclusão, mas seu espaço de forma autoral e singular. 
Como força de sentido contrário, as classes elitizadas também não conclamam a exclusividade que lhe seria natural. Não é essa a lógica operante.
Classe elitizada: cansada/culpada por consumo ostensivo se diverte com referenciais cada vez mais casuais e esportivos. Reencontro dos valores da simplicidade perdida, o fazendo, claramente, contextualizando tais signos ao seu mundo. 
No seu sentido cruzado vemos uma classe que vem conquistando capital financeiro e procura demonstrar com referenciais imagéticos suas aquisições através de símbolos tradicionais de riqueza, mas apodera-se deles ressignificando-osdentro de seu mundo de origem, num
Para pensarmos juntos...
Onovo comportamento das classes emergentes e o novo luxo das classes elitizadas está à procura de um novo discurso estético e não parece preocupada em encontrar um polo radial de valores e hábitos como referência, uma vez que todos continuam arraigados às suas
MUITO OBRIGADA!
Cross fashion consumption

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Industria cultural fragmentos
Industria cultural fragmentosIndustria cultural fragmentos
Industria cultural fragmentosArlindo Picoli
 
O Tema Da MistificaçãO Das Massas Pela IndúStria Cultural
O Tema Da MistificaçãO Das Massas Pela IndúStria CulturalO Tema Da MistificaçãO Das Massas Pela IndúStria Cultural
O Tema Da MistificaçãO Das Massas Pela IndúStria CulturalFábio Fonseca de Castro
 
Apresentação Manifesto Comunista Marx
Apresentação Manifesto Comunista MarxApresentação Manifesto Comunista Marx
Apresentação Manifesto Comunista MarxCarlos Faria
 
A cultura de massa e o kitsch
A cultura de massa e o kitschA cultura de massa e o kitsch
A cultura de massa e o kitschAline Corso
 
IndúStria Cultural2
IndúStria Cultural2IndúStria Cultural2
IndúStria Cultural2Luci Bonini
 
Indústria Cultural Hoje
Indústria Cultural HojeIndústria Cultural Hoje
Indústria Cultural HojeKarol Souza
 
Noções de tga 1º ano 2013 parte i
Noções de tga 1º ano 2013   parte iNoções de tga 1º ano 2013   parte i
Noções de tga 1º ano 2013 parte iNathan Felix Raposo
 
Marx a educacao para a sociologia c
Marx a educacao para a sociologia cMarx a educacao para a sociologia c
Marx a educacao para a sociologia cAlexsandra Santana
 
Diferenças entre Comunismo, Socialismo e Anarquismo
Diferenças entre Comunismo, Socialismo e AnarquismoDiferenças entre Comunismo, Socialismo e Anarquismo
Diferenças entre Comunismo, Socialismo e AnarquismoPaula Meyer Piagentini
 
Positivismo_a educação para Comte.pptx
Positivismo_a educação para Comte.pptxPositivismo_a educação para Comte.pptx
Positivismo_a educação para Comte.pptxMaria Ferreira
 
Movimentos do século xix
Movimentos do século xixMovimentos do século xix
Movimentos do século xixMax22Rodrigues
 

Was ist angesagt? (20)

Industria cultural fragmentos
Industria cultural fragmentosIndustria cultural fragmentos
Industria cultural fragmentos
 
Indústria Cultural
Indústria CulturalIndústria Cultural
Indústria Cultural
 
O Tema Da MistificaçãO Das Massas Pela IndúStria Cultural
O Tema Da MistificaçãO Das Massas Pela IndúStria CulturalO Tema Da MistificaçãO Das Massas Pela IndúStria Cultural
O Tema Da MistificaçãO Das Massas Pela IndúStria Cultural
 
Apresentação Manifesto Comunista Marx
Apresentação Manifesto Comunista MarxApresentação Manifesto Comunista Marx
Apresentação Manifesto Comunista Marx
 
A cultura de massa e o kitsch
A cultura de massa e o kitschA cultura de massa e o kitsch
A cultura de massa e o kitsch
 
IndúStria Cultural2
IndúStria Cultural2IndúStria Cultural2
IndúStria Cultural2
 
Indústria Cultural
Indústria CulturalIndústria Cultural
Indústria Cultural
 
Teorias Socialistas
Teorias SocialistasTeorias Socialistas
Teorias Socialistas
 
Aula de atualidades para quarto bimestre
Aula de atualidades para quarto bimestreAula de atualidades para quarto bimestre
Aula de atualidades para quarto bimestre
 
Indústria Cultural Hoje
Indústria Cultural HojeIndústria Cultural Hoje
Indústria Cultural Hoje
 
Noções de tga 1º ano 2013 parte i
Noções de tga 1º ano 2013   parte iNoções de tga 1º ano 2013   parte i
Noções de tga 1º ano 2013 parte i
 
Marx a educacao para a sociologia c
Marx a educacao para a sociologia cMarx a educacao para a sociologia c
Marx a educacao para a sociologia c
 
Classes sociais
Classes sociaisClasses sociais
Classes sociais
 
Slide aula sobre karl marx
Slide aula sobre karl marxSlide aula sobre karl marx
Slide aula sobre karl marx
 
Diferenças entre Comunismo, Socialismo e Anarquismo
Diferenças entre Comunismo, Socialismo e AnarquismoDiferenças entre Comunismo, Socialismo e Anarquismo
Diferenças entre Comunismo, Socialismo e Anarquismo
 
Positivismo_a educação para Comte.pptx
Positivismo_a educação para Comte.pptxPositivismo_a educação para Comte.pptx
Positivismo_a educação para Comte.pptx
 
Karl marx atualizado
Karl marx atualizadoKarl marx atualizado
Karl marx atualizado
 
Não lugar
Não lugarNão lugar
Não lugar
 
Manifesto Comunista
Manifesto ComunistaManifesto Comunista
Manifesto Comunista
 
Movimentos do século xix
Movimentos do século xixMovimentos do século xix
Movimentos do século xix
 

Ähnlich wie Cross fashion consumption

A juventude como criadora e disseminadora de tendências de consumo
A juventude como criadora e disseminadora de tendências de consumoA juventude como criadora e disseminadora de tendências de consumo
A juventude como criadora e disseminadora de tendências de consumoDani Esther
 
Reflexão epistemológica dos estudos culturais numa perspectiva da educação
Reflexão epistemológica dos estudos culturais numa perspectiva da educaçãoReflexão epistemológica dos estudos culturais numa perspectiva da educação
Reflexão epistemológica dos estudos culturais numa perspectiva da educaçãoProfessor Gilson Nunes
 
Teoria Crítica - Escola Frankfurt
Teoria Crítica - Escola FrankfurtTeoria Crítica - Escola Frankfurt
Teoria Crítica - Escola FrankfurtLaércio Góes
 
Moda como conceito multidisciplinar
Moda como conceito multidisciplinarModa como conceito multidisciplinar
Moda como conceito multidisciplinarIvana Cavalcante
 
Globalização, Mercado e Produções simbólicas
Globalização, Mercado e Produções simbólicasGlobalização, Mercado e Produções simbólicas
Globalização, Mercado e Produções simbólicasALCIONE
 
Teresina branding e marketing de moda
Teresina branding e marketing de modaTeresina branding e marketing de moda
Teresina branding e marketing de modaLurebordosa Leite
 
tcestudosculturais-150401100449-conversion-gate01.pptx
tcestudosculturais-150401100449-conversion-gate01.pptxtcestudosculturais-150401100449-conversion-gate01.pptx
tcestudosculturais-150401100449-conversion-gate01.pptxJooVictorBarroso2
 
Cultura de massa - teorias da comunicação
Cultura de massa - teorias da comunicaçãoCultura de massa - teorias da comunicação
Cultura de massa - teorias da comunicaçãoLaércio Góes
 

Ähnlich wie Cross fashion consumption (20)

Grant mc cracken
Grant mc crackenGrant mc cracken
Grant mc cracken
 
Aula 20 cultura, conhecimento e poder
Aula 20   cultura, conhecimento e poderAula 20   cultura, conhecimento e poder
Aula 20 cultura, conhecimento e poder
 
Experienciando a modernidade na américa latina
Experienciando a modernidade na américa latinaExperienciando a modernidade na américa latina
Experienciando a modernidade na américa latina
 
A juventude como criadora e disseminadora de tendências de consumo
A juventude como criadora e disseminadora de tendências de consumoA juventude como criadora e disseminadora de tendências de consumo
A juventude como criadora e disseminadora de tendências de consumo
 
Reflexão epistemológica dos estudos culturais numa perspectiva da educação
Reflexão epistemológica dos estudos culturais numa perspectiva da educaçãoReflexão epistemológica dos estudos culturais numa perspectiva da educação
Reflexão epistemológica dos estudos culturais numa perspectiva da educação
 
Cultura-mundo
Cultura-mundoCultura-mundo
Cultura-mundo
 
Cultura
CulturaCultura
Cultura
 
Teoria Crítica - Escola Frankfurt
Teoria Crítica - Escola FrankfurtTeoria Crítica - Escola Frankfurt
Teoria Crítica - Escola Frankfurt
 
Moda como conceito multidisciplinar
Moda como conceito multidisciplinarModa como conceito multidisciplinar
Moda como conceito multidisciplinar
 
Globalização, Mercado e Produções simbólicas
Globalização, Mercado e Produções simbólicasGlobalização, Mercado e Produções simbólicas
Globalização, Mercado e Produções simbólicas
 
Teresina branding e marketing de moda
Teresina branding e marketing de modaTeresina branding e marketing de moda
Teresina branding e marketing de moda
 
tcestudosculturais-150401100449-conversion-gate01.pptx
tcestudosculturais-150401100449-conversion-gate01.pptxtcestudosculturais-150401100449-conversion-gate01.pptx
tcestudosculturais-150401100449-conversion-gate01.pptx
 
Leituras Sobre Consumo
Leituras Sobre ConsumoLeituras Sobre Consumo
Leituras Sobre Consumo
 
CULTURA, DOMINAÇÃO E IDEOLOGIA
CULTURA, DOMINAÇÃO E IDEOLOGIACULTURA, DOMINAÇÃO E IDEOLOGIA
CULTURA, DOMINAÇÃO E IDEOLOGIA
 
Cultura
CulturaCultura
Cultura
 
TC - Estudos Culturais
TC - Estudos CulturaisTC - Estudos Culturais
TC - Estudos Culturais
 
Artigo ana laura quieroz
Artigo ana laura quierozArtigo ana laura quieroz
Artigo ana laura quieroz
 
O consumismo e_o_capitalismo
O consumismo e_o_capitalismoO consumismo e_o_capitalismo
O consumismo e_o_capitalismo
 
Cultura de massa - teorias da comunicação
Cultura de massa - teorias da comunicaçãoCultura de massa - teorias da comunicação
Cultura de massa - teorias da comunicação
 
Cultura de Massa.pptx
Cultura de Massa.pptxCultura de Massa.pptx
Cultura de Massa.pptx
 

Cross fashion consumption

  • 1. CROSS FASHION CONSUMPTION: RESSIGNIFICANDO OS ESPAÇOS SOCIAIS E OS OLHARES ESTÉTICOS
  • 2. Letícia Diniz Mestre em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social PUC/BA Sócia da empresa de Gestão + Criatividade Antropolab Clarisse Barreiros Mestre em Antropologia PUC/SP Sócia da empresa de Gestão + Criatividade Antropolab
  • 3. Analisamos as novas formas de consumo de moda com um olhar sociológico sobre o cruzamento de fluxos sociais de consumo em busca do capital simbólico, ressignificando os espaços sociais e os olhares imagéticos entre a estética da periferia e o novo luxo construindo o conceito de CROSS FASHION CONSUMPTION
  • 4. DowntownAbbey A história conta sempre a versão dos vencedores, dos conquistadores, da cultura hegemônica, da classe social financeiramente preponderante. As classes economicamente menos favorecidas, mas contingencialmente mais significativas vestiam-se de forma distinta do que lemos nos livros ou analisamos em pinturas e afrescos.
  • 5. Arte e Mecenato: As pessoas retratadas representavam a classe privilegiada, trajando, para tal momento, a sua melhor veste. Augusta Princess of Wales, mãede George III, 1758 George Knapton, pintor inglês (1698–1778).
  • 6. Imobilidade social podia ser distinguida pelos trajes e acessórios adotados. O acesso ao consumo das roupas e o simples contato com informação sobre moda estava restrito as classes mais abastadas.
  • 7. Mas o ser humano, essencialmente social, não se contenta em permanecer. O ser humano quer mobilidade.
  • 8. Jogo de força nos campos sociais
  • 9.
  • 10. Nos movimentos, descendente ou ascendente, o equilíbrio buscado é uma estética que será absorvida como referência a ser propagada como sinônimo de algo que possui o aval, a chancela dos “entendidos” da boa moda, da conduta social e financeiramente aprovada pela classe dominante. interseção das trajetórias dos dois fluxos
  • 11. Fluxo dos modismos: a meta do discurso da moda é estabelecer uma nova estética com nomenclatura em língua estrangeira, verniz e aceitação da classe social dominante. Portanto, mesmo quando a origem de uma nova moda é popular, esta, ao ser inserida, nos ciclos tendenciais de consumo, ganha aura de nobreza para atestar sua aprovação. Case: Mendigo do Paraná
  • 12. O fastfashion revelou ao mundo bastidores antiéticos e questionáveis, mas trouxe para os consumidores roupas com preços acessíveis e impregnadas de informações atualizadas de moda
  • 13. Muito embora as grandes marcas de moda não intencionem ou se agradem dessa constatação, cresce o número de consumidores de produtos e acessórios do vestuário de classes mais populares
  • 14. A comunicação de tais marcas deveria afastar tais consumidores, fazê-los desejar seus produtos, mas por uma incompatibilidade de estilo de vida, intimidá-los ao consumo Mas hoje, o consumidor de classes populares encorajou-se para adentrar nos centros comerciais elitizados
  • 15. As grandes marcas adentraram no mix de marketing de polos comerciais construídos em territórios de origem mais populares
  • 16. Marcas e designers de alto luxo assinaram contratos para desenvolvimento de coleções- cápsulas em redes populares de varejo.
  • 17. A conquista árdua do poder de consumo tem mostrado uma nova classe ansiosa por uma nova estética e o valor agregado que grandes marcas constroem podem trazer a resposta e esta ânsia
  • 18. Mas dessa vez, a classe emergente não tem procurado reproduzir os hábitos da classe elitizada. Ao contrário, os novos emergentes têm orgulho de suas origens, da trajetória de suas conquistas. Assim, eles consomem marcas de luxo, mas vestem as mesmas de maneira que os caracterizem.
  • 19. As novas formas de consumo que surgiram e estão vigentes na atualidade, propõem um novo olhar sob a perspectiva dos desejos de pertencimentos sociais. Os fluxos sociais não mais se encontram no espaço de intermediário que propaga a estética de uma elite globalizada como o discurso único da moda, mas se cruzam, experimentando e ressignificando os espaços sociais e os olhares estéticos. A isso estamos chamando de CROSS FASHION CONSUMPTION
  • 20. “Movimento isoporzinho”: crítica aos preços abusivos dos alimentos e bebidas comercializados. Propõe a socialização do consumo de produtos com preços de prateleira. Incorporado na versão de luxo. Gerou um manual de etiqueta para o bom convívio social.
  • 23. Fast-luxo: Moschino, a coleção outono-inverno 2014/2015 do estilista Jeremy Scott trouxe como referência uma grande franquia norte- americana de fast-foodcomo inspiração. Qual é o público-alvo ensejado por essa estratégia ?
  • 24. Chanel, Inverno 2014/2015 : a plateia foi convidada ao consumo. Esqueceu-se das etiquetas e normas para o bom convívio social que ela própria determinou como sinônimo de capital cultural e esbaldou-se desordenadamente, como a tia-avó do casamento de periferia que enche sua bolsa de festa de docinhos indiferente aos comentários, fazendo a classe elitizada se perder no meio do caminho de volta ao seu habitus.
  • 25. Se por um lado o consumo exacerbado tem sido publicamente criticado por sua conduta antiecológica e supérflua, por outro, consumir nunca foi tão acessível e, portanto, tentador.
  • 26. Indução ao erro interpretativo: -Luxo como conduta padrão elitizada. -Referências europeias de capital intelectual como pacote aspiracionalde qualquer classe emergente. -Consumo de produtos simbólicos elitizados como recurso suficiente para uma rearrumação na hierarquia social das classes. Nessa hipótese, o consumo tem refletido visibilidade social, mas sem a busca da mimetização elitizada de hábitos e valores.
  • 27. Assim sendo, as classes emergentes não estariam buscando uma inclusão, mas seu espaço de forma autoral e singular. Como força de sentido contrário, as classes elitizadas também não conclamam a exclusividade que lhe seria natural. Não é essa a lógica operante.
  • 28. Classe elitizada: cansada/culpada por consumo ostensivo se diverte com referenciais cada vez mais casuais e esportivos. Reencontro dos valores da simplicidade perdida, o fazendo, claramente, contextualizando tais signos ao seu mundo. No seu sentido cruzado vemos uma classe que vem conquistando capital financeiro e procura demonstrar com referenciais imagéticos suas aquisições através de símbolos tradicionais de riqueza, mas apodera-se deles ressignificando-osdentro de seu mundo de origem, num
  • 30. Onovo comportamento das classes emergentes e o novo luxo das classes elitizadas está à procura de um novo discurso estético e não parece preocupada em encontrar um polo radial de valores e hábitos como referência, uma vez que todos continuam arraigados às suas