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O homem da Sarjeta - Ensaio

Antonio Fernando Navarro1
O texto trata da questão do Homem, posto em um local que normalmente representa
algo desagradável, pois para lá segue o lixo das calçadas, os esgotos das casas, e, enfim, coisas que
não nos são de todo agradáveis, a Sarjeta. De acordo com o dicionarioinformal.com.br, sarjeta pode
significar: "decadência, humilhação, sem moral, numa pior".
A pessoa humana pode se encontrar nessa situação por uma série de razões, que passam
por: uma desilusão amorosa; um problema emocional aflitivo e sem solução; problemas
psiquiátricos e, o abandono familiar, ou o uso de drogas ilícitas. De quando em vez os noticiários
televisivos apresentam as "invasões dos cracudos", como passaram a ser denominados os usuários
do crack, que invadem avenidas e provocam situações de conflito, após saírem do estado de letargia
como ficam durante quase o dia todo. Ao fim, se levantam e seguem para nova jornada de busca de
dinheiro fácil e da droga disponível na esquina. Quanto tempo isso irá durar? Não se sabe ao certo,
mas há os que morrem atropelados, os que "apagam" pelo abuso da droga, os que são assassinados
por não quitarem suas dívidas, enfim, morrem quando têm que morrer. Antes, porém, magoam
muito àqueles que lhes querem bem. De uma mãe ouvimos certa vez: "mais vale lamentar pelo filho
morto do que chorar pelo filho vivo". Não é que ela tinha razão? Certamente é uma tarefa bem
árdua fazer com que aquele que gosta prazerosamente de algo, passe a ignorá-la. Dizer a um viciado
que droga não é uma coisa boa seria mentir para ele. Ele tem o prazer de utilizá-la e tudo o que se
disser ao contrário certamente será rejeitado pelo usuário. Por isso, os tratamentos de recolhimento
do usuário por um "par" de dias não o inibe de retornar de onde saiu. Estatísticas imprecisas
informam que de cada 100 pessoas que são levadas a um local para serem lá mantidas por um
período de 15 dias, 90 retornam ao vício, muitas vezes nas duas próximas semanas. As razões são
muitas: falta de sentido da vida; falta de perspectivas para um futuro que seja melhor do que o
presente; falta de esperança em algo bom; desconfiança quanto ao futuro e a todos; falta de
oportunidades, inclusive de trabalho, entre tantas outras faltas. O pior é que as drogas vão
lentamente "sequelando" o indivíduo. Uma das primeiras partes do cérebro afetadas é a do lobo
frontal, que é onde fica nosso "freio", o controle de nossas emoções e razões.
1

Físico, Matemático, Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Mestre em Saúde e Meio Ambiente e
Professor do Curso de Ciências Atuariais da UFF – Universidade Federal Fluminense.
2

Absorção do crack é maior do que a de drogas injetáveis - Droga chega ao cérebro em
cerca de 10 segundos. Região responsável pelo controle do prazer é atingida.2
Absorção e efeito mais rápido, além de preço menor. A combinação faz do crack uma das
drogas com maior potencial de dependência e de destruição. Comparada com a cocaína, ela
chega com mais facilidade ao sistema nervoso central e seu uso pode se repetir por mais
vezes.
Assim como a droga chega ao cérebro em cerca de 10 segundos, os resultados aparecem em
pouco tempo: perda de capacidade cerebral. “O crack causa um nível de lesão cerebral
significativo”, diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeiras, coordenador da Unidade de
Dependência de Álcool e Droga (UNIAD), do Departamento de Psiquiatria da Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP).
"Quanto mais é fumada, mais a droga corrompe esse centro de prazer"
Ele explica que a superfície de contato dos pulmões com a droga fumada é muito maior
quando comparada com a cocaína aspirada, o que facilita a absorção do crack. “A superfície
de todo o tecido pulmonar pode ser do tamanho de uma quadra de tênis”, diz. “E depois de
cheirar algumas vezes, há uma constrição nos vasos do septo nasal, o que dificulta a
absorção da cocaína.”
Uma vez que é inalada, a fumaça do crack é absorvida pelos pulmões e vai direto para a
corrente sanguínea. Em segundos, a droga chega ao sistema nervoso central.
“O crack atinge a região do córtex frontal, numa região responsável pelo controle do
prazer”, explica o psiquiatra. “Quanto mais é fumada, mais a droga corrompe esse centro de
prazer.”
Isso explica o comportamento popularmente chamado de “fissura”. Na ausência da droga, o
organismo do viciado em crack passa a “pedir” por mais ativação do centro de prazer, o que
após pouco tempo só é conseguido consumindo novamente a droga. “Qualquer droga que é
absorvida por via pulmonar tem absorção muito mais eficiente, mais até do que se fosse
injetada”.
Laranjeira explica que em poucos dias, ou no máximo poucas semanas, o usuário se torna
viciado. “Mesmo as pessoas que usam cocaína há anos podem se tornar viciadas em crack
em pouquíssimo tempo”, diz.
Consequência
2

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1357227-5603,00ABSORCAO+DO+CRACK+E+MAIOR+DO+QUE+A+DE+DROGAS+INJETAVEIS.html
3

As conseqüências do vício foram medidas pela equipe do psiquiatra. Uma pesquisa realizada
na Unifesp acompanhou uma amostra de usuário durante doze anos. Para 30% deles a morte
em situações violentas chegou dentro de um prazo máximo de cinco anos. “A vida do crack é
uma vida no meio da violência, então a morte nessas condições é comum”, diz o médico.
Mesmo as pessoas que usam cocaína há anos podem se tornar viciadas em crack em
pouquíssimo tempo.
De acordo com o levantamento da Unifesp, 40% dos usuários pararam de consumir a droga,
10% foram presos e 20% se tornaram usuários crônicos. “São pessoas com estilo de vida
muito limitado e que podem continuar usando por dez, doze anos”, afirma.
Apesar de ser uma droga estimulante, o crack diminui a quantidade de sangue na região do
córtex frontal. Isso pode causar outros problemas mentais como a esquizofrenia, a depressão
e a ansiedade. “A pessoa pode desenvolver quadros paranóicos ou mais graves”, diz
Laranjeira.
Ao pensar sobre o tema do Homem associamo-lo sob o ângulo daqueles que todas as
noites, ou mesmo durante os dias, ficam junto às portas dos bancos, supermercados, padarias,
pedindo dinheiro para comprar pão, ou com crianças no colo, muitas vezes emprestadas de outras
famílias. Os pontos são estratégicos - em um, saímos muitas vezes com dinheiro no bolso para um
passeio ou uma compra imediata, no outro caso, saímos com sacolas de compras para abastecer
nossa despensa em casa, nesses momentos, nos vemos, de certa maneira, superiores àqueles que, de
uma maneira ou outra estão em uma condição bastante inferior à nossa, e aí o coração dá as ordens,
chegando muitas vezes ao caso de entregarmos algo que compramos, ou entregar algum trocado.
Uma vez, saímos de casa de manhã cedo no domingo para ir a uma padaria e comprar
pão. Quase na porta da padaria fomos abordados por um menino de 12 a 15 anos,
aproximadamente, muito magro e pálido, pedindo dinheiro para comprar um pão. Eu lhe disse que
me acompanhasse até a padaria. O menino ficou do lado de fora. Eu pedi ao balconista que pegasse
um pão fresquinho, abrisse, passasse bastante manteiga, colocasse queijo e presunto. A seguir, pedi
que cortasse o pão em dois pedaços e os envolvesse em um papel da padaria. Feito isso, entreguei o
pacote ao menino, na expectativa de que o garoto pegasse o embrulho e comesse com prazer o
sanduiche. Ao invés disso, o menino caminhou até a esquina e jogou o embrulho em um latão de
lixo. Aquilo foi uma desgraça para mim. Foi um domingo péssimo, porque não queria que
soubessem que eu tinha feito algo bom ou não. Queria que aquele que me pediu pão o recebeu,
porém, não o comeu. Recriminei-me muito por não ter percebido a intenção do garoto. Mas, creio
4

que muitos iguais a mim teriam feito o mesmo e repetiriam o gesto outras vezes, pois que fomos
educados a auxiliar o próximo.
Por outro lado, no jornal da noite vimos bando de garotos no centro da Cidade do Rio
de Janeiro, tirando das pessoas pulseiras, relógios e colares e fugindo, para depois trocar por drogas.
Esse lado bandido nos faz até ter raiva deles, porque muitos de nossos amigos já passaram por isso.
Se um de nós passasse por esse dissabor sentiria, na mesma hora, a vontade de prendê-los e deixalos lá, pois que naquele momento, essas pessoas não têm jeito. O interessante é que são os mesmos
que vivem vagando nas "cracolândias" da vida.
Por que abordamos essa questão? Porque muitas vezes, para não se dizer na maioria das
vezes, esse dinheiro ou compras termina sendo trocado por drogas que os traficantes despejam aos
borbotões em nossas cidades. Em outras, não freqüentes, as pessoas agradecem e fazem bom uso do
que entregamos. Como na maioria das vezes nossa percepção é a de que as pessoas se aproveitam
de uma fraqueza momentânea nossa e usam o que demos para a compra de drogas, terminamos por
generalizar a questão. Sem discutir os méritos de como as conseguem, prossigamos.
Por que uma pessoa usa drogas?
Ora, uma pessoa passa a usar drogas alegando grande quantidade de razões. Às vezes
não foi forte o suficiente para encarar um sofrimento físico ou familiar. De outra feita, pode ter sido
viciada desde a infância por pessoas ruins. Também se pode imaginar que o uso proveio dos
relacionamentos da pessoa com outras viciadas que usam como argumento: experimente que é bom;
veja como isso vai aliviar sua cabeça; olha que coisa boa, o dia vai amanhecer e você nem irá
perceber. Outros usam drogas, para não serem expulsos de seus grupos de relacionamento e assim,
fazem o uso, no início, quase que por imposição. Chega até a fazer sentido para eles, esquecer por
momentos a vida que levam, já que muitos não têm para onde ir, por não terem famílias ou terem
sido expulsos de casa. Assim, dormem nos bancos de praça. Embaixo das marquises dos prédios, ou
em casas abandonadas.
Uma coisa é certa. A ansiedade é a mola mestra para o início do uso das drogas, mas
também o é para a frustração. Depois dela vem a raiva ou tudo aquilo que possa representar um
“motivo” para sair e buscar drogas. Certamente o viciado se sente melhor quando usa a droga por
uma razão ou motivo. Tendo o motivo passa a se sentir menos culpado.
Essa questão é difícil de lidar no dia-a-dia, nos relatos, nos ambientes familiares e
sociais. Em condomínios residenciais não é raro ouvir-se os gritos em apartamentos de pessoas
chegando a suas casas drogadas e criando os maiores problemas para seus familiares. Para os
vizinhos, todos fingem que não ouviram os gritos dos pais e do filho ou filha. Para essas famílias
5

resta a vergonha que ter um filho, ou marido que usa drogas e chega em casa de madrugada criando
problemas.
Nas clínicas ditas de desintoxicação (não se consegue desintoxicar quem não quer ser
desintoxicado), o que se percebe é que a maioria dos que ali estão possui família e esta não os
abandona. Em algumas vezes percebe-se que o viciado tinha sua própria família com filhos. Mas
esses não têm como conviver com uma pessoa que tira tudo de casa para trocar por drogas nas
esquinas da vida. Em muitos casos a convivência passa a ser violenta com o viciado batendo na
esposa e ou nos filhos.
Uma vez ficamos abismados ao assistirmos na televisão uma entrevista com um
delegado de polícia dizendo que os traficantes existiam porque havia pessoas que usavam drogas.
Vimos nessas clínicas de desintoxicação familiares com esperança que os filhos saíssem dessa. Ora,
será que a esperança que nunca abandonava os corações daqueles familiares chegava a despertar
algum remorso em seus filhos? Cremos que não. Será que essas pessoas não se culpavam o tempo
todo tentando obter desculpas para os erros de seus filhos? Cremos que sim.
Em uma época, assistindo a uma reunião de famílias e vimos um usuário de crack de
dezesseis anos ao lado de seu psicólogo agradecendo a todos e se despedindo por já estar sendo
liberado da clínica. Na saída, olhou para os amigos da clínica e sorriu. Pois bem, ele já voltou para
lá umas seis vezes até então. Em uma dessas passou 45 dias isolado dos demais companheiros, tal
era a fúria que sentia dentro de si por não estar usando a droga.
Para quem nunca vivenciou essas questões chega a ser assustador ver uma pessoa
“tomada” por algo que desconhecemos, furiosa, criando todo o tipo de problemas porque precisa da
droga para se saciar, ou se acalmar. Para obter esse “prazer” momentâneo é capaz de tudo. Em uma
reunião de NA vimos um rapaz que chegou a trocar um apartamento recebido em herança por
drogas. Passados 15 anos depois ele dava seu depoimento relatando o ocorrido.
Nas reuniões de NA e de AA todos se auto denominam de Adictos. Essa palavra é latina
e significa “escravo”. Os viciados entendem que são e sempre serão escravos de um vício. Por isso,
dizem, ... estou limpo por ... anos, ... meses e .... dias, só por hoje. Ora, o que faz com que uma
pessoa se sinta escravo de um vício? Por acaso essas pessoas não tem a vontade de mudar?
Nossa experiência, limitada, nessa área decorre do fato de prestarmos serviços
voluntários em clínicas psiquiátricas por alguns anos. Nós nunca fumamos e nem bebemos. Assim,
fica difícil, até certo ponto, entender porque o ciclo: cigarro > maconha > álcool > crack > cocaína
> heroína, e outras, não necessariamente nessa sequencia, ocorre. Um psiquiatra, em uma palestra
uma vez disse: as pessoas buscam as drogas mais por experimentação. Se, ao experimentarem
gostarem e se isso os fizer bem, quando passar o efeito da droga voltam a usá-la, ou já sabem o que
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fazer quando se sentirem mal. Quanto mais rápido for o ciclo do uso, bem estar/prazer, manutenção
no organismo e a falta, mais as pessoas buscam as drogas.
Para buscar as drogas procuram quem as vende. Pode ser o frentista do posto, o
ambulante, o jornaleiro, o colega de sala, o vigilante do colégio, enfim, pode ser qualquer um,
inclusive o entregador de pizzas ou o motorista de taxi. O passo seguinte, que termina minando o
convívio social é que as famílias, quando se apercebem do problema, passam a não dar mais
dinheiro para o familiar. No início o viciado troca um par de tênis por drogas, depois vão as roupas,
por fim, rádio, televisão e tudo o mais que possa ter um valor “na pista”. Um relógio de quinhentos
reais pode ser trocado por vinte reais e o viciado sair dali satisfeito, porque comprou o que queria.
Já soubemos de casos de filhos que chamavam a polícia em suas casas para que seus pais o
deixassem sair com “suas coisas” para trocar por drogas.
O que pode fazer a mudança? Quanto tempo uma pessoa leva para se desintoxicar? O
que pode fazer a mudança está dentro da própria pessoa. Se essa não tem suas crenças religiosas
fortes e não tem expectativas dificilmente sairá dessa vida.
A droga fica no organismo por um período de tempo. Em média, uma pessoa pode dizer
que está desintoxicada após quinze dias. Mas o problema não é esse tempo. O que é pior para o
viciado é que o vício termina sendo mais do que orgânico. Passa a fazer parte de sua vida. Nos
grupos de alcoólicos anônimos e de narcóticos anônimos percebe-se que, em média, 15% das
pessoas conseguem se livrar do vício. O restante fica nesse vai e vem das ruas para as clínicas e
dessas para as ruas.
Estamos assistindo no dia-a-dia dos jornais televisivos as discussões sobre o tema e os
problemas sociais envolvidos nessa questão. Partindo-se do pressuposto de que se tratam de pessoas
viciadas, com 4, 5, 15 ou 70 anos, a primeira questão e a mais importante é a mudança de vida. Um
viciado que sai de uma clínica e retorna para o mesmo ambiente onde convivia antes não tem
chances de sair do vício. Por outro lado, como uma família pode mudar? Mudar de cidade? Mudar
de vida? Mudar os hábitos? Os conflitos surgem quando apenas uma pessoa passa a “infernizar“ a
vida de três, quatro, cinco ou mais familiares. Já soubemos de famílias que mudaram de cidade
cinco ou mais vezes na esperança de que seu filho largasse o vício.
Assistimos famílias que mal tem o que comer, tem pouca ou quase nenhuma cultura ou
conhecimento e não sabem o que fazer. De repente, vem a notícia do filho fazendo parte do grupo
de traficantes, distribuindo drogas, e por fim, uma bala perdida...
Uma vez, dando uma palestra para um grupo de trabalhadores, atividade essa diária e
sempre antes do início das atividades, disse-lhes que o Ser Humano é semelhante a um Tripé, onde
cada perna representa algo: Corpo, Mente e Espírito. Se quisermos mudar precisamos trabalhar
7

essas três questões. Em primeiro lugar, Corpo significa o invólucro. Um viciado prejudica seu corpo
como um todo. Ele tem que se conscientizar disso. A segunda questão é a Mente. Um viciado deve
ter uma orientação adequada. Devem ser oferecidas a ele oportunidades de estudo e de trabalho, de
modo que ele possa se sentir útil, ou seja, Sair da Sarjeta, não ser mais o “lixo” da Sociedade e sim
fazer parte dessa. A terceira questão envolve o Espírito. Aqui o tema passa a ser mais complexo
para muitos. Estamos dizendo que ele deve ter preceitos religiosos, sejam quais forem, e que
acredite e tenha a fé que com sua coragem e força de vontade ele irá sair do mundo das drogas, ou
seja, ele deve ter crenças religiosas. Se não as possuir, sua família pode auxiliá-lo, conduzindo a
lugares onde a religião esteja presente. A família e os verdadeiros amigos podem contribuir para
que ocorram as mudanças. No início o viciado rejeita tudo aquilo que o afaste das drogas. Mas com
persistência e seriedade podem ser incutidas nele noções sobre religiosidade e crenças. Existem
vários locais mantidos por instituições religiosas. Todos os locais são abertos, ou seja, o viciado tem
como sair dali a hora que quiser. Entretanto, a maioria fica. Nesses locais a chance de retorno ao
vício passa a ser da ordem de 30%, ou seja, o viciado reage muito melhor em um tratamento de
longo prazo em um local aberto, onde é obrigado a trabalhar como todos, pois que todos tem suas
obrigações diárias, do que ficar enfiado em uma clínica que o liberta após 15 dias, sem nenhum
efeito terapêutico, já que na clínica o corpo é desintoxicado e não a mente.
Os resultados dos trabalhos que muitas Prefeituras vem fazendo e que o Governo está
agora abraçando é para tirar o viciado da rua e conduzi-lo a um local abrigado. Se o viciado não
tiver o acompanhamento necessário, não tiver meios de se sustentar, através do aprendizado de um
trabalho e puder mudar de ambiente, as chances de sucesso serão mínimas.
Pena mesmo devemos ter das famílias que têm um viciado em seu seio. São pessoas
amargas, sofridas, tristes e sem sentido de vida. Da mesma forma que o viciado precisa de
tratamento, seus familiares também o precisam, senão, o clima no interior das residências
continuará o mesmo e o viciado, por raiva, termina saindo de casa para se drogar. Olhando mais
profundamente a questão percebe-se que é muito difícil para os pais aceitar o fato de que têm um
filho ou filha drogado. Imaginem quem nunca bebeu não pode achar normal que o filho beba. Da
mesma maneira, quem nunca se viciou não consegue entender que um filho se vicie.
Os encontros de NA são sempre finalizados com uma oração, conhecida como Oração
da Serenidade. Assim, é repetido por todos:
Concedei-me Senhor a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar.
Coragem para modificar aquelas de posso, e
Sabedoria para distinguir umas das outras.
8

Ao final, chega-se a uma conclusão inevitável. Temos que tratar uma coisa de cada vez
e no momento certo para isso. Quando nos preocupamos com algo passamos a nos ocupar antes da
hora com alguma coisa que ainda não podemos solucionar. Assim, “enchemos” nossas cabeças com
problemas futuros, ou que deverão ser tratados no futuro, esquecendo-nos que estamos no tempo
presente. Essa é a visão ideal. Cada dia sem que um viciado faça uso de drogas já é uma conquista.
As conquistas devem ser incentivadas. Por isso dizem: só por hoje.
É isso...

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O homem da sarjeta: esteriótipo humano

  • 1. 1 O homem da Sarjeta - Ensaio Antonio Fernando Navarro1 O texto trata da questão do Homem, posto em um local que normalmente representa algo desagradável, pois para lá segue o lixo das calçadas, os esgotos das casas, e, enfim, coisas que não nos são de todo agradáveis, a Sarjeta. De acordo com o dicionarioinformal.com.br, sarjeta pode significar: "decadência, humilhação, sem moral, numa pior". A pessoa humana pode se encontrar nessa situação por uma série de razões, que passam por: uma desilusão amorosa; um problema emocional aflitivo e sem solução; problemas psiquiátricos e, o abandono familiar, ou o uso de drogas ilícitas. De quando em vez os noticiários televisivos apresentam as "invasões dos cracudos", como passaram a ser denominados os usuários do crack, que invadem avenidas e provocam situações de conflito, após saírem do estado de letargia como ficam durante quase o dia todo. Ao fim, se levantam e seguem para nova jornada de busca de dinheiro fácil e da droga disponível na esquina. Quanto tempo isso irá durar? Não se sabe ao certo, mas há os que morrem atropelados, os que "apagam" pelo abuso da droga, os que são assassinados por não quitarem suas dívidas, enfim, morrem quando têm que morrer. Antes, porém, magoam muito àqueles que lhes querem bem. De uma mãe ouvimos certa vez: "mais vale lamentar pelo filho morto do que chorar pelo filho vivo". Não é que ela tinha razão? Certamente é uma tarefa bem árdua fazer com que aquele que gosta prazerosamente de algo, passe a ignorá-la. Dizer a um viciado que droga não é uma coisa boa seria mentir para ele. Ele tem o prazer de utilizá-la e tudo o que se disser ao contrário certamente será rejeitado pelo usuário. Por isso, os tratamentos de recolhimento do usuário por um "par" de dias não o inibe de retornar de onde saiu. Estatísticas imprecisas informam que de cada 100 pessoas que são levadas a um local para serem lá mantidas por um período de 15 dias, 90 retornam ao vício, muitas vezes nas duas próximas semanas. As razões são muitas: falta de sentido da vida; falta de perspectivas para um futuro que seja melhor do que o presente; falta de esperança em algo bom; desconfiança quanto ao futuro e a todos; falta de oportunidades, inclusive de trabalho, entre tantas outras faltas. O pior é que as drogas vão lentamente "sequelando" o indivíduo. Uma das primeiras partes do cérebro afetadas é a do lobo frontal, que é onde fica nosso "freio", o controle de nossas emoções e razões. 1 Físico, Matemático, Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Mestre em Saúde e Meio Ambiente e Professor do Curso de Ciências Atuariais da UFF – Universidade Federal Fluminense.
  • 2. 2 Absorção do crack é maior do que a de drogas injetáveis - Droga chega ao cérebro em cerca de 10 segundos. Região responsável pelo controle do prazer é atingida.2 Absorção e efeito mais rápido, além de preço menor. A combinação faz do crack uma das drogas com maior potencial de dependência e de destruição. Comparada com a cocaína, ela chega com mais facilidade ao sistema nervoso central e seu uso pode se repetir por mais vezes. Assim como a droga chega ao cérebro em cerca de 10 segundos, os resultados aparecem em pouco tempo: perda de capacidade cerebral. “O crack causa um nível de lesão cerebral significativo”, diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeiras, coordenador da Unidade de Dependência de Álcool e Droga (UNIAD), do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). "Quanto mais é fumada, mais a droga corrompe esse centro de prazer" Ele explica que a superfície de contato dos pulmões com a droga fumada é muito maior quando comparada com a cocaína aspirada, o que facilita a absorção do crack. “A superfície de todo o tecido pulmonar pode ser do tamanho de uma quadra de tênis”, diz. “E depois de cheirar algumas vezes, há uma constrição nos vasos do septo nasal, o que dificulta a absorção da cocaína.” Uma vez que é inalada, a fumaça do crack é absorvida pelos pulmões e vai direto para a corrente sanguínea. Em segundos, a droga chega ao sistema nervoso central. “O crack atinge a região do córtex frontal, numa região responsável pelo controle do prazer”, explica o psiquiatra. “Quanto mais é fumada, mais a droga corrompe esse centro de prazer.” Isso explica o comportamento popularmente chamado de “fissura”. Na ausência da droga, o organismo do viciado em crack passa a “pedir” por mais ativação do centro de prazer, o que após pouco tempo só é conseguido consumindo novamente a droga. “Qualquer droga que é absorvida por via pulmonar tem absorção muito mais eficiente, mais até do que se fosse injetada”. Laranjeira explica que em poucos dias, ou no máximo poucas semanas, o usuário se torna viciado. “Mesmo as pessoas que usam cocaína há anos podem se tornar viciadas em crack em pouquíssimo tempo”, diz. Consequência 2 http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1357227-5603,00ABSORCAO+DO+CRACK+E+MAIOR+DO+QUE+A+DE+DROGAS+INJETAVEIS.html
  • 3. 3 As conseqüências do vício foram medidas pela equipe do psiquiatra. Uma pesquisa realizada na Unifesp acompanhou uma amostra de usuário durante doze anos. Para 30% deles a morte em situações violentas chegou dentro de um prazo máximo de cinco anos. “A vida do crack é uma vida no meio da violência, então a morte nessas condições é comum”, diz o médico. Mesmo as pessoas que usam cocaína há anos podem se tornar viciadas em crack em pouquíssimo tempo. De acordo com o levantamento da Unifesp, 40% dos usuários pararam de consumir a droga, 10% foram presos e 20% se tornaram usuários crônicos. “São pessoas com estilo de vida muito limitado e que podem continuar usando por dez, doze anos”, afirma. Apesar de ser uma droga estimulante, o crack diminui a quantidade de sangue na região do córtex frontal. Isso pode causar outros problemas mentais como a esquizofrenia, a depressão e a ansiedade. “A pessoa pode desenvolver quadros paranóicos ou mais graves”, diz Laranjeira. Ao pensar sobre o tema do Homem associamo-lo sob o ângulo daqueles que todas as noites, ou mesmo durante os dias, ficam junto às portas dos bancos, supermercados, padarias, pedindo dinheiro para comprar pão, ou com crianças no colo, muitas vezes emprestadas de outras famílias. Os pontos são estratégicos - em um, saímos muitas vezes com dinheiro no bolso para um passeio ou uma compra imediata, no outro caso, saímos com sacolas de compras para abastecer nossa despensa em casa, nesses momentos, nos vemos, de certa maneira, superiores àqueles que, de uma maneira ou outra estão em uma condição bastante inferior à nossa, e aí o coração dá as ordens, chegando muitas vezes ao caso de entregarmos algo que compramos, ou entregar algum trocado. Uma vez, saímos de casa de manhã cedo no domingo para ir a uma padaria e comprar pão. Quase na porta da padaria fomos abordados por um menino de 12 a 15 anos, aproximadamente, muito magro e pálido, pedindo dinheiro para comprar um pão. Eu lhe disse que me acompanhasse até a padaria. O menino ficou do lado de fora. Eu pedi ao balconista que pegasse um pão fresquinho, abrisse, passasse bastante manteiga, colocasse queijo e presunto. A seguir, pedi que cortasse o pão em dois pedaços e os envolvesse em um papel da padaria. Feito isso, entreguei o pacote ao menino, na expectativa de que o garoto pegasse o embrulho e comesse com prazer o sanduiche. Ao invés disso, o menino caminhou até a esquina e jogou o embrulho em um latão de lixo. Aquilo foi uma desgraça para mim. Foi um domingo péssimo, porque não queria que soubessem que eu tinha feito algo bom ou não. Queria que aquele que me pediu pão o recebeu, porém, não o comeu. Recriminei-me muito por não ter percebido a intenção do garoto. Mas, creio
  • 4. 4 que muitos iguais a mim teriam feito o mesmo e repetiriam o gesto outras vezes, pois que fomos educados a auxiliar o próximo. Por outro lado, no jornal da noite vimos bando de garotos no centro da Cidade do Rio de Janeiro, tirando das pessoas pulseiras, relógios e colares e fugindo, para depois trocar por drogas. Esse lado bandido nos faz até ter raiva deles, porque muitos de nossos amigos já passaram por isso. Se um de nós passasse por esse dissabor sentiria, na mesma hora, a vontade de prendê-los e deixalos lá, pois que naquele momento, essas pessoas não têm jeito. O interessante é que são os mesmos que vivem vagando nas "cracolândias" da vida. Por que abordamos essa questão? Porque muitas vezes, para não se dizer na maioria das vezes, esse dinheiro ou compras termina sendo trocado por drogas que os traficantes despejam aos borbotões em nossas cidades. Em outras, não freqüentes, as pessoas agradecem e fazem bom uso do que entregamos. Como na maioria das vezes nossa percepção é a de que as pessoas se aproveitam de uma fraqueza momentânea nossa e usam o que demos para a compra de drogas, terminamos por generalizar a questão. Sem discutir os méritos de como as conseguem, prossigamos. Por que uma pessoa usa drogas? Ora, uma pessoa passa a usar drogas alegando grande quantidade de razões. Às vezes não foi forte o suficiente para encarar um sofrimento físico ou familiar. De outra feita, pode ter sido viciada desde a infância por pessoas ruins. Também se pode imaginar que o uso proveio dos relacionamentos da pessoa com outras viciadas que usam como argumento: experimente que é bom; veja como isso vai aliviar sua cabeça; olha que coisa boa, o dia vai amanhecer e você nem irá perceber. Outros usam drogas, para não serem expulsos de seus grupos de relacionamento e assim, fazem o uso, no início, quase que por imposição. Chega até a fazer sentido para eles, esquecer por momentos a vida que levam, já que muitos não têm para onde ir, por não terem famílias ou terem sido expulsos de casa. Assim, dormem nos bancos de praça. Embaixo das marquises dos prédios, ou em casas abandonadas. Uma coisa é certa. A ansiedade é a mola mestra para o início do uso das drogas, mas também o é para a frustração. Depois dela vem a raiva ou tudo aquilo que possa representar um “motivo” para sair e buscar drogas. Certamente o viciado se sente melhor quando usa a droga por uma razão ou motivo. Tendo o motivo passa a se sentir menos culpado. Essa questão é difícil de lidar no dia-a-dia, nos relatos, nos ambientes familiares e sociais. Em condomínios residenciais não é raro ouvir-se os gritos em apartamentos de pessoas chegando a suas casas drogadas e criando os maiores problemas para seus familiares. Para os vizinhos, todos fingem que não ouviram os gritos dos pais e do filho ou filha. Para essas famílias
  • 5. 5 resta a vergonha que ter um filho, ou marido que usa drogas e chega em casa de madrugada criando problemas. Nas clínicas ditas de desintoxicação (não se consegue desintoxicar quem não quer ser desintoxicado), o que se percebe é que a maioria dos que ali estão possui família e esta não os abandona. Em algumas vezes percebe-se que o viciado tinha sua própria família com filhos. Mas esses não têm como conviver com uma pessoa que tira tudo de casa para trocar por drogas nas esquinas da vida. Em muitos casos a convivência passa a ser violenta com o viciado batendo na esposa e ou nos filhos. Uma vez ficamos abismados ao assistirmos na televisão uma entrevista com um delegado de polícia dizendo que os traficantes existiam porque havia pessoas que usavam drogas. Vimos nessas clínicas de desintoxicação familiares com esperança que os filhos saíssem dessa. Ora, será que a esperança que nunca abandonava os corações daqueles familiares chegava a despertar algum remorso em seus filhos? Cremos que não. Será que essas pessoas não se culpavam o tempo todo tentando obter desculpas para os erros de seus filhos? Cremos que sim. Em uma época, assistindo a uma reunião de famílias e vimos um usuário de crack de dezesseis anos ao lado de seu psicólogo agradecendo a todos e se despedindo por já estar sendo liberado da clínica. Na saída, olhou para os amigos da clínica e sorriu. Pois bem, ele já voltou para lá umas seis vezes até então. Em uma dessas passou 45 dias isolado dos demais companheiros, tal era a fúria que sentia dentro de si por não estar usando a droga. Para quem nunca vivenciou essas questões chega a ser assustador ver uma pessoa “tomada” por algo que desconhecemos, furiosa, criando todo o tipo de problemas porque precisa da droga para se saciar, ou se acalmar. Para obter esse “prazer” momentâneo é capaz de tudo. Em uma reunião de NA vimos um rapaz que chegou a trocar um apartamento recebido em herança por drogas. Passados 15 anos depois ele dava seu depoimento relatando o ocorrido. Nas reuniões de NA e de AA todos se auto denominam de Adictos. Essa palavra é latina e significa “escravo”. Os viciados entendem que são e sempre serão escravos de um vício. Por isso, dizem, ... estou limpo por ... anos, ... meses e .... dias, só por hoje. Ora, o que faz com que uma pessoa se sinta escravo de um vício? Por acaso essas pessoas não tem a vontade de mudar? Nossa experiência, limitada, nessa área decorre do fato de prestarmos serviços voluntários em clínicas psiquiátricas por alguns anos. Nós nunca fumamos e nem bebemos. Assim, fica difícil, até certo ponto, entender porque o ciclo: cigarro > maconha > álcool > crack > cocaína > heroína, e outras, não necessariamente nessa sequencia, ocorre. Um psiquiatra, em uma palestra uma vez disse: as pessoas buscam as drogas mais por experimentação. Se, ao experimentarem gostarem e se isso os fizer bem, quando passar o efeito da droga voltam a usá-la, ou já sabem o que
  • 6. 6 fazer quando se sentirem mal. Quanto mais rápido for o ciclo do uso, bem estar/prazer, manutenção no organismo e a falta, mais as pessoas buscam as drogas. Para buscar as drogas procuram quem as vende. Pode ser o frentista do posto, o ambulante, o jornaleiro, o colega de sala, o vigilante do colégio, enfim, pode ser qualquer um, inclusive o entregador de pizzas ou o motorista de taxi. O passo seguinte, que termina minando o convívio social é que as famílias, quando se apercebem do problema, passam a não dar mais dinheiro para o familiar. No início o viciado troca um par de tênis por drogas, depois vão as roupas, por fim, rádio, televisão e tudo o mais que possa ter um valor “na pista”. Um relógio de quinhentos reais pode ser trocado por vinte reais e o viciado sair dali satisfeito, porque comprou o que queria. Já soubemos de casos de filhos que chamavam a polícia em suas casas para que seus pais o deixassem sair com “suas coisas” para trocar por drogas. O que pode fazer a mudança? Quanto tempo uma pessoa leva para se desintoxicar? O que pode fazer a mudança está dentro da própria pessoa. Se essa não tem suas crenças religiosas fortes e não tem expectativas dificilmente sairá dessa vida. A droga fica no organismo por um período de tempo. Em média, uma pessoa pode dizer que está desintoxicada após quinze dias. Mas o problema não é esse tempo. O que é pior para o viciado é que o vício termina sendo mais do que orgânico. Passa a fazer parte de sua vida. Nos grupos de alcoólicos anônimos e de narcóticos anônimos percebe-se que, em média, 15% das pessoas conseguem se livrar do vício. O restante fica nesse vai e vem das ruas para as clínicas e dessas para as ruas. Estamos assistindo no dia-a-dia dos jornais televisivos as discussões sobre o tema e os problemas sociais envolvidos nessa questão. Partindo-se do pressuposto de que se tratam de pessoas viciadas, com 4, 5, 15 ou 70 anos, a primeira questão e a mais importante é a mudança de vida. Um viciado que sai de uma clínica e retorna para o mesmo ambiente onde convivia antes não tem chances de sair do vício. Por outro lado, como uma família pode mudar? Mudar de cidade? Mudar de vida? Mudar os hábitos? Os conflitos surgem quando apenas uma pessoa passa a “infernizar“ a vida de três, quatro, cinco ou mais familiares. Já soubemos de famílias que mudaram de cidade cinco ou mais vezes na esperança de que seu filho largasse o vício. Assistimos famílias que mal tem o que comer, tem pouca ou quase nenhuma cultura ou conhecimento e não sabem o que fazer. De repente, vem a notícia do filho fazendo parte do grupo de traficantes, distribuindo drogas, e por fim, uma bala perdida... Uma vez, dando uma palestra para um grupo de trabalhadores, atividade essa diária e sempre antes do início das atividades, disse-lhes que o Ser Humano é semelhante a um Tripé, onde cada perna representa algo: Corpo, Mente e Espírito. Se quisermos mudar precisamos trabalhar
  • 7. 7 essas três questões. Em primeiro lugar, Corpo significa o invólucro. Um viciado prejudica seu corpo como um todo. Ele tem que se conscientizar disso. A segunda questão é a Mente. Um viciado deve ter uma orientação adequada. Devem ser oferecidas a ele oportunidades de estudo e de trabalho, de modo que ele possa se sentir útil, ou seja, Sair da Sarjeta, não ser mais o “lixo” da Sociedade e sim fazer parte dessa. A terceira questão envolve o Espírito. Aqui o tema passa a ser mais complexo para muitos. Estamos dizendo que ele deve ter preceitos religiosos, sejam quais forem, e que acredite e tenha a fé que com sua coragem e força de vontade ele irá sair do mundo das drogas, ou seja, ele deve ter crenças religiosas. Se não as possuir, sua família pode auxiliá-lo, conduzindo a lugares onde a religião esteja presente. A família e os verdadeiros amigos podem contribuir para que ocorram as mudanças. No início o viciado rejeita tudo aquilo que o afaste das drogas. Mas com persistência e seriedade podem ser incutidas nele noções sobre religiosidade e crenças. Existem vários locais mantidos por instituições religiosas. Todos os locais são abertos, ou seja, o viciado tem como sair dali a hora que quiser. Entretanto, a maioria fica. Nesses locais a chance de retorno ao vício passa a ser da ordem de 30%, ou seja, o viciado reage muito melhor em um tratamento de longo prazo em um local aberto, onde é obrigado a trabalhar como todos, pois que todos tem suas obrigações diárias, do que ficar enfiado em uma clínica que o liberta após 15 dias, sem nenhum efeito terapêutico, já que na clínica o corpo é desintoxicado e não a mente. Os resultados dos trabalhos que muitas Prefeituras vem fazendo e que o Governo está agora abraçando é para tirar o viciado da rua e conduzi-lo a um local abrigado. Se o viciado não tiver o acompanhamento necessário, não tiver meios de se sustentar, através do aprendizado de um trabalho e puder mudar de ambiente, as chances de sucesso serão mínimas. Pena mesmo devemos ter das famílias que têm um viciado em seu seio. São pessoas amargas, sofridas, tristes e sem sentido de vida. Da mesma forma que o viciado precisa de tratamento, seus familiares também o precisam, senão, o clima no interior das residências continuará o mesmo e o viciado, por raiva, termina saindo de casa para se drogar. Olhando mais profundamente a questão percebe-se que é muito difícil para os pais aceitar o fato de que têm um filho ou filha drogado. Imaginem quem nunca bebeu não pode achar normal que o filho beba. Da mesma maneira, quem nunca se viciou não consegue entender que um filho se vicie. Os encontros de NA são sempre finalizados com uma oração, conhecida como Oração da Serenidade. Assim, é repetido por todos: Concedei-me Senhor a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar. Coragem para modificar aquelas de posso, e Sabedoria para distinguir umas das outras.
  • 8. 8 Ao final, chega-se a uma conclusão inevitável. Temos que tratar uma coisa de cada vez e no momento certo para isso. Quando nos preocupamos com algo passamos a nos ocupar antes da hora com alguma coisa que ainda não podemos solucionar. Assim, “enchemos” nossas cabeças com problemas futuros, ou que deverão ser tratados no futuro, esquecendo-nos que estamos no tempo presente. Essa é a visão ideal. Cada dia sem que um viciado faça uso de drogas já é uma conquista. As conquistas devem ser incentivadas. Por isso dizem: só por hoje. É isso...