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A normalidade do Ser Humano nas atividades industriais e de
construção
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Antonio Fernando Navarro

Apresentação:
O conceito de normalidade chega a ser abstrato, pois que depende de uma série de
questões, como por exemplo: uso e costumes, civilizações, culturas dos povos, regiões de onde
nasceram entre tantas outras.
A normalidade também pode ser mudada, em seus conceitos diante de situações graves,
como catástrofes e guerras. Por exemplo. Entrar em uma loja e roubar ou furtar um galão de água
não é uma atitude normal para um povo civilizado. Entretanto, em uma situação calamitosa onde
não há água para ninguém e só existe aquele galão no fundo de uma loja e o cidadão está com seus
filhos com sede, passa a ser até tolerável ou atenuante. Em uma série novelesca recente, o homem
poderia tirar a vida da esposa e do amante se descobrisse que sua “honra” estava sendo maculada
(em uma história adaptada de Jorge Amado). Isso não era o normal, mas sim o costume da época.
Assim, costumes e normalidades muitas vezes terminam por se confundir.
Nas atividades envolvendo obras e indústrias, o normal, requerido e exigido, é que os
trabalhadores assumam posturas seguras, já que o empregador, por precaução, não irá querer se
responsabilizar por lesões causadas aos seus empregados por acidentes provocados pelo não uso de
algum dispositivo de segurança. O empregador tem a seu lado uma Lei, que determina uma série de
coisas, inclusive que o trabalhador esteja protegido. Contudo, a mesma Lei determina que o
empregador, antes, porém, elimine os riscos. Em sendo isso impossível ou inviável, deve fornecer
aos trabalhadores as proteções mais adequadas.
A adequação não tem nada a ver com a similaridade. Por exemplo, quando se menciona
capacetes de segurança verifica-se que existem dezenas à venda. Alguns são apropriados para
aqueles que escalam montanhas, outros para os que trabalham em ambientes energizados, enfim, há

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Antonio Fernando Navarro é Físico, Matemático, Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Especialista em Proteção de Sistemas Elétricos, Especialista em Gerenciamento de Riscos, com experiência na
coordenação das atividades de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde, em obras da Petrobras, na
ENGENHARIA/IETEG/IEABAST e ENGENHARIA/IETR/IEABAST, nos estados do Paraná, Santa Catarina e São
Paulo, Mestre em Saúde e Meio Ambiente e professor da Universidade Federal Fluminense.

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modelos para cada uso. Mesmo assim, a qualidade dos materiais e da fabricação depende,
resultando em custos menores ou maiores de aquisição. Na outra extremidade do processo há os que
estão expostos aos riscos e que precisam ser protegidos. Quando a proteção é a adequada
certamente poderá, além da proteção necessária, oferecer o conforto requerido. Quando isso não se
dá o trabalhador evita utilizá-lo. E por que isso ocorre?. Outra questão que surge é a da natural
intransigência ao emprego dos dispositivos de proteção porque acreditam que o “seu saber” já é
suficiente para protegê-los. Assim, cabe a questão: trabalhar sem as proteções requeridas será algo
normal?

Introdução:
A ideia de se escrever sobre o tema surgiu ao acompanhar-se a evolução de uma obra
destinada para fins educacionais, caracterizada por prédio de cinco andares, com salas de aulas e
outros ambientes, durante a qual se teve a oportunidade de avaliar ou presumirem-se os
comportamentos de riscos, assumidos pelos trabalhadores durante várias fases do empreendimento
e, em momentos distintos, onde se percebia que eles, os atores principais da peça, os empregados
(encarregados, pedreiros, carpinteiros, armadores, eletricistas) não demonstravam quaisquer
preocupações para com suas vidas.
Idêntico a um filme, a sequência dessas avaliações passou a conduzir o pensamento para
o lado comportamental do trabalhador. Como a observação era à distância, “sentados em uma
poltrona” passamos a observar e fotografar os cenários, daqui para frente denominados de
“momentos” (onde os trabalhadores assumiam posturas totalmente opostas ao bom senso ou ao
instinto básico de preservação da vida, e mesmo à tão esperada normalidade).
O interessante disso tudo é que a mesma pessoa avaliada (clicada pela lente da máquina
fotográfica) assumia comportamentos que passavam do normal ao anormal ou bizarro ao longo do
dia ou dos dias. Assim, porque não se questionar esses momentos?
O mais difícil, contudo, foi um engenheiro começar a verificar que seus conhecimentos
tão necessários em uma obra passavam a ser limitados quando olhava para o trabalhador, que em
última análise era o responsável pelo andamento ou continuidade do projeto, pois que, além da
distância e da falta de vínculos com a obra, somente lhe restava incomodar constantemente o
encarregado e os engenheiros da empresa construtora relatando os episódios e apresentando as
fotografias tiradas. O interessante disso tudo é que eles reconheciam que haviam erros a serem
corrigidos, mas não implementavam quaisquer medidas para mitigar ou solucionar a questão. Em

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um determinado momento chegaram a informar que se tratava de empregados de empresas
contratadas que não tinham qualquer vínculo com a construtora (SIC). Quando a empresa
construtora terceiriza um serviço não terceiriza suas obrigações. Todo o que ocorrer com um
funcionário de uma empresa terceirizada passa a ser legalmente responsabilidade da empresa
contratante, isso é previsto na responsabilidade civil in elegendo e in vigilando, ou seja,
responsabiliza-se por haver escolhido mal e por não “vigiar” adequadamente as atividades. Se
confiamos a uma empresa de estacionamento nosso veículo e um guardador colide nosso carro
com outro naquele ambiente responde a empresa em que confiamos a guarda do veículo,
independentemente se a responsabilidade foi de um funcionário seu ou de um funcionário
contratado ou folguista.
Lembramo-nos de situações onde os responsáveis pela área de segurança do trabalho da
empresa contratante foram chamados “às barras dos tribunais” para prestar esclarecimentos de
omissão e as contratantes eram punidas por não ter em seus instrumentos contratuais cláusulas
severas que previssem, minimamente, o cumprimento das legislações trabalhistas e de segurança do
trabalho. Em muitos desses casos a contratante era responsabilizada por diligenciar mal e contratar
mal.

Análise da questão:
Quando a mão de obra disponível já é escassa, criar-se mais um “filtro” na contratação
dos trabalhadores, através da avaliação dos níveis de normalidade de cada um, não passa a ser algo
estranho? O que é mais importante? A rápida entrega da obra ou outros detalhes mais que passam a
levar em consideração a saúde, segurança, controle, qualidade do serviço executado, harmonia no
ambiente de trabalho, dentre outros temas?
Realmente, o empresário tem sua visão de negócios voltada para os aspectos
relacionados a custos e oportunidades do negócio. As questões relativas a acidentes no trabalho nem
sempre são o ponto central de discussões gerenciais. Talvez, muito menos as verdadeiras causas dos
acidentes. Tem-se conhecimento de subnotificações de acidentes aos órgãos públicos. Certamente
os acidentes graves ou fatais não relatados. Mas aqueles onde o trabalhador não perde a sua
capacidade laboral não. Por isso percebe-se nas obras trabalhadores “mancando” ou com ataduras
nas mãos, braços e pernas.
Nos tijolinhos postos lado a lado para a avaliação das causas das ocorrências de
acidentes, em sua grande maioria das vezes pressupõem-se: o acidente decorreu de um ato inseguro.

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Será? Por trás desse rótulo de ato inseguro, não podem estar escondidas questões relacionadas a
comportamentos, atitudes e ações provocadas ou causadas pelo próprio ambiente do trabalho?
Um trabalhador que tem medo de altura pode ficar montando formas ou realizando
pinturas externas no décimo quinto andar de um prédio? Talvez não seja o recomendado. Mas, e se
ele for um excelente profissional?
Durante um período de aproximadamente dez anos, entre os anos de 2000 a 2010,
tivemos a oportunidade de avaliar alguns relatos de investigação de acidentes, a maioria em
ambientes em que trabalhávamos e outros, do recebimento de documentos encaminhados por outras
áreas. Podemos afirmar que, de mais de 200 relatórios lidos somente três iam além do simples ATO
INSEGURO. Este artigo pretende repassar algumas das conclusões que tivemos e o que pudemos
avaliar até então, e a partir de então.

Formulação da situação problema
Os critérios para definir-se se uma pessoa é normal ou não são imprecisos e não
conduzem a resultados práticos, já que a normalidade pode ser um estado de espírito, uma situação
auto controlada pelo trabalhador, o resultado de um ambiente harmonioso, enfim, de inúmeros
fatores.
Em um artigo bastante interessante redigido pelo Dr. Dirceu Zorzetto Filho, sob o título
“O normal e o patológico em Psiquiatria”, publicado pela Revista Psiquiatria em 2000, obtido no
site: http://www.oocities.org/medpucpr97/psiqui/psiqui.htm. Pela adequação e pertinência do
conceito, para continuarmos nossos comentários é importante citar o comentário do douto professor
em sua íntegra, como:
[...] Existe uma longa e desgastante discussão quanto a natureza do psiquismo/mente. Uma
corrente da psicologia, psicanálise e filosofia entende os fenômenos psíquicos como algo que
extrapola os limites do físico e orgânico; postula que a atividade psíquica não teria uma sede, um
"órgão" biológico a que estivesse vinculada. Um outro grupo (constituídos por psiquiatras de
orientação biológica e neurocientistas) acredita que as funções psíquicas são expressões
extremamente sofisticadas e elaboradas da atividade cerebral. Defendem a tese de que as funções
psíquicas são um reflexo da função cerebral e que os circuitos neurais e os processos
neuroquímicos que os mantém em permanente atividade constituem a base física das emoções e da
percepção.
Normalidade Psíquica:
O conceito de normalidade psíquica é questão de grande controvérsia. Obviamente quando se trata
de casos extremos, cujas alterações comportamentais e mentais são de intensidade acentuada e de
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longa duração, o delineamento das fronteiras entre o normal e patológico não é tão problemático.
No entanto, existem situações limítrofes em que a diferença entre os comportamentos e formas de
sentir normais e patológicas é muito tênue. CRITÉRIOS DE NORMALIDADE Há vários critérios
de normalidade em medicina e em psicopatologia. A adoção de um ou outro depende, entre outras
coisas, de opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas do profissional. Apresentam-se em seguida
os principais critérios de normalidade utilizados em psicopatologia:
1. Normalidade como ausência de doença: O primeiro critério que geralmente se utiliza é o de
saúde como “ausência de sintomas, de somais ou de doenças”. Lembremos aqui do velho aforismo
médico que diz: “A saúde é o silêncio dos órgãos”. Normal, do ponto de vista psicopatológico,
seria, então, aquele indivíduo que simplesmente não é portador de transtorno mental definido. Tal
critério é bastante falho e precário, pois, além de redundante, baseia-se em uma “definição
negativa”, ou seja, definir-se a normalidade não por aquilo que ela supostamente é, mas, sim, por
aquilo que ela não é, pelo que lhe falta.
2. Normalidade ideal: A normalidade aqui é tomada como certa “utopia”. Estabelece-se
arbitrariamente uma norma ideal, o que é supostamente “sadio”, mais “evoluído”. Tal norma
depende, portanto, de critérios socioculturais e ideológicos, e, no mais das vezes, dogmáticos e
doutrinários. Exemplos de tais conceitos de normalidade são aqueles baseados na adaptação do
indivíduo às normas morais e políticas de determinada sociedade.
3. Normalidade estatística: A normalidade estatística identifica norma e frequência. É um conceito
de normalidade que se aplica especialmente a fenômenos quantitativos, com determinada
distribuição estatística na população geral (como peso, altura, tensão arterial, horas de sono,
quantidade de sintomas ansiosos, etc.). O normal passa a ser aquilo que se observa com mais
frequência. Os indivíduos que se situam, estatisticamente, fora (ou no extremo) de uma curva de
distribuição normal, passam, por exemplo, a ser considerados anormais ou doentes. É um critério
muitas vezes falho em saúde geral e mental, pois nem tudo o que é frequente é necessariamente
“saudável”, assim como nem tudo que é raro ou infrequente é patológico. Tome-se como exemplo
fenômenos como as cáries dentárias, a presbiopia, os sintomas ansiosos e depressivos leves, o uso
pesado de álcool, fenômenos esses que podem ser muitos frequentes, mas que evidentemente não
podem, a priori, ser considerados normais ou saudáveis.
4. Normalidade como bem estar: A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu, em 1958, a
saúde como o completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de
doença. É um conceito criticável por ser muito vasto e impreciso, pois bem-estar físico, mental e
social é tão utópico que poucas pessoas se encaixariam na categoria “saudáveis”.
5. Normalidade funcional: Tal conceito irá assentar-se sobre aspectos funcionais e não
necessariamente quantitativos. O fenômeno é considerado patológico a partir do momento em que
é disfuncional, provoca sofrimento para o próprio indivíduo ou para seu grupo social.
6. Normalidade como processo: Neste caso, mais do que uma visão estática, consideram-se os
aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e reestruturações ao
longo do tempo, de crises, de mudanças próprias a certos períodos etários. Este conceito é
particularmente útil em psiquiatria infantil e de adolescentes, assim como em psiquiatria
geriátrica.
7. Normalidade subjetiva: Aqui é dada maior ênfase à percepção subjetiva do próprio indivíduo em
relação ao seu estado de saúde, às suas vivências subjetivas. O ponto falho deste critério é que

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muitos indivíduos que se sentem bem, “muito saudáveis e felizes”, como no caso de pessoas em
fase maníaca, apresentam de fato um transtorno mental grave.
8. Normalidade como liberdade: Alguns autores de orientação fenomenológica e existencial
propõem conceituar a doença mental como perda da liberdade existencial. Desta forma, a saúde de
liberdade sobre o mundo e sobre o próprio destino. A doença mental é constrangimento do ser, é
fechamento, fossilização das possibilidades existenciais. Portanto, de modo geral, pode-se concluir
que os critérios de normalidade e de doença em psicopatologia variam consideravelmente em
função dos fenômenos específicos com os quais trabalhamos e, também, de acordo com as opções
filosóficas do profissional. De forma, essa é uma área da psicopatologia que exige uma postura
permanentemente crítica e reflexiva dos profissionais. Por exemplo, todos nós concordamos que o
suicídio é uma atitude que exprime algum grau de anormalidade do funcionamento psíquico.
Entretanto, no final da II Guerra Mundial, o piloto japonês kamikaze que jogava seu avião
carregado de bombas contra navios norte-americanos era considerado um herói, um homem de
extrema coragem pelos seus compatriotas. Podemos então constatar o quanto o conceito de (3)
normalidade psíquica é circunstancial e não-universal: Naquela época, diante daquela situação e
perante os padrões culturais japoneses, o suicídio do piloto kamikaze não era considerado um
gesto de loucura! Ao contrário: sua atitude era julgada como um exemplo de devoção ao
Imperados e abnegação pela sua pátria. Constituía um ideal ser seguido e não um distúrbio
psíquico que necessitasse de tratamento psiquiátrico. Atualmente assistimos a uma mudança de
posição em relação ao homossexualismo. Anteriormente definido como uma espécie de perversão
(desvio) sexual, desde 1980 não faz mais parte da lista de distúrbios mentais elaborada pela
Associação Americana de Psiquiatria, demonstrando o quanto determinadas opiniões a respeito
dos comportamentos modificam-se durante a História. Vale lembrar que na Grécia Antiga o
comportamento homossexual era bastante frequente e não causava estranheza. Comportamentos
considerados "patológicos" ou "anormais" em determinadas épocas, não o são em outras,
evidenciando que normalidade psíquica é também um conceito transitório e não permanente.
Dentro de uma mesma época e de uma mesma cultura, existem divergências quanto ao que pode
ser considerado anormal. Por exemplo, qual o limite entre o fazer uso social de bebidas alcoólicas
e se tornar um alcoolista ou um bebedor-problema? Qual a tolerância, em relação ao consumo de
drogas, na Jamaica e no Irã? Se formos examinar os critérios e limites que separam uma condição
da outra veremos o quanto eles podem ser tênues e causar discordância entre os próprios
especialistas no problema. Estamos diante de outra característica do conceito de normalidade
psíquica: ele é relativo e não-absoluto. Resumindo, podemos dizer que Normalidade Psíquica é um
conceito de valor (ideal), circunstancial, transitório e relativo. Reconhecer sua subjetividade e
relatividade não significa que na prática todo tipo de conduta deva ser considerada como normal;
nem tampouco apregoar que não existe distúrbio mental! Em épocas diversas da história da
humanidade e em culturas completamente diferentes são encontrados relatos sobre pessoas que
tinham comportamentos e ideias "estranhas" ou padeciam de intenso sofrimento emocional. Estes
relatos quase sempre trazem associado uma ideia que explicava o que ocorria com essas pessoas e
qual a melhor maneira de "tratá-las". Atualmente, a despeito de uma série de discordâncias, o
conhecimento científico aponta o cérebro como o órgão diretamente relacionado ao nosso
funcionamento psíquico. Reconhece-se a importância das condições e contradições sociais que
eclodem com intensidade insuportável para o indivíduo (principalmente em nosso país). Além
disso, concorda-se que as primeiras vivências do bebê e sua interação com a mãe, seu
desenvolvimento psicossexual e os acontecimentos significativos na sua história de vida possam
contribuir para a formação de problemas de ordem psíquica. Entretanto, é o cérebro quem vai
intermediar as relações de todos esses fatores com o nosso corpo.
Conceito de Saúde Mental

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Embora a expressão "Saúde Mental' possa ter significados diferentes para diferentes pessoas, a
autoestima e a capacidade de estabelecer relações afetivas com outras pessoas são componentes
importantes da saúde mental universalmente aceitos. Pessoas mentalmente saudáveis
compreendem que não são perfeitas nem podem ser tudo para todos. Elas vivenciam uma vasta
gama de emoções que incluem tristeza, raiva e frustração, assim como alegria, amor e satisfação.
São capazes de enfrentar os desafios e as mudanças da vida cotidiana, mas também sabem
procurar ajuda quando têm dificuldades em lidar com traumas e períodos de transição
importantes: perda de pessoas queridas, dificuldades conjugais, problemas escolares e
profissionais ou a perspectiva da aposentadoria. Karl Menninger, um eminente psiquiatra norteamericano, diz que "saúde mental é a adaptação do homem ao mundo e aos demais homens com
um máximo de eficácia e felicidade". O conceito de Saúde Mental implica na existência de:
1) capacidade funcional e produtiva preservada;
2) estado de equilíbrio do indivíduo consigo mesmo e com outras pessoas com quem se relaciona;
3) adaptação criativa (não uma aceitação passiva) ao meio em que vive.
O que é um "distúrbio mental"? Em 1980, um grupo composto por vários pesquisadores e
psiquiatras clínicos, apresentou seu relatório final de um grande projeto para a elaboração de um
novo manual para o diagnóstico de distúrbios mentais, conhecido como DSM-III (sigla que
significa a terceira versão do Manual de Estatística e Diagnóstico dos Distúrbios Mentais,
promovido pela Associação Americana de Psiquiatria). Segundo este manual, atualmente na sua 4ª
edição (DSM-IV), Distúrbio Mental é definido como "uma síndrome ou padrão comportamental ou
psicológico clinicamente significativo que ocorre numa pessoa e está associado com a presença de
mal-estar e incapacidade; com um aumento significativo do risco de vida, dor, incapacidade ou
uma importante perda de liberdade. Esta síndrome ou padrão não deve ser meramente uma
resposta esperável para um evento particular (por exemplo: morte de um ser querido). Nenhum
comportamento desviante, isto é, político, religioso ou social, nem conflitos entre o indivíduo e a
sociedade são distúrbios mentais, a não ser que o conflito ou o desvio seja um sintoma de uma
disfunção da pessoa". Brendan Maher assinala três critérios que permitem considerar uma conduta
como patológica e necessitada de ajuda terapêutica. Esses critérios implicariam na existência de:
1) Angústia pessoal intensa: a pessoa sofre um intenso e desagradável desconforto emocional,
insatisfação com sua vida e sofrimento emocional subjetivo que a leva a solicitar ajuda
especializada;
2) Condutas incapacitantes: atitudes que prejudicam o desenvolvimento das potencialidades do
indivíduo e comprometem seu desempenho pessoal, profissional e social, tais como o
comportamento dependente, passivo, agressivo e fóbico. Estes comportamentos acabam levando a
uma maior ou menor incapacitação no desempenho de uma tarefa ou obrigação;
3) Contato deficiente com a realidade: caracteriza-se pela compreensão distorcida da realidade
socialmente compartilhada, levando a procedimentos inadequados e às vezes perigosos para o
indivíduo ou para outras pessoas. Alguns desses comportamentos são motivados por crenças
falsas, delírios, alucinações auditivas e visuais e por interpretações errôneas dos acontecimentos.
Tendências futuras
O fato de uma determinada condição comportamental ser vista ou não como doença ocorre em
função de muitos fatores: econômicos, sociais, biológicos, etc. À medida que uma sociedade
aprimora sua educação, torna-se mais informada e mais estável, as incapacidades (mecanismos
adaptativos perturbados) deixam de ser considerados como problemas morais, teológicos ou
sociais e se tornam problemas médicos. Muitas condições que hoje consideramos doença passaram
por essa transição: epilepsia, mania e várias psicoses. Mudanças similares podem, atualmente,
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estar tendo lugar em relação ao alcoolismo, dependência às drogas, delinquência, comportamentos
violentos, impulsividade e criminalidade. [...]
Há que se cobrar normalidade de um trabalhador que esteja prestes a inspecionar uma
fundação a 15 metros de profundidade sem que ele próprio se dê conta dos riscos a que estará
exposto ou tenha sido adequadamente notificado e se encontre protegido para o exercício da
atividade? Ainda pode se cobrar um comportamento normal de uma pessoa que nunca andou de
avião e irá ser lançada de um parapente, acompanhada por um instrutor? Talvez os exemplos sejam
absurdos e talvez estejamos confundindo normalidade com ansiedade, medo, angustia, ou mais.
Especialmente nas atividades laborais mister de faz destacar para o trabalhador todos os riscos a que
ele estará exposto e fornecer os equipamentos ou dispositivos de segurança, ensinando-o a empregalos. Se olharmos ao nosso redor, nas cidades em que residimos, iremos perceber “muitas coisas
erradas”, como por exemplo: a patroa que pede à sua empregada para limpar as janelas do
apartamento no 18º andar. Um dos casos bizarros que tivemos conhecimento foi o de uma
empregada doméstica que estava concluindo um curso de técnica de segurança do trabalho e que
propôs à sua patroa limpar os vidros da janela de um apartamento no 14º andar. A patroa relutou e a
empregada disse que estava habilitada e que tinha um cinto de segurança e o prenderia no “varal”
da cortina da janela. Felizmente a patroa não concordou com tamanha insanidade. Mas, não há
tantas patroas assim com essa percepção.
Os exemplos de guerreiros indo à guerra em condições normais não existem, ou talvez
somente em revista de quadrinhos, o velho e antigo Gibi, quando então os super-heróis não tinham
medo de nada. O medo, palavra tão temida, é importante para nós e nos faz refletir, ousar menos,
compreender mais, arriscar menos, perceber mais claramente. O medo nos chama a atenção para o
perigo. Assim, dizer que uma pessoa não é normal só porque não tem medo passa a ser uma falácia.
Nos filmes que tratam da guerra no Vietnam, com o exército americano, via-se que
muitos dos soldados recorriam às drogas para não se abaterem nas frentes de batalha. Infelizmente,
o ambiente somado ao uso contínuo de drogas deixou para trás uma legião de pessoas doentes.
Em um dos relatos de investigação de acidentes no trabalho apontados entre os três,
dentro de um universo de 200, como mencionado anteriormente, chamou-nos a atenção aquele onde
o trabalhador, preocupado com sua própria segurança na execução de um serviço ousou ter medo
dos resultados ou das consequências de sua exposição. Pressionado pelo Encarregado, também dito
Feitor, em muitas obras, ou Capataz, ou Mestre de Obra, realizou a tarefa e sofreu o acidente tão
temido. Nas análises não se pôs em cheque a palavra do Capataz, antigo na empresa, mas sim na do

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empregado recém-admitido. Ou seja, alguém tinha de ser o culpado e para isso apontaram o dedo
para o empregado. Fácil, não?
Em outro relato um eletricista sofreu um acidente ao executar uma solda em emendas de
cabos de cobre de aterramento. A pólvora estava úmida, o trabalhador portava luvas de couro
também úmidas e acendeu o dispositivo de solda com um isqueiro comum. O resultado foi que a
pólvora inflamou-se na luva do trabalhador e provocou queimaduras de segundo grau no polegar da
mão direita. O trabalhador com medo de represálias não comunicou o fato a seu encarregado. Com
a cumplicidade de seus colegas conseguiu ficar por um tempo no almoxarifado, até que a ferida
cicatrizou, retornando a suas atividades então. O trabalhador sabia que a pólvora estava úmida.
Sabia que suas luvas estavam úmidas, pois o tempo estava chuvoso havia dois dias. Também sabia
que não podia utilizar o isqueiro de acender cigarros. Aliás, naquele local era proibido portarem-se
isqueiros. Será isso tudo fruto de coincidências? O empregado lesionado, com mais de 15 anos de
experiência agiu como uma pessoa normal? Será que para a empresa era normal o descuido com a
pólvora a ponto de essa ficar úmida pela umidade do ar?
Em um terceiro caso um trabalhador, a pedido de seu encarregado, foi concluir o
fechamento de uma forma para a concretagem que iria ocorrer de tarde. Sozinho, pois estava em
horário de almoço, e com a promessa de que ele poderia ir embora de tarde, subiu na terceira laje e
iniciou suas atividades, às pressas. Quando se aproximou da forma, na primeira martelada essa saiu
de sua posição, pois não havia sido fixada ao piso ou escorada, tombou sobre o trabalhador e o
derrubou dois andares abaixo.
O grupo de fotografias a seguir e todas do arquivo pessoal de AFANP, ilustram
situações de riscos onde podemos nos perguntar: isso é normal? Esse cara é normal?

O operário orienta o operador do guindaste que descarrega as ferragens sobre a laje. Mesmo
sabendo dos riscos de ser perfurado por uma ferragem com o balaço acidental da carga segura as
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extremidades dos ferros com as mãos, em uma atitude relapsa. A justificativa era a de que não havia
tempo para que o trabalhador se protegesse.

Em outra concretagem os trabalhadores executam suas atividades nas proximidades da borda da laje
sem nenhuma preocupação para com sua segurança. Para eles essa é uma atividade normal. A
chefia não utiliza os EPIs. Assim, por que eles terão que fazê-lo? A justificativa era a de que os
empregados já estavam acostumados a esse tipo de serviço.

O operário controla remotamente a movimentação da lança do guindaste, posicionado sob a mesma.
Talvez seu tempo de exercício dessa atividade e o fato de não ter sofrido acidentes faça com que se
sinta tão à vontade em uma atividade de risco. A justificativa era a de que as ferragens já deveriam
ter sido posicionadas no dia anterior, pois que a concretagem estava prevista para o dia seguinte.

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O carpinteiro, ao repregar a forma assume uma postura confortável, mas insegura. Para ele, os
riscos de sofrer acidentes são “nenhum”, ou seja, sente-se seguro daquela forma. A justificativa,
além de o carpinteiro ter mais de 20 anos de experiência era o fato de que se tratava de um trabalho
rápido.

O encarregado das atividades resolve “prosear” com os colegas. Observe-se que apesar de estar com
os EPIs não os emprega corretamente. Além disso, demonstra grande segurança ao apoiar seu corpo
na extremidade de uma ferragem. A justificativa apresentada era a de que se tratava de uma
conversa rápida e não haveria a necessidade de se fixar o talabarte do cinto em nenhum lugar, já que
não havia uma “linha de vida”.

Esse grupo de empregados ajusta uma forma de pilar verificando o prumo. Percebe-se que todos os
envolvidos estão atentos às suas tarefas. Porém, nenhum deles está preocupado com sua segurança e
nem com a segurança dos companheiros. O maior exemplo é o do colega, observando que o
companheiro encontra-se em pé sobre uma ferragem e com as mãos ocupadas com o prumo não está
seguro quanto à sua vida. As madeiras utilizadas nos escoramentos são improvisadas e o apoio do
trabalhador é improvisado, pois que está sobre a ferragem. O excesso de confiança e o fato de
existirem outras pessoas próximas fazem com que os trabalhadores se “sintam” mais seguros. A
justificativa era a de que a betoneira com sua carga de concreto iria chegar a um par de horas.

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Em um beiral de uma edificação foi posicionado um estrado improvisado de madeira para que o
trabalhador pudesse concluir o rejunte das pastilhas de revestimento das paredes externas. Além
disso, o trabalhador iria utilizar também uma furadeira elétrica, já posicionada na plataforma de
trabalho. O elemento de proteção do trabalhador era constituído por toras de eucalipto
entrecruzadas, presas entre si por um prego. De trechos em trechos eram presas à platibanda por
arames de aço. Por entre os vãos da estrutura os trabalhadores poderiam cair, já que não havia tema
de proteção. A justificativa para isso tudo, além de ser uma equipe contratada para o acabamento
era a de que não existia mais tempo para corrigirem-se os problemas das estruturas de segurança.

Encarregado vistoriando as atividades sem ter a mínima preocupação para com sua segurança e sem
se preocupar também em repassar a seus subordinados os cuidados a atenção para o uso dos
equipamentos de proteção individual. A justificativa era a de que o encarregado sabia o que fazia e
estava ali para “dar uma força” a seus colegas.

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Encarregado orientando a concretagem de uma viga. Sua preocupação no momento está voltada a
uma comunicação com o engenheiro da obra. Naquele instante não se preocupava com sua própria
segurança e nem da de seus subordinados, que também somente se preocupavam com a utilização
da “agulha do vibrador do concreto”. A justificativa – o tempo de concretagem e a necessidade de
se concretarem outras vigas, apesar da proximidade do entardecer.

Este carpinteiro, preocupado com a qualidade de seu serviço, de joelho sobre uma tábua de não
mais do que quinze centímetros, prepara os últimos detalhes para a conclusão de sua tarefa. Nesse
momento não passa por sua cabeça nada que diga respeito à sua própria segurança, que impeça de
cair oito metros abaixo. A justificativa, a experiência do trabalhador e sua confiança em sí mesmo.
Pela análise das fotografias anteriores alguém diria: nessa empresa não há
procedimentos. Também, nessa empresa não há encarregados. Ou então, nessa empresa não há
fiscalização. Estas fotografias bem podem estar ilustrando situações que ocorrem em todo o Brasil,
fruto de inúmeros fatores que não cabem ser discutidos aqui. As justificativas apresentadas foram
dadas pelas próprias pessoas que foram entrevistadas. O que de comum surge é que o trabalhador
experiente confia tanto na qualidade de seu serviço que não se preocupa com sua própria segurança.
Muitos ainda dizem que usar os dispositivos de segurança mais atrapalha do que ajuda. Outros
dizem que os EPIs não servem para nada, já que nunca aconteceu nada com eles. Essa sensação de
“completa proteção” ou de que nada poderá ocorrer com eles deixa de ser algo normal, em uma

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empresa ajustada às normas de segurança e cumpridora das leis, em contraposição àquelas empresas
que valorizam a produtividade, mesmo que a qualquer custo.
No meio de uma rua com uma movimentação de pedestres intensa conseguimos flagrar a
situação a seguir, onde um trabalhador monta um andaime. Isso na “vista” de todos os passantes.
Quando apontamos a máquina fotográfica em sua direção ele apenas sorriu, ou seja, sabia que não
estava fazendo o trabalho da forma correta. Naquele momento, ele era a “estrela”, visto por todos
como o “super herói”, capaz de pendurar-se em uma armação metálica e com a certeza de que nada
lhe ocorreria. Mas, e a fiscalização da Prefeitura e do próprio Ministério do Trabalho, o que fariam?
Olhariam para o lado para não se envolver ou paralisariam a obra? Se assim o fizessem, teriam que
ir paralisando obras a cada dez metros e por razões semelhantes.

A análise dos acidentes ocorridos em uma organização possibilita a identificação de uma
série de fatores, alguns construtivos para o processo de segurança e outros destrutivos. Esses fatores
estão continuamente interagindo entre si. Quando construtivos percebe-se uma sinergia de ações, do
tipo “casos de sucesso”, estado da arte, benchmarking, aplicados ao empreendimento. Quando há
em um dos lados um fator que não seja construtivo o resultado final pode ser o mais diverso
possível, quase sempre se materializando através de um acidente, ou de uma situação com potencial
para tal.
A ilustração a seguir centraliza a organização como um todo, ladeada pelo ambiente
onde são realizadas as atividades representado por todos os trabalhadores. Sob esses se encontram
listados alguns fatores construtivos ou destrutivos ao processo de harmonização do meio ambiente
do trabalho, harmonia essa que permite o aumento da produtividade, eficiência, redução de
acidentes, pessoais, ambientais ou patrimoniais.

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Em conjunto com os demais fatores pontuados, percebe-se que esses podem ser
posicionados como dominós enfileirados. Quando um deles cai todos os demais tendem a cair,
pondo a perder todo um trabalho desenvolvido. É certo que a Organização é ladeada pelo ambiente
onde se encontra inserida e pelo “homem”, representando sua força de trabalho. Não se consegue
perceber uma organização sem a inserção de sua força de trabalho. A interação entre essas é grande,
já que as culturas da organização permeiam a força de trabalho e o contrário se verificando. O ideal
é quando ocorre a sinergia de ações, pois o resultado final tende a ser o Sucesso.

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Atividades;
Estratégias;
Contratos;
Recursos;
Insumos;
Fatores climáticos;
Prazos;
Organização do
trabalho;
Espaços e
ambientes;
Organização da
produção;
Lógicas de trabalho;
Fatores normativos;
Referências.

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Capacitações;
Percepções;
Habilidades;
Fatores estressores;
Supervisões;
Medos;
Culturas;
Ansiedades;
Comportamentos
esperados;
Condicionamentos;
Estresses;
Relações de poder;
Adequação do
homem ao meio;
Conceitos;
Usos e costumes;
Referências.

Fatores construtivos e destrutivos existentes em uma organização que impactam no equilíbrio
ambiente versus Ser Humano (AFANP)
Não deve haver dúvidas de que as capacitações, habilidades, culturas e referências, aqui
tomadas como algo claramente visível e mensurável, que se pode comparar com produtividade,
desempenho e outros, são fatos que, quando bem administrados “conduzem” a empresa rumo ao
sucesso. Um aspecto negativo relacionado às “relações de poder”, como de chefias que não sabem
lidar com os seus subordinados, pode ser negativa no ambiente de trabalho, comprometendo
seriamente as relações empregado-chefia.
Enquanto o vínculo e os interesses dos empregados são fortes, como por exemplo, a
manutenção da empregabilidade, salários acima da média do mercado, proximidade da conclusão de

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um projeto, “toleram-se” as relações. Contudo, se por alguma razão perdem-se esses vínculos ou
são eles enfraquecidos, as relações de poder passam a ser um elemento bastante pernicioso,
terminando por minar as relações. O resultado final pode ser o mais inesperado possível, inclusive
com a manifestação de acidentes. Ou seja, está se pontuando o acidente, como pior ocorrência em
ambas as situações para ilustrar o poder que esse tem sobre uma empresa, com reflexos muito além
do imaginado. Está se falando em perdas de oportunidades de contratos, multas ou penalizações,
interdições, indenizações, danos à imagem da organização e por aí segue.
Um acidente, seja esse pessoal, ambiental ou patrimonial, alavanca negativamente o
nome da organização em todas as mídias e, com isso, traz para a empresa todo tipo de fiscalização.
E, o que é pior, pode não representar a atuação normal da empresa, mas tão somente um momento
“ruim”, ou seja, é um aspecto pontual, mas que deixa sequelas algumas vezes irreversíveis.
Outro ponto bastante interessante é o que diz respeito a adequação do homem ao meio
de trabalho. Essa desarmonia não propicia a integração do trabalhador com as suas tarefas, com a
organização, colegas ou chefias. Como resultados costumam surgir: ansiedades ou medos,
desatenção, falta de motivação ou outras consequências. Assim, nota-se que alguns fatores
apresentados podem ser resultantes do desencadeamento de quaisquer dos outros fatores. Ou seja,
as relações passam a ser bastante complexas e uma análise direcionada não possibilita que se
compreendam como o homem (trabalhador) se relaciona com a organização e vice-versa em um
exíguo espaço denominado ambiente de trabalho.
Desta maneira, abordam-se os fatores nem sempre objeto das atenções, que podem
afetar o desempenho ou performance dos trabalhadores, podendo ser causa de acidentes.

Formulação da situação problema:
Pode parecer utópico mencionar-se a possibilidade de se evitar um acidente de trabalho
através da identificação precoce das aptidões dos trabalhadores, harmonia do ambiente de trabalho,
tudo associado a um planejamento das atividades e do projeto. No centro de toda a questão, que, em
essência, é quem materializa os projetos, encontra-se o Homem, com suas limitações, medos e
receios, enfim, como o elo fraco da corrente.
Também se tem certeza de que muito pouco foi feito para que as análises das
ocorrências dos acidentes pudessem vir a se transformar em mais uma ferramenta de gestão. Se em
uma obra ocorreu um acidente com essas características será que ele não pode vir a se repetir em

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outras? Ao acreditarmos nessa hipótese realmente estaremos dando largos passos adiante para
reduzir o nível ou quantidade de acidentes.
A avaliação dos níveis de normalidade do trabalhador, principalmente nos exames a que
são submetidos, admissionais e periódicos muito pouco contribuem para identificar-se esse elo
fraco. Como já dissemos, o turnover elevado das obras, provocado pela baixa qualificação e
empregos fartos faz com que as empresas não busquem melhor capacitar sua mão de obra e os
trabalhadores não demonstram ter tanta preocupação com o seu nível de conhecimento, pois que, se
não o contratam naquela obra ele irá trabalhar em outra que não se preocupe com essa “bobagem”
de capacitação.
Há exceções em atividades críticas como, por exemplo, na contratação de operador de
carregador de container em portos, ou de pontes rolantes, também na operação de guindastes de
grandes proporções e capacidade. Como a muito que se perder nessas atividades, talvez valha a
pena investir-se mais e pesquisar o aspecto comportamental, psicológico do trabalhador.
Hoje em dia tem-se relato do uso de drogas lícitas ou não em muitas obras. Não de deve
esquecer que há um contingente de pessoas da ordem de 15% da população envolvida com drogas,
em maior ou menor grau. Se acrescentarmos as chamadas drogas lícitas, como o álcool e as
medicações o percentual aumenta. Se esse percentual existe na sociedade como um todo, porque
não em uma obra, que de certa forma representa uma pequenina porção dessa mesma sociedade,
mudando-se apenas o aspecto tecnológico e de conhecimento específico? Além disso, grandes
contingentes de pessoas tecnicamente despreparadas ingressam no mercado da construção todos os
dias, mão de obra disponível, barata e imediata. Pode ser surpreendente dizer que essa mesma mão
de obra é “substituível” a qualquer momento. Aliás, os processos de terceirização nada mais são do
que terceirizar-se riscos e responsabilidades.

A VISÃO HUMANA DO ACIDENTE
Quase sempre quando se avaliam as questões humanas nos acidentes procura-se analisar
de que forma essa se deu. Para isso, existem ferramentas de análise preventiva e corretiva dos riscos
e aquelas utilizadas no diagnóstico das causas e efeitos dos acidentes. A empresa americana E. I. du
Pont de Neumurs and Company (DUPONT), com mais de 200 anos de fundação e atuando
fortemente em atividades industriais e na disseminação de uma cultura de SMS,desenvolveu a mais
de meia década uma série de análises procurando associar ou mesmo correlacionar o envolvimento
do ser humano nos acidentes. Nesses estudos baseou-se em pesquisas de Frank Bird, que estruturou

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uma pirâmide com quatro níveis de ocorrências, na qual o topo era ocupado pelo acidente principal
– morte e os demais níveis para atos, fatos ou situações que conduziam ou poderiam conduzir a
acidentes fatais. A expertise da du Pont conjugada à visão pragmática de Bird, que em seus estudos
analisou milhares de ocorrências, produziu uma nova pirâmide, denominada de Pirâmide de
Desvios, representada a seguir.

Representação esquemática da pirâmide de desvios (adaptação de AFANP)
Em outra análise estabeleceram o percentual relativo à participação humana nos
acidentes, chegando ao seguinte resultado:

Na análise a participação do homem é expressiva. Voltando-se à pirâmide anterior (du
Pont), para a imediata redução dos desvios, e, por conseguinte, a eliminação dos eventos maiores ou
de topo, deve-se atuar através de medidas pró-ativas no envolvimento do ser humano, agora,
personagem central do tema, sabendo-se de antemão que os 4% para causas ambientais, podem ter
como contributo o próprio homem. Ora, com uma participação tão expressiva assim a questão da
resiliência sempre é suscitada. Por mais que se invistam nas condições ambientais do trabalho,
através de métodos como “5S” e políticas de housekeeping, esse esforço está voltado para apenas
4% das causas.

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Toda essa nova visão possibilitou tratar o acidente não mais de maneira amadorística e
sim profissional. Efetivamente ocorreu uma redução da quantidade de acidentes em ambientes onde
se passou a ter uma visão pró-ativa no tocante a ocorrências de acidentes, e não mais reativas. Isso
quer dizer que se mudou o modo de ver as coisas. Ao invés de lamentarem-se as perdas passou-se a
evitar que as mesmas ocorressem. Entretanto, um dos aspectos relevantes é a visão humanista.
Como o elo frágil é decorrente da ação humana, porque não investir-se mais no aspecto
comportamental, que, de certa maneira, nunca foi totalmente explorado?
Tivemos a oportunidade de acompanhar inúmeros exames admissionais onde os
trabalhadores omitiam sintomas, doenças, uso contínuo de medicamentos, etc.. Um dos casos mais
impressionantes foi o de um trabalhador que durante a semana anterior ao exame admissional
reduziu drasticamente a alimentação para diminuir os níveis de colesterol e de glicemia. Em outro
caso, um trabalhador de tinha “pressão alta”, auto-medicou-se com remédio de seu colega para não
ser flagrado como hipertenso, já que o contrato de trabalho exigia duas avaliações de pressão
arterial por dia, para a execução de atividades em altura.
Algumas análises transversais de tudo o quanto tem sido publicado na última década, e
as experiências dos profissionais de segurança do trabalho apontam como causa-raiz para a
ocorrência de acidentes que possam ser atribuídos ao Ato Inseguro, traduzido por:
Angústias;
Ansiedade;
Compulsões;
Culpas;
Doenças;
Fatores ambientais, genéticos ou traumáticos;
Fobias;
Hábitos;
Histerias;
Humor;
Manias e medos;
Rotinas e ritmos de trabalho;
Stress;
Transtornos diversos (comportamentais, de pânico, de personalidade, obsessivos
compulsivos, etc.);
• Traumas físico, emocionais, psicológicos, entre outros;
• Uso contínuo de medicamentos ou drogas.
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Como podem esses fatores desencadear um desequilíbrio emocional que possibilite que
o trabalhador se acidente? Estudos realizados em indústrias demonstram que o stress contínuo,
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pressões para que seja concluída a tarefa ou reduções de custo, inclusive com a possibilidade de
demissões coletivas podem ser fatores que rompem o equilíbrio emocional dos trabalhadores.
Inúmeros são os processos de motivação de pessoas e mesmo animais, empregados de
acordo com as espécies e os fins a que se propõem. Há motivações, ou a criação de climas
motivacionais para a guerra, como os kamikazes japoneses que lançavam seus aviões lotados de
munição contra os navios americanos, ou os terroristas que se auto explodem com enormes cargas
de dinamite para atingir populações ou prédios públicos, motivações para a paz, como Gandhi,
motivações para o trabalho e mesmo motivações para uma partida de futebol.
O trabalhador pode ter ou não uma adequada percepção de que se realizar suas
atividades seguindo orientações pré-estabelecidas pode alcançar como resultado, a conclusão de
suas tarefas, sem ter sofrido acidentes. Qual será esse tipo de estímulo ou motivação? Poderá o
trabalhador buscar alterar suas rotinas, conceitos e métodos para atingir alvos os quais não são
perfeitamente identificados? Suas boas práticas interessam à empresa e serão reproduzidas? Ele
ganhará algo com isso ou será considerado “o estranho” da obra, aquele que cobre EPIs de boa
qualidade ou que se recusa a iniciar um trabalho se não tiverem dito a ele quais serão os riscos da
tarefa? Ele estará errado? Ele será por acaso o estranho ou anormal? Para muitos a resposta será
SIM, ele é o “diferente” e termina contaminando seus colegas com suas opiniões “políticas ou
sindicais”. Aqui um parêntese: na grande maioria dos acordos sindicais não se propõem melhores
condições de segurança e EPIs adequados ao uso. Infelizmente essas questões não “engordam o
bolso de ninguém.
Deve-se estabelecer como premissa que se reconhece que os estímulos somente devem
ocorrer quando a cultura das pessoas ainda não é suficientemente estruturada para que essas possam
espontaneamente realizar suas tarefas de maneira segura sem que seja necessário nenhum tipo de
estímulo, incluindo-se aqui um dos mais importantes: “o muito obrigado”. Não se deve generalizar
que as premiações devam ser eleitas como prioritárias em detrimento das obrigações dos
trabalhadores, aqui implicitamente denominados “valores”. Devolver-se uma carteira de dinheiro
recheada de dinheiro não é razão para premiações, pois se trata de uma obrigação. Mas o
desenvolvimento de uma ferramenta de trabalho adequada que elimine a causa de tantos acidentes
deve ser premiado.
Nas atividades de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS), inúmeras são as
obrigações estabelecidas para os trabalhadores, para que cumpram com segurança suas atividades.
Antes de tudo, devem conhecer os procedimentos, processos, estar inteirados de suas obrigações,

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entre outros. Porém, mesmo que saibam efetivamente todas essas questões, em alguns momentos, e
sob determinadas circunstâncias, ficam mais expostos a serem vitimados por acidentes. São os
fatores estressores, o ambiente, falhas ocorridas com os equipamentos, eventuais distrações pelos
motivos mais variados possíveis, e mesmo por razões intencionais, algumas vezes motivadas mais
por insatisfações pessoais do que pela simples intenção de descumprir as ordens recebidas. Neste
caso estar-se-á falando de orientações recebidas, de abordagens feitas pela fiscalização da empresa,
entre outras causas.2
Retornando ao ponto central da questão, muitas vezes ouve-se dizer: Será que Fulano é
normal? O que é ser normal? Em um mundo globalizado, que exige cada vez mais de todos o que é
ser normal? Os comportamentos bizarros podem ser considerados dentro de um padrão de
normalidade? Os comportamentos tímidos ou agressivos podem ser normais ou dentro de padrões
de normalidade? Será que existe padrão de normalidade para enquadrarem-se pessoas? Como por
exemplo: do lado direito ficam os normais, do lado esquerdo os anormais, à frente os quase
normais, e assim segue. Ainda agora, nas coberturas jornalísticas do Rock in Rio, as pessoas
assumiam atitudes consideradas bizarras fora daquele ambiente. Meninas chorando ao verem seus
ídolos, rapazes empolgados com o ritmo mais intenso das guitarras. Tudo isso é normal? Será
normal alguém chorar ao ver um animal atropelado ou uma linda flor desabrochando? Seguindo
essa linha percebem-se vieses do que chamamos de normalidade com as emoções mais fortes das
pessoas. A pessoa é normal, mas em sua ternura chora ao ver uma flor linda.
O costume é rotular-se alguém com um determinado tipo de transtorno, que possa estar
associado ao comportamento do indivíduo. Assim, há os neuróticos, os esquizoides, os paranoicos,
e, quando a sapiência vai além, há sub-rótulos. O importante, entretanto, é que o ambiente, as
condições e formas com que trabalham, termina por moldar os trabalhadores, quase que os
encaixando em personalidades que não correspondem às personalidades de cada um.
Figurativamente seria o mesmo que fornecer ao trabalhador um uniforme tamanho 40, quando ele
só pode usar o tamanho 50. Ou sobra trabalhador ou sobra uniforme. Ou o trabalhador possui mais
cultura específica do que a organização u o contrário. Nessa troca, todos saem perdendo, já que um
não se adaptará ao outro.
Sabe-se que a personalidade de uma pessoa pode ser moldada e mudada de acordo com
o ambiente social em que o trabalhador se encontra, ou seja, produto do meio. Em obras, como dito,
onde a rotatividade é elevada ou as chefias mudam de acordo com as alterações do projeto, não há

2

Navarro: Mudando culturas de SMS: prevenção, motivação ou sinergia de ações?

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tempo suficiente para que se dê essa mudança. Assim, a “personalidade” momentânea, no canteiro
de obras, não é verdadeira.
Diz-se que o preso assume nova personalidade ao ingressar na prisão e que, se assim não
o fizer talvez não chegue a cumprir o final da pena, com vida ou ainda sendo “macho”.
O ser humano, como apresentado anteriormente, é responsável por mais de 95% das
ocorrências de acidentes. Também foi dito que quando há uma enorme quantidade de desvios há
maior probabilidade de ocorrência de acidentes fatais, já que os desvios formam a base da pirâmide
onde em seu topo há o acidente fatal. Dito isso, resta-nos saber como o homem se envolve em um
acidente. Se a organização não motiva adequadamente os trabalhadores ou não gestiona as ações
preventivas com ênfase necessária, como por exemplo, o foco prioritário na entrega da obra ou o
compromisso com o cumprimento dos prazos em detrimento da segurança pessoal, talvez os
trabalhadores não se sintam motivados o suficiente para romper as barreiras necessárias e abraçar a
causa da prevenção de acidentes, em seus próprios benefícios.
Afora isso, empresas que apresentam grande rotatividade da mão de obra,
principalmente aquelas com atividades de construção civil, não têm tempo suficiente para criar uma
cultura própria e possibilitar que os seus empregados tenham a condição de assimilá-la e pô-las em
prática. Há que se considerar também que existe uma confusão, não generalizada, sobre questões
como: fatores estressores no ambiente de trabalho, estresse, ansiedade, medo, resiliência e outros
temas correlatos, que terminam por associá-los de modo equivocado. Essa interpretação de
conceitos muitas vezes mascara a questão da prevenção de riscos.

A ANSIEDADE:
A ansiedade quase sempre está associada a expectativas, para as quais podemos não
estar preparados. Há ansiedades crônicas, doentias, provocadas pela insegurança ou outras causas.
O profissional que irá ser certificado em suas atribuições e que precisa ser bem avaliado certamente
ficará ansioso antes da realização do teste. O estudante nas vésperas do vestibular também tende a
ficar ansioso. O criminoso que será confrontado com o polígrafo também fica ansioso. A pessoa
com transtorno mental e em tratamento, cujo medicamento foi atrasado fica ansiosa. Ansiedade e
medo são formas mais intensas de se demonstrar uma preocupação. O medo está na interface do
mundo exterior com o mundo interior. Exteriormente, começa pela consciência de fatores de risco
que variam fora do controle da pessoa.

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Conforme MOTTA (2002), apud al, os sintomas mais comuns de ansiedade e medo se
refletem nas tendências especificadas a seguir. Além dos sintomas físicos, a ansiedade produz
tendência a:
a) Sensibilidade excessiva.
A pessoa adquire maior dificuldade em modular emoções e se importuna facilmente
com eventos específicos, sobretudo os que lembram dificuldades anteriores.
b) Maximização de problemas e concentração nos fatores negativos.
A ansiedade perturba o funcionamento normal da mente, gerando comportamentos
inusitados e a tendência a exagerar a importância de certas situações. A convivência com situações
ameaçadoras enfatiza a consciência sobre fatores negativos: a pessoa tende a perceber qualquer
pequena dificuldade como um grande problema.
c) Dispersão mental e transferência da decisão.
Diante da pressão para a decisão, algumas pessoas vêm reduzidas suas habilidades de
compreender e julgar eventos. Adquirem uma inibição de pensar, de raciocinar sobre situações
problemáticas e, mesmo, de manter atenções afetivas com os colegas. Intensificam o desejo de
escapar da situação, concentrando-se em outras tarefas ou transferindo e adiando decisões.
d) Comunicações irrealistas: o incremento da conversa consigo próprio.
Gerentes tendem a ruminar o problema ou a apresentar a si próprios uma série de
hipóteses de solução e de fracasso. Pensamentos e imagens são aos poucos montados numa lógica
por vezes negativa. Em alguns casos, associam-se fatores de medo e de risco numa sucessão de
possibilidades, até se perceber uma verdadeira catástrofe.
(...) A ansiedade alerta a pessoa e a faz agir no sentido de evitar ou safar-se do perigo.
Na realidade, é melhor alarmes falsos do que não perceber uma situação ameaçadora. Exageros
ajudam a mobilizar pessoas, mas conduzem a uma percepção mais generalizada do risco e, portanto,
a mais medo e ansiedade. (...) (Motta, 2002)

OS COMPORTAMENTOS DE SEGURANÇA
OLIVEIRA (2007) trata da questão dos comportamentos com o seguinte olhar: Em
relação aos acidentes de trabalho as estatísticas revelam a perda de 1.250 milhões de dias de

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trabalho devido a problemas de saúde em geral em que, 210 milhões são devidos a acidentes de
trabalho (i.e. média de 1.3 dias por trabalhador da União Européia) e 340 milhões devido a
problemas de saúde relacionados com o trabalho (i.e. média de 2.1 dias por trabalhador da União
Européia) (Comissão Européia, 2004, p.27). A sinistralidade na Europa é de tal forma elevada (7.6
milhões de acidentes em 2001, dos quais 4.7 milhões originaram ausências ao trabalho superiores a
três dias) que a cada cinco segundos ocorre um acidente de trabalho e a cada duas horas morre um
trabalhador vítima de acidente de trabalho, num total de 4.900 acidentes fatais em 2001, segundo a
Comissão Europeia (2004, p.31).
Um trabalhador quando experiência direta ou indiretamente uma situação de acidente de
trabalho o seu comportamento modifica, ele pode desenvolver comportamentos de risco (i.e. se
ficou ileso após o acidente, ou seja, não sofreu ferimentos) ou desenvolver comportamentos de
segurança (i.e. nos casos em que se observam consequências dos acidentes). (Oliveira e Silva,
2007).

Quadro de análise de desvios comportamentais – 2007 (AFANP)
O quadro comparativo acima, retirado das análises das auditorias comportamentais
realizadas em atividades voltadas à instalação e montagem de instalações na área de óleo e gás,
durante três meses, apresentou como contributário pelo maior número de desvios o descumprimento
das normas de procedimentos de SMS, seguido por aqueles provocados pela posição incorreta das
pessoas, expondo-se aos riscos, seguido de perto pelos desvios provocados pela falta de uso ou pelo
uso incorreto dos EPIs.
Existem diversos preditores dos comportamentos de segurança como: clima de
segurança (Neal, Griffin & Hart, 2000; Neal & Griffin, 2002); experiência de acidentes de trabalho
(e.g. Rundmo, 1996; Probst, 2004); percepção de risco (e.g. Rundmo, 1996; 2000) ou, motivação e
conhecimento de segurança (e.g. Neal, Griffin & Hart, 2000; Probst & Brubaker, 2001; Wong et al,

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2005). De acordo com NEAL & GRIFFIN (2000) os comportamentos de segurança podem ser de
dois tipos diferentes: o trabalhador pode desenvolver comportamentos de segurança porque é
compelido a cumprir regras de segurança, como usar os EPIs, e neste caso referimo-nos a
complacência em segurança, ou podem ser desenvolvidos porque o trabalhador se sente motivado
em participar voluntariamente em determinadas atividades relativas à segurança, como a
participação voluntária em simulados de segurança.
O comportamento de segurança de um trabalhador depende sempre dos conhecimentos
que este tem sobre as regras de segurança a cumprir no desempenho das suas tarefas, as aptidões
necessárias ao correto desempenho e em segurança e, sua motivação para desempenhar essas
mesmas tarefas em segurança. Um trabalhador que não tenha aptidão para desempenhar uma
determinada tarefa da forma correta, ainda que tenha o conhecimento adequado e esteja motivado
terá dificuldades acrescidas no desenvolvimento do comportamento de segurança que lhe é
solicitado ou exigido. Os comportamentos de segurança para além dos fatores individuais (atitudes,
diferenças individuais), também dependem de fatores organizacionais como o ambiente de trabalho
(e.g. clima de segurança) ou a envolvente organizacional (Neal & Griffin, 2004).

RISCO, ANSIEDADE E MEDO:
A ansiedade pode ser um fator motivador para uma ação ou não, dependendo da forma
com que seja encarada pelo ser humano, da maneira como ele lida com essa questão e do quão está
preparado para enfrentá-la. Já o medo, provoca sérias alterações em nosso comportamento, quase
sempre nos deixando esquivos de qualquer coisa com a qual possamos nos confrontar. Quando a
ansiedade provoca o medo os problemas potencializam-se. O maior temor e ansiedade são
percebidos de modo claro quando está em check o valor profissional: ser injustiçado e humilhado
como profissional ou ser publicamente julgado incompetente. Dirigentes temem a avaliação
negativa de seu desempenho, não pela sua falta de competência e de dedicação às suas tarefas, mas
por desconsideração de fatores ambientais negativos e incontroláveis. Acham que devem competir
sempre para revelar seu valor e alcançar desempenho acima da média. Revelam alta percepção de
risco sobre a manutenção ou perda de sua função ou emprego. Considera-se inseguro no cargo dada
a imprevisibilidade de fatores com os quais tem que lidar. Como os demais funcionários, receiam
contatos com chefes que têm sanções sobre seus recursos de poder e sobre o próprio emprego;
temem a demissão, mas ressaltam o medo de serem mal vistos publicamente, pela família e por
amigos fora do trabalho, como incompetentes ou de serem humilhados e injustiçados por seus
superiores. Como seus esforços dependem de uma coletividade de funcionários, eles nem sempre se

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consideram culpados pelos fracassos de sua equipe, embora sejam responsabilizados por isso.
(Motta, 2002)
No sentido negativo, o risco deixa implícito o perigo de consequências adversas e sugere
o esforço gerencial para conscientizar-se de sua existência, evitá-lo ou minimizá-lo. Estar em risco é
estar vulnerável ao acaso ou a fatores que provocam danos, independentemente de ações
individuais. Evitar o risco é tentar precaver-se contra o perigo do inesperado, do não-familiar ou do
inusitado. Quando visto como algo ruim, o risco incentiva a busca de segurança. Minimizar ou
reduzir risco são expressões que procuram dar segurança à decisão. Vista como algo positivo, a
percepção de risco:
(1) revela a coragem de arriscar apesar das adversidades;
(2) conscientiza as pessoas sobre ameaças e danos potenciais e reais à empresa; e
(3) valoriza o espírito empreendedor e de prosseguir e se aventurar em direção ao êxito.
O risco chega a fascinar algumas pessoas. Não é por acaso que dirigentes se vangloriam
de sua capacidade de correr riscos. Muitas vezes, exageram a inexistência de dados ou sua
inexatidão para realçar a sua capacidade de intuir e de prosseguir apesar de conselhos por cautela.
Proclamam-se mais intuitivos do que realmente são para parecerem mais corajosos, hábeis e
autônomos perante o risco. (Motta, 2002)
Muitas pessoas vivem melhor o ambiente de competição porque são motivadas não pelo
medo, mas pela energia da conquista de um objetivo. Isso talvez possa explicar porque em
ambientes de trabalho de aparência altamente competitiva podem ser obtidos bons desempenhos. É
o exemplo de atmosferas de alta intensidade, como bolsas de valores e salas de emergência de
hospitais: elas motivam as pessoas não pelo medo, mas pela intensidade do estímulo. Essas pessoas
são pouco motiváveis pelos estímulos médios comuns à maioria, mas sentem-se estimuladas em
ambientes de alta intensidade. Há uma diferença entre medo e intensidade, apesar de
psicologicamente serem muito semelhantes. Pessoas com medo não gostam do ambiente e desejam
se livrar do problema que lhes causa a ansiedade. Ao contrário, pessoas com intensidade gostam do
ambiente e desejam a sua permanência; poderiam até viver permanentemente nesse estado. (Motta,
2002)

O AMBIENTE DO TRABALHO E OS RISCOS:
MEDEIROS & RODRIGUES apud al. (2000) quando abordam a questão dos ambientes
do trabalho com foco na construção civil, tratam-na da seguinte maneira: A Indústria da Construção
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Civil é uma atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. É
nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado índice de acidentes de trabalho, e segundo
ARAÚJO (1998), está em segundo lugar na frequência de acidentes registrados em todo o país.
Esse perfil pode ser traduzido como gerador de inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros
no setor.
O clima de segurança é constituído na sua essência por percepções partilhadas sobre a
segurança na organização. A definição de clima de segurança seguida neste estudo é a de SILVA
(2003) segundo a qual o clima de segurança é a “…manifestação temporal da cultura que se reflete
nas percepções partilhadas pelos membros de uma organização num determinado momento e
corresponde ao nível intermédio da cultura de segurança…” SILVA (2003) apresenta uma revisão
dos instrumentos utilizados ao longo do tempo, para avaliar o clima de segurança, indicando
diversos instrumentos de medição do clima de segurança desenvolvidos por vários autores (e.g.
Zohar, 1980) mas segundo a autora o clima de segurança tem sido sempre medido através da
aplicação de escalas ou questionários.

O SABER OPERÁRIO:
O saber operário é o conhecimento adquirido ao longo de anos e anos de atividades, e
que passa a ser considerado como referencial interno, esteja esse certo ou errado. Quando posto em
conflito com a obrigatoriedade de passar a empregar novo saber o operário questiona e, por fim,
volta a empregar o seu saber, caso não seja acompanhado nas tarefas. As mudanças de paradigmas
iniciam-se com o convencimento do operário de novos saberes, os quais podem ser incorporados ou
assumidos pela organização caso seja demonstrado serem melhores para aquelas atividades
específicas. O momento importante para o operário é o da incorporação pela organização do seu
saber, enquanto que o oposto se dá com o descarte do seu saber sem quaisquer questionamentos ou
convencimentos. Nessa situação é muito provável que em um momento ou outro os procedimentos
formais sejam descumpridos, podendo causar ou não acidentes. A respeito dessa questão, Yazigi
(1998) assim se manifesta: (...) É preciso criar a mentalidade da participação e passar as
informações necessárias aos empregados. A participação fortalece as grandes decisões, mobiliza
forças e gera o compromisso de todos com os resultados; ou seja: a responsabilidade. O principal
objetivo é conseguir o efeito sinergia, em que o todo é maior do que a soma das partes. Novas ideias
devem ser estimuladas e a criatividade aproveitada para o constante aperfeiçoamento e a solução
dos problemas. (...)

27 de 39
Consoante MEDEIROS & RODRIGUES (2000), em muitas atividades industriais, o que
não exclui a Construção Civil, reina a ignorância sobre alguns processos e seus incidentes. Os
trabalhadores ignoram o funcionamento exato do processo industrial, pois têm apenas “dicas” de
um saber descontínuo. Não existe um conhecimento coerente, nem sobre o próprio processo, nem
sobre o funcionamento das instalações, pois não existe formação destinada aos trabalhadores.
A consciência aguda do risco de acidente obrigaria o trabalhador a tomar tantas
precauções individuais que dificultaria completamente o trabalho na Construção a ponto de se
tornar ineficaz do ponto de vista da produtividade. Trata-se de um sistema defensivo destinado a
controlar o medo, e pode ser chamado de pseudo-inconsciência do perigo. Além disso, necessita
apoiar-se no caráter coletivo, sendo assegurado pela participação de todos. Ninguém pode ter medo
nem demonstrá-lo. Gera-se então um sistema implícito onde nunca se deve falar de perigo, risco,
acidente, nem do medo. (Medeiros & Rodrigues, 2000)

FATORES ESTRESSORES:
De acordo com ALEVATO (2007), quando trata da questão de agentes estressores, (...)
É possível não discutir, por exemplo, a relação entre um operário ferido e a queda de um tijolo, no
universo dos riscos físicos da construção civil, mas o mesmo não pode ser dito da relação entre o
cotidiano permeado de pressões por prazos e metas e a hipertensão arterial diagnosticada em um
gerente. No caso dos estressores não se trata de um agente externo (tijolo) oferecendo um perigo
(queda) e uma possível consequência (ferimento). Fala-se agora de uma ameaça que se diferencia
dos clássicos riscos físicos, químicos e biológicos por não ser um elemento isolável dos sujeitos,
mas por permear a vida em todas as suas dimensões, afetando a saúde individual, realimentando-se
de si mesma e transversalizando as atitudes, os desempenhos, as relações sociais, profissionais e
familiares, dentre outros aspectos. Estressores são elementos capazes de mobilizar para a ação ou
desencadear reações humanas. No entanto, cada fonte estressora tem características próprias que
recomendam iniciativas de controle específicas e diversificadas. Os estressores encontrados nos
ambientes de trabalho podem, portanto, ser classificados – conforme sua natureza – em existenciais,
ocupacionais ou sócio ambientais. Os estressores sócio ambientais não escolhem suas vítimas no
ambiente laboral porque se originam em condições culturais, políticas, sociais e econômicas do
micro e do macro cenários. Violência urbana, desemprego estrutural, conflito de valores são alguns
exemplos desse grupo. (...)

28 de 39
A PSICOLOGIA E A PREVENÇÃO DE ACIDENTES:
A associação da psicologia à prevenção de acidentes não é um assunto novo. Inúmeros
são os artigos que fazem essa associação, pois muitas vezes o acidente é fruto de um ato volitivo,
não sob o aspecto do indivíduo intencionalmente descumprir as normas de segurança, mas sim
porque sabe como executar a tarefa e procura fazê-la da forma que conhece e que sempre a fez. Não
são muitos os casos em que o acidente teve como causa esse fato.

Gráfico de análise de resultados de auditorias comportamentais em 2008 (AFANP)
No gráfico acima, constando 5.187 desvios relatados ao longo de seis meses em uma
obra industrial com o envolvimento de 15 empresas contratadas, apurados através de um programa
de auditoria comportamental, com avaliações visuais e abordagens pessoais, identificou-se que a
grande maioria dos desvios era devido à falta do uso ou do uso de modo irregular dos Equipamentos
de Proteção Individual – EPIs, seguido do desvio por descumprimento dos procedimentos de
Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
A grande questão levantada era a de que essas avaliações ocorriam mensalmente e já
havia transcorrido um período médio de obras de pelo menos oito meses. Assim, havia empresas
atuando a mais de três anos no site, empresas com menos de dois anos e empresas recém
contratadas, com 3 meses de contrato. De comum teve-se o fato de que todos os empregados das
empresas passaram por programas de integração, briefings de segurança, e procedimentos de
segurança próprios. Assim, cabe a questão:
• Por que foram identificados tantos desvios sobre condições que, pelo menos aparentemente, já
estavam consolidadas na mente dos trabalhadores?

29 de 39
• Os trabalhadores, pelas experiências demonstradas não sabiam utilizar corretamente seus EPIs?
• Os trabalhadores, em seus programas de treinamento não foram apresentados aos procedimentos
de segurança das empresas?
Sabe-se que situações de stress geralmente antecedem os acidentes e escapam ao
controle dos dirigentes das empresas para as quais o empregado trabalha. É o caso de discussões em
casa com o marido ou a mulher, situações de separação, doença dos filhos, etc... Há alguns tipos de
stress que podem ser evitados. Estudos mostram, por exemplo, que a sobrecarga de serviço e o
número excessivo de horas de trabalho de um indivíduo o tornam propenso ao acidente do trabalho
por levá-lo ao stress fisiológico ou psíquico. (Friedman, Rosenman, & Carrol, 1975) (Hinkle &
Plummer, 1952).

FATORES HUMANOS E INFLUÊNCIAS COMPORTAMENTAIS:
De acordo com a OIT só as causas naturais matam mais no mundo do que os acidentes
de trabalho. As razões para explicar o elevado número de ocorrências dos acidentes são as mais
diversas, envolvendo falhas nos projetos dos sistemas de trabalho, dos equipamentos, das
ferramentas, deficiência nos processos de manutenção dos diversos elementos componentes do
trabalho. Ocupando lugar de destaque como causa dos acidentes de trabalho encontra-se o fator
humano, compreendendo características psicossociais do trabalhador, atitudes negativas para com
as atividades prevencionista, aspectos da personalidade, falta de atenção, entre outras (DI LASCIO,
2001).
Nas palavras de DEJOURS (1992, p.88): Cada uma das emoções, medo, raiva,
ansiedade, alegria, amor, felicidade, imprime uma disposição e uma direção para a ação. O ser
humano tem uma tendência, baseada na aprendizagem com as experiências passadas, de repetir
determinados padrões de reações que “deram certo no passado” e que se incorporaram, assim, ao
nosso repertorio ou bagagem emocional (GOLEMAN, 1995). O aspecto comportamental supõe
componente sentimental de raiva ou medo, acompanhando a emoção que tem a função primitiva de
preservar a existência. Pode-se argumentar que essas modificações que implicam a emoção, são
fontes de transtornos do organismo, quando as mesmas apresentam características de forma aguda e
intensamente súbita e fazendo-se persistente. Desse modo o desenvolvimento de habilidades e
competências cognitivas que influenciam na capacitação em lidar com as demandas e pressões de
seu ambiente se faz necessário. (Morais et al. apud al. 2005)
HEINRICH (1959, apud Cooper, 1998) observa que as pressões para o aumento da
produção podem reforçar o comportamento inseguro dos funcionários, já que pode ser a única
30 de 39
forma de se assegurar que um trabalho seja feito. Verificou também que dos 330 atos inseguros
observados, 229 conduziriam a um prejuízo grave e um incidente importante. Assim, a inexistência
de acidentes poderia induzir as chefias que as preocupações da área de SMS talvez não fossem tão
importantes assim.

ESCALAS DE PERCEPÇÃO:
Pessoas com níveis mais elevados de senso de invulnerabilidade tendem a se envolver
em maior quantidade de eventos considerados perigosos e/ou possivelmente danosos, e ainda
tendem a menosprezar eventos como desastres naturais e infortúnios relacionados à saúde, bem
como fenômenos adversos, como crimes ou acidentes de qualquer natureza (Perloff, 1983). É
necessário ressaltar que a experiência de vitimação altera a percepção do indivíduo a respeito de sua
invulnerabilidade. É neste ponto que a estrutura cognitiva da pessoa é abalada, afetando sua autoimagem e desestruturando a crença de que o mundo é um lugar previsível, ordenado e tendente a
seguir regras rigidamente estabelecidas (Peterson & Seligman, 1983).
A percepção sobre perigos, em grande parte das vezes, pouco tem a ver com as
referências e os dados coletados sobre o problema. A possibilidade de haver danos é normalmente
menor do que a imaginação das pessoas ao tomarem decisões e, portanto, a percepção de risco é
maior do que a realidade demonstra. Apesar de existirem situações materiais de perigo, o risco é
antes de tudo uma percepção individual e uma construção mental.
Os estudos mais profundos sobre percepção de riscos sociais, originados na perspectiva
cognitiva, presumem o risco como subjetivamente definido pelo indivíduo e influenciável por uma
variedade de fatores psicológicos, sociais, institucionais e culturais. Portanto, a percepção de risco
tem sua dimensão interna e subjetiva; a maneira como as pessoas sentem e atribuem peso ao risco
influencia os comportamentos administrativos defensivos e preventivos (Starr, 1969; Slovic, 1987).
Quanto maior a percepção de risco, maior a predisposição para a ação cautelosa. Se no
futuro há imprevisibilidades, não se conhecem, na verdade, os resultados das decisões presentes.
Ademais, por serem obrigados a antecipar, a prever e a agir para o futuro, os dirigentes jamais
podem ser inconsequentes e valorizar somente o presente. Há uma pressão para a cautela, ou seja,
evitar o perigo, ou reduzir a exposição a fatores de risco. No sentido negativo, o risco deixa
implícito o perigo de consequências adversas e sugere o esforço gerencial para conscientizar-se de
sua existência, evitá-lo ou minimizá-lo. Estar em risco é estar vulnerável ao acaso ou a fatores que
provocam danos, independentemente de ações individuais. Evitar o risco é tentar precaver-se contra
o perigo do inesperado, do não familiar ou do inusitado. Quando visto como algo ruim, o risco
31 de 39
incentiva a busca de segurança. Minimizar ou reduzir risco são expressões que procuram dar
segurança à decisão. Vista como algo positivo, a percepção de risco:
(1) revela a coragem de arriscar apesar das adversidades;
(2) conscientiza as pessoas sobre ameaças e danos potenciais e reais à empresa; e
(3) valoriza o espírito empreendedor e de prosseguir e se aventurar em direção ao êxito. O risco
chega a fascinar algumas pessoas.

A VISÃO AMBIENTAL DA QUESTÃO:
A visão ambiental da questão contempla todos os fatores que podem estar relacionados
com as atividades e que são inerentes ao local onde os trabalhadores realizam suas atividades,
influenciados ou não por esses fatores. Como dito anteriormente, inúmeros são esses, como:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•

Atividades;
Estratégias;
Contratos;
Recursos;
Insumos;
Fatores climáticos;
Prazos;
Organização do trabalho;
Espaços e ambientes;
Organização da produção;
Lógicas de trabalho;
Fatores normativos;
Referências.
Da mesma forma como na análise dos fatores humanos, percebe-se que há situações

facilmente identificadas, de imediato, como contribuintes para o sucesso ou o fracasso de um
empreendimento. Por exemplo, a cultura de uma organização. Quando ela é sólida, bem estruturada
e permeada em todos os níveis funcionais permite que “todos falem a mesma língua”, seja essa boa
ou má. A cultura é percebida de várias maneiras, seja através de programas de treinamento, cartazes
e folders, quadros e aviso e cartilhas, e outros. A cultura possibilita que a organização tenha uma só
identidade. Outra situação complexa é a que diz respeito a prazos. Quando são curtos ou mal
dimensionados para as tarefas contratadas percebe-se que essa pressão pelo atendimento aos
mesmos passa a todos sinergicamente. A história funciona da mesma maneira que a brincadeira de
criança do telefone sem fio. O gerente maior do empreendimento cobra do gerente de produção
maior empenho. O gerente de produção cobra dos encarregados maior dedicação. E o encarregado
32 de 39
cobra dos empregados a cabeça de quem não atingir as metas. Para o empregado, o não atendimento
dos prazos pode significar sua demissão, já que ele não tem ninguém para repassar a culpa.

AMBIENTE DE TRABALHO E RISCOS:
A Indústria da Construção Civil é uma atividade econômica que envolve tradicionais
estruturas sociais, culturais e políticas. É nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado
índice de acidentes de trabalho, e segundo ARAÚJO (1998), está em segundo lugar na frequência
de acidentes registrados em todo o país. Esse perfil pode ser traduzido como gerador de inúmeras
perdas de recursos humanos e financeiros no setor. Os acidentes de trabalho têm sido
frequentemente associados a patrões negligentes que oferecem condições de trabalho inseguras e a
empregados displicentes que cometem atos inseguros. No entanto, sabe-se que as causas dos
acidentes de trabalho, normalmente, não correspondem a essa associação, mas sim às condições
ambientais a que estão expostos os trabalhadores e ao seu aspecto psicológico, envolvendo fatores
humanos, econômicos e sociais.

RISCOS DO TRABALHO:
Segundo GUALBERTO (1990) existe três linhas de defesa da saúde do trabalhador.
Eliminar todas as possibilidades de geração de riscos na fase de concepção ou na correção de um
sistema de produção trata-se da primeira medida a ser tomada como linha de defesa. Para isso
devem ser observados os seguintes aspectos: seleção de insumos inócuos; redesenho dos diversos
produtos componentes de um sistema de produção; mudanças na organização do trabalho. Em caso
de não se poder aplicar a primeira linha, deve-se partir para a tentativa de conviver com o risco
embora que sob controle. A intervenção passa a se manifestar através do uso de soluções coletivas
constituídas pelos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Na impossibilidade de utilização da
segunda linha, o que se pode dar, inclusive, pelo aspecto desfavorável do balanço custo-benefício
de um empreendimento, surge a terceira e última linha de defesa do trabalhador, que compreende a
proteção individual em suas diversas formas de aplicação.

ASPECTOS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO:
As condições reais dos canteiros de obra já se configuram como riscos. Estes riscos são
agravados pelas variações nos métodos de trabalho realizados pelos operários, em função de
situações não previstas, mas que, na realidade é uma constante no trabalho, pois, não existem
procedimentos de execução formalizados na maioria das empresas. O que existem, no máximo, são
instruções verbais. Também é importante salientar a existência de sistemas de pagamento
33 de 39
diversificados na maioria dos canteiros. Em alguns destes, os parâmetros de produtividade são
baseados muitas vezes apenas no trabalho dos funcionários mais rápidos e experientes. Tal fato
pode gerar prejuízos à segurança dos trabalhadores, uma vez que os operários – principalmente os
mais inexperientes - ao executarem suas tarefas com mais rapidez, e, assim, com maior desgaste de
sua força de trabalho, podem desempenhar condutas equivocadas que permitam à ocorrência de
acidentes. Deve-se considerar ainda que esses tipos de pagamento são previstos na Consolidação
das Leis Trabalhistas (CLT), mas com limitações no sentido de impedir qualquer tipo de
descriminação de ordem salarial.

FATORES RELATIVOS AO AMBIENTE DAS OBRAS:
Conforme Lima Jr., Dias e Valcárcel, em trabalho: Segurança e Saúde no Trabalho da
construção: experiência brasileira e panorama internacional, editado pela OIT - Secretaria
Internacional do Trabalho, 2005, 72 p, Brasília, (Série Documentos de Trabajo; 200), a construção é
um dos setores de atividade econômica que mais absorve acidentes de trabalho e onde o risco de
acidentes é maior. De acordo com as estimativas da OIT, dos aproximadamente 355 mil acidentes
mortais que acontecem anualmente no mundo, pelo menos 60 mil ocorrem em obras de construção.
O tema da segurança e saúde na construção é relevante não só por se tratar de uma
atividade perigosa, mas também, e, sobretudo, porque a prevenção de acidentes de trabalho nas
obras exige enfoque específico, tanto pela natureza particular do trabalho de construção como pelo
caráter temporário dos centros de trabalho (obras) do setor. Essa circunstância ganhou destaque com
a adoção pela OIT, em 1988, da Convenção 167 sobre segurança e saúde na construção. Numa
visão macrossetorial, a indústria da construção pode ser classificada em três setores distintos:
construção pesada, montagem industrial e edificações.
O segmento da construção é determinante para o desenvolvimento sustentado da
economia brasileira. No ano de 2000, o setor foi responsável por 15,6% do PIB nacional e
empregou 3,63 milhões de pessoas. A dimensão territorial do Brasil e o tamanho da sua população
determinam alto potencial de crescimento, principalmente, no ramo das edificações. A cadeia
produtiva possuía, em 1998, 204.855 empresas distribuídas da seguinte forma:
a) 115.939 em edificações;
b) 10.811 em construção pesada;
c) 1.660 em montagem industrial;
d) 76.445 em empreiteiros e locadores de mão de obra.

34 de 39
Não estão incluídas as empresas de materiais de construção. Quanto ao número de
empregos, temos a seguinte distribuição:
a) diretos
b) indiretos
c) induzidos
d) total

: 3,63 milhões;
: 2,17 milhões;
: 7,83 milhões;
: 13,63 milhões.

Verifica-se, assim, que cada 100 empregos diretos geram 275 (indiretos e induzidos).
Com relação ao perfil da mão de obra do setor da construção civil, o SESI diagnosticou os
seguintes resultados:
1) Baixa qualificação:
•
•

72% dos trabalhadores pesquisados nunca frequentaram cursos e treinamentos.
80% possuem apenas o 1º grau incompleto e 20% são completamente analfabetos.

2) Elevada rotatividade no setor:
•

56,5% têm menos de um ano na empresa e 47% estão no setor há menos de cinco anos.

3) Baixos salários:
•
•
•

50% dos trabalhadores ganham menos de dois salários mínimos (SM).
Média salarial: 2,8 SM.
É um dos setores industriais que paga os mais baixos salários.

4) Altas carências sociais:
Educação:
•

Alto índice de absenteísmo causado, sobretudo, por problemas de saúde (52% faltaram ao
trabalho no mês anterior à pesquisa).

•

Absenteísmo: um entre cinco trabalhadores.

•

14,6% dos trabalhadores sofreram algum tipo de acidente de trabalho no ano anterior à coleta
dos dados, o que significa um universo de aproximadamente 148 mil pessoas ou 21,3% do total
de trabalhadores acidentados no Brasil.

Alcoolismo:
•

ingerem bebida alcoólica: 54,3%,

•

abusam: 15%,

•

dependente: 4,4%.

35 de 39
Associar-se o meio ambiente do trabalho ao homem, a fim de que haja a harmonia nos
ambientes do trabalho é uma atividade hercúlea por uma série de razões. Inicialmente não existe
ainda uma real compreensão do conceito do ambiente do trabalho. Muitos se esquecem que esse
ambiente transcende aos limites impostos às obras. Em segundo lugar, há a questão da participação
dos homens nos acidentes. De acordo com os estudos apresentados o percentual desse envolvimento
chega a 96%. Isso de certa maneira é bom e por outro lado ruim. O lado bom é o de que os
ambientes de trabalho parecem estar mais seguros do que no passado. SALDANHA (1997), por
exemplo, afirma em seu trabalho que existem situações onde foi encontrada a "negação do risco"
(definição de Dejours para estratégias defensivas).
Ainda existem empresas sem a necessária cultura de SMS, trabalhadores sem orientação,
medidas descoordenadas de incentivo à produção que terminam por fragilizar os processos de
prevenção de riscos, chefias não participativas no processo de gestão de riscos, ferramentas e
equipamentos inadequados, falta de treinamento, passando aos trabalhadores a imagem de que as
questões relativas à prevenção talvez não sejam tão importantes assim. Para muitas, o orgulho
empresarial é o de cumprir as metas a qualquer custo. Nesses casos, o planejamento sério talvez seja
um elemento que irá emperrar o processo de execução das atividades.
CONCLUSÕES:
Quanto ao aspecto humano, ainda há muito a se estudar, pois o ser humano é uma
verdadeira caixa de surpresas quanto ao seu aspecto comportamental. As mudanças de
comportamento muitas vezes ocorrem quase que de imediato, fruto de um acúmulo de problemas.
Os comentários de Motta (2005) são muito interessantes a esse respeito: (...) Não é preciso grandes
ameaças para fazer a pessoa ansiosa: bastam as pressões do dia-a-dia e a imaginação excessiva
sobre um problema real, mesmo os menores e repetitivos. Os que se envolvem com a decisão
administrativa lidam com mais incerteza e risco, não só por causa do desconhecimento humano
sobre o futuro, mas também pela interdependência e desequilíbrio constante entre os diversos
fatores políticos, econômicos, de produção e de mercado.
Será que é possível quebrar-se essa resistência às mudanças? Os artigos pesquisados não
possibilitam obter essa resposta. Mas, se o bom senso pode ser empregado como se acredita, a
resposta é sim. A forma talvez não passe pelo aumento da pressão sobre o trabalhador, pois se essa
maneira desses resultados rápidos, os pais conseguiriam a imediata obediência dos filhos mais
rebeldes, bastando para isso exercerem uma maior pressão. Entende-se que a mudança ocorre
através do aumento da cultura da empresa, do exemplo dado, da mudança de paradigmas, de deixar-

36 de 39
se de lado a busca pelo culpado, ou a teoria da culpa como dizem outros. Essa teoria deve ser posta,
não no singular, mas sim no plural, pois se há falhas, essas se devem tanto a quem cometeu o
desvio, que redundou em um acidente, como também pela empresa que não soube repassar a
mensagem mais adequada e não supervisionou convenientemente.
As medidas de prevenção devem iniciar-se direcionando o foco para a empresa,
seguindo-se para os processos e por fim, para os trabalhadores. Quando se inverte essa ótica passa a
não se compreender as razões das resistências identificadas ao processo de gestão. Deve estar claro
que muitas vezes a resistência não é quanto ao processo e sim quanto à forma. O trabalhador
dificilmente irá querer mutilar-se intencionalmente ou provocar uma lesão a um companheiro de
trabalho. No momento em que o trabalhador perceber que não há comprometimentos estanques em
sua atividade para com a produção, organização e limpeza, SMS, qualidade e outras, e sim, tudo
integrado naquilo que está sendo feito com a responsabilidade recaindo sobre o próprio trabalhador,
perceberá as significativas mudanças. Essa mensuração das medidas cabíveis é um fator complexo
que depende da cultura da empresa, características dos contratos, se de curta ou longa duração, tipo
de serviços executados, níveis de conhecimento exigidos dos profissionais e outros fatores mais.
Todavia, a “cumplicidade do trabalhador” aqui realçada sob o aspecto positivo, é muito importante
para o sucesso dos programas de reconhecimento e premiação.
Normal? Quem? Esta é a verdadeira questão que devemos compreender. Vimos que os
trabalhadores, em sua maioria, sabem o que deve ser feito e o fazem de modo diverso. Os
encarregados sabem como cobrar e, muitas vezes, deixam de fazê-lo, pois o tempo é mais
importante do que a vida. O empresário, por sua vez, quando não tem incorporados os valores de
SMS, passa a ver questões mais imediatas, como faturas e prazos. Será que não está na hore de
rever-se essa questão?
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ALEVATO, H.. Avaliação dos estressores do ambiente de trabalho e seu potencial de riscos à
saúde. Trabalho apresentado no VII Congresso de Stress da ISMA-BR e IX Fórum Internacional de
Qualidade de Vida no Trabalho, 2007 – notas de aula do curso de doutorado em Engenharia Civil
da Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói/RJ. 2009.
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1997.
DEJOURS, C.. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 5.ed.São Paulo: Cortez
Oboré, 1992.
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2000.
MOTTA, P. R. M.. Ansiedade e medo no trabalho: a percepção do risco nas decisões
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Lisboa,
Portugal,
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Oct.
2002,
disponível
em:
http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0043637.pdf,
acessado
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08/03/2005.
NAVARRO, A. F. Por que ocorre um acidente de trabalho? Boletim Informativo FENASEG ISSN 1984-0454, Ano XVI, n. 789, 1984.
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NAVARRO, A.F.A.. Análise de riscos na Construção Civil - Boletim Informativo FENASEG ISSN - 1984-0454 Ano XVI - nº 783 – 1984.
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ISSN 0101-5818 - Ano XVI - nº 789 – 1984.
Navarro, A.F.A; AZEVEDO, F.G.; QUELHAS, O.L.G & GOMES, R.S.. Prevenção ampla:
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NEAL, A. & GRIFFIN, M. A.. Safety climate and safety at work. In J. Barling, M.R. FRONE
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Mestre em Psicologia Social e Organizacional pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da
Empresa, Departamento de Psicologia Social e das Organizações, tendo como orientadora a Profa
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  • 1. A normalidade do Ser Humano nas atividades industriais e de construção 1 Antonio Fernando Navarro Apresentação: O conceito de normalidade chega a ser abstrato, pois que depende de uma série de questões, como por exemplo: uso e costumes, civilizações, culturas dos povos, regiões de onde nasceram entre tantas outras. A normalidade também pode ser mudada, em seus conceitos diante de situações graves, como catástrofes e guerras. Por exemplo. Entrar em uma loja e roubar ou furtar um galão de água não é uma atitude normal para um povo civilizado. Entretanto, em uma situação calamitosa onde não há água para ninguém e só existe aquele galão no fundo de uma loja e o cidadão está com seus filhos com sede, passa a ser até tolerável ou atenuante. Em uma série novelesca recente, o homem poderia tirar a vida da esposa e do amante se descobrisse que sua “honra” estava sendo maculada (em uma história adaptada de Jorge Amado). Isso não era o normal, mas sim o costume da época. Assim, costumes e normalidades muitas vezes terminam por se confundir. Nas atividades envolvendo obras e indústrias, o normal, requerido e exigido, é que os trabalhadores assumam posturas seguras, já que o empregador, por precaução, não irá querer se responsabilizar por lesões causadas aos seus empregados por acidentes provocados pelo não uso de algum dispositivo de segurança. O empregador tem a seu lado uma Lei, que determina uma série de coisas, inclusive que o trabalhador esteja protegido. Contudo, a mesma Lei determina que o empregador, antes, porém, elimine os riscos. Em sendo isso impossível ou inviável, deve fornecer aos trabalhadores as proteções mais adequadas. A adequação não tem nada a ver com a similaridade. Por exemplo, quando se menciona capacetes de segurança verifica-se que existem dezenas à venda. Alguns são apropriados para aqueles que escalam montanhas, outros para os que trabalham em ambientes energizados, enfim, há 1 Antonio Fernando Navarro é Físico, Matemático, Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Especialista em Proteção de Sistemas Elétricos, Especialista em Gerenciamento de Riscos, com experiência na coordenação das atividades de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde, em obras da Petrobras, na ENGENHARIA/IETEG/IEABAST e ENGENHARIA/IETR/IEABAST, nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, Mestre em Saúde e Meio Ambiente e professor da Universidade Federal Fluminense. 1 de 39
  • 2. modelos para cada uso. Mesmo assim, a qualidade dos materiais e da fabricação depende, resultando em custos menores ou maiores de aquisição. Na outra extremidade do processo há os que estão expostos aos riscos e que precisam ser protegidos. Quando a proteção é a adequada certamente poderá, além da proteção necessária, oferecer o conforto requerido. Quando isso não se dá o trabalhador evita utilizá-lo. E por que isso ocorre?. Outra questão que surge é a da natural intransigência ao emprego dos dispositivos de proteção porque acreditam que o “seu saber” já é suficiente para protegê-los. Assim, cabe a questão: trabalhar sem as proteções requeridas será algo normal? Introdução: A ideia de se escrever sobre o tema surgiu ao acompanhar-se a evolução de uma obra destinada para fins educacionais, caracterizada por prédio de cinco andares, com salas de aulas e outros ambientes, durante a qual se teve a oportunidade de avaliar ou presumirem-se os comportamentos de riscos, assumidos pelos trabalhadores durante várias fases do empreendimento e, em momentos distintos, onde se percebia que eles, os atores principais da peça, os empregados (encarregados, pedreiros, carpinteiros, armadores, eletricistas) não demonstravam quaisquer preocupações para com suas vidas. Idêntico a um filme, a sequência dessas avaliações passou a conduzir o pensamento para o lado comportamental do trabalhador. Como a observação era à distância, “sentados em uma poltrona” passamos a observar e fotografar os cenários, daqui para frente denominados de “momentos” (onde os trabalhadores assumiam posturas totalmente opostas ao bom senso ou ao instinto básico de preservação da vida, e mesmo à tão esperada normalidade). O interessante disso tudo é que a mesma pessoa avaliada (clicada pela lente da máquina fotográfica) assumia comportamentos que passavam do normal ao anormal ou bizarro ao longo do dia ou dos dias. Assim, porque não se questionar esses momentos? O mais difícil, contudo, foi um engenheiro começar a verificar que seus conhecimentos tão necessários em uma obra passavam a ser limitados quando olhava para o trabalhador, que em última análise era o responsável pelo andamento ou continuidade do projeto, pois que, além da distância e da falta de vínculos com a obra, somente lhe restava incomodar constantemente o encarregado e os engenheiros da empresa construtora relatando os episódios e apresentando as fotografias tiradas. O interessante disso tudo é que eles reconheciam que haviam erros a serem corrigidos, mas não implementavam quaisquer medidas para mitigar ou solucionar a questão. Em 2 de 39
  • 3. um determinado momento chegaram a informar que se tratava de empregados de empresas contratadas que não tinham qualquer vínculo com a construtora (SIC). Quando a empresa construtora terceiriza um serviço não terceiriza suas obrigações. Todo o que ocorrer com um funcionário de uma empresa terceirizada passa a ser legalmente responsabilidade da empresa contratante, isso é previsto na responsabilidade civil in elegendo e in vigilando, ou seja, responsabiliza-se por haver escolhido mal e por não “vigiar” adequadamente as atividades. Se confiamos a uma empresa de estacionamento nosso veículo e um guardador colide nosso carro com outro naquele ambiente responde a empresa em que confiamos a guarda do veículo, independentemente se a responsabilidade foi de um funcionário seu ou de um funcionário contratado ou folguista. Lembramo-nos de situações onde os responsáveis pela área de segurança do trabalho da empresa contratante foram chamados “às barras dos tribunais” para prestar esclarecimentos de omissão e as contratantes eram punidas por não ter em seus instrumentos contratuais cláusulas severas que previssem, minimamente, o cumprimento das legislações trabalhistas e de segurança do trabalho. Em muitos desses casos a contratante era responsabilizada por diligenciar mal e contratar mal. Análise da questão: Quando a mão de obra disponível já é escassa, criar-se mais um “filtro” na contratação dos trabalhadores, através da avaliação dos níveis de normalidade de cada um, não passa a ser algo estranho? O que é mais importante? A rápida entrega da obra ou outros detalhes mais que passam a levar em consideração a saúde, segurança, controle, qualidade do serviço executado, harmonia no ambiente de trabalho, dentre outros temas? Realmente, o empresário tem sua visão de negócios voltada para os aspectos relacionados a custos e oportunidades do negócio. As questões relativas a acidentes no trabalho nem sempre são o ponto central de discussões gerenciais. Talvez, muito menos as verdadeiras causas dos acidentes. Tem-se conhecimento de subnotificações de acidentes aos órgãos públicos. Certamente os acidentes graves ou fatais não relatados. Mas aqueles onde o trabalhador não perde a sua capacidade laboral não. Por isso percebe-se nas obras trabalhadores “mancando” ou com ataduras nas mãos, braços e pernas. Nos tijolinhos postos lado a lado para a avaliação das causas das ocorrências de acidentes, em sua grande maioria das vezes pressupõem-se: o acidente decorreu de um ato inseguro. 3 de 39
  • 4. Será? Por trás desse rótulo de ato inseguro, não podem estar escondidas questões relacionadas a comportamentos, atitudes e ações provocadas ou causadas pelo próprio ambiente do trabalho? Um trabalhador que tem medo de altura pode ficar montando formas ou realizando pinturas externas no décimo quinto andar de um prédio? Talvez não seja o recomendado. Mas, e se ele for um excelente profissional? Durante um período de aproximadamente dez anos, entre os anos de 2000 a 2010, tivemos a oportunidade de avaliar alguns relatos de investigação de acidentes, a maioria em ambientes em que trabalhávamos e outros, do recebimento de documentos encaminhados por outras áreas. Podemos afirmar que, de mais de 200 relatórios lidos somente três iam além do simples ATO INSEGURO. Este artigo pretende repassar algumas das conclusões que tivemos e o que pudemos avaliar até então, e a partir de então. Formulação da situação problema Os critérios para definir-se se uma pessoa é normal ou não são imprecisos e não conduzem a resultados práticos, já que a normalidade pode ser um estado de espírito, uma situação auto controlada pelo trabalhador, o resultado de um ambiente harmonioso, enfim, de inúmeros fatores. Em um artigo bastante interessante redigido pelo Dr. Dirceu Zorzetto Filho, sob o título “O normal e o patológico em Psiquiatria”, publicado pela Revista Psiquiatria em 2000, obtido no site: http://www.oocities.org/medpucpr97/psiqui/psiqui.htm. Pela adequação e pertinência do conceito, para continuarmos nossos comentários é importante citar o comentário do douto professor em sua íntegra, como: [...] Existe uma longa e desgastante discussão quanto a natureza do psiquismo/mente. Uma corrente da psicologia, psicanálise e filosofia entende os fenômenos psíquicos como algo que extrapola os limites do físico e orgânico; postula que a atividade psíquica não teria uma sede, um "órgão" biológico a que estivesse vinculada. Um outro grupo (constituídos por psiquiatras de orientação biológica e neurocientistas) acredita que as funções psíquicas são expressões extremamente sofisticadas e elaboradas da atividade cerebral. Defendem a tese de que as funções psíquicas são um reflexo da função cerebral e que os circuitos neurais e os processos neuroquímicos que os mantém em permanente atividade constituem a base física das emoções e da percepção. Normalidade Psíquica: O conceito de normalidade psíquica é questão de grande controvérsia. Obviamente quando se trata de casos extremos, cujas alterações comportamentais e mentais são de intensidade acentuada e de 4 de 39
  • 5. longa duração, o delineamento das fronteiras entre o normal e patológico não é tão problemático. No entanto, existem situações limítrofes em que a diferença entre os comportamentos e formas de sentir normais e patológicas é muito tênue. CRITÉRIOS DE NORMALIDADE Há vários critérios de normalidade em medicina e em psicopatologia. A adoção de um ou outro depende, entre outras coisas, de opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas do profissional. Apresentam-se em seguida os principais critérios de normalidade utilizados em psicopatologia: 1. Normalidade como ausência de doença: O primeiro critério que geralmente se utiliza é o de saúde como “ausência de sintomas, de somais ou de doenças”. Lembremos aqui do velho aforismo médico que diz: “A saúde é o silêncio dos órgãos”. Normal, do ponto de vista psicopatológico, seria, então, aquele indivíduo que simplesmente não é portador de transtorno mental definido. Tal critério é bastante falho e precário, pois, além de redundante, baseia-se em uma “definição negativa”, ou seja, definir-se a normalidade não por aquilo que ela supostamente é, mas, sim, por aquilo que ela não é, pelo que lhe falta. 2. Normalidade ideal: A normalidade aqui é tomada como certa “utopia”. Estabelece-se arbitrariamente uma norma ideal, o que é supostamente “sadio”, mais “evoluído”. Tal norma depende, portanto, de critérios socioculturais e ideológicos, e, no mais das vezes, dogmáticos e doutrinários. Exemplos de tais conceitos de normalidade são aqueles baseados na adaptação do indivíduo às normas morais e políticas de determinada sociedade. 3. Normalidade estatística: A normalidade estatística identifica norma e frequência. É um conceito de normalidade que se aplica especialmente a fenômenos quantitativos, com determinada distribuição estatística na população geral (como peso, altura, tensão arterial, horas de sono, quantidade de sintomas ansiosos, etc.). O normal passa a ser aquilo que se observa com mais frequência. Os indivíduos que se situam, estatisticamente, fora (ou no extremo) de uma curva de distribuição normal, passam, por exemplo, a ser considerados anormais ou doentes. É um critério muitas vezes falho em saúde geral e mental, pois nem tudo o que é frequente é necessariamente “saudável”, assim como nem tudo que é raro ou infrequente é patológico. Tome-se como exemplo fenômenos como as cáries dentárias, a presbiopia, os sintomas ansiosos e depressivos leves, o uso pesado de álcool, fenômenos esses que podem ser muitos frequentes, mas que evidentemente não podem, a priori, ser considerados normais ou saudáveis. 4. Normalidade como bem estar: A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu, em 1958, a saúde como o completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de doença. É um conceito criticável por ser muito vasto e impreciso, pois bem-estar físico, mental e social é tão utópico que poucas pessoas se encaixariam na categoria “saudáveis”. 5. Normalidade funcional: Tal conceito irá assentar-se sobre aspectos funcionais e não necessariamente quantitativos. O fenômeno é considerado patológico a partir do momento em que é disfuncional, provoca sofrimento para o próprio indivíduo ou para seu grupo social. 6. Normalidade como processo: Neste caso, mais do que uma visão estática, consideram-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e reestruturações ao longo do tempo, de crises, de mudanças próprias a certos períodos etários. Este conceito é particularmente útil em psiquiatria infantil e de adolescentes, assim como em psiquiatria geriátrica. 7. Normalidade subjetiva: Aqui é dada maior ênfase à percepção subjetiva do próprio indivíduo em relação ao seu estado de saúde, às suas vivências subjetivas. O ponto falho deste critério é que 5 de 39
  • 6. muitos indivíduos que se sentem bem, “muito saudáveis e felizes”, como no caso de pessoas em fase maníaca, apresentam de fato um transtorno mental grave. 8. Normalidade como liberdade: Alguns autores de orientação fenomenológica e existencial propõem conceituar a doença mental como perda da liberdade existencial. Desta forma, a saúde de liberdade sobre o mundo e sobre o próprio destino. A doença mental é constrangimento do ser, é fechamento, fossilização das possibilidades existenciais. Portanto, de modo geral, pode-se concluir que os critérios de normalidade e de doença em psicopatologia variam consideravelmente em função dos fenômenos específicos com os quais trabalhamos e, também, de acordo com as opções filosóficas do profissional. De forma, essa é uma área da psicopatologia que exige uma postura permanentemente crítica e reflexiva dos profissionais. Por exemplo, todos nós concordamos que o suicídio é uma atitude que exprime algum grau de anormalidade do funcionamento psíquico. Entretanto, no final da II Guerra Mundial, o piloto japonês kamikaze que jogava seu avião carregado de bombas contra navios norte-americanos era considerado um herói, um homem de extrema coragem pelos seus compatriotas. Podemos então constatar o quanto o conceito de (3) normalidade psíquica é circunstancial e não-universal: Naquela época, diante daquela situação e perante os padrões culturais japoneses, o suicídio do piloto kamikaze não era considerado um gesto de loucura! Ao contrário: sua atitude era julgada como um exemplo de devoção ao Imperados e abnegação pela sua pátria. Constituía um ideal ser seguido e não um distúrbio psíquico que necessitasse de tratamento psiquiátrico. Atualmente assistimos a uma mudança de posição em relação ao homossexualismo. Anteriormente definido como uma espécie de perversão (desvio) sexual, desde 1980 não faz mais parte da lista de distúrbios mentais elaborada pela Associação Americana de Psiquiatria, demonstrando o quanto determinadas opiniões a respeito dos comportamentos modificam-se durante a História. Vale lembrar que na Grécia Antiga o comportamento homossexual era bastante frequente e não causava estranheza. Comportamentos considerados "patológicos" ou "anormais" em determinadas épocas, não o são em outras, evidenciando que normalidade psíquica é também um conceito transitório e não permanente. Dentro de uma mesma época e de uma mesma cultura, existem divergências quanto ao que pode ser considerado anormal. Por exemplo, qual o limite entre o fazer uso social de bebidas alcoólicas e se tornar um alcoolista ou um bebedor-problema? Qual a tolerância, em relação ao consumo de drogas, na Jamaica e no Irã? Se formos examinar os critérios e limites que separam uma condição da outra veremos o quanto eles podem ser tênues e causar discordância entre os próprios especialistas no problema. Estamos diante de outra característica do conceito de normalidade psíquica: ele é relativo e não-absoluto. Resumindo, podemos dizer que Normalidade Psíquica é um conceito de valor (ideal), circunstancial, transitório e relativo. Reconhecer sua subjetividade e relatividade não significa que na prática todo tipo de conduta deva ser considerada como normal; nem tampouco apregoar que não existe distúrbio mental! Em épocas diversas da história da humanidade e em culturas completamente diferentes são encontrados relatos sobre pessoas que tinham comportamentos e ideias "estranhas" ou padeciam de intenso sofrimento emocional. Estes relatos quase sempre trazem associado uma ideia que explicava o que ocorria com essas pessoas e qual a melhor maneira de "tratá-las". Atualmente, a despeito de uma série de discordâncias, o conhecimento científico aponta o cérebro como o órgão diretamente relacionado ao nosso funcionamento psíquico. Reconhece-se a importância das condições e contradições sociais que eclodem com intensidade insuportável para o indivíduo (principalmente em nosso país). Além disso, concorda-se que as primeiras vivências do bebê e sua interação com a mãe, seu desenvolvimento psicossexual e os acontecimentos significativos na sua história de vida possam contribuir para a formação de problemas de ordem psíquica. Entretanto, é o cérebro quem vai intermediar as relações de todos esses fatores com o nosso corpo. Conceito de Saúde Mental 6 de 39
  • 7. Embora a expressão "Saúde Mental' possa ter significados diferentes para diferentes pessoas, a autoestima e a capacidade de estabelecer relações afetivas com outras pessoas são componentes importantes da saúde mental universalmente aceitos. Pessoas mentalmente saudáveis compreendem que não são perfeitas nem podem ser tudo para todos. Elas vivenciam uma vasta gama de emoções que incluem tristeza, raiva e frustração, assim como alegria, amor e satisfação. São capazes de enfrentar os desafios e as mudanças da vida cotidiana, mas também sabem procurar ajuda quando têm dificuldades em lidar com traumas e períodos de transição importantes: perda de pessoas queridas, dificuldades conjugais, problemas escolares e profissionais ou a perspectiva da aposentadoria. Karl Menninger, um eminente psiquiatra norteamericano, diz que "saúde mental é a adaptação do homem ao mundo e aos demais homens com um máximo de eficácia e felicidade". O conceito de Saúde Mental implica na existência de: 1) capacidade funcional e produtiva preservada; 2) estado de equilíbrio do indivíduo consigo mesmo e com outras pessoas com quem se relaciona; 3) adaptação criativa (não uma aceitação passiva) ao meio em que vive. O que é um "distúrbio mental"? Em 1980, um grupo composto por vários pesquisadores e psiquiatras clínicos, apresentou seu relatório final de um grande projeto para a elaboração de um novo manual para o diagnóstico de distúrbios mentais, conhecido como DSM-III (sigla que significa a terceira versão do Manual de Estatística e Diagnóstico dos Distúrbios Mentais, promovido pela Associação Americana de Psiquiatria). Segundo este manual, atualmente na sua 4ª edição (DSM-IV), Distúrbio Mental é definido como "uma síndrome ou padrão comportamental ou psicológico clinicamente significativo que ocorre numa pessoa e está associado com a presença de mal-estar e incapacidade; com um aumento significativo do risco de vida, dor, incapacidade ou uma importante perda de liberdade. Esta síndrome ou padrão não deve ser meramente uma resposta esperável para um evento particular (por exemplo: morte de um ser querido). Nenhum comportamento desviante, isto é, político, religioso ou social, nem conflitos entre o indivíduo e a sociedade são distúrbios mentais, a não ser que o conflito ou o desvio seja um sintoma de uma disfunção da pessoa". Brendan Maher assinala três critérios que permitem considerar uma conduta como patológica e necessitada de ajuda terapêutica. Esses critérios implicariam na existência de: 1) Angústia pessoal intensa: a pessoa sofre um intenso e desagradável desconforto emocional, insatisfação com sua vida e sofrimento emocional subjetivo que a leva a solicitar ajuda especializada; 2) Condutas incapacitantes: atitudes que prejudicam o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo e comprometem seu desempenho pessoal, profissional e social, tais como o comportamento dependente, passivo, agressivo e fóbico. Estes comportamentos acabam levando a uma maior ou menor incapacitação no desempenho de uma tarefa ou obrigação; 3) Contato deficiente com a realidade: caracteriza-se pela compreensão distorcida da realidade socialmente compartilhada, levando a procedimentos inadequados e às vezes perigosos para o indivíduo ou para outras pessoas. Alguns desses comportamentos são motivados por crenças falsas, delírios, alucinações auditivas e visuais e por interpretações errôneas dos acontecimentos. Tendências futuras O fato de uma determinada condição comportamental ser vista ou não como doença ocorre em função de muitos fatores: econômicos, sociais, biológicos, etc. À medida que uma sociedade aprimora sua educação, torna-se mais informada e mais estável, as incapacidades (mecanismos adaptativos perturbados) deixam de ser considerados como problemas morais, teológicos ou sociais e se tornam problemas médicos. Muitas condições que hoje consideramos doença passaram por essa transição: epilepsia, mania e várias psicoses. Mudanças similares podem, atualmente, 7 de 39
  • 8. estar tendo lugar em relação ao alcoolismo, dependência às drogas, delinquência, comportamentos violentos, impulsividade e criminalidade. [...] Há que se cobrar normalidade de um trabalhador que esteja prestes a inspecionar uma fundação a 15 metros de profundidade sem que ele próprio se dê conta dos riscos a que estará exposto ou tenha sido adequadamente notificado e se encontre protegido para o exercício da atividade? Ainda pode se cobrar um comportamento normal de uma pessoa que nunca andou de avião e irá ser lançada de um parapente, acompanhada por um instrutor? Talvez os exemplos sejam absurdos e talvez estejamos confundindo normalidade com ansiedade, medo, angustia, ou mais. Especialmente nas atividades laborais mister de faz destacar para o trabalhador todos os riscos a que ele estará exposto e fornecer os equipamentos ou dispositivos de segurança, ensinando-o a empregalos. Se olharmos ao nosso redor, nas cidades em que residimos, iremos perceber “muitas coisas erradas”, como por exemplo: a patroa que pede à sua empregada para limpar as janelas do apartamento no 18º andar. Um dos casos bizarros que tivemos conhecimento foi o de uma empregada doméstica que estava concluindo um curso de técnica de segurança do trabalho e que propôs à sua patroa limpar os vidros da janela de um apartamento no 14º andar. A patroa relutou e a empregada disse que estava habilitada e que tinha um cinto de segurança e o prenderia no “varal” da cortina da janela. Felizmente a patroa não concordou com tamanha insanidade. Mas, não há tantas patroas assim com essa percepção. Os exemplos de guerreiros indo à guerra em condições normais não existem, ou talvez somente em revista de quadrinhos, o velho e antigo Gibi, quando então os super-heróis não tinham medo de nada. O medo, palavra tão temida, é importante para nós e nos faz refletir, ousar menos, compreender mais, arriscar menos, perceber mais claramente. O medo nos chama a atenção para o perigo. Assim, dizer que uma pessoa não é normal só porque não tem medo passa a ser uma falácia. Nos filmes que tratam da guerra no Vietnam, com o exército americano, via-se que muitos dos soldados recorriam às drogas para não se abaterem nas frentes de batalha. Infelizmente, o ambiente somado ao uso contínuo de drogas deixou para trás uma legião de pessoas doentes. Em um dos relatos de investigação de acidentes no trabalho apontados entre os três, dentro de um universo de 200, como mencionado anteriormente, chamou-nos a atenção aquele onde o trabalhador, preocupado com sua própria segurança na execução de um serviço ousou ter medo dos resultados ou das consequências de sua exposição. Pressionado pelo Encarregado, também dito Feitor, em muitas obras, ou Capataz, ou Mestre de Obra, realizou a tarefa e sofreu o acidente tão temido. Nas análises não se pôs em cheque a palavra do Capataz, antigo na empresa, mas sim na do 8 de 39
  • 9. empregado recém-admitido. Ou seja, alguém tinha de ser o culpado e para isso apontaram o dedo para o empregado. Fácil, não? Em outro relato um eletricista sofreu um acidente ao executar uma solda em emendas de cabos de cobre de aterramento. A pólvora estava úmida, o trabalhador portava luvas de couro também úmidas e acendeu o dispositivo de solda com um isqueiro comum. O resultado foi que a pólvora inflamou-se na luva do trabalhador e provocou queimaduras de segundo grau no polegar da mão direita. O trabalhador com medo de represálias não comunicou o fato a seu encarregado. Com a cumplicidade de seus colegas conseguiu ficar por um tempo no almoxarifado, até que a ferida cicatrizou, retornando a suas atividades então. O trabalhador sabia que a pólvora estava úmida. Sabia que suas luvas estavam úmidas, pois o tempo estava chuvoso havia dois dias. Também sabia que não podia utilizar o isqueiro de acender cigarros. Aliás, naquele local era proibido portarem-se isqueiros. Será isso tudo fruto de coincidências? O empregado lesionado, com mais de 15 anos de experiência agiu como uma pessoa normal? Será que para a empresa era normal o descuido com a pólvora a ponto de essa ficar úmida pela umidade do ar? Em um terceiro caso um trabalhador, a pedido de seu encarregado, foi concluir o fechamento de uma forma para a concretagem que iria ocorrer de tarde. Sozinho, pois estava em horário de almoço, e com a promessa de que ele poderia ir embora de tarde, subiu na terceira laje e iniciou suas atividades, às pressas. Quando se aproximou da forma, na primeira martelada essa saiu de sua posição, pois não havia sido fixada ao piso ou escorada, tombou sobre o trabalhador e o derrubou dois andares abaixo. O grupo de fotografias a seguir e todas do arquivo pessoal de AFANP, ilustram situações de riscos onde podemos nos perguntar: isso é normal? Esse cara é normal? O operário orienta o operador do guindaste que descarrega as ferragens sobre a laje. Mesmo sabendo dos riscos de ser perfurado por uma ferragem com o balaço acidental da carga segura as 9 de 39
  • 10. extremidades dos ferros com as mãos, em uma atitude relapsa. A justificativa era a de que não havia tempo para que o trabalhador se protegesse. Em outra concretagem os trabalhadores executam suas atividades nas proximidades da borda da laje sem nenhuma preocupação para com sua segurança. Para eles essa é uma atividade normal. A chefia não utiliza os EPIs. Assim, por que eles terão que fazê-lo? A justificativa era a de que os empregados já estavam acostumados a esse tipo de serviço. O operário controla remotamente a movimentação da lança do guindaste, posicionado sob a mesma. Talvez seu tempo de exercício dessa atividade e o fato de não ter sofrido acidentes faça com que se sinta tão à vontade em uma atividade de risco. A justificativa era a de que as ferragens já deveriam ter sido posicionadas no dia anterior, pois que a concretagem estava prevista para o dia seguinte. 10 de 39
  • 11. O carpinteiro, ao repregar a forma assume uma postura confortável, mas insegura. Para ele, os riscos de sofrer acidentes são “nenhum”, ou seja, sente-se seguro daquela forma. A justificativa, além de o carpinteiro ter mais de 20 anos de experiência era o fato de que se tratava de um trabalho rápido. O encarregado das atividades resolve “prosear” com os colegas. Observe-se que apesar de estar com os EPIs não os emprega corretamente. Além disso, demonstra grande segurança ao apoiar seu corpo na extremidade de uma ferragem. A justificativa apresentada era a de que se tratava de uma conversa rápida e não haveria a necessidade de se fixar o talabarte do cinto em nenhum lugar, já que não havia uma “linha de vida”. Esse grupo de empregados ajusta uma forma de pilar verificando o prumo. Percebe-se que todos os envolvidos estão atentos às suas tarefas. Porém, nenhum deles está preocupado com sua segurança e nem com a segurança dos companheiros. O maior exemplo é o do colega, observando que o companheiro encontra-se em pé sobre uma ferragem e com as mãos ocupadas com o prumo não está seguro quanto à sua vida. As madeiras utilizadas nos escoramentos são improvisadas e o apoio do trabalhador é improvisado, pois que está sobre a ferragem. O excesso de confiança e o fato de existirem outras pessoas próximas fazem com que os trabalhadores se “sintam” mais seguros. A justificativa era a de que a betoneira com sua carga de concreto iria chegar a um par de horas. 11 de 39
  • 12. Em um beiral de uma edificação foi posicionado um estrado improvisado de madeira para que o trabalhador pudesse concluir o rejunte das pastilhas de revestimento das paredes externas. Além disso, o trabalhador iria utilizar também uma furadeira elétrica, já posicionada na plataforma de trabalho. O elemento de proteção do trabalhador era constituído por toras de eucalipto entrecruzadas, presas entre si por um prego. De trechos em trechos eram presas à platibanda por arames de aço. Por entre os vãos da estrutura os trabalhadores poderiam cair, já que não havia tema de proteção. A justificativa para isso tudo, além de ser uma equipe contratada para o acabamento era a de que não existia mais tempo para corrigirem-se os problemas das estruturas de segurança. Encarregado vistoriando as atividades sem ter a mínima preocupação para com sua segurança e sem se preocupar também em repassar a seus subordinados os cuidados a atenção para o uso dos equipamentos de proteção individual. A justificativa era a de que o encarregado sabia o que fazia e estava ali para “dar uma força” a seus colegas. 12 de 39
  • 13. Encarregado orientando a concretagem de uma viga. Sua preocupação no momento está voltada a uma comunicação com o engenheiro da obra. Naquele instante não se preocupava com sua própria segurança e nem da de seus subordinados, que também somente se preocupavam com a utilização da “agulha do vibrador do concreto”. A justificativa – o tempo de concretagem e a necessidade de se concretarem outras vigas, apesar da proximidade do entardecer. Este carpinteiro, preocupado com a qualidade de seu serviço, de joelho sobre uma tábua de não mais do que quinze centímetros, prepara os últimos detalhes para a conclusão de sua tarefa. Nesse momento não passa por sua cabeça nada que diga respeito à sua própria segurança, que impeça de cair oito metros abaixo. A justificativa, a experiência do trabalhador e sua confiança em sí mesmo. Pela análise das fotografias anteriores alguém diria: nessa empresa não há procedimentos. Também, nessa empresa não há encarregados. Ou então, nessa empresa não há fiscalização. Estas fotografias bem podem estar ilustrando situações que ocorrem em todo o Brasil, fruto de inúmeros fatores que não cabem ser discutidos aqui. As justificativas apresentadas foram dadas pelas próprias pessoas que foram entrevistadas. O que de comum surge é que o trabalhador experiente confia tanto na qualidade de seu serviço que não se preocupa com sua própria segurança. Muitos ainda dizem que usar os dispositivos de segurança mais atrapalha do que ajuda. Outros dizem que os EPIs não servem para nada, já que nunca aconteceu nada com eles. Essa sensação de “completa proteção” ou de que nada poderá ocorrer com eles deixa de ser algo normal, em uma 13 de 39
  • 14. empresa ajustada às normas de segurança e cumpridora das leis, em contraposição àquelas empresas que valorizam a produtividade, mesmo que a qualquer custo. No meio de uma rua com uma movimentação de pedestres intensa conseguimos flagrar a situação a seguir, onde um trabalhador monta um andaime. Isso na “vista” de todos os passantes. Quando apontamos a máquina fotográfica em sua direção ele apenas sorriu, ou seja, sabia que não estava fazendo o trabalho da forma correta. Naquele momento, ele era a “estrela”, visto por todos como o “super herói”, capaz de pendurar-se em uma armação metálica e com a certeza de que nada lhe ocorreria. Mas, e a fiscalização da Prefeitura e do próprio Ministério do Trabalho, o que fariam? Olhariam para o lado para não se envolver ou paralisariam a obra? Se assim o fizessem, teriam que ir paralisando obras a cada dez metros e por razões semelhantes. A análise dos acidentes ocorridos em uma organização possibilita a identificação de uma série de fatores, alguns construtivos para o processo de segurança e outros destrutivos. Esses fatores estão continuamente interagindo entre si. Quando construtivos percebe-se uma sinergia de ações, do tipo “casos de sucesso”, estado da arte, benchmarking, aplicados ao empreendimento. Quando há em um dos lados um fator que não seja construtivo o resultado final pode ser o mais diverso possível, quase sempre se materializando através de um acidente, ou de uma situação com potencial para tal. A ilustração a seguir centraliza a organização como um todo, ladeada pelo ambiente onde são realizadas as atividades representado por todos os trabalhadores. Sob esses se encontram listados alguns fatores construtivos ou destrutivos ao processo de harmonização do meio ambiente do trabalho, harmonia essa que permite o aumento da produtividade, eficiência, redução de acidentes, pessoais, ambientais ou patrimoniais. 14 de 39
  • 15. Em conjunto com os demais fatores pontuados, percebe-se que esses podem ser posicionados como dominós enfileirados. Quando um deles cai todos os demais tendem a cair, pondo a perder todo um trabalho desenvolvido. É certo que a Organização é ladeada pelo ambiente onde se encontra inserida e pelo “homem”, representando sua força de trabalho. Não se consegue perceber uma organização sem a inserção de sua força de trabalho. A interação entre essas é grande, já que as culturas da organização permeiam a força de trabalho e o contrário se verificando. O ideal é quando ocorre a sinergia de ações, pois o resultado final tende a ser o Sucesso. • • • • • • • • • • • • • Atividades; Estratégias; Contratos; Recursos; Insumos; Fatores climáticos; Prazos; Organização do trabalho; Espaços e ambientes; Organização da produção; Lógicas de trabalho; Fatores normativos; Referências. • • • • • • • • • • • • • • • • Capacitações; Percepções; Habilidades; Fatores estressores; Supervisões; Medos; Culturas; Ansiedades; Comportamentos esperados; Condicionamentos; Estresses; Relações de poder; Adequação do homem ao meio; Conceitos; Usos e costumes; Referências. Fatores construtivos e destrutivos existentes em uma organização que impactam no equilíbrio ambiente versus Ser Humano (AFANP) Não deve haver dúvidas de que as capacitações, habilidades, culturas e referências, aqui tomadas como algo claramente visível e mensurável, que se pode comparar com produtividade, desempenho e outros, são fatos que, quando bem administrados “conduzem” a empresa rumo ao sucesso. Um aspecto negativo relacionado às “relações de poder”, como de chefias que não sabem lidar com os seus subordinados, pode ser negativa no ambiente de trabalho, comprometendo seriamente as relações empregado-chefia. Enquanto o vínculo e os interesses dos empregados são fortes, como por exemplo, a manutenção da empregabilidade, salários acima da média do mercado, proximidade da conclusão de 15 de 39
  • 16. um projeto, “toleram-se” as relações. Contudo, se por alguma razão perdem-se esses vínculos ou são eles enfraquecidos, as relações de poder passam a ser um elemento bastante pernicioso, terminando por minar as relações. O resultado final pode ser o mais inesperado possível, inclusive com a manifestação de acidentes. Ou seja, está se pontuando o acidente, como pior ocorrência em ambas as situações para ilustrar o poder que esse tem sobre uma empresa, com reflexos muito além do imaginado. Está se falando em perdas de oportunidades de contratos, multas ou penalizações, interdições, indenizações, danos à imagem da organização e por aí segue. Um acidente, seja esse pessoal, ambiental ou patrimonial, alavanca negativamente o nome da organização em todas as mídias e, com isso, traz para a empresa todo tipo de fiscalização. E, o que é pior, pode não representar a atuação normal da empresa, mas tão somente um momento “ruim”, ou seja, é um aspecto pontual, mas que deixa sequelas algumas vezes irreversíveis. Outro ponto bastante interessante é o que diz respeito a adequação do homem ao meio de trabalho. Essa desarmonia não propicia a integração do trabalhador com as suas tarefas, com a organização, colegas ou chefias. Como resultados costumam surgir: ansiedades ou medos, desatenção, falta de motivação ou outras consequências. Assim, nota-se que alguns fatores apresentados podem ser resultantes do desencadeamento de quaisquer dos outros fatores. Ou seja, as relações passam a ser bastante complexas e uma análise direcionada não possibilita que se compreendam como o homem (trabalhador) se relaciona com a organização e vice-versa em um exíguo espaço denominado ambiente de trabalho. Desta maneira, abordam-se os fatores nem sempre objeto das atenções, que podem afetar o desempenho ou performance dos trabalhadores, podendo ser causa de acidentes. Formulação da situação problema: Pode parecer utópico mencionar-se a possibilidade de se evitar um acidente de trabalho através da identificação precoce das aptidões dos trabalhadores, harmonia do ambiente de trabalho, tudo associado a um planejamento das atividades e do projeto. No centro de toda a questão, que, em essência, é quem materializa os projetos, encontra-se o Homem, com suas limitações, medos e receios, enfim, como o elo fraco da corrente. Também se tem certeza de que muito pouco foi feito para que as análises das ocorrências dos acidentes pudessem vir a se transformar em mais uma ferramenta de gestão. Se em uma obra ocorreu um acidente com essas características será que ele não pode vir a se repetir em 16 de 39
  • 17. outras? Ao acreditarmos nessa hipótese realmente estaremos dando largos passos adiante para reduzir o nível ou quantidade de acidentes. A avaliação dos níveis de normalidade do trabalhador, principalmente nos exames a que são submetidos, admissionais e periódicos muito pouco contribuem para identificar-se esse elo fraco. Como já dissemos, o turnover elevado das obras, provocado pela baixa qualificação e empregos fartos faz com que as empresas não busquem melhor capacitar sua mão de obra e os trabalhadores não demonstram ter tanta preocupação com o seu nível de conhecimento, pois que, se não o contratam naquela obra ele irá trabalhar em outra que não se preocupe com essa “bobagem” de capacitação. Há exceções em atividades críticas como, por exemplo, na contratação de operador de carregador de container em portos, ou de pontes rolantes, também na operação de guindastes de grandes proporções e capacidade. Como a muito que se perder nessas atividades, talvez valha a pena investir-se mais e pesquisar o aspecto comportamental, psicológico do trabalhador. Hoje em dia tem-se relato do uso de drogas lícitas ou não em muitas obras. Não de deve esquecer que há um contingente de pessoas da ordem de 15% da população envolvida com drogas, em maior ou menor grau. Se acrescentarmos as chamadas drogas lícitas, como o álcool e as medicações o percentual aumenta. Se esse percentual existe na sociedade como um todo, porque não em uma obra, que de certa forma representa uma pequenina porção dessa mesma sociedade, mudando-se apenas o aspecto tecnológico e de conhecimento específico? Além disso, grandes contingentes de pessoas tecnicamente despreparadas ingressam no mercado da construção todos os dias, mão de obra disponível, barata e imediata. Pode ser surpreendente dizer que essa mesma mão de obra é “substituível” a qualquer momento. Aliás, os processos de terceirização nada mais são do que terceirizar-se riscos e responsabilidades. A VISÃO HUMANA DO ACIDENTE Quase sempre quando se avaliam as questões humanas nos acidentes procura-se analisar de que forma essa se deu. Para isso, existem ferramentas de análise preventiva e corretiva dos riscos e aquelas utilizadas no diagnóstico das causas e efeitos dos acidentes. A empresa americana E. I. du Pont de Neumurs and Company (DUPONT), com mais de 200 anos de fundação e atuando fortemente em atividades industriais e na disseminação de uma cultura de SMS,desenvolveu a mais de meia década uma série de análises procurando associar ou mesmo correlacionar o envolvimento do ser humano nos acidentes. Nesses estudos baseou-se em pesquisas de Frank Bird, que estruturou 17 de 39
  • 18. uma pirâmide com quatro níveis de ocorrências, na qual o topo era ocupado pelo acidente principal – morte e os demais níveis para atos, fatos ou situações que conduziam ou poderiam conduzir a acidentes fatais. A expertise da du Pont conjugada à visão pragmática de Bird, que em seus estudos analisou milhares de ocorrências, produziu uma nova pirâmide, denominada de Pirâmide de Desvios, representada a seguir. Representação esquemática da pirâmide de desvios (adaptação de AFANP) Em outra análise estabeleceram o percentual relativo à participação humana nos acidentes, chegando ao seguinte resultado: Na análise a participação do homem é expressiva. Voltando-se à pirâmide anterior (du Pont), para a imediata redução dos desvios, e, por conseguinte, a eliminação dos eventos maiores ou de topo, deve-se atuar através de medidas pró-ativas no envolvimento do ser humano, agora, personagem central do tema, sabendo-se de antemão que os 4% para causas ambientais, podem ter como contributo o próprio homem. Ora, com uma participação tão expressiva assim a questão da resiliência sempre é suscitada. Por mais que se invistam nas condições ambientais do trabalho, através de métodos como “5S” e políticas de housekeeping, esse esforço está voltado para apenas 4% das causas. 18 de 39
  • 19. Toda essa nova visão possibilitou tratar o acidente não mais de maneira amadorística e sim profissional. Efetivamente ocorreu uma redução da quantidade de acidentes em ambientes onde se passou a ter uma visão pró-ativa no tocante a ocorrências de acidentes, e não mais reativas. Isso quer dizer que se mudou o modo de ver as coisas. Ao invés de lamentarem-se as perdas passou-se a evitar que as mesmas ocorressem. Entretanto, um dos aspectos relevantes é a visão humanista. Como o elo frágil é decorrente da ação humana, porque não investir-se mais no aspecto comportamental, que, de certa maneira, nunca foi totalmente explorado? Tivemos a oportunidade de acompanhar inúmeros exames admissionais onde os trabalhadores omitiam sintomas, doenças, uso contínuo de medicamentos, etc.. Um dos casos mais impressionantes foi o de um trabalhador que durante a semana anterior ao exame admissional reduziu drasticamente a alimentação para diminuir os níveis de colesterol e de glicemia. Em outro caso, um trabalhador de tinha “pressão alta”, auto-medicou-se com remédio de seu colega para não ser flagrado como hipertenso, já que o contrato de trabalho exigia duas avaliações de pressão arterial por dia, para a execução de atividades em altura. Algumas análises transversais de tudo o quanto tem sido publicado na última década, e as experiências dos profissionais de segurança do trabalho apontam como causa-raiz para a ocorrência de acidentes que possam ser atribuídos ao Ato Inseguro, traduzido por: Angústias; Ansiedade; Compulsões; Culpas; Doenças; Fatores ambientais, genéticos ou traumáticos; Fobias; Hábitos; Histerias; Humor; Manias e medos; Rotinas e ritmos de trabalho; Stress; Transtornos diversos (comportamentais, de pânico, de personalidade, obsessivos compulsivos, etc.); • Traumas físico, emocionais, psicológicos, entre outros; • Uso contínuo de medicamentos ou drogas. • • • • • • • • • • • • • • Como podem esses fatores desencadear um desequilíbrio emocional que possibilite que o trabalhador se acidente? Estudos realizados em indústrias demonstram que o stress contínuo, 19 de 39
  • 20. pressões para que seja concluída a tarefa ou reduções de custo, inclusive com a possibilidade de demissões coletivas podem ser fatores que rompem o equilíbrio emocional dos trabalhadores. Inúmeros são os processos de motivação de pessoas e mesmo animais, empregados de acordo com as espécies e os fins a que se propõem. Há motivações, ou a criação de climas motivacionais para a guerra, como os kamikazes japoneses que lançavam seus aviões lotados de munição contra os navios americanos, ou os terroristas que se auto explodem com enormes cargas de dinamite para atingir populações ou prédios públicos, motivações para a paz, como Gandhi, motivações para o trabalho e mesmo motivações para uma partida de futebol. O trabalhador pode ter ou não uma adequada percepção de que se realizar suas atividades seguindo orientações pré-estabelecidas pode alcançar como resultado, a conclusão de suas tarefas, sem ter sofrido acidentes. Qual será esse tipo de estímulo ou motivação? Poderá o trabalhador buscar alterar suas rotinas, conceitos e métodos para atingir alvos os quais não são perfeitamente identificados? Suas boas práticas interessam à empresa e serão reproduzidas? Ele ganhará algo com isso ou será considerado “o estranho” da obra, aquele que cobre EPIs de boa qualidade ou que se recusa a iniciar um trabalho se não tiverem dito a ele quais serão os riscos da tarefa? Ele estará errado? Ele será por acaso o estranho ou anormal? Para muitos a resposta será SIM, ele é o “diferente” e termina contaminando seus colegas com suas opiniões “políticas ou sindicais”. Aqui um parêntese: na grande maioria dos acordos sindicais não se propõem melhores condições de segurança e EPIs adequados ao uso. Infelizmente essas questões não “engordam o bolso de ninguém. Deve-se estabelecer como premissa que se reconhece que os estímulos somente devem ocorrer quando a cultura das pessoas ainda não é suficientemente estruturada para que essas possam espontaneamente realizar suas tarefas de maneira segura sem que seja necessário nenhum tipo de estímulo, incluindo-se aqui um dos mais importantes: “o muito obrigado”. Não se deve generalizar que as premiações devam ser eleitas como prioritárias em detrimento das obrigações dos trabalhadores, aqui implicitamente denominados “valores”. Devolver-se uma carteira de dinheiro recheada de dinheiro não é razão para premiações, pois se trata de uma obrigação. Mas o desenvolvimento de uma ferramenta de trabalho adequada que elimine a causa de tantos acidentes deve ser premiado. Nas atividades de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS), inúmeras são as obrigações estabelecidas para os trabalhadores, para que cumpram com segurança suas atividades. Antes de tudo, devem conhecer os procedimentos, processos, estar inteirados de suas obrigações, 20 de 39
  • 21. entre outros. Porém, mesmo que saibam efetivamente todas essas questões, em alguns momentos, e sob determinadas circunstâncias, ficam mais expostos a serem vitimados por acidentes. São os fatores estressores, o ambiente, falhas ocorridas com os equipamentos, eventuais distrações pelos motivos mais variados possíveis, e mesmo por razões intencionais, algumas vezes motivadas mais por insatisfações pessoais do que pela simples intenção de descumprir as ordens recebidas. Neste caso estar-se-á falando de orientações recebidas, de abordagens feitas pela fiscalização da empresa, entre outras causas.2 Retornando ao ponto central da questão, muitas vezes ouve-se dizer: Será que Fulano é normal? O que é ser normal? Em um mundo globalizado, que exige cada vez mais de todos o que é ser normal? Os comportamentos bizarros podem ser considerados dentro de um padrão de normalidade? Os comportamentos tímidos ou agressivos podem ser normais ou dentro de padrões de normalidade? Será que existe padrão de normalidade para enquadrarem-se pessoas? Como por exemplo: do lado direito ficam os normais, do lado esquerdo os anormais, à frente os quase normais, e assim segue. Ainda agora, nas coberturas jornalísticas do Rock in Rio, as pessoas assumiam atitudes consideradas bizarras fora daquele ambiente. Meninas chorando ao verem seus ídolos, rapazes empolgados com o ritmo mais intenso das guitarras. Tudo isso é normal? Será normal alguém chorar ao ver um animal atropelado ou uma linda flor desabrochando? Seguindo essa linha percebem-se vieses do que chamamos de normalidade com as emoções mais fortes das pessoas. A pessoa é normal, mas em sua ternura chora ao ver uma flor linda. O costume é rotular-se alguém com um determinado tipo de transtorno, que possa estar associado ao comportamento do indivíduo. Assim, há os neuróticos, os esquizoides, os paranoicos, e, quando a sapiência vai além, há sub-rótulos. O importante, entretanto, é que o ambiente, as condições e formas com que trabalham, termina por moldar os trabalhadores, quase que os encaixando em personalidades que não correspondem às personalidades de cada um. Figurativamente seria o mesmo que fornecer ao trabalhador um uniforme tamanho 40, quando ele só pode usar o tamanho 50. Ou sobra trabalhador ou sobra uniforme. Ou o trabalhador possui mais cultura específica do que a organização u o contrário. Nessa troca, todos saem perdendo, já que um não se adaptará ao outro. Sabe-se que a personalidade de uma pessoa pode ser moldada e mudada de acordo com o ambiente social em que o trabalhador se encontra, ou seja, produto do meio. Em obras, como dito, onde a rotatividade é elevada ou as chefias mudam de acordo com as alterações do projeto, não há 2 Navarro: Mudando culturas de SMS: prevenção, motivação ou sinergia de ações? 21 de 39
  • 22. tempo suficiente para que se dê essa mudança. Assim, a “personalidade” momentânea, no canteiro de obras, não é verdadeira. Diz-se que o preso assume nova personalidade ao ingressar na prisão e que, se assim não o fizer talvez não chegue a cumprir o final da pena, com vida ou ainda sendo “macho”. O ser humano, como apresentado anteriormente, é responsável por mais de 95% das ocorrências de acidentes. Também foi dito que quando há uma enorme quantidade de desvios há maior probabilidade de ocorrência de acidentes fatais, já que os desvios formam a base da pirâmide onde em seu topo há o acidente fatal. Dito isso, resta-nos saber como o homem se envolve em um acidente. Se a organização não motiva adequadamente os trabalhadores ou não gestiona as ações preventivas com ênfase necessária, como por exemplo, o foco prioritário na entrega da obra ou o compromisso com o cumprimento dos prazos em detrimento da segurança pessoal, talvez os trabalhadores não se sintam motivados o suficiente para romper as barreiras necessárias e abraçar a causa da prevenção de acidentes, em seus próprios benefícios. Afora isso, empresas que apresentam grande rotatividade da mão de obra, principalmente aquelas com atividades de construção civil, não têm tempo suficiente para criar uma cultura própria e possibilitar que os seus empregados tenham a condição de assimilá-la e pô-las em prática. Há que se considerar também que existe uma confusão, não generalizada, sobre questões como: fatores estressores no ambiente de trabalho, estresse, ansiedade, medo, resiliência e outros temas correlatos, que terminam por associá-los de modo equivocado. Essa interpretação de conceitos muitas vezes mascara a questão da prevenção de riscos. A ANSIEDADE: A ansiedade quase sempre está associada a expectativas, para as quais podemos não estar preparados. Há ansiedades crônicas, doentias, provocadas pela insegurança ou outras causas. O profissional que irá ser certificado em suas atribuições e que precisa ser bem avaliado certamente ficará ansioso antes da realização do teste. O estudante nas vésperas do vestibular também tende a ficar ansioso. O criminoso que será confrontado com o polígrafo também fica ansioso. A pessoa com transtorno mental e em tratamento, cujo medicamento foi atrasado fica ansiosa. Ansiedade e medo são formas mais intensas de se demonstrar uma preocupação. O medo está na interface do mundo exterior com o mundo interior. Exteriormente, começa pela consciência de fatores de risco que variam fora do controle da pessoa. 22 de 39
  • 23. Conforme MOTTA (2002), apud al, os sintomas mais comuns de ansiedade e medo se refletem nas tendências especificadas a seguir. Além dos sintomas físicos, a ansiedade produz tendência a: a) Sensibilidade excessiva. A pessoa adquire maior dificuldade em modular emoções e se importuna facilmente com eventos específicos, sobretudo os que lembram dificuldades anteriores. b) Maximização de problemas e concentração nos fatores negativos. A ansiedade perturba o funcionamento normal da mente, gerando comportamentos inusitados e a tendência a exagerar a importância de certas situações. A convivência com situações ameaçadoras enfatiza a consciência sobre fatores negativos: a pessoa tende a perceber qualquer pequena dificuldade como um grande problema. c) Dispersão mental e transferência da decisão. Diante da pressão para a decisão, algumas pessoas vêm reduzidas suas habilidades de compreender e julgar eventos. Adquirem uma inibição de pensar, de raciocinar sobre situações problemáticas e, mesmo, de manter atenções afetivas com os colegas. Intensificam o desejo de escapar da situação, concentrando-se em outras tarefas ou transferindo e adiando decisões. d) Comunicações irrealistas: o incremento da conversa consigo próprio. Gerentes tendem a ruminar o problema ou a apresentar a si próprios uma série de hipóteses de solução e de fracasso. Pensamentos e imagens são aos poucos montados numa lógica por vezes negativa. Em alguns casos, associam-se fatores de medo e de risco numa sucessão de possibilidades, até se perceber uma verdadeira catástrofe. (...) A ansiedade alerta a pessoa e a faz agir no sentido de evitar ou safar-se do perigo. Na realidade, é melhor alarmes falsos do que não perceber uma situação ameaçadora. Exageros ajudam a mobilizar pessoas, mas conduzem a uma percepção mais generalizada do risco e, portanto, a mais medo e ansiedade. (...) (Motta, 2002) OS COMPORTAMENTOS DE SEGURANÇA OLIVEIRA (2007) trata da questão dos comportamentos com o seguinte olhar: Em relação aos acidentes de trabalho as estatísticas revelam a perda de 1.250 milhões de dias de 23 de 39
  • 24. trabalho devido a problemas de saúde em geral em que, 210 milhões são devidos a acidentes de trabalho (i.e. média de 1.3 dias por trabalhador da União Européia) e 340 milhões devido a problemas de saúde relacionados com o trabalho (i.e. média de 2.1 dias por trabalhador da União Européia) (Comissão Européia, 2004, p.27). A sinistralidade na Europa é de tal forma elevada (7.6 milhões de acidentes em 2001, dos quais 4.7 milhões originaram ausências ao trabalho superiores a três dias) que a cada cinco segundos ocorre um acidente de trabalho e a cada duas horas morre um trabalhador vítima de acidente de trabalho, num total de 4.900 acidentes fatais em 2001, segundo a Comissão Europeia (2004, p.31). Um trabalhador quando experiência direta ou indiretamente uma situação de acidente de trabalho o seu comportamento modifica, ele pode desenvolver comportamentos de risco (i.e. se ficou ileso após o acidente, ou seja, não sofreu ferimentos) ou desenvolver comportamentos de segurança (i.e. nos casos em que se observam consequências dos acidentes). (Oliveira e Silva, 2007). Quadro de análise de desvios comportamentais – 2007 (AFANP) O quadro comparativo acima, retirado das análises das auditorias comportamentais realizadas em atividades voltadas à instalação e montagem de instalações na área de óleo e gás, durante três meses, apresentou como contributário pelo maior número de desvios o descumprimento das normas de procedimentos de SMS, seguido por aqueles provocados pela posição incorreta das pessoas, expondo-se aos riscos, seguido de perto pelos desvios provocados pela falta de uso ou pelo uso incorreto dos EPIs. Existem diversos preditores dos comportamentos de segurança como: clima de segurança (Neal, Griffin & Hart, 2000; Neal & Griffin, 2002); experiência de acidentes de trabalho (e.g. Rundmo, 1996; Probst, 2004); percepção de risco (e.g. Rundmo, 1996; 2000) ou, motivação e conhecimento de segurança (e.g. Neal, Griffin & Hart, 2000; Probst & Brubaker, 2001; Wong et al, 24 de 39
  • 25. 2005). De acordo com NEAL & GRIFFIN (2000) os comportamentos de segurança podem ser de dois tipos diferentes: o trabalhador pode desenvolver comportamentos de segurança porque é compelido a cumprir regras de segurança, como usar os EPIs, e neste caso referimo-nos a complacência em segurança, ou podem ser desenvolvidos porque o trabalhador se sente motivado em participar voluntariamente em determinadas atividades relativas à segurança, como a participação voluntária em simulados de segurança. O comportamento de segurança de um trabalhador depende sempre dos conhecimentos que este tem sobre as regras de segurança a cumprir no desempenho das suas tarefas, as aptidões necessárias ao correto desempenho e em segurança e, sua motivação para desempenhar essas mesmas tarefas em segurança. Um trabalhador que não tenha aptidão para desempenhar uma determinada tarefa da forma correta, ainda que tenha o conhecimento adequado e esteja motivado terá dificuldades acrescidas no desenvolvimento do comportamento de segurança que lhe é solicitado ou exigido. Os comportamentos de segurança para além dos fatores individuais (atitudes, diferenças individuais), também dependem de fatores organizacionais como o ambiente de trabalho (e.g. clima de segurança) ou a envolvente organizacional (Neal & Griffin, 2004). RISCO, ANSIEDADE E MEDO: A ansiedade pode ser um fator motivador para uma ação ou não, dependendo da forma com que seja encarada pelo ser humano, da maneira como ele lida com essa questão e do quão está preparado para enfrentá-la. Já o medo, provoca sérias alterações em nosso comportamento, quase sempre nos deixando esquivos de qualquer coisa com a qual possamos nos confrontar. Quando a ansiedade provoca o medo os problemas potencializam-se. O maior temor e ansiedade são percebidos de modo claro quando está em check o valor profissional: ser injustiçado e humilhado como profissional ou ser publicamente julgado incompetente. Dirigentes temem a avaliação negativa de seu desempenho, não pela sua falta de competência e de dedicação às suas tarefas, mas por desconsideração de fatores ambientais negativos e incontroláveis. Acham que devem competir sempre para revelar seu valor e alcançar desempenho acima da média. Revelam alta percepção de risco sobre a manutenção ou perda de sua função ou emprego. Considera-se inseguro no cargo dada a imprevisibilidade de fatores com os quais tem que lidar. Como os demais funcionários, receiam contatos com chefes que têm sanções sobre seus recursos de poder e sobre o próprio emprego; temem a demissão, mas ressaltam o medo de serem mal vistos publicamente, pela família e por amigos fora do trabalho, como incompetentes ou de serem humilhados e injustiçados por seus superiores. Como seus esforços dependem de uma coletividade de funcionários, eles nem sempre se 25 de 39
  • 26. consideram culpados pelos fracassos de sua equipe, embora sejam responsabilizados por isso. (Motta, 2002) No sentido negativo, o risco deixa implícito o perigo de consequências adversas e sugere o esforço gerencial para conscientizar-se de sua existência, evitá-lo ou minimizá-lo. Estar em risco é estar vulnerável ao acaso ou a fatores que provocam danos, independentemente de ações individuais. Evitar o risco é tentar precaver-se contra o perigo do inesperado, do não-familiar ou do inusitado. Quando visto como algo ruim, o risco incentiva a busca de segurança. Minimizar ou reduzir risco são expressões que procuram dar segurança à decisão. Vista como algo positivo, a percepção de risco: (1) revela a coragem de arriscar apesar das adversidades; (2) conscientiza as pessoas sobre ameaças e danos potenciais e reais à empresa; e (3) valoriza o espírito empreendedor e de prosseguir e se aventurar em direção ao êxito. O risco chega a fascinar algumas pessoas. Não é por acaso que dirigentes se vangloriam de sua capacidade de correr riscos. Muitas vezes, exageram a inexistência de dados ou sua inexatidão para realçar a sua capacidade de intuir e de prosseguir apesar de conselhos por cautela. Proclamam-se mais intuitivos do que realmente são para parecerem mais corajosos, hábeis e autônomos perante o risco. (Motta, 2002) Muitas pessoas vivem melhor o ambiente de competição porque são motivadas não pelo medo, mas pela energia da conquista de um objetivo. Isso talvez possa explicar porque em ambientes de trabalho de aparência altamente competitiva podem ser obtidos bons desempenhos. É o exemplo de atmosferas de alta intensidade, como bolsas de valores e salas de emergência de hospitais: elas motivam as pessoas não pelo medo, mas pela intensidade do estímulo. Essas pessoas são pouco motiváveis pelos estímulos médios comuns à maioria, mas sentem-se estimuladas em ambientes de alta intensidade. Há uma diferença entre medo e intensidade, apesar de psicologicamente serem muito semelhantes. Pessoas com medo não gostam do ambiente e desejam se livrar do problema que lhes causa a ansiedade. Ao contrário, pessoas com intensidade gostam do ambiente e desejam a sua permanência; poderiam até viver permanentemente nesse estado. (Motta, 2002) O AMBIENTE DO TRABALHO E OS RISCOS: MEDEIROS & RODRIGUES apud al. (2000) quando abordam a questão dos ambientes do trabalho com foco na construção civil, tratam-na da seguinte maneira: A Indústria da Construção 26 de 39
  • 27. Civil é uma atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. É nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado índice de acidentes de trabalho, e segundo ARAÚJO (1998), está em segundo lugar na frequência de acidentes registrados em todo o país. Esse perfil pode ser traduzido como gerador de inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros no setor. O clima de segurança é constituído na sua essência por percepções partilhadas sobre a segurança na organização. A definição de clima de segurança seguida neste estudo é a de SILVA (2003) segundo a qual o clima de segurança é a “…manifestação temporal da cultura que se reflete nas percepções partilhadas pelos membros de uma organização num determinado momento e corresponde ao nível intermédio da cultura de segurança…” SILVA (2003) apresenta uma revisão dos instrumentos utilizados ao longo do tempo, para avaliar o clima de segurança, indicando diversos instrumentos de medição do clima de segurança desenvolvidos por vários autores (e.g. Zohar, 1980) mas segundo a autora o clima de segurança tem sido sempre medido através da aplicação de escalas ou questionários. O SABER OPERÁRIO: O saber operário é o conhecimento adquirido ao longo de anos e anos de atividades, e que passa a ser considerado como referencial interno, esteja esse certo ou errado. Quando posto em conflito com a obrigatoriedade de passar a empregar novo saber o operário questiona e, por fim, volta a empregar o seu saber, caso não seja acompanhado nas tarefas. As mudanças de paradigmas iniciam-se com o convencimento do operário de novos saberes, os quais podem ser incorporados ou assumidos pela organização caso seja demonstrado serem melhores para aquelas atividades específicas. O momento importante para o operário é o da incorporação pela organização do seu saber, enquanto que o oposto se dá com o descarte do seu saber sem quaisquer questionamentos ou convencimentos. Nessa situação é muito provável que em um momento ou outro os procedimentos formais sejam descumpridos, podendo causar ou não acidentes. A respeito dessa questão, Yazigi (1998) assim se manifesta: (...) É preciso criar a mentalidade da participação e passar as informações necessárias aos empregados. A participação fortalece as grandes decisões, mobiliza forças e gera o compromisso de todos com os resultados; ou seja: a responsabilidade. O principal objetivo é conseguir o efeito sinergia, em que o todo é maior do que a soma das partes. Novas ideias devem ser estimuladas e a criatividade aproveitada para o constante aperfeiçoamento e a solução dos problemas. (...) 27 de 39
  • 28. Consoante MEDEIROS & RODRIGUES (2000), em muitas atividades industriais, o que não exclui a Construção Civil, reina a ignorância sobre alguns processos e seus incidentes. Os trabalhadores ignoram o funcionamento exato do processo industrial, pois têm apenas “dicas” de um saber descontínuo. Não existe um conhecimento coerente, nem sobre o próprio processo, nem sobre o funcionamento das instalações, pois não existe formação destinada aos trabalhadores. A consciência aguda do risco de acidente obrigaria o trabalhador a tomar tantas precauções individuais que dificultaria completamente o trabalho na Construção a ponto de se tornar ineficaz do ponto de vista da produtividade. Trata-se de um sistema defensivo destinado a controlar o medo, e pode ser chamado de pseudo-inconsciência do perigo. Além disso, necessita apoiar-se no caráter coletivo, sendo assegurado pela participação de todos. Ninguém pode ter medo nem demonstrá-lo. Gera-se então um sistema implícito onde nunca se deve falar de perigo, risco, acidente, nem do medo. (Medeiros & Rodrigues, 2000) FATORES ESTRESSORES: De acordo com ALEVATO (2007), quando trata da questão de agentes estressores, (...) É possível não discutir, por exemplo, a relação entre um operário ferido e a queda de um tijolo, no universo dos riscos físicos da construção civil, mas o mesmo não pode ser dito da relação entre o cotidiano permeado de pressões por prazos e metas e a hipertensão arterial diagnosticada em um gerente. No caso dos estressores não se trata de um agente externo (tijolo) oferecendo um perigo (queda) e uma possível consequência (ferimento). Fala-se agora de uma ameaça que se diferencia dos clássicos riscos físicos, químicos e biológicos por não ser um elemento isolável dos sujeitos, mas por permear a vida em todas as suas dimensões, afetando a saúde individual, realimentando-se de si mesma e transversalizando as atitudes, os desempenhos, as relações sociais, profissionais e familiares, dentre outros aspectos. Estressores são elementos capazes de mobilizar para a ação ou desencadear reações humanas. No entanto, cada fonte estressora tem características próprias que recomendam iniciativas de controle específicas e diversificadas. Os estressores encontrados nos ambientes de trabalho podem, portanto, ser classificados – conforme sua natureza – em existenciais, ocupacionais ou sócio ambientais. Os estressores sócio ambientais não escolhem suas vítimas no ambiente laboral porque se originam em condições culturais, políticas, sociais e econômicas do micro e do macro cenários. Violência urbana, desemprego estrutural, conflito de valores são alguns exemplos desse grupo. (...) 28 de 39
  • 29. A PSICOLOGIA E A PREVENÇÃO DE ACIDENTES: A associação da psicologia à prevenção de acidentes não é um assunto novo. Inúmeros são os artigos que fazem essa associação, pois muitas vezes o acidente é fruto de um ato volitivo, não sob o aspecto do indivíduo intencionalmente descumprir as normas de segurança, mas sim porque sabe como executar a tarefa e procura fazê-la da forma que conhece e que sempre a fez. Não são muitos os casos em que o acidente teve como causa esse fato. Gráfico de análise de resultados de auditorias comportamentais em 2008 (AFANP) No gráfico acima, constando 5.187 desvios relatados ao longo de seis meses em uma obra industrial com o envolvimento de 15 empresas contratadas, apurados através de um programa de auditoria comportamental, com avaliações visuais e abordagens pessoais, identificou-se que a grande maioria dos desvios era devido à falta do uso ou do uso de modo irregular dos Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, seguido do desvio por descumprimento dos procedimentos de Segurança, Meio Ambiente e Saúde. A grande questão levantada era a de que essas avaliações ocorriam mensalmente e já havia transcorrido um período médio de obras de pelo menos oito meses. Assim, havia empresas atuando a mais de três anos no site, empresas com menos de dois anos e empresas recém contratadas, com 3 meses de contrato. De comum teve-se o fato de que todos os empregados das empresas passaram por programas de integração, briefings de segurança, e procedimentos de segurança próprios. Assim, cabe a questão: • Por que foram identificados tantos desvios sobre condições que, pelo menos aparentemente, já estavam consolidadas na mente dos trabalhadores? 29 de 39
  • 30. • Os trabalhadores, pelas experiências demonstradas não sabiam utilizar corretamente seus EPIs? • Os trabalhadores, em seus programas de treinamento não foram apresentados aos procedimentos de segurança das empresas? Sabe-se que situações de stress geralmente antecedem os acidentes e escapam ao controle dos dirigentes das empresas para as quais o empregado trabalha. É o caso de discussões em casa com o marido ou a mulher, situações de separação, doença dos filhos, etc... Há alguns tipos de stress que podem ser evitados. Estudos mostram, por exemplo, que a sobrecarga de serviço e o número excessivo de horas de trabalho de um indivíduo o tornam propenso ao acidente do trabalho por levá-lo ao stress fisiológico ou psíquico. (Friedman, Rosenman, & Carrol, 1975) (Hinkle & Plummer, 1952). FATORES HUMANOS E INFLUÊNCIAS COMPORTAMENTAIS: De acordo com a OIT só as causas naturais matam mais no mundo do que os acidentes de trabalho. As razões para explicar o elevado número de ocorrências dos acidentes são as mais diversas, envolvendo falhas nos projetos dos sistemas de trabalho, dos equipamentos, das ferramentas, deficiência nos processos de manutenção dos diversos elementos componentes do trabalho. Ocupando lugar de destaque como causa dos acidentes de trabalho encontra-se o fator humano, compreendendo características psicossociais do trabalhador, atitudes negativas para com as atividades prevencionista, aspectos da personalidade, falta de atenção, entre outras (DI LASCIO, 2001). Nas palavras de DEJOURS (1992, p.88): Cada uma das emoções, medo, raiva, ansiedade, alegria, amor, felicidade, imprime uma disposição e uma direção para a ação. O ser humano tem uma tendência, baseada na aprendizagem com as experiências passadas, de repetir determinados padrões de reações que “deram certo no passado” e que se incorporaram, assim, ao nosso repertorio ou bagagem emocional (GOLEMAN, 1995). O aspecto comportamental supõe componente sentimental de raiva ou medo, acompanhando a emoção que tem a função primitiva de preservar a existência. Pode-se argumentar que essas modificações que implicam a emoção, são fontes de transtornos do organismo, quando as mesmas apresentam características de forma aguda e intensamente súbita e fazendo-se persistente. Desse modo o desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas que influenciam na capacitação em lidar com as demandas e pressões de seu ambiente se faz necessário. (Morais et al. apud al. 2005) HEINRICH (1959, apud Cooper, 1998) observa que as pressões para o aumento da produção podem reforçar o comportamento inseguro dos funcionários, já que pode ser a única 30 de 39
  • 31. forma de se assegurar que um trabalho seja feito. Verificou também que dos 330 atos inseguros observados, 229 conduziriam a um prejuízo grave e um incidente importante. Assim, a inexistência de acidentes poderia induzir as chefias que as preocupações da área de SMS talvez não fossem tão importantes assim. ESCALAS DE PERCEPÇÃO: Pessoas com níveis mais elevados de senso de invulnerabilidade tendem a se envolver em maior quantidade de eventos considerados perigosos e/ou possivelmente danosos, e ainda tendem a menosprezar eventos como desastres naturais e infortúnios relacionados à saúde, bem como fenômenos adversos, como crimes ou acidentes de qualquer natureza (Perloff, 1983). É necessário ressaltar que a experiência de vitimação altera a percepção do indivíduo a respeito de sua invulnerabilidade. É neste ponto que a estrutura cognitiva da pessoa é abalada, afetando sua autoimagem e desestruturando a crença de que o mundo é um lugar previsível, ordenado e tendente a seguir regras rigidamente estabelecidas (Peterson & Seligman, 1983). A percepção sobre perigos, em grande parte das vezes, pouco tem a ver com as referências e os dados coletados sobre o problema. A possibilidade de haver danos é normalmente menor do que a imaginação das pessoas ao tomarem decisões e, portanto, a percepção de risco é maior do que a realidade demonstra. Apesar de existirem situações materiais de perigo, o risco é antes de tudo uma percepção individual e uma construção mental. Os estudos mais profundos sobre percepção de riscos sociais, originados na perspectiva cognitiva, presumem o risco como subjetivamente definido pelo indivíduo e influenciável por uma variedade de fatores psicológicos, sociais, institucionais e culturais. Portanto, a percepção de risco tem sua dimensão interna e subjetiva; a maneira como as pessoas sentem e atribuem peso ao risco influencia os comportamentos administrativos defensivos e preventivos (Starr, 1969; Slovic, 1987). Quanto maior a percepção de risco, maior a predisposição para a ação cautelosa. Se no futuro há imprevisibilidades, não se conhecem, na verdade, os resultados das decisões presentes. Ademais, por serem obrigados a antecipar, a prever e a agir para o futuro, os dirigentes jamais podem ser inconsequentes e valorizar somente o presente. Há uma pressão para a cautela, ou seja, evitar o perigo, ou reduzir a exposição a fatores de risco. No sentido negativo, o risco deixa implícito o perigo de consequências adversas e sugere o esforço gerencial para conscientizar-se de sua existência, evitá-lo ou minimizá-lo. Estar em risco é estar vulnerável ao acaso ou a fatores que provocam danos, independentemente de ações individuais. Evitar o risco é tentar precaver-se contra o perigo do inesperado, do não familiar ou do inusitado. Quando visto como algo ruim, o risco 31 de 39
  • 32. incentiva a busca de segurança. Minimizar ou reduzir risco são expressões que procuram dar segurança à decisão. Vista como algo positivo, a percepção de risco: (1) revela a coragem de arriscar apesar das adversidades; (2) conscientiza as pessoas sobre ameaças e danos potenciais e reais à empresa; e (3) valoriza o espírito empreendedor e de prosseguir e se aventurar em direção ao êxito. O risco chega a fascinar algumas pessoas. A VISÃO AMBIENTAL DA QUESTÃO: A visão ambiental da questão contempla todos os fatores que podem estar relacionados com as atividades e que são inerentes ao local onde os trabalhadores realizam suas atividades, influenciados ou não por esses fatores. Como dito anteriormente, inúmeros são esses, como: • • • • • • • • • • • • • Atividades; Estratégias; Contratos; Recursos; Insumos; Fatores climáticos; Prazos; Organização do trabalho; Espaços e ambientes; Organização da produção; Lógicas de trabalho; Fatores normativos; Referências. Da mesma forma como na análise dos fatores humanos, percebe-se que há situações facilmente identificadas, de imediato, como contribuintes para o sucesso ou o fracasso de um empreendimento. Por exemplo, a cultura de uma organização. Quando ela é sólida, bem estruturada e permeada em todos os níveis funcionais permite que “todos falem a mesma língua”, seja essa boa ou má. A cultura é percebida de várias maneiras, seja através de programas de treinamento, cartazes e folders, quadros e aviso e cartilhas, e outros. A cultura possibilita que a organização tenha uma só identidade. Outra situação complexa é a que diz respeito a prazos. Quando são curtos ou mal dimensionados para as tarefas contratadas percebe-se que essa pressão pelo atendimento aos mesmos passa a todos sinergicamente. A história funciona da mesma maneira que a brincadeira de criança do telefone sem fio. O gerente maior do empreendimento cobra do gerente de produção maior empenho. O gerente de produção cobra dos encarregados maior dedicação. E o encarregado 32 de 39
  • 33. cobra dos empregados a cabeça de quem não atingir as metas. Para o empregado, o não atendimento dos prazos pode significar sua demissão, já que ele não tem ninguém para repassar a culpa. AMBIENTE DE TRABALHO E RISCOS: A Indústria da Construção Civil é uma atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. É nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado índice de acidentes de trabalho, e segundo ARAÚJO (1998), está em segundo lugar na frequência de acidentes registrados em todo o país. Esse perfil pode ser traduzido como gerador de inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros no setor. Os acidentes de trabalho têm sido frequentemente associados a patrões negligentes que oferecem condições de trabalho inseguras e a empregados displicentes que cometem atos inseguros. No entanto, sabe-se que as causas dos acidentes de trabalho, normalmente, não correspondem a essa associação, mas sim às condições ambientais a que estão expostos os trabalhadores e ao seu aspecto psicológico, envolvendo fatores humanos, econômicos e sociais. RISCOS DO TRABALHO: Segundo GUALBERTO (1990) existe três linhas de defesa da saúde do trabalhador. Eliminar todas as possibilidades de geração de riscos na fase de concepção ou na correção de um sistema de produção trata-se da primeira medida a ser tomada como linha de defesa. Para isso devem ser observados os seguintes aspectos: seleção de insumos inócuos; redesenho dos diversos produtos componentes de um sistema de produção; mudanças na organização do trabalho. Em caso de não se poder aplicar a primeira linha, deve-se partir para a tentativa de conviver com o risco embora que sob controle. A intervenção passa a se manifestar através do uso de soluções coletivas constituídas pelos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Na impossibilidade de utilização da segunda linha, o que se pode dar, inclusive, pelo aspecto desfavorável do balanço custo-benefício de um empreendimento, surge a terceira e última linha de defesa do trabalhador, que compreende a proteção individual em suas diversas formas de aplicação. ASPECTOS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO: As condições reais dos canteiros de obra já se configuram como riscos. Estes riscos são agravados pelas variações nos métodos de trabalho realizados pelos operários, em função de situações não previstas, mas que, na realidade é uma constante no trabalho, pois, não existem procedimentos de execução formalizados na maioria das empresas. O que existem, no máximo, são instruções verbais. Também é importante salientar a existência de sistemas de pagamento 33 de 39
  • 34. diversificados na maioria dos canteiros. Em alguns destes, os parâmetros de produtividade são baseados muitas vezes apenas no trabalho dos funcionários mais rápidos e experientes. Tal fato pode gerar prejuízos à segurança dos trabalhadores, uma vez que os operários – principalmente os mais inexperientes - ao executarem suas tarefas com mais rapidez, e, assim, com maior desgaste de sua força de trabalho, podem desempenhar condutas equivocadas que permitam à ocorrência de acidentes. Deve-se considerar ainda que esses tipos de pagamento são previstos na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), mas com limitações no sentido de impedir qualquer tipo de descriminação de ordem salarial. FATORES RELATIVOS AO AMBIENTE DAS OBRAS: Conforme Lima Jr., Dias e Valcárcel, em trabalho: Segurança e Saúde no Trabalho da construção: experiência brasileira e panorama internacional, editado pela OIT - Secretaria Internacional do Trabalho, 2005, 72 p, Brasília, (Série Documentos de Trabajo; 200), a construção é um dos setores de atividade econômica que mais absorve acidentes de trabalho e onde o risco de acidentes é maior. De acordo com as estimativas da OIT, dos aproximadamente 355 mil acidentes mortais que acontecem anualmente no mundo, pelo menos 60 mil ocorrem em obras de construção. O tema da segurança e saúde na construção é relevante não só por se tratar de uma atividade perigosa, mas também, e, sobretudo, porque a prevenção de acidentes de trabalho nas obras exige enfoque específico, tanto pela natureza particular do trabalho de construção como pelo caráter temporário dos centros de trabalho (obras) do setor. Essa circunstância ganhou destaque com a adoção pela OIT, em 1988, da Convenção 167 sobre segurança e saúde na construção. Numa visão macrossetorial, a indústria da construção pode ser classificada em três setores distintos: construção pesada, montagem industrial e edificações. O segmento da construção é determinante para o desenvolvimento sustentado da economia brasileira. No ano de 2000, o setor foi responsável por 15,6% do PIB nacional e empregou 3,63 milhões de pessoas. A dimensão territorial do Brasil e o tamanho da sua população determinam alto potencial de crescimento, principalmente, no ramo das edificações. A cadeia produtiva possuía, em 1998, 204.855 empresas distribuídas da seguinte forma: a) 115.939 em edificações; b) 10.811 em construção pesada; c) 1.660 em montagem industrial; d) 76.445 em empreiteiros e locadores de mão de obra. 34 de 39
  • 35. Não estão incluídas as empresas de materiais de construção. Quanto ao número de empregos, temos a seguinte distribuição: a) diretos b) indiretos c) induzidos d) total : 3,63 milhões; : 2,17 milhões; : 7,83 milhões; : 13,63 milhões. Verifica-se, assim, que cada 100 empregos diretos geram 275 (indiretos e induzidos). Com relação ao perfil da mão de obra do setor da construção civil, o SESI diagnosticou os seguintes resultados: 1) Baixa qualificação: • • 72% dos trabalhadores pesquisados nunca frequentaram cursos e treinamentos. 80% possuem apenas o 1º grau incompleto e 20% são completamente analfabetos. 2) Elevada rotatividade no setor: • 56,5% têm menos de um ano na empresa e 47% estão no setor há menos de cinco anos. 3) Baixos salários: • • • 50% dos trabalhadores ganham menos de dois salários mínimos (SM). Média salarial: 2,8 SM. É um dos setores industriais que paga os mais baixos salários. 4) Altas carências sociais: Educação: • Alto índice de absenteísmo causado, sobretudo, por problemas de saúde (52% faltaram ao trabalho no mês anterior à pesquisa). • Absenteísmo: um entre cinco trabalhadores. • 14,6% dos trabalhadores sofreram algum tipo de acidente de trabalho no ano anterior à coleta dos dados, o que significa um universo de aproximadamente 148 mil pessoas ou 21,3% do total de trabalhadores acidentados no Brasil. Alcoolismo: • ingerem bebida alcoólica: 54,3%, • abusam: 15%, • dependente: 4,4%. 35 de 39
  • 36. Associar-se o meio ambiente do trabalho ao homem, a fim de que haja a harmonia nos ambientes do trabalho é uma atividade hercúlea por uma série de razões. Inicialmente não existe ainda uma real compreensão do conceito do ambiente do trabalho. Muitos se esquecem que esse ambiente transcende aos limites impostos às obras. Em segundo lugar, há a questão da participação dos homens nos acidentes. De acordo com os estudos apresentados o percentual desse envolvimento chega a 96%. Isso de certa maneira é bom e por outro lado ruim. O lado bom é o de que os ambientes de trabalho parecem estar mais seguros do que no passado. SALDANHA (1997), por exemplo, afirma em seu trabalho que existem situações onde foi encontrada a "negação do risco" (definição de Dejours para estratégias defensivas). Ainda existem empresas sem a necessária cultura de SMS, trabalhadores sem orientação, medidas descoordenadas de incentivo à produção que terminam por fragilizar os processos de prevenção de riscos, chefias não participativas no processo de gestão de riscos, ferramentas e equipamentos inadequados, falta de treinamento, passando aos trabalhadores a imagem de que as questões relativas à prevenção talvez não sejam tão importantes assim. Para muitas, o orgulho empresarial é o de cumprir as metas a qualquer custo. Nesses casos, o planejamento sério talvez seja um elemento que irá emperrar o processo de execução das atividades. CONCLUSÕES: Quanto ao aspecto humano, ainda há muito a se estudar, pois o ser humano é uma verdadeira caixa de surpresas quanto ao seu aspecto comportamental. As mudanças de comportamento muitas vezes ocorrem quase que de imediato, fruto de um acúmulo de problemas. Os comentários de Motta (2005) são muito interessantes a esse respeito: (...) Não é preciso grandes ameaças para fazer a pessoa ansiosa: bastam as pressões do dia-a-dia e a imaginação excessiva sobre um problema real, mesmo os menores e repetitivos. Os que se envolvem com a decisão administrativa lidam com mais incerteza e risco, não só por causa do desconhecimento humano sobre o futuro, mas também pela interdependência e desequilíbrio constante entre os diversos fatores políticos, econômicos, de produção e de mercado. Será que é possível quebrar-se essa resistência às mudanças? Os artigos pesquisados não possibilitam obter essa resposta. Mas, se o bom senso pode ser empregado como se acredita, a resposta é sim. A forma talvez não passe pelo aumento da pressão sobre o trabalhador, pois se essa maneira desses resultados rápidos, os pais conseguiriam a imediata obediência dos filhos mais rebeldes, bastando para isso exercerem uma maior pressão. Entende-se que a mudança ocorre através do aumento da cultura da empresa, do exemplo dado, da mudança de paradigmas, de deixar- 36 de 39
  • 37. se de lado a busca pelo culpado, ou a teoria da culpa como dizem outros. Essa teoria deve ser posta, não no singular, mas sim no plural, pois se há falhas, essas se devem tanto a quem cometeu o desvio, que redundou em um acidente, como também pela empresa que não soube repassar a mensagem mais adequada e não supervisionou convenientemente. As medidas de prevenção devem iniciar-se direcionando o foco para a empresa, seguindo-se para os processos e por fim, para os trabalhadores. Quando se inverte essa ótica passa a não se compreender as razões das resistências identificadas ao processo de gestão. Deve estar claro que muitas vezes a resistência não é quanto ao processo e sim quanto à forma. O trabalhador dificilmente irá querer mutilar-se intencionalmente ou provocar uma lesão a um companheiro de trabalho. No momento em que o trabalhador perceber que não há comprometimentos estanques em sua atividade para com a produção, organização e limpeza, SMS, qualidade e outras, e sim, tudo integrado naquilo que está sendo feito com a responsabilidade recaindo sobre o próprio trabalhador, perceberá as significativas mudanças. Essa mensuração das medidas cabíveis é um fator complexo que depende da cultura da empresa, características dos contratos, se de curta ou longa duração, tipo de serviços executados, níveis de conhecimento exigidos dos profissionais e outros fatores mais. Todavia, a “cumplicidade do trabalhador” aqui realçada sob o aspecto positivo, é muito importante para o sucesso dos programas de reconhecimento e premiação. Normal? Quem? Esta é a verdadeira questão que devemos compreender. Vimos que os trabalhadores, em sua maioria, sabem o que deve ser feito e o fazem de modo diverso. Os encarregados sabem como cobrar e, muitas vezes, deixam de fazê-lo, pois o tempo é mais importante do que a vida. O empresário, por sua vez, quando não tem incorporados os valores de SMS, passa a ver questões mais imediatas, como faturas e prazos. Será que não está na hore de rever-se essa questão? BIBLIOGRAFIA: ALEVATO, H.. Avaliação dos estressores do ambiente de trabalho e seu potencial de riscos à saúde. Trabalho apresentado no VII Congresso de Stress da ISMA-BR e IX Fórum Internacional de Qualidade de Vida no Trabalho, 2007 – notas de aula do curso de doutorado em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói/RJ. 2009. Collins, A. M. et al. Safety Culture: a review of the literature, Health & Safety Laboratory, 25, 2002 COOPER, R. K. & SARRAF, A. Inteligência Emocional na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1997. DEJOURS, C.. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 5.ed.São Paulo: Cortez Oboré, 1992. DEJOURS, C.. Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 54(14), 711, 1986. 37 de 39
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