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O JOVEM JOSÉ OU O JOSÉ JOVEM?


                                                           José Aniervson Souza dos Santos1



Lembro-me que durante toda a minha formação cristã católica, chamávamos José
de “justo”. Quando criança, confesso, não entender bem o porquê que um homem
prestes a abandonar a futura mãe de Jesus e sua noiva, fosse chamado de justo,
mas não contestava, pois, me diziam, às vezes, ser mistério da fé.

Certamente, José quando aparece na história, segundo a Bíblia, não é mais de
idade jovem, porém é notado assim como muitos de nós hoje nos auto-
caracterizamos: “jovem de espírito”. Talvez fosse, antes de tudo, necessário dizer
como entendemos o estado de “espírito” de uma pessoa que diz ser jovem,
mesmo não o sendo. Como os/as jovens hoje são vistos pela sua força, garra,
coragem, ousadia e também pelos seus medos, costuma-se conceituar as coisas e
as pessoas como “sendo jovens” independente de sua faixa etária, desde que a
mesma detenha dessas características “comuns aos/as jovens”. Em se tratando do
ser “justo”, título ou característica dada a José, poderíamos dizer que seja o estado
de agir com justiça.

Quando nos reportamos à juventude de hoje, que semelhanças e/ou
dessemelhanças conseguimos encontrar tendo como modelo a figura mítica de
José? Talvez sejamos todos impelidos em caracterizar a juventude em “um
conjunto de fantasias e falta de compromissos” e assim, afastemos de uma vez por
todas às semelhanças ao “justo José”. Mas não é por esse caminho. Olhemos
para a juventude, como diz Regina Novaes, sendo o “espelho agigantador da
sociedade”. Se ela reflete a sociedade, significa dizer que há mais de nós no
interior da juventude do que dela mesma. José também quis voltar atrás, quando
não aceitou de vez a gravidez de sua noiva. Precisou que fosse convencido por
um anjo da fidelidade de Maria para aceitá-la e desposá-la. Como comparado ao


1
  Possui Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Pernambuco – UPE e Pós-graduação em
Juventude no Mundo Contemporâneo pela FAJE. Atua na área de juventude há mais de 10 anos
acompanhando e assessorando grupos juvenis e instituições que trabalham com jovens. Desenvolve
acompanhamento a projetos governamentais que lidam com o público jovem. Já atuou na área social
em projetos do governo federal, lindando com famílias vulneráveis e em situação de risco, coordenando
atividades de aumento da autoestima, valorização pessoal, qualificação profissional e educacional,
reaproveitamento e tecnologia. Coordenou durante muitos anos a Pastoral da Juventude na Diocese de
Nazaré/PE,. Participou da comissão nacional de coordenação do Projeto da Pastoral da Juventude
intitulado “A Juventude quer Viver”, representando o Regional Nordeste 2 (CNBB). Foi Diretor
Presidente do Instituto de Protagonismo Juvenil – IPJ. Publicou 3 materiais de pesquisas desenvolvidos
pelo IPJ. Atuou na Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE) e no Programa ATITUDE do
Estado de Pernambuco. Foi Assessor Técnico do CMDCA e membro da Comissão Municipal Pró-Selo
Unicef em Surubim/PE. Atualmente é Development Instructor no Institute for Internacional Cooperation
and Development – IICD/Michigan/USA.
ioiô, o relacionamento dos/as jovens, é uma re-configuração da atitude de José no
passado. Não que haja nesse contexto irresponsabilidade ou desamor, pelo
contrário, se deseja intimamente construir uma família verdadeira e duradoura,
onde o princípio da verdade seja fundamental.

Ser justo/a na sociedade atual não significa dizer usar da força física ou da
capacidade intelectual para persuadir e/ou punir aos demais, é, pelo contrário, a
capacidade de usar de suas ferramentas pessoais construídas socialmente para
promover o bem que se deseja alcançar. José, em sua vida, segundo os escritos,
é caracterizado como um homem sábio, do silêncio, de atitude forte, destemido e
corajoso que escutava a voz do seu Deus e o seguia. Que fez sua vontade.
Construiu sua família e depois morreu. Não diferente da nossa juventude que
sonha, que ama, tem desejos e suas próprias crenças. Essa mesma juventude
segue seus preceitos, alguns religiosos outros não, porém todos/as acreditam na
força do sagrado e procura ouvi-los. No solo sacro da mente jovem, caminha a
imagem de um deus que é jovem como eles/as, que compreende seus gostos,
suas cores, suas escolhas e seus mundos e principalmente, que não os/as
condena. Esse deus construído pelos/as jovens, não é, talvez em hipótese alguma,
o desejo de se ver livre das “obrigações” divinas, ao contrário, assim como José,
os/as jovens hoje costumam ouvir a voz de Deus e reproduzi-la.

José, homem de profissão, característica humilde, mas de família nobre, não
diferente dos/as milhares de Catarinas, Marcelos, Marias, Martas, Brunos,
Rodrigos, Susanas, Marianas... espalhados/as por esse imenso planeta, que
desejam e buscam sua profissionalização, ter seu próprio salário para o seu
sustento e de sua família, construir sua própria família e experimentar da vida
enquanto existe virilidade e força em seus corpos, ainda jovens.

Sem sombra de dúvida os/as jovens na época de José, se comportavam diferente,
criam e/ou desejam coisas diferentes, mas também passavam por fatores
históricos diferentes. A nossa juventude hoje estar imensa numa cultura onde
existe o computador, o celular, as roupas de marca, avião, malhação, cirurgias,
rádio, internet, etc. todos esses fatores contribuem diretamente na formação
pessoal do indivíduo e consegue determinar, em algumas vezes, seus
comportamentos. Mesmo estando a milhares de anos distantes a juventude de
José e a juventude de hoje o que difere uma da outra são apenas os insumos que
direta e indiretamente interferem na construção da sua personalidade. O desejo de
ter uma profissão e construir família, por exemplo, estão para José como para
os/as nossos/as jovens hoje uma questão identitária que configura o desejo
“natural” do ser humano em se relacionar com as pessoas e fazer-se em
comunidade, mais uma vez re-configurando a imagem bíblica das comunidades
cristãs que dividiam tudo e repartiam entre si, mas ao mesmo tempo era
importante se posicionar diante dela, para além de outras coisas, serem
percebidos/as e notados/as entre os/as demais.
Dessa forma, é possível então dizer que são os/as jovens de hoje que se
assemelham a José ou seria a vida de José que se assemelha aos/as jovens de
hoje? Poderíamos dizer que José é jovem ou o/a jovem é José?




BIBLIOGRAFIA

http://marcioreiser.blogspot.com/2010/02/sao-jose.html

http://pt.wiktionary.org/wiki/justo

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O Jovem José ou o José Jovem

  • 1. O JOVEM JOSÉ OU O JOSÉ JOVEM? José Aniervson Souza dos Santos1 Lembro-me que durante toda a minha formação cristã católica, chamávamos José de “justo”. Quando criança, confesso, não entender bem o porquê que um homem prestes a abandonar a futura mãe de Jesus e sua noiva, fosse chamado de justo, mas não contestava, pois, me diziam, às vezes, ser mistério da fé. Certamente, José quando aparece na história, segundo a Bíblia, não é mais de idade jovem, porém é notado assim como muitos de nós hoje nos auto- caracterizamos: “jovem de espírito”. Talvez fosse, antes de tudo, necessário dizer como entendemos o estado de “espírito” de uma pessoa que diz ser jovem, mesmo não o sendo. Como os/as jovens hoje são vistos pela sua força, garra, coragem, ousadia e também pelos seus medos, costuma-se conceituar as coisas e as pessoas como “sendo jovens” independente de sua faixa etária, desde que a mesma detenha dessas características “comuns aos/as jovens”. Em se tratando do ser “justo”, título ou característica dada a José, poderíamos dizer que seja o estado de agir com justiça. Quando nos reportamos à juventude de hoje, que semelhanças e/ou dessemelhanças conseguimos encontrar tendo como modelo a figura mítica de José? Talvez sejamos todos impelidos em caracterizar a juventude em “um conjunto de fantasias e falta de compromissos” e assim, afastemos de uma vez por todas às semelhanças ao “justo José”. Mas não é por esse caminho. Olhemos para a juventude, como diz Regina Novaes, sendo o “espelho agigantador da sociedade”. Se ela reflete a sociedade, significa dizer que há mais de nós no interior da juventude do que dela mesma. José também quis voltar atrás, quando não aceitou de vez a gravidez de sua noiva. Precisou que fosse convencido por um anjo da fidelidade de Maria para aceitá-la e desposá-la. Como comparado ao 1 Possui Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Pernambuco – UPE e Pós-graduação em Juventude no Mundo Contemporâneo pela FAJE. Atua na área de juventude há mais de 10 anos acompanhando e assessorando grupos juvenis e instituições que trabalham com jovens. Desenvolve acompanhamento a projetos governamentais que lidam com o público jovem. Já atuou na área social em projetos do governo federal, lindando com famílias vulneráveis e em situação de risco, coordenando atividades de aumento da autoestima, valorização pessoal, qualificação profissional e educacional, reaproveitamento e tecnologia. Coordenou durante muitos anos a Pastoral da Juventude na Diocese de Nazaré/PE,. Participou da comissão nacional de coordenação do Projeto da Pastoral da Juventude intitulado “A Juventude quer Viver”, representando o Regional Nordeste 2 (CNBB). Foi Diretor Presidente do Instituto de Protagonismo Juvenil – IPJ. Publicou 3 materiais de pesquisas desenvolvidos pelo IPJ. Atuou na Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE) e no Programa ATITUDE do Estado de Pernambuco. Foi Assessor Técnico do CMDCA e membro da Comissão Municipal Pró-Selo Unicef em Surubim/PE. Atualmente é Development Instructor no Institute for Internacional Cooperation and Development – IICD/Michigan/USA.
  • 2. ioiô, o relacionamento dos/as jovens, é uma re-configuração da atitude de José no passado. Não que haja nesse contexto irresponsabilidade ou desamor, pelo contrário, se deseja intimamente construir uma família verdadeira e duradoura, onde o princípio da verdade seja fundamental. Ser justo/a na sociedade atual não significa dizer usar da força física ou da capacidade intelectual para persuadir e/ou punir aos demais, é, pelo contrário, a capacidade de usar de suas ferramentas pessoais construídas socialmente para promover o bem que se deseja alcançar. José, em sua vida, segundo os escritos, é caracterizado como um homem sábio, do silêncio, de atitude forte, destemido e corajoso que escutava a voz do seu Deus e o seguia. Que fez sua vontade. Construiu sua família e depois morreu. Não diferente da nossa juventude que sonha, que ama, tem desejos e suas próprias crenças. Essa mesma juventude segue seus preceitos, alguns religiosos outros não, porém todos/as acreditam na força do sagrado e procura ouvi-los. No solo sacro da mente jovem, caminha a imagem de um deus que é jovem como eles/as, que compreende seus gostos, suas cores, suas escolhas e seus mundos e principalmente, que não os/as condena. Esse deus construído pelos/as jovens, não é, talvez em hipótese alguma, o desejo de se ver livre das “obrigações” divinas, ao contrário, assim como José, os/as jovens hoje costumam ouvir a voz de Deus e reproduzi-la. José, homem de profissão, característica humilde, mas de família nobre, não diferente dos/as milhares de Catarinas, Marcelos, Marias, Martas, Brunos, Rodrigos, Susanas, Marianas... espalhados/as por esse imenso planeta, que desejam e buscam sua profissionalização, ter seu próprio salário para o seu sustento e de sua família, construir sua própria família e experimentar da vida enquanto existe virilidade e força em seus corpos, ainda jovens. Sem sombra de dúvida os/as jovens na época de José, se comportavam diferente, criam e/ou desejam coisas diferentes, mas também passavam por fatores históricos diferentes. A nossa juventude hoje estar imensa numa cultura onde existe o computador, o celular, as roupas de marca, avião, malhação, cirurgias, rádio, internet, etc. todos esses fatores contribuem diretamente na formação pessoal do indivíduo e consegue determinar, em algumas vezes, seus comportamentos. Mesmo estando a milhares de anos distantes a juventude de José e a juventude de hoje o que difere uma da outra são apenas os insumos que direta e indiretamente interferem na construção da sua personalidade. O desejo de ter uma profissão e construir família, por exemplo, estão para José como para os/as nossos/as jovens hoje uma questão identitária que configura o desejo “natural” do ser humano em se relacionar com as pessoas e fazer-se em comunidade, mais uma vez re-configurando a imagem bíblica das comunidades cristãs que dividiam tudo e repartiam entre si, mas ao mesmo tempo era importante se posicionar diante dela, para além de outras coisas, serem percebidos/as e notados/as entre os/as demais.
  • 3. Dessa forma, é possível então dizer que são os/as jovens de hoje que se assemelham a José ou seria a vida de José que se assemelha aos/as jovens de hoje? Poderíamos dizer que José é jovem ou o/a jovem é José? BIBLIOGRAFIA http://marcioreiser.blogspot.com/2010/02/sao-jose.html http://pt.wiktionary.org/wiki/justo