2. Realismo
A palavra Realismo denota ação e
designa uma forma de interpretar a
realidade. O Realismo propunha-se a
reagir pela observação dos objetos e
das situações, contra os excessos da
imaginação na arte romântica. O seu
princípio era REPRESENTAR A
REALIDADE, quer o assunto fosse
bonito ou feio, nobre ou trivial, com o
objetivo de alcançar a beleza, a
fraternidade e a justiça.
3. Surge o Realismo
É na segunda metade do século XIX que a Europa se vê arejada por novos ventos
políticos, científicos, sociais e religiosos. Neste contexto, surge na França um movimento
artístico cuja influência se estendeu a numerosos países, chamado Realismo. Esta
corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais, sendo
também objeto de ação contra o capitalismo progressivamente mais dominador.
O Realismo no Brasil tem como marco inicial a obra Memórias póstumas de Brás
Cubas (1881), de Machado de Assis.
4. Contexto histórico
- 2ª Revolução Industrial
- Segundo Reinado (D. Pedro II)
- Capital: Rio de Janeiro
- Abolição da escravatura (1888)
- Proclamação da República (1889)
5. Valores
- Engajamento social e político;
- Novas ideologias;
- Retrato fiel da sociedade;
- Crítica às instituições;
- Literatura transforma a realidade;
- Teorias científicas.
6. Teorias & Correntes
❖ O positivismo de Comte ( teoria científica que defende posturas exclusivamente materialistas e
limita o conhecimento das coisas apenas quando estas podem ser provadas cientificamente);
❖ O socialismo de Marx e Engels (teoria científica que estimula as lutas de classe e a organização
política do proletariado);
❖ O evolucionismo de Darwin (teoria científica que mostra o processo de evolução das espécies a
partir da seleção natural);
❖ O determinismo de Taine (teoria que defende que o comportamento humano é determinado por
três fatores: o meio, a raça, e o momento histórico);
❖ A psicanálise de Freud (teoria da alma ou da psique. Metodologia terapêuticaque examina o
teor inconsciente das palavras, atos e/ou concepções imaginativas de um ser, baseando-se nas
relações livres);
❖ A medicina de Claude Bernard (teorias da medicina experimental, mostrando a importância da
fisiologia no comportamento do indivíduo).
7. Características
● Veracidade: despreza a imaginação romântica;
● Contemporaneidade: descreve a realidade;
● Retrato fiel das personagens: caráter, aspectos negativos da natureza humana;
● Gosto pelos detalhes: lentidão na narrativa;
● Materialismo do amor: mulher objeto de prazer/adultério;
● Denúncia das injustiças sociais;
● Determinismo e relação entre causa e efeito;
● Linguagem próxima à realidade: simples, natural, clara e equilibrada.
8. REALISMO ROMANTISMO
Valoriza o que se é Valoriza o que se idealiza e sente
Crítica direta Crítica indireta
Objetividade Sentimentos à flor da pele
Textos, às vezes, sem censura Textos geralmente respeitosos
Imagens sem fantasias, reais Imagens fantasiadas, perfeitas
Aversão ao amor platônico Amores platônicos
Mistura de épico e lírico nos textos Separação
Cosmopolita Nacionalista
9. Teatro
Com o Realismo, os problemas do cotidiano ocupam os palcos no mundo
do teatro. O herói romântico é substituído por personagens do dia a dia e a
linguagem torna-se coloquial. O primeiro grande dramaturgo realista é o
francês Alexandre Dumas Filho, autor da primeira peça realista, A Dama das
Camélias (1852), que aborda o tema prostituição.
10. Pintura
Na pintura, as obras passam a privilegiar cenas cotidianas de grupos sociais menos
favorecidos e as telas tornam-se pesadas e tristes.
Neste campo, destaca-se o pintor francês Gustave Coubert .
11. Escultura
A escultura realista não se preocupa com a idealização da realidade, recria os seres tais como são.
Aqui especial destaque para o franceses Auguste Rodin e Camille Claudel.
12. Autores e suas influências
- Gustave Flaubert (Madame Bovary)
- Honoré de Balzac (A Mulher de Trinta Anos, Ilusões Perdidas)
- Charles Dickens (David Copperfield, Oliver Twist)
- Eça de Queirós (Os Maias, O Crime do Padre Amaro)
- Stendhal (O Vermelho e o Negro)
- Émile Zola (Germinal)
- Dostoievski (Os irmãos Karamazov)
- Léon Tolstoi (Guerra e Paz, Anna Karenina)
13. Eça de Queirós (Portugal)
José Maria de Eça de Queirós nasceu na
Póvoa de Varzim a 25 de Novembro de 1845 e
foi um dos maiores escritores portugueses. Foi
autor, entre outros romances de importância
reconhecida, de Os Maias e O Crime do Padre
Amaro, tendo sido este último por muitos
considerado o melhor romance realista
português do século XIX. Morreu em Paris, a 16
de Agosto de 1900.
14. O Crime do Padre Amaro
É uma das obras do escritor português Eça de Queirós
mais difundidas por todo o mundo. Trata-se de uma obra
polêmica, que causou protestos da Igreja Católica, ao ser
publicada em 1875, em Portugal. É a primeira realização
artística do realismo português.
Trata do romance entre Amaro e a jovem Amélia, que
surge num ambiente em que o próprio papel da religião é alvo
de grandes discussões e a moralidade de cada um é posta à
prova. Enquanto a trágica história de amor se desenvolve,
personagens secundárias travam debates sobre o papel da fé.
15. Os Maias
A obra ocupa-se da história de uma família
(Maia) ao longo de três gerações, centrando-se
depois na última geração e dando relevo aos
amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria
Eduarda. Mas a história é também um pretexto
para o autor fazer uma crítica à situação
decadente do país (a nível político e cultural) e à
alta burguesia lisboeta oitocentista, por onde
perpassa um humor (ora fino, ora satírico) que
configura a derrota e o desengano de todas as
personagens.
16. Machado de Assis
Machado de Assis nasceu na cidade do Rio de Janeiro (1839), era mestiço
e de origem humilde. Cresceu sob os cuidados da madrasta Maria Inês, pois
assim como a mãe, a portuguesa Maria Leopoldina, seu pai, o mulato Francisco
José de Assis, morreu cedo. Apesar de ter frequentado escola pública e
começado a trabalhar desde cedo, alcançou boa posição como funcionário
público, cargo que lhe proporcionou tranquilidade financeira. Casado com
Carolina Xavier de Novais, Machado de Assis dedicou-se à literatura e produziu a
melhor prosa brasileira do século XIX. Morreu em 1908
O escritor compôs cerca de duzentos contos.
Os romances e contos anteriores à década de 1880 revelam influências
românticas, assim como Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena
(1876), Iaiá Garcia (1878), Contos Fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite
(1873).
17. Machado de Assis
Machado revela-se mais maduro a partir da publicação de Memórias Póstumas de Brás
Cubas (1881); essa marca a segunda etapa de sua produção. O escritor desenvolve uma
ironia feroz, retrata um humor velado e amargo em relação àquilo que retrata.
Nessa nova fase incluem-se os romances Quincas Borba (1891), Dom Casmurro ( 1899),
Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). Entre seus inúmeros contos estão: “O
alienista”, “A cartomante”, “Missa do galo”, “Uns braços”, “O espelho”, “Cantiga de esponsais”,
“Teoria do medalhão”, “A causa secreta”.
18. Memórias Póstumas de Brás Cubas
Brás Cubas é um homem rico e solteiro que, depois de morto, resolve
se dedicar à tarefa de narrar sua própria vida. Dessa perspectiva, emite
opiniões sem se preocupar com o julgamento que os vivos podem fazer
dele. De sua infância, registra apenas o contato com um colega de escola,
Quincas Borba, e o comportamento de menino endiabrado, que o fazia
maltratar o escravo Prudêncio e atrapalhar os amores adúlteros de uma
amiga da família, D. Eusébia. Da juventude, resgata o envolvimento com
uma prostituta de luxo, Marcela.
Depois de retornar de uma temporada de estudos na Europa, vive uma
existência de moço rico, despreocupado e fútil. Conhece a filha de D.
Eusébia, Eugênia, e a despreza por ser manca.
19. Memórias Póstumas de Brás Cubas
Envolve-se com Virgília, uma namorada da juventude, agora casada com o político Lobo Neves.
O adultério dura muitos anos e se desfaz de maneira fria. Brás ainda se aproxima de Nhã Loló,
parenta de seu cunhado Cotrim, mas a morte da moça interrompe o projeto de casamento.
Desse ponto até o fim da vida, Brás se dedica à carreira política, que exerce sem talento, e a
ações beneficentes, que pratica sem nenhuma paixão. O balanço final, tão melancólico quanto a
própria existência, arremata a narrativa de forma pessimista: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma
criatura o legado da nossa miséria”.
20. Dom Casmurro (1899)
Bentinho (Bento Santiago): o narrador-personagem que conta suas memórias, membro da elite carioca do século
XIX.
Capitu (Capitolina): grande amor de Bentinho, personagem de origem pobre, mas independente e avançada.
Escobar: o melhor amigo de Bentinho, a quem conheceu quando estudaram juntos no seminário.
Dona Sancha: mulher de Escobar, ex-colega de colégio de Capitu.
Dona Glória: mãe de Bentinho, adora o filho e é também muito religiosa. Quer que o garoto se ordene padre como
cumprimento de uma promessa que fez.
José Dias: agregado que vive de favores na casa de dona Glória. Suposto médico, tem o hábito de agradar aos
proprietários da casa com o uso de superlativos.
Ezequiel: filho de Capitu, sobre o qual o narrador sustenta forte dúvida quanto à paternidade, pois o garoto tinha
grande semelhança física com Escobar.
22. Naturalismo
O Naturalismo foi um movimento cultural relacionado às artes plásticas, literatura e teatro.
Surgiu na França, na segunda metade do século XIX. Este movimento foi uma radicalização do
Realismo.
Com a publicação de O Mulato(1881), Aluísio Azevedo consagrou-se como um escritor
naturalista. A publicação dessa obra marca o início do Naturalismo brasileiro.
O livro (que não é a nossa obra naturalista mais marcante) causou impacto na sociedade,
principalmente entre o clero e a alta sociedade de São Luís do Maranhão.
O Mulato aborda temas como o puritanismo sexual, o anticlericalismo e o racismo.
Em 1890, o Naturalismo atinge o seu ápice com a publicação de O cortiço (obra repleta de
personagens marginalizados).
23. Contexto histórico
- 2ª Revolução Industrial
- Segundo Reinado (D. Pedro II)
- Capital: Rio de Janeiro
- Abolição da escravatura (1888)
- Proclamação da República (1889)
26. Aluísio Azevedo (1857-1913)
Aluísio Azevedo conviveu com o preconceito desde muito cedo. O
relacionamento dos pais, David Gonçalves de Azevedo e Emília Amália Pinto de
Magalhães, era julgado pela sociedade tradicionalista, já que David era viúvo, Emília
separada e os dois não oficializaram a união. Nascido em São Luís do Maranhão, o
jovem foi cursar a Academia Imperial de Belas Artes em 1876, no Rio de Janeiro.
Com a morte do pai, em 1878, precisa retornar ao Maranhão para ajudar os
familiares. Com isso, encontra na escrita um sustento. A primeira publicação, com
características do romantismo, é “Uma lágrima de mulher”. Mas a obra que reflete
melhor as características literárias do autor é “O Mulato”. Nessa época, 1881, o autor
volta ao Rio e passa a produzir peças, contos e romances.
Em 1895 foi nomeado diplomata e passou por vários países, entre eles
Argentina, Itália, Inglaterra e Japão. Vinte anos depois, Aluísio foi morar novamente
em Buenos Aires como cônsul de primeira classe. A literatura foi deixada de lado.
28. O cortiço
Jerônimo assume a condição de gerente da pedreira de João Romão e passa a viver no cortiço
com a esposa Piedade. Sua honestidade, força e nobreza de caráter logo chamam a atenção de
todos. No entanto, seduzido pela envolvente Rita Baiana, assassina o namorado desta, Firmo.
Jerônimo abandona a esposa e vai viver com Rita. Entra então em um acelerado processo de
decadência física e moral, assim como sua esposa, que termina alcoólatra.
A decadência atinge também outros moradores do cortiço. É o caso de Pombinha, moça culta
que aguardava a primeira menstruação para se casar. Seduzida pela prostituta Léonie, abandona o
marido e vai viver com a amante, prostituindo-se também.
30. Raul Pompéia
Raul d’Ávila Pompéia nasceu no dia 12 de abril de 1863, em Angra dos Reis, RJ.
Começou o curso de Direito em São Paulo, no ano de 1881. Nesse contexto influenciou-se com
as causas abolicionistas e republicanas.
Por causa de seus ataques à oligarquia, sofreu perseguições políticas, essas provocaram sua
reprovação na faculdade.
Raul e mais noventa e três acadêmicos partiram para o Recife a fim de concluir o curso.
Após alcançar seu objetivo retornou ao Rio de Janeiro, em 1885, mas não exerceu a advocacia.
Na cidade do Rio de Janeiro escreveu crônicas, folhetins, artigos e contos. Foi nesse período que
escreveu O Ateneu, romance de cunho autobiográfico.
31. Raul Pompéia
Em 1893, publicou a charge “O Brasil crucificado entre dois ladrões”
combatendo ingleses e portugueses, tal publicação provocou escândalo no
meio político.
Olavo Bilac atacou-o num artigo de jornal. Em 1895, foi demitido da
direção da Biblioteca Nacional.
Foi caluniado por Luís Murat e desprezado por toda parte, essa
situação trouxe-lhe grande abatimento moral.
No dia 25 de dezembro de 1895, dia de Natal, Raul põe fim em sua
vida com um tiro no coração
32. O Ateneu
Trata-se de uma narrativa na primeira pessoa, em que o personagem Sérgio, já adulto, conta
sobre seu tempo de aluno interno no Colégio Ateneu. A ação do livro transcorre no ambiente fechado
e corrupto do internato, onde convivem crianças, adolescentes, professores e empregados.
Dr. Aristarco é o diretor do colégio. Figura soberba que visava apenas o lucro. Tinha o
sonho de ver um busto com a sua face. Sérgio vai narrando as decepções, os medos, as dúvidas, a
rígida disciplina, as amizades, os acontecimentos em torno da própria sexualidade, as questões nem
sempre respondidas. O romance é um diário de um internato.
Misturando alegria e tristezas, decepções e entusiasmos, Sérgio, pacientemente reconstrói, por
meio da memória, a adolescência vivida e perdida entre as paredes do famoso internato. A obra
acaba com o incêndio do Ateneu pelo estudante Américo. No incêndio o diretor fica perdido, estático
com o que está acontecendo com seu patrimônio e naquele mesmo dia é abandonado pela esposa.