O documento apresenta definições e conceitos de termos religiosos de sociedades pequenas, incluindo amuleto, animismo, totemismo, tabu, fetiche, sacrifício, ritos de passagem, xamã, máscara e magia. As definições descrevem brevemente os significados e usos simbólicos destes termos em contextos religiosos e culturais de povos tradicionais.
5. TOTEMISMO A simbologia da maioria dos povos primitivos é fortemente influenciada pelo totemismo. Por totemismo (ototeman= parentesco, clã, entre os índios ojibwa, Canada) entende-se, de modo geral, a ligação da coletividade ou de uma pessoa a animal ou a vegetal, trazendo consigo determinados rituais e tabus. No âmbito africano e norte-americano, fenômenos d natureza (relâmpago, trovão, granizo e arco-íris) também se transformam em totens, freqüentemente simbolizados por animais. Dicionário de simbologia
6. Totem do povo haidaBritish Columbia. Canadá Museu de Londres
7. TABU Vocábulo de origem polinésia, usado pela primeira vez, ouvido e divulgado pelo navegante britânico James Cook (1728-1779) no decorrer de expedições feitas no oceano Pacífico, onde foi morto pelos indígenas nas ilhas Sandwich (Havaí). A palavra “tabu” significaa o “que é subtraído ao uso corrente”, “pôr de lado”, “afastar”; um animal, uma pessoa, ou qualquer objeto que não se deve ou não se pode abater ou tocar é tabu. Essa proibição não se baseia em justificações explicáveis; a violação do interdito não está inscrita em nenhum código ou lei mas apresenta características de uma calamidade. Nas religiões primitivas, o tabu exprime uma noção de pecado ou de medo; infringir o tabu significa perturbar a ordem e se expor às piores punições. Em muitas civilizações, os cadáveres são tabu. Alguns antropólogos veem no tabu a origem da moral. Dicionário de religiões
8. FETICHE (por. Feitiço = bruxaria, magia). Na Idade Média, em Portugal este conceito era aplicado a objetos de devoção, usados como amuletos. Em antigos relatos de viagem portugueses, especialmente sobre a África, o fetiche é expressão usada para todos os objetos que poderiam ser associados pelos europeus com as assim chamadas “figuras de ídolos”. Os fetiches são geralmente representações de homens ou animais e obtêm o seu poder mágico das substâncias mágicas transmitidas por um feiticeiro (pedras, garras, dentes, pêlos, etc.), colocadas geralmente em recipiente fechado, diante da barriga ou sobre a cabeça. No Zaire meridional são muitas vezes pintados com tinta vermelha (símbolo do sangue e da força vital). Dicionário de simbologia
9. SACRIFÍCIO Oferta de um presente à divindade (ou – não tão relevante para a simbologia – aos antepassados), a forma principal de manifestação do Culto. Na crendice popular corresponde muitas vezes à idéia de do ut des (“dou para que dês”), mas é, para além disso, a entrega simbólica da própria pessoa por meio da oferenda do sacrifício, imaginando como detentora de força, acompanhada da esperança de início de uma profusão de bênçãos de Deus para o homem. Em seu sentido mais profundo, através do sacrifício o mundo é renovado ou salvo (pense no significado da morte de sacrifício de Jesus), assim, como se vê, em inúmeras mitologias, onde o mundo surgiu somente depois do sacrifício de um ser primordial (-> Homem Primordial).
10. RITOS DE PASSAGEM Termo cunhado em 1909 pelo etnólogo francês Arnold Van Gennep. Os ritos de passagem referem-se às analogias estruturais dos costumes em torno de nascimento -> Iniciação, casamento (->Noivado), morte, etc.; seu objetivo comum é assegurar a passagem de uma pessoa para um novo estágio na vida, associado à idéia da -> Purificação. Os ritos de passagem baseiam-se na concepção de que o homem precisa atravessar o estágio da morte para poder renascer de forma nova. Os vários estágios dos ritos mostram, em todos os lugares, uma semelhança notável: exclusão dos não-iniciados, isolamento do candidato, celebração de uma festa, vestidura e unção, atribuição de um novo nome, luta simbólica entre as forças da vida e da morte, etc. Dicionário de simbologia
11. XAMÃ Um xamã é um homem dotado de poderes sobrenaturais, que pode entrar em contato com o mundo transcendental graças a capacidades especiais da alma e do espírito. Os principais portadores de símbolos são aves (sobretudo a águia), bem como o trovão, relâmpago e chuva. A associação entre águia e tempestade é muito freqüente. A ave, que se atira dos céus sobre a terra, traz o relâmpago, o trovão ou é ambas as coisas, como, o pássaro-trovão das tribos indígenas norte-americanas. Dicionário de simbologia
12. MÁSCARA O costume de usar máscaras, passível de comprovação desde a época das pinturas rupestres até o carnaval de hoje, baseia-se na tentativa de passar do mundo subjetivo para o mundo objetivo, apoderar-se das forças de determinados seres por meio de sua representação ou de proteger o próprio eu das forças ameaçadoras pelo ocultamento, disfarce ou intimidação. O ser humano esconde atrás da máscara sua impotência e espera, ao mesmo tempo, superar-se a si mesmo por meio dela. Freqüentemente a transformação exterior obtida pelo mascaramento objetiva uma mudança interior (na iniciação e nas sociedades secretas). Dicionário de simbologia
13. MAGIA É de interesse para a simbologia porque nela torna-se ativo um estilo de pensamento que vivencia uma ação metafórica como sendo eficaz sem mecanismo causal. Ela é a manifestação prática de uma postura espiritual, na qual um “como aqui, também lá” é sentido de modo suficientemente forçoso para não se deduzir apenas correspondências maiores a partir de detalhes observados no meio ambiente e com o auxílio das disciplinas da arte adivinhatória, mas que deve colocar o mágico na posição de poder interferir ativamente no ciclo universal e influenciar o natural e o sobrenatural com a ajuda de uma técnica tradicional. Dicionário de simbologia
14. O funcionamento destes procedimentos altamente irracionais jamais é questionado nas culturas primitivas, pois parte-se da premissa de que uma determinada ação provoca uma imitação no círculo maior do mágico: os ritos mágicos de imagens, que devem causar a morte de animais de caça, quando as suas imagens são transpassadas por flechas, ou que uma pessoa sofra quando sua imagem de cera é picada ou segurada sobre o fogo, com base numa Simpatia (literalmente “sofrer junto”) não passível de definição.
15. A natureza da magia difere basicamente daquela da religião, apesar de tanto numa como noutra ser vivenciado um âmbito sobrenatural como realidade (sendo que na prática, também nos atos religiosos, e nos ritos de sacrifícios, não é raro o intuito da realização e conseqüente dos desejos sem uma verdadeira postura devocional interior). Normalmente, o sentimento de uma pessoa que reza é diferente daquele do mágico, que procura manipular tanto a natureza como o sobrenatural.