2. Para a ciência
I- A ciência- problema
Três séculos de conhecimento científico:
precisão em todos os domínios da ação.
A ciência é: elucidativa, enriquecedora,
conquistadora e triunfante.
Problemas da ciência: conhecimento
produzido, ação que determina e
transformação da sociedade.
Ambivalência da ciência e complexidade:
libertação e subjugo.
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3. O lado mau
1- divisão do trabalho/ superespecialização.
2- desligamento das ciências naturais das ciências
humanas.
3- os vícios da especialização das ciências
antropossociais. Ausência de um esforço interdisciplinar.
4- tendência para a fragmentação, disjunção e
esoterização do saber científico.
5- potencialidades subjugadoras e benéficas do
conhecimento científico.
Os poderes criados pela atividade científica escapam
totalmente dos próprios cientistas.
“Esse poder, em migalhas no nível da investigação,
encontra-se reconcentrado no nível dos poderes
econômicos e políticos.”
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4. Possibilidades de destruição e
manipulação criadas pela ciência
Progresso inédito dos conhecimentos
científicos, paralelo ao progresso
múltiplo da ignorância.
Progresso dos aspectos benéficos da
ciência, paralelo ao progresso de seus
aspectos nocivos ou mortíferos.
Progresso ampliado dos poderes da
ciência, paralelo à impotência ampliada
dos cientistas a respeito desses
mesmos poderes. p. 18
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5. As três noções
1- ciência: pura, nobre, desinteressada.
2- técnica: neutralidade
3- política: má e nociva, pevertora do uso da ciência.
“Vivemos uma era história em que os desenvolvimentos
científicos, técnicos e sociológicos estão cada vez mais
em inter-retroações estreitas e múltiplas.” p.19
Experimentação científica: técnica de manipulação.
A potencialidade de manipulação está no caráter da
relação ciência/técnica.
“Hoje, a ciência tornou-se poderosa e maciça instituição
no centro da sociedade, subvencionada, alimentada,
controlada pelos poderes econômicos e estatais.” p. 19
A técnica produzida pela ciência, transforma a sociedade
e a sociedade tecnologizada transforma a ciência.
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6. Uma dupla tarefa cega
Todas as ciências, incluindo as físicas e
biológicas são ciências sociais.
Problemas:
1- a ciência natural não tem nenhum meio
para conceber-se como realidade social.
2- a ciência antropossocial não tem
nenhum meio de perceber-se como
biofísica.
3- a ciência não controla sua própria
estrutura do pensamento. O conhecimento
científico não conhece a si próprio.
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7. Tarefa cega, segundo Husserl
“a eliminação por princípio do sujeito
observador, experimentador e
concebedor da observação, da
experimentação e da concepção
eliminou o ator real, o cientista, homem,
intelectual, universitário, espírito incluído
numa cultura, numa sociedade, numa
história.” p. 20-21
Necessidade do autoconhecimento do
conhecimento científico.
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8. II. A verdade da ciência
O espírito científico é incapaz de se
pensar de tanto crer que o
conhecimento científico é o reflexo do
real. (...) a verdade objetiva da ciência
escapa a todo o olhar científico, visto
que ela é esse próprio olhar.” p.21
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9. A metáfora do iceberg: zonas
cegas da ciência
As teorias científicas
são como icebergs,
têm enorme parte
imersa não
científica, mas
indispensável ao
desenvolvimento da
ciência.
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10. “A ciência é mais mutável do que a teologia”. Whitehead.
Evolução do conhecimento científico: extensão do saber,
transformação, rupturas, passagem de uma teoria a outra.
A evolução da ciência vem a ser uma seleção natural. Popper.
Na evolução científica, através de transformações
revolucionárias, um paradigma desaba para dar lugar a um
novo paradigma. Kuhn
“(...) que a ciência seja verdadeira em seus dados (verificados,
verificáveis), sem que por isso suas teorias sejam
‘verdadeiras’.” p.22-23
“O dogma (doutrina) é inatacável pela experiência. A teoria
científica é biodegradável.” p.23
Exemplos de teoria ao mesmo tempo científica e doutrina auto-
suficiente: marxismo e freudismo.
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11. A incerteza/certeza
“ O progresso das certezas científicas,
entretanto, não caminha na direção de
uma grande certeza.” p.23
“E, assim, tanto as ignorâncias como os
conhecimentos provenientes do
progresso científico trazem
esclarecimento insubstituível aos
problemas fundamentais ditos
filosóficos.” p. 24
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12. A regra do jogo
A ciência é um campo aberto onde as teorias se embatem com
os princípios explicativos e as visões de mundo se chocam com
os postulados metafísicos (pluralidade conflitual).
Regras do jogo (empíricas e lógicas): respeito aos dados,
obediência a critérios de coerência.
A vitalidade da ciência reside no conflito de ideologias e dos
pressupostos metafísicos.
O jogo científico da verdade e do erro é superior num universo
ideológico, religioso, político.
Pensar as condições bioantropológicas do conhecimento e as
raízes culturais, sociais e históricas das teorias.
“É necessário, portanto, que toda ciência se interrogue sobre
suas estruturas ideológicas e seu enraizamento sociocultural.”
p. 25
“Falta-nos uma sociologia do conhecimento científico.” p.26
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13. Vivemos uma revolução
científica?
Renovação do conhecimento científico no
século xx: ciências físicas, ciências biológicas
e a antropologia provocaram mudanças na
própria visão do mundo.
“Os princípios de explicação “clássicos” que
dominavam antes de ser perturbados pelas
transformações que evoquei postulavam que
a aparente complexidade dos fenômenos
podia explicar-se a partir de alguns princípios
simples, que a espantosa diversidade dos
seres e das coisas podia explicar-se a partir
de alguns elementos simples.” p.27
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14. A crise do princípio clássico de
explicação
Ciência clássica: exclusão da aleatoriedade, concepção
determinista do universo, reconhecimento das
organizações. Aparecimento da contradição = erro de
pensamento. O universo obedecia à lógica aristotélica.
Eliminação do observador da observação.
Séculos XIX ao XXI: mudanças na percepção da ciência:
aceitabilidade da aleatoriedade, estudos da
termodinâmica (calor = desordem), da estatística (acaso
= necessidade). Avanços para a teoria da organização.
Reconhecimento e enfretamento das contradições.
Reintrodução do observador na observação.
“(...) tomar consciência da determinação
etnosociocêntrica que hipoteca toda concepção de
sociedade, cultura, homem.” p.29
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15. Para um princípio de
complexidade
Necessidade de um princípio de explicação mais rico do
que o princípio de simplificação: separação/redução.
Princípio da complexidade: estabelecimento da
comunicação entre aquilo que é distinguido: o objeto e o
ambiente, a coisa observada e o observador.
Concepção da problemática da organização: esforço para
obter uma visão poliocular ou poliscópica de todas as
dimensões que envolvem o humano.
Urgência da ruptura da grande disjunção:
natureza/cultura, objeto/sujeito.
Procurar a comunicação entre a esfera dos objetos e a
dos sujeitos, estabelecendo a relação entre as ciências
naturais e as ciências humanas, sem provocar o
reducionismo.
Busca por uma transformação-metamorfose na estrutura
do pensamento para enfrentar a complexidade do real.
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16. Propostas para a investigação
1- aspectos técnoburocráticos sirvam
para estimular o crescimento da
investigação.
2- os cientistas façam uma auto-crítica e
a ciência uma auto-análise.
3- incentivos para a reforma do
pensamento e a revolução científica.
Reflexões sobre o problema do
investigador, além do sentido
corporativo e profissional.
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17. “Sabemos que um espírito criativo, aberto,
liberal pode, se for dotado de poderes,
exercer um “despotismo esclarecido” que
favorece a liberdade e a criação, mas
sabemos também que não podemos
institucionalizar o princípio do despotismo
esclarecido: pelo contrário, temos de
instituir comissões para fazer face aos
perigos mais graves do poder
incontrolável.” p.34
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18. Proteger o desvio
1- manutenção e desenvolvimento do pluralismo
teórico (ideológico, filosófico) em todas as
instituições e comissões científicas.
2- proteção do desvio, ou seja, tolerar/favorecer os
desvios no seio dos programas e instituições
“É preciso que os investigadores despertem e se
exprimam enquanto investigadores.” p.35
Necessidade da ciência de se auto-interrogar.
A crise intelectual/ciência e dos cientistas provoca a
descoberta das contradições e o confronto entre a
ética do conhecimento e a ética cívica e humana.
A crise intelectual diante da responsabilidade de
cada um é a condição básica para o progresso da
consciência.
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19. Os dois deuses
“É o domínio do domínio da natureza que
causa hoje causa problemas.” p.36
Controle da atividade científica/controle
dos cidadãos pelo estado/recuperação do
controle pelos cientistas = tomada de
consciência.
A ética do conhecimento e a ética cívica e
humana são complementares e
antagônicas.
Consequências: o conhecimento traz em si
a morte generalizada. p. 36
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20. “(...) hoje, a árvore do conhecimento
científico corre o risco de cair sob o
peso dos seus frutos, esmagando Adão,
Eva e a infeliz serpente.”. 36
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21. 2- O conhecimento do
conhecimento
O Círculo de Viena: busca pelos enunciados
atômicos fundamentados num dado empírico
formalmente definido e dele, construir proposições e
teorias para elaboração de um pensamento
verdadeiro, seguro e científico.
O que é a ciência?
“o que prova que uma teoria é científica é o fato de
ela ser falível e aceitar ser refutada.” p.38
A ciência é mais mutável que a teologia: Whitehead.
Demarcação entre ciência e pseudociência: Karl
Popper.
“não basta que uma teoria seja verificável, é preciso
que ela possa ser falsificada.”p. 38
Crítica da indução.
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22. A indução não leva à certeza verdadeira
partindo apenas de fatos da observação
verificados. A certeza teórica é baseada
na dedução.
Nenhuma teoria pode ser provada para
sempre ou resistir para sempre à
falseabildade.
Qual é o fundamento da ciência?
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23. “uma teoria não é objetiva; uma teoria
não é o reflexo da realidade; uma teoria
é uma construção da mente, uma
construção lógico-matemática que
permite responder a certas perguntas
que fazemos ao mundo, à realidade.
Uma teoria se fundamenta em dados
objetivos, mas uma teoria não é objetiva
em si mesma.” p.40
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