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6   Espectrofotometria

    6.1    Introdu¸˜o
                  ca
    Medir ´ basicamente chacoalhar o objeto sob estudo, e ver o que acontece. Uma maneira boa de cutucar
           e
    mol´culas, ´ com radia¸˜o eletromagn´tica (luz). A palavra espectrofotometria designa um m´todo de
         e      e         ca              e                                                       e
    an´lise baseado em medidas de absor¸˜o de radia¸˜o eletromagn´tica. A t´cnica que aqui se descreve est´
       a                                ca         ca             e         e                             a
    restrita a uma pequena regi˜o de comprimento de onda da radia¸˜o eletromagn´tica, que corresponde
                               a                                     ca            e
    ` luz vis´ ou ultra-violeta: ´ a faixa entre aproximadamente 200 e 700 nm (1 nanometro = 10−9 m,
    a        ıvel                e
    700 nm = 0,7 µm.)

    6.2    Absor¸˜o de Radia¸˜o
                ca          ca
    V´rias coisas podem acontecer com a radia¸˜o luminosa que atinge uma certa substˆncia (ver Figura 6.1)
      a                                            ca                                           a
         A radia¸˜o incidente pode sofrer reflex˜o, refra¸˜o, espalhamento ou ser absorvida pelo material.
                ca                                   a         ca
    Disso resulta que somente uma parte da radia¸˜o incidente ´ transmitida atrav´s do material.
                                                         ca             e                    e
         O processo de absor¸˜o ocorre ao n´ molecular. Assim, como acontece num ´tomo, cada mol´cula
                              ca              ıvel                                             a               e
    caracteriza-se por possuir n´ ıveis de energia moleculares quantizados, os quais podem ser ocupados pelos
    el´trons das mol´culas. Por outro lado, a radia¸˜o carrega energia, sendo que o valor dessa energia
      e                e                                    ca
    depende do comprimento de onda da radia¸˜o. A absor¸˜o da radia¸˜o se d´ quando a energia que
                                                      ca             ca           ca        a
    ela transporta ´ igual ` diferen¸a entre dois n´
                     e       a        c                 ıveis de energia da mol´cula; nessa situa¸˜o, a energia da
                                                                               e                    ca
    radia¸˜o ´ transferida para a mol´cula e ocorre a chamada absor¸˜o de radia¸˜o.
          ca e                           e                                  ca            ca
         Como mol´culas de substˆncias de substˆncias diferentes tˆm diferentes n´
                   e               a                a                    e              ıveis moleculares de energia,
    ocorre que cada substˆncia absorve a radia¸˜o de maneira peculiar. Dito de outra forma, os compri-
                             a                        ca
    mentos de onda que uma certa substˆncia absorver˜o s˜o caracter´
                                               a                 a a            ısticos da sua estrutura e outras
    substˆncias absorver˜o outros comprimentos de onda. Se levantarmos dados referentes ` intensidade de
          a                a                                                                         a
    luz absorvida por uma substˆncia, em fun¸˜o dos comprimentos de onda da radia¸˜o, estaremos obtendo
                                   a             ca                                           ca
    uma curva chamada espectro de absor¸˜o da substˆncia. O importante ´ que cada substˆncia tem um
                                              ca              a                     e                  a
    espectro caracter´ ıstico e, desse modo, se queremos identificar um material desconhecido, poderemos
    fazˆ-lo a partir de sua curva de absor¸˜o, comparada com curvas de substˆncias conhecidas.
        e                                    ca                                       a
         Uma vez conhecido o espectro de absor¸˜o de uma dada substˆncia pode-se tamb´m determinar em
                                                    ca                       a                    e
    que quantidade essa substˆncia se apresenta em uma solu¸˜o analisada. Isso ´ feito atrav´s da medida
                                 a                                   ca                   e             e
    da intensidade de luz que atravessa a amostra, como veremos a seguir.




    Figura 6.1: Reflex˜o, refra¸˜o, espalhamento e absor¸˜o fazem com que a luz que sai da amostra tenha
                     a        ca                       ca
    uma intensidade menor do que a luz que incide.


                                                           1
6.3. Lei de Lambert-Beer                                                                      2




                   Figura 6.2: Experimento ao qual se refere a lei de Lambert-Beer.


6.3    Lei de Lambert-Beer
Lambert estudou a transmiss˜o de luz por s´lidos homogˆneos. Beer estendeu o trabalho de Lambert
                               a                 o            e
ao estudo de solu¸˜es. Pode-se apresentar as conclus˜es dois dois pesquisadores na forma de uma lei
                  co                                      o
conhecida como a Lei de Lambert-Beer.
    Atrav´s dessa lei, intensidades da radia¸˜o incidente e emergente podem ser relacionadas com as
         e                                      ca
concentra¸˜es do material presente na solu¸˜o. Vamos discorrer brevemente sobre essa lei, com os
          co                                     ca
seguintes esclarecimentos:
   1. S˜o considerados desprez´
       a                         ıveis os efeitos de reflex˜o, refra¸˜o e espalhamento.
                                                          a        ca
   2. A radia¸˜o incidente deve ser monocrom´tica, isto ´, conter somente um comprimento de onda.
              ca                                   a         e
Isto posto, vamos considerar a situa¸˜o ilustrada na Figura 6.2. I0 e I s˜o, respectivamente, as intensi-
                                       ca                                   a
dades da radia¸˜o incidente e transmitida pela amostra. Muitas vezes, a intensidade transmitida decai
               ca
exponencialmente com o aumento do caminho percorrido na solu¸˜o (comprimento l da Figura 6.2), e
                                                                      ca
tamb´m com o aumento da concentra¸˜o c:
     e                                   ca
                                              I = I0 10−εlc
sendo c a concentra¸˜o do material em estudo, l o comprimento interno do recipiente que contem a
                     ca
solu¸˜o, e ε(λ), o coeficiente de extin¸˜o ou absortividade ou coeficiente de absor¸˜o, um fator carac-
     ca                               ca                                          ca
ter´
   ıstico da substˆncia absorvedor (e o solvente), que depende do comprimento de onda da radia¸˜o.
                  a                                                                            ca
    A grandeza que medimos experimentalmente ´ a transmitˆncia T que ´ a raz˜o entre a intensidade
                                                  e          a           e      a
incidente e a transmitida:
                                                T = I/I0                                        (6.1)
Em rela¸ao a essa grandeza, a lei de Lambert-Beer assume ent˜o a forma
       c˜                                                   a
                                               T = 10−εlc
A absorbˆncia A ´ definida como
        a       e
                                              A = − log10 T                                         (6.2)
Assim, em rela¸˜o ` absorbˆncia a lei de Lambert-Beer ´ escrita
              ca a        a                           e
                               A = − log10 T = log10 (1/T ) = log10 (10εlc )
e portanto,
                                                 A = εlc                                            (6.3)
    Vemos o porque da defini¸˜o da absorbˆncia: nas condi¸˜es da validade da lei de Lambert-Beer ´ uma
                             ca            a             co                                     e
quantidade proporcional ` concentra¸˜o. O espectrofotˆmetro se torna um medidor de concentra¸˜o
                          a           ca               o                                           ca
seletivo para um determinada substˆncia, atrav´s da rela¸˜o c = A/εl.
                                    a              e     ca
    De uma maneira geral, para uma solu¸˜o de dada substˆncia, em um certo solvente, analisada a
                                             ca             a
um certo comprimento de onda da radia¸˜o, pode-se tra¸ar uma curva da absorbˆncia A em fun¸˜o da
                                          ca           c                         a             ca
concentra¸˜o c; a partir dessa curva ser´ poss´ determinar a concentra¸˜o de qualquer amostra dessa
          ca                            a       ıvel                   ca
solu¸˜o.
    ca
6.4. Instrumenta¸˜o
                ca                                                                          3


6.4   Instrumenta¸˜o
                 ca
De maneira global, um espectrofotˆmetro tem trˆs partes:
                                    o           e
Fonte de radia¸˜o normalmente ´ uma lˆmpada incandescente. Existe tamb´m um controle de in-
                ca                   e      a                                  e
    tensidade da radia¸˜o, mas ´ fundamental um meio de controle do comprimento da onda (por
                        ca          e
    exemplo, filtros ou monocromatizadores como prismas ou grades de difra¸˜o). No nosso aparelho,
                                                                            ca
    pode-se selecionar o comprimento de onda da luz incidente atrav´s de um controle manual.
                                                                    e
Amostra deve estar contida em um recipiente apropriado do tipo tubos de ensaio ou cubetas. Como
    normalmente medidas comparativas s˜o feitas (uma medida com s´ solvente, outra com solvente
                                            a                         o
    e soluto), as cubetas vˆm emparelhadas. As cubetas s˜o fabricadas o mais igual poss´
                            e                             a                               ıvel. Assim,
    no resultado final, somente o soluto faz uma contribui¸˜o ` absor¸˜o.
                                                          ca a       ca
Detetor ´ um elemento sens´ ` radia¸˜o e que pode nos dar uma medida da intensidade da mesma;
         e                    ıvel a    ca
    varia desde foto-mol´culas at´ o pr´prio olho. Um indicador no aparelho converte o sinal do
                          e           e   o
    elemento em um n´mero. Os instrumentos em geral disp˜e de duas indicadores: uma delas nos d´
                       u                                    o                                        a
    a transmitˆncia T (Eq. 6.1) e a outra d´ a absorbˆncia A (Eq. 6.2) direto, evitando a necessidade
               a                              a      a
    de uma calculadora.

6.5   Experimento
A mol´cula guaiazuleno (C15 H18 , 198,31 g/mol) foi isolado originalmente a partir do ´leo essencial
      e                                                                               o
              ´
de camomila. E usado como corante em alimentos e cosm´ticos. Temos uma solu¸˜o de 19,8 mg de
                                                          e                       ca
guaiazuleno em 100 ml de ethanol. Queremos levantar o espectro de absor¸˜o no vis´ (de 400 at´ 700
                                                                       ca        ıvel          e
nm) e medir o coeficiente de extin¸˜o ε (no comprimento de onda de maior absor¸˜o).
                                 ca                                            ca

Medida do espectro de absor¸˜o de um corante
                           ca
A receita para medir o espectro segue:
  1. Ligue o aparelho, e espere cinco minutos para o aquecimento e estabiliza¸˜o dos circuitos.
                                                                              ca
  2. Ajuste o comprimento de onda para o valor m´ximo (λ = 700 nm).
                                                   a
  3. Em alguns aparelhos, sem cubeta no aparelho, tem um obst´culo entre a lˆmpada e o detetor. A
                                                                 a              a
     transmitˆncia neste situa¸˜o deve ser zero: regule a transmitˆncia T para zero, usando o bot˜o
              a               ca                                   a                                a
     apropriado. Em outros aparelhos este ajuste ´ feito de outra forma, ou n˜o precisa ser feito.
                                                  e                           a
  4. Coloque uma cuba com somente solvente na porta-amostra do aparelho. Nesta situa¸˜o, vamos
                                                                                           ca
     definir a transmitˆncia sendo 100% (T = 1). Portanto, regule a transmitˆncia para 100%, usando
                       a                                                     a
     o bot˜o apropriado. Este ajuste ´ feito para que, ao analisarmos a solu¸˜o, tenhamos eliminado
           a                          e                                      ca
     a absor¸˜o por parte do solvente e a cuba. Ao contr´rio do ajuste do item anterior, a regulagem
             ca                                          a
     da transmitˆncia 100% deve ser feita para todo valor de λ, uma vez que o solvente pode absorver
                 a
     diferentemente em cada λ.
  5. Retire a cubeta com o solvente e coloque em seu lugar a que contem a solu¸˜o. O indicador
                                                                                    ca
     dar´ a transmitˆncia T ou a absorbˆncia A, dependendo da posi¸˜o de um bot˜o. Anote os dois.
         a           a                  a                             ca            a
     (Verifique com a sua calculadora que o aparelho d´ de fato A = − log T )
                                                       a
  6. Varie λ a intervalos adequados, repetindo sempre os itens (4) e (5). Levante o espectro entre 400
     e 700 nm, com uma resolu¸˜o melhor (me¸a mais pontos) na regi˜o de maior absorbˆncia.
                               ca             c                        a                 a
  7. Fa¸a um gr´fico com dois eixos verticais, um para T , outro para A.
        c        a

Medida da curva de concentra¸˜o
                            ca
Vai agora fixar o comprimento de onda e obter dados da absorbˆncia da solu¸˜o em fun¸˜o da concen-
                                                              a            ca        ca
tra¸˜o do solu¸˜o, afim de conseguir o coeficiente de extin¸˜o da mol´cula em quest˜o.
   ca         ca                                         ca        e             a
  1. A partir dos dados da parte anterior, fixe o comprimento de onda λ no valor correspondente `a
     m´xima absor¸˜o. Me¸a o comprimento interno l da sua cubeta. Qual ´ a concentra¸˜o molar da
       a           ca     c                                              e            ca
     sua solu¸˜o?
             ca
  2. Coloque o solvente no porta-amostras e fa¸a os ajustes de transmitˆncia zero e 100%, como na
                                              c                        a
     parte anterior.
6.6. Relat´rio
          o                                                                                4


  3. Me¸a a absorbˆncia, dilua a solu¸˜o e repete, at´ n˜o conseguir medir mais porque a transmitˆncia
         c         a                 ca              e a                                         a
     (T ) ficou perto de 100% (a absorbˆncia A ficou muito pequena).
                                        a
  4. Fa¸a o gr´fico dos seus dados (A contra a concentra¸˜o). A proporcionalidade de A com c (Eq. 6.3)
        c     a                                          ca
     ´ verificada? Tire o coeficiente de extin¸˜o ε a partir da derivada (coeficiente angular) do seu
     e                                        ca
     gr´fico. (Qual unidades tem ε? Como poderia estimar a incerteza no seu valor?)
       a

6.6   Relat´rio
           o
Vamos se preocupar sobretudo com uma apresenta¸˜o boa dos dados e uma discuss˜o. Descreve tamb´m
                                                ca                              a                 e
eventuais dificuldades que tinha com o seu aparelho. Discute a rela¸˜o entre o seu espectro e a cor da
                                                                  ca
solu¸˜o que usou. A lei de Lambert-Beer (proporcionalidade entre concentra¸˜o e absorbˆncia) foi
    ca                                                                        ca           a
verificada?




   Coment´rios e sugest˜es s˜o bem vindos: ewout@if.usp.br
         a             o    a

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Espectro 2006

  • 1. 6 Espectrofotometria 6.1 Introdu¸˜o ca Medir ´ basicamente chacoalhar o objeto sob estudo, e ver o que acontece. Uma maneira boa de cutucar e mol´culas, ´ com radia¸˜o eletromagn´tica (luz). A palavra espectrofotometria designa um m´todo de e e ca e e an´lise baseado em medidas de absor¸˜o de radia¸˜o eletromagn´tica. A t´cnica que aqui se descreve est´ a ca ca e e a restrita a uma pequena regi˜o de comprimento de onda da radia¸˜o eletromagn´tica, que corresponde a ca e ` luz vis´ ou ultra-violeta: ´ a faixa entre aproximadamente 200 e 700 nm (1 nanometro = 10−9 m, a ıvel e 700 nm = 0,7 µm.) 6.2 Absor¸˜o de Radia¸˜o ca ca V´rias coisas podem acontecer com a radia¸˜o luminosa que atinge uma certa substˆncia (ver Figura 6.1) a ca a A radia¸˜o incidente pode sofrer reflex˜o, refra¸˜o, espalhamento ou ser absorvida pelo material. ca a ca Disso resulta que somente uma parte da radia¸˜o incidente ´ transmitida atrav´s do material. ca e e O processo de absor¸˜o ocorre ao n´ molecular. Assim, como acontece num ´tomo, cada mol´cula ca ıvel a e caracteriza-se por possuir n´ ıveis de energia moleculares quantizados, os quais podem ser ocupados pelos el´trons das mol´culas. Por outro lado, a radia¸˜o carrega energia, sendo que o valor dessa energia e e ca depende do comprimento de onda da radia¸˜o. A absor¸˜o da radia¸˜o se d´ quando a energia que ca ca ca a ela transporta ´ igual ` diferen¸a entre dois n´ e a c ıveis de energia da mol´cula; nessa situa¸˜o, a energia da e ca radia¸˜o ´ transferida para a mol´cula e ocorre a chamada absor¸˜o de radia¸˜o. ca e e ca ca Como mol´culas de substˆncias de substˆncias diferentes tˆm diferentes n´ e a a e ıveis moleculares de energia, ocorre que cada substˆncia absorve a radia¸˜o de maneira peculiar. Dito de outra forma, os compri- a ca mentos de onda que uma certa substˆncia absorver˜o s˜o caracter´ a a a ısticos da sua estrutura e outras substˆncias absorver˜o outros comprimentos de onda. Se levantarmos dados referentes ` intensidade de a a a luz absorvida por uma substˆncia, em fun¸˜o dos comprimentos de onda da radia¸˜o, estaremos obtendo a ca ca uma curva chamada espectro de absor¸˜o da substˆncia. O importante ´ que cada substˆncia tem um ca a e a espectro caracter´ ıstico e, desse modo, se queremos identificar um material desconhecido, poderemos fazˆ-lo a partir de sua curva de absor¸˜o, comparada com curvas de substˆncias conhecidas. e ca a Uma vez conhecido o espectro de absor¸˜o de uma dada substˆncia pode-se tamb´m determinar em ca a e que quantidade essa substˆncia se apresenta em uma solu¸˜o analisada. Isso ´ feito atrav´s da medida a ca e e da intensidade de luz que atravessa a amostra, como veremos a seguir. Figura 6.1: Reflex˜o, refra¸˜o, espalhamento e absor¸˜o fazem com que a luz que sai da amostra tenha a ca ca uma intensidade menor do que a luz que incide. 1
  • 2. 6.3. Lei de Lambert-Beer 2 Figura 6.2: Experimento ao qual se refere a lei de Lambert-Beer. 6.3 Lei de Lambert-Beer Lambert estudou a transmiss˜o de luz por s´lidos homogˆneos. Beer estendeu o trabalho de Lambert a o e ao estudo de solu¸˜es. Pode-se apresentar as conclus˜es dois dois pesquisadores na forma de uma lei co o conhecida como a Lei de Lambert-Beer. Atrav´s dessa lei, intensidades da radia¸˜o incidente e emergente podem ser relacionadas com as e ca concentra¸˜es do material presente na solu¸˜o. Vamos discorrer brevemente sobre essa lei, com os co ca seguintes esclarecimentos: 1. S˜o considerados desprez´ a ıveis os efeitos de reflex˜o, refra¸˜o e espalhamento. a ca 2. A radia¸˜o incidente deve ser monocrom´tica, isto ´, conter somente um comprimento de onda. ca a e Isto posto, vamos considerar a situa¸˜o ilustrada na Figura 6.2. I0 e I s˜o, respectivamente, as intensi- ca a dades da radia¸˜o incidente e transmitida pela amostra. Muitas vezes, a intensidade transmitida decai ca exponencialmente com o aumento do caminho percorrido na solu¸˜o (comprimento l da Figura 6.2), e ca tamb´m com o aumento da concentra¸˜o c: e ca I = I0 10−εlc sendo c a concentra¸˜o do material em estudo, l o comprimento interno do recipiente que contem a ca solu¸˜o, e ε(λ), o coeficiente de extin¸˜o ou absortividade ou coeficiente de absor¸˜o, um fator carac- ca ca ca ter´ ıstico da substˆncia absorvedor (e o solvente), que depende do comprimento de onda da radia¸˜o. a ca A grandeza que medimos experimentalmente ´ a transmitˆncia T que ´ a raz˜o entre a intensidade e a e a incidente e a transmitida: T = I/I0 (6.1) Em rela¸ao a essa grandeza, a lei de Lambert-Beer assume ent˜o a forma c˜ a T = 10−εlc A absorbˆncia A ´ definida como a e A = − log10 T (6.2) Assim, em rela¸˜o ` absorbˆncia a lei de Lambert-Beer ´ escrita ca a a e A = − log10 T = log10 (1/T ) = log10 (10εlc ) e portanto, A = εlc (6.3) Vemos o porque da defini¸˜o da absorbˆncia: nas condi¸˜es da validade da lei de Lambert-Beer ´ uma ca a co e quantidade proporcional ` concentra¸˜o. O espectrofotˆmetro se torna um medidor de concentra¸˜o a ca o ca seletivo para um determinada substˆncia, atrav´s da rela¸˜o c = A/εl. a e ca De uma maneira geral, para uma solu¸˜o de dada substˆncia, em um certo solvente, analisada a ca a um certo comprimento de onda da radia¸˜o, pode-se tra¸ar uma curva da absorbˆncia A em fun¸˜o da ca c a ca concentra¸˜o c; a partir dessa curva ser´ poss´ determinar a concentra¸˜o de qualquer amostra dessa ca a ıvel ca solu¸˜o. ca
  • 3. 6.4. Instrumenta¸˜o ca 3 6.4 Instrumenta¸˜o ca De maneira global, um espectrofotˆmetro tem trˆs partes: o e Fonte de radia¸˜o normalmente ´ uma lˆmpada incandescente. Existe tamb´m um controle de in- ca e a e tensidade da radia¸˜o, mas ´ fundamental um meio de controle do comprimento da onda (por ca e exemplo, filtros ou monocromatizadores como prismas ou grades de difra¸˜o). No nosso aparelho, ca pode-se selecionar o comprimento de onda da luz incidente atrav´s de um controle manual. e Amostra deve estar contida em um recipiente apropriado do tipo tubos de ensaio ou cubetas. Como normalmente medidas comparativas s˜o feitas (uma medida com s´ solvente, outra com solvente a o e soluto), as cubetas vˆm emparelhadas. As cubetas s˜o fabricadas o mais igual poss´ e a ıvel. Assim, no resultado final, somente o soluto faz uma contribui¸˜o ` absor¸˜o. ca a ca Detetor ´ um elemento sens´ ` radia¸˜o e que pode nos dar uma medida da intensidade da mesma; e ıvel a ca varia desde foto-mol´culas at´ o pr´prio olho. Um indicador no aparelho converte o sinal do e e o elemento em um n´mero. Os instrumentos em geral disp˜e de duas indicadores: uma delas nos d´ u o a a transmitˆncia T (Eq. 6.1) e a outra d´ a absorbˆncia A (Eq. 6.2) direto, evitando a necessidade a a a de uma calculadora. 6.5 Experimento A mol´cula guaiazuleno (C15 H18 , 198,31 g/mol) foi isolado originalmente a partir do ´leo essencial e o ´ de camomila. E usado como corante em alimentos e cosm´ticos. Temos uma solu¸˜o de 19,8 mg de e ca guaiazuleno em 100 ml de ethanol. Queremos levantar o espectro de absor¸˜o no vis´ (de 400 at´ 700 ca ıvel e nm) e medir o coeficiente de extin¸˜o ε (no comprimento de onda de maior absor¸˜o). ca ca Medida do espectro de absor¸˜o de um corante ca A receita para medir o espectro segue: 1. Ligue o aparelho, e espere cinco minutos para o aquecimento e estabiliza¸˜o dos circuitos. ca 2. Ajuste o comprimento de onda para o valor m´ximo (λ = 700 nm). a 3. Em alguns aparelhos, sem cubeta no aparelho, tem um obst´culo entre a lˆmpada e o detetor. A a a transmitˆncia neste situa¸˜o deve ser zero: regule a transmitˆncia T para zero, usando o bot˜o a ca a a apropriado. Em outros aparelhos este ajuste ´ feito de outra forma, ou n˜o precisa ser feito. e a 4. Coloque uma cuba com somente solvente na porta-amostra do aparelho. Nesta situa¸˜o, vamos ca definir a transmitˆncia sendo 100% (T = 1). Portanto, regule a transmitˆncia para 100%, usando a a o bot˜o apropriado. Este ajuste ´ feito para que, ao analisarmos a solu¸˜o, tenhamos eliminado a e ca a absor¸˜o por parte do solvente e a cuba. Ao contr´rio do ajuste do item anterior, a regulagem ca a da transmitˆncia 100% deve ser feita para todo valor de λ, uma vez que o solvente pode absorver a diferentemente em cada λ. 5. Retire a cubeta com o solvente e coloque em seu lugar a que contem a solu¸˜o. O indicador ca dar´ a transmitˆncia T ou a absorbˆncia A, dependendo da posi¸˜o de um bot˜o. Anote os dois. a a a ca a (Verifique com a sua calculadora que o aparelho d´ de fato A = − log T ) a 6. Varie λ a intervalos adequados, repetindo sempre os itens (4) e (5). Levante o espectro entre 400 e 700 nm, com uma resolu¸˜o melhor (me¸a mais pontos) na regi˜o de maior absorbˆncia. ca c a a 7. Fa¸a um gr´fico com dois eixos verticais, um para T , outro para A. c a Medida da curva de concentra¸˜o ca Vai agora fixar o comprimento de onda e obter dados da absorbˆncia da solu¸˜o em fun¸˜o da concen- a ca ca tra¸˜o do solu¸˜o, afim de conseguir o coeficiente de extin¸˜o da mol´cula em quest˜o. ca ca ca e a 1. A partir dos dados da parte anterior, fixe o comprimento de onda λ no valor correspondente `a m´xima absor¸˜o. Me¸a o comprimento interno l da sua cubeta. Qual ´ a concentra¸˜o molar da a ca c e ca sua solu¸˜o? ca 2. Coloque o solvente no porta-amostras e fa¸a os ajustes de transmitˆncia zero e 100%, como na c a parte anterior.
  • 4. 6.6. Relat´rio o 4 3. Me¸a a absorbˆncia, dilua a solu¸˜o e repete, at´ n˜o conseguir medir mais porque a transmitˆncia c a ca e a a (T ) ficou perto de 100% (a absorbˆncia A ficou muito pequena). a 4. Fa¸a o gr´fico dos seus dados (A contra a concentra¸˜o). A proporcionalidade de A com c (Eq. 6.3) c a ca ´ verificada? Tire o coeficiente de extin¸˜o ε a partir da derivada (coeficiente angular) do seu e ca gr´fico. (Qual unidades tem ε? Como poderia estimar a incerteza no seu valor?) a 6.6 Relat´rio o Vamos se preocupar sobretudo com uma apresenta¸˜o boa dos dados e uma discuss˜o. Descreve tamb´m ca a e eventuais dificuldades que tinha com o seu aparelho. Discute a rela¸˜o entre o seu espectro e a cor da ca solu¸˜o que usou. A lei de Lambert-Beer (proporcionalidade entre concentra¸˜o e absorbˆncia) foi ca ca a verificada? Coment´rios e sugest˜es s˜o bem vindos: ewout@if.usp.br a o a