1) A prevenção da gravidez indesejada é fundamental, principalmente para adolescentes e jovens sexualmente ativos.
2) Existem vários métodos contraceptivos como barreira, hormonais e cirúrgicos, e a escolha deve levar em conta fatores individuais.
3) É importante orientar sobre as limitações de cada método e a necessidade da dupla proteção contra gravidez e DSTs, destacando preservativos.
2. A prevenção da gestação não planejada é fundamental, principalmente para
adolescentes e adultos jovens sexualmente ativos, que devem ser orientados
precocemente, uma vez que a idade para início das relações sexuais está
diminuindo cada vez mais, enquanto estão aumentando o número de
adolescentes grávidas.
Os métodos contraceptivos podem ser divididos didaticamente em:
comportamentais, de barreira, dispositivo intra-uterino (DIU), métodos
hormonais e cirúrgicos.
A escolha do método contraceptivo deve ser sempre personalizada levando-se
em conta fatores como idade, números de filhos, compreensão e tolerância ao
método, desejo de procriação futura e a presença de doenças crônicas que
possam agravar-se com o uso de determinado método. Como todos os métodos
têm suas limitações, é importante que saibamos quais são elas, para que
eventualmente possamos optar por um dos métodos. Todavia, na
orientação sobre os métodos anticoncepcionais deve ser destacada a
necessidade da dupla proteção (contracepção e prevenção as DST e
HIV/AIDS), mostrando a importância dos métodos de barreira, como os
preservativos masculinos ou femininos.
3. Método Rítmico ou Ogino-Knaus (do calendário
ou tabelinha): procura calcular o início e o fim
do período fértil (já explicado anteriormente no
ciclo menstrual) e somente é adequado para
mulheres com ciclo menstrual regular. A mulher
deve ser orientada, inicialmente, a marcar no
calendário os últimos 6 a 12 ciclos menstruais
com data do primeiro dia e duração, calculando
então o seu período fértil e abstendo-se de
relações sexuais com contato genital neste
período. É pouco eficaz se não for combinado
com outros métodos, como preservativos ou
espermicidas, pois depende da abstenção
voluntária nos períodos férteis da mulher, onde a
libido (desejo sexual) se encontra em alta.
4. Temperatura basal: método oriundo na observação das
alterações fisiológicas da temperatura corporal ao longo do ciclo
menstrual. Após a ovulação, a temperatura basal aumenta entre
0,3 e 0,8o C (ação da progesterona). A paciente deve medir a
temperatura oral, durante 5 minutos, pela manhã (após repouso
de no mínimo 5 horas) antes de comer ou fazer qualquer esforço,
e anotar os resultados durante dois ou mais ciclos menstruais.
Esse procedimento deve ser realizado desde o primeiro dia da
menstruação até o dia em que a temperatura se elevar por 3 dias
consecutivos.
Depois de estabelecer qual é a sua variação normal, e o padrão
de aumento, poderá usar a informação, evitando relações sexuais
no período fértil.
Uma grande desvantagem do método da temperatura é que se a
mulher tiver alguma doença, como um simples resfriado ou
virose, todo o esquema se altera, tornando impossível retomar a
linha basal, ou saber se o aumento de temperatura é devido à
ovulação ou a febre.
5. Método do Muco Cervical (Billing): baseia-se na identificação do período
fértil pelas modificações cíclicas do muco cervical, observado no auto-
exame e pela sensação por ele provocada na vagina e vulva. A observação
da ausência ou presença do fluxo mucoso deve ser diária. O muco
cervical aparece cerca de 2 a 3 dias depois da menstruação, e
inicialmente é pouco consistente e espesso. Logo antes da ovulação, ele
atinge o chamado "ápice", em que fica bem grudento.
Testa-se colocando o muco entre o indicador e o polegar e tentando-se
separar os dedos. É necessária a interrupção da atividade sexual nesta
fase, permanecendo em abstinência por no mínimo 4 dias a partir do pico
de produção, período em que se inicia o período infértil novamente.
Esse método também exige observação sistemática e responsabilidade
por parte da mulher durante vários meses, até conhecer bem o seu ciclo
e o muco. No entanto, qualquer alteração provocada por doença, ou
quando a mulher tem pouco ou muito muco, o método se torna pouco
confiável.
Coito interrompido: baseia-se na capacidade do homem em pressentir a
iminência da ejaculação e neste momento retirar o pênis da vagina. Tem
baixa efetividade, levando à disfunção sexual do casal, e deve ser
desencorajado.
6. Estes métodos impedem a ascensão dos
espermatozóides ao útero, sendo
fundamentais na prevenção das DST e AIDS.
Junto com a pílula anticoncepcional e o coito
interrompido, são os métodos não definitivos
mais utilizados.
Condom ou camisinha ou preservativo: quase
todas as pessoas podem usar; protege contra
doenças sexualmente transmissíveis, inclusive
AIDS; previne doenças do colo uterino; não faz
mal a saúde; é de fácil acesso.
7. O condom masculino é um envoltório de
látex que recobre o pênis, retendo o
esperma no ato sexual, impedido o contato
deste e de outros microrganismos com a
vagina e o pênis ou vice-versa.
Uso da masculina: desenrolar a camisinha no
pênis ereto, antes de qualquer contado com
a vagina, ânus ou boca. Deve ser retirada do
pênis imediatamente após a ejaculação,
segurando as bordas da camisinha para
impedir que os espermatozóides escapem
para a vagina.
8. A camisinha possui lado certo para
desenrolar, para saber qual é o correto,
basta tentar desenrolar se não der ou for
muito complicado vire a pontinha para o
outro lado.
9. Depois de retirá-la da embalagem, deve-se
apertar a pontinha (dando uma leve
torcidinha) para evitar que fique com ar
porque, se ficar com ar, ela pode estourar
com mais facilidade. Lembre-se que o pênis
deve estar ereto (duro).
10. Segurando a ponta apertada ir desenrolando
a camisinha sobre o pênis até chegar à base.
Depois de desenrolar até a base evite ficar
passando a mão, pois pode retirar o
lubrificante e fazer com que a camisinha
estoure com mais facilidade. Agora está tudo
pronto para se ter uma relação sexual
protegida.
11. A camisinha deve ficar desta forma no pênis.
Quais as chances de que a camisinha
masculina falhe?
A taxa de falha varia de 3 a 14 mulheres em
100 podem ficar grávidas em um ano de uso.
12. O condom feminino constitui-se em um tubo
de poliuretano com uma extremidade
fechada e a outra aberta acoplado a dois
anéis flexíveis também de poliuretano na
cérvice uterina, paredes vaginais e vulva. O
produto já vem lubrificado devendo ser
utilizado uma única vez, destacando-se que o
poliuretano por ser mais resistente que o
látex pode ser utilizado com vários tipos de
lubrificantes.
13. Uso da feminina: retirar da embalagem
somente na hora do uso. Flexionar o anel de
modo que possa ser introduzido na vagina.
Com os dedos indicador e médio, empurrar o
máximo que puder, de modo que fique
sobrando um pouco para fora, o que deve
permanecer assim durante a relação. Retirar
logo após a ejaculação, rosqueando o anel
para que não escorra o líquido seminal para
dentro da vagina.
Se usada corretamente, sua eficácia é alta,
varia de 82 a 97%.
14. Efeitos
colaterais: alergia ou irritação, que
pode ser reduzida trocando a marca e tipo e
com uso de lubrificantes à base de água.
15. Diafragma:é um anel flexível, coberto por uma membrana
de borracha fina, que a mulher deve colocar na
vagina, para cobrir o colo do útero. Como uma
barreira, ele impede a entrada dos
espermatozóides, devendo ser utilizado junto com um
espermicida, no máximo 6 horas antes da relação sexual. A
adesão da paciente depende da utilização correta do
dispositivo. A higienização e o armazenamento corretos do
diafragma são fatores importantes na prevenção de
infecções genitais e no prolongamento da vida útil do
dispositivo. Por apresentar vários tamanhos (de acordo
com o tamanho do colo uterino), deve ser indicado por um
médico para uma adequação perfeita ao colo uterino. Deve
ser usado com espermicida. Recomenda-se introduzir na
vagina de 15 a 30 minutos antes da relação sexual e só
retirar 6 a 8 horas após a última relação sexual de
penetração.
16. As esponjas são feitas de poliuretano, são
adaptadas ao colo uterino com alça para sua
remoção e são descartáveis (ao contrário do
diafragma), estão associadas a espermicidas
que são substâncias químicas que imobilizam
e destroem os espermatozóides, podendo ser
utilizados combinadamente também com o
diafragma ou preservativos. Existem em
várias apresentações de espermicidas:
cremes, geléias, supositórios, tabletes e
espumas.
17. Os DIUs são artefatos de polietileno, aos quais
podem ser adicionados cobre ou hormônios, que
são inseridos na cavidade uterina exercendo sua
função contraceptiva. Atuam impedindo a
fecundação, tornando difícil a passagem do
espermatozóide pelo trato reprodutivo feminino.
Os problemas mais freqüentes durante o uso do
DIU são a expulsão do dispositivo, dor pélvica,
dismenorréia (sangramentos irregulares nos
meses iniciais) e aumento do risco de infecção
(infecção aguda sem melhora ou infecções
persistentes implicam na remoção do DIU). Deve
ser colocado pelo médico e é necessário um
controle semestral e sempre que aparecerem
leucorréias (corrimentos vaginais anormais).
18.
19. Mulheres que têm hemorragias muito abundantes
ou cólicas fortes na menstruação, ou que tenham
alguma anomalia intra-uterina, como miomas ou
câncer ginecológico, infecções nas trompas,
sangramentos vaginais ou alergia ao cobre não
podem usar o DIU. Não é aconselhado para
nulíparas (mulheres que nunca engravidaram).
A gravidez raramente ocorre (eficácia alta,
variando de 95 a 99,7%) com risco de
abortamento no 1o e 2o trimestres. A retirada do
DIU pode ser feita após avaliação ultra-
sonográfica, considerando os riscos para o
embrião. Se a retirada não for possível por riscos
de abortamento, a paciente deve ser
acompanhada a intervalos curtos de tempo e
orientada em relação a sangramentos vaginais e
leucorréias.
20. Lançado recentemente no Brasil, o Mirena é
um novo método endoceptivo, como o DIU.
Trata-se de um dispositivo de plástico ou de
metal colocado dentro do útero. É um DIU
combinado com hormônios. Tem forma de T,
com um reservatório que contém 52 mg de
um hormônio chamado levonogestrel que age
na supressão dos receptores de estriol
endometrial, provocando a atrofia do
endométrio e inibição da passagem do
espermatozóide através da cavidade uterina.
21. O Mirena atua liberando uma pequena
quantidade de hormônio diretamente da
parede interna do útero, continuamente por
cinco anos. Ele também torna o muco do
cérvix (colo do útero) mais espesso,
prevenindo a entrada do esperma. A dosagem
é equivalente a tomar duas a três mini-
pílulas por semana. A diferença do Mirena em
relação aos outros dispositivos intra-uterinos
é que ele evita muitos efeitos colaterais.
22. A menstruação pode desaparecer
completamente em algumas mulheres após
poucos meses.
Tem duração de cinco anos.
Método seguro (1 a cada 1000 mulheres
poderão engravidar).
Risco de gravidez ectópica reduzido (cerca
de 2 a cada 10.000 mulheres ao ano).
Reduz dores menstruais.
As desvantagens são semelhantes às do DIU.
Índice de falha: 0.1%
23. Anticoncepcional Hormonal Combinado
Oral (AHCO): o AHCO consiste na utilização
de estrogênio associado ao progesterona,
impedindo a concepção por inibir a ovulação
pelo bloqueio da liberação de gonadotrofinas
pela hipófise. Também modifica o muco
cervical tornando-o hostil ao
espermatozóide, altera as condições
endometriais, modifica a contratilidade das
tubas, interferindo no transporte ovular.
Existem diversos tipos de pílulas. As mais
comumente receitadas são:
24. pílulas monofásicas: toma-se uma pílula por dia, e
todas têm a mesma dosagem de hormônios
(estrogênio e progesterona). Começa-se a tomar no
quinto dia da menstruação até a cartela acabar. Fica-
se sete dias sem tomar, durante os quais sobrevém a
menstruação.
pílulas multifásicas: toma-se uma pílula por dia, mas
existem pílulas com diferentes dosagens, conforme a
fase do ciclo. Por isso, podem ter dosagens mais
baixas, e causam menos efeitos colaterais. São
tomadas como as pílulas monofásicas, mas têm cores
diferentes, de acordo com a dosagem e a fase do
ciclo: não podem ser tomadas fora da ordem.
pílulas de baixa dosagem ou minipílulas: têm uma
dosagem mais baixa e contém apenas um hormônio
(geralmente progesterona); causando menos efeitos
colaterais. São indicadas durante a amamentação,
como uma garantia extra para a mulher. Devem ser
tomadas todos os dias, sem interrupção, inclusive na
menstruação.
25.
26. Pode causar efeitos colaterais em algumas mulheres, como
náusea, sensibilidade dos seios, ganho de peso ou retenção
de água, alterações no humor, manchas na pele, dor de
cabeça, aumento na pressão sangüínea.
Em algumas mulheres podem causar riscos à saúde. Desta
forma, mulheres fumantes, com problemas cardíacos, com
doenças do fígado e do coração, hipertensão, suspeita de
gravidez, flebite ou
varizes, glaucoma, enxaqueca, derrame, ou obesidade não
devem usar pílulas.
É menos efetiva quando tomada com algumas drogas.
Certas medicações, especificamente antibióticos
interferem na ação das pílulas, tornando o controle menos
efetivo.
Uma falha no esquema de tomar a pílula pode cancelar ou
diminuir sua efetividade.
Tomada por muito tempo, pode aumentar o risco de câncer
de mama.
Não é recomendada para mulheres com menos de 16 ou
mais de 40 anos.
27. A anticoncepção de emergência é um uso alternativo
de contracepção hormonal oral (tomado antes de 72
horas após o coito) evitando-se a gestação após uma
relação sexual desprotegida. Este método só deve ser
usado nos casos de emergência, ou seja, nos casos
em que os outros métodos anticoncepcionais não
tenham sido adotados ou tenham falhado de alguma
forma, como esquecimento, ruptura da caminsinha,
desalojamento do diafragma, falha na tabelinha ou
no coito interrompido, esquecimento da tomada da
pílula por dois ou mais dias em um ciclo ou em caso
de estupro. Este contraceptivo contém o
levonorgestrel, que é um tipo de progesterona. O
levonorgestrel previne a gravidez inibindo a ovulação,
fertilização e implantação do blastocisto.
28.
29. Um tablete original contém dois comprimidos. O primeiro
comprimido deve ser tomado no máximo 72 horas após a
ocorrência de uma relação sexual desprotegida (nunca após
esse prazo). O segundo deve ser tomado 12 horas após o
primeiro. Se ocorrer vômito, a dose deve ser repetida.
Nem sempre surte resultados e pode ter efeitos colaterais
intensos. Os sintomas mais comuns são náusea, dores
abdominais, fadiga, dor de cabeça, distúrbio no ciclo
menstrual, tontura, fragilidade dos seios, e, em casos
menos comuns, diarréia, vômito e acnes.
Com efeito semelhante, podem ser utilizados quaisquer
anticonceptivos hormonais orais contendo apenas
progesterona ou combinados, contendo 0,25 mg de
levonorgestrel e 0,05 mg de estinilestradiol (Evanor,
Neovlar) ou contendo 0,15 mg de levonorgestrel e 0,03 mg
de etinilestradiol (Microvlar, Nordette).
Índice de falha:
Se usada até 24 horas da relação - 5 %.
Entre 25 e 48 horas - 15 %.
Entre 49 e 72 horas - 42 %.
30. Injetáveis: os anticoncepcionais hormonais
injetáveis são anticoncepcionais hormonais
que contém progesterona ou associação de
estrogênios, para administração parenteral
(intra-muscular ou IM), com doses hormonais
de longa duração.
Consiste na administração de progesterona
isolada, via parenteral (IM), com obtenção de
efeito contraceptivo por períodos de 1 ou 3
meses, ou de uma associação de estrogênio e
progesterona para uso parenteral (IM),
mensal.
32. Quais as chances de que a injeção falhe?
A taxa de falha na injeção mensal varia de 0.1%
a 0.6% ou seja, de cada mil mulheres que usam
durante um ano, de uma a seis engravidam. A
taxa de falha da injeção trimestral é de 0,3% ou
seja, de cada mil mulheres que usam durante um
ano, apenas três engravidam.
A injeção pode fazer mal para a saúde?
Alterações do ciclo menstrual: pequeno
sangramento nos intervalos entre as
menstruações, sangramento prolongado, e
amenorréia (ausência de menstruação)
Ganho de peso
Dor de cabeça leve
Vertigens
33. Laqueadura tubária e Vasectomia: a
esterilização (laqueadura tubária e vasectomia)
um método contraceptivo cirúrgico e
definitivo, realizado na mulher através da
ligadura ou corte das trompas impedindo, o
encontro dos gametas masculino e feminino e no
homem, pela ligadura ou corte dos canais
deferentes (vasectomia), o que impede a
presença dos espermatozóides no líquido
ejaculado. Quando houver indicação de
contracepção cirúrgica masculina e,
principalmente, a feminina deve ser baseada em
critérios rígidos, observando-se a legislação
vigente.