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FACULDADE CAMPOS ELISEOS
                    PÓS-GRADUAÇÃO
            ESPECIALIZAÇÃO EM ARTE-EDUCAÇÃO
ZÉLIA HELENO TRINDADE




REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE MÚSICA NAS ESCOLAS




SÃO PAULO
2012
ZÉLIA HELENO TRINDADE




REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE MÚSICA NAS ESCOLAS




                               Monografia apresentada à Faculdade
                               Campos Elíseos, como requisito parcial
                               para a obtenção do título de
                               Especialista em arte-educação

                               Orientador(a): Maria Socorro Gonçalves
                                  Torquato




SÃO PAULO
                        2012
ZÉLIA HELENO TRINDADE

REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE MÚSICA NAS ESCOLAS




                                       Monografia apresentada à Faculdade
                                       Campos Elíseos, como requisito parcial
                                       para a obtenção do título de Especialista
                                       Arte-Educação




Aprovado em:

Banca Examinadora
Orientador(a) Prof(a) Ms ____________________________________________
Assinatura________________________________________________________
Prof(a) ___________________________________________________________
Assinatura_________________________________________________________
Prof(a) Ms _________________________________________________________
Assinatura_________________________________________________________
“Quero defender uma ideia bastante simples:
que a música é feita para ser bela e para
proporcionar experiências de beleza, e que a
beleza existe para dar alegria, a alegria
estética, que é uma alegria específica,
diferente dos prazeres de que habitualmente
desfrutamos, e queconstitui um dos aspectos
da alegria cultural”. (Snyders, 1992, p. 11).




“Partindo da concepção de que a música é
um meio de comunicação, que serve-se de
uma linguagem, pode-seconcluir que uma
contribuição para a tomada de consciência
do novo, ou do desconhecido, seja uma
dasmais importantes, se não sua mais
importante função.”

(H. J. Koellreutter,1994).
RESUMO


       Nas últimas décadas, o ensino da música vem sendo praticamente excluído do
currículo escolar do ensino fundamental das escolas brasileiras. Sua prática não vem
sendo trabalhada sistematicamente,permanecendoà margem do currículo escolar.
       Este trabalhobusca compreender o sentido e o significado da educação musical
no ensino fundamental e traz como objetivo, detectar e analisar o ensino da música nas
escolas e suas implicações na grade curricular.
        Busca    também    entender    os   benefícios   das   práticas   musicais   no
desenvolvimento humano e, compreender como os resultados dessas transformações se
destacam no aprimoramento de outras áreas, inclusive no aprendizado escolar.
        Estudiosos têm comprovado os benefícios que a aprendizagem de música traz
para o desenvolvimento humano. Os estudos apontam que, para além de momentos
prazerosos, o aprendizado de música contribui para o desenvolvimento dos aspectos
cognitivos, emocionais e sociais, promovendo o bem-estar do indivíduo.
       Uma das questões que envolvem este trabalho é saber qual o papel da música na
educação formal dos indivíduos.É através da musicalidade vivida e sentida
intensamente que o aluno pode obter um desenvolvimento pessoal mais rico e
abrangente, podendo se tornar um ser melhor.
       Desta forma, uma análise é fundamental para se redimensionar o papel da
música na escola e buscar as condições necessárias para que possa vir a ter um valor
significativo no processo de educação escolar.


PALAVRAS-CHAVE :MÚSICA , ALFABETIZAÇÃO,ENSINO- APRENDIZAGEM
SUMÁRIO


I-INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------1
II-HISTÓRICO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA-------------------------- 2
A-OS PARÂMETROS CURRICULARES----------------------------------------------------7
B- OS BENEFÍCIOS DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA-----8
B.1- A PRÁTICA COERENTE DO ENSINO DA MÚSICA------------------------------10
B 2-COMO UTILIZAR A MÚSICA NA SALA DE AULA-------------------------------12
C- A MÚSICA E A ALFABETIZAÇÃO-----------------------------------------------------15
C1- A MÚSICA E A INTERDISCIPLINARIDADE---------------------------------------17
C2- A MÚSICA E O PROCESSO DO ENSINO –APRENDIZAGEM------------------20
D- O PAPEL E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR MUSICAL---------------------------23
III-CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------------------------28
IV- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS----------------------------------------------------30
I-INTRODUÇÃO


       Este trabalho pretende fazer uma reflexão do processo e da dinâmica do ensino da
música nas instituições escolares do ensino fundamental. A partir do histórico do ensino da
música, analisar a sua desvalorização como disciplina e o desconhecimento de sua
importância na formação do jovem.
       Para alcançar os objetivos, foram realizadas pesquisas bibliográficas com base em
autores que são autoridades na área e, também, em documentos educacionais.
       Observa-se a importância de trabalhar a música em sala de aula de forma consciente,
proporcionando às crianças a oportunidade de interagir com os mais diversos estilos musicais
a fim de desenvolver suas habilidades.
       Os estudos revelam também que a música proporciona melhoria no convívio social,
ajudando na superação de problemas como violência e uso de drogas, também favorecendo o
desenvolvimento cognitivo e afetivo.
       São muitos os problemas enfrentados pela área de educação musical, dentre eles,
considero como os de maior importância, a falta de sistematização do ensino de música nas
escolas de ensino fundamental e o desconhecimento do valor da educação musical como
disciplina integrante do currículo escolar.
       É prática comum nas escolas, principalmente nas séries iniciais, ouvir música na
entrada e na saída do período escolar, no recreio, e ainda, de forma bastante acentuada, nos
momentos de festividades que obedecem a um calendário com datas a serem comemoradas
pela comunidade escolar.
       Neste sentido, podemos afirmar que a música está presente no cotidiano escolar de
nossas crianças e jovens. Ela está presente em todo e qualquer lugar, pois vem ocupando cada
vez mais espaços no cenário social da vida contemporânea.
       Uma reflexão sobre a atual prática pedagógica musical pode ajudar a esclarecer o valor
da Educação Musical dentro do contexto institucional. Pode-se, ainda, destacar a importância
de estabelecermos uma relação pedagógica com crianças e jovens que propicie a sua
aproximação e o gosto pela música. Precisamos considerar as experiências, necessidades e
linguagens de cada um.




                                              1
II-HISTÓRICO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA E SUA
IMPORTÂNCIA


       A partir de um estudo histórico, buscou-seelementos que pudessem ajudar a entender
este processo de esvaziamento pelo qual passou o ensino da música.
        A escolha deste marco, de 1930 a 1980, se justifica pela importância que a música
ocupou na educação brasileira no contexto da Era Vargas e pela crise em que já se encontrava
no início da década de 80 do século XX, em virtude das mudanças introduzidas no ensino
desta disciplina pela Lei nº 5692/71.
        O estudo realizado evidenciou os fundamentos do ensino da música no Brasil neste
período. Neles podem-se observar diferentes perspectivas que acabaram por gerar propostas
curriculares diferenciadas. O ensino da música através do Canto Orfeônico e da Iniciação
Musical (década de 30) absorveu, respectivamente, o mesmo discurso modernista de
musicalizar a todos, embora por caminhos diferentes: o primeiro, por intermédio da educação
de massa, buscando musicalizar os alunos da escola pública; o segundo, a partir do ideário da
escola novista, voltava-se para o atendimento individualizado da criança.
        Mais tarde, nos anos 70, dentro da tendência tecnicista, surge uma proposta curricular
com a integração das artes e um professor que tecnicamente deveria estar preparado em várias
linguagens artísticas, proposta esta, influenciada pelo movimento arte-educação em
efervescência no país, neste período.
        De acordo com a nova política, alterações são realizadas no currículo das escolas.
Entre estas modificações, a disciplina “Música” passa a integrar, juntamente com as Artes
Plásticas e o Teatro, a disciplina Educação Artística, estabelecida pela Lei nº 5692/71.
       Embora acreditassem na possibilidade de desenvolver a sensibilidade pelas artes e o
gosto pelas manifestações artístico-estéticas, na prática, o que ocorreu foi uma interpretação
equivocada dos termos integração e polivalência, que terminou por diluir os conteúdos
específicos de cada área ou por excluí-los da escola.
        A partir deste momento, o ensino da música na escola de ensino regular vem sendo
sistematicamente desvalorizado no âmbito educacional brasileiro.
       É possível compreender, que o ensino da música hoje requer uma proposta curricular
que considere as diferenças culturais, o respeito à individualidade e as experiências de cada
aluno e, principalmente, as vivências musicais que eles trazem para dentro do espaço escolar.


                                               2
O princípio do direito universal da educação para todos está contemplado por meio da
LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso e pelo então ministro da educação Paulo Renato em 20 de
dezembro de 1996. A Lei, em seu artigo Art. 26, § 2º, deixa clara a obrigatoriedade do ensino
da arte, sendo esta componente curricular obrigatória nos diversos níveis da educação básica
com objetivo de auxiliar o desenvolvimento dos alunos.
       Ainda, no mesmo artigo, § 6º, define-se a obrigatoriedade do ensino da música
subentendendo-se que a música, bem como as demais disciplinas, deverá ser conteúdo do
currículo nas escolas públicas e que todos, sem distinção alguma, terão oportunidade de
aquisição do conhecimento musical de forma sistemática, embora cientes de que, como as
demais disciplinas, o aprendizado da música neste estágio não habilita os estudantes à prática
profissional da área.
       A Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008, que trata da alteração sobre a lei supracitada,
em princípio, dá a entender que a preocupação com a regulamentação do ensino da música é
privilégio dos dias atuais, mas, de acordo com Amato (2006), já em 1854, havia tal
preocupação. Conforme a autora, nesse ano, um decreto federal regulamentou o ensino de
música no país. O decreto buscava orientar os docentes, preparando-os com as atividades
dessa área que deveriam ser ministradas aos alunos.
       No ano seguinte, outro decreto tratava da legalização contratual de professores de
música por meio de concurso público.
       Em relação aos dias atuais, conforme Loureiro (2003), a música na educação escolar
brasileira está ausente há várias décadas.
        O motivo, dentre vários fatores, foi a perda de identidade enquanto disciplina ao ser
transformada em 1971 em um dos componentes da disciplina Educação Artística. No entanto
com a intenção de superação da pedagogia tecnicista da época e as preocupações na formação
de indivíduos criativos capazes de enfrentarem os novos desafios, promoveram sua reinserção
nos currículos da escola fundamental.
       Percebe-se que a música na educação brasileira ainda é vista como acessório para
entretenimento, como um recurso de reposição em momentos em que não se é possível
cumprir o planejado pelo currículo escolar, sem a importância devida como material didático-
pedagógico que possa contribuir para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem e a
formação do homem.



                                              3
As escolas tentam enquadrar-se para a inclusão da nova disciplina usando estratégias,
na maioria das vezes, inadequadas, reforçando a ideia de que essa atividade, como
conhecimento científico, não apresenta o mesmo valor das outras disciplinas.
       Ainda que esses procedimentos venham sendo repensados, muitas instituições
encontram dificuldades para integrar a linguagem musical ao contexto educacional. Constata-
se uma defasagem entre o trabalho realizado na área da música e nas demais áreas do
conhecimento, evidenciada pela realização de atividades de reprodução e imitação em
detrimento de atividades voltadas à criação e à elaboração musical.
       Nesse contexto, a música é tratada como se fosse um produto pronto, que se aprende a
reproduzir, e não uma linguagem cujo conhecimento constrói. (BRASIL, 1998, p. 45).
                                                      De acordo com Loureiro (2003), no Brasil,
                                               a aquisição de habilidades musicais ainda é um
                                               processo acessível somente a uma pequena parcela
                                               das crianças. Mesmo com a legalização para a
                                               implantação   no    currículo,   as   dificuldades
                                               encontradas nas escolas públicas brasileiras não
                                               são muito diferentes da realidade do século
                                               XIX.(loureiro 2003, pg.25)
       Com a implantação da Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, a música como
atividade educativa sofre ainda uma série de limitações, tais como carência de material
músico-pedagógico, salas inadequadas, tempo disponível reduzido, além de turmas
numerosas. O número de professores da área ainda está muito aquém do necessário e esse fato
provoca um grande desajuste na educação musical.
       Loureiro afirma ainda que a prática é bem diferente do proposto pelas leis. Segundo a
autora, além da falta de infraestrutura, o professor não possui o conhecimento necessário e
acaba transmitindo-o de acordo com sua própria percepção sem os embasamentos técnicos e
científicos devidos, logo, ensina conforme aprendeu, priorizando e considerando apenas o seu
próprio conhecimento, ignorando a música apreciada pelos alunos e suas vivências.
       Os conteúdos são fragmentados, desatualizados, abstratos, direcionando o seu ensino a
uma educação imposta, deixando de lado a educação musical de qualidade da escola.
       Assim como Loureiro (2003), outros autores compreendem o exercício dessa atividade
como elemento auxiliar em vários aspectos no desenvolvimento da criança. Dentre eles,
Correia (2010) a elege como sendo imprescindível na educação. Segundo o autor,
pedagogicamente, ela é um recurso que enriquece o processo educacional e atribui a ela um

                                              4
grande valor artístico, estético, cognitivo e emocional. Para ele, a linguagem musical oferece
possibilidades interdisciplinares.
       De acordo com esse autor, a música possui caráter racional, subjetivo e emocional, e
certamente poderá auxiliar no processo ensino-aprendizagem, já que por apresentar
característica interdisciplinar, é de grande valia como instrumento metodológico e didático-
pedagógico.
       Acrescenta que a linguagem, principalmente textual, pode ser potencializada por meio
da utilização da linguagem musical, que serve ao processo de ensino-aprendizagem e também
como método alternativo para se aplicar à educação.
       Conforme se observa no Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil,
RCNEI (1998), a música é entendida como linguagem musical com capacidade de comunicar
sensações e sentimentos por meio do som e do silêncio e está presente em todas as culturas,
sendo que na Grécia antiga já era considerada fundamental na formação dos futuros cidadãos,
ao lado da Matemática e da Filosofia.
                                                      O trabalho com música deve considerar,
                                               portanto, que ela é um meio de expressão e forma
                                               de conhecimento acessível aos bebês e crianças,
                                               inclusive aquelas que apresentem necessidades
                                               especiais. A linguagem musical é excelente meio
                                               para   o   desenvolvimento   da   expressão,   do
                                               equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento,
                                               além de poderoso meio de integração social.
                                               (BRASIL, 1998 pg.47).
       Conforme o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil RCNEI (1998),
o canto desempenha um papel de grande importância na educação musical infantil, pois
integra a melodia com o ritmo, sendo um excelente meio para desenvolver a audição, já que
as crianças, ao cantar, imitam o que ouvem, o que influencia de maneira extremamente
positiva no desenvolvimento da audição. Ao imitar, as crianças desenvolvem a elaboração do
repertório de informações que se transformará em uma linguagem que servirá para que se
comuniquem posteriormente.
       A escola deve promover o envolvimento de pessoas relacionadas à música,
proporcionando assim meios para que os alunos possam tornar-se desde ouvintes sensíveis até
no caso de manifestar desejo de se tornarem músicos profissionais. A escola deve valorizar,


                                              5
ajudar e incentivar a criação de eventos, para que os alunos possam se apresentar e mostrar
suas criações.
                                                       A educadora musical Elvira Drummond
                                             defende     a   importância     da   música     para    o
                                             desenvolvimento         dos   hemisférios     direito   e
                                             esquerdo do cérebro. Conforme a autora, essa
                                             prática    ajuda    a     ativação   dos      neurônios,
                                             promovendo desenvolvimento motor e social ao
                                             processo de aquisição da linguagem. A educadora
                                             afirma que está cientificamente comprovado que a
                                             música amplia as redes neurais, o que ajuda o
                                             desenvolvimento cognitivo. (Drumond 2010. Pg
                                             50)
                                                       Como afirma Stefani (1989), “ouvido para
                                             música” não é algo inato, pois essa habilidade se
                                             forma aos poucos, com trabalho, e são necessários,
                                             sobretudo, muitos exercícios de motivação. Ainda
                                             exemplifica dizendo que, assim como o ouvido do
                                             pastor, que se forma em contato com os sons que
                                             ouve e que necessita para exercer tal função, o
                                             mesmo acontece com o ouvido de um mecânico e,
                                             da mesma forma, o do músico que, com o treino,
                                             aprende a perceber o som do instrumento.
       Dessa forma, o esforço para aprendizagem da música é muito importante e há
necessidade de muito treino, porém não de um aprendizado tecnicista, mas, sim, um esforço
na busca por compreender cada passo; saber que habilidade para a percepção musical só surge
com dedicação.




                                            6
A-OS PARÂMETROS CURRICULARES (PCNS)


       Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) citam que a inclusão da música no
ensino fundamental tem o objetivo de oportunizar ao aluno, o desenvolvimento de uma
inteligência musical. Mas, para que ela tenha sucesso na formação do cidadão, é necessário
que todos tenham oportunidades de estarem na posição de ouvintes, intérpretes, compositores
e improvisadores, dentro e fora da sala de aula.
                                                   “(...) As oportunidades de aprendizagem de arte,
                                                   dentro e fora da escola, mobilizam a expressão e a
                                                   comunicação pessoal e ampliam a formação do
                                                   estudante como cidadão, principalmente por
                                                   intensificar as relações dos indivíduos tanto com
                                                   seu mundo interior como com o exterior”. (PCN,
                                                   Arte, Introdução, 1998, p.19).
       O ensino da música tem por objetivos gerais abrir espaço para que os alunos possam
se expressar e se comunicar através dela, bem como promover experiências de apreciação e
abordagem em seus vários contextos culturais e históricos.
       O primeiro objetivo, é a comunicação e a expressão pela música que se dão através da
interpretação, improvisação e composição. O professor deve utilizar como metodologia
atividades que favoreçam esse processo. Tais como, trazer para sala de aula interpretações de
músicas já existentes, para que os alunos possam vivenciar o processo de expressão individual
e grupal, não se esquecendo de fazer conexões com a localidade e a identidade cultural dos
alunos, permitindo-lhes também improvisar, compor, observar e analisar suas estratégias e de
seus colegas nas atividades de produção.
       O segundo objetivo é a apreciação da música que se dá pela escuta, envolvimento e
compreensão da linguagem musical. O professor deve, por exemplo, promover uma discussão
e um levantamento de critérios sobre a possibilidade de determinadas produções sonoras
serem ou não músicas, para que a partir daí ele possa explicar as linguagens musicais; dar
espaço para que os alunos possam escutar diversos estilos de música e pedir que eles
percebam as características expressivas e de intencionalidade dos compositores e intérpretes
dessas músicas.
       O terceiro objetivo é a abordagem da música em vários contextos culturais e históricos
que se dá através da expressão musical de vários povos em diferentes épocas.
                                               7
A metodologia que o professor pode utilizar é trazer para sala de aula diferentes
músicas e a partir delas instigar a curiosidade dos alunos, indagando-os sobre a que cultura
elas pertencem e a partir daí traçar as suas características. Assim como, deve ser incentivada e
motivada a criatividade dos alunos no ato da elaboração e interpretação por meio da música
ou de outra manifestação artística.
       Então, após o estudo desses objetivos concluímos que eles abrangem de forma
eficiente os aspectos que devem ser abordados em sala de aula, já que envolvem tanto a
teoria, como a prática e contexto, promovendo um estudo mais completo sobre a música.


B - OS BENEFÍCIOS DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA
       A preocupação atual em formar indivíduos criativos capazes de enfrentar os desafios
do mundo globalizado criaram possibilidades para sua reinserção nos currículos da escola
fundamental.
       São muitos os problemas enfrentados pela área de educação musical. Dentre eles,
consideramos como os de maior importância a falta de sistematização do ensino de música
nas escolas de ensino fundamental e o desconhecimento do valor da educação musical como
disciplina integrante do currículo escolar.
                                                         Segundo Hentschke, a atual prática da
                                                música, sua forma de apresentar-se para as crianças
                                                e os jovens na fase escolar, isto é, inserida no
                                                âmbito escolar com caráter de atividade lúdica,
                                                descontextualizada de suas realidades cotidianas e
                                                sem consequência “educativa” e indaga: qual o
                                                valor da Educação Musical? “E qual seu papel na
                                                educação formal do indivíduo?” Hentschke (1991
                                                p.60).
       “Para Hentschke (1991, p 56)” só a partir de uma reflexão crítica a respeito dos seus
fins, poderemos construir uma estrutura sólida como base de ação para a prática efetiva de
Educação Musical.
       A música do Bob Dylan é um exemplo, de como a escolha de uma música é
importante, pois esta pode ser trabalhada de maneira interdisciplinar e abordar vários
assuntos. O trabalho traz sugestões de atividades para demonstrar a variedade de utilizações
de uma música tanto no ensino da língua inglesa como das outras disciplinas.
                                               8
Além do conteúdo gramatical, interpretação e leitura, é possível explorar aspectos
históricos, políticos, sociais, culturais, religiosos e geográficos. Possibilita a abordagem de
temas transversais, como a violência, cidadania, juventude, drogas, direitos e deveres,
contribuindo para o crescimento cultural e social do aluno enquanto cidadão.
       Através das reflexões e discussões, os alunos perceberão que também existem graves
problemas políticos e sociais em outros países. Concluímos que é possível trabalhar qualquer
assunto em Língua Inglesa, com bons resultados, através da utilização de uma música, um
vídeo para iniciar, ou mesmo finalizar o trabalho.
       A música pode ser uma ferramenta socioeducativa e disciplinadora, mas para se
utilizar a música, o professor teria que ser capacitado através de cursos presenciais ou à
distância, pois muitos destas utilizações são desconhecidaspor eles.
       Scherer (2010), com base na perspectiva histórico-cultural, diz estar a formação de
conceitos relacionada com as possibilidades que os indivíduos encontram no meio em que
vivem e a forma de apropriação desses conceitos. A música, segundo autora, é um
aprendizado que se desenvolve com conhecimento adquirido historicamente. Assim, ao
priorizarmos o ensino dos conceitos musicais em diferentes atividades, estamos estimulando o
estudo da música à criança, proporcionando a ela produtos historicamente acumulados e
importantes para sua formação, porém não de maneiras artificiais por memorização
compulsiva ou repetitiva, mas, sim, com experiências agradáveis.
                                                       Segundo Nogueira, pesquisas no final do
                                               século XX confirmam a importância da música no
                                               desenvolvimento da criança. De acordo com ela,
                                               quanto maiores forem os estímulos recebidos pela
                                               criança, maior será o seu desenvolvimento
                                               intelectual.   Quando   se   trabalha   sons,   se
                                               desenvolvem as capacidades auditivas, trabalhando
                                               gestos e dança, se desenvolvem a coordenação
                                               motora e a atenção e, com o canto, a criança estará
                                               descobrindo suas capacidades e estabelecendo
                                               relações com o meio em que vive. (NOGUEIRA
                                               2003 pg 23)
       Outra linha de estudos aponta a proximidade entre a música e o raciocínio lógico
matemático. Segundo Schaw, Irvine e Rauscher (apud CAVALCANTE, 2004) pesquisadores
da Universidade de Wisconsin, alunos que receberam aulas de música apresentavam

                                               9
resultados de 15 a 41% superiores em testes de proporções e frações do que os de outras
crianças.
        Em outra investigação, Schaw verificou que alunos de 2ª série que faziam aulas de
piano duas vezes por semana, apresentaram desempenho superior em matemática aos alunos
de 4 ª série que não estudavam música.
       De acordo com Loureiro, resultados de pesquisas também comprovam a importância
da música clássica como estímulo à concentração. Conforme experiências realizadas com dois
grupos de crianças em fase de aprendizagem que apresentaram resultados favoráveis à
aplicação da música, o que foi comprovado por meio de experimento em que um grupo de
crianças tinha essa atividade e o outro não.
        Ainda, quanto aos possíveis benefícios que traria, a autora revela que, além de ser de
grande contribuição para ao desenvolvimento cognitivo, auditivo e corporal, ela mostra
indícios de ser um grande instrumento para o desenvolvimento nos campos afetivo e social.
       A autora diz que a música seja por meio de aprendizado de um instrumento ou apenas
pela apreciação, potencializa a aprendizagem cognitiva principalmente no aspecto do
raciocínio lógico, memória e abstração, mas é importante não deixar de lembrar-se de sua
importância na questão afetiva, já que vivemos em uma sociedade competitiva que valoriza
somente os conhecimentos lógicos, raciocínios rápidos e criatividade e que, sem dúvida, a
música também abrange o aspecto emocional do ser humano.


B.1- A PRÁTICA COERENTE DO ENSINO DA MÚSICA


       Hentschke (1991, p 58-60) identifica, pelo menos, cinco valores sobre os quais a
prática de educação musical tem sido fundamentada ao longo dos anos. A autora aponta os
valores “social, estético, multicultural, psicológico e tradicional” como valores e crenças que,
através dos tempos, foram apontados por diversas correntes de pensamento, fundamentados
em áreas diversas de conhecimento e que viriam refletir uma concepção de vida, de homem e
de arte, dentre elas, a música. Segundo a autora:
                                                       (...) faz-se necessário considerar que
                                                em toda prática educacional estão refletidos os
                                                valores e crenças de seus agentes. Neste
                                                sentido, se esses valores e crenças não
                                                estiverem    fundamentados,     eles   poderão

                                               10
facilmente ser transformados ou subjugados a
                                                pressões externas. A convicção e clareza com
                                                que determinados valores são estabelecidos e
                                                assumidos são de fundamental importância,
                                                pois, com base neles, de modo consciente ou
                                                inconsciente, as práticas educacionais são
                                                efetivadas. Portanto, subscrever um valor falso
                                                para a Educação Musical como, por exemplo,
                                                transformando-a em algo lúdico e passageiro,
                                                pode não só trazer prejuízo ao educando como
                                                também para a própria Educação Musical
                                                (Hentschke 1991, p.56).
       Para a autora, nesse processo de identificação dos valores da educação musical não
basta categorizá-los, é necessário torná-los coerentes e claramente definidos para a nossa
sociedade.
       Essa identificação desses valores favorecerá a organização, pelos educadores, de uma
prática educacional mais coerente com a realidade sociocultural, além de auxiliá-los na busca
de uma metodologia adequada, na tomada de decisões como, por exemplo, sobre modos de
atuar e agir, definir programas e currículos, formas de avaliar, escolha de material didático.
       No que se refere à educação pela música dentro dessa nova sociedade em fase de
desenvolvimento sociocultural, em que sistemas ligados à comunicação de massa, ao
desenvolvimento acelerado da tecnologia dominam o cenário nacional, surge a necessidade de
fazê-la interagir com este mundo globalizado, numa tentativa de torná-la mais próxima do
homem, prevenindo, dessa forma, o declínio de sua importância social.
                                                Na sociedade moderna (...) a arte torna-se um meio
                                                de preservação e fortalecimento da comunicação
                                                pessoa a pessoa e de sublimação da melancolia, do
                                                medo e da tristeza, fenômenos que ocorrem pela
                                                manipulação bitolada das instituições públicas e se
                                                tornam fatores hostis à comunicação. Ela se
                                                transforma num instrumento do progresso, do
                                                soerguimento da personalidade e de estímulo à
                                                criatividade (Koellreutter 1997b, p.38-39).



                                               11
A música é compreendida como forma de ampliar o conhecimento cultural das
crianças e jovens no período que abrange a educação básica e, também, como fator que
contribui para o desenvolvimento no ensino-aprendizagem escolar.
       A educação musical na escola deveria objetivar despertar a sensibilidade musical, o
desenvolvimento cognitivo, o afetivo e as relações interpessoais, tendo em vista que seu
caráter cultural diversificado propicia o respeito pelas diferentes culturas e pode contribuir
para o desenvolvimento da criança, dando a ela oportunidade de conhecimento e valorização
da vida e, por apresentar caráter interdisciplinar, é favorável sua inserção no currículo escolar.
       Considerar o amplo acesso que se tem à música fora da escola não justifica a sua falta
no currículo escolar, uma vez que essa música chega aos nossos ouvidos sem nenhuma
discriminação e consciência por parte de quem ouve. Além do mais, é negado ao aluno o
acesso a uma área do conhecimento que certamente poderá levá-lo a desenvolver o potencial
artístico e criador, além de permitir que esses desenvolvam uma apreciação musical crítica e
consciente.     Armazenar,       memorizar        informações,      conhecimentos        estáticos
edescontextualizados não são mais situações possíveis nos dias atuais.
        O momento atual requer a valorização da intuição, da criatividade e da livre expressão
do aluno para encarar e lidar com as diversas situações do seu cotidiano seja dentro ou fora do
contexto escolar. (LOUREIRO, 2003, p.142).
       As músicas apresentadas fora do espaço escolar nem sempre são de boa qualidade,
com intuito de enriquecer o processo educacional, por isso sua implantação no currículo é
favorável segundo educadores musicais.


B.2- COMO UTILIZAR A MÚSICA NA SALA DE AULA


       A música pode ser entendida, ainda, como um estímulo para que o aluno se sinta
valorizado, reforçando sua autoestima, e descobrindo-se como um ser importante, podendo
compor um grupo musical. Isso acontece porque, embora cada pessoa demonstre uma
habilidade maior em determinado instrumento ou tom de voz, poderá participar de trabalho a
ser realizado porque se ajustará em equipe.
       Conforme Fialho (2007), Demori (2007) e Araldi (2007), ensinar música na escola não
significa necessariamente o ensinar a tocar um instrumento especifico, mas, sim, apresentá-la
como área do conhecimento e suas especificidades, com intuito de possibilitar usar práticas



                                                12
musicais coletivas e conteúdos que ajudem na formação do aluno. Também, conforme as
autoras, a simples apreciação já é um bom exercício para os principiantes.
       A partir de uma simples aula sem obrigação, o aluno pode dar sua opinião, expor seu
ponto de vista e, assim, começar a agir com visão crítica, podendo experimentar cantar,
compor ou tocar um instrumento musical. Quando o professor utiliza essa atividade como
instrumento didático-pedagógico, além de ampliar os conhecimentos, pode também
proporcionar ao aluno momentos agradáveis, estimulando-o a expressar-se artisticamente e,
assim, superar as angústias vividas no dia a dia, por meio de momentos prazerosos
proporcionados pela arte.
       Na escola, conforme afirma Lima (2008, p.17), o professor tem a oportunidade de
passar, por meio da música, conteúdos sistematizados, trabalhando de forma que aluno possa
apropriar-se de amplo conhecimento. Ela pode ser utilizada com crianças bem pequenas,
como os bebês e até com os adolescentes, como elemento de aproximação com os professores
facilitando o relacionamento entre ambos.
       Cumpre frisar que por meio da interação social com adultos ou companheiros,
brinquedos, objetos, é que ocorre a apropriação do saber, a criança aprende com o mundo que
a rodeia. Deste modo, com a música, a criança interage com o ritmo, com a letra e aprende
com os colegas e professores até mesmo a treinar sua voz, assim, a aprendizagem ocorre por
meio do estimulo do convívio social e serve de base para novas aprendizagens, já que a cada
etapa apreendida, um novo desafio surgirá e começará um novo empenho para chegar à
próxima.
       Sua importância para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças da educação
infantil também é reconhecida nos documentos oficiais. Segundo os Referenciais Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil RCNEI (1998), sendo a música uma linguagem de caráter
lúdico, o professor ao se utilizar desse elemento sonoro torna o ensino mais atrativo, já que
esta pode proporcionar às crianças, momentos especiais de prazer.
       As artes expressam as características culturais, políticas e sociais de cada época
através de suas obras, sejam na pintura, na arquitetura, no cinema, na literatura ou na música.
Diversos foram os pensadores de distintas áreas do conhecimento que se preocuparam em
entender a relação entre arte e sociedade, criando teorias que estavam além do caráter social,
abrangendo também os aspectos estéticos, históricos e filosóficos.
                                                      Bay (2006, p. 3) salienta que “o traço
                                               comum a todas essas abordagens é a

                                              13
constatação de que arte e sociedade são
                                               conceitos indissociáveis, uma vez que ambos
                                               se originam da relação do homem com seu
                                               ambiente natural”.
       Corroborando com a afirmação, Bauman (1998) entende a arte como um movimento
de vanguarda que “abre” caminhos para a sociedade se guiar.
       Nesse sentido, poder-se-ia dizer que a criação artística é influenciada por diversos
setores que fazem parte de nossas vidas, sejam eles sociais, políticos, econômicos, culturais e
de relações humanas, levando sempre em consideração a história e a diversidade cultural da
sociedade em seu tempo e lugar. Além disso, a música em seu significado próprio comunica
sentidos que, de alguma maneira, constroem subjetividades humanas.
       Para o historiador José Geraldo Vince, da Universidade Estadual de São Paulo
(UNESP), por ser uma dimensão da cultura humana, a música está completamente assentada
à sociedade da qual faz parte.
                                                       A música revela e constrói a sociedade da
                                               qual participa, e é, ao mesmo tempo, construída
                                               por ela. A música faz parte do universo humano,
                                               da cultura humana, e obviamente influencia os
                                               modos de vida e as relações sociais dos que estão a
                                               sua volta; e a sociedade, por outro lado, está
                                               construindo     a     música      a     todo     o
                                               momentoreconstruindo e repensando.       (VINCE,
                                               2010, s/p).
       No contexto escolar, a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem
do educando.
       A utilização da música pode ajudar a enriquecer o trabalho pedagógico, facilitando a
compreensão dos fatos históricos e a formação de sujeitos críticos, atitude tão reforçada nas
propostas curriculares.
       Incentivar a aprendizagem de Língua Inglesa através dos Gêneros textuais, nesse
caso, as músicas facilitam a interação entre professor/aluno, porque a letra da música é a
expressão do sentimento do autor que é registrado através da língua escrita, em um
determinado momento de sua vida e esse tipo de texto está inserido no cotidiano dos alunos,
que muitas vezes, não estão atentos para a mensagem que a letra transmite.


                                              14
B-A MÚSICA E A ALFABETIZAÇÃO


       Alunos desinteressados, com pouca concentração e baixo comprometimento,
apresentando superficialidade em suas relações com o ensino-aprendizagem precisam ser
estimulados a experimentar formas de apreensão da linguagem musical, mesclando estilos e
procedimentos, proporcionando maior abertura para o diálogo e o fazer musical, aliando
experiências e vivências com as possibilidades do encontro com o novo.
       A reportagem publicada no Jornal Folha de S. Paulo, Caderno Cotidiano, do dia 11 de
setembro de 2000, de responsabilidade de Fernanda Krakovics, sob o título “Música ajuda
naalfabetização de crianças”diz, em seu primeiro parágrafo, que “a música é cada vez mais
usada para alfabetizar, resgatar a cultura e ajudar na construção do conhecimento de crianças
carentes. Projetos que envolvem a música na integração social se espalham por todo o país e
são exemplos de sucesso”.
       Ainda na mesma reportagem, a diretora de cultura da Didá Escola de Música, em
Salvador, Vivian Queiroz, diz que “a rotina das oficinas de percussão, teclado, bateria, canto e
instrumentos de corda desenvolvem nas crianças e adolescentes, sem que eles percebam,
valores como disciplina e integração”. Segundo Vivian, a música está presente, desde muito
cedo, nocotidiano das crianças e, por isso, “elas (as crianças) têm uma sensibilidade musical
impressionante, em grande parte porque acordam e dormem ouvindo música”.
       Outra iniciativa de educação através da música acontece na escola Centro Educacional
Daruê Malungo, na cidade de Recife. Lá, além das aulas de percussão e de outras oficinas
culturais, são oferecidas aulas de alfabetização onde o método de ensino, porém, é baseado na
música.
       Segundo a diretora Vilma Carijós, “aqui o „a‟ é de atabaque, e não de avião, o „b‟ é de
berimbau e o „c‟, de caxixi. Também utilizamos como texto letras de música”.Acredita que,
desta forma, facilita a aprendizagem dos alunos “por fazer parte da vida deles”.
       Há outro projeto, intitulado “Música na Escola”, parceria da Secretaria Municipal do
Rio de Janeiro com o Conservatório de Música Brasileira, que também trabalha a música em
classes de alfabetização. Esse projeto envolve os professores da rede municipal de ensino que,



                                              15
depois de frequentarem oficinas de capacitação em que têm aulas de voz, construção de
instrumentos e cultura popular, aplicam o que aprenderam em salas de aula.
       Segundo o educador musical Sérgio Henrique Alves de Andrade, a música não está na
escola como uma atividade recreativa, mas sim na construção do conhecimento.
Ele vê como primordial no projeto, o resgate cultural, e ressalta que:“as crianças geralmente
não têm acesso à música popular, à diversidade de ritmos. Quando levamos isso para a sala de
aula, elas se interessam”.
        A importância da música na formação da cidadania se torna mais importante neste
momento em que nas palavras de Peixoto:
                                           “A globalização, em sua tendência a tudo
                                           igualar, vem rompendo as tradições e
                                           derrubando fronteiras. Não sendo possível
                                           escapar à sua lógica, inserida nas redes da
                                           informática, que arquitetam nossas vidas, não
                                           havendo outro remédio senão navegar nas
                                           águas globais, é indispensável contar com uma
                                           bússola e uma âncora. A bússola: a
                                           informação, o conhecimento tanto a nível
                                           individual, como coletivo, a educação. A
                                           âncora – saber quem somos para não nos
                                           perdermos”
                                           (Peixoto, 1998, p.6).
       Desta forma, uma análise é fundamental para se redimensionar o papel da música na
escola e buscar as condições necessárias para que possa vir a ter um papel e um valor
significativo no processo de educação escolar.
       Atualmente, sabemos que poucas escolas incluem em seu currículo a disciplina
música. Quando há, o que encontramos é o uso excessivo da prática do cantar. Canta-se
demais, de modo inconsciente e mecânico e, o que é ainda pior, sem levar em consideração a
realidade do aluno, levando-o, cada vez mais, a distanciar-se do prazer musical.
       Portanto, para que tal situação possa ser modificada, acreditamos ser necessário,
trabalhar o conteúdo musical dentro de uma visão de currículo mais humanista, onde
possamos envolver e desenvolver musicalmente o aluno, considerando sua vivência e
experiência, valorizando suas habilidades e potencial criativo e integrando, sempre que for
possível, o conteúdo musical aos demais conteúdos desenvolvidos por outras áreas artísticas e
às demais disciplinas do currículo.



                                              16
]




B.1- A MÚSICA E A INTERDISCIPLINARIDADE


       Na concepção de Correia (2010), essa atividade auxilia na aprendizagem e é
componente histórico de qualquer época, ajuda no estudo de questões sociais e políticas e,
para o professor, serve de instrumento didático-pedagógico em vários seguimentos de forma
prazerosa, auxiliando também na expressão e comunicação e no desenvolvimento do
raciocínio lógico.
        Portanto, deveria ser incentivada a interdisciplinaridade e os currículos de ensinos
deveriam adotá-las para trabalhar a cooperação, socialização, minimizando, assim, as
barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. Assim conforme o autor: a
música auxilia na aprendizagem de várias matérias. Ela é componente histórico de qualquer
época, portanto oferece condição de estudos na identificação de questões, comportamentos,
fatos e contextos de determinada fase da história. Os estudantes podem apreciar várias
questões sociais e políticas, escutando canções, música clássica ou comédias musicais.
                                                       O professor pode utilizar a música em
                                              vários segmentos do conhecimento, sempre de
                                              forma prazerosa, bem como na expressão e
                                              comunicação,      linguagem     lógico     matemática,
                                              conhecimento científico, saúde e outras. Os
                                              currículos   de    ensino      devem     incentivar    a
                                              interdisciplinaridade e suas várias possibilidades.
                                              (CORREIA, 2003, p. 84-85).
Ainda, conforme o autor, a música serve como elemento de aproximação:
                                              A utilização da música, bem como o uso de outros
                                              meios,   pode     incentivar    a      participação,   a
                                              cooperação, socialização, e assim destruir as
                                              barreiras que atrasam a democratização curricular
                                              do ensino. [...] A prática interdisciplinar ainda é
                                              insípida em nossa educação (CORREIA, 2003, p.
                                              85).



                                             17
O autor cita sua prática como professor de Geografia que aplica a música como
recurso metodológico. Entende que ela serve como instrumento para a orientação das
atividades, já que podem ser utilizadas linguagens musicais em forma de canções, com letras
que vêm ao encontro dos conteúdos trabalhados e, através de descrições pessoais após as
seções sonoras ouvidas pelos educandos, são realizadas discussões sobre o conteúdo e os
alunos têm oportunidade de mostrar sua criatividade e conhecimentos adquiridos, sendo uma
metodologia muito apreciada pelos jovens.
       Nas últimas décadas, principalmente a partir dos anos 80, a música cada vez mais vem
despertando o interesse de estudiosos e pesquisadores, não só por parte das ciências musicais,
como também na área da história, da filosofia e da sociologia como um instrumento de grande
relevância para compreender nossa história e a realidade que nos cerca.
       Por ser uma forma de manifestação e expressão do homem, as artes, aqui
especificamente, a música, torna-se um campo privilegiado para abordar questões e temas
importantes que fazem parte do nosso cotidiano. Nesse sentido, poder-se-ia dizer que a
criação artística é influenciada por diversos setores que fazem parte de nossas vidas, sejam
eles sociais, políticos, econômicos, culturais e de relações humanas, levando sempre em
consideração a história e a diversidade cultural da sociedade em seu tempo e lugar. Além
disso, a música em seu significado próprio comunica sentidos que, de alguma maneira,
constroem subjetividades humanas.
       Para o historiador José Geraldo Vince, da Universidade Estadual de São Paulo
(UNESP), por ser uma dimensão da cultura humana, a música está completamente assentada à
sociedade da qual faz parte.
       A música revela e constrói a sociedade da qual participa, e é, ao mesmo tempo,
construída por ela. A música faz parte do universo humano, da cultura humana, e obviamente
influencia os modos de vida e as relações sociais dos que estão a sua volta; e a sociedade, por
outro lado, está construindo a música a todo o momento, reconstruindo e repensando.
(VINCE, 2010, s/p).
       O autor acima se refere à construção da música e sua relação com a sociedade como
uma via de mão dupla. Não podendo separar uma coisa da outra. O autor procura mostrar o
quanto música e sociedade são constituintes e constituidoras das questões sociais, políticas,
econômicas e culturais de uma determinada época.
       Em relação aos dias atuais, conforme Loureiro (2003), a música na educação escolar
brasileira está ausente há várias décadas. Sua ausência nos currículos se explica por vários

                                              18
fatores, entre os quais merece destaque sua perda de identidade como disciplina ao ser
transformada em 1971 em um dos componentes da disciplina Educação Artística.
       A preocupação atual em formar indivíduos criativos capazes de enfrentar os desafios
do mundo globalizado criaram possibilidades para sua reinserção nos currículos da escola
fundamental.
       São muitos os problemas enfrentados pela área de educação musical. Dentre eles,
consideramos como os de maior importância à falta de sistematização do ensino de música
nas escolas de ensino fundamental e o desconhecimento do valor da educação musical como
disciplina integrante do currículo escolar.
                                                        Segundo Hentschke a atual prática da
                                               música, sua forma de apresentar-se para as crianças
                                               e os jovens na fase escolar, isto é, inserida no
                                               âmbito escolar com caráter de atividade lúdica,
                                               descontextualizada de suas realidades cotidianas e
                                               sem consequência “educativa” e indaga: qual o
                                               valor da Educação Musical? “E qual seu papel na
                                               educação formal do indivíduo?” Hentschke (1991
                                               p.60).
       “Para Hentschke (1991, p 56)” só a partir de uma reflexão crítica a respeito dos seus
fins, poderemos construir uma estrutura sólida como base de ação para a prática efetiva de
Educação Musical.
       A música do Bob Dylan é um exemplo, de como a escolha de uma música é
importante, pois esta pode ser trabalhada de maneira interdisciplinar e abordar vários
assuntos. O trabalho traz sugestões de atividades para demonstrar a variedade de utilizações
de uma música tanto no ensino da língua inglesa como das outras disciplinas.
       Além do conteúdo gramatical, interpretação e leitura, é possível explorar aspectos
históricos, políticos, sociais, culturais, religiosos e geográficos. Possibilita a abordagem de
temas transversais, como a violência, cidadania, juventude, drogas, direitos e deveres,
contribuindo para o crescimento cultural e social do aluno enquanto cidadão.
       Através das reflexões e discussões os alunos perceberão que também existem graves
problemas políticos e sociais em outros países. Concluímos que é possível trabalhar qualquer
assunto em Língua Inglesa, com bons resultados, através da utilização de uma música, um
vídeo para iniciar, ou mesmo finalizar o trabalho.


                                              19
A música pode ser uma ferramenta sócio- educativa e disciplinadora, mas para se
utilizar a música, o professor teria que ser capacitado através de cursos presenciais ou à
distância, pois muitos destas utilizações são desconhecidas por eles.


B.2- A MÚSICA E O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM


       A música é compreendida como forma de ampliar o conhecimento cultural das
crianças e jovens no período que abrange a educação básica e, também, como fator que
contribui para o desenvolvimento no ensino-aprendizagem escolar.
       A educação musical na escola deveria objetivar despertar a sensibilidade musical, o
desenvolvimento cognitivo, o afetivo e as relações interpessoais, tendo em vista que seu
caráter cultural diversificado que propicia o respeito pelas diferentes culturas e pode
contribuir para o desenvolvimento da criança, dando a ela oportunidade de conhecimento e
valorização da vida e, por apresentar caráter interdisciplinar, é favorável sua inserção no
currículo escolar.
                                                       Na concepção de Correia (2010), essa
                                                atividade auxilia na aprendizagem e é componente
                                                histórico de qualquer época, ajuda no estudo de
                                                questões sociais e políticas e, para o professor,
                                                serve de instrumento didático-pedagógico em
                                                vários seguimentos de forma prazerosa, auxiliando
                                                também na expressão e comunicação e no
                                                desenvolvimento do raciocínio lógico. (CORREA
                                                2010 p.20)
       Portanto, deveria ser incentivada a interdisciplinaridade e os currículos de ensinos
deveriam adotá-las para trabalhar a cooperação, socialização, minimizando, assim, as
barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. Assim conforme o autor: A
música auxilia na aprendizagem de várias matérias, ela é componente histórico de qualquer
época, portanto oferece condição de estudos na identificação de questões, comportamentos,
fatos e contextos de determinada fase da história.
                                                       A utilização da música, bem como o uso
                                                de outros meios, pode incentivar a participação, a
                                                cooperação, socialização, e assim destruir as
                                                barreiras que atrasam a democratização curricular
                                               do ensino.     A prática interdisciplinar ainda é
                                              20
insípida em nossa educação (CORREIA, 2003, p.
                                              85).
       A música como disciplina escolar, deve ser considerada como uma melhoria no
currículo escolar brasileiro e, mesmo em meio a tantas dificuldades, ainda configura-se como
oportunidade de levar um pouco de música com qualidade, contradizendo assim as influencias
negativas veiculadas pela mídia, que contribuem para degradação dos valores humanos.
       Considerar o amplo acesso que se tem à música fora da escola não justifica a sua falta
no currículo escolar, uma vez que essa música chega aos nossos ouvidos sem nenhuma
discriminação e consciência por parte de quem ouve. Além do mais, é negado ao aluno o
acesso a uma área do conhecimento que certamente poderá levá-lo a desenvolver o potencial
artístico e criador, além de permitir que esses desenvolvam uma apreciação musical crítica e
consciente.
                                                       Armazenar,     memorizar      informações,
                                               conhecimentos estáticos e descontextualizados
                                               não são mais situações possíveis nos dias atuais. O
                                               momento atual requer a valorização da intuição,
                                               da criatividade e da livre expressão do aluno para
                                               encarar e lidar com as diversas situações do seu
                                               cotidiano seja dentro ou fora do contexto escolar.
                                               (LOUREIRO, 2003, p.142).
       As músicas apresentadas fora do espaço escolar nem sempre são de boa qualidade,
com intuito de enriquecer o processo educacional, por isso sua implantação no currículo é
favorável segundo educadores musicais.
                                                      Conforme Loureiro, essa atividade como
                                              componente curricular é uma oportunidade para
                                              que o aluno tenha acesso a essa área do
                                              conhecimento e, ela, integrando o currículo
                                              escolar, se aplicada de forma correta, com
                                              profissionais especialistas na área, contribuirá para
                                              desenvolver habilidades criativas que ajudarão o
                                              aluno a criar, inovar em todas as situações, além de
                                              proporcionar momentos oportunos de descontração
                                              favorece o desenvolvimento cognitivo.
                                          (LOUREIRO,2003 p,143)



                                             21
Pode ser entendida, ainda, como um estímulo para que o aluno se sinta valorizado,
reforçando sua autoestima, e descobrindo-se como um ser importante, podendo compor um
grupo musical. Isso acontece porque, embora cada pessoa demonstre uma habilidade maior
em determinado instrumento ou tom de voz, poderá participar de trabalho a ser realizado
porque se ajustará em equipe.
                                                       Conforme Fialho (2007), Demori (2007) e
                                                Araldi (2007), ensinar música na escola não
                                                significa necessariamente o ensinar a tocar um
                                                instrumento especifico, mas, sim, apresentá-la
                                                como área do conhecimento e suas especificidades,
                                                com intuito de possibilitar usar práticas musicais
                                                coletivas e conteúdos que ajudem na formação do
                                                aluno. (2007 p.34)
       Também, conforme as autoras, a simples apreciação já é um bom exercício para os
principiantes. A partir de uma simples aula sem obrigação, o aluno pode dar sua opinião,
expor seu ponto de vista e, assim, começar a agir com visão crítica, podendo experimentar
cantar, compor ou tocar um instrumento musical.
       Quando o professor utiliza essa atividade como instrumento didático- pedagógico,
além de ampliar os conhecimentos pode proporcionar aos alunos momentos agradáveis,
estimulando-o a expressar-se artisticamente e, assim, superar as angústias vividas no dia a dia,
por meio de momentos prazerosos proporcionados pela arte.
                                                       Na    escola,   conforme   afirma   Limao
                                                professor tem a oportunidade de passar, por meio
                                                da música, conteúdos sistematizados, trabalhando
                                                de forma que aluno possa apropriar-se de amplo
                                                conhecimento. Ela pode ser utilizada com crianças
                                                bem pequenas como os bebês e até com os
                                                adolescentes como elemento de aproximação com
                                                os professores facilitando o relacionamento entre
                                                ambos. (Lima 2008, p.17)
       Cumpre frisar que por meio da interação social com adultos ou companheiros,
brinquedos, objetos, é que ocorre a apropriação do saber, a criança aprende com o mundo que
a rodeia. Deste modo, com a música, a criança interage com o ritmo, com a letra e aprende
com os colegas e professores até mesmo a treinar sua voz, assim, a aprendizagem ocorre por
meio do estimulo do convívio social e serve de base para novas aprendizagens, já que a cada
                                              22
etapa apreendida, um novo desafio surgirá e começará um novo empenho para chegar à
próxima.
       Sua importância para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças da educação
infantil também é reconhecida nos documentos oficiais. Segundo os Referenciais Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil RCNEI (1998), sendo a música uma linguagem de caráter
lúdico, o professor ao se utilizar desse elemento sonoro torna o ensino mais atrativo, já que
esta pode proporcionar as crianças momentos especial de prazer. Assim sendo, ela pode ser
uma grande aliada no processo de ensino e aprendizagem e um rico instrumento de
comunicação e socialização.
       Ainda, de acordo com o documento, esse tipo de trabalho deve ser considerado um
importante meio de expressão e forma de conhecimento também para os bebês e as crianças
com necessidades especiais, porque a linguagem musical é um excelente meio para o
desenvolvimento da expressão, equilíbrio, autoestima e autoconhecimento e ótimo meio para
promover a integração social.


C - O PAPEL E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR MUSICAL


       A educação musical vive um momento singular nesta virada de século, neste mundo
globalizado e informatizado. O esforço que a educação musical vem fazendo ao longo dos
anos para ser legitimada diante das instituições educacionais e da sociedade brasileira
reafirma as ideias, as proposições e as propostas construídas na luta pelo reconhecimento da
área e pela valorização do educador musical.
       Nesta fase de mudanças de nossa sociedade, de sucateamento da educação em todos os
níveis, a educação musical que busca a democratização do ensino de música nas escolas, que
enfoca o indivíduo em sua totalidade, busca, antes de tudo, uma formação de qualidade para o
professor do magistério.
       A área de educação musical vem discutindo a formação e a preparação do educador
musical. Surge aqui a questão: quem deveria ensinar música aos milhares de jovens e crianças
que frequentam as escolas de ensino fundamental do país?
       Busca-se um perfil de quem seja um educador musical de quais suas funções de ensino
aprendizagem de música. Quem é esse profissional?
       Poderá se o músico (aquele diplomado em instrumento, composição ou regência),
deverá ser aquele que conhece e trabalha as dimensões da experiência musical por meio de

                                               23
múltiplas maneiras de nos relacionarmos com a música, ou o professor de classe? Qual o seu
papel no intuito de resgatar a credibilidade do ensino de música como área de conhecimento
e, principalmente, como disciplina escolar.
       Hoje, encontra-se uma nova proposta curricular para o ensino de arte; os Parâmetros
Curriculares nacionais (PCNs) elaborados pela secretaria de Ensino Fundamental, essas
diretrizes apontam para uma flexibilidade e uma abertura na aquisição de conhecimentos,
indicando uma prática fundamentada na experiência e na atuação ativa do aluno. Porém, o
fato musical, sua organização e compreensão, dependem da formação básica de professores e
educadores musicais, preparados para adequar-se às características e às necessidades de
alunos em diferentes fases de seu desenvolvimento.
       A questão que se coloca hoje para a formação do profissional da música, não é apenas
a busca do conhecimento, mas como selecioná-lo e administrá-lo dentro do contexto escolar.
A questão do universo musical utilizado pelos educadores musicais exige um mínimo de
conhecimentos a serem adquiridos e apropriados em sala de aula para que possam ser
trabalhados no atendimento dos interesses e das necessidades dos alunos, inclusive com a
possibilidade de modificação e renovação.
        Nesse sentido, é grande a responsabilidade da universidade, como espaço legítimo de
produção e propagação do conhecimento além de ser, inegavelmente, lugar de reflexões e
críticas de um conhecimento em constante mutação, diante de uma sociedade na qual se
articula uma pluralidade de discursos, principalmente os existentes na área da educação.
       Skeff (1997, p.199) baseado em sua própria experiência na formação artístico musical
de jovens, futuros profissionais, acredita que: o novo perfil de profissional deve envolver uma
especificidade que transcenda a mera habilidade técnica, exigindo, sim, um desenvolvimento
amplo e contínuo que responda às exigências do novo cenário cultural e mercadológico,
garantindo autonomia a esse futuro profissional.
       Embora nos meios científicos e acadêmicos a música seja reconhecida, na realidade
isso não ocorre nas escolas, o que encontramos nelas são práticas isoladas, bastante variáveis
e irregulares. Em algumas escolas, há professor e carga horária específicos para música, em
outras, só há o ensino da música na educação infantil (mesmo assim como função recreativa);
em outras, a aula de música se resume a formar e a ensaiar uma banda ou coral, porém, tais
práticas envolvem apenas alguns alunos, deixando a maioria excluída.
       Apesar de existir um consenso entre produção científica, as educadoras musicais e as
professoras de ensino fundamental sobre a importância da música na educação da criança e do

                                              24
jovem, sua implementação na escola como ocorre, está muito distante de seu verdadeiro
significado, priorizando, aspectos disciplinares e atividades festivas.
       O espaço reservado para a música está incluído no da educação artística, disciplina que
ainda tem priorizado as artes plásticas ou cênicas. O professor de educação artística, de
formação abrangente e polivalente, não encontra meios para desenvolver objetivos
propriamente musicais.
       Concepções e práticas musicais adotadas nas escolas refletem, em sua maneira o
modelo conservatorial de ensino da música. Ocorre que o pouco investimento na licenciatura
em música e, consequentemente a prioridade depositada no bacharelado, fazem com que
bacharéis em música, por falta de opções no mercado de trabalho, tendam a optar pelo
magistério.
        Essa inserção na rede de ensino regular acaba por ser desastrosa, uma vez que esses
profissionais não tiveram uma formação adequada em que tivessem ocorrido a reflexão e a
discussão das questões específicas do ensino de música. O confronto com as dificuldades
oriundas da realidade escolar na qual se veem inseridos é por demais desafiador e, muitas
vezes, desestimulante.
       O método tradicional torna-se para o professor seu principal aliado no processo
educacional. Cristalizado na sua própria formação, o professor passa a ensinar conforme
aprendeu. Priorizando e considerando apenas seu próprio conhecimento e sua própria
experiência musical, ignorando a música apreciada pelos jovens e suas vivências, e adotando
conteúdos fragmentados, desatualizados, o ensino da música não atende às expectativas de
levar a educação de qualidade para a escola.
       Além disso, esse modelo não é o mais adequado quando se tem aluno proveniente de
diversas camadas da sociedade, de diferentes meios culturais, onde a música erudita, séria e
de valor é excluída e, consequentemente, menos ouvida, compreendida e aceita.
       O fato é que se há música como disciplina escolar, pouco tempo é reservado para sua
prática, a não ser como recreação ou como recurso didático, auxílio imediato para a promoção
de festas escolares ou para minimizar as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem.
       Na maioria das escolas onde há o ensino de música, os professores continuam
reduzindo essa disciplina à realização de atividades lúdicas, com aspectos agradáveis, em que
o produto final é mais importante do que o processo de aprendizagem, que busca, como
objetivo, a aquisição de um novo conhecimento.



                                               25
A música como atividade educativa, quando inserida no contexto escolar, encontra
ainda, uma série de limitações, tais como carência de material músico- pedagógico, salas
inadequadas, tempo disponível reduzido, além de turmas numerosas heterogêneas.
       Essas dificuldades prejudicam o trabalho do professor que não está preparado para
desenvolver objetivos propriamente musicais e lidar com os imprevistos presentes em sua
prática pedagógica diária.
       Outro limite que se impõe à educação musical escolar é a ausência de um método
atrativo e realista que, em concordância com o desenvolvimento psicossocial do aluno, que
lhe possibilite um aprendizado prazeroso, acessível e voltado para o seu crescimento pessoal.
       São raras as escolas que dispõem de um trabalho musical bem orientado e
metodologicamente estruturado, com possibilidades de garantir sua continuidade.
       O processo de ensino aprendizagem requer constante adequação e renovação de
atividades e materiais músico pedagógicos, conhecimento e disponibilização de recursos
metodológicos que possam promover as condições necessárias como forma de assegurar a
apreensão do conhecimento musical.
       É preciso dar a educação musical um caráter progressivo, que deve acompanhar a
criança ao longo de seu processo de desenvolvimento escolar. Momentos devem ser
adaptados a suas capacidades e a seus interesses específicos.
       Cantos, ritmos e sons de instrumentos regionais e folclóricos. A música vai invadir
salas, pátios e jardins das escolas do país. A disciplina defendida por um dos mais talentosos
maestros brasileiros, Heitor Villa-Lobos (1887-1959), volta a ser obrigatória na grade
curricular dos ensinos fundamental e médio. Para especialistas, a aprovação da Lei nº 11.769
em agosto de 2008, significa uma formação mais humanística dos estudantes, na qual serão
desenvolvidas habilidades motoras, de concentração e a capacidade de trabalhar em grupo, de
ouvir e de respeitar o outro.
       A nova legislação altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), fazendo da
música o único conteúdo obrigatório, porém não exclusivo. As demais áreas artísticas deverão
ser contempladas dentro do planejamento pedagógico das escolas.
       Antes da regra, a música era conteúdo optativo na rede de ensino, a cargo do
planejamento pedagógico das secretarias estaduais e municipais de educação. No ensino geral
de artes, a escola podia oferecer artes visuais, música, teatro e dança. “A educação musical no
Brasil é bastante diversificada e descontínua. Existem projetos duradouros de ótima



                                              26
qualidade, ao lado de muitos trabalhos que são apenas esporádicos, não oferecendo formação
musical para todos os estudantes. Com a lei, isto vai mudar”, explica Figueiredo.
       Durante os próximos três anos, escolas, diretores e professores terão de se adaptar a
nova regra. “A formação de professores é o principal desafio, por isso, temos que batalhar
para que mais vagas sejam criadas”, defende Figueiredo.




                                              27
CONSIDERAÇÕES FINAIS


       Este estudo teve por objetivo analisar o ensino da música na escola fundamental e as
razões que levaram a música a se distanciar do cotidiano escolar brasileiro.
       No que diz respeito aos teóricos da música, especialmente os que tratam da educação
musical, há o consenso de que a função e o significado do ensino de música na escola
fundamental estão aquém dos que hoje lhe são atribuídos.
       Tão importante quanto a história, esses estudos não só contribuíram para
esclarecimento das questões iniciais apontadas neste trabalho, mas evidenciaram que, embora
praticamente ausente dos currículos, a educação musical vive um período de efervescência,
marcado pela busca de novos caminhos.
       A pesquisa bibliográfica procurou entender o porquê da ausência do ensino de música
no atual currículo escolar (embora presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – Lei nº 9394/96).
       Como se viu ao longo deste trabalho, o ensino da música no Brasil passou por
períodos de grande efervescência, interrompidos, entretanto, por momentos de crise. À
medida que nos aprofundávamos na reflexão sobre o ensino da música como prática escolar,
esses momentos tornavam-se esclarecedores para o entendimento da função atribuída à
música como disciplina escolar.
       Entretanto, pudemos constatar a predominância da abordagem tradicional nas práticas
educativas musicais. Observamos que a música foi utilizada como suporte didático no
processo de alfabetização e como apoio para a manutenção da disciplina escolar. Hoje, sua
prática está restrita a festividades do calendário escolar.
       Apesar de existir um consenso entre a produção científica, as educadoras musicais e as
professoras de ensino fundamental sobre a importância da música na educação da criança e do
jovem, como mostra a pesquisa, sua implementação na escola, quando ocorre, está muito
distante de seu verdadeiro significado, priorizando, como já foram muitas vezes mencionados,
aspectos disciplinares e atividades festivas.
       Dessa forma, não basta apenas reintroduzir a música no currículo escolar das escolas.
A análise histórica evidenciou que sua ausência das escolas foi consequência de um processo
em que pesaram fatores de ordem política, cultural e pedagógica.



                                                28
Sua inserção no universo escolar depende, antes de mais nada, de uma reflexão mais
profunda da atual realidade educacional brasileira para que nela, a música possa ser vista e
entendida como um componente curricular importante para a formação do indivíduo como um
todo.
        Depende, ainda, de uma vontade política e de investimentos, sobretudo na formação
do professor. Dessa forma, as indicações nos Parâmetros Curriculares não são suficientes para
a volta da disciplina.
        Nessa perspectiva, ao buscar elementos para compreender a atual situação do ensino
da música na escola fundamental brasileira, acreditamos estar contribuindo para o debate e o
diálogo necessários à reintrodução da música no universo escolar, certos de que, para isso, há
um longo caminho a ser percorrido.




                                              29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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www.memoriadamusica.com.br




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  • 1. FACULDADE CAMPOS ELISEOS PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ARTE-EDUCAÇÃO ZÉLIA HELENO TRINDADE REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE MÚSICA NAS ESCOLAS SÃO PAULO 2012
  • 2. ZÉLIA HELENO TRINDADE REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE MÚSICA NAS ESCOLAS Monografia apresentada à Faculdade Campos Elíseos, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em arte-educação Orientador(a): Maria Socorro Gonçalves Torquato SÃO PAULO 2012
  • 3. ZÉLIA HELENO TRINDADE REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE MÚSICA NAS ESCOLAS Monografia apresentada à Faculdade Campos Elíseos, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista Arte-Educação Aprovado em: Banca Examinadora Orientador(a) Prof(a) Ms ____________________________________________ Assinatura________________________________________________________ Prof(a) ___________________________________________________________ Assinatura_________________________________________________________ Prof(a) Ms _________________________________________________________ Assinatura_________________________________________________________
  • 4. “Quero defender uma ideia bastante simples: que a música é feita para ser bela e para proporcionar experiências de beleza, e que a beleza existe para dar alegria, a alegria estética, que é uma alegria específica, diferente dos prazeres de que habitualmente desfrutamos, e queconstitui um dos aspectos da alegria cultural”. (Snyders, 1992, p. 11). “Partindo da concepção de que a música é um meio de comunicação, que serve-se de uma linguagem, pode-seconcluir que uma contribuição para a tomada de consciência do novo, ou do desconhecido, seja uma dasmais importantes, se não sua mais importante função.” (H. J. Koellreutter,1994).
  • 5. RESUMO Nas últimas décadas, o ensino da música vem sendo praticamente excluído do currículo escolar do ensino fundamental das escolas brasileiras. Sua prática não vem sendo trabalhada sistematicamente,permanecendoà margem do currículo escolar. Este trabalhobusca compreender o sentido e o significado da educação musical no ensino fundamental e traz como objetivo, detectar e analisar o ensino da música nas escolas e suas implicações na grade curricular. Busca também entender os benefícios das práticas musicais no desenvolvimento humano e, compreender como os resultados dessas transformações se destacam no aprimoramento de outras áreas, inclusive no aprendizado escolar. Estudiosos têm comprovado os benefícios que a aprendizagem de música traz para o desenvolvimento humano. Os estudos apontam que, para além de momentos prazerosos, o aprendizado de música contribui para o desenvolvimento dos aspectos cognitivos, emocionais e sociais, promovendo o bem-estar do indivíduo. Uma das questões que envolvem este trabalho é saber qual o papel da música na educação formal dos indivíduos.É através da musicalidade vivida e sentida intensamente que o aluno pode obter um desenvolvimento pessoal mais rico e abrangente, podendo se tornar um ser melhor. Desta forma, uma análise é fundamental para se redimensionar o papel da música na escola e buscar as condições necessárias para que possa vir a ter um valor significativo no processo de educação escolar. PALAVRAS-CHAVE :MÚSICA , ALFABETIZAÇÃO,ENSINO- APRENDIZAGEM
  • 6. SUMÁRIO I-INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------1 II-HISTÓRICO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA-------------------------- 2 A-OS PARÂMETROS CURRICULARES----------------------------------------------------7 B- OS BENEFÍCIOS DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA-----8 B.1- A PRÁTICA COERENTE DO ENSINO DA MÚSICA------------------------------10 B 2-COMO UTILIZAR A MÚSICA NA SALA DE AULA-------------------------------12 C- A MÚSICA E A ALFABETIZAÇÃO-----------------------------------------------------15 C1- A MÚSICA E A INTERDISCIPLINARIDADE---------------------------------------17 C2- A MÚSICA E O PROCESSO DO ENSINO –APRENDIZAGEM------------------20 D- O PAPEL E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR MUSICAL---------------------------23 III-CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------------------------28 IV- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS----------------------------------------------------30
  • 7. I-INTRODUÇÃO Este trabalho pretende fazer uma reflexão do processo e da dinâmica do ensino da música nas instituições escolares do ensino fundamental. A partir do histórico do ensino da música, analisar a sua desvalorização como disciplina e o desconhecimento de sua importância na formação do jovem. Para alcançar os objetivos, foram realizadas pesquisas bibliográficas com base em autores que são autoridades na área e, também, em documentos educacionais. Observa-se a importância de trabalhar a música em sala de aula de forma consciente, proporcionando às crianças a oportunidade de interagir com os mais diversos estilos musicais a fim de desenvolver suas habilidades. Os estudos revelam também que a música proporciona melhoria no convívio social, ajudando na superação de problemas como violência e uso de drogas, também favorecendo o desenvolvimento cognitivo e afetivo. São muitos os problemas enfrentados pela área de educação musical, dentre eles, considero como os de maior importância, a falta de sistematização do ensino de música nas escolas de ensino fundamental e o desconhecimento do valor da educação musical como disciplina integrante do currículo escolar. É prática comum nas escolas, principalmente nas séries iniciais, ouvir música na entrada e na saída do período escolar, no recreio, e ainda, de forma bastante acentuada, nos momentos de festividades que obedecem a um calendário com datas a serem comemoradas pela comunidade escolar. Neste sentido, podemos afirmar que a música está presente no cotidiano escolar de nossas crianças e jovens. Ela está presente em todo e qualquer lugar, pois vem ocupando cada vez mais espaços no cenário social da vida contemporânea. Uma reflexão sobre a atual prática pedagógica musical pode ajudar a esclarecer o valor da Educação Musical dentro do contexto institucional. Pode-se, ainda, destacar a importância de estabelecermos uma relação pedagógica com crianças e jovens que propicie a sua aproximação e o gosto pela música. Precisamos considerar as experiências, necessidades e linguagens de cada um. 1
  • 8. II-HISTÓRICO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA E SUA IMPORTÂNCIA A partir de um estudo histórico, buscou-seelementos que pudessem ajudar a entender este processo de esvaziamento pelo qual passou o ensino da música. A escolha deste marco, de 1930 a 1980, se justifica pela importância que a música ocupou na educação brasileira no contexto da Era Vargas e pela crise em que já se encontrava no início da década de 80 do século XX, em virtude das mudanças introduzidas no ensino desta disciplina pela Lei nº 5692/71. O estudo realizado evidenciou os fundamentos do ensino da música no Brasil neste período. Neles podem-se observar diferentes perspectivas que acabaram por gerar propostas curriculares diferenciadas. O ensino da música através do Canto Orfeônico e da Iniciação Musical (década de 30) absorveu, respectivamente, o mesmo discurso modernista de musicalizar a todos, embora por caminhos diferentes: o primeiro, por intermédio da educação de massa, buscando musicalizar os alunos da escola pública; o segundo, a partir do ideário da escola novista, voltava-se para o atendimento individualizado da criança. Mais tarde, nos anos 70, dentro da tendência tecnicista, surge uma proposta curricular com a integração das artes e um professor que tecnicamente deveria estar preparado em várias linguagens artísticas, proposta esta, influenciada pelo movimento arte-educação em efervescência no país, neste período. De acordo com a nova política, alterações são realizadas no currículo das escolas. Entre estas modificações, a disciplina “Música” passa a integrar, juntamente com as Artes Plásticas e o Teatro, a disciplina Educação Artística, estabelecida pela Lei nº 5692/71. Embora acreditassem na possibilidade de desenvolver a sensibilidade pelas artes e o gosto pelas manifestações artístico-estéticas, na prática, o que ocorreu foi uma interpretação equivocada dos termos integração e polivalência, que terminou por diluir os conteúdos específicos de cada área ou por excluí-los da escola. A partir deste momento, o ensino da música na escola de ensino regular vem sendo sistematicamente desvalorizado no âmbito educacional brasileiro. É possível compreender, que o ensino da música hoje requer uma proposta curricular que considere as diferenças culturais, o respeito à individualidade e as experiências de cada aluno e, principalmente, as vivências musicais que eles trazem para dentro do espaço escolar. 2
  • 9. O princípio do direito universal da educação para todos está contemplado por meio da LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo então ministro da educação Paulo Renato em 20 de dezembro de 1996. A Lei, em seu artigo Art. 26, § 2º, deixa clara a obrigatoriedade do ensino da arte, sendo esta componente curricular obrigatória nos diversos níveis da educação básica com objetivo de auxiliar o desenvolvimento dos alunos. Ainda, no mesmo artigo, § 6º, define-se a obrigatoriedade do ensino da música subentendendo-se que a música, bem como as demais disciplinas, deverá ser conteúdo do currículo nas escolas públicas e que todos, sem distinção alguma, terão oportunidade de aquisição do conhecimento musical de forma sistemática, embora cientes de que, como as demais disciplinas, o aprendizado da música neste estágio não habilita os estudantes à prática profissional da área. A Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008, que trata da alteração sobre a lei supracitada, em princípio, dá a entender que a preocupação com a regulamentação do ensino da música é privilégio dos dias atuais, mas, de acordo com Amato (2006), já em 1854, havia tal preocupação. Conforme a autora, nesse ano, um decreto federal regulamentou o ensino de música no país. O decreto buscava orientar os docentes, preparando-os com as atividades dessa área que deveriam ser ministradas aos alunos. No ano seguinte, outro decreto tratava da legalização contratual de professores de música por meio de concurso público. Em relação aos dias atuais, conforme Loureiro (2003), a música na educação escolar brasileira está ausente há várias décadas. O motivo, dentre vários fatores, foi a perda de identidade enquanto disciplina ao ser transformada em 1971 em um dos componentes da disciplina Educação Artística. No entanto com a intenção de superação da pedagogia tecnicista da época e as preocupações na formação de indivíduos criativos capazes de enfrentarem os novos desafios, promoveram sua reinserção nos currículos da escola fundamental. Percebe-se que a música na educação brasileira ainda é vista como acessório para entretenimento, como um recurso de reposição em momentos em que não se é possível cumprir o planejado pelo currículo escolar, sem a importância devida como material didático- pedagógico que possa contribuir para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem e a formação do homem. 3
  • 10. As escolas tentam enquadrar-se para a inclusão da nova disciplina usando estratégias, na maioria das vezes, inadequadas, reforçando a ideia de que essa atividade, como conhecimento científico, não apresenta o mesmo valor das outras disciplinas. Ainda que esses procedimentos venham sendo repensados, muitas instituições encontram dificuldades para integrar a linguagem musical ao contexto educacional. Constata- se uma defasagem entre o trabalho realizado na área da música e nas demais áreas do conhecimento, evidenciada pela realização de atividades de reprodução e imitação em detrimento de atividades voltadas à criação e à elaboração musical. Nesse contexto, a música é tratada como se fosse um produto pronto, que se aprende a reproduzir, e não uma linguagem cujo conhecimento constrói. (BRASIL, 1998, p. 45). De acordo com Loureiro (2003), no Brasil, a aquisição de habilidades musicais ainda é um processo acessível somente a uma pequena parcela das crianças. Mesmo com a legalização para a implantação no currículo, as dificuldades encontradas nas escolas públicas brasileiras não são muito diferentes da realidade do século XIX.(loureiro 2003, pg.25) Com a implantação da Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, a música como atividade educativa sofre ainda uma série de limitações, tais como carência de material músico-pedagógico, salas inadequadas, tempo disponível reduzido, além de turmas numerosas. O número de professores da área ainda está muito aquém do necessário e esse fato provoca um grande desajuste na educação musical. Loureiro afirma ainda que a prática é bem diferente do proposto pelas leis. Segundo a autora, além da falta de infraestrutura, o professor não possui o conhecimento necessário e acaba transmitindo-o de acordo com sua própria percepção sem os embasamentos técnicos e científicos devidos, logo, ensina conforme aprendeu, priorizando e considerando apenas o seu próprio conhecimento, ignorando a música apreciada pelos alunos e suas vivências. Os conteúdos são fragmentados, desatualizados, abstratos, direcionando o seu ensino a uma educação imposta, deixando de lado a educação musical de qualidade da escola. Assim como Loureiro (2003), outros autores compreendem o exercício dessa atividade como elemento auxiliar em vários aspectos no desenvolvimento da criança. Dentre eles, Correia (2010) a elege como sendo imprescindível na educação. Segundo o autor, pedagogicamente, ela é um recurso que enriquece o processo educacional e atribui a ela um 4
  • 11. grande valor artístico, estético, cognitivo e emocional. Para ele, a linguagem musical oferece possibilidades interdisciplinares. De acordo com esse autor, a música possui caráter racional, subjetivo e emocional, e certamente poderá auxiliar no processo ensino-aprendizagem, já que por apresentar característica interdisciplinar, é de grande valia como instrumento metodológico e didático- pedagógico. Acrescenta que a linguagem, principalmente textual, pode ser potencializada por meio da utilização da linguagem musical, que serve ao processo de ensino-aprendizagem e também como método alternativo para se aplicar à educação. Conforme se observa no Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil, RCNEI (1998), a música é entendida como linguagem musical com capacidade de comunicar sensações e sentimentos por meio do som e do silêncio e está presente em todas as culturas, sendo que na Grécia antiga já era considerada fundamental na formação dos futuros cidadãos, ao lado da Matemática e da Filosofia. O trabalho com música deve considerar, portanto, que ela é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social. (BRASIL, 1998 pg.47). Conforme o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil RCNEI (1998), o canto desempenha um papel de grande importância na educação musical infantil, pois integra a melodia com o ritmo, sendo um excelente meio para desenvolver a audição, já que as crianças, ao cantar, imitam o que ouvem, o que influencia de maneira extremamente positiva no desenvolvimento da audição. Ao imitar, as crianças desenvolvem a elaboração do repertório de informações que se transformará em uma linguagem que servirá para que se comuniquem posteriormente. A escola deve promover o envolvimento de pessoas relacionadas à música, proporcionando assim meios para que os alunos possam tornar-se desde ouvintes sensíveis até no caso de manifestar desejo de se tornarem músicos profissionais. A escola deve valorizar, 5
  • 12. ajudar e incentivar a criação de eventos, para que os alunos possam se apresentar e mostrar suas criações. A educadora musical Elvira Drummond defende a importância da música para o desenvolvimento dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro. Conforme a autora, essa prática ajuda a ativação dos neurônios, promovendo desenvolvimento motor e social ao processo de aquisição da linguagem. A educadora afirma que está cientificamente comprovado que a música amplia as redes neurais, o que ajuda o desenvolvimento cognitivo. (Drumond 2010. Pg 50) Como afirma Stefani (1989), “ouvido para música” não é algo inato, pois essa habilidade se forma aos poucos, com trabalho, e são necessários, sobretudo, muitos exercícios de motivação. Ainda exemplifica dizendo que, assim como o ouvido do pastor, que se forma em contato com os sons que ouve e que necessita para exercer tal função, o mesmo acontece com o ouvido de um mecânico e, da mesma forma, o do músico que, com o treino, aprende a perceber o som do instrumento. Dessa forma, o esforço para aprendizagem da música é muito importante e há necessidade de muito treino, porém não de um aprendizado tecnicista, mas, sim, um esforço na busca por compreender cada passo; saber que habilidade para a percepção musical só surge com dedicação. 6
  • 13. A-OS PARÂMETROS CURRICULARES (PCNS) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) citam que a inclusão da música no ensino fundamental tem o objetivo de oportunizar ao aluno, o desenvolvimento de uma inteligência musical. Mas, para que ela tenha sucesso na formação do cidadão, é necessário que todos tenham oportunidades de estarem na posição de ouvintes, intérpretes, compositores e improvisadores, dentro e fora da sala de aula. “(...) As oportunidades de aprendizagem de arte, dentro e fora da escola, mobilizam a expressão e a comunicação pessoal e ampliam a formação do estudante como cidadão, principalmente por intensificar as relações dos indivíduos tanto com seu mundo interior como com o exterior”. (PCN, Arte, Introdução, 1998, p.19). O ensino da música tem por objetivos gerais abrir espaço para que os alunos possam se expressar e se comunicar através dela, bem como promover experiências de apreciação e abordagem em seus vários contextos culturais e históricos. O primeiro objetivo, é a comunicação e a expressão pela música que se dão através da interpretação, improvisação e composição. O professor deve utilizar como metodologia atividades que favoreçam esse processo. Tais como, trazer para sala de aula interpretações de músicas já existentes, para que os alunos possam vivenciar o processo de expressão individual e grupal, não se esquecendo de fazer conexões com a localidade e a identidade cultural dos alunos, permitindo-lhes também improvisar, compor, observar e analisar suas estratégias e de seus colegas nas atividades de produção. O segundo objetivo é a apreciação da música que se dá pela escuta, envolvimento e compreensão da linguagem musical. O professor deve, por exemplo, promover uma discussão e um levantamento de critérios sobre a possibilidade de determinadas produções sonoras serem ou não músicas, para que a partir daí ele possa explicar as linguagens musicais; dar espaço para que os alunos possam escutar diversos estilos de música e pedir que eles percebam as características expressivas e de intencionalidade dos compositores e intérpretes dessas músicas. O terceiro objetivo é a abordagem da música em vários contextos culturais e históricos que se dá através da expressão musical de vários povos em diferentes épocas. 7
  • 14. A metodologia que o professor pode utilizar é trazer para sala de aula diferentes músicas e a partir delas instigar a curiosidade dos alunos, indagando-os sobre a que cultura elas pertencem e a partir daí traçar as suas características. Assim como, deve ser incentivada e motivada a criatividade dos alunos no ato da elaboração e interpretação por meio da música ou de outra manifestação artística. Então, após o estudo desses objetivos concluímos que eles abrangem de forma eficiente os aspectos que devem ser abordados em sala de aula, já que envolvem tanto a teoria, como a prática e contexto, promovendo um estudo mais completo sobre a música. B - OS BENEFÍCIOS DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA A preocupação atual em formar indivíduos criativos capazes de enfrentar os desafios do mundo globalizado criaram possibilidades para sua reinserção nos currículos da escola fundamental. São muitos os problemas enfrentados pela área de educação musical. Dentre eles, consideramos como os de maior importância a falta de sistematização do ensino de música nas escolas de ensino fundamental e o desconhecimento do valor da educação musical como disciplina integrante do currículo escolar. Segundo Hentschke, a atual prática da música, sua forma de apresentar-se para as crianças e os jovens na fase escolar, isto é, inserida no âmbito escolar com caráter de atividade lúdica, descontextualizada de suas realidades cotidianas e sem consequência “educativa” e indaga: qual o valor da Educação Musical? “E qual seu papel na educação formal do indivíduo?” Hentschke (1991 p.60). “Para Hentschke (1991, p 56)” só a partir de uma reflexão crítica a respeito dos seus fins, poderemos construir uma estrutura sólida como base de ação para a prática efetiva de Educação Musical. A música do Bob Dylan é um exemplo, de como a escolha de uma música é importante, pois esta pode ser trabalhada de maneira interdisciplinar e abordar vários assuntos. O trabalho traz sugestões de atividades para demonstrar a variedade de utilizações de uma música tanto no ensino da língua inglesa como das outras disciplinas. 8
  • 15. Além do conteúdo gramatical, interpretação e leitura, é possível explorar aspectos históricos, políticos, sociais, culturais, religiosos e geográficos. Possibilita a abordagem de temas transversais, como a violência, cidadania, juventude, drogas, direitos e deveres, contribuindo para o crescimento cultural e social do aluno enquanto cidadão. Através das reflexões e discussões, os alunos perceberão que também existem graves problemas políticos e sociais em outros países. Concluímos que é possível trabalhar qualquer assunto em Língua Inglesa, com bons resultados, através da utilização de uma música, um vídeo para iniciar, ou mesmo finalizar o trabalho. A música pode ser uma ferramenta socioeducativa e disciplinadora, mas para se utilizar a música, o professor teria que ser capacitado através de cursos presenciais ou à distância, pois muitos destas utilizações são desconhecidaspor eles. Scherer (2010), com base na perspectiva histórico-cultural, diz estar a formação de conceitos relacionada com as possibilidades que os indivíduos encontram no meio em que vivem e a forma de apropriação desses conceitos. A música, segundo autora, é um aprendizado que se desenvolve com conhecimento adquirido historicamente. Assim, ao priorizarmos o ensino dos conceitos musicais em diferentes atividades, estamos estimulando o estudo da música à criança, proporcionando a ela produtos historicamente acumulados e importantes para sua formação, porém não de maneiras artificiais por memorização compulsiva ou repetitiva, mas, sim, com experiências agradáveis. Segundo Nogueira, pesquisas no final do século XX confirmam a importância da música no desenvolvimento da criança. De acordo com ela, quanto maiores forem os estímulos recebidos pela criança, maior será o seu desenvolvimento intelectual. Quando se trabalha sons, se desenvolvem as capacidades auditivas, trabalhando gestos e dança, se desenvolvem a coordenação motora e a atenção e, com o canto, a criança estará descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o meio em que vive. (NOGUEIRA 2003 pg 23) Outra linha de estudos aponta a proximidade entre a música e o raciocínio lógico matemático. Segundo Schaw, Irvine e Rauscher (apud CAVALCANTE, 2004) pesquisadores da Universidade de Wisconsin, alunos que receberam aulas de música apresentavam 9
  • 16. resultados de 15 a 41% superiores em testes de proporções e frações do que os de outras crianças. Em outra investigação, Schaw verificou que alunos de 2ª série que faziam aulas de piano duas vezes por semana, apresentaram desempenho superior em matemática aos alunos de 4 ª série que não estudavam música. De acordo com Loureiro, resultados de pesquisas também comprovam a importância da música clássica como estímulo à concentração. Conforme experiências realizadas com dois grupos de crianças em fase de aprendizagem que apresentaram resultados favoráveis à aplicação da música, o que foi comprovado por meio de experimento em que um grupo de crianças tinha essa atividade e o outro não. Ainda, quanto aos possíveis benefícios que traria, a autora revela que, além de ser de grande contribuição para ao desenvolvimento cognitivo, auditivo e corporal, ela mostra indícios de ser um grande instrumento para o desenvolvimento nos campos afetivo e social. A autora diz que a música seja por meio de aprendizado de um instrumento ou apenas pela apreciação, potencializa a aprendizagem cognitiva principalmente no aspecto do raciocínio lógico, memória e abstração, mas é importante não deixar de lembrar-se de sua importância na questão afetiva, já que vivemos em uma sociedade competitiva que valoriza somente os conhecimentos lógicos, raciocínios rápidos e criatividade e que, sem dúvida, a música também abrange o aspecto emocional do ser humano. B.1- A PRÁTICA COERENTE DO ENSINO DA MÚSICA Hentschke (1991, p 58-60) identifica, pelo menos, cinco valores sobre os quais a prática de educação musical tem sido fundamentada ao longo dos anos. A autora aponta os valores “social, estético, multicultural, psicológico e tradicional” como valores e crenças que, através dos tempos, foram apontados por diversas correntes de pensamento, fundamentados em áreas diversas de conhecimento e que viriam refletir uma concepção de vida, de homem e de arte, dentre elas, a música. Segundo a autora: (...) faz-se necessário considerar que em toda prática educacional estão refletidos os valores e crenças de seus agentes. Neste sentido, se esses valores e crenças não estiverem fundamentados, eles poderão 10
  • 17. facilmente ser transformados ou subjugados a pressões externas. A convicção e clareza com que determinados valores são estabelecidos e assumidos são de fundamental importância, pois, com base neles, de modo consciente ou inconsciente, as práticas educacionais são efetivadas. Portanto, subscrever um valor falso para a Educação Musical como, por exemplo, transformando-a em algo lúdico e passageiro, pode não só trazer prejuízo ao educando como também para a própria Educação Musical (Hentschke 1991, p.56). Para a autora, nesse processo de identificação dos valores da educação musical não basta categorizá-los, é necessário torná-los coerentes e claramente definidos para a nossa sociedade. Essa identificação desses valores favorecerá a organização, pelos educadores, de uma prática educacional mais coerente com a realidade sociocultural, além de auxiliá-los na busca de uma metodologia adequada, na tomada de decisões como, por exemplo, sobre modos de atuar e agir, definir programas e currículos, formas de avaliar, escolha de material didático. No que se refere à educação pela música dentro dessa nova sociedade em fase de desenvolvimento sociocultural, em que sistemas ligados à comunicação de massa, ao desenvolvimento acelerado da tecnologia dominam o cenário nacional, surge a necessidade de fazê-la interagir com este mundo globalizado, numa tentativa de torná-la mais próxima do homem, prevenindo, dessa forma, o declínio de sua importância social. Na sociedade moderna (...) a arte torna-se um meio de preservação e fortalecimento da comunicação pessoa a pessoa e de sublimação da melancolia, do medo e da tristeza, fenômenos que ocorrem pela manipulação bitolada das instituições públicas e se tornam fatores hostis à comunicação. Ela se transforma num instrumento do progresso, do soerguimento da personalidade e de estímulo à criatividade (Koellreutter 1997b, p.38-39). 11
  • 18. A música é compreendida como forma de ampliar o conhecimento cultural das crianças e jovens no período que abrange a educação básica e, também, como fator que contribui para o desenvolvimento no ensino-aprendizagem escolar. A educação musical na escola deveria objetivar despertar a sensibilidade musical, o desenvolvimento cognitivo, o afetivo e as relações interpessoais, tendo em vista que seu caráter cultural diversificado propicia o respeito pelas diferentes culturas e pode contribuir para o desenvolvimento da criança, dando a ela oportunidade de conhecimento e valorização da vida e, por apresentar caráter interdisciplinar, é favorável sua inserção no currículo escolar. Considerar o amplo acesso que se tem à música fora da escola não justifica a sua falta no currículo escolar, uma vez que essa música chega aos nossos ouvidos sem nenhuma discriminação e consciência por parte de quem ouve. Além do mais, é negado ao aluno o acesso a uma área do conhecimento que certamente poderá levá-lo a desenvolver o potencial artístico e criador, além de permitir que esses desenvolvam uma apreciação musical crítica e consciente. Armazenar, memorizar informações, conhecimentos estáticos edescontextualizados não são mais situações possíveis nos dias atuais. O momento atual requer a valorização da intuição, da criatividade e da livre expressão do aluno para encarar e lidar com as diversas situações do seu cotidiano seja dentro ou fora do contexto escolar. (LOUREIRO, 2003, p.142). As músicas apresentadas fora do espaço escolar nem sempre são de boa qualidade, com intuito de enriquecer o processo educacional, por isso sua implantação no currículo é favorável segundo educadores musicais. B.2- COMO UTILIZAR A MÚSICA NA SALA DE AULA A música pode ser entendida, ainda, como um estímulo para que o aluno se sinta valorizado, reforçando sua autoestima, e descobrindo-se como um ser importante, podendo compor um grupo musical. Isso acontece porque, embora cada pessoa demonstre uma habilidade maior em determinado instrumento ou tom de voz, poderá participar de trabalho a ser realizado porque se ajustará em equipe. Conforme Fialho (2007), Demori (2007) e Araldi (2007), ensinar música na escola não significa necessariamente o ensinar a tocar um instrumento especifico, mas, sim, apresentá-la como área do conhecimento e suas especificidades, com intuito de possibilitar usar práticas 12
  • 19. musicais coletivas e conteúdos que ajudem na formação do aluno. Também, conforme as autoras, a simples apreciação já é um bom exercício para os principiantes. A partir de uma simples aula sem obrigação, o aluno pode dar sua opinião, expor seu ponto de vista e, assim, começar a agir com visão crítica, podendo experimentar cantar, compor ou tocar um instrumento musical. Quando o professor utiliza essa atividade como instrumento didático-pedagógico, além de ampliar os conhecimentos, pode também proporcionar ao aluno momentos agradáveis, estimulando-o a expressar-se artisticamente e, assim, superar as angústias vividas no dia a dia, por meio de momentos prazerosos proporcionados pela arte. Na escola, conforme afirma Lima (2008, p.17), o professor tem a oportunidade de passar, por meio da música, conteúdos sistematizados, trabalhando de forma que aluno possa apropriar-se de amplo conhecimento. Ela pode ser utilizada com crianças bem pequenas, como os bebês e até com os adolescentes, como elemento de aproximação com os professores facilitando o relacionamento entre ambos. Cumpre frisar que por meio da interação social com adultos ou companheiros, brinquedos, objetos, é que ocorre a apropriação do saber, a criança aprende com o mundo que a rodeia. Deste modo, com a música, a criança interage com o ritmo, com a letra e aprende com os colegas e professores até mesmo a treinar sua voz, assim, a aprendizagem ocorre por meio do estimulo do convívio social e serve de base para novas aprendizagens, já que a cada etapa apreendida, um novo desafio surgirá e começará um novo empenho para chegar à próxima. Sua importância para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças da educação infantil também é reconhecida nos documentos oficiais. Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil RCNEI (1998), sendo a música uma linguagem de caráter lúdico, o professor ao se utilizar desse elemento sonoro torna o ensino mais atrativo, já que esta pode proporcionar às crianças, momentos especiais de prazer. As artes expressam as características culturais, políticas e sociais de cada época através de suas obras, sejam na pintura, na arquitetura, no cinema, na literatura ou na música. Diversos foram os pensadores de distintas áreas do conhecimento que se preocuparam em entender a relação entre arte e sociedade, criando teorias que estavam além do caráter social, abrangendo também os aspectos estéticos, históricos e filosóficos. Bay (2006, p. 3) salienta que “o traço comum a todas essas abordagens é a 13
  • 20. constatação de que arte e sociedade são conceitos indissociáveis, uma vez que ambos se originam da relação do homem com seu ambiente natural”. Corroborando com a afirmação, Bauman (1998) entende a arte como um movimento de vanguarda que “abre” caminhos para a sociedade se guiar. Nesse sentido, poder-se-ia dizer que a criação artística é influenciada por diversos setores que fazem parte de nossas vidas, sejam eles sociais, políticos, econômicos, culturais e de relações humanas, levando sempre em consideração a história e a diversidade cultural da sociedade em seu tempo e lugar. Além disso, a música em seu significado próprio comunica sentidos que, de alguma maneira, constroem subjetividades humanas. Para o historiador José Geraldo Vince, da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), por ser uma dimensão da cultura humana, a música está completamente assentada à sociedade da qual faz parte. A música revela e constrói a sociedade da qual participa, e é, ao mesmo tempo, construída por ela. A música faz parte do universo humano, da cultura humana, e obviamente influencia os modos de vida e as relações sociais dos que estão a sua volta; e a sociedade, por outro lado, está construindo a música a todo o momentoreconstruindo e repensando. (VINCE, 2010, s/p). No contexto escolar, a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do educando. A utilização da música pode ajudar a enriquecer o trabalho pedagógico, facilitando a compreensão dos fatos históricos e a formação de sujeitos críticos, atitude tão reforçada nas propostas curriculares. Incentivar a aprendizagem de Língua Inglesa através dos Gêneros textuais, nesse caso, as músicas facilitam a interação entre professor/aluno, porque a letra da música é a expressão do sentimento do autor que é registrado através da língua escrita, em um determinado momento de sua vida e esse tipo de texto está inserido no cotidiano dos alunos, que muitas vezes, não estão atentos para a mensagem que a letra transmite. 14
  • 21. B-A MÚSICA E A ALFABETIZAÇÃO Alunos desinteressados, com pouca concentração e baixo comprometimento, apresentando superficialidade em suas relações com o ensino-aprendizagem precisam ser estimulados a experimentar formas de apreensão da linguagem musical, mesclando estilos e procedimentos, proporcionando maior abertura para o diálogo e o fazer musical, aliando experiências e vivências com as possibilidades do encontro com o novo. A reportagem publicada no Jornal Folha de S. Paulo, Caderno Cotidiano, do dia 11 de setembro de 2000, de responsabilidade de Fernanda Krakovics, sob o título “Música ajuda naalfabetização de crianças”diz, em seu primeiro parágrafo, que “a música é cada vez mais usada para alfabetizar, resgatar a cultura e ajudar na construção do conhecimento de crianças carentes. Projetos que envolvem a música na integração social se espalham por todo o país e são exemplos de sucesso”. Ainda na mesma reportagem, a diretora de cultura da Didá Escola de Música, em Salvador, Vivian Queiroz, diz que “a rotina das oficinas de percussão, teclado, bateria, canto e instrumentos de corda desenvolvem nas crianças e adolescentes, sem que eles percebam, valores como disciplina e integração”. Segundo Vivian, a música está presente, desde muito cedo, nocotidiano das crianças e, por isso, “elas (as crianças) têm uma sensibilidade musical impressionante, em grande parte porque acordam e dormem ouvindo música”. Outra iniciativa de educação através da música acontece na escola Centro Educacional Daruê Malungo, na cidade de Recife. Lá, além das aulas de percussão e de outras oficinas culturais, são oferecidas aulas de alfabetização onde o método de ensino, porém, é baseado na música. Segundo a diretora Vilma Carijós, “aqui o „a‟ é de atabaque, e não de avião, o „b‟ é de berimbau e o „c‟, de caxixi. Também utilizamos como texto letras de música”.Acredita que, desta forma, facilita a aprendizagem dos alunos “por fazer parte da vida deles”. Há outro projeto, intitulado “Música na Escola”, parceria da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro com o Conservatório de Música Brasileira, que também trabalha a música em classes de alfabetização. Esse projeto envolve os professores da rede municipal de ensino que, 15
  • 22. depois de frequentarem oficinas de capacitação em que têm aulas de voz, construção de instrumentos e cultura popular, aplicam o que aprenderam em salas de aula. Segundo o educador musical Sérgio Henrique Alves de Andrade, a música não está na escola como uma atividade recreativa, mas sim na construção do conhecimento. Ele vê como primordial no projeto, o resgate cultural, e ressalta que:“as crianças geralmente não têm acesso à música popular, à diversidade de ritmos. Quando levamos isso para a sala de aula, elas se interessam”. A importância da música na formação da cidadania se torna mais importante neste momento em que nas palavras de Peixoto: “A globalização, em sua tendência a tudo igualar, vem rompendo as tradições e derrubando fronteiras. Não sendo possível escapar à sua lógica, inserida nas redes da informática, que arquitetam nossas vidas, não havendo outro remédio senão navegar nas águas globais, é indispensável contar com uma bússola e uma âncora. A bússola: a informação, o conhecimento tanto a nível individual, como coletivo, a educação. A âncora – saber quem somos para não nos perdermos” (Peixoto, 1998, p.6). Desta forma, uma análise é fundamental para se redimensionar o papel da música na escola e buscar as condições necessárias para que possa vir a ter um papel e um valor significativo no processo de educação escolar. Atualmente, sabemos que poucas escolas incluem em seu currículo a disciplina música. Quando há, o que encontramos é o uso excessivo da prática do cantar. Canta-se demais, de modo inconsciente e mecânico e, o que é ainda pior, sem levar em consideração a realidade do aluno, levando-o, cada vez mais, a distanciar-se do prazer musical. Portanto, para que tal situação possa ser modificada, acreditamos ser necessário, trabalhar o conteúdo musical dentro de uma visão de currículo mais humanista, onde possamos envolver e desenvolver musicalmente o aluno, considerando sua vivência e experiência, valorizando suas habilidades e potencial criativo e integrando, sempre que for possível, o conteúdo musical aos demais conteúdos desenvolvidos por outras áreas artísticas e às demais disciplinas do currículo. 16
  • 23. ] B.1- A MÚSICA E A INTERDISCIPLINARIDADE Na concepção de Correia (2010), essa atividade auxilia na aprendizagem e é componente histórico de qualquer época, ajuda no estudo de questões sociais e políticas e, para o professor, serve de instrumento didático-pedagógico em vários seguimentos de forma prazerosa, auxiliando também na expressão e comunicação e no desenvolvimento do raciocínio lógico. Portanto, deveria ser incentivada a interdisciplinaridade e os currículos de ensinos deveriam adotá-las para trabalhar a cooperação, socialização, minimizando, assim, as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. Assim conforme o autor: a música auxilia na aprendizagem de várias matérias. Ela é componente histórico de qualquer época, portanto oferece condição de estudos na identificação de questões, comportamentos, fatos e contextos de determinada fase da história. Os estudantes podem apreciar várias questões sociais e políticas, escutando canções, música clássica ou comédias musicais. O professor pode utilizar a música em vários segmentos do conhecimento, sempre de forma prazerosa, bem como na expressão e comunicação, linguagem lógico matemática, conhecimento científico, saúde e outras. Os currículos de ensino devem incentivar a interdisciplinaridade e suas várias possibilidades. (CORREIA, 2003, p. 84-85). Ainda, conforme o autor, a música serve como elemento de aproximação: A utilização da música, bem como o uso de outros meios, pode incentivar a participação, a cooperação, socialização, e assim destruir as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. [...] A prática interdisciplinar ainda é insípida em nossa educação (CORREIA, 2003, p. 85). 17
  • 24. O autor cita sua prática como professor de Geografia que aplica a música como recurso metodológico. Entende que ela serve como instrumento para a orientação das atividades, já que podem ser utilizadas linguagens musicais em forma de canções, com letras que vêm ao encontro dos conteúdos trabalhados e, através de descrições pessoais após as seções sonoras ouvidas pelos educandos, são realizadas discussões sobre o conteúdo e os alunos têm oportunidade de mostrar sua criatividade e conhecimentos adquiridos, sendo uma metodologia muito apreciada pelos jovens. Nas últimas décadas, principalmente a partir dos anos 80, a música cada vez mais vem despertando o interesse de estudiosos e pesquisadores, não só por parte das ciências musicais, como também na área da história, da filosofia e da sociologia como um instrumento de grande relevância para compreender nossa história e a realidade que nos cerca. Por ser uma forma de manifestação e expressão do homem, as artes, aqui especificamente, a música, torna-se um campo privilegiado para abordar questões e temas importantes que fazem parte do nosso cotidiano. Nesse sentido, poder-se-ia dizer que a criação artística é influenciada por diversos setores que fazem parte de nossas vidas, sejam eles sociais, políticos, econômicos, culturais e de relações humanas, levando sempre em consideração a história e a diversidade cultural da sociedade em seu tempo e lugar. Além disso, a música em seu significado próprio comunica sentidos que, de alguma maneira, constroem subjetividades humanas. Para o historiador José Geraldo Vince, da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), por ser uma dimensão da cultura humana, a música está completamente assentada à sociedade da qual faz parte. A música revela e constrói a sociedade da qual participa, e é, ao mesmo tempo, construída por ela. A música faz parte do universo humano, da cultura humana, e obviamente influencia os modos de vida e as relações sociais dos que estão a sua volta; e a sociedade, por outro lado, está construindo a música a todo o momento, reconstruindo e repensando. (VINCE, 2010, s/p). O autor acima se refere à construção da música e sua relação com a sociedade como uma via de mão dupla. Não podendo separar uma coisa da outra. O autor procura mostrar o quanto música e sociedade são constituintes e constituidoras das questões sociais, políticas, econômicas e culturais de uma determinada época. Em relação aos dias atuais, conforme Loureiro (2003), a música na educação escolar brasileira está ausente há várias décadas. Sua ausência nos currículos se explica por vários 18
  • 25. fatores, entre os quais merece destaque sua perda de identidade como disciplina ao ser transformada em 1971 em um dos componentes da disciplina Educação Artística. A preocupação atual em formar indivíduos criativos capazes de enfrentar os desafios do mundo globalizado criaram possibilidades para sua reinserção nos currículos da escola fundamental. São muitos os problemas enfrentados pela área de educação musical. Dentre eles, consideramos como os de maior importância à falta de sistematização do ensino de música nas escolas de ensino fundamental e o desconhecimento do valor da educação musical como disciplina integrante do currículo escolar. Segundo Hentschke a atual prática da música, sua forma de apresentar-se para as crianças e os jovens na fase escolar, isto é, inserida no âmbito escolar com caráter de atividade lúdica, descontextualizada de suas realidades cotidianas e sem consequência “educativa” e indaga: qual o valor da Educação Musical? “E qual seu papel na educação formal do indivíduo?” Hentschke (1991 p.60). “Para Hentschke (1991, p 56)” só a partir de uma reflexão crítica a respeito dos seus fins, poderemos construir uma estrutura sólida como base de ação para a prática efetiva de Educação Musical. A música do Bob Dylan é um exemplo, de como a escolha de uma música é importante, pois esta pode ser trabalhada de maneira interdisciplinar e abordar vários assuntos. O trabalho traz sugestões de atividades para demonstrar a variedade de utilizações de uma música tanto no ensino da língua inglesa como das outras disciplinas. Além do conteúdo gramatical, interpretação e leitura, é possível explorar aspectos históricos, políticos, sociais, culturais, religiosos e geográficos. Possibilita a abordagem de temas transversais, como a violência, cidadania, juventude, drogas, direitos e deveres, contribuindo para o crescimento cultural e social do aluno enquanto cidadão. Através das reflexões e discussões os alunos perceberão que também existem graves problemas políticos e sociais em outros países. Concluímos que é possível trabalhar qualquer assunto em Língua Inglesa, com bons resultados, através da utilização de uma música, um vídeo para iniciar, ou mesmo finalizar o trabalho. 19
  • 26. A música pode ser uma ferramenta sócio- educativa e disciplinadora, mas para se utilizar a música, o professor teria que ser capacitado através de cursos presenciais ou à distância, pois muitos destas utilizações são desconhecidas por eles. B.2- A MÚSICA E O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM A música é compreendida como forma de ampliar o conhecimento cultural das crianças e jovens no período que abrange a educação básica e, também, como fator que contribui para o desenvolvimento no ensino-aprendizagem escolar. A educação musical na escola deveria objetivar despertar a sensibilidade musical, o desenvolvimento cognitivo, o afetivo e as relações interpessoais, tendo em vista que seu caráter cultural diversificado que propicia o respeito pelas diferentes culturas e pode contribuir para o desenvolvimento da criança, dando a ela oportunidade de conhecimento e valorização da vida e, por apresentar caráter interdisciplinar, é favorável sua inserção no currículo escolar. Na concepção de Correia (2010), essa atividade auxilia na aprendizagem e é componente histórico de qualquer época, ajuda no estudo de questões sociais e políticas e, para o professor, serve de instrumento didático-pedagógico em vários seguimentos de forma prazerosa, auxiliando também na expressão e comunicação e no desenvolvimento do raciocínio lógico. (CORREA 2010 p.20) Portanto, deveria ser incentivada a interdisciplinaridade e os currículos de ensinos deveriam adotá-las para trabalhar a cooperação, socialização, minimizando, assim, as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. Assim conforme o autor: A música auxilia na aprendizagem de várias matérias, ela é componente histórico de qualquer época, portanto oferece condição de estudos na identificação de questões, comportamentos, fatos e contextos de determinada fase da história. A utilização da música, bem como o uso de outros meios, pode incentivar a participação, a cooperação, socialização, e assim destruir as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. A prática interdisciplinar ainda é 20
  • 27. insípida em nossa educação (CORREIA, 2003, p. 85). A música como disciplina escolar, deve ser considerada como uma melhoria no currículo escolar brasileiro e, mesmo em meio a tantas dificuldades, ainda configura-se como oportunidade de levar um pouco de música com qualidade, contradizendo assim as influencias negativas veiculadas pela mídia, que contribuem para degradação dos valores humanos. Considerar o amplo acesso que se tem à música fora da escola não justifica a sua falta no currículo escolar, uma vez que essa música chega aos nossos ouvidos sem nenhuma discriminação e consciência por parte de quem ouve. Além do mais, é negado ao aluno o acesso a uma área do conhecimento que certamente poderá levá-lo a desenvolver o potencial artístico e criador, além de permitir que esses desenvolvam uma apreciação musical crítica e consciente. Armazenar, memorizar informações, conhecimentos estáticos e descontextualizados não são mais situações possíveis nos dias atuais. O momento atual requer a valorização da intuição, da criatividade e da livre expressão do aluno para encarar e lidar com as diversas situações do seu cotidiano seja dentro ou fora do contexto escolar. (LOUREIRO, 2003, p.142). As músicas apresentadas fora do espaço escolar nem sempre são de boa qualidade, com intuito de enriquecer o processo educacional, por isso sua implantação no currículo é favorável segundo educadores musicais. Conforme Loureiro, essa atividade como componente curricular é uma oportunidade para que o aluno tenha acesso a essa área do conhecimento e, ela, integrando o currículo escolar, se aplicada de forma correta, com profissionais especialistas na área, contribuirá para desenvolver habilidades criativas que ajudarão o aluno a criar, inovar em todas as situações, além de proporcionar momentos oportunos de descontração favorece o desenvolvimento cognitivo. (LOUREIRO,2003 p,143) 21
  • 28. Pode ser entendida, ainda, como um estímulo para que o aluno se sinta valorizado, reforçando sua autoestima, e descobrindo-se como um ser importante, podendo compor um grupo musical. Isso acontece porque, embora cada pessoa demonstre uma habilidade maior em determinado instrumento ou tom de voz, poderá participar de trabalho a ser realizado porque se ajustará em equipe. Conforme Fialho (2007), Demori (2007) e Araldi (2007), ensinar música na escola não significa necessariamente o ensinar a tocar um instrumento especifico, mas, sim, apresentá-la como área do conhecimento e suas especificidades, com intuito de possibilitar usar práticas musicais coletivas e conteúdos que ajudem na formação do aluno. (2007 p.34) Também, conforme as autoras, a simples apreciação já é um bom exercício para os principiantes. A partir de uma simples aula sem obrigação, o aluno pode dar sua opinião, expor seu ponto de vista e, assim, começar a agir com visão crítica, podendo experimentar cantar, compor ou tocar um instrumento musical. Quando o professor utiliza essa atividade como instrumento didático- pedagógico, além de ampliar os conhecimentos pode proporcionar aos alunos momentos agradáveis, estimulando-o a expressar-se artisticamente e, assim, superar as angústias vividas no dia a dia, por meio de momentos prazerosos proporcionados pela arte. Na escola, conforme afirma Limao professor tem a oportunidade de passar, por meio da música, conteúdos sistematizados, trabalhando de forma que aluno possa apropriar-se de amplo conhecimento. Ela pode ser utilizada com crianças bem pequenas como os bebês e até com os adolescentes como elemento de aproximação com os professores facilitando o relacionamento entre ambos. (Lima 2008, p.17) Cumpre frisar que por meio da interação social com adultos ou companheiros, brinquedos, objetos, é que ocorre a apropriação do saber, a criança aprende com o mundo que a rodeia. Deste modo, com a música, a criança interage com o ritmo, com a letra e aprende com os colegas e professores até mesmo a treinar sua voz, assim, a aprendizagem ocorre por meio do estimulo do convívio social e serve de base para novas aprendizagens, já que a cada 22
  • 29. etapa apreendida, um novo desafio surgirá e começará um novo empenho para chegar à próxima. Sua importância para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças da educação infantil também é reconhecida nos documentos oficiais. Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil RCNEI (1998), sendo a música uma linguagem de caráter lúdico, o professor ao se utilizar desse elemento sonoro torna o ensino mais atrativo, já que esta pode proporcionar as crianças momentos especial de prazer. Assim sendo, ela pode ser uma grande aliada no processo de ensino e aprendizagem e um rico instrumento de comunicação e socialização. Ainda, de acordo com o documento, esse tipo de trabalho deve ser considerado um importante meio de expressão e forma de conhecimento também para os bebês e as crianças com necessidades especiais, porque a linguagem musical é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, equilíbrio, autoestima e autoconhecimento e ótimo meio para promover a integração social. C - O PAPEL E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR MUSICAL A educação musical vive um momento singular nesta virada de século, neste mundo globalizado e informatizado. O esforço que a educação musical vem fazendo ao longo dos anos para ser legitimada diante das instituições educacionais e da sociedade brasileira reafirma as ideias, as proposições e as propostas construídas na luta pelo reconhecimento da área e pela valorização do educador musical. Nesta fase de mudanças de nossa sociedade, de sucateamento da educação em todos os níveis, a educação musical que busca a democratização do ensino de música nas escolas, que enfoca o indivíduo em sua totalidade, busca, antes de tudo, uma formação de qualidade para o professor do magistério. A área de educação musical vem discutindo a formação e a preparação do educador musical. Surge aqui a questão: quem deveria ensinar música aos milhares de jovens e crianças que frequentam as escolas de ensino fundamental do país? Busca-se um perfil de quem seja um educador musical de quais suas funções de ensino aprendizagem de música. Quem é esse profissional? Poderá se o músico (aquele diplomado em instrumento, composição ou regência), deverá ser aquele que conhece e trabalha as dimensões da experiência musical por meio de 23
  • 30. múltiplas maneiras de nos relacionarmos com a música, ou o professor de classe? Qual o seu papel no intuito de resgatar a credibilidade do ensino de música como área de conhecimento e, principalmente, como disciplina escolar. Hoje, encontra-se uma nova proposta curricular para o ensino de arte; os Parâmetros Curriculares nacionais (PCNs) elaborados pela secretaria de Ensino Fundamental, essas diretrizes apontam para uma flexibilidade e uma abertura na aquisição de conhecimentos, indicando uma prática fundamentada na experiência e na atuação ativa do aluno. Porém, o fato musical, sua organização e compreensão, dependem da formação básica de professores e educadores musicais, preparados para adequar-se às características e às necessidades de alunos em diferentes fases de seu desenvolvimento. A questão que se coloca hoje para a formação do profissional da música, não é apenas a busca do conhecimento, mas como selecioná-lo e administrá-lo dentro do contexto escolar. A questão do universo musical utilizado pelos educadores musicais exige um mínimo de conhecimentos a serem adquiridos e apropriados em sala de aula para que possam ser trabalhados no atendimento dos interesses e das necessidades dos alunos, inclusive com a possibilidade de modificação e renovação. Nesse sentido, é grande a responsabilidade da universidade, como espaço legítimo de produção e propagação do conhecimento além de ser, inegavelmente, lugar de reflexões e críticas de um conhecimento em constante mutação, diante de uma sociedade na qual se articula uma pluralidade de discursos, principalmente os existentes na área da educação. Skeff (1997, p.199) baseado em sua própria experiência na formação artístico musical de jovens, futuros profissionais, acredita que: o novo perfil de profissional deve envolver uma especificidade que transcenda a mera habilidade técnica, exigindo, sim, um desenvolvimento amplo e contínuo que responda às exigências do novo cenário cultural e mercadológico, garantindo autonomia a esse futuro profissional. Embora nos meios científicos e acadêmicos a música seja reconhecida, na realidade isso não ocorre nas escolas, o que encontramos nelas são práticas isoladas, bastante variáveis e irregulares. Em algumas escolas, há professor e carga horária específicos para música, em outras, só há o ensino da música na educação infantil (mesmo assim como função recreativa); em outras, a aula de música se resume a formar e a ensaiar uma banda ou coral, porém, tais práticas envolvem apenas alguns alunos, deixando a maioria excluída. Apesar de existir um consenso entre produção científica, as educadoras musicais e as professoras de ensino fundamental sobre a importância da música na educação da criança e do 24
  • 31. jovem, sua implementação na escola como ocorre, está muito distante de seu verdadeiro significado, priorizando, aspectos disciplinares e atividades festivas. O espaço reservado para a música está incluído no da educação artística, disciplina que ainda tem priorizado as artes plásticas ou cênicas. O professor de educação artística, de formação abrangente e polivalente, não encontra meios para desenvolver objetivos propriamente musicais. Concepções e práticas musicais adotadas nas escolas refletem, em sua maneira o modelo conservatorial de ensino da música. Ocorre que o pouco investimento na licenciatura em música e, consequentemente a prioridade depositada no bacharelado, fazem com que bacharéis em música, por falta de opções no mercado de trabalho, tendam a optar pelo magistério. Essa inserção na rede de ensino regular acaba por ser desastrosa, uma vez que esses profissionais não tiveram uma formação adequada em que tivessem ocorrido a reflexão e a discussão das questões específicas do ensino de música. O confronto com as dificuldades oriundas da realidade escolar na qual se veem inseridos é por demais desafiador e, muitas vezes, desestimulante. O método tradicional torna-se para o professor seu principal aliado no processo educacional. Cristalizado na sua própria formação, o professor passa a ensinar conforme aprendeu. Priorizando e considerando apenas seu próprio conhecimento e sua própria experiência musical, ignorando a música apreciada pelos jovens e suas vivências, e adotando conteúdos fragmentados, desatualizados, o ensino da música não atende às expectativas de levar a educação de qualidade para a escola. Além disso, esse modelo não é o mais adequado quando se tem aluno proveniente de diversas camadas da sociedade, de diferentes meios culturais, onde a música erudita, séria e de valor é excluída e, consequentemente, menos ouvida, compreendida e aceita. O fato é que se há música como disciplina escolar, pouco tempo é reservado para sua prática, a não ser como recreação ou como recurso didático, auxílio imediato para a promoção de festas escolares ou para minimizar as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. Na maioria das escolas onde há o ensino de música, os professores continuam reduzindo essa disciplina à realização de atividades lúdicas, com aspectos agradáveis, em que o produto final é mais importante do que o processo de aprendizagem, que busca, como objetivo, a aquisição de um novo conhecimento. 25
  • 32. A música como atividade educativa, quando inserida no contexto escolar, encontra ainda, uma série de limitações, tais como carência de material músico- pedagógico, salas inadequadas, tempo disponível reduzido, além de turmas numerosas heterogêneas. Essas dificuldades prejudicam o trabalho do professor que não está preparado para desenvolver objetivos propriamente musicais e lidar com os imprevistos presentes em sua prática pedagógica diária. Outro limite que se impõe à educação musical escolar é a ausência de um método atrativo e realista que, em concordância com o desenvolvimento psicossocial do aluno, que lhe possibilite um aprendizado prazeroso, acessível e voltado para o seu crescimento pessoal. São raras as escolas que dispõem de um trabalho musical bem orientado e metodologicamente estruturado, com possibilidades de garantir sua continuidade. O processo de ensino aprendizagem requer constante adequação e renovação de atividades e materiais músico pedagógicos, conhecimento e disponibilização de recursos metodológicos que possam promover as condições necessárias como forma de assegurar a apreensão do conhecimento musical. É preciso dar a educação musical um caráter progressivo, que deve acompanhar a criança ao longo de seu processo de desenvolvimento escolar. Momentos devem ser adaptados a suas capacidades e a seus interesses específicos. Cantos, ritmos e sons de instrumentos regionais e folclóricos. A música vai invadir salas, pátios e jardins das escolas do país. A disciplina defendida por um dos mais talentosos maestros brasileiros, Heitor Villa-Lobos (1887-1959), volta a ser obrigatória na grade curricular dos ensinos fundamental e médio. Para especialistas, a aprovação da Lei nº 11.769 em agosto de 2008, significa uma formação mais humanística dos estudantes, na qual serão desenvolvidas habilidades motoras, de concentração e a capacidade de trabalhar em grupo, de ouvir e de respeitar o outro. A nova legislação altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), fazendo da música o único conteúdo obrigatório, porém não exclusivo. As demais áreas artísticas deverão ser contempladas dentro do planejamento pedagógico das escolas. Antes da regra, a música era conteúdo optativo na rede de ensino, a cargo do planejamento pedagógico das secretarias estaduais e municipais de educação. No ensino geral de artes, a escola podia oferecer artes visuais, música, teatro e dança. “A educação musical no Brasil é bastante diversificada e descontínua. Existem projetos duradouros de ótima 26
  • 33. qualidade, ao lado de muitos trabalhos que são apenas esporádicos, não oferecendo formação musical para todos os estudantes. Com a lei, isto vai mudar”, explica Figueiredo. Durante os próximos três anos, escolas, diretores e professores terão de se adaptar a nova regra. “A formação de professores é o principal desafio, por isso, temos que batalhar para que mais vagas sejam criadas”, defende Figueiredo. 27
  • 34. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve por objetivo analisar o ensino da música na escola fundamental e as razões que levaram a música a se distanciar do cotidiano escolar brasileiro. No que diz respeito aos teóricos da música, especialmente os que tratam da educação musical, há o consenso de que a função e o significado do ensino de música na escola fundamental estão aquém dos que hoje lhe são atribuídos. Tão importante quanto a história, esses estudos não só contribuíram para esclarecimento das questões iniciais apontadas neste trabalho, mas evidenciaram que, embora praticamente ausente dos currículos, a educação musical vive um período de efervescência, marcado pela busca de novos caminhos. A pesquisa bibliográfica procurou entender o porquê da ausência do ensino de música no atual currículo escolar (embora presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9394/96). Como se viu ao longo deste trabalho, o ensino da música no Brasil passou por períodos de grande efervescência, interrompidos, entretanto, por momentos de crise. À medida que nos aprofundávamos na reflexão sobre o ensino da música como prática escolar, esses momentos tornavam-se esclarecedores para o entendimento da função atribuída à música como disciplina escolar. Entretanto, pudemos constatar a predominância da abordagem tradicional nas práticas educativas musicais. Observamos que a música foi utilizada como suporte didático no processo de alfabetização e como apoio para a manutenção da disciplina escolar. Hoje, sua prática está restrita a festividades do calendário escolar. Apesar de existir um consenso entre a produção científica, as educadoras musicais e as professoras de ensino fundamental sobre a importância da música na educação da criança e do jovem, como mostra a pesquisa, sua implementação na escola, quando ocorre, está muito distante de seu verdadeiro significado, priorizando, como já foram muitas vezes mencionados, aspectos disciplinares e atividades festivas. Dessa forma, não basta apenas reintroduzir a música no currículo escolar das escolas. A análise histórica evidenciou que sua ausência das escolas foi consequência de um processo em que pesaram fatores de ordem política, cultural e pedagógica. 28
  • 35. Sua inserção no universo escolar depende, antes de mais nada, de uma reflexão mais profunda da atual realidade educacional brasileira para que nela, a música possa ser vista e entendida como um componente curricular importante para a formação do indivíduo como um todo. Depende, ainda, de uma vontade política e de investimentos, sobretudo na formação do professor. Dessa forma, as indicações nos Parâmetros Curriculares não são suficientes para a volta da disciplina. Nessa perspectiva, ao buscar elementos para compreender a atual situação do ensino da música na escola fundamental brasileira, acreditamos estar contribuindo para o debate e o diálogo necessários à reintrodução da música no universo escolar, certos de que, para isso, há um longo caminho a ser percorrido. 29
  • 36. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVICH, Fanny. Quem educa quem? São Paulo: Círculo do Livro, 1985. ALMEIDA, Renato. História da música brasileira. Rio de Janeiro: F. Briquiet, 1926. ANDRADE, Mário de. Aspectos da Música Brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1965. _____. Pequena história da música. 9.ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987.23 ANTUNES, Jorge. Criatividade na escola e música contemporânea. Cadernos de Estudo: Educação Musical, São Paulo, n.1, p. 53-61, 1990. ARROYO, Margarete. Etnografia musical em escola de ‘Ensino Básico’:desvelandocrenças e práticas locais. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPPOM, 13, 2001, Belo Horizonte. BARBOSA, Joel Luís. Considerando a viabilidade de inserir música instrumental no ensino de primeiro grau. Revista da ABEM, Salvador, n. 3, ano 3, jun. 1996. BASTIÃO, ZuraidaAbud. O interesse pelas aulas de música na escola regular. Série Fundamentos da Educação Musical, Salvador, n. 4, p. 13-21, out. 1998. BAUAB, Magiba. História da educação musical. Rio de Janeiro: Editora Livros Organização Simões, 1960. BAUMAN, Zigmunt. O mal estar da pós-modernidade. Rio de janeiro: Ed. Jorge Zahar, 1998. _______________. Modernidade Líquida.Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2001. _______________. Medo Líquido. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2008. BEYER, Esther (org.). Idéias em educação musical. Porto Alegre: Mediação, 1999. BRITO, Teca Alencar de. Koellreutter educador – o humano como objetivo da educaçãomusical. São Paulo: Peirópolis, 2001. BUENO, Belmira O; CATANI, Denice B; SOUSA, Cynthia P. de (Orgs). A vida e o ofício dos professores. São Paulo: Escrituras, 1998. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Educação Artística: leis e pareceres. Brasília:MEC, 1982. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais – documento introdutório, versão ago. 1996. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: arte/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.http://www.mec.gov.br 30
  • 37. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Ensino de primeira à quarta séries, 1997. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Ensino de quinta à oitava séries, 1998. CARVALHO, Nilce Helena Pippi de; SILVA, Maria Virgínia dos Santos. Análise do desempenho de professores de Educação Artística. S/r CORREIA, Marcos Antonio. Música na Educação: uma possibilidade pedagógica. Revista Luminária, União da Vitória, PR, n. 6, p. 83-87, 2003 Publicação da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória. ISSN 1519-745-X DOLL Jr., William E. Currículo; uma perspectiva pós-moderna. Trad. Maria Adriana V.Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. DRUMMOND, Elvira. Contato com a música deve começar na primeira infância. In. Folha de Londrina, 2010. FERRARA, Maria Amorim. Notas de uma professora de música escolar. Belo Horizonte:Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1938. FONSECA, Selva Guimarães. Caminhos da história ensinada. Campinas: Papirus, 1995. FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura – as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. FREIRE, Ana Maria Araújo. Analfabetismo no Brasil; da ideologia da interdição do corpo à ideologia nacionalista, ou de como deixar sem ler e escrever desde as Catarinas (Paraguaçu),Filipas, Madalenas, Anas, Genebras, Apolônias e Grácias até os Severinos. São Paulo:Cortez, 1989. GERLING, Cristina Capparelli. Bases para uma metodologia de percepção musical e estruturação no 3º grau. Revista da educação musical: como conciliar? In: ENCONTRO ANUAL DA ABEM, 1, 1992, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABEM, 1992. p. 73- 79. GONÇALVES, Maria Inês Diniz. O ensino da música nas universidades brasileiras; reflexões.ABEM, 1998. p. 114-124. HENTSCHKE, Liane; DEL BEM, Luciana. (Org.). Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003. p. 86-100. HOWARD, Walter. A música e a criança. São Paulo: Summus, 1984. KEMP, Anthony E. Introdução à investigação em educação musical. Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian, 1995. 31
  • 38. KOELLHEUTTER, Hans J. O centro de pesquisa de música contemporânea da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais; uma nova proposta de ensino musical. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM MÚSICA, 2, 1985, São João delRei.Anais... São João del Rei, 1985. _____. Educação musical no terceiro mundo. Cadernos de Estudo: Educação Musical, São Paulo, n. 1, p.1-8, 1990. (org.). Campinas : Autores Associados, 2001. (Coleção Memória da Educação, p.190) LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. LIMA, Sônia Albano de (Org.). Educadores musicais de São Paulo. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1998. MARIZ, Vasco. História da música no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1981. _____. Vida musical. São Paulo: Civilização Brasileira, 1997. MÁRSICO, Leda Osório. A criança e a música. Porto Alegre/Rio de Janeiro: Globo, 1982. MARTINS, Raimundo. Educação musical: conceitos e preconceitos. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1985. NAGLE, Jorge. A reforma e o ensino. 2.ed. São Paulo: EDART; Brasília: INL, 1976. NÓVOA, Antônio. Vidas de professores (0rg.). Porto: Porto Editora, LDA, 1992. OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro. O ensino da filosofia no 2º grau da escola brasileira: um percurso histórico, até a realidade mineira dos anos 80. São Paulo: PUC,1993. (Dissertação de Mestrado). LOUREIRO, Alicia Maria Almeida. A educação musical como prática educativa no cotidiano escolar. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 10, 65-74, mar. 2004. LOUREIRO, Alicia Maria Almeida. O ensino da música na escola fundamental. SOUZA, Jusamara. A pesquisa em educação musical na universidade; algumas questões. In:109 SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. São Paulo: UNESP, 1991. SNYDERS, George. A escola pode ensinar as alegrias da música? São Paulo: Cortez, 1992. STEFANI, Gino. Para entender a música. Rio de Janeiro: Globo, 1987 Disponível em: http://letras.terra.com.br/geraldo-vandre/46168/Dalva Silveira* Summus, 1988.. 32
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