O romance acompanha Érica, uma jovem pintora que está lidando com a perda do pai alcoólatra. No início, ela procura o pai nos bares, sem saber que ele morreu. Posteriormente, se envolve com Vinícius, um amigo de longa data. Entretanto, ele decide se mudar, deixando-a para lidar com a perda antiga do pai e a nova perda de Vinícius. Ao longo da narrativa, Érica precisa aceitar ambas as perdas e seguir em frente com sua vida e carreira artística.
1. ENQUANTO DEUS NÃO ESTÁ
OLHANDO
Autora: Débora Ferraz
Gênero: Romance
Página: 368
Editora: Record
2. Débora escreveu seu primeiro livro
aos 13 anos e publicou aos 16 de forma
independente, custeando a edição a partir
dos cartões artesanais que fazia para
vender no intervalo do Ensino Médio.
A coletânea de contos ‘Os Anjos’
teve boa recepção crítica e lhe deu ampla
repercussão, rendendo textos em revistas
de circulação nacional.
O currículo da escritora também
inclui a publicação do conto ‘O Filhote de
Terremoto’ na edição online da Revista
Cult e sua adaptação para o cinema no
curta-metragem ‘Catástrofe’. O texto
também foi publicado na coletânea do
Prêmio Sesc de Contos Machado de Assis
– Edição 2012, em que ela foi uma das 13
finalistas.
Débora Ferraz nasceu em
Serra Talhada (PE).
Formada em Comunicação
Social pela Universidade
Federal da Paraíba(UFPB).
3. ENQUANTO DEUS NÃO ESTÁ OLHANDO
Dividido em três partes
I- A busca pelo pai que sumiu
da clínica. A morte do pai é
revelada para o leitor.
II- A aceitação do luto e o
envolvimento amoroso com
Vinícius.
III- Outra perda se mistura com
a antiga: a morte do pai e a
escolha de Vinícius deixando-a
só para começar a viver.
4. ENQUANTO DEUS NÃO ESTÁ OLHANDO
Principais personagens
Érica: narradora-personagem, 24 anos, desenhista
em busca de superação do luto. Conquistada pelo
melhor amigo enfrenta duas grandes perdas: uma
pela morte, outra por escolha do namorado.
Ela é uma garota complexa, e a confusão que toma conta de sua
mente logo após a perda se reflete na estrutura do romance – Débora
mescla passado e presente, a chegada da morte contada em um
diário e os dias em que tenta levantar a vida, buscar inspiração para a
pintura novamente ou então ter pelo menos um plano de
sobrevivência no mundo.
5. “ Eu teria, finalmente que admitir que sempre o
tinha achado bonito. A brancura limpa da pele,
seu rosto de feições estreitas, barba de um dia,
os olhos escuros e cílios pretos a contrastar.
Tinha um corpo másculo, uns músculos pouco
ostensivos no braço. Era isso. Ele era bonito, ora
essa. Eu apenas não admitia.” (p. 288)
Aluízio Valentim: pai de Érica.
A mãe, o irmão, tia Rosa e os amigos: Guto, Caio e Fausto.
OUTROS PERSONAGENS
6. ENQUANTO DEUS NÃO ESTÁ OLHANDO
Érica Valentim é a narradora, uma jovem
pintora de 24 anos. Ela está perdida, em busca
de um pai que sumiu: um pai alcoólico que não
a compreende e nem aprova sua escolha
profissional. Na busca, ela é acompanhada por
Vinícius, um velho amigo com quem não
mantinha contato há cinco anos. No desespero,
ela liga para ele, e ele a ajuda. Entretanto eles
têm uma história mal resolvida. Enquanto
procura o pai, Érica se preocupa com a forma
como o pai irá reagir quando souber que ela
transformou a garagem em ateliê. Mas ela nem
teve chance de contar a novidade, pois antes
disso ele sumiu de sua vida.
7. Aluízio, o pai, morreu. Restaram
Érica, infeliz no seu emprego em uma
agência qualquer de uma cidade no
Nordeste, sua mãe, que alterna entre “dias
ultra atarefados” enquanto em outros “nem
sequer tira a camisola, e ter duplicado a
quantidade de cigarros diários…”, e seu
irmão mais novo, um adolescente sem muita
participação na história que passa os dias
vendo TV, “nessa espécie de autismo
opcional que ele se enfiou”. Érica quer e não
quer lidar com o assunto. Espera encontrar o
pai nos bares na beira da praia como sempre
acontecia antes de ele ir para o hospital,
dizer pacientemente que estava na hora de
parar, de ir para casa, de se recuperar.
8. O leitor percebe que no passado,
Érica era uma filha preocupada com o pai,
carente de aprovação, cheia de conflitos com
a figura paterna que tenta, a todo custo,
agradar e ser aceita pela escolha profissional
que fez – Aluízio queria uma filha médica,
apesar de ele odiar médicos. No presente, a
figura masculina que lhe tira a concentração
é Vinícius, seu jeito totalmente calculista e
certinho, que não joga nada fora, que guarda
tudo para si e planeja cada passo diário, tudo
bem ao contrário do que Érica é. Aos poucos,
conforme ela vai aceitando o novo círculo
social que lhe rodeia o emocional de Érica se
recupera, e ela vai aos poucos revelando o
que, definitivamente, aconteceu com seu
pai.
9. Érica é uma pessoa que se
sente errada, quebrada. A morte do
pai coloca a família em uma situação
financeira complicada e, para uma
garota da sua idade que ainda não
sabe ao certo como ganhar dinheiro
com o que gosta e o que fazer da
vida, é um caos. A preocupação com
o pai, no início, parece ter a ver com
essa dependência financeira que a
família tem dele – “ele é o principal
provedor da casa” –, mas aos poucos
Débora mostra que a relação pai e
filha vai muito além. Tem a ver com
aceitação, com orgulho de suas
escolhas, com amar uma pessoa
apesar de todos os seus defeitos.
10. Érica se envolve com Vinícius. Ele se
apaixona primeiro por ela e uma amiga conta
para Érica a qual parece não querer acreditar
nem apostar num romance, pois teme perder
a amizade de Vinícius quando o namoro, que
nem começou, terminar. Entretanto, eles se
envolvem e ela acaba se descobrindo muito
apaixonada. O medo de se ferir era enorme,
porém se entregou a essa experiência: “ Eu
respirei fundo. A tristeza batia. Eu sentia que
estávamos ali em um nó do qual nós dois,
inevitavelmente, sairíamos feridos.”
Da metade do romance para a frente
Vinícius divide espaço igual com Aluízio. E aí
se configuram duas perdas: uma passada e
uma futura, pois ele está prestes a se mudar
para o Sul do país, abandonando família,
amigos e, claro, Érica.
11. Os trechos finais do romance são tensos e rápidos. A autora
nos apresenta em blocos de texto que se alternam entre Érica e a
mãe chegando ao hospital, o desfecho definitivo da história de
Aluízio, e Érica e Vinícius a caminho da despedida.
12. O enredo acompanha os momentos prosaicos
da perda: conviver com a antiga casa, procurar
o pai em locais que se sabe que ele não está,
voltar ao trabalho, recomeçar a sair com
amigos. “Quando meu pai foi embora, a casa,
subitamente, tornou-se obsoleta. Como se a
decoração estivesse, agora, completamente
fora de moda”, aponta, no início de um dos
capítulos. O rumo dos acontecimentos é
relativamente comum, e Débora procura
construir um romance em que a tensão não se
dá através das ações , mas do acúmulo de
sensações.
Elaborar uma questão sobre esse texto e água viva.