2. Vamos nos permitir alguma liberdade criativa e
imaginar que um alienígena recém chegado à
Terra, interessado em conhecer nossos
costumes, decide ir ao Maracanã assistir a uma
partida de futebol.
3. • Certamente no início da partida o ET ficaria
bastante confuso, vendo todas aquelas pessoas
correndo atrás de uma bola, e muito intrigado ao
ver como alguns jogadores ficam tão sensíveis
quando ela se aproxima demais daquelas redes
localizadas nas extremidades do campo
4. Mas ao longo da partida, percebendo que alguns
lances se repetem e têm sempre o mesmo
desfecho (por exemplo, a partida é sempre
interrompida quando a bola sai dos limites traçados
no campo), ele provavelmente formularia algumas
hipóteses sobre o jogo:
5. Hipóteses sobre o jogo:
• "será que o objetivo é enviar a bola o mais
distante possível?", ele talvez pensasse após
assistir um infeliz chute de fora da área;
• ou talvez o objetivo seja matar o humanóide
que carrega a bola", pensaria ao ver um
zagueiro aplicando uma tesoura na altura do
pescoço de um outro jogador.
6. É quase certo que após algum tempo
observando a partida e depois de vários
palpites errados, o visitante extraterrestre
fosse capaz de compreender a maior parte das
regras do nosso futebol.
9. Porém ainda que nossa metáfora seja didática,
ela não é completa. Pois nela o ET assiste
passivamente ao desenrolar dos lances na
partida e propõe hipóteses que somente tem
como verificar esperando que se repitam.
12. Porque seria diferente com a ciência?
Pois por incrível que pareça, a idéia de
realizar um experimento para testar uma
hipótese é bastante nova; não tem mais do
que 500 anos
Os filósofos gregos, que há mais de 2500 anos
foram os primeiros a investigar o mundo de
maneira racional e sistemática, achavam que
a natureza só poderia ser compreendida pelo
uso da razão e do intelecto e por isso
desdenhavam a experiência.
O filósofo Parmênides (510 a.C.) é um exemplo de como os gregos estavam
dispostos a levar a lógica e a razão até as últimas consequências: ao negar a
existência do tempo e do vazio e portanto do movimento, Parmênides concluiu
que se tinhamos a impressão de que as coisas se moviam e o tempo passava
era somente porque vivíamos num mundo ilusório (uma versão antediluviana
do filme Matrix).