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São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 2011
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Fora dos trilhos
O leilão do trem-bala precisa ser adiado mais uma vez, até
que o governo esclareça por que a obra é prioritária e se
existe viabilidade econômica
Aproxima-se, mais uma vez, a data final para a entrega das
propostas para o leilão do trem-bala que ligaria Campinas, São
Paulo e Rio de Janeiro. Repete-se, também, a desconfiança de
investidores, especialistas e até integrantes do próprio governo
quanto à viabilidade e à urgência do projeto.
A duas semanas do novo prazo -o leilão já fora adiado no final
do ano passado- , apenas um consórcio, formado por empresas
sul-coreanas, é tido como certo. Outras concorrentes se
articulam, e uma nova interessada, a espanhola Talgo, pediu a
prorrogação do prazo, para que tenha tempo de formular sua
proposta.
Diante das dúvidas que se avolumam sobre o trem-bala, o
melhor que o governo tem a fazer é adiar o leilão. O custo da
obra, antes estimado em menos de R$ 20 bilhões, chega agora a
R$ 33,1 bilhões, e mesmo esta cifra parece pouco confiável. O
projeto de engenharia não foi concluído, e o valor das
desapropriações no trajeto não passa de estimativa -entre outras
questões que ainda carecem de respostas.
A própria extensão do envolvimento governamental na obra
precisa ser questionada. Sairão dos cofres públicos, de pronto,
R$ 3,4 bilhões para formação de uma nova estatal, que será
parceira do projeto. Outros R$ 19,9 bilhões serão financiados
pelo BNDES. Se nos primeiros anos o número de passageiros
ficar abaixo do estimado -e nada garante que não fique-, até R$
5 bilhões adicionais serão subsidiados.
Enquanto isso, a infraestrutura do país segue rumo ao colapso,
com aeroportos superlotados, rodovias esburacadas e mal
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2. 28/03/2011
com aeroportos superlotados,- rodovias esburacadas e mal
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sinalizadas e portos defasados, com capacidade esgotada.
O governo está a dever um esclarecimento convincente sobre a
razão para fazer da construção do trem-bala uma obra prioritária
-tanto mais agora que promete ajuste fiscal de R$ 50 bilhões.
Tem de explicar, também, como uma obra que o Palácio do
Planalto diz ser viável depende em um grau tão elevado de
patrocínio estatal.
Do modo como está, o trem-bala parece preencher apenas o
desejo de colocar o país nos trilhos de um "Brasil Grande", a
predileção por obras faraônicas que a sociedade prefere deixar
para trás, com o período de governos autoritários em que
floresceu.
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