SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 21
Resumo do livro “Quem Me Roubou de Mim” do 
Padre Fábio de Melo 
(http://www.fabiodemelo.com.br/). Este não é um 
slide de teorias, mas um slide ditado pela vida. 
Ele nasceu da vida vista, vivida e ouvida pelo autor. 
Somente depois ele o quis escrevê-lo. 
Autora do resumo: Zelina Vaz de Quevedo 
http://projetocaiunarede.blogspot.com
Apresentação 
O importante neste slide que vamos ver é a 
reflexão que podemos fazer. Repensar as 
relações que foram marcantes em nossa vida 
ajuda-nos na análise que precisamos realizar 
Perguntar-se é uma maneira interessante 
de se descobrir como pessoa. Por isso as 
perguntas são pontes que nos favorecem 
travessia. Este não é um slide de teorias, mas 
um slide ditado pela vida. Ele nasceu da vida 
vista, vivida e ouvida pelo autor. Somente 
depois ele o quis escrevê-lo. 
Pe Fábio de Mello
Refeição é devolução. 
Da mesma forma como o alimento 
devolve ao corpo os nutriente perdidos, a 
presença dos que amamos nos devolve a 
nós mesmos. Sentar a mesa é isso. Nós 
nos servimos de alimentos e de olhares. 
Comungamos uns aos outro, assim 
como o corpo se incorpora da vida que o 
alimento lhe devolve. A mesa é o lugar 
onde as fomes se manifestam e são 
curadas. Fome de pão, fome de amor.
Alguém 
Alguém me levou de mim 
Alguém que eu não sei dizer 
Alguém me levou daqui. 
Alguém esse nome estranho. 
Alguém que eu não vi chegar 
Alguém que eu não vi partir 
Alguém que se alguém encontrar, 
Recomende Que me devolva a mim.
O que há é um 
movimento silencioso de 
posse de tudo aquilo que 
o outro é. Posse que se 
transmuda aos poucos 
em processo destrutivo e 
irremediável.
6 
Os cativeiros não podem 
ser localizados, nem há 
“pedidos de resgate”.
Foi o que aconteceu 
com aquela menina... 
Ela chegou em mim com olhos cheios 
de medo. Bonita nascida de em uma família 
bem estruturada, amenina começou a 
relacionar-se com um amigo de colégio. No 
início, era apenas uma aproximação 
despretensiosa, e por isso a família não via 
necessidade de intervir.”Coisa de 
adolescente”, como dizem os mais velhos 
(pág. 44)
Existir com qualidade 
é desafio de toda 
hora. 
Requer porém esforço constante para manter a 
autenticidade, mesmo quando tudo parece nos 
encaminhar para o processo natural da 
superficialidade e do falseamento. O mundo do caos é 
feito de superficialidade. Não é preciso pensar para 
nele sobreviver. Muito pouco é necessário. É só entrar 
no movimento da transitoriedade e dos 
condicionamentos. Meios de comunicação,estruturas 
política, econômica e até mesmo religiosa parecem 
socializar uma proposta de espaço humano que 
definitivamente não está a favor do fortalecimento da 
identidade, mas ao contrário parece legitimar o 
interesse em retirar o ser humano do seu prumo, 
deixando-o a deriva, num imenso mar em fúria.
O elemento chave para que esta 
incapacidade de percepção 
prevaleça é justamente a 
artificialização do mundo. Não 
sendo afeito a reflexão,o sujeito 
não se torna capaz de analisar as 
relações que estabelece. Vive sem 
pensar, vive sem refletir; vive para 
machucar e ser machucado
Em nome do amor cometemos atrocidades. Amarramos 
os outros a nós porque nos equivocamos na compreensão do 
que consideramos ser amor. Amar não é fazer do outro nossa 
propriedade. 
O namorado que chega não tem amor de pai para 
oferecer. E por isso não terá o direito de afastar a menina de 
seu pai. Ele não tem amor de mãe, de irmão. Ele é portador de 
um amor novo que chegou, e por isso encantou, mas não é o 
amor único. Ele é o recém chegado, e ainda que a menina não 
tenha sido amada o suficiente em sua casa, o amor de que ela 
dispõe na família é muito importante para que continue se 
construindo como pessoa. O risco de seqüestro está na 
pretensão do novo que chegou.
Martim Beber, grande nome da 
filosofia personalista, nos propõe 
esta bela e fecunda verdade. No 
encontro entre um eu e um tu, uma 
terceira pessoa de existência 
própria se estabelece. Nossos 
olhos não podem enxergá-la, mas a 
nossa sensibilidade nos aponta 
para ela. O nós é o que sobra do 
encontro entre o “eu” e o “tu”
Esse processo de agregação possibilita 
ao ser humano o crescimento do seu 
horizonte de sentido. 
Tornamo-nos mais ricos com a presença 
dos que nos agregam. Relações saudáveis 
são relações que nos devolvem a nós 
mesmos – e, o melhor devolvem - nos 
melhorados. É a crise dos papéis. Filhos já 
não sabem ser filhos, na medida que pais 
não sabem ser pais.
O processo de feitura da 
pessoa humana é semelhante as 
construções. Desde nossa vinda 
ao mundo recebemos um formato, 
uma estrutura. Amar alguém é 
observar onde estão as vigas de 
sustentação, para que não 
corramos o risco de derrubar o 
que a faz permanecer de pé.
As relações 
O cativeiro, por pior que seja, acabou por se 
tornar um lugar seguro. O seqüestrado está 
esquecido da vida livre; já não sabe como é ser 
gente fora das prisões. Esqueceu que é rei e vive 
como se fosse escravo. O tempo no cativeiro o fez 
acostumar-se com uma comida qualquer, com o 
amor qualquer, com o cuidado qualquer. 
Quem sobrevive de qualquer maneira 
facilmente se considera qualquer pessoa; inclui-se 
no contexto da multidão como se fosse apenas 
mais um.
As relações humanas estão 
sempre vulneráveis aos riscos 
dos atos violentos velados. 
Podemos identificar muitas 
delas, mas, neste momento, 
queremos observar uma relação 
profundamente problemática nos 
dias de hoje: pais e filhos
Quando um progenitor permite que o filho faça 
o que bem entender de sua vida uma violência 
terrível é cometida. Cada vez que uma criança ou 
um adolescente é exposto ao direito de decidir o 
que ele ainda não está preparado para decidir, um 
ato de violência é cometido. É também violência 
permitir que os assuntos que não são próprios do 
universo infantil sejam tratados na frente das 
crianças. É violência cada vez que uma criança é 
vestida como se fosse um adulto, e dela é 
solicitado um comportamento que não condiz com 
sua idade.
Pequenas permissões abrem espaços para grandes 
invasões. Desastres terríveis são iniciados com displicências 
miúdas. São as regras da vida. Se quisermos o fruto é preciso 
que haja empenho no cultivo do broto. Os inimigos só podem 
sobreviver a medida que injetamos sangue em suas veias. 
Plantas precisam de podas para que não ultrapassem os 
limites estabelecidos. A mãe precisa saber que é mãe e o filho 
precisa saber que é filho. Se isso não está acontecendo 
temos alguma subjetividade seqüestrada, isto, uma pessoa 
ausente de si mesma, distante de seu papel. Uma criança tem 
o mesmo poder que um adulto, desde que a ela seja dada 
autoridade. No afã de explicitar a realidade Aristóteles 
estabelece as categorias de “ato potência”. É “ ato” tudo 
aquilo que já é. É “potência” tudo aquilo que ainda pode ser. 
Difícil? Creio que não. Ex.: uma árvore (de reflorestamento) 
pode se tornar inúmeras cadeiras. Arvore é ato em potência 
de se tornar inúmeras cadeiras.
Aristóteles estabelece ainda dois elementos ainda as 
categorias de “essência e acidente”. A essência dá 
identidade ao ser. Já o acidente é apenas um elemento que se 
refere a essência mas que não é determinante para o que é 
essencial. Ex.: uma flor(essência) pode ser grande ou 
pequena(acidente). Não modifica a sua condição essencial. É 
uma flor mesmo pequena.O amor verdadeiro (essência) que 
faz ser livre, que faz ir além, porque não ama para 
reter(acidente) mas para promover. Amor e liberdade são 
duas vigas de sustentação para qualquer relação que 
pretenda ser respeitosa. Quando não diferençamos essas 
duas realidades, incorremos no erro das relações objetais, 
isto é tratamos o outro como um objeto de nosso prazer, 
cegando-nos para a sua dignidade, acorrentando-o no 
cativeiro do nos egoísmo.
O grande equívoco de nosso 
dias é querermos que o outro seja 
a concretização humana de nossas 
idealizações. Hoje nos satisfaz 
amanhã não 
mais.Trocamos.Voltamos a trocar. 
As paixões são avassaladoras mas 
os estragos também.
O símbolo é um instrumental para interpretarmos 
o mundo. As culturas são construídas e manifestadas através 
de símbolos. As catedrais da idade média representavam a 
supremacia do poder religioso. Os mosteiros lugares 
reservados a salvação das almas, as tabernas evidenciavam a 
perdição assumida, a danação eterna. As construções góticas 
com traços suntuosos, o desejo humano de alcançar o céu. 
As altas torres com desenhos ascendentes, legitimam o 
desejo de alçar a eternidade com as mãos. (Pág.105) 
Outro exemplo disso são os contos de fada. Eles 
evocam o sonho que o ser humano tem de protagonizar uma 
história de amor perfeito: amores homéricos entre príncipes e 
plebéias, bela adormecida, princesa acorrentada na torre 
esperando o príncipe montado em um cavalo branco... O 
encanto permanece até que os ponteiros do relógio anunciam 
meia noite
O velho chavão:”e viveram felizes para sempre” retira o 
amor de sua continuidade processual, que consiste em dores 
e alegrias. O beijo final parece selar uma história em que não 
caberão limites e aborrecimentos. A vida nos mostra 
transformações mágicas não existem,amores perfeitos só 
aquela pequenina flor do jardim. O sonho que sonhamos 
Não pode ser projeção infértil tem que estar preso a 
realidade. É nela que estamos sustentados. 
No contexto da reflexão grega, a perfeição é colocada 
como fim a que s destina o movimento do artista. A perfeição 
não é o caminho mas a chegada. 
A partir deste conceito nenhuma pessoa pode ser 
considerada perfeita,ninguém está pronto. Isto fere todas as 
expectativas de quem espera encontrar pessoas perfeitas 
para estabelecer suas relações.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt? (19)

Amizade e namoro
Amizade e namoroAmizade e namoro
Amizade e namoro
 
Mineirinho clarice lispector a legião estrangeira
Mineirinho clarice lispector   a legião estrangeiraMineirinho clarice lispector   a legião estrangeira
Mineirinho clarice lispector a legião estrangeira
 
Medo de perder
Medo de perderMedo de perder
Medo de perder
 
Sobre estar sozinho
Sobre estar sozinhoSobre estar sozinho
Sobre estar sozinho
 
Sobre estar sozinho
Sobre estar sozinhoSobre estar sozinho
Sobre estar sozinho
 
Sobre estar sozinho
Sobre estar sozinhoSobre estar sozinho
Sobre estar sozinho
 
1 sobre estar-sozinho
1   sobre estar-sozinho1   sobre estar-sozinho
1 sobre estar-sozinho
 
sozinho
sozinhosozinho
sozinho
 
Sobre Estar Sozinho
Sobre Estar SozinhoSobre Estar Sozinho
Sobre Estar Sozinho
 
Novos Relacionamentos E Demandas
Novos Relacionamentos E DemandasNovos Relacionamentos E Demandas
Novos Relacionamentos E Demandas
 
Sobre estar sozinho
Sobre estar sozinhoSobre estar sozinho
Sobre estar sozinho
 
Ah!o amor
Ah!o amorAh!o amor
Ah!o amor
 
Frases engraçadas
Frases engraçadasFrases engraçadas
Frases engraçadas
 
Sawabonashikoba(Mes)(Gl)
Sawabonashikoba(Mes)(Gl)Sawabonashikoba(Mes)(Gl)
Sawabonashikoba(Mes)(Gl)
 
Cef sawabona shikoba(9me30s)
Cef sawabona shikoba(9me30s)Cef sawabona shikoba(9me30s)
Cef sawabona shikoba(9me30s)
 
Sawabona Shikoba
Sawabona ShikobaSawabona Shikoba
Sawabona Shikoba
 
Sawabona Shikoba
Sawabona ShikobaSawabona Shikoba
Sawabona Shikoba
 
Sawabona Shikoba
Sawabona ShikobaSawabona Shikoba
Sawabona Shikoba
 
Miri Sobre RelacõEs
Miri   Sobre RelacõEsMiri   Sobre RelacõEs
Miri Sobre RelacõEs
 

Ähnlich wie Quem Me Roubou de Mim resumo

O egoísmo causa a ignorância
O egoísmo causa a ignorânciaO egoísmo causa a ignorância
O egoísmo causa a ignorânciasiamanga.m.m
 
Poder das Crenças com Miriam Izabel - Ebook Curso Online
Poder das Crenças com Miriam Izabel - Ebook Curso OnlinePoder das Crenças com Miriam Izabel - Ebook Curso Online
Poder das Crenças com Miriam Izabel - Ebook Curso OnlineEspaço da Mente
 
Boletim Informativo Maio 2016
Boletim Informativo Maio 2016Boletim Informativo Maio 2016
Boletim Informativo Maio 2016fespiritacrista
 
7189370 o caminho -ressuscitando-de-si-mesmo
7189370 o caminho -ressuscitando-de-si-mesmo7189370 o caminho -ressuscitando-de-si-mesmo
7189370 o caminho -ressuscitando-de-si-mesmoOmi Jadê
 
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXVFolhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXVValter Gomes
 
Familia um rol de expectativas
Familia   um rol de expectativas Familia   um rol de expectativas
Familia um rol de expectativas Rubens de Mello
 
Refleja. Me declaro Viv@. Versión en Portugués
Refleja. Me declaro Viv@. Versión en PortuguésRefleja. Me declaro Viv@. Versión en Portugués
Refleja. Me declaro Viv@. Versión en PortuguésRefleja tu Amor
 
John powell porque tenho medo de lhe dizer quem sou
John powell   porque tenho medo de lhe dizer quem souJohn powell   porque tenho medo de lhe dizer quem sou
John powell porque tenho medo de lhe dizer quem soudanibateras
 
A vida na realidade!!!
A vida na realidade!!!A vida na realidade!!!
A vida na realidade!!!1620joaquim
 
A armadilha da Proteção - Emma Goldman
A armadilha da Proteção - Emma GoldmanA armadilha da Proteção - Emma Goldman
A armadilha da Proteção - Emma GoldmanBlackBlocRJ
 
A Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
A Dignidade E O Valor De Ser Uma MulherA Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
A Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulhercristalslides
 
Revista bem estar-20140316
Revista bem estar-20140316Revista bem estar-20140316
Revista bem estar-20140316Fernanda Caprio
 
A morte Ivan Ilitch
A morte Ivan IlitchA morte Ivan Ilitch
A morte Ivan IlitchBlog VALDERI
 

Ähnlich wie Quem Me Roubou de Mim resumo (20)

Entre o bem e o mal
Entre o bem e o malEntre o bem e o mal
Entre o bem e o mal
 
Vol 6
Vol 6Vol 6
Vol 6
 
O egoísmo causa a ignorância
O egoísmo causa a ignorânciaO egoísmo causa a ignorância
O egoísmo causa a ignorância
 
Continuacao do-ser-modo-de-vida
Continuacao do-ser-modo-de-vidaContinuacao do-ser-modo-de-vida
Continuacao do-ser-modo-de-vida
 
Poder das Crenças com Miriam Izabel - Ebook Curso Online
Poder das Crenças com Miriam Izabel - Ebook Curso OnlinePoder das Crenças com Miriam Izabel - Ebook Curso Online
Poder das Crenças com Miriam Izabel - Ebook Curso Online
 
Boletim Informativo Maio 2016
Boletim Informativo Maio 2016Boletim Informativo Maio 2016
Boletim Informativo Maio 2016
 
7189370 o caminho -ressuscitando-de-si-mesmo
7189370 o caminho -ressuscitando-de-si-mesmo7189370 o caminho -ressuscitando-de-si-mesmo
7189370 o caminho -ressuscitando-de-si-mesmo
 
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXVFolhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
 
Familia um rol de expectativas
Familia   um rol de expectativas Familia   um rol de expectativas
Familia um rol de expectativas
 
Refleja. Me declaro Viv@. Versión en Portugués
Refleja. Me declaro Viv@. Versión en PortuguésRefleja. Me declaro Viv@. Versión en Portugués
Refleja. Me declaro Viv@. Versión en Portugués
 
John powell porque tenho medo de lhe dizer quem sou
John powell   porque tenho medo de lhe dizer quem souJohn powell   porque tenho medo de lhe dizer quem sou
John powell porque tenho medo de lhe dizer quem sou
 
A vida na realidade!!!
A vida na realidade!!!A vida na realidade!!!
A vida na realidade!!!
 
A dignidade e o valor de
A dignidade e o valor deA dignidade e o valor de
A dignidade e o valor de
 
Edição n. 63 do CH Noticias - Setembro/2020
Edição n. 63 do CH Noticias - Setembro/2020Edição n. 63 do CH Noticias - Setembro/2020
Edição n. 63 do CH Noticias - Setembro/2020
 
A armadilha da Proteção - Emma Goldman
A armadilha da Proteção - Emma GoldmanA armadilha da Proteção - Emma Goldman
A armadilha da Proteção - Emma Goldman
 
Mistérios..
Mistérios..Mistérios..
Mistérios..
 
A Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
A Dignidade E O Valor De Ser Uma MulherA Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
A Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
 
Revista bem estar-20140316
Revista bem estar-20140316Revista bem estar-20140316
Revista bem estar-20140316
 
A morte Ivan Ilitch
A morte Ivan IlitchA morte Ivan Ilitch
A morte Ivan Ilitch
 
Diz Jornal Edição 168
Diz Jornal Edição 168Diz Jornal Edição 168
Diz Jornal Edição 168
 

Quem Me Roubou de Mim resumo

  • 1. Resumo do livro “Quem Me Roubou de Mim” do Padre Fábio de Melo (http://www.fabiodemelo.com.br/). Este não é um slide de teorias, mas um slide ditado pela vida. Ele nasceu da vida vista, vivida e ouvida pelo autor. Somente depois ele o quis escrevê-lo. Autora do resumo: Zelina Vaz de Quevedo http://projetocaiunarede.blogspot.com
  • 2. Apresentação O importante neste slide que vamos ver é a reflexão que podemos fazer. Repensar as relações que foram marcantes em nossa vida ajuda-nos na análise que precisamos realizar Perguntar-se é uma maneira interessante de se descobrir como pessoa. Por isso as perguntas são pontes que nos favorecem travessia. Este não é um slide de teorias, mas um slide ditado pela vida. Ele nasceu da vida vista, vivida e ouvida pelo autor. Somente depois ele o quis escrevê-lo. Pe Fábio de Mello
  • 3. Refeição é devolução. Da mesma forma como o alimento devolve ao corpo os nutriente perdidos, a presença dos que amamos nos devolve a nós mesmos. Sentar a mesa é isso. Nós nos servimos de alimentos e de olhares. Comungamos uns aos outro, assim como o corpo se incorpora da vida que o alimento lhe devolve. A mesa é o lugar onde as fomes se manifestam e são curadas. Fome de pão, fome de amor.
  • 4. Alguém Alguém me levou de mim Alguém que eu não sei dizer Alguém me levou daqui. Alguém esse nome estranho. Alguém que eu não vi chegar Alguém que eu não vi partir Alguém que se alguém encontrar, Recomende Que me devolva a mim.
  • 5. O que há é um movimento silencioso de posse de tudo aquilo que o outro é. Posse que se transmuda aos poucos em processo destrutivo e irremediável.
  • 6. 6 Os cativeiros não podem ser localizados, nem há “pedidos de resgate”.
  • 7. Foi o que aconteceu com aquela menina... Ela chegou em mim com olhos cheios de medo. Bonita nascida de em uma família bem estruturada, amenina começou a relacionar-se com um amigo de colégio. No início, era apenas uma aproximação despretensiosa, e por isso a família não via necessidade de intervir.”Coisa de adolescente”, como dizem os mais velhos (pág. 44)
  • 8. Existir com qualidade é desafio de toda hora. Requer porém esforço constante para manter a autenticidade, mesmo quando tudo parece nos encaminhar para o processo natural da superficialidade e do falseamento. O mundo do caos é feito de superficialidade. Não é preciso pensar para nele sobreviver. Muito pouco é necessário. É só entrar no movimento da transitoriedade e dos condicionamentos. Meios de comunicação,estruturas política, econômica e até mesmo religiosa parecem socializar uma proposta de espaço humano que definitivamente não está a favor do fortalecimento da identidade, mas ao contrário parece legitimar o interesse em retirar o ser humano do seu prumo, deixando-o a deriva, num imenso mar em fúria.
  • 9. O elemento chave para que esta incapacidade de percepção prevaleça é justamente a artificialização do mundo. Não sendo afeito a reflexão,o sujeito não se torna capaz de analisar as relações que estabelece. Vive sem pensar, vive sem refletir; vive para machucar e ser machucado
  • 10. Em nome do amor cometemos atrocidades. Amarramos os outros a nós porque nos equivocamos na compreensão do que consideramos ser amor. Amar não é fazer do outro nossa propriedade. O namorado que chega não tem amor de pai para oferecer. E por isso não terá o direito de afastar a menina de seu pai. Ele não tem amor de mãe, de irmão. Ele é portador de um amor novo que chegou, e por isso encantou, mas não é o amor único. Ele é o recém chegado, e ainda que a menina não tenha sido amada o suficiente em sua casa, o amor de que ela dispõe na família é muito importante para que continue se construindo como pessoa. O risco de seqüestro está na pretensão do novo que chegou.
  • 11. Martim Beber, grande nome da filosofia personalista, nos propõe esta bela e fecunda verdade. No encontro entre um eu e um tu, uma terceira pessoa de existência própria se estabelece. Nossos olhos não podem enxergá-la, mas a nossa sensibilidade nos aponta para ela. O nós é o que sobra do encontro entre o “eu” e o “tu”
  • 12. Esse processo de agregação possibilita ao ser humano o crescimento do seu horizonte de sentido. Tornamo-nos mais ricos com a presença dos que nos agregam. Relações saudáveis são relações que nos devolvem a nós mesmos – e, o melhor devolvem - nos melhorados. É a crise dos papéis. Filhos já não sabem ser filhos, na medida que pais não sabem ser pais.
  • 13. O processo de feitura da pessoa humana é semelhante as construções. Desde nossa vinda ao mundo recebemos um formato, uma estrutura. Amar alguém é observar onde estão as vigas de sustentação, para que não corramos o risco de derrubar o que a faz permanecer de pé.
  • 14. As relações O cativeiro, por pior que seja, acabou por se tornar um lugar seguro. O seqüestrado está esquecido da vida livre; já não sabe como é ser gente fora das prisões. Esqueceu que é rei e vive como se fosse escravo. O tempo no cativeiro o fez acostumar-se com uma comida qualquer, com o amor qualquer, com o cuidado qualquer. Quem sobrevive de qualquer maneira facilmente se considera qualquer pessoa; inclui-se no contexto da multidão como se fosse apenas mais um.
  • 15. As relações humanas estão sempre vulneráveis aos riscos dos atos violentos velados. Podemos identificar muitas delas, mas, neste momento, queremos observar uma relação profundamente problemática nos dias de hoje: pais e filhos
  • 16. Quando um progenitor permite que o filho faça o que bem entender de sua vida uma violência terrível é cometida. Cada vez que uma criança ou um adolescente é exposto ao direito de decidir o que ele ainda não está preparado para decidir, um ato de violência é cometido. É também violência permitir que os assuntos que não são próprios do universo infantil sejam tratados na frente das crianças. É violência cada vez que uma criança é vestida como se fosse um adulto, e dela é solicitado um comportamento que não condiz com sua idade.
  • 17. Pequenas permissões abrem espaços para grandes invasões. Desastres terríveis são iniciados com displicências miúdas. São as regras da vida. Se quisermos o fruto é preciso que haja empenho no cultivo do broto. Os inimigos só podem sobreviver a medida que injetamos sangue em suas veias. Plantas precisam de podas para que não ultrapassem os limites estabelecidos. A mãe precisa saber que é mãe e o filho precisa saber que é filho. Se isso não está acontecendo temos alguma subjetividade seqüestrada, isto, uma pessoa ausente de si mesma, distante de seu papel. Uma criança tem o mesmo poder que um adulto, desde que a ela seja dada autoridade. No afã de explicitar a realidade Aristóteles estabelece as categorias de “ato potência”. É “ ato” tudo aquilo que já é. É “potência” tudo aquilo que ainda pode ser. Difícil? Creio que não. Ex.: uma árvore (de reflorestamento) pode se tornar inúmeras cadeiras. Arvore é ato em potência de se tornar inúmeras cadeiras.
  • 18. Aristóteles estabelece ainda dois elementos ainda as categorias de “essência e acidente”. A essência dá identidade ao ser. Já o acidente é apenas um elemento que se refere a essência mas que não é determinante para o que é essencial. Ex.: uma flor(essência) pode ser grande ou pequena(acidente). Não modifica a sua condição essencial. É uma flor mesmo pequena.O amor verdadeiro (essência) que faz ser livre, que faz ir além, porque não ama para reter(acidente) mas para promover. Amor e liberdade são duas vigas de sustentação para qualquer relação que pretenda ser respeitosa. Quando não diferençamos essas duas realidades, incorremos no erro das relações objetais, isto é tratamos o outro como um objeto de nosso prazer, cegando-nos para a sua dignidade, acorrentando-o no cativeiro do nos egoísmo.
  • 19. O grande equívoco de nosso dias é querermos que o outro seja a concretização humana de nossas idealizações. Hoje nos satisfaz amanhã não mais.Trocamos.Voltamos a trocar. As paixões são avassaladoras mas os estragos também.
  • 20. O símbolo é um instrumental para interpretarmos o mundo. As culturas são construídas e manifestadas através de símbolos. As catedrais da idade média representavam a supremacia do poder religioso. Os mosteiros lugares reservados a salvação das almas, as tabernas evidenciavam a perdição assumida, a danação eterna. As construções góticas com traços suntuosos, o desejo humano de alcançar o céu. As altas torres com desenhos ascendentes, legitimam o desejo de alçar a eternidade com as mãos. (Pág.105) Outro exemplo disso são os contos de fada. Eles evocam o sonho que o ser humano tem de protagonizar uma história de amor perfeito: amores homéricos entre príncipes e plebéias, bela adormecida, princesa acorrentada na torre esperando o príncipe montado em um cavalo branco... O encanto permanece até que os ponteiros do relógio anunciam meia noite
  • 21. O velho chavão:”e viveram felizes para sempre” retira o amor de sua continuidade processual, que consiste em dores e alegrias. O beijo final parece selar uma história em que não caberão limites e aborrecimentos. A vida nos mostra transformações mágicas não existem,amores perfeitos só aquela pequenina flor do jardim. O sonho que sonhamos Não pode ser projeção infértil tem que estar preso a realidade. É nela que estamos sustentados. No contexto da reflexão grega, a perfeição é colocada como fim a que s destina o movimento do artista. A perfeição não é o caminho mas a chegada. A partir deste conceito nenhuma pessoa pode ser considerada perfeita,ninguém está pronto. Isto fere todas as expectativas de quem espera encontrar pessoas perfeitas para estabelecer suas relações.