O documento resume o livro "Quem Me Roubou de Mim" do Padre Fábio de Melo. Trata sobre como as relações humanas podem sequestrar nossa identidade e nos afastar de nós mesmos, se não formos capazes de refletir criticamente sobre elas. Também discute os riscos de tratar os outros como propriedade ou idealizações, em vez de respeitar sua dignidade e liberdade.
1. Resumo do livro “Quem Me Roubou de Mim” do
Padre Fábio de Melo
(http://www.fabiodemelo.com.br/). Este não é um
slide de teorias, mas um slide ditado pela vida.
Ele nasceu da vida vista, vivida e ouvida pelo autor.
Somente depois ele o quis escrevê-lo.
Autora do resumo: Zelina Vaz de Quevedo
http://projetocaiunarede.blogspot.com
2. Apresentação
O importante neste slide que vamos ver é a
reflexão que podemos fazer. Repensar as
relações que foram marcantes em nossa vida
ajuda-nos na análise que precisamos realizar
Perguntar-se é uma maneira interessante
de se descobrir como pessoa. Por isso as
perguntas são pontes que nos favorecem
travessia. Este não é um slide de teorias, mas
um slide ditado pela vida. Ele nasceu da vida
vista, vivida e ouvida pelo autor. Somente
depois ele o quis escrevê-lo.
Pe Fábio de Mello
3. Refeição é devolução.
Da mesma forma como o alimento
devolve ao corpo os nutriente perdidos, a
presença dos que amamos nos devolve a
nós mesmos. Sentar a mesa é isso. Nós
nos servimos de alimentos e de olhares.
Comungamos uns aos outro, assim
como o corpo se incorpora da vida que o
alimento lhe devolve. A mesa é o lugar
onde as fomes se manifestam e são
curadas. Fome de pão, fome de amor.
4. Alguém
Alguém me levou de mim
Alguém que eu não sei dizer
Alguém me levou daqui.
Alguém esse nome estranho.
Alguém que eu não vi chegar
Alguém que eu não vi partir
Alguém que se alguém encontrar,
Recomende Que me devolva a mim.
5. O que há é um
movimento silencioso de
posse de tudo aquilo que
o outro é. Posse que se
transmuda aos poucos
em processo destrutivo e
irremediável.
6. 6
Os cativeiros não podem
ser localizados, nem há
“pedidos de resgate”.
7. Foi o que aconteceu
com aquela menina...
Ela chegou em mim com olhos cheios
de medo. Bonita nascida de em uma família
bem estruturada, amenina começou a
relacionar-se com um amigo de colégio. No
início, era apenas uma aproximação
despretensiosa, e por isso a família não via
necessidade de intervir.”Coisa de
adolescente”, como dizem os mais velhos
(pág. 44)
8. Existir com qualidade
é desafio de toda
hora.
Requer porém esforço constante para manter a
autenticidade, mesmo quando tudo parece nos
encaminhar para o processo natural da
superficialidade e do falseamento. O mundo do caos é
feito de superficialidade. Não é preciso pensar para
nele sobreviver. Muito pouco é necessário. É só entrar
no movimento da transitoriedade e dos
condicionamentos. Meios de comunicação,estruturas
política, econômica e até mesmo religiosa parecem
socializar uma proposta de espaço humano que
definitivamente não está a favor do fortalecimento da
identidade, mas ao contrário parece legitimar o
interesse em retirar o ser humano do seu prumo,
deixando-o a deriva, num imenso mar em fúria.
9. O elemento chave para que esta
incapacidade de percepção
prevaleça é justamente a
artificialização do mundo. Não
sendo afeito a reflexão,o sujeito
não se torna capaz de analisar as
relações que estabelece. Vive sem
pensar, vive sem refletir; vive para
machucar e ser machucado
10. Em nome do amor cometemos atrocidades. Amarramos
os outros a nós porque nos equivocamos na compreensão do
que consideramos ser amor. Amar não é fazer do outro nossa
propriedade.
O namorado que chega não tem amor de pai para
oferecer. E por isso não terá o direito de afastar a menina de
seu pai. Ele não tem amor de mãe, de irmão. Ele é portador de
um amor novo que chegou, e por isso encantou, mas não é o
amor único. Ele é o recém chegado, e ainda que a menina não
tenha sido amada o suficiente em sua casa, o amor de que ela
dispõe na família é muito importante para que continue se
construindo como pessoa. O risco de seqüestro está na
pretensão do novo que chegou.
11. Martim Beber, grande nome da
filosofia personalista, nos propõe
esta bela e fecunda verdade. No
encontro entre um eu e um tu, uma
terceira pessoa de existência
própria se estabelece. Nossos
olhos não podem enxergá-la, mas a
nossa sensibilidade nos aponta
para ela. O nós é o que sobra do
encontro entre o “eu” e o “tu”
12. Esse processo de agregação possibilita
ao ser humano o crescimento do seu
horizonte de sentido.
Tornamo-nos mais ricos com a presença
dos que nos agregam. Relações saudáveis
são relações que nos devolvem a nós
mesmos – e, o melhor devolvem - nos
melhorados. É a crise dos papéis. Filhos já
não sabem ser filhos, na medida que pais
não sabem ser pais.
13. O processo de feitura da
pessoa humana é semelhante as
construções. Desde nossa vinda
ao mundo recebemos um formato,
uma estrutura. Amar alguém é
observar onde estão as vigas de
sustentação, para que não
corramos o risco de derrubar o
que a faz permanecer de pé.
14. As relações
O cativeiro, por pior que seja, acabou por se
tornar um lugar seguro. O seqüestrado está
esquecido da vida livre; já não sabe como é ser
gente fora das prisões. Esqueceu que é rei e vive
como se fosse escravo. O tempo no cativeiro o fez
acostumar-se com uma comida qualquer, com o
amor qualquer, com o cuidado qualquer.
Quem sobrevive de qualquer maneira
facilmente se considera qualquer pessoa; inclui-se
no contexto da multidão como se fosse apenas
mais um.
15. As relações humanas estão
sempre vulneráveis aos riscos
dos atos violentos velados.
Podemos identificar muitas
delas, mas, neste momento,
queremos observar uma relação
profundamente problemática nos
dias de hoje: pais e filhos
16. Quando um progenitor permite que o filho faça
o que bem entender de sua vida uma violência
terrível é cometida. Cada vez que uma criança ou
um adolescente é exposto ao direito de decidir o
que ele ainda não está preparado para decidir, um
ato de violência é cometido. É também violência
permitir que os assuntos que não são próprios do
universo infantil sejam tratados na frente das
crianças. É violência cada vez que uma criança é
vestida como se fosse um adulto, e dela é
solicitado um comportamento que não condiz com
sua idade.
17. Pequenas permissões abrem espaços para grandes
invasões. Desastres terríveis são iniciados com displicências
miúdas. São as regras da vida. Se quisermos o fruto é preciso
que haja empenho no cultivo do broto. Os inimigos só podem
sobreviver a medida que injetamos sangue em suas veias.
Plantas precisam de podas para que não ultrapassem os
limites estabelecidos. A mãe precisa saber que é mãe e o filho
precisa saber que é filho. Se isso não está acontecendo
temos alguma subjetividade seqüestrada, isto, uma pessoa
ausente de si mesma, distante de seu papel. Uma criança tem
o mesmo poder que um adulto, desde que a ela seja dada
autoridade. No afã de explicitar a realidade Aristóteles
estabelece as categorias de “ato potência”. É “ ato” tudo
aquilo que já é. É “potência” tudo aquilo que ainda pode ser.
Difícil? Creio que não. Ex.: uma árvore (de reflorestamento)
pode se tornar inúmeras cadeiras. Arvore é ato em potência
de se tornar inúmeras cadeiras.
18. Aristóteles estabelece ainda dois elementos ainda as
categorias de “essência e acidente”. A essência dá
identidade ao ser. Já o acidente é apenas um elemento que se
refere a essência mas que não é determinante para o que é
essencial. Ex.: uma flor(essência) pode ser grande ou
pequena(acidente). Não modifica a sua condição essencial. É
uma flor mesmo pequena.O amor verdadeiro (essência) que
faz ser livre, que faz ir além, porque não ama para
reter(acidente) mas para promover. Amor e liberdade são
duas vigas de sustentação para qualquer relação que
pretenda ser respeitosa. Quando não diferençamos essas
duas realidades, incorremos no erro das relações objetais,
isto é tratamos o outro como um objeto de nosso prazer,
cegando-nos para a sua dignidade, acorrentando-o no
cativeiro do nos egoísmo.
19. O grande equívoco de nosso
dias é querermos que o outro seja
a concretização humana de nossas
idealizações. Hoje nos satisfaz
amanhã não
mais.Trocamos.Voltamos a trocar.
As paixões são avassaladoras mas
os estragos também.
20. O símbolo é um instrumental para interpretarmos
o mundo. As culturas são construídas e manifestadas através
de símbolos. As catedrais da idade média representavam a
supremacia do poder religioso. Os mosteiros lugares
reservados a salvação das almas, as tabernas evidenciavam a
perdição assumida, a danação eterna. As construções góticas
com traços suntuosos, o desejo humano de alcançar o céu.
As altas torres com desenhos ascendentes, legitimam o
desejo de alçar a eternidade com as mãos. (Pág.105)
Outro exemplo disso são os contos de fada. Eles
evocam o sonho que o ser humano tem de protagonizar uma
história de amor perfeito: amores homéricos entre príncipes e
plebéias, bela adormecida, princesa acorrentada na torre
esperando o príncipe montado em um cavalo branco... O
encanto permanece até que os ponteiros do relógio anunciam
meia noite
21. O velho chavão:”e viveram felizes para sempre” retira o
amor de sua continuidade processual, que consiste em dores
e alegrias. O beijo final parece selar uma história em que não
caberão limites e aborrecimentos. A vida nos mostra
transformações mágicas não existem,amores perfeitos só
aquela pequenina flor do jardim. O sonho que sonhamos
Não pode ser projeção infértil tem que estar preso a
realidade. É nela que estamos sustentados.
No contexto da reflexão grega, a perfeição é colocada
como fim a que s destina o movimento do artista. A perfeição
não é o caminho mas a chegada.
A partir deste conceito nenhuma pessoa pode ser
considerada perfeita,ninguém está pronto. Isto fere todas as
expectativas de quem espera encontrar pessoas perfeitas
para estabelecer suas relações.