HOSPITAL SÃO JOÃO DE DEUS (parte 1): A ESCUTA PSICANALÍTICA NO HOSPITAL GERAL
Lacan Angústia Real
1. Lacan e a Psicanálise:interlocuções com a contemporaneidade Tema: Seminário 10 (A angústia): o inconsciente lacaniano em suas relações com o Real Coordenação Alexandre Simões ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
2. Em nosso último encontro acerca do Seminário 10 de Jacques Lacan Fizemos uma aproximação do objeto a, buscando indicar que a construção do mesmo leva a considerar que, no âmbito da subjetivação, nem tudo é da ordem do significante. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
3. Hoje, daremos sequência ao exame do Seminário sobre a Angústia, considerando os caminhos que levaram Lacan ao Real. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
4. Examinamos inicialmente uma afirmação que Lacan manterá ao longo de seu ensino, desde o instante em que ela surge em meio ao itinerário do Seminário 10: a angústia não é sem objeto ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
5. O “não é sem”: Indica-nos a condição obscura, imprecisa, tateante do objeto. O objeto para o qual a angústia aponta se mostra como algo muito distante de ser óbvio ou evidente ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
6. Além disto, este objeto manterá uma duplicidade considerável: ao mesmo tempo que ele será tomado como objeto relacionado ao desejo, será apreendido também como objeto da angústia ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
7. As faces do objeto a Objeto causa-do-desejo Vincula-se a uma falta Objeto da angústia Sobrevém quando a falta falta ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
8. É nesta acepção que Lacan vai propor que a angústia orienta o analista quanto ao Real (a falta da falta) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
9. A captura nesta dimensão alienante, na qual a função desejante é posta fora de operação, comporta, ao ver de Lacan, um sinal ante o Real (cf. p. 178) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
10. Como Lacan localiza mais precisamente esta figura orientadora do objeto da angústia (a falta da falta)? Na angústia, o sujeito é capturado por sua própria perda frente ao desejo do Outro ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
11. Nesta situação, estamos diante não exatamente de um sujeito desejante, todavia, de um ‘sujeito do gozo’: “Trata-se do sujeito do gozo, na medida em que essa expressão tenha sentido, mas, justamente, por razões às quais voltaremos, não podemos de modo algum isolá-lo como sujeito, a não ser miticamente.” (Seminário 10, p. 194) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
12. Angústia como um termo médio: gozo angústia desejo ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
13. Este espaço fronteiriço da angústia, conduz Lacan a aprofundar sua exposição do objeto a: a incidência do significante sobre o sujeito deve ser apreendida como uma operação de divisão (no sentido aritmético do termo): “O lugar desse real pode inscrever-se na operação a que chamamos, aritmeticamente, de divisão” (Seminário 10, p. 178)
14. Enfim, o objeto a funciona na medida em que se apresenta como um resto da operação significante. Este resto tem sua materialidade no pedaço de carne que se desprende na experiência do vivo: ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
15. “... a separação característica do começo, aquela que nos permite abordar e conceber a relação, não é a separação da mãe. O corte de que se trata não é o que se dá entre a criança e a mãe. (...) O corte que nos interessa, o que deixa sua marca num certo número de fenômenos clinicamente reconhecíveis, e que, portanto, não podemos evitar, é um corte que, graças a Deus, é muito mais satisfatório para nossa concepção do que a cisão da criança que nasce, no momento em que ela vem ao mundo. Cisão de que? Dos envoltórios embrionários. [continua ->] ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
16. Basta remetê-los a qualquer livrinho de embriologia datado de menos de cem anos para que vocês percebam que, para terem uma ideia completa do conjunto pré-especular que é o a, deverão considerar os envoltórios como um elemento do corpo da criança.” (Seminário 10, p. 136) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
17. A “extração” do objeto a: Além do recurso à operação de divisão, Lacan também proporá o problema da extração do objeto. Ou seja, o objeto não é algo dado, porém, é efeito de uma operação, na qual alguma coisa haverá de ser extraída do sujeito.
18. Objeto a: aquilo que é extraído da intimidade (daí, a “ex-timidade”), tendo como consistência a experiência da queda: o objeto que cai.
19. Objeto a: Como objeto destacável; Caducidade do objeto; Sem imagem especular; Como objeto parcial: seio, fezes, olhar, voz; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
20. Prosseguiremos com o tema Seminário 10 (A angústia): o não-todo na clínica Até lá! Acesso a este conteúdo: www.alexandresimoes.com.br ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.