O documento discute a construção das identidades sociais e profissionais. Apresenta como as profissões surgiram ligadas aos ofícios em corporações, e como passaram a se dissociar com o desenvolvimento das universidades. Aborda também as principais teorias sociológicas sobre profissões, como o funcionalismo e o interacionismo, e como passaram a integrar outros campos como a sociologia do trabalho.
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
Identidades Sociais e Profissionais
1. CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES SOCIAIS E PROFISSIONAIS
Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Disciplina: Profissionais da de Informação
Professora: Miriam Vieira da Cunha
Aluna: Alessandra Galdo
APRESENTAÇÃO DE:
DUBAR, C. A Socialização: Construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo:
Martins Fontes, 2005.
1. Profissões e Ofícios
O termo profissão se origina de “profissão de fé”
As artes liberais e as artes mecânicas, os artistas e os artesãos, os trabalhadores
intelectuais e os manuais faziam parte de um mesmo tipo de organização corporativa que
assumia a forma de “ofício juramentado” em “cidades juramentadas” onde se “professava
uma arte”.
A profissão implicava em reconhecimento social legitimado por ritos sociais como um
juramento religioso solene.
O juramento comportava, em geral, três compromissos:
- Observar as regras
- Guardar os segredos
- Honrar e respeitar os jurados, inspetores eleitos e reconhecidos pelo Poder Real.
Com o desenvolvimento e a consolidação das Universidades, artes liberais e artes
mecânicas começaram a se dissociar, levando à oposição entre:
- As “profissões”oriundas das “septem artes liberales”* , ensinadas nas universidades e
cuja produção, quot;cabe mais ao espírito que à mão”. (Grande Encyclopédie);
- Os “ofícios”oriundos das artes mecânicas “em que as mão trabalham mais que a
cabeça” (Rousseau)
Apesar das distinções, segundo observa Dubar, “oficiais” (dos ofícios) e “profissionais”
participam do mesmo “modelo” de origem: as corporações – isto é, “corpos, confrarias e
comunidades” no interior dos quais, os membros eram unidos por laços morais e por um
respeito das regulamentações detalhadas de seu status.
* Observação:
Burke (2003) explica que as Universidades surgem por volta de 1450. Para alcançar o grau
de Bacharelado: trivium - disciplinas ligadas à linguagem (gramática, lógica e retórica) e
quadrivium - disciplinas ligadas aos números (aritmética, geometria, astronomia e música).
Freqüentemente eram incorporadas as chamadas 3 filosofias: ética, metafísica e filosofia
natural (física aristotélica)
BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2003.
2. A questão das profissões: um consenso dos pais fundadores da sociologia?
(Conceitos)
Le Play (Les ouvriers européens, 1855): valor econômico e comunitário das famílias e
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2. Le Play (Les ouvriers européens, 1855): valor econômico e comunitário das famílias e
profissões.
“Somente a atividade que o homem exerce lhe permite dar um sentido a seu entorno”.
Tönnies (1887):
A relação típica das associações profissionais é a “amizade, isto é, uma comunidade de
ordem espiritual e intelectual fundada no trabalho em comum e, portanto, em crenças
comuns”.
Marx e Engels Ênfase na oposição nas relações sociais de produção. A luta de classes,
constitui o motor da história.
Durkheim (Suicide, 1897 e em De la division du travail social, 1902). Ao contrário de Marx
e Engels...
Vê na reestruturação das corporações ou associações profissionais constituídas “fora do
Estado, ainda que submetidas à sua ação”, a melhor das soluções suscetíveis de estabelecer
uma “disciplina moral” e via as associações profissionais como quot;corpos intermediáriosquot; entre
o Estado e as associações profissionais livremente constituídas.
(p.168)
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Em comum, a abordagem de:
assentar a relação dos homens com seu trabalho em uma perspectiva comunitária e tentar
definir as condições de uma organização econômica socialmente viável.
Spencer (1896):
Via na elaboração e no desenvolvimento das profissões, um traço essencial de uma
sociedade civilizada.
Max Weber (1920):
Considerava que a profissionalização constituía um dos processos essenciais da
modernização.
Via na profissionalização a oposição e evolução de uma socialização em que o status é
herdado, a uma socialização em que o status depende de critérios racionais de competência
e de especialização”.
Dubar termina, por refletir que a profissão freqüentemente adquire uma dimensão
comunitária estruturante de todo o sistema social.
3. Institucionalização da sociologia das profissões nos Estados Unidos.
Dubar explica que o desenvolvimento da sociologia das profissões nos Estados Unidos
se originou de quot;uma estratégia de profissionalização [...] por ocasião da grande crise
de 1929, com demandas do governo Hoover para compreender a evolução da
sociedade e ajudá-lo a definir sua políticaquot; (p.170)
Evolução do trabalho no sentido de profissões:
1. Especialização dos serviços;
2. Criação de associações profissionais, demarcando a área dos ofícios e definindo e
controlando as regras da conduta profissional (códigos de ética e deontologia
profissional);
3. Implantação de uma formação específica.
quot;Dizemos que uma profissão emerge quando uma quantidade definida de pessoas começa a
praticar uma técnica definida fundamentada em uma formação especializadaquot;. (p.170)
(Carr-Saunders e Wilson - The Professions, 1933)
quot;O desenvolvimento e a importância estratégica crescente das profissões , sem dúvida, a transformação
mais importante ocorrida no interior do sistema de emprego das sociedades modernas [...] supera em
significado [...] as especificidades dos modos de organização de tipo capitalista ou socialistaquot;.
(Parson, 1968)
O profissional é visto como uma alternativa ao empresário voltado unicamente para o lucro
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3. O profissional é visto como uma alternativa ao empresário voltado unicamente para o lucro
e sendo assim, as profissões, o ideal de serviço, fundado em uma competência
especializada (adequate qualification) e constituindo um “progresso da expertise a serviço
da democracia”.
4. A teoria funcionalista das profissões:
(Funcionalismo: Escola de Chicago)
Dupla competência: prática + teoria
Ao comparar as características das profissões, utilizadas por oito autores (Flexner,
Greenwood, Cogan, Carr-Saunders, Barber, Wilensky, Moore e Parsons), um critério dentre
dez, é comum a todos:
A especialização do saber. Em seguida, a formação intelectual e o ideal de serviços.
Em síntese:
- Competência técnica e cientificamente fundamentada;
- Código ético que regule o exercício da profissão;
- Formação profissional longa em estabelecimentos especializados;
- Controle técnico e ético das atividades pelos pares;
- Reconhecimento legal;
- Comunidade real dos membros que compartilham identidades e interesses específicos;
- Pertencimento pelos rendimentos.
5. A abordagem interacionista:
Everett Hughes (Man and their Work, 1958)
- Relação entre o profissional e seu cliente: como entre o sagrado e o profano, o clérigo
e o laico, o iniciado e o não iniciado...
- O termo profissional significa também valor e de prestígio...
- O ponto de partida de toda análise sociológica do trabalho humano é a quot;divisão do
trabalhoquot;, no sentido de que não se deve separar uma atividade do conjunto e
atividades em que ela se insere.
- Delegação dos trabalhos de menor prestígio a terceiros.
- Introduz as noções de diploma (license) e mandato (mandate) e instituições
destinadas à proteção dessas garantias.
- Além da profissão ser um quot;segredoquot; social, confiando a um grupo, o guardar segredo
também faz parte do papel do profissional (médico, policial, diplomata).
- Visão de mundo compartilhada. (valores, códigos, regras, linguagem)
(p.179)
Hughes também fala do processo de socialização, da identidade profissional, do
modelo idealizado, da dualidade que se instala ao comparar esse modelo com a
realidade, a constituição de um grupo de referência e por fim, o choque de realidade, a
consciência do modelo real ou ajuste da concepção de si.
6. Alcance e limites do interacionismo:
Alcance: Hughes e os sociólogos da Escola de Chicago, tiveram o mérito de vincular o
universo do trabalho aos mecanismos de socialização. Hughes enfatizava que o “mundo
vivido do trabalho” não podia ser reduzido a uma simples transação econômica. Ele mobiliza
a personalidade individual e a identidade social do sujeito, cristaliza suas esperanças e sua
auto-imagem, engaja sua definição e seu reconhecimento sociais.
Limites: Segundo todas as definições os assalariados e os menos qualificados (operários,
funcionários administrativos) permanecem ausentes das análises interacionistas. Assim,
tanto nas terias funcionalistas como nas interacionistas, as demais formas de trabalho não
são analisados pelos paradigmas da sociologia das profissões mas pela sociologia do
trabalho, das organizações e das relações profissionais.
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4. DUBAR. Capítulo 7
Profissões, organizações e relações profissionais
A sociologia das profissões toma maior complexidade quando transfere o foco das profissões
em si (as profissões científicas e o profissional liberal) e se volta para uma análise
interacionista, ou seja, do ponto de vista de suas interações sociais, dos processos
sociais.
Nesse momento, o olhar se volta, também, para o profissional assalariado, o trabalhador
em geral, excluído das teorias funcionalistas e interacionistas.
Assim, só a partir dos anos 60, as teorias funcionalistas e interacionistas evoluem e
interagem com outros ramos da sociologia: sociologia do trabalho, das organizações, das
relações profissionais.
Observação:
Freidson (1999) observa que quot;nenhuma teorização sobre profissões [...] pode tratar do
trabalho reconhecido oficialmente sem considerar também aquele não reconhecido, na
economia informal, no mínimo porque muitas profissões tiveram suas origens na economia
informalquot; e afirma que uma análise sistemática das profissões quot;deve tratar tanto das
questões da sociologia do trabalho como da sociologia do conhecimentoquot;.
FREIDSON, Eliot. Para uma análise comparada das profissões: a institucionalização do
discurso e do conhecimento formais. 19 Encongtro Anual da ANPOCS, Caxambu, 1995.
1. Processos sociais estruturantes das profissões:
Como a profissão se torna um “corpo” => Corporativismo.
Para ser reconhecido como profissão, um grupo de práticos tem interesse em sua
concorrência com outros “empregos semelhantes” e em se conectar com uma instituição:
- Formação profissional específica (formal training);
- A formação se institucionaliza como currículo, se volta para jovens e se torna escola
profissional (vocational school);
- Essa escola integra-se à Universidade;
- A formação padronizada torna-se parâmetro de desenvolvimento das carreiras;
- Estabelecimento da divisão entre profissionais integrados à uma Instituição e os
periféricos.
Esses fatores legitimam o poder interno à profissão, por cursos e diplomas de elite,
reservados à categorias específicas, encarregadas da manutenção da “ordem simbólica das
profissões. Assim, de “profissão” aberta a todos os que sentem vocação para a realização de
um serviço, o grupo profissional passa a ser uma “organização fechada”, preocupada, antes
de tudo, com sua própria reprodução.
(Freidson)
2. A organização profissional do trabalho na produção capitalista: a dupla
fonte do poder.
O “trabalho domiciliar” (apêndice) característico do capitalismo mercantil e o poder:
Durante todo o século XIX e o começo do século XX, os capitalistas mercantis procuraram
aumentar seu controle, transferindo o local de produção da casa para a fábrica.
Taylor reconhece:
“Os trabalhadores em cada um desses ofícios possuíam um saber que lhes fora transmitido
confidencialmente. O contramestre e os funcionários administrativos sabiam, melhor do que
ninguém, que seu próprio saber e sua competência estavam longe de poder igualar o saber
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5. ninguém, que seu próprio saber e sua competência estavam longe de poder igualar o saber
e a habilidade (skill) de todos os trabalhadores sob suas ordensquot;.
Touraine (França):
“O sistema profissional do trabalho” assegura a manutenção do controle dos “profissionais
de fabricação” sobre processo de trabalho, enquanto o empregador controla o processo de
produção.
Os operários por ofício utilizam o capital e equipamento do proprietário, empregam alguns
de seus ajudantes, em geral não especializados (às vezes os filhos ou os pais), e
supervisionam a maneira como o trabalho é realizado, reservando para si as tarefas mais
delicadas. (Touraine, 1955).
Montgomery:
Os acordos entre os capitalistas e os trabalhadores por ofício eram variáveis, mas com
freqüência, compreendiam um compartilhamento dos riscos e dos lucros da empresa.
Constituíam, portanto, trabalhadores de um tipo particular, “em parte empregados, em
parte administradores e em parte empreiteiros independentes”
Tipos de Acordo:
O sindicato de cada indústria firmava contrato com o proprietário para produzir uma
quantidade definida de toneladas de aço, a taxas variáveis segundo os preços do mercado.
O proprietário fornecia o imóvel, o material, ferramentas, e assumia a incumbência dc
comercializar o produto final.
Os “profissionais por ofício” organizados no sindicato dirigiam todo o resto: recrutamento
dos “não-especialistas”, divisão das tarefas com eles, organização técnica, horários de
trabalho, pagamento dos salários. Ao lado do poder patronal fundado no capital, o poder do
sindicato era fundado no monopólio do ofício e na organização do closed shop (fábrica ou
qualquer outro estabelecimento que só contatrata trabalhadores sindicalizados)
Dupla fonte de poder e legitimidade:
- os dirigentes empresariais obtêm seu poder de sua relação com o capital (econômico e
financeiro), e sua legitimidade de seu êxito econômico no mercado de bens e serviços;
- os “profissionais por ofício” obtêm seu poder de sua relação com o saber (técnico e
especializado), e sua legitimidade de sua posição individual e coletiva na organização e no
mercado de trabalho;
- os assalariados não profissionais (ou não qualificados) são duplamente excluídos, da
esfera do capital e do espaço legitimado do saber.
3. Profissionalização e desprofissionalização: debate permanente e duplo
movimento recorrente
Vê-se a interação constante das duas relações de trabalho (a relação salarial e a relação
profissional) corresponder às duas fontes de poder (capital e saber)
Observam-se, há muito tempo, movimentos cruzados e complexos de integração de
“profissionais” que mantêm ou aumentam seu poder de expertise no interior de
organizações de tipo burocrático, de desprofissionalização ou “desqualificação” de
profissionais por ofício que perdem a autonomia e o comando devido ao progresso técnico e
ao enfraquecimento de sua organização interna, de profissionalização ou “requalificação” de
novas categorias de assalariados que são capazes de organizar e fazer reconhecer o
monopólio de sua competência, sem falar das “conversões” de um tipo de profissionalidade
em outro, o que permite a manutenção de status profissionais ao longo das transformações
estruturais das empresas.
4. A qualificação como produto codificado de quot;MODELOS PROFISSIONAIS quot;
Modelos de valorização (Rivard) a partir de três figuras ideal-típicas: o oficial, o físico e o
operário, vinculadas á teoria de Moore das três comunidades:
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6. operário, vinculadas á teoria de Moore das três comunidades:
1. O modelo do operário: Carreira através do CARGO (job).
Identificação: comunidade profissional.
2. O modelo do oficial: Carreira por FUNÇÃO
Identificação: status. O oficial é proprietário de sua patente. Formação profissional
inicial e contínua.
3. O modelo do físico: valorização pela FORMAÇÃO, ESPECIALIDADE. Vínculo com a
DISCIPLINA (ou setor, indústria...). Carreira mediante aprendizados cumulativos.
Identificação: reputação em sua comunidade disciplinar. O que se busca, antes de
tudo, é o reconhecimento pelos pares, ancorado, com freqüência, na concepção de
vocação.
5. A qualificação como resultado instável das relações profissionais.
A qualificação dos assalariados representa uma implicação essencial entre os três parceiros
principais: os empregadores, os trabalhadores e o Estado.
A priori, os interesses dos empregadores e dos assalariados são divergentes, até mesmo
antagônicos.
A construção dos espaços de qualificação é, assim, produto de negociações que confrontam
diversos atores e parceiros: empresa, ramo profissional, região, nação. Os parceiros
precisam constituir espaços comuns de racionalidade a partir de lógicas diferentes.
TRABALHO DOMICILIAR
DUBAR, 2005, p. 196
Segundo os historiadores do trabalho, tanto na Europa como na América do Norte o
nascimento e expansão das manufaturas foram precedidos e acompanhados por um sistema
de “trabalho domiciliar” característico do capitalismo mercantil. Nesse sistema, os
mercadores enviavam materiais e dinheiro aos artesãos com ateliê doméstico, que
trabalhavam em casa, em geral com ajudantes, membros de sua própria família. Os
mercadores firmavam contrato com esses trabalhadores domiciliares para a fabricação de
bens ou peças que deviam ser entregues em uma data combinada, em troca de uma
porcentagem fixa por peça. Os trabalhadores utilizavam os adiantamentos para comprar as
matérias-primas e as ferramentas de que necessitavam, e tinham liberdade para trabalhar
em seu ritmo e com suas próprias técnicas. Eles eram antes subempreiteiros do que
assalariados no sentido moderno do termo: artesãos ou operários por ofício, assumiam a
inteira responsabilidade por seu trabalho e pela organização de sua produção. (Lailemant,
1990).
Durante todo o século XIX e o começo do século XX, os capitalistas mercantis procuraram
aumentar seu controle, transferindo o local de produção da casa para a fábrica.
Eles julgavam que os trabalhadores autônomos manifestavam aflitivas tendências a beber,
dançar e dormir, em vez de entregar a mercadoria no ritmo cada vez mais intenso exigido
pela concorrência. E assim que as manufaturas podem ser analisadas como invenções
sociais destinadas a quebrar a autonomia dos produtores e a aumentar o poder de
supervisão direta dos capitalistas (Marglin, 1970; Derber e Schwartz, 1988).
DOWBOR, L. O que acontece com o trabalho. São Paulo: Senac, 2001 (p.44)
A facilidade de realizar trabalho a distância, por sua vez, tem levado as empresas a
agruparem tarefas por “pacotes”, que são entregues a diversos tipos de profissional que
passam a trabalhar por tarefa, em casa ou no escritório, funcionando de certa maneira
como consultores, sem vínculo formal se tem desenvolvido sobretudo em certas áreas
avançadas, como. os serviços informáticos, por exemplo, e não representa necessariamente
uma evolução negativa, pois poder “comprar” horas de serviços especializados talvez seja
interessante para uma pequena empresa que não tem como (e às vezes nem precisa)
sustentar um técnico permanente muito especializado.
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7. sustentar um técnico permanente muito especializado.
TOFLER, A. A Terceira Onda. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 1980. (p. 199 –A Cabana
Eletrônica)
Oculto dentro do nosso avanço para um novo sistema de produção há um potencial para a
mudança social tão espantoso em seu alcance, que poucos entre nós se têm atrevido a
enfrentar sua significação. Pois estamos igualmente prestes a revolucionar nossas casas.
Excetuando as nossas encorajadoras unidades de trabalho menores, o se permitir uma
descentralização e desurbanização da produção e também se alterar o caráter atual do
trabalho, o novo sistema de produção poderia deslocar literalmente milhões de empregos
para fora das fábricas e escritórios, para os quais a Segunda Onda os mudou, e restituí -los
ao lugar de onde vieram originariamente: a casa. Se isto tivesse de acontecer, toda a
instituição que conhecemos, da família à escola e à companhia, seria transformada.
Ao observar massas de camponeses ceifando um campo há 300 anos, só um louco teria
sonhado que viria um dia em que os campos ficariam despovoados, quando todos se
apinhariam em fábricas urbanas para ganhar o pão de cada dia. E só um louco estaria certo.
Hoje é preciso um ato de coragem para sugerir que as nossas maiores fábricas e torres de
escritórios poderão, ainda no período de nossas vidas, ficar meio vazios, reduzidos a uso
para armazéns mal-assombrados ou convertidos em espaços para moradia. Entretanto, isto
é precisamente o que o novo modo de produção tornará possível: uma volta à indústria
caseira numa nova base eletrônica mais alta e com uma nova ênfase no lar como centro da
sociedade.
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