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A8           CORREIO POPULAR
             Campinas, quinta-feira, 5 de abril de 2012




                                                                                                                                                                                                                Elcio Alves/CEDOC


  Estação Ecológica
  da Juréia, que
  protege área de
  Mata Atlântica,
  no Litoral Sul
  paulista: extrair
  palmito é crime
  ambiental




                                         NEGÓCIO ||| GASTRONOMIA CONSCIENTE
Cultivo de
pupunha é
alternativa                              Sabor no prato sem                                                                                                                                  Lei de 92 proíbe
                                                                                                                                                                                             a extração em
                                                                                                                                                                                             matas nativas
para manter o
consumo de
palmito sem
                                         tirar o verde da mata                                                                                                                               A
                                                                                                                                                                                                   proibição da extração
                                                                                                                                                                                                   do palmito de matas
                                                                                                                                                                                                   nativas no Brasil, a
                                                                                                                                                                                             partir do Código Florestal de
danos ao meio
                                                                                                                                                             Fotos: Dominique Torquato/AAN
                                                                                                                                                                                             1992, criou quadrilhas
                                                                                                                                                                                             especializadas na retirada de
ambiente                                                                                                                                                                                     palmeiras das áreas nativas.
                                                                                                                                                                                             Só no ano passado, de
                                                                                                                                                                                             acordo com a Polícia
 Fabiano Ormaneze                                                                                                                                                                            Ambiental, foram
 DA AGÊNCIA ANHANGUERA                                                                                                                                                                       apreendidas 50 toneladas de
 fabiano.ormaneze@rac.com.br                                                                                                                                                                 palmito beneficiado e in
                                                                                                                                                                                             natura. O volume
O brasileiro                                                                                                                                                                                 corresponde a cerca de 40
é o maior                                                                                                                                                                                    mil palmeiras retiradas da
consumidor                                                                                                                                                                                   natureza. A maior parte vem
de palmito                                                                                                                                                                                   de reservas de Mata Atlântica
do mundo:                                                                                                                                                                                    do Vale do Ribeira e do Vale
come, em                                                                                                                                                                                     do Paraíba. Por cerca de R$
média, 900                                                                                                                                                                                   1,00 pago pelas indústrias, as
gramas da                                                                                                                                                                                    quadrilhas cortam uma
iguaria a cada ano. Em salada,                                                                                                                                                               palmeira e retiram o seu
pratos quentes, pizzas e até                                                                                                                                                                 miolo. Cada caule derrubado
na alta gastronomia, em que é                                                                                                                                                                consegue produzir, no
utilizado, principalmente, no                                                                                                                                                                máximo, dois vidros de 300
formato in natura, o produto                                                                                                                                                                 gramas, comercializados por
pode esconder uma sentença                                                                                                                                                                   cerca de R$ 9,00 nos
de destruição ambiental a ca-                                                                                                                                                                supermercados. (FO/AAN)
da garfada, já que muito pal-
mito que chega à mesa é reti-
rado ilegalmente de matas bra-
sileiras. O advogado aposenta-
                                                                                                                                                                                              SAIBA MAIS
do e produtor rural Manuel
Pereira Ferraz descobriu no                                                                                                                                                                   As lojas Papua, que
cultivo ecologicamente corre-                                                                                                                                                                 comercializam o palmito
to uma maneira de contribuir                                                                                                                                                                  ecologicamente correto, ficam
para a sustentabilidade e a di-                                                                                                                                                               na Rua Leonardo da Vinci,
vulgação de práticas menos                                                                                                                                                                    850, e na Avenida Dr.
agressivas ao meio ambiente.                                                                                                                                                                  Armando Sales de Oliveira,
                                                                                                                                                                                              ambas no Taquaral, em
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                                         O advogado aposentado e produtor Manuel Pereira Ferraz em uma das lojas onde vende o palmito pupunha plantado no Vale do Ribeira
destrói florestas e
degrada o ambiente                       palmeiras são inviáveis de se-    perfilhamento, ou seja, quan-      sistência Técnica Integral (Ca-     ção ambiental que provocou                 jas pelo Estado de São Paulo.
                                         rem produzidas em larga esca-     do a planta é cortada, a ramifi-   ti) e do IAC que, desde 1974,       ao comprar um vidro de pal-
Com 235 hectares de área                 la na lavoura por causa da de-    cação das raízes faz surgir um     pesquisa o aprimoramento            mito que pode ter sido extraí-             Incentivo
plantada (o equivalente a                mora para atingirem o ponto       novo caule e, em 18 meses,         do cultivo do palmito de pu-        do de forma ilegal”, explica o             Como a região do Vale do Ri-
aproximadamente 220 cam-                 de corte. Além disso, a extra-    uma nova extração de palmi-        punha. “Decidi plantar por-         produtor.                                  beira, principalmente no mu-
pos de futebol) e duas lojas             ção destrói as matas, muitas      to poderá ser feita. Essa forma    que sabia que era uma forma             Para divulgar o plantio e o            nicípio de Eldorado, tem con-
próprias para a comercializa-            vezes próximas aos rios, que      de reprodução gera verdadei-       também de recuperar áreas.          consumo consciente, Ferraz                 dições favoráveis de solo e cli-
ção do seu produto em Cam-               elas teriam também a função       ras touceiras, que lembram         Fizemos um estudo e desco-          decidiu abrir as lojas para ven-           ma para a produção do palmi-
pinas, o agricultor detectou,            de proteger do assoreamento.      moitas de bananeira, planta        bri que a minha propriedade         der o produto. Até 2008, ele               to e é a mais carente do Esta-
além de um negócio rentável,                O palmito do tipo pupu-        que também se reproduz da          rural, no Vale do Ribeira, era      apenas fornecia para a indús-              do, o governo federal criou vá-
um caminho para ajudar na                nha, produzido por Ferraz, é      mesma forma. A terceira van-       uma área devastada de Mata          tria. A partir de então, o agri-           rios programas, entre eles, li-
recuperação de áreas degra-              uma das alternativas divulga-     tagem do pupunha                                Atlântica. Com a       cultor entrou em contato com               nhas de crédito especiais para
dadas.                                   das por institutos de pesqui-     é o sabor: tem                                  plantação, tudo        várias empresas especializa-               quem quer plantar pupunha
   Ferraz nasceu na zona ru-             sa, como o Agronômico (IAC),      paladar mais                                    está verde, pois o     das na conserva de palmitos                na área, com vantagens para
ral no Ceará e por lá viveu até          de Campinas, para resolver        acentuado e é                                   pupunha forma          do Vale do Ribeira e se tornou             quem tem propriedades de
os 10 anos de idade. Depois, a           vários impasses. A primeira       o tipo preferi-                                  uma verdadeira        revendedor, com lojas no Ta-               até dois hectares. “A região es-
família se mudou para o Vale             vantagem é que o pupunha é        do dos che-                                         mata. Além         quaral, em Campinas, cidade                tá sendo redescoberta e de for-
do Ribeira, na região Sul do Es-         apropriado para o cultivo na      fes de cozi-                                          disso, decidi    onde mora. A venda ocorre no               ma ecologicamente correta. O
tado de São Paulo, onde hoje             lavoura. Enquanto um exem-        nha. Em                                               plantar juça-    atacado e no varejo. Os preços             progresso está chegando ver-
está a área de cultivo do palmi-         plar de açaí ou de juçara leva    termos nu-                                            ra na área       são competitivos aos pratica-              de na região”, conta Ferraz. O
to. Embora tenha seguido o               até uma década para atingir o     tricionais,                                           próxima aos      dos em supermercados.                      palmito pupunha é uma boa
caminho do Direito e se torna-           ponto de corte para extração      é fonte de                                            rios para aju-       “Cada vez mais, as pessoas             alternativa também para pe-
do funcionário público da Re-            do palmito, o pupunha adqui-      proteínas,                                            dar a formar     com um nível de informação                 quenos produtores. Como ele
ceita Federal até se aposentar,          re o tamanho adequado em          fibras, fós-                                          a mata ci-       maior estão preocupadas em                 não escurece após o corte, ao
ele diz que o tempo que viveu            apenas 18 meses. “Ninguém         foro, ferro                                          liar”, conta.     conhecer a origem daquilo                  contrário de outras varieda-
na roça foi suficiente “para             consegue, pelos custos e pela     e cálcio.                                                A extra-      que levam para casa e conso-               des, pode ser vendido in natu-
deixar, no sangue, marcas de             pouca rentabilidade que te-           O inte-                                          ção de juça-      mem. É o caso do palmito. Te-              ra ou passar apenas por pro-
interesse pelo cultivo da ter-           ria, manter uma lavoura de        resse de                                             ra e de açaí é    nho recebido nas lojas pes-                cessos simplificados de con-
ra”. Aos 77 anos, já teve planta-        açaí ou de juçara. A pessoa te-   Ferraz pe-                                           proibida no       soas preocupadas em saber                  servação.
ções de banana e hortaliças e,           ria de plantar, esperar dez       la planta-                                           Brasil. “Mas      se, ao comer, estão ou não co-                 Cada hectare de terra pode
desde 1998, se especializou,             anos, cortar a palmeira, ex-      ção ecolo-                                           falta muita       laborando com a devastação                 servir de solo para 5 mil mu-
com pesquisas e cursos, ao               trair o palmito e começar tu-     gicamente                                            conscientiza-     de matas”, diz. Nas lojas, tam-            das de pupunha. Esse valor
cultivo do palmito.                      do de novo. Não compensa”,        correta sur-                                         ção. O palmi-     bém estão disponíveis, sob en-             pode variar, de acordo com o
   Até o início da década de             explica Ferraz.                   giu a par-                                           to é valoriza-    comenda, o palmito in natu-                tamanho de palmito que se
1990, a iguaria era extraída de             Outra vantagem do pupu-        tir de pa-                                           do na cozi-       ra, demanda principalmente                 pretende atingir. Um produto
palmeiras como a juçara e o              nha é que, ao contrário dos       lestras e                                            nha, mas          de restaurantes e chefes de al-            final mais grosso exige espaça-
açaí, respectivamente, nativas           outros tipos, que só se repro-    cursos fei-                                          muita gente       ta gastronomia, e ainda mu-                mento maior entre as plantas
da Amazônia e da Mata Atlân-             duzem por meio de sementes,       tos na Coor-                                        não tem no-        das da planta. A ideia é expan-            para que o caule possa ser ex-
tica. O problema é que essas             ele se prolifera por meio do      denadoria de As-                                   ção da destrui-     dir a rede e instalar outras lo-           pandir.

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Cultivo de pupunha alternativa sustentável ao palmito extraído ilegalmente de matas

  • 1. A8 CORREIO POPULAR Campinas, quinta-feira, 5 de abril de 2012 Elcio Alves/CEDOC Estação Ecológica da Juréia, que protege área de Mata Atlântica, no Litoral Sul paulista: extrair palmito é crime ambiental NEGÓCIO ||| GASTRONOMIA CONSCIENTE Cultivo de pupunha é alternativa Sabor no prato sem Lei de 92 proíbe a extração em matas nativas para manter o consumo de palmito sem tirar o verde da mata A proibição da extração do palmito de matas nativas no Brasil, a partir do Código Florestal de danos ao meio Fotos: Dominique Torquato/AAN 1992, criou quadrilhas especializadas na retirada de ambiente palmeiras das áreas nativas. Só no ano passado, de acordo com a Polícia Fabiano Ormaneze Ambiental, foram DA AGÊNCIA ANHANGUERA apreendidas 50 toneladas de fabiano.ormaneze@rac.com.br palmito beneficiado e in natura. O volume O brasileiro corresponde a cerca de 40 é o maior mil palmeiras retiradas da consumidor natureza. A maior parte vem de palmito de reservas de Mata Atlântica do mundo: do Vale do Ribeira e do Vale come, em do Paraíba. Por cerca de R$ média, 900 1,00 pago pelas indústrias, as gramas da quadrilhas cortam uma iguaria a cada ano. Em salada, palmeira e retiram o seu pratos quentes, pizzas e até miolo. Cada caule derrubado na alta gastronomia, em que é consegue produzir, no utilizado, principalmente, no máximo, dois vidros de 300 formato in natura, o produto gramas, comercializados por pode esconder uma sentença cerca de R$ 9,00 nos de destruição ambiental a ca- supermercados. (FO/AAN) da garfada, já que muito pal- mito que chega à mesa é reti- rado ilegalmente de matas bra- sileiras. O advogado aposenta- SAIBA MAIS do e produtor rural Manuel Pereira Ferraz descobriu no As lojas Papua, que cultivo ecologicamente corre- comercializam o palmito to uma maneira de contribuir ecologicamente correto, ficam para a sustentabilidade e a di- na Rua Leonardo da Vinci, vulgação de práticas menos 850, e na Avenida Dr. agressivas ao meio ambiente. Armando Sales de Oliveira, ambas no Taquaral, em Retirada da natureza Campinas. O advogado aposentado e produtor Manuel Pereira Ferraz em uma das lojas onde vende o palmito pupunha plantado no Vale do Ribeira destrói florestas e degrada o ambiente palmeiras são inviáveis de se- perfilhamento, ou seja, quan- sistência Técnica Integral (Ca- ção ambiental que provocou jas pelo Estado de São Paulo. rem produzidas em larga esca- do a planta é cortada, a ramifi- ti) e do IAC que, desde 1974, ao comprar um vidro de pal- Com 235 hectares de área la na lavoura por causa da de- cação das raízes faz surgir um pesquisa o aprimoramento mito que pode ter sido extraí- Incentivo plantada (o equivalente a mora para atingirem o ponto novo caule e, em 18 meses, do cultivo do palmito de pu- do de forma ilegal”, explica o Como a região do Vale do Ri- aproximadamente 220 cam- de corte. Além disso, a extra- uma nova extração de palmi- punha. “Decidi plantar por- produtor. beira, principalmente no mu- pos de futebol) e duas lojas ção destrói as matas, muitas to poderá ser feita. Essa forma que sabia que era uma forma Para divulgar o plantio e o nicípio de Eldorado, tem con- próprias para a comercializa- vezes próximas aos rios, que de reprodução gera verdadei- também de recuperar áreas. consumo consciente, Ferraz dições favoráveis de solo e cli- ção do seu produto em Cam- elas teriam também a função ras touceiras, que lembram Fizemos um estudo e desco- decidiu abrir as lojas para ven- ma para a produção do palmi- pinas, o agricultor detectou, de proteger do assoreamento. moitas de bananeira, planta bri que a minha propriedade der o produto. Até 2008, ele to e é a mais carente do Esta- além de um negócio rentável, O palmito do tipo pupu- que também se reproduz da rural, no Vale do Ribeira, era apenas fornecia para a indús- do, o governo federal criou vá- um caminho para ajudar na nha, produzido por Ferraz, é mesma forma. A terceira van- uma área devastada de Mata tria. A partir de então, o agri- rios programas, entre eles, li- recuperação de áreas degra- uma das alternativas divulga- tagem do pupunha Atlântica. Com a cultor entrou em contato com nhas de crédito especiais para dadas. das por institutos de pesqui- é o sabor: tem plantação, tudo várias empresas especializa- quem quer plantar pupunha Ferraz nasceu na zona ru- sa, como o Agronômico (IAC), paladar mais está verde, pois o das na conserva de palmitos na área, com vantagens para ral no Ceará e por lá viveu até de Campinas, para resolver acentuado e é pupunha forma do Vale do Ribeira e se tornou quem tem propriedades de os 10 anos de idade. Depois, a vários impasses. A primeira o tipo preferi- uma verdadeira revendedor, com lojas no Ta- até dois hectares. “A região es- família se mudou para o Vale vantagem é que o pupunha é do dos che- mata. Além quaral, em Campinas, cidade tá sendo redescoberta e de for- do Ribeira, na região Sul do Es- apropriado para o cultivo na fes de cozi- disso, decidi onde mora. A venda ocorre no ma ecologicamente correta. O tado de São Paulo, onde hoje lavoura. Enquanto um exem- nha. Em plantar juça- atacado e no varejo. Os preços progresso está chegando ver- está a área de cultivo do palmi- plar de açaí ou de juçara leva termos nu- ra na área são competitivos aos pratica- de na região”, conta Ferraz. O to. Embora tenha seguido o até uma década para atingir o tricionais, próxima aos dos em supermercados. palmito pupunha é uma boa caminho do Direito e se torna- ponto de corte para extração é fonte de rios para aju- “Cada vez mais, as pessoas alternativa também para pe- do funcionário público da Re- do palmito, o pupunha adqui- proteínas, dar a formar com um nível de informação quenos produtores. Como ele ceita Federal até se aposentar, re o tamanho adequado em fibras, fós- a mata ci- maior estão preocupadas em não escurece após o corte, ao ele diz que o tempo que viveu apenas 18 meses. “Ninguém foro, ferro liar”, conta. conhecer a origem daquilo contrário de outras varieda- na roça foi suficiente “para consegue, pelos custos e pela e cálcio. A extra- que levam para casa e conso- des, pode ser vendido in natu- deixar, no sangue, marcas de pouca rentabilidade que te- O inte- ção de juça- mem. É o caso do palmito. Te- ra ou passar apenas por pro- interesse pelo cultivo da ter- ria, manter uma lavoura de resse de ra e de açaí é nho recebido nas lojas pes- cessos simplificados de con- ra”. Aos 77 anos, já teve planta- açaí ou de juçara. A pessoa te- Ferraz pe- proibida no soas preocupadas em saber servação. ções de banana e hortaliças e, ria de plantar, esperar dez la planta- Brasil. “Mas se, ao comer, estão ou não co- Cada hectare de terra pode desde 1998, se especializou, anos, cortar a palmeira, ex- ção ecolo- falta muita laborando com a devastação servir de solo para 5 mil mu- com pesquisas e cursos, ao trair o palmito e começar tu- gicamente conscientiza- de matas”, diz. Nas lojas, tam- das de pupunha. Esse valor cultivo do palmito. do de novo. Não compensa”, correta sur- ção. O palmi- bém estão disponíveis, sob en- pode variar, de acordo com o Até o início da década de explica Ferraz. giu a par- to é valoriza- comenda, o palmito in natu- tamanho de palmito que se 1990, a iguaria era extraída de Outra vantagem do pupu- tir de pa- do na cozi- ra, demanda principalmente pretende atingir. Um produto palmeiras como a juçara e o nha é que, ao contrário dos lestras e nha, mas de restaurantes e chefes de al- final mais grosso exige espaça- açaí, respectivamente, nativas outros tipos, que só se repro- cursos fei- muita gente ta gastronomia, e ainda mu- mento maior entre as plantas da Amazônia e da Mata Atlân- duzem por meio de sementes, tos na Coor- não tem no- das da planta. A ideia é expan- para que o caule possa ser ex- tica. O problema é que essas ele se prolifera por meio do denadoria de As- ção da destrui- dir a rede e instalar outras lo- pandir.