Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Clima no início de fevereiro já bate recordes
1. A4
CORREIO POPULAR
Campinas, terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
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No mesmo ponto da Praça Carlos Gomes, homem se molha, o pequeno Israel bebe água ajudado pelo irmão Ítalo e jovens se refrescam: flagrantes de uma tarde de calor escaldante
VERÃO ATÍPICO ||| AÇÃO EMERGENCIAL
Operação Estiagem é antecipada
e prevê multa contra desperdício
Punição para quem lavar calçamento com água tratada terá valor 3 vezes maior que a taxa de consumo
Maria Teresa Costa
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
teresa@rac.com.br
A baixa vazão do Rio Atibaia e
a pouca perspectiva de chuva
levaram o prefeito Jonas Donizette (PSB) a antecipar, de julho para fevereiro, as restrições para o uso de água tratada em Campinas, com a aplicação de multa de três vezes o
Prefeitura estuda
incentivos para que a
população economize
valor da última conta de consumo para quem for flagrado
desperdiçando água. Decreto
nesse sentido será publicado
hoje no Diário Oficial.
Além da multa, Jonas pediu
à Sociedade de Abastecimento
de Água e Saneamento S.A.
(Sanasa) que estude a possibili-
dade de incentivos econômicos para quem reduzir o consumo, a exemplo do que ocorre em São Paulo, e faça campanha para que a população economize.
Assim, até agosto, serão
multadas as pessoas que forem flagradas usando água tratada para limpeza e lavagem
de calçamentos e passeios públicos residenciais e comerciais de Campinas, exceto em
situação de necessidade extrema. A Prefeitura considera necessidade extrema o uso de
água para construção de imóvel, realização de reformas e
construção de calçamento. Na
primeira infração, haverá advertência e, na segunda, a multa. Além dessas restrições, Jonas também está determinando que a rega de jardins e canteiros centrais seja feita exclusivamente com água de reúso.
“Estamos em um momento
preocupante para o abastecimento da cidade, que poderá
até chegar ao racionamento se
medidas de economia não forem adotadas.”
O vereador Carlinhos Camelô (PT) protocolou projeto de
lei, ontem, criando incentivo financeiro para quem economizar água no período de estiagem. Segundo a proposta,
quem economizar 15% no consumo terá um desconto de
25% na tarifa. Para valer, a proposta tem ainda que ser aprovada pela Câmara e sancionada pelo prefeito. Não há prazo
para a votação.
Amanhã Jonas irá se reunir
com o presidente da Agência
Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, para discutir as perspectivas de abastecimento nas Bacias PCJ e
orientações para este período
de estiagem fora do tempo.
Uma das regras que Jonas
quer discutir é em relação ao
Banco de Águas, uma reserva
virtual no Sistema Cantareira,
formada pela economia que
as bacias fazem ao longo do
ano. A Bacias PCJ estão sem
banco por conta de uma regra
operativa que estipula que, toda vez que os reservatórios tiverem que verter água para
evitar rompimentos, o banco
é zerado. Isso ocorreu em
2010, e desde então a região
não conseguiu mais repor.
Agora, não tem reserva para
usar.
“Não concordo com essa regra. Temos que mudá-la”, disse o prefeito. A Grande São
Paulo tem água em seu banco
e vem utilizando.
Na semana passada, na reunião da Câmara Técnica de
Monitoramento Hidrológico,
o Ministério Público sugeriu
que apenas as vazões primárias fossem utilizadas nesse
atual estágio em que se encontram os reservatórios. A proposta foi acatada e transformado numa moção que será submetido aos presidentes dos
Comitês PCJ Federal e da parcela mineira e caso aprovada
será enviada à ANA, ao Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
(DAEE) e o Instituto Mineiro
de Gestão das Águas (IGAM).
Nesse sentido, continuariam a
ser enviados os 3m3/s para as
Bacias PCJ e a Grande SP passaria a receber 24,8m3/s, que
são as vazões primárias estabelecidas. Essa medida tem como objetivo evitar o rebaixamento demasiado dos reservatórios do Sistema Cantareira,
uma vez que, abaixo de 20%,
torna-se difícil a transposição
por gravidade da água de um
reservatório para outro.
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Clima no início de fevereiro já bate recordes
Temperaturas máxima e mínima dos últimos dias são as mais altas para o mês desde 1956, diz o IAC
Fotos: Dominique Torquato/AAN
Fevereiro começou com registro de temperaturas mínima e
máxima mais altas para o mês
em Campinas. Desde 1956,
quando o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, iniciou
as medições, a cidade não vivia dias tão quentes no período. No último sábado, 1º dia
do mês, os termômetros registraram uma temperatura máxima de 35,3ºC. A máxima mais
alta registrada em fevereiro anteriormente foi em 1956, quando a temperatura chegou a
35,2ºC. Com os termômetros
Rafael Souza e José Oliveira em obra de rodovia: proteção contra o sol
SAIBA MAIS
O termômetro do Centro de
Pesquisas Meteorológicas e
Climáticas Aplicadas à
Agricultura (Cepagri) tem
registrado temperaturas ainda
mais elevadas que os do IAC
nos últimos dias. No último
domingo, o equipamento
mostrou 36,1ºC, entre 16h e 17h,
a marca mais alta do ano. A
previsão do Cepagri é de que
nesta semana o tempo
continuará ensolarado na maior
parte do dia e à tarde as nuvens
aumentam com possíveis
pancadas de chuva de forma
isolada e rápida.
marcando 24,2ºC, a madrugada de ontem foi a mais quente
dos últimos oito anos. O recorde de mínima anterior havia sido registrado em 1999, quando os termômetros atingiram
18,6ºC. O termômetro do IAC
está instalado no Centro Experimental do instituto, que fica
na Fazenda Santa Elisa, no
bairro Vila Nova.
De acordo com o pesquisador Mário José Pedro Júnior,
do IAC, a cidade vive uma adversidade climática, principalmente em relação às temperaturas mínimas. Segundo ele, o
aumento das temperaturas decorre, principalmente, da falta
de chuva. “Quando chove, a
água evapora e a temperatura
baixa. Sem chuva, com as temperaturas em torno de 34ºC,
35ºC por vários dias, o calor fica acumulado, elevando a temperatura inclusive na madrugada.” Segundo ele, a média das
temperaturas mínimas dos últimos dias está 6ºC mais alta
que os anos anteriores, que giravam em torno dos 18ºC.
O calor excessivo vem afetando principalmente as pessoas que trabalham diretamente ao ar livre. O varredor de rua
João Carlos Teodoro da Silva
disse que nunca tinha passado
tanto calor. “Trabalho na rua
há 12 anos, mas este ano está
muito forte o calor. A gente pas-
Os varredores João Silva e Wilson Batista: cuidados incluem muita água
sa protetor solar que a empresa oferece, usa boné, blusa de
manga, luva, bota e bebe muita água”, disse. “O superior falou que sempre que der é para
a gente correr para sombra”,
contou o colega de Silva, Wilson Aparecido Rocha Batista.
O ajudante de obra José
Adaílton Oliveira, que trabalha
na ampliação de uma rodovia
de Campinas há sete meses, leva um protetor de pano especial para o pescoço e procura
beber dois copos de água de
250 ml a cada 20 minutos. “A
empresa oferece tudo. Protetor
solar, luva, camisa de manga
longa, bota, óculos, capacete,
mas eu decidi trazer esse pano
para proteger o pescoço, que
estava ficando manchado. É
melhor passar mais calor do
que se queimar”, afirmou.
A carteira Roseli Jorge, de 40
anos, contou que para suportar o calor tem tomado pelo
menos cinco garrafinhas de
água por dia, além de sorvetes
e suco. “Sempre que dá eu vou
caminhando pela sombra, mas
às vezes não tem jeito. Tem hora que parece que a gente vai
cair.” (Fabiana Marchezi/
AAN)
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