2. 13 DE MAIO ...
Os negros estão dormindo na senzala,
sonham com sonhos de liberdade.
Revêm a geografia distante da terra-mãe,
revivem a chuva que lava a alma dos puros.
3. Os negros estão espalhados na lavoura,
espalham no café o gosto o suor estrangeiro.
Tocam os grãos com seus calos,
reforçam a colheita com suas lágrimas.
4. Os negros cantam suas cantigas,
remetem seus espíritos livres à uma época de paz.
Temperam o trabalho com denso sangue,
escravos que são do egoísmo dos senhores.
5. Os negros são condenados,
carregam para sempre pesados grilhões.
Mais que o corpo aprisionado,
castigam o coração com a saudade.
6. Pretos e Pretas Velhas correm livres no terreiro,
suas cumbucas transbordam ervas e mirongas.
Ritmam os atabaques com suas bengalas e cajados,
o descanso justo e liberto na calma de Aruanda.