2. DESCOBERTA
Aurélio – [Fem. substantivado do adj. Descoberto] S. f. 1. Aquilo que se
descobriu ou encontrou por acaso ou mediante busca, pesquisa,
observação, dedução ou invenção. 2. Restr. Terra que se descobriu ou se
encontrou pela primeira vez. 3. Achado, invenção, inovação. 4. Solução
conveniente, bem arquitetada; achado. [Sin. ger.: descobrimento.]
____________________________________________________________
“Descoberta é a geração da idéia nova na mente de um indivíduo.”
(SCHAFFER)
“Uma descoberta é o encontro entre um sujeito e um objeto, até então
desconhecido para ele, mas que existia tal como é antes desse encontro...”
(PIAGET)
3. INOVAÇÃO
Aurélio – [Do lat. innovatione.] S. f. 1. Ato ou efeito de inovar. 2. P. ext.
Novidade (2).
inovar. [Do lat. innovare.] V. t. d. 1. Tornar novo; renovar. 2.
Introduzir novidade em.
novidade. [Do lat. novitate.] S. f. 2. Aquilo que é novo; coisa nova;
inovação.
____________________________________________________________
“Introdução intencional, dentro de um grupo ou organização, de idéias,
processos, produtos ou procedimentos novos para a unidade, relevante de
adoção e que visa gerar benefícios para o indivíduo, grupo, organização ou
sociedade maior.” (WEST e FARR, apud ALENCAR, 1995)
4. CRIATIVIDADE
Aurélio – S. f. 1. Qualidade de criativo. 2. Capacidade criadora; engenho,
inventividade.
____________________________________________________________
A criatividade é a habilidade de divergir os pensamentos, idéias ou
conceitos para solucionar um determinado problema.
(FAGERBERG, MOWERY, NELSON, 2005)
5. ORIGINALIDADE
Aurélio – S. f. 1. Qualidade de original.
original. [Do lat. originale.] Adj. 2. g. 1. Relativo a origem. 2. Que
provém de origem; inicial, primordial, primitivo, originário. 3. Que não
ocorreu nem existiu antes; inédito, novo. 4. Que foi feito pela primeira vez,
em primeiro lugar, sem ser copiado de nenhum modelo. 5. Que tem caráter
próprio; que não procura imitar nem seguir ninguém; novo. 6. Que por seus
caracteres peculiares, singulares, chega ao ponto de tornar-se bizarro,
extravagante.
____________________________________________________________
Segundo Alencar (2000), originalidade é atributo do processo criativo.
Para Guilford (NOVAES, 1977, apud PELAES), originalidade é uma das
características dos indivíduos criadores.
8. ORIGINALIDADE
é atributo da
CRIATIVIDADE
que possibilita
DESCOBERTA
INOVAÇÃO
9. CRIATIVIDADE E ORIGINALIDADE
Para Alencar (2000), a originalidade está presente em respostas incomuns,
infreqüentes, raras, diferentes daquelas apresentadas pela maior parte das
pessoas.
Guilford (NOVAES, 1977, apud PELAES) afirma que criatividade diz
respeito às habilidades, que são características dos indivíduos criadores,
como:
Fluência
Flexibilidade
Originalidade
Pensamento divergente
10. CRIATIVIDADE E DESCOBERTA
A descoberta pode ser decorrente dos três níveis de criatividade
propostos por Taylor (apud ALENCAR, 1995):
Expressiva, que se apresenta, por exemplo, nos desenhos
espontâneos da criança;
Produtiva, presente na produção de cientistas e artistas;
Inventiva, que caracterizaria uma produção marcada pela
engenhosidade na manipulação de métodos, técnicas e materiais,
como ocorre, por exemplo, em uma nova patente.
11. CRIATIVIDADE E DESCOBERTA
De acordo com Rodari (1982), uma mente criativa é aquela “que trabalha,
que sempre faz perguntas, que descobre problemas onde os outros
encontram respostas satisfatórias, que é capaz de juízos autônomos e
independentes, que recusa o codificado, que remanuseia objetos e
conceitos sem se deixar inibir pelo conformismo.”
“Cada descoberta criativa requer uma interseção do infantil e do maduro; o
espírito específico moderno deste século [Séc. XX] foi a incorporação da
sensibilidade da criança pequena.” (GARDNER, 1996, apud PAROLIN,
2003)
14. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
Para Alencar (1996), criatividade e inovação são domínios muito próximos.
Ambos os conceitos estão intimamente relacionados e têm sido usados, às
vezes, como sinônimos.
A criatividade, entretanto, pode ser considerada como o componente
conceitual da inovação, ao passo que a inovação englobaria a
concretização e aplicação das novas idéias.
Por essa razão, o termo inovação tem sido mais utilizado no nível das
organizações e o termo criatividade no nível do indivíduo ou grupos de
indivíduos.
15. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
TRÊS ESTÁGIOS BÁSICOS DO PROCESSO DE INOVAÇÃO
(ROGERS, 1983, apud DICIONÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO, 2003):
Invenção de uma idéia original;
Seu desenvolvimento;
A implementação.
17. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
Ocorrência da inovação nos três sistemas básicos de uma organização
(ALENCAR, 2000):
SOCIAL
Mudanças nos valores e normas da cultura organizacional para alterar
padrões de comportamento administrativo e das percepções individuais.
TÉCNICO
Implementação de nova divisão de trabalho, com processos técnicos mais
atuais.
GERENCIAL
Alteração de métodos, regras e estilos de formulação das diretrizes
administrativas.
18. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
TIPOS DE INOVAÇÃO (ALENCAR, 1995):
Inovações técnicas - ocorrem nos sistemas técnicos de uma organização,
estando diretamente relacionadas às atividades primárias de trabalho da
organização;
Inovação administrativa - ocorre no sistema social da organização;
Outros dois tipos...
19. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
TIPOS DE INOVAÇÃO (ALENCAR, 1995):
Inovação de rotina - introdução de algo similar, já em prática na
organização, embora suas especificidades fossem novas para a
organização;
Inovação radical - algo muito diferente do que a organização está
habituada a fazer, exigindo grandes mudanças neste contexto.
20. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
FATORES DE INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL
(DICIONÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO, 2003):
Motivação;
Recursos para inovação;
Comunicações freqüentes por meio das linhas departamentais, entre
pessoas com pontos de vista diferentes;
Incerteza ambiental moderada e mecanismos para focalizar a atenção
em condições mutantes;
e mais...
21. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
FATORES DE INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL
(DICIONÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO, 2003):
Grupos de trabalho coesos, com mecanismos abertos de resolução
de conflitos, que integrem personalidades criativas ao fluxo principal;
Estruturas que forneçam acesso a modelos de papéis de inovação e a
mentores;
Rotatividade de pessoal moderadamente baixa; e contratos
psicológicos que legitimem e solicitem comportamentos inovadores
espontâneos.
22. A PARTIR DO QUE VIMOS ATÉ AQUI,
É POSSÍVEL UMA
ONTOLOGIA DA CRIATIVIDADE?
23. O QUE É ONTOLOGIA
Aurélio – [De ont(o)- + -log(o)- + -ia] S. f. Filos. Parte da filosofia que trata
do ser enquanto ser, i.e., do ser concebido como tendo uma natureza
comum que é inerente a todos e cada um dos seres. [Cf, metafísica.]
metafísica. [Do gr. metà tà physikà, ‘depois dos tratados
da física.] S. f. 1. Filos. Parte da Filosofia, que com ela muitas vezes se
confunde, e que, em perspectivas e com finalidades diversas, apresenta as
seguintes características gerais, ou algumas delas: é um corpo de
conhecimentos racionais [...] em que se procura determinar as regras
fundamentais do pensamento (aquelas de que devem decorrer o conjunto
de princípios de qualquer outra ciência, e a certeza e evidência que neles
reconhecemos), e que nos dá a chave do conhecimento do real, tal como
este verdadeiramente é (em oposição à aparência). [Cf. ontologia.]
24. POR UMA ONTOLOGIA DA CRIATIVIDADE
Uma ontologia para a criatividade, com validade para esta disciplina,
poderia ser construída através do entendimento de onde, como e quando a
criatividade está presente no pensamento humano e, conseqüentemente,
reflete-se nas ações do indivíduo.
Com auxílio dos 14 seminários apresentados neste trimestre, acreditamos
ser possível consolidar o significado de criatividade e suas implicações
através de um construto aplicável a diversas áreas do conhecimento, como
Psicologia, Filosofia, Ciências Cognitivas, Gestão, Pedagogia etc.
25. MAPEAMENTO INICIAL PARA
UMA ONTOLOGIA DA CRIATIVIDADE
HEMISFÉRIOS CEREBRAIS
SISTEMAS ADAPTATIVOS COMPLEXOS
ESPAÇO CRIATIVO
PROCESSO INTERGERATIVO
TIPOS DE PENSAMENTO
26. HEMISFÉRIOS CEREBRAIS
Existência de dois padrões de pensamento distintos – um deles capaz de
reestruturar conceitos, e ou outro, de avaliá-los. Segundo autores como
Torrance (1965, apud CARVALHO), tais pensamentos ocorreriam em
partes distintas do cérebro: o primeiro no hemisfério direito, e o segundo, no
esquerdo.
Nas palavras de Alencar (1993, apud CARVALHO), “o que tem sido
proposto é que cada hemisfério cerebral teria sua especialidade: o
esquerdo seria mais eficiente nos processos de pensamento descrito como
verbais, lógicos e analíticos, enquanto o hemisfério direito seria
especializado em padrões de pensamento que enfatizam percepção,
síntese e o rearranjo geral de idéias.”
27. SISTEMAS ADAPTATIVOS COMPLEXOS
O processo de aprendizagem individual decorre de um rearranjo dos
padrões simbólicos mentais (STACEY, 1996, apud FIALHO, SILVEIRA,
COELHO, 2005).
Esses padrões mentais interagem de duas formas:
- Rede simbólica dominante
- Rede simbólica recessiva
28. SISTEMAS ADAPTATIVOS COMPLEXOS
O subsistema simbólico dominante forma as regras que conduzem a um
compromisso com a realidade externa. As regras são expressas como
rotinas, hábitos, procedimentos, comportamentos rituais, etc.
Para que a inovação ocorra se faz necessária uma substituição de partes
do sistema simbólico dominante, em um processo de destruição e criação,
gerando tensão entre os dois subsistemas simbólicos (STACEY, 1996,
apud FIALHO, SILVEIRA, COELHO, 2005).
Já a rede simbólica recessiva forma as regras que governam o lúdico, o
mundo interno. Esse subsistema é formado por especulações, imagens,
sonhos, analogias, metáforas, fantasias, enfim, qualquer representação
interna dos objetos externos. O aprendizado é do tipo double-loop, quando
novos esquemas são construídos pela combinação de esquemas
existentes. É a partir desse tipo de aprendizagem que ocorre a criatividade.
29. ESPAÇO CRIATIVO
Para a Ciência da Complexidade, a zona de operação da mente humana
em que se consegue sustentar a tensão dos opostos, a ambigüidade e o
paradoxo é chamada de espaço criativo.
No espaço criativo ocorre o lúdico, a habilidade de utilizar símbolos e
analogias, a construção de metáforas. Há um processo de realimentação
entre a fantasia interna e a realidade externa. É uma zona onde se sustenta
a tensão dos opostos (STACEY, 1996, apud FIALHO, SILVEIRA, COELHO,
2005).
30. PROCESSO INTERGERATIVO
AUTOPOIESE E HETEROPOIESE
A criatividade é ao mesmo tempo, heteropoiese e autopoiese.
Isso significa que adquiro materiais dos outros (heteropoiese), mas os
reelaboro dentro da minha mente até chegar a uma visão nova (autopoiese)
(DE MASI).
31. TIPOS DE PENSAMENTO
DE BONO (apud PAROLIN)
Pensamento vertical
contínuo e orientado para desenvolver as idéias geradas.
- Modo óbvio de encarar as situações e necessita de uma estrutura
conceitual básica aceita;
- Direciona o pensamento de acordo com o processo convencional de
resolver problemas,
- Obtendo alta probabilidade de acertos;
- Lógica assume o controle da mente;
- Idéias dominantes, adequadas e polarizantes;
- Classifica as coisas para controlar a imprecisão;
- Contexto rigidamente definido (estar certo a cada passo).
32. TIPOS DE PENSAMENTO
DE BONO (apud PAROLIN)
Pensamento lateral
descontínuo e destinado à geração de idéias.
- Modo específico de pensar, estimulado pela atitude e pelo hábito
mental (pensamento criativo);
- Estimula a flexibilidade da mente para modos alternativos de resolver
problemas, com baixa probabilidade de acertos se comparado ao
convencional;
- Lógica está a serviço da mente;
- Idéias novas, promovidas pelo aguçamento da percepção e dos
sentidos;
- Fluidez dinâmica que se alimenta do potencial ilimitado do caos;
- Exige talento e originalidade.
33. TIPOS DE PENSAMENTO
GUILFORD
(KNELLER, 1973, apud PELAES)
Categorias da capacidade de pensamento da mente humana:
Cognitivas
reconhecimento de informações
Produtivas
uso de informações
Avaliativas
julgamento daquilo que é reconhecido ou produzido em
função da adequação às exigências.
34. TIPOS DE PENSAMENTO
Nas categorias produtivas, são identificadas duas espécies de
pensamentos: o convergente e o divergente.
O pensamento convergente é apresentado como aquele utilizado quando
quot;implica uma única solução corretaquot; para o problema e o pensamento
divergente, como aquele capaz de produzir quot;uma gama de soluções
apropriadasquot;.
O pensamento divergente seria responsável pelas soluções, quot;onde o
problema está por ser descoberto e onde, ainda, não existe meio conhecido
de resolvê-loquot;. Tal pensamento estaria associado ao levantamento de
hipóteses, buscando mais de uma solução para os problemas, isto é,
quot;quantas soluções diferentes podemos imaginar para o problemaquot;.
36. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. A gerência da criatividade.
São Paulo: Makron Books, 1996.
__________ Criatividade. 2ed. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 1995.
__________ O processo da criatividade. São Paulo: Makron,
2000.
BATTRO, Antonio M. Dicionário terminológico de Jean Piaget. São
Paulo: Pioneira, 1978.
BODEN, Margaret A. (Org.) Dimensões da criatividade. Porto
Alegre: ArtMed, 1999.
37. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Bruno. Criatividade e o papel dos hemisférios
cerebrais . Disponível em
http://www.criativ.pro.br/criatividade/contemporas-mainmenu-40/3-
abordagens-contemporas/11-criatividade-e-o-papel-dos-hemisfos-
cerebrais.html . Acessado em 1º de maio de 2008.
COOPER, Cary L.; ARGYRIS, Chris. Dicionário enciclopédico de
administração. São Paulo: Atlas, 2003.
FAGERBERG, Jan; MOWERY, David C.; NELSON, Richard R.
The Oxford Handbook of Innovation. London: Oxford University
Press, 2005.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio século XXI: o
dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
c1999. (4. impr.)
38. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FIALHO, F. A. P. ; SILVEIRA, Ermelinda Ganen da ; COELHO,
Christianne Coelho de Souza Reinisch . Criatividade e
complexidade - Reflexões sob a ótica da psicologia profunda. In: I
EBEC - Encontro Brasileiro de Estudos sobre a Complexidade,
2005, Curitiba. I EBEC. Curitiba : PUCPR, 2005. v. 1. Disponível
em
http://www.ijba.com.br/arquivos/criatividade_e_complexidade.pdf .
Acessado em 1º de maio de 2008.
PALIERI, Maria Serena. Entrevista com Domenico De Masi sobre
o livro Ócio Criativo. Disponível em
http://www.buscalegis.ufsc.br/arquivos/Domenico_De_Masi_Ocio_
Criativo.htm . Acessado em 21 de abril de 2008.
39. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PAROLIN, S. R. H. A criatividade nas organizações: um estudo
comparativo das abordagens sociointeracionistas de apoio à
gestão empresarial. Caderno de Pesquisas em Administração
(USP), v. 10, n. nº 01, p. 3-18, 2003. Disponível em
http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/v10n1art2.pdf .
Acessado em 21 de abril de 2008.
PELAES, Maria Helena. Uma reflexão sobre o conceito de
criatividade e o ensino da arte no ambiente escolar. Disponível em
http://www.clicklivro.com.br/content/view/3254/29/#_ftn1 .
Acessado em 19 de abril de 2008.
PERASSI, Richard L. S. A estética e o conhecimento para além do
sujeito. Florianópolis: UFSC, 2007 (reprografia).