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Leitura Radiológica das Pneumoconioses:
A utilização da Classificação Radiológica da OIT
Eduardo Algranti
Coordenador do Grupo de Trabalho de Leitura Radiológica das Pneumoconioses1
,2
Leitor B
FUNDACENTRO, SME/CST
A radiologia convencional do tórax é o método de investigação de rotina em
doenças que acometem o parênquima pulmonar. Nas doenças ocupacionais
pulmonares causadas por inalação de poeiras minerais, as pneumoconioses, a sua
utilização rotineira é o principal método de controle de populações expostas ao
risco. Desde 1930 - sua primeira versão - a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) adota, revisa e edita a classificação radiológica das pneumoconioses. A
versão de 2000, em uso corrente, corresponde à sexta revisão (1). No Brasil, sua
utilização é prevista na legislação trabalhista, como o método de interpretação
radiológica para o controle periódico, admissional e demissional de trabalhadores
expostos a poeiras minerais (2).
O principal objetivo da classificação é codificar as alterações radiológicas das
pneumoconioses de maneira simples e reprodutível. Sua utilização permite uma
classificação padronizada e a análise evolutiva das imagens torácicas, informações
que irão compor os dados necessários para o diagnóstico de pneumoconiose e/ou
outras doenças respiratórias. Tais dados contribuem para delinear quadros
1
O Grupo de Trabalho de Leitura Radiológica das Pneumoconioses foi formado por solicitação
da FUNDACENTRO/MTE, é coordenado pela FUNDACENTRO (Dr. Eduardo Algranti) com a
participação de um representante das seguintes instituições: Ministério do Trabalho e Emprego
(Dr. Mário Parreiras), Ministério da Saúde (Dr. Hermano Albuquerque Castro), Colégio
Brasileiro de Radiologia (Dr. João Paulo Matushita), Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia (Dr. Ericson Bagatin), Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Dr. Zuher
Handar) e especialistas convidados – Leitores B – (Dr. Eduardo Mello De Capitani/UNICAMP e
Dra. Ana Paula Scalia Carneiro/UFMG). Este texto foi revisado pelos membros do GT.
2
Este texto foi revisado pelos membros do GT
2
regionais epidemiológicos. É o método internacionalmente aceito e aplicado com
frequência para o controle periódico de trabalhadores expostos a inalação de
poeiras minerais. É importante salientar que o diagnóstico de pneumoconiose é
feito através da soma de informações clínicas, ocupacionais (incluindo período de
latência apropriado) e alterações de imagens compatíveis. Os exames radiologicos
são descritivos e, isoladamente, não fazem diagnóstico de pneumoconiose. (3)
A Classificação Radiológica da OIT 2000 é composta por uma coleção de
radiografias-padrão3
e um texto que inclui a classificação, comentários sobre
técnicas e equipamentos, notas técnicas de esclarecimento e uma sugestão de folha
de leitura apropriada.
A classificação aborda a análise radiológica do tórax quanto a:
qualidade técnica da radiografia;
parênquima pulmonar;
pleura;
símbolos;
comentários;
O texto da classificação detalha cada um destes componentes.
Para uma correta aplicação do método é fundamental que sejam obedecidos alguns
critérios:
A utilização da coleção de radiografias-padrão assim como o conhecimento do
texto da classificação
O treinamento teórico e prático do médico que interpreta as radiografias
3
Atualmente, são fornecidas 2 opções: o jogo completo de 22 radiografias ou um jogo resumido
com 15 radiografias, sendo algumas delas compostas por quadrantes representativos das alterações
descritas. Qualquer um dos jogos pode ser utilizado para fins de classificaçào. As chapas-padrão são
3
O treinamento pode ser efetuado das seguintes formas:
Através de cursos específicos;
Através de programas de pos-graduação com módulos específicos em leitura
radiológica coordenados por leitores qualificados/certificados ;
No Brasil, a formação da maior parte dos leitores dá-se através de cursos
específicos desenvolvidos pela FUNDACENTRO isoladamente, ou em colaboração
com outras instituições. Até o presente, mais de 400 médicos de diferentes
especialidades (com predomínio de radiologistas, médicos do trabalho e
pneumologistas) já fizeram o curso, porém apenas uma pequena proporção
classifica radiografias de forma rotineira, seja por não dispor da coleção de
radiografias-padrão, por não ter acesso regular a radiografias a serem interpretadas
ou porque seu trabalho atual não inclui esta demanda4
. Como se trata de um
aprendizado nota-se que depende da capacidade individual em entender o método e
aplicá-lo corretamente. Concluindo, nem todos os profissionais treinados em curso
tornam-se bons leitores.
O treinamento possibilita o entendimento da classificação, sua correta utilização,
limitações, e a adequada aplicação do método. Normalmente, é feito através de um
curso e, seqüencialmente, através da prática e do convívio com leitores experientes
(da mesma forma que em países com tradição na área). Apenas a prática regular
torna o leitor experiente. Nos EUA, por demandas legais relacionadas ao
diagnóstico da pneumoconiose de trabalhadores de carvão, instituiu-se um exame
de proficiência (certificação) que permite a avaliação objetiva da capacidade de
comercializadas de forma exclusiva pela OIT. No Brasil, as compras são feitas diretamente através
do escritório regional da organização em Brasília.
4
Uma lista dos medicos que realizaram o curso de Leitura Radiológica entre 1994 e 2008
encontra-se no sítio www.fundacentro.gov.br/silicaesilicose, por estado de origem, e ano de
realização do treinamento
4
interpretação dos leitores. Através de uma série de pontuações derivadas de
interpretações de 125 radiografias obtem-se um escore global, que sendo superior a
50 pontos torna o leitor “B Reader” (Leitor B). Este título deve ser renovado a cada
4 anos, através de exame de recertificação envolvendo a interpretação de 50
radiografias. Há uma correlação estatísticamente significante entre o número de
radiografias interpretadas por ano pelo candidato e sua aprovação no exame (4).
Outro exame de proficiência foi desenvolvido recentemente por um grupo
coordenado pela Universidade de Fukui, no Japão.
Além do entendimento da classificação, o treinamento tem a grande vantagem de
alertar e demonstrar a importância e a necessidade de se obterem radiografias de
tórax de boa qualidade para uma correta interpretação de anormalidades
radiológicas do tórax. Infelizmente, estamos acostumados a examinar radiografias
de tórax de péssima qualidade e fazer um esforço de “adivinhação” para interpretá-
las. Este problema ocorre tanto no serviço público quanto no privado, pelas
dificuldades estruturais de se adquirirem equipamentos e materiais de consumo
adequados para uso em radiologia convencional e pela falta de controle de
qualidade em serviços de radiologia (binômio técnico/médico).
No presente momento, há um aumento da demanda de prestação de serviços de
radiologia e leitura radiológica de pneumoconioses por empresas, devido a
inspeções de trabalho, demandas judiciais e projetos de pesquisa. Um número
crescente de empresas exige que os prestadores de serviço sejam qualificados, tanto
no que concerne à técnica radiológica quanto à interpretação dos exames, para
atender programas de qualidade.
Estamos empenhados em normatizar estas questões, visando a aplicação de boas
práticas em leitura radiológica, em contraste com práticas meramente burocráticas
5
de atendimento a legislação. Infelizmente, temos encontrado com freqüência, lotes
de radiografias de má qualidade, acompanhados de (supostos) laudos OIT
elaborados sem qualquer critério. O método, como qualquer interpretação de
imagem, envolve, inevitavelmente, subjetividade. Por isso falamos em boas
práticas: a aplicação adequada da classificação visa diminuir ao máximo a
subjetividade de interpretação inter e intra-leitor. Não se faz classificação
radiológica pelos critérios da OIT sem o conhecimento do seu texto, treinamento
específico, nem sem a coleção de radiografias-padrão, pois a análise das alterações
observadas e sua classificação, notadamente a profusão e o tipo das pequenas
opacidades são feitas de forma comparativa.
Destacamos três pontos de interesse:
Radiografias de tórax de qualidade adequada para Leitura Radiológica são
também as mais indicadas para a avaliação de outras doenças do
parênquima pulmonar. Desfazendo mitos, a chamada “Radiografia OIT”
nada mais é do que uma radiografia de tórax de boa qualidade;
Em breve, a OIT estará publicando instruções referentes à utilização de
radiografias digitais em Leitura Radiológica, que serão repassadas ao
conhecimento público;
Para efeitos práticos denominamos de “Qualificado” ou “Capacitado” um
médico que realizou o treinamento em Leitura Radiológica e, “Certificado”
um médico treinado e aprovado em exame de proficiência em Leitura
Radiológica. Caso a certificação seja concedida pelo exame do NIOSH,
também poderá ser denominado de “Leitor B”.
No contexto de avaliações periódicas determinadas pela legislação, a leitura
radiológica envolve questões sociais, econômicas e legais que podem afetar o
trabalho e a vida de indivíduos. Já estão surgindo nos Conselhos Regionais de
6
Medicina e na justiça civil, processos envolvendo denúncias de má prática em
leitura radiológica, seja por denúncias de trabalhadores inconformados com laudos,
ou mesmo médicos denunciando má prática de leitura radiológica. Por estes
motivos, iniciamos um Grupo de Trabalho, composto por um representante do
Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério da Saúde, Colégio Brasileiro de
Radiologia, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Associação
Nacional de Medicina do Trabalho, assim como dois especialistas nacionais
convidados (Leitores B). O GT é coordenado pela FUNDACENTRO e tem os
seguintes objetivos:
Editar nota sobre equipamentos e técnicas de radiologia adequados;
Discutir conteúdos e cronograma conjunto de treinamentos em leitura
radiológica;
Definir a implantação de exame de certificação de leitores no país, assim
como normas de certificação e recertificação periódicas;
Estabelecer uma infra-estrutura comum para os procedimentos de
certificação.
Anexamos a este texto a nota técnica Condições Mínimas de Funcionamento de Serviço de
Radiologia para Realização de Radiografias de Tórax, visando o uso da Classificação
Internacional de Radiografias de Pneumoconioses da OIT, sobre equipamentos e técnicas
de radiologia convencional necessários para a obtenção de radiografias de tórax de
boa qualidade.
Referências Bibliográficas:
7
1. International Labour Office. Guidelines for the use of the ILO International
Classification of Radiographs of pneumoconiosis. Revised edition 2000.
Geneva, International Labour Office, 2002
2. NR 7, Norma Regulamentadora-7 (1994) Programa de contole médico de
saúde ocupacional. Portaria 24, Diário Oficial da União de 30/12/94
3. Algranti E, De Capitani EM, Carneiro APS, Saldiva PHN. Patologia
respiratória relacionada com o trabalho. In Mendes R, Patologia do
Trabalho, 2a
ed. São Paulo, Atheneu, 2003. p 1329-1397
4. Wagner GR, Attfield MD, Kennedy RD, Parker JE. The NIOSH B Reader
certification program. JOM 1992;34:879-884
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Classificação Radiológica OIT Pneumoconioses

  • 1. 1 Leitura Radiológica das Pneumoconioses: A utilização da Classificação Radiológica da OIT Eduardo Algranti Coordenador do Grupo de Trabalho de Leitura Radiológica das Pneumoconioses1 ,2 Leitor B FUNDACENTRO, SME/CST A radiologia convencional do tórax é o método de investigação de rotina em doenças que acometem o parênquima pulmonar. Nas doenças ocupacionais pulmonares causadas por inalação de poeiras minerais, as pneumoconioses, a sua utilização rotineira é o principal método de controle de populações expostas ao risco. Desde 1930 - sua primeira versão - a Organização Internacional do Trabalho (OIT) adota, revisa e edita a classificação radiológica das pneumoconioses. A versão de 2000, em uso corrente, corresponde à sexta revisão (1). No Brasil, sua utilização é prevista na legislação trabalhista, como o método de interpretação radiológica para o controle periódico, admissional e demissional de trabalhadores expostos a poeiras minerais (2). O principal objetivo da classificação é codificar as alterações radiológicas das pneumoconioses de maneira simples e reprodutível. Sua utilização permite uma classificação padronizada e a análise evolutiva das imagens torácicas, informações que irão compor os dados necessários para o diagnóstico de pneumoconiose e/ou outras doenças respiratórias. Tais dados contribuem para delinear quadros 1 O Grupo de Trabalho de Leitura Radiológica das Pneumoconioses foi formado por solicitação da FUNDACENTRO/MTE, é coordenado pela FUNDACENTRO (Dr. Eduardo Algranti) com a participação de um representante das seguintes instituições: Ministério do Trabalho e Emprego (Dr. Mário Parreiras), Ministério da Saúde (Dr. Hermano Albuquerque Castro), Colégio Brasileiro de Radiologia (Dr. João Paulo Matushita), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (Dr. Ericson Bagatin), Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Dr. Zuher Handar) e especialistas convidados – Leitores B – (Dr. Eduardo Mello De Capitani/UNICAMP e Dra. Ana Paula Scalia Carneiro/UFMG). Este texto foi revisado pelos membros do GT. 2 Este texto foi revisado pelos membros do GT
  • 2. 2 regionais epidemiológicos. É o método internacionalmente aceito e aplicado com frequência para o controle periódico de trabalhadores expostos a inalação de poeiras minerais. É importante salientar que o diagnóstico de pneumoconiose é feito através da soma de informações clínicas, ocupacionais (incluindo período de latência apropriado) e alterações de imagens compatíveis. Os exames radiologicos são descritivos e, isoladamente, não fazem diagnóstico de pneumoconiose. (3) A Classificação Radiológica da OIT 2000 é composta por uma coleção de radiografias-padrão3 e um texto que inclui a classificação, comentários sobre técnicas e equipamentos, notas técnicas de esclarecimento e uma sugestão de folha de leitura apropriada. A classificação aborda a análise radiológica do tórax quanto a: qualidade técnica da radiografia; parênquima pulmonar; pleura; símbolos; comentários; O texto da classificação detalha cada um destes componentes. Para uma correta aplicação do método é fundamental que sejam obedecidos alguns critérios: A utilização da coleção de radiografias-padrão assim como o conhecimento do texto da classificação O treinamento teórico e prático do médico que interpreta as radiografias 3 Atualmente, são fornecidas 2 opções: o jogo completo de 22 radiografias ou um jogo resumido com 15 radiografias, sendo algumas delas compostas por quadrantes representativos das alterações descritas. Qualquer um dos jogos pode ser utilizado para fins de classificaçào. As chapas-padrão são
  • 3. 3 O treinamento pode ser efetuado das seguintes formas: Através de cursos específicos; Através de programas de pos-graduação com módulos específicos em leitura radiológica coordenados por leitores qualificados/certificados ; No Brasil, a formação da maior parte dos leitores dá-se através de cursos específicos desenvolvidos pela FUNDACENTRO isoladamente, ou em colaboração com outras instituições. Até o presente, mais de 400 médicos de diferentes especialidades (com predomínio de radiologistas, médicos do trabalho e pneumologistas) já fizeram o curso, porém apenas uma pequena proporção classifica radiografias de forma rotineira, seja por não dispor da coleção de radiografias-padrão, por não ter acesso regular a radiografias a serem interpretadas ou porque seu trabalho atual não inclui esta demanda4 . Como se trata de um aprendizado nota-se que depende da capacidade individual em entender o método e aplicá-lo corretamente. Concluindo, nem todos os profissionais treinados em curso tornam-se bons leitores. O treinamento possibilita o entendimento da classificação, sua correta utilização, limitações, e a adequada aplicação do método. Normalmente, é feito através de um curso e, seqüencialmente, através da prática e do convívio com leitores experientes (da mesma forma que em países com tradição na área). Apenas a prática regular torna o leitor experiente. Nos EUA, por demandas legais relacionadas ao diagnóstico da pneumoconiose de trabalhadores de carvão, instituiu-se um exame de proficiência (certificação) que permite a avaliação objetiva da capacidade de comercializadas de forma exclusiva pela OIT. No Brasil, as compras são feitas diretamente através do escritório regional da organização em Brasília. 4 Uma lista dos medicos que realizaram o curso de Leitura Radiológica entre 1994 e 2008 encontra-se no sítio www.fundacentro.gov.br/silicaesilicose, por estado de origem, e ano de realização do treinamento
  • 4. 4 interpretação dos leitores. Através de uma série de pontuações derivadas de interpretações de 125 radiografias obtem-se um escore global, que sendo superior a 50 pontos torna o leitor “B Reader” (Leitor B). Este título deve ser renovado a cada 4 anos, através de exame de recertificação envolvendo a interpretação de 50 radiografias. Há uma correlação estatísticamente significante entre o número de radiografias interpretadas por ano pelo candidato e sua aprovação no exame (4). Outro exame de proficiência foi desenvolvido recentemente por um grupo coordenado pela Universidade de Fukui, no Japão. Além do entendimento da classificação, o treinamento tem a grande vantagem de alertar e demonstrar a importância e a necessidade de se obterem radiografias de tórax de boa qualidade para uma correta interpretação de anormalidades radiológicas do tórax. Infelizmente, estamos acostumados a examinar radiografias de tórax de péssima qualidade e fazer um esforço de “adivinhação” para interpretá- las. Este problema ocorre tanto no serviço público quanto no privado, pelas dificuldades estruturais de se adquirirem equipamentos e materiais de consumo adequados para uso em radiologia convencional e pela falta de controle de qualidade em serviços de radiologia (binômio técnico/médico). No presente momento, há um aumento da demanda de prestação de serviços de radiologia e leitura radiológica de pneumoconioses por empresas, devido a inspeções de trabalho, demandas judiciais e projetos de pesquisa. Um número crescente de empresas exige que os prestadores de serviço sejam qualificados, tanto no que concerne à técnica radiológica quanto à interpretação dos exames, para atender programas de qualidade. Estamos empenhados em normatizar estas questões, visando a aplicação de boas práticas em leitura radiológica, em contraste com práticas meramente burocráticas
  • 5. 5 de atendimento a legislação. Infelizmente, temos encontrado com freqüência, lotes de radiografias de má qualidade, acompanhados de (supostos) laudos OIT elaborados sem qualquer critério. O método, como qualquer interpretação de imagem, envolve, inevitavelmente, subjetividade. Por isso falamos em boas práticas: a aplicação adequada da classificação visa diminuir ao máximo a subjetividade de interpretação inter e intra-leitor. Não se faz classificação radiológica pelos critérios da OIT sem o conhecimento do seu texto, treinamento específico, nem sem a coleção de radiografias-padrão, pois a análise das alterações observadas e sua classificação, notadamente a profusão e o tipo das pequenas opacidades são feitas de forma comparativa. Destacamos três pontos de interesse: Radiografias de tórax de qualidade adequada para Leitura Radiológica são também as mais indicadas para a avaliação de outras doenças do parênquima pulmonar. Desfazendo mitos, a chamada “Radiografia OIT” nada mais é do que uma radiografia de tórax de boa qualidade; Em breve, a OIT estará publicando instruções referentes à utilização de radiografias digitais em Leitura Radiológica, que serão repassadas ao conhecimento público; Para efeitos práticos denominamos de “Qualificado” ou “Capacitado” um médico que realizou o treinamento em Leitura Radiológica e, “Certificado” um médico treinado e aprovado em exame de proficiência em Leitura Radiológica. Caso a certificação seja concedida pelo exame do NIOSH, também poderá ser denominado de “Leitor B”. No contexto de avaliações periódicas determinadas pela legislação, a leitura radiológica envolve questões sociais, econômicas e legais que podem afetar o trabalho e a vida de indivíduos. Já estão surgindo nos Conselhos Regionais de
  • 6. 6 Medicina e na justiça civil, processos envolvendo denúncias de má prática em leitura radiológica, seja por denúncias de trabalhadores inconformados com laudos, ou mesmo médicos denunciando má prática de leitura radiológica. Por estes motivos, iniciamos um Grupo de Trabalho, composto por um representante do Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério da Saúde, Colégio Brasileiro de Radiologia, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Associação Nacional de Medicina do Trabalho, assim como dois especialistas nacionais convidados (Leitores B). O GT é coordenado pela FUNDACENTRO e tem os seguintes objetivos: Editar nota sobre equipamentos e técnicas de radiologia adequados; Discutir conteúdos e cronograma conjunto de treinamentos em leitura radiológica; Definir a implantação de exame de certificação de leitores no país, assim como normas de certificação e recertificação periódicas; Estabelecer uma infra-estrutura comum para os procedimentos de certificação. Anexamos a este texto a nota técnica Condições Mínimas de Funcionamento de Serviço de Radiologia para Realização de Radiografias de Tórax, visando o uso da Classificação Internacional de Radiografias de Pneumoconioses da OIT, sobre equipamentos e técnicas de radiologia convencional necessários para a obtenção de radiografias de tórax de boa qualidade. Referências Bibliográficas:
  • 7. 7 1. International Labour Office. Guidelines for the use of the ILO International Classification of Radiographs of pneumoconiosis. Revised edition 2000. Geneva, International Labour Office, 2002 2. NR 7, Norma Regulamentadora-7 (1994) Programa de contole médico de saúde ocupacional. Portaria 24, Diário Oficial da União de 30/12/94 3. Algranti E, De Capitani EM, Carneiro APS, Saldiva PHN. Patologia respiratória relacionada com o trabalho. In Mendes R, Patologia do Trabalho, 2a ed. São Paulo, Atheneu, 2003. p 1329-1397 4. Wagner GR, Attfield MD, Kennedy RD, Parker JE. The NIOSH B Reader certification program. JOM 1992;34:879-884
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