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DengueAspectos
Epidemiológicos,
Ministério da Saúde
Diagnóstico
e Tratamento
Disque Saúde: 0800 61 1997
w w w . s a u d e . g o v . b r
DengueAspectos
Epidemiológicos,
Ministério da Saúde
Diagnóstico
e Tratamento
O Ministério da Saúde, atento ao avanço da dengue, vem
convocando as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde
para participar do esforço nacional contra a doença em nosso
país e, ao mesmo tempo, garantir uma boa assistência aos
pacientes na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
A adesão das secretarias estaduais e municipais vai refletir
diretamente na atuação dos profissionais de saúde,
particularmente os médicos, cuja função é orientar as
pessoas quanto ao controle do vetor e prestar o devido
atendimento. O vínculo com a população é fundamental para
a redução dos criadouros do Aedes aegypti, como pneus
abandonados e outros recipientes que possam acumular
água. A informação é a nossa arma mais poderosa.
Com esse objetivo, o Ministério da Saúde produziu esse
manual de orientação técnica sobre a dengue, abrangendo
aspectos epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos. Será
lançado também o Protocolo de Condutas para Diagnóstico e
Tratamento, que contou com a participação e o apoio do
Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica
Brasileira. O Protocolo busca unificar as condutas médicas e
as informações sobre suspeitas e confirmações de casos de
dengue.
Essa luta é de todos nós.
Barjas Negri
Ministro da Saúde
© 2002. Ministério da Saúde.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
Série A. Normas e Manuais Técnicos, nº 176
Tiragem: 290 mil exemplares
Elaboração e distribuição:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Fundação Nacional de Saúde – FUNASA
Secretaria de Políticas de Saúde – SPS
Secretaria de Assistência à Saúde – SAS
Maiores informações:
Fundação Nacional de Saúde – FUNASA
SAS Quadra 4, bloco N
CEP: 70058-902, Brasília - DF
Tel.: (61) 314 6440
Fax: (61) 225 9428
E-mail: funasa@funasa.gov.br
Home page: www.funasa.gov.br
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Fundacão Nacional de Saúde.
Dengue: aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento / Ministério da Saúde,
Fundação Nacional de Saúde. – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002.
20p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos, nº 176)
1. Dengue. I. Brasil. Ministério da Saúde. II. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. III. Título.
IV. Série.
NLM WC 528
Catalogação e expedição:
EDITORA MS
Documentação e informação:
SIA Trecho 4, Lotes 540/610
71200-040, Brasília - DF
Fones: (61) 233 1774 / 2020; Fax: (61) 233 9558
E-mail: editora.ms@saude.gov.br
A dengue é uma
doença febril aguda, de etiologia
viral e de evolução benigna na
forma clássica, e grave quando se
apresenta na forma hemorrágica.
A dengue é, hoje, a mais importante
arbovirose (doença transmitida
por artrópodes) que afeta o homem
e constitui-se em sério problema
de saúde pública no mundo,
especialmente nos países tropicais,
onde as condições do meio ambiente
favorecem o desenvolvimento
e a proliferação do Aedes aegypti,
principal mosquito vetor.
Agente Etiológico
O vírus da dengue é um arbovírus do gênero Flavivírus,
pertencente à família Flaviviridae.
São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4.
Vetores Hospedeiros
Os vetores são mosquitos do gênero Aedes. Nas Américas,
a espécie Aedes aegypti é a responsável pela transmissão
da dengue. Outra espécie, Aedes albopictus, embora presente
no Brasil, ainda não tem comprovada sua participação
na transmissão, embora na Ásia seja um importante vetor.
Modo de Transmissão
A transmissão se faz pela picada do Aedes aegypti,
no ciclo homem - Aedes aegypti - homem. Após um repasto
de sangue infectado, o mosquito fica apto a transmitir
o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação.
A transmissão mecânica também é possível, quando o
repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta
num hospedeiro suscetível próximo. Não há transmissão por
contato direto de um doente ou de suas secreções com uma
pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento.
Período de Incubação
Varia de 3 a 15 dias, sendo, em média, de 5 a 6 dias.
Período de Transmissibilidade
A transmissão ocorre enquanto houver presença de vírus no
sangue do homem (período de viremia). Este período começa um
dia antes do aparecimento da febre e vai até o 6º dia da doença.
Aspectos Epidemiológicos
6 7
Suscetibilidade e Imunidade
A suscetibilidade ao vírus da dengue é universal.
A imunidade é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga).
Entretanto, a imunidade cruzada (heteróloga) existe
temporariamente.
A fisiopatogenia da resposta imunológica à infecção aguda por
dengue pode ser primária e secundária. A resposta primária se
dá em pessoas não expostas anteriormente ao flavivírus e o título
de anticorpos se eleva lentamente. A resposta secundária se dá
em pessoas com infecção aguda por dengue, mas que tiverem
infecção prévia por flavivírus e o título de anticorpos se eleva
rapidamente em níveis bastante altos. A suscetibilidade em relação
à Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) não está totalmente
esclarecida.
Três teorias mais conhecidas
tentam explicar sua ocorrência
1. Relaciona o aparecimento de FHD à virulência da cepa
infectante, de modo que as formas mais graves sejam
resultantes de cepas extremamente virulentas.
2. Na Teoria de Halstead, a FHD se relaciona com infecções
seqüenciais por diferentes sorotipos do vírus da dengue,
num período de 3 meses a 5 anos. Nessa teoria, a resposta
imunológica na segunda infecção é exacerbada, o que resulta
numa forma mais grave da doença.
3. Uma hipótese integral de multicausalidade tem sido proposta por
autores cubanos, segundo a qual se aliam vários fatores de
risco às teorias de Halstead e da virulência da cepa. A interação
desses fatores de risco promoveria condições para a ocorrência
da FHD.
Aspectos Clínicos
Descrição: a infecção por dengue causa uma doença cujo
espectro inclui desde infecções inaparentes até quadros
de hemorragia e choque, podendo evoluir para o êxito letal.
Dengue clássica:
o quadro clínico é muito variável. A primeira manifestação é a
febre alta (39° a 40°), de início abrupto, seguida de cefaléia,
mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbital,
náuseas, vômitos, exantema e prurido cutâneo. Hepatomegalia
dolorosa pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento
da febre. Alguns aspectos clínicos dependem, com freqüência,
da idade do paciente.
A dor abdominal generalizada pode ocorrer, principalmente
nas crianças. Os adultos podem apresentar pequenas
manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe,
gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e
metrorragia. A doença tem uma duração de 5 a 7 dias. Com o
desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas,
podendo ainda persistir a fadiga.
Febre Hemorrágica da Dengue (FHD):
os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue clássica,
porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas
e/ou derrames cavitários e/ou instabilidade hemodinâmica e/ou
choque. Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta,
fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência
circulatória. Um achado laboratorial importante é a trombocitopenia
com hemoconcentração concomitante. A principal característica
fisiopatológica associada ao grau de severidade da FHD é a efusão
do plasma, que se manifesta através de valores crescentes
do hematócrito e da hemoconcentração.
8 9
Diagnóstico Laboratorial
Exames Específicos
A comprovação laboratorial das infecções pelo vírus da
dengue faz-se pelo isolamento do agente ou pelo emprego
de métodos sorológicos - demonstração da presença
de anticorpos da classe IgM em única amostra de soro
ou aumento do título de anticorpos IgG em amostras
pareadas (conversão sorológica).
Isolamento: é o método mais específico para determinação do
sorotipo responsável pela infecção. A coleta de sangue
deverá ser feita em condições de assepsia, de preferência
no terceiro ou quarto dia do ínicio dos sintomas. Após o
término dos sintomas não se deve coletar sangue para
isolamento viral.
Sorologia: os testes sorológicos complementam o isolamento do
vírus e a coleta de amostra de sangue deverá ser feita após
o sexto dia do início da doença.
Obs.: não congelar o sangue total, nem encostar o frasco
diretamente no gelo para evitar hemólise. Os tubos ou
frascos encaminhados ao laboratório deverão ter rótulo com
nome completo do paciente e data da coleta da amostra,
preenchido a lápis para evitar que se torne ilegível ao
contato com a água.
Entre as manifestações hemorrágicas, a mais comumente
encontrada é a prova do laço positiva. A prova do laço consiste em
se obter, através do esfignomanômetro, o ponto médio entre a
pressão arterial máxima e mínima do paciente, mantendo-se esta
pressão por 5 minutos; quando positiva aparecem petéquias sob o
aparelho ou abaixo do mesmo. Se o número de petéquias for de
20 ou mais em um quadrado desenhado na pele com 2,3 cm de
lado, essa prova é considerada fortemente positiva.
Nos casos graves de FHD, o choque geralmente ocorre
entre o 3º e 7º dia de doença, precedido por um ou mais
sinais de alerta. O choque é decorrente do aumento da
permeabilidade vascular seguido de hemoconcentração
e falência circulatória. É de curta duração e pode levar
ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida
após terapia anti-choque apropriada.
Diagnóstico Diferencial
Dengue clássica:
considerando que a dengue tem um amplo espectro clínico,
as principais doenças a serem consideradas no diagnóstico
diferencial são: gripe, rubéola, sarampo e outras infecções virais,
bacterianas e exantemáticas.
Febre Hemorrágica da Dengue - FHD:
no início da fase febril, o diagnóstico diferencial deve ser feito
com outras infecções virais e bacterianas e, a partir do 3º
ou 4º dia, com choque endotóxico decorrente de infecção
bacteriana ou meningococcemia.
As doenças a serem consideradas são: leptospirose, febre
amarela, malária, hepatite infecciosa, influenza, bem como outras
febres hemorrágicas transmitidas por mosquitos ou carrapatos.
10 11
Tratamento
Dengue clássica:
não há tratamento específico. A medicação é apenas sintomática,
com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem
ser evitados os salicilatos e os antiinflamatórios não hormonais,
já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações
hemorrágicas e acidose. O paciente deve ser orientado
a permanecer em repouso e iniciar hidratação oral.
Febre Hemorrágica da Dengue - FHD:
os pacientes devem ser observados cuidadosamente para
identificação dos primeiros sinais de choque. O período crítico
será durante a transição da fase febril para a afebril, que geralmente
ocorre após o terceiro dia da doença. Em casos menos graves,
quando os vômitos ameaçarem causar desidratação ou acidose,
ou houver sinais de hemoconcentração, a reidratação pode ser
feita em nível ambulatorial.
Sinais de alerta:
Aos primeiros sinais de choque, o paciente deve ser internado
imediatamente para correção rápida de volume de líquidos perdidos e da
acidose. Durante uma administração rápida de fluidos é particularmente
importante estar atento a sinais de insuficiência cardíaca.
Exames Inespecíficos
Dengue clássica:
Hemograma: a leucopenia é achado usual, embora possa ocorrer
leucocitose. Pode estar presente linfocitose com atipia linfocitária.
A trombocitopenia é observada ocasionalmente.
Febre Hemorrágica da Dengue - FHD:
Hemograma: a contagem de leucócitos é variável, podendo
ocorrer desde leucopenia até leucocitose leve. A linfocitose
com atipia linfocitária é um achado comum. Destacam-se a
concentração de hematócrito e a trombocitopenia (contagem
de plaquetas abaixo de 100.000/mm3
).
Hemoconcentração: aumento de hematócrito em 20% do valor
basal (valor do hematócrito anterior à doença) ou valores
superiores a 38% em crianças, a 40% em mulheres e a 45%
em homens).
Trombocitopenia: contagem de plaquetas abaixo de 100.000/mm3
.
Coagulograma: aumento nos tempos de protrombina,
tromboplastina parcial e trombina. Diminuição de fibrinogênio,
protrombina, fator VIII, fator XII, antitrombina e α antiplasmina.
Bioquímica: diminuição da albumina no sangue, albuminúria
e discreto aumento dos testes de função hepática:
aminotransferase aspartato sérica (conhecida anteriormente
por transaminase glutâmico-oxalacética - TGO) e
aminotransferase alanina sérica (conhecida anteriormente
por transaminase glutâmico pirúvica - TGP).
dor abdominal intensa e contínua;
vômitos persistentes;
hepatomegalia dolorosa;
derrames cavitários;
sangramentos importantes;
hipotensão arterial (PA sistólica ≤ 80 mm Hg
em < 5 anos / PA sistólica ≤ 90 mm Hg
em > 5 anos);
diminuição da pressão diferencial (diferença
entre PA sistólica e PA diastólica ≤ 20 mm Hg);
hipotensão postural (diferença entre PA sistólica
sentado e PA sistólica em pé > 10 mm Hg);
diminuição da diurese;
agitação;
letargia;
pulso rápido e fraco;
extremidades frias;
cianose;
diminuição brusca da
temperatura corpórea associada
à sudorese profusa;
taquicardia;
lipotimia; e
aumento repentino do hematócrito.
12 13
S I N T O M A T O L O G I A
Febre (Temperatura axilar > 38º C) por até 7 dias.
Sintomas inespecíficos:
• cefaléia
• prostração
• dor retro-orbitária
• exantema
• mialgia
• artralgia
Paciente sem manifestações hemorrágicas.
Prova do Laço negativa.
Sem sinais de instabilidade hemodinâmica.
D I A G N Ó S T I C O D I F E R E N C I A L
Gripe, rubéola, sarampo, escarlatina e outras doenças virais e bacterianas.
E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S
Hematócrito /Contagem de plaquetas:
• indicado somente para pacientes com doença crônica prévia
• idosos (> 65 anos)
• crianças menores de um ano
Sorologia:
• indicado apenas para paciente gestante, a partir do 6º dia do início
dos sintomas (Diagnóstico diferencial com rubéola).
S I N T O M A T O L O G I A
Febre e sintomas inespecíficos.
Paciente com ou sem manifestações hemorrágicas espontâneas (epistaxe, gengivorragia,
metrorragias, hematêmese, melena etc.) e/ou
Prova do Laço positiva.
Sem sinais de instabilidade hemodinâmica.
D I A G N Ó S T I C O D I F E R E N C I A L
Choque endotóxico decorrente de infecção bacteriana, meningococcemia, febre amarela, leptospirose, malária,
hepatite infecciosa, bem como outras febres hemorrágicas transmitidas por mosquitos ou carrapatos.
E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S
Solicitar hematócrito e contagem de plaquetas.
Solicitar sorologia: agendar para o 6º dia a partir do início dos sintomas.
P A R Â M E T R O S L A B O R A T O R I A I S
Plaquetopenia: plaquetas ≤ 100.000 mm3
Hematócrito: parâmetros de hemoconcentração
Ht > 20% do valor basal ou Crianças Ht > 38%
Mulheres Ht > 40%
Homens Ht > 45%
S I N T O M A T O L O G I A
Febre e sintomas inespecíficos.
Paciente COM ou SEM manifestações hemorrágicas.
Prova do Laço positiva.
Presença de um ou mais sinais de ALERTA.
S E M C H O Q U E
Hidratação ENDOVENOSA imediata
•A reposição e manutenção do volume perdido é a medida mais importante
•Iniciar imediatamente hidratação endovenosa enquanto aguarda internação em leito hospitalar
C O N D U T A
I N T E R N A Ç Ã O H O S P I T A L A R E M H O S P I T A L D E R E F E R Ê N C I A
RISCO POTENCIAL
60-80 ml/kg/dia sendo 1/3 com solução
salina isotônica (SF 0,9%) e/ou Ringer
Lactato durante 3 - 4 horas
HIPOTENSÃO POSTURAL
10-20 ml/kg/hora de solução
salina isotônica (SF 0,9%)
e/ou Ringer Lactato
A T E N D I M E N T O H O S P I T A L A R
E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S
Solicitar: hemograma completo; hematócrito (6/6 horas); contagem de plaquetas
(1x/dia); sorologia; tipagem sangüínea; RX tórax e/ou abdômem ou qualquer
outro exame que permita diagnóstico de derrame cavitário
EVOLUÇÃO
S A T I S F A T Ó R I A
Manter hospitalizado
C H O Q U E
Insuficiência cardiocirculatória
Internação em UTI
C O N D U T A
Rotinas de internação em terapia intensiva
C R I T É R I O S D E A L T A H O S P I T A L A R
Preenchimento de TODOS os critérios:
ausência de febre por 24 horas - sem uso de antitémicos; melhora visível do quadro clínico;
hematócrito normal e estável por 24 horas; plaquetas em elevação e acima de 50.000 mm3
; derrame
cavitário reabsorvido ou sem repercussão clínica; estabilização hemodinâmica durante 48 horas.
C R I T É R I O S D E A LTA D O A C O M P A N H A M E N T O A M B U L AT O R I A L
Período de 48 horas sem apresentar febre e outras queixas.
R E S U L T A D O L A B O R A T O R I A L
Exames
NORMAIS
Plaquetas:
50.000 - 100.000mm3 Hemoconcentração
Plaquetas
< 50.000mm3
Acompanhamento
AMBULATORIAL diário
AMBULATÓRIO
Leito de observação
Internação
hospitalar
C O N D U T A
• Hidratação parenteral (preferencial) e/ou oral:
60-80 ml/kg/dia sendo 1/3 com solução salina isotônica (SF 0,9%) durante 3-4 horas
• Tratamento sintomático (dipirona ou paracetamol)
• Evitar salicilatos e anti-inflamatórios não hormonais
N O T I F I C A R À V I G I L Â N C I A E P I D E M I O L Ó G I C A
REAVALIAÇÃO LABORATORIAL (APÓS HIDRATAÇÃO)
MELHORA RESPOSTA INADEQUADA OU PIORA
Acompanhamento
ambulatorial diário A unidade
tem condições de repetir
a conduta?
I N T E R N A Ç Ã O H O S P I TA L A R
Manter hidratação endovenosa até transferência para leito hospitalar
SIM
NÃO
Protocolo de Condutas para Diagnóstico e Tratamento
Em situação de EPIDEMIA, a conduta laboratorial nos casos de dengue em sua forma
LEVE deve priorizar os grupos de risco (doentes crônicos, idosos, crianças e gestantes).
Em situações não caracterizadas como de EPIDEMIA, deve ser solicitado a sorologia,
para rastreamento epidemiológico, assim como os exames laboratoriais necessários
para o estabelecimento do diagnóstico de dengue.
L E V E M O D E R A D A G R A V E
•Monitoramento hemodinâmico. Observar sinais de choque cardiovascular
•NÃO efetuar punção ou drenagem de derrames ou outros procedimentos invasivos
•NÃO transferir paciente antes de iniciar a hidratação
•Transferir o paciente obedecendo condições de segurança no transporte pré ou intra-hospitalar
N O T I F I C A R À V I G I L Â N C I A E P I D E M I O L Ó G I C A
C O N D U T A
• Orientar hidratação oral 60-80 ml/kg/dia sendo 1/3 com solução salina
• Tratamento sintomático (dipirona ou paracetamol)
• Liberar o paciente para domicílio com ORIENTAÇÃO de retorno ao serviço após 72 horas
• Evitar salicilatos e anti-inflamatórios não hormonais
• O paciente deve retornar imediatamente ao identificar SINAIS DE ALERTA
N O T I F I C A R À V I G I L Â N C I A E P I D E M I O L Ó G I C A
A T E N D I M E N T O A M B U L A T O R I A L
14
Vigilância Epidemiológica
Notificação:
por ser uma doença de notificação compulsória, todo caso
suspeito deve ser comunicado, pela via mais rápida, ao Serviço
de Vigilância Epidemiológica mais próximo.
Medidas de Controle
A notificação dos casos suspeitos, a investigação do local
provável de infecção, bem como a busca ativa de casos são
medidas importantes. A única garantia para que não exista
a dengue é a ausência do vetor. A OMS preconiza que há maior
probabilidade de ser deflagrada uma epidemia quando os índices
de infestação predial (número de imóveis com focos positivos de
Aedes aegypti sobre o total de imóveis inspecionados vezes 100)
estão acima de 5%. No entanto, não existe nível "limite" abaixo do
qual se possa ter certeza de que não ocorrerão surtos de dengue.
Em áreas com Aedes, o monitoramento do vetor deve ser realizado
constantemente, para conhecer as áreas infestadas e desencadear
as medidas de combate. Entre as medidas de combate constam:
•manejo ambiental:
mudanças no meio ambiente que impeçam ou minimizem a
propagação do vetor, evitando ou destruindo os criadouros
potenciais do Aedes;
•controle químico:
consiste em tratamento focal (elimina larvas), peri-focal
(em pontos estratégicos de difícil acesso) e por ultra baixo
volume - “fumacê” (elimina alados).
Este último deve ter uso restrito em epidemias, como forma
complementar de interromper a transmissão de dengue, ou quando
houver infestação predial acima de 5% em áreas com circulação
comprovada de vírus.
•melhoria de saneamento básico;
•participação comunitária no sentido de evitar a infestação
domiciliar do Aedes, por meio da redução de criadouros
potenciais do vetor (saneamento domiciliar).
Educação em Saúde e Participação Comunitária
É necessário promover, exaustivamente, a Educação em Saúde
até que a comunidade adquira conhecimentos e consciência do
problema para que possa participar efetivamente. A população
deve ser informada sobre a doença (modo de transmissão, quadro
clínico, tratamento etc.), sobre o vetor (seus hábitos, criadouros
domiciliares e naturais) e sobre as medidas de prevenção
e controle.
Devem ser utilizados os meios de comunicação de massa pelo seu
grande alcance e penetração social. Para fortalecer a consciência
individual e coletiva, deverão ser desenvolvidas estratégias de
alcance local para sensibilizar os formadores de opinião para
a importância da comunicação/educação no combate à dengue;
sensibilizar o público em geral sobre a necessidade de uma
parceria governo/sociedade com vistas ao controle da dengue em
todo o país e enfatizar a responsabilidade social no resgate da
cidadania numa perspectiva de que cada cidadão é responsável
por si e pela sua comunidade.
DengueAcabe com esse perigo na sua cidade.
Dor abdominal intensa e contínua (não cede com medicação usual)
Agitação ou letargia
Vômitos persistentes
Pulso rápido e fraco
Hepatomegalia dolorosa
Extremidades frias
Derrames cavitários
Cianose
Sangramentos expontâneos e/ou Prova do Laço positiva
Lipotimia
Hipotensão arterial
Sudorese profusa
Hipotensão postural
Aumento repentino do hematócrito
Diminuição da diurese
Melhora súbita do quadro febril até o 5º dia
Taquicardia
Peso na admissão (kg)
T A B E L A D E H I D R A T A Ç Ã O P A R E N T E R A L
Volume líquido ml/kg/dia
1º dia 2º dia 3º dia
220 165 132< 7
165 132 887 a 11
132 88 8812 a 18
88 88 88> 18
DENGUE HEMORRÁGICA
S I N A I S D E A L E R T A
1918
Coleta, rotulagem, conservação e transporte das amostras
para o diagnóstico laboratorial de dengue
Tipos de Amostras
A confiabilidade
dos resultados
dos testes
laboratoriais
depende do
cuidado durante a
coleta, manuseio,
acondicionamento
e envio das
amostras.
SANGUE
Fase Aguda
Exames
Isolamento viral
Volume da Amostra
Adulto - 10ml
Crianças - 2 a 5ml
Momento da coleta
1° ao 5° dias
Retração do Coágulo
2 a 6 horas
4°C
Armazenamento
Soro a -70°C
Transporte
Nitrogênio líquido
ou Gelo seco
SANGUE
Fase Convalescente
TECIDOS
Óbitos
Diagnóstico sorológico ≥ 5 dias
2 a 24 horas
Temperatura ambiente
Soro a -20°C Gelo seco ou comum
Diagnóstico sorológico
Adulto - 10ml
Crianças - 2 a 5ml
14° ao 30° dias (14 a
21 dias após 1ª coleta)
2 a 24 horas
Temperatura ambiente
Soro a -20°C Gelo seco ou comum
Isolamento viral Ideal: <8h pós-óbito
Máximo: 24h pós-óbito
Colher amostra o mais
cedo possível
A -70°C
Nitrogênio líquido
ou Gelo seco
Histopatologia /
Detecção de antígenos
Em formalina
tamponada
Temperatura ambiente
Em caso
de óbito:
SANGUE: coleta
de 10 ml de sangue
Punção cardíaca
ou outra via
Colocar na geladeira por, no máximo, 24 horas após separar o soro
TECIDOS
Sempre que possível realizar necrópsia
Quando não for possível: colher material por viscerótomo ou punção aspirativa (visando obter maior
quantidade possível de tecidos - preferencialmente fígado e baço).
Isolamento viral: colocar cada amostra em frascos estéreis separados e levar ao freezer imediatamente.
Histopatologia: colocar separadamente cada amostra em frasco com formalina tamponada,
mantendo à temperatura ambiente.
O rótulo das amostras devem conter, obrigatoriamente: Nome completo do paciente
Data da coleta
Natureza da amostra
20 21

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Dengue diagnóstico e tratamento

  • 1. DengueAspectos Epidemiológicos, Ministério da Saúde Diagnóstico e Tratamento Disque Saúde: 0800 61 1997 w w w . s a u d e . g o v . b r
  • 3. O Ministério da Saúde, atento ao avanço da dengue, vem convocando as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde para participar do esforço nacional contra a doença em nosso país e, ao mesmo tempo, garantir uma boa assistência aos pacientes na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). A adesão das secretarias estaduais e municipais vai refletir diretamente na atuação dos profissionais de saúde, particularmente os médicos, cuja função é orientar as pessoas quanto ao controle do vetor e prestar o devido atendimento. O vínculo com a população é fundamental para a redução dos criadouros do Aedes aegypti, como pneus abandonados e outros recipientes que possam acumular água. A informação é a nossa arma mais poderosa. Com esse objetivo, o Ministério da Saúde produziu esse manual de orientação técnica sobre a dengue, abrangendo aspectos epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos. Será lançado também o Protocolo de Condutas para Diagnóstico e Tratamento, que contou com a participação e o apoio do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira. O Protocolo busca unificar as condutas médicas e as informações sobre suspeitas e confirmações de casos de dengue. Essa luta é de todos nós. Barjas Negri Ministro da Saúde © 2002. Ministério da Saúde. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Série A. Normas e Manuais Técnicos, nº 176 Tiragem: 290 mil exemplares Elaboração e distribuição: MINISTÉRIO DA SAÚDE Fundação Nacional de Saúde – FUNASA Secretaria de Políticas de Saúde – SPS Secretaria de Assistência à Saúde – SAS Maiores informações: Fundação Nacional de Saúde – FUNASA SAS Quadra 4, bloco N CEP: 70058-902, Brasília - DF Tel.: (61) 314 6440 Fax: (61) 225 9428 E-mail: funasa@funasa.gov.br Home page: www.funasa.gov.br Impresso no Brasil / Printed in Brazil Ficha Catalográfica Brasil. Ministério da Saúde. Fundacão Nacional de Saúde. Dengue: aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento / Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde. – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002. 20p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos, nº 176) 1. Dengue. I. Brasil. Ministério da Saúde. II. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. III. Título. IV. Série. NLM WC 528 Catalogação e expedição: EDITORA MS Documentação e informação: SIA Trecho 4, Lotes 540/610 71200-040, Brasília - DF Fones: (61) 233 1774 / 2020; Fax: (61) 233 9558 E-mail: editora.ms@saude.gov.br
  • 4. A dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna na forma clássica, e grave quando se apresenta na forma hemorrágica. A dengue é, hoje, a mais importante arbovirose (doença transmitida por artrópodes) que afeta o homem e constitui-se em sério problema de saúde pública no mundo, especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor. Agente Etiológico O vírus da dengue é um arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae. São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. Vetores Hospedeiros Os vetores são mosquitos do gênero Aedes. Nas Américas, a espécie Aedes aegypti é a responsável pela transmissão da dengue. Outra espécie, Aedes albopictus, embora presente no Brasil, ainda não tem comprovada sua participação na transmissão, embora na Ásia seja um importante vetor. Modo de Transmissão A transmissão se faz pela picada do Aedes aegypti, no ciclo homem - Aedes aegypti - homem. Após um repasto de sangue infectado, o mosquito fica apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação. A transmissão mecânica também é possível, quando o repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta num hospedeiro suscetível próximo. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento. Período de Incubação Varia de 3 a 15 dias, sendo, em média, de 5 a 6 dias. Período de Transmissibilidade A transmissão ocorre enquanto houver presença de vírus no sangue do homem (período de viremia). Este período começa um dia antes do aparecimento da febre e vai até o 6º dia da doença. Aspectos Epidemiológicos 6 7
  • 5. Suscetibilidade e Imunidade A suscetibilidade ao vírus da dengue é universal. A imunidade é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga). Entretanto, a imunidade cruzada (heteróloga) existe temporariamente. A fisiopatogenia da resposta imunológica à infecção aguda por dengue pode ser primária e secundária. A resposta primária se dá em pessoas não expostas anteriormente ao flavivírus e o título de anticorpos se eleva lentamente. A resposta secundária se dá em pessoas com infecção aguda por dengue, mas que tiverem infecção prévia por flavivírus e o título de anticorpos se eleva rapidamente em níveis bastante altos. A suscetibilidade em relação à Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) não está totalmente esclarecida. Três teorias mais conhecidas tentam explicar sua ocorrência 1. Relaciona o aparecimento de FHD à virulência da cepa infectante, de modo que as formas mais graves sejam resultantes de cepas extremamente virulentas. 2. Na Teoria de Halstead, a FHD se relaciona com infecções seqüenciais por diferentes sorotipos do vírus da dengue, num período de 3 meses a 5 anos. Nessa teoria, a resposta imunológica na segunda infecção é exacerbada, o que resulta numa forma mais grave da doença. 3. Uma hipótese integral de multicausalidade tem sido proposta por autores cubanos, segundo a qual se aliam vários fatores de risco às teorias de Halstead e da virulência da cepa. A interação desses fatores de risco promoveria condições para a ocorrência da FHD. Aspectos Clínicos Descrição: a infecção por dengue causa uma doença cujo espectro inclui desde infecções inaparentes até quadros de hemorragia e choque, podendo evoluir para o êxito letal. Dengue clássica: o quadro clínico é muito variável. A primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°), de início abrupto, seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbital, náuseas, vômitos, exantema e prurido cutâneo. Hepatomegalia dolorosa pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. Alguns aspectos clínicos dependem, com freqüência, da idade do paciente. A dor abdominal generalizada pode ocorrer, principalmente nas crianças. Os adultos podem apresentar pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia. A doença tem uma duração de 5 a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga. Febre Hemorrágica da Dengue (FHD): os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas e/ou derrames cavitários e/ou instabilidade hemodinâmica e/ou choque. Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência circulatória. Um achado laboratorial importante é a trombocitopenia com hemoconcentração concomitante. A principal característica fisiopatológica associada ao grau de severidade da FHD é a efusão do plasma, que se manifesta através de valores crescentes do hematócrito e da hemoconcentração. 8 9
  • 6. Diagnóstico Laboratorial Exames Específicos A comprovação laboratorial das infecções pelo vírus da dengue faz-se pelo isolamento do agente ou pelo emprego de métodos sorológicos - demonstração da presença de anticorpos da classe IgM em única amostra de soro ou aumento do título de anticorpos IgG em amostras pareadas (conversão sorológica). Isolamento: é o método mais específico para determinação do sorotipo responsável pela infecção. A coleta de sangue deverá ser feita em condições de assepsia, de preferência no terceiro ou quarto dia do ínicio dos sintomas. Após o término dos sintomas não se deve coletar sangue para isolamento viral. Sorologia: os testes sorológicos complementam o isolamento do vírus e a coleta de amostra de sangue deverá ser feita após o sexto dia do início da doença. Obs.: não congelar o sangue total, nem encostar o frasco diretamente no gelo para evitar hemólise. Os tubos ou frascos encaminhados ao laboratório deverão ter rótulo com nome completo do paciente e data da coleta da amostra, preenchido a lápis para evitar que se torne ilegível ao contato com a água. Entre as manifestações hemorrágicas, a mais comumente encontrada é a prova do laço positiva. A prova do laço consiste em se obter, através do esfignomanômetro, o ponto médio entre a pressão arterial máxima e mínima do paciente, mantendo-se esta pressão por 5 minutos; quando positiva aparecem petéquias sob o aparelho ou abaixo do mesmo. Se o número de petéquias for de 20 ou mais em um quadrado desenhado na pele com 2,3 cm de lado, essa prova é considerada fortemente positiva. Nos casos graves de FHD, o choque geralmente ocorre entre o 3º e 7º dia de doença, precedido por um ou mais sinais de alerta. O choque é decorrente do aumento da permeabilidade vascular seguido de hemoconcentração e falência circulatória. É de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida após terapia anti-choque apropriada. Diagnóstico Diferencial Dengue clássica: considerando que a dengue tem um amplo espectro clínico, as principais doenças a serem consideradas no diagnóstico diferencial são: gripe, rubéola, sarampo e outras infecções virais, bacterianas e exantemáticas. Febre Hemorrágica da Dengue - FHD: no início da fase febril, o diagnóstico diferencial deve ser feito com outras infecções virais e bacterianas e, a partir do 3º ou 4º dia, com choque endotóxico decorrente de infecção bacteriana ou meningococcemia. As doenças a serem consideradas são: leptospirose, febre amarela, malária, hepatite infecciosa, influenza, bem como outras febres hemorrágicas transmitidas por mosquitos ou carrapatos. 10 11
  • 7. Tratamento Dengue clássica: não há tratamento específico. A medicação é apenas sintomática, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem ser evitados os salicilatos e os antiinflamatórios não hormonais, já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas e acidose. O paciente deve ser orientado a permanecer em repouso e iniciar hidratação oral. Febre Hemorrágica da Dengue - FHD: os pacientes devem ser observados cuidadosamente para identificação dos primeiros sinais de choque. O período crítico será durante a transição da fase febril para a afebril, que geralmente ocorre após o terceiro dia da doença. Em casos menos graves, quando os vômitos ameaçarem causar desidratação ou acidose, ou houver sinais de hemoconcentração, a reidratação pode ser feita em nível ambulatorial. Sinais de alerta: Aos primeiros sinais de choque, o paciente deve ser internado imediatamente para correção rápida de volume de líquidos perdidos e da acidose. Durante uma administração rápida de fluidos é particularmente importante estar atento a sinais de insuficiência cardíaca. Exames Inespecíficos Dengue clássica: Hemograma: a leucopenia é achado usual, embora possa ocorrer leucocitose. Pode estar presente linfocitose com atipia linfocitária. A trombocitopenia é observada ocasionalmente. Febre Hemorrágica da Dengue - FHD: Hemograma: a contagem de leucócitos é variável, podendo ocorrer desde leucopenia até leucocitose leve. A linfocitose com atipia linfocitária é um achado comum. Destacam-se a concentração de hematócrito e a trombocitopenia (contagem de plaquetas abaixo de 100.000/mm3 ). Hemoconcentração: aumento de hematócrito em 20% do valor basal (valor do hematócrito anterior à doença) ou valores superiores a 38% em crianças, a 40% em mulheres e a 45% em homens). Trombocitopenia: contagem de plaquetas abaixo de 100.000/mm3 . Coagulograma: aumento nos tempos de protrombina, tromboplastina parcial e trombina. Diminuição de fibrinogênio, protrombina, fator VIII, fator XII, antitrombina e α antiplasmina. Bioquímica: diminuição da albumina no sangue, albuminúria e discreto aumento dos testes de função hepática: aminotransferase aspartato sérica (conhecida anteriormente por transaminase glutâmico-oxalacética - TGO) e aminotransferase alanina sérica (conhecida anteriormente por transaminase glutâmico pirúvica - TGP). dor abdominal intensa e contínua; vômitos persistentes; hepatomegalia dolorosa; derrames cavitários; sangramentos importantes; hipotensão arterial (PA sistólica ≤ 80 mm Hg em < 5 anos / PA sistólica ≤ 90 mm Hg em > 5 anos); diminuição da pressão diferencial (diferença entre PA sistólica e PA diastólica ≤ 20 mm Hg); hipotensão postural (diferença entre PA sistólica sentado e PA sistólica em pé > 10 mm Hg); diminuição da diurese; agitação; letargia; pulso rápido e fraco; extremidades frias; cianose; diminuição brusca da temperatura corpórea associada à sudorese profusa; taquicardia; lipotimia; e aumento repentino do hematócrito. 12 13
  • 8. S I N T O M A T O L O G I A Febre (Temperatura axilar > 38º C) por até 7 dias. Sintomas inespecíficos: • cefaléia • prostração • dor retro-orbitária • exantema • mialgia • artralgia Paciente sem manifestações hemorrágicas. Prova do Laço negativa. Sem sinais de instabilidade hemodinâmica. D I A G N Ó S T I C O D I F E R E N C I A L Gripe, rubéola, sarampo, escarlatina e outras doenças virais e bacterianas. E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S Hematócrito /Contagem de plaquetas: • indicado somente para pacientes com doença crônica prévia • idosos (> 65 anos) • crianças menores de um ano Sorologia: • indicado apenas para paciente gestante, a partir do 6º dia do início dos sintomas (Diagnóstico diferencial com rubéola). S I N T O M A T O L O G I A Febre e sintomas inespecíficos. Paciente com ou sem manifestações hemorrágicas espontâneas (epistaxe, gengivorragia, metrorragias, hematêmese, melena etc.) e/ou Prova do Laço positiva. Sem sinais de instabilidade hemodinâmica. D I A G N Ó S T I C O D I F E R E N C I A L Choque endotóxico decorrente de infecção bacteriana, meningococcemia, febre amarela, leptospirose, malária, hepatite infecciosa, bem como outras febres hemorrágicas transmitidas por mosquitos ou carrapatos. E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S Solicitar hematócrito e contagem de plaquetas. Solicitar sorologia: agendar para o 6º dia a partir do início dos sintomas. P A R Â M E T R O S L A B O R A T O R I A I S Plaquetopenia: plaquetas ≤ 100.000 mm3 Hematócrito: parâmetros de hemoconcentração Ht > 20% do valor basal ou Crianças Ht > 38% Mulheres Ht > 40% Homens Ht > 45% S I N T O M A T O L O G I A Febre e sintomas inespecíficos. Paciente COM ou SEM manifestações hemorrágicas. Prova do Laço positiva. Presença de um ou mais sinais de ALERTA. S E M C H O Q U E Hidratação ENDOVENOSA imediata •A reposição e manutenção do volume perdido é a medida mais importante •Iniciar imediatamente hidratação endovenosa enquanto aguarda internação em leito hospitalar C O N D U T A I N T E R N A Ç Ã O H O S P I T A L A R E M H O S P I T A L D E R E F E R Ê N C I A RISCO POTENCIAL 60-80 ml/kg/dia sendo 1/3 com solução salina isotônica (SF 0,9%) e/ou Ringer Lactato durante 3 - 4 horas HIPOTENSÃO POSTURAL 10-20 ml/kg/hora de solução salina isotônica (SF 0,9%) e/ou Ringer Lactato A T E N D I M E N T O H O S P I T A L A R E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S Solicitar: hemograma completo; hematócrito (6/6 horas); contagem de plaquetas (1x/dia); sorologia; tipagem sangüínea; RX tórax e/ou abdômem ou qualquer outro exame que permita diagnóstico de derrame cavitário EVOLUÇÃO S A T I S F A T Ó R I A Manter hospitalizado C H O Q U E Insuficiência cardiocirculatória Internação em UTI C O N D U T A Rotinas de internação em terapia intensiva C R I T É R I O S D E A L T A H O S P I T A L A R Preenchimento de TODOS os critérios: ausência de febre por 24 horas - sem uso de antitémicos; melhora visível do quadro clínico; hematócrito normal e estável por 24 horas; plaquetas em elevação e acima de 50.000 mm3 ; derrame cavitário reabsorvido ou sem repercussão clínica; estabilização hemodinâmica durante 48 horas. C R I T É R I O S D E A LTA D O A C O M P A N H A M E N T O A M B U L AT O R I A L Período de 48 horas sem apresentar febre e outras queixas. R E S U L T A D O L A B O R A T O R I A L Exames NORMAIS Plaquetas: 50.000 - 100.000mm3 Hemoconcentração Plaquetas < 50.000mm3 Acompanhamento AMBULATORIAL diário AMBULATÓRIO Leito de observação Internação hospitalar C O N D U T A • Hidratação parenteral (preferencial) e/ou oral: 60-80 ml/kg/dia sendo 1/3 com solução salina isotônica (SF 0,9%) durante 3-4 horas • Tratamento sintomático (dipirona ou paracetamol) • Evitar salicilatos e anti-inflamatórios não hormonais N O T I F I C A R À V I G I L Â N C I A E P I D E M I O L Ó G I C A REAVALIAÇÃO LABORATORIAL (APÓS HIDRATAÇÃO) MELHORA RESPOSTA INADEQUADA OU PIORA Acompanhamento ambulatorial diário A unidade tem condições de repetir a conduta? I N T E R N A Ç Ã O H O S P I TA L A R Manter hidratação endovenosa até transferência para leito hospitalar SIM NÃO Protocolo de Condutas para Diagnóstico e Tratamento Em situação de EPIDEMIA, a conduta laboratorial nos casos de dengue em sua forma LEVE deve priorizar os grupos de risco (doentes crônicos, idosos, crianças e gestantes). Em situações não caracterizadas como de EPIDEMIA, deve ser solicitado a sorologia, para rastreamento epidemiológico, assim como os exames laboratoriais necessários para o estabelecimento do diagnóstico de dengue. L E V E M O D E R A D A G R A V E •Monitoramento hemodinâmico. Observar sinais de choque cardiovascular •NÃO efetuar punção ou drenagem de derrames ou outros procedimentos invasivos •NÃO transferir paciente antes de iniciar a hidratação •Transferir o paciente obedecendo condições de segurança no transporte pré ou intra-hospitalar N O T I F I C A R À V I G I L Â N C I A E P I D E M I O L Ó G I C A C O N D U T A • Orientar hidratação oral 60-80 ml/kg/dia sendo 1/3 com solução salina • Tratamento sintomático (dipirona ou paracetamol) • Liberar o paciente para domicílio com ORIENTAÇÃO de retorno ao serviço após 72 horas • Evitar salicilatos e anti-inflamatórios não hormonais • O paciente deve retornar imediatamente ao identificar SINAIS DE ALERTA N O T I F I C A R À V I G I L Â N C I A E P I D E M I O L Ó G I C A A T E N D I M E N T O A M B U L A T O R I A L 14
  • 9. Vigilância Epidemiológica Notificação: por ser uma doença de notificação compulsória, todo caso suspeito deve ser comunicado, pela via mais rápida, ao Serviço de Vigilância Epidemiológica mais próximo. Medidas de Controle A notificação dos casos suspeitos, a investigação do local provável de infecção, bem como a busca ativa de casos são medidas importantes. A única garantia para que não exista a dengue é a ausência do vetor. A OMS preconiza que há maior probabilidade de ser deflagrada uma epidemia quando os índices de infestação predial (número de imóveis com focos positivos de Aedes aegypti sobre o total de imóveis inspecionados vezes 100) estão acima de 5%. No entanto, não existe nível "limite" abaixo do qual se possa ter certeza de que não ocorrerão surtos de dengue. Em áreas com Aedes, o monitoramento do vetor deve ser realizado constantemente, para conhecer as áreas infestadas e desencadear as medidas de combate. Entre as medidas de combate constam: •manejo ambiental: mudanças no meio ambiente que impeçam ou minimizem a propagação do vetor, evitando ou destruindo os criadouros potenciais do Aedes; •controle químico: consiste em tratamento focal (elimina larvas), peri-focal (em pontos estratégicos de difícil acesso) e por ultra baixo volume - “fumacê” (elimina alados). Este último deve ter uso restrito em epidemias, como forma complementar de interromper a transmissão de dengue, ou quando houver infestação predial acima de 5% em áreas com circulação comprovada de vírus. •melhoria de saneamento básico; •participação comunitária no sentido de evitar a infestação domiciliar do Aedes, por meio da redução de criadouros potenciais do vetor (saneamento domiciliar). Educação em Saúde e Participação Comunitária É necessário promover, exaustivamente, a Educação em Saúde até que a comunidade adquira conhecimentos e consciência do problema para que possa participar efetivamente. A população deve ser informada sobre a doença (modo de transmissão, quadro clínico, tratamento etc.), sobre o vetor (seus hábitos, criadouros domiciliares e naturais) e sobre as medidas de prevenção e controle. Devem ser utilizados os meios de comunicação de massa pelo seu grande alcance e penetração social. Para fortalecer a consciência individual e coletiva, deverão ser desenvolvidas estratégias de alcance local para sensibilizar os formadores de opinião para a importância da comunicação/educação no combate à dengue; sensibilizar o público em geral sobre a necessidade de uma parceria governo/sociedade com vistas ao controle da dengue em todo o país e enfatizar a responsabilidade social no resgate da cidadania numa perspectiva de que cada cidadão é responsável por si e pela sua comunidade. DengueAcabe com esse perigo na sua cidade. Dor abdominal intensa e contínua (não cede com medicação usual) Agitação ou letargia Vômitos persistentes Pulso rápido e fraco Hepatomegalia dolorosa Extremidades frias Derrames cavitários Cianose Sangramentos expontâneos e/ou Prova do Laço positiva Lipotimia Hipotensão arterial Sudorese profusa Hipotensão postural Aumento repentino do hematócrito Diminuição da diurese Melhora súbita do quadro febril até o 5º dia Taquicardia Peso na admissão (kg) T A B E L A D E H I D R A T A Ç Ã O P A R E N T E R A L Volume líquido ml/kg/dia 1º dia 2º dia 3º dia 220 165 132< 7 165 132 887 a 11 132 88 8812 a 18 88 88 88> 18 DENGUE HEMORRÁGICA S I N A I S D E A L E R T A 1918
  • 10. Coleta, rotulagem, conservação e transporte das amostras para o diagnóstico laboratorial de dengue Tipos de Amostras A confiabilidade dos resultados dos testes laboratoriais depende do cuidado durante a coleta, manuseio, acondicionamento e envio das amostras. SANGUE Fase Aguda Exames Isolamento viral Volume da Amostra Adulto - 10ml Crianças - 2 a 5ml Momento da coleta 1° ao 5° dias Retração do Coágulo 2 a 6 horas 4°C Armazenamento Soro a -70°C Transporte Nitrogênio líquido ou Gelo seco SANGUE Fase Convalescente TECIDOS Óbitos Diagnóstico sorológico ≥ 5 dias 2 a 24 horas Temperatura ambiente Soro a -20°C Gelo seco ou comum Diagnóstico sorológico Adulto - 10ml Crianças - 2 a 5ml 14° ao 30° dias (14 a 21 dias após 1ª coleta) 2 a 24 horas Temperatura ambiente Soro a -20°C Gelo seco ou comum Isolamento viral Ideal: <8h pós-óbito Máximo: 24h pós-óbito Colher amostra o mais cedo possível A -70°C Nitrogênio líquido ou Gelo seco Histopatologia / Detecção de antígenos Em formalina tamponada Temperatura ambiente Em caso de óbito: SANGUE: coleta de 10 ml de sangue Punção cardíaca ou outra via Colocar na geladeira por, no máximo, 24 horas após separar o soro TECIDOS Sempre que possível realizar necrópsia Quando não for possível: colher material por viscerótomo ou punção aspirativa (visando obter maior quantidade possível de tecidos - preferencialmente fígado e baço). Isolamento viral: colocar cada amostra em frascos estéreis separados e levar ao freezer imediatamente. Histopatologia: colocar separadamente cada amostra em frasco com formalina tamponada, mantendo à temperatura ambiente. O rótulo das amostras devem conter, obrigatoriamente: Nome completo do paciente Data da coleta Natureza da amostra 20 21