Artigo de Gestão Ambiental com Ênfase em Ecologia escrito para obtenção de nota parcial na disciplina, no ano de 2013.
Curitiba/ Paraná
Trata da importância ecológica dos liquens nos centros urbanos, como indicadores de qualidade do ar e enfatizando as consequências da poluição do ar.
Líquens como bioindicadores qualidade do ar em centros urbanos
1. LÍQUENS COMO BIOINDICADORES: QUALIDADE DO AR EM
CENTROS URBANOS
JOSÉ ALEXANDRE BELO*
* O autor é acadêmico do 2º ano noturno do Curso de Licenciatura Plena em Biologia – FIES/UNIBEM –
CURITIBA/PR. 2013.
Professor JORGE AUGUSTO CALLADO AFONSO - Disciplina de Gestão Ambiental
RESUMO: A poluição atmosférica
no ambiente urbano-industrial é um
problema existente nos últimos séculos
sendo ocasionado, principalmente, pela
queima de combustíveis fósseis e
descargas industriais.
Segundo Gonçalves e
colaboradores (2007) as concentrações
de contaminantes nos centros urbanos
são indesejáveis e se agravam com a
inversão térmica e a chuva ácida.
A poluição atmosférica é uma
grave preocupação mundial, não apenas
pelo seu papel ambiental, mas também
por ser um fator causador de várias
doenças respiratórias, alergias e até
mesmo câncer.
Os liquens são reconhecidos por
serem muito sensíveis à poluição
atmosférica, particularmente ao dióxido de
enxofre que destrói rapidamente o seu
pequeno suprimento de clorofila, sendo
assim sua utilização como indicadores
biológicos da qualidade ambiental, tem
sido um procedimento cada vez mais
amplo.
Identificadores: Ar, Bioindicadores,
Líquens, Poluição.
ABSTRACT: Air pollution in urban-industrial
environment is an existing
problem in recent centuries is caused
mainly by the burning of fossil fuels and
industrial discharges.
According to Gonçalves et al (2007)
the concentrations of contaminants in
urban centers are undesirable and are
aggravated by heat exchange and acid
rain.
Air pollution is a serious global concern,
not only for their environmental role, but
also be a causative factor in many
respiratory diseases, allergies and even
cancer.
Lichens are known to be very
sensitive to air pollution, especially sulfur
dioxide which quickly destroys their small
supply of chlorophyll, thus its use as a
biological indicator of environmental
quality has been an increasingly
widespread procedure.
Tags: Air, Bioindicators, Lichens,
Pollution.
Segundo Foratini (1992), os
centros urbanos oferecem condições
desfavoráveis para uma qualidade de vida
saudável, devido ao seu contexto
cotidiano.
A industrialização é o principal fator
responsável pela degradação ambiental
do planeta. O modelo econômico atual é
2. insustentável pelo grau de degradação
ambiental gerada. De acordo com Curry-
Lindahl (1972) os interesses econômicos
são conflitantes com as questões
ambientais.
A contaminação e a poluição ambiental
afetam os níveis locais, regionais e
globais.
As mudanças climáticas ocorridas
nas cidades são cada vez mais
constantes devido á poluição atmosférica.
A poluição do ar é produzida por muitas
fontes e, com exceção das erupções
vulcânicas, o homem é responsável por
todas elas.
As fontes emissoras de
contaminantes atmosféricos são
classificadas em estacionárias ou móveis.
As principais fontes estacionárias estão
ligadas a processos de combustão
decorrentes da produção industrial, de
usinas termoelétricas ou da queima de
resíduos sólidos, em serviços urbanos de
tratamento de resíduos. Quanto às fontes
móveis, são representadas,
principalmente, pelos veículos
automotores (CARNEIRO, 2004).
Classicamente, os poluentes
atmosféricos são divididos em duas
categorias: poluentes primários, quando
emitidos diretamente pelas fontes; e
poluentes secundários, formados por
reações químicas entre poluentes
primários e outros constituintes da
atmosfera (CÁRCERES, 1995).
Em cidades que possuem uma
grande frota automotiva, é comum a
ocorrência de uma espécie de névoa
marrom, decorrente de altas
concentrações de NOx e de MP10 na
atmosfera. Em circunstâncias de muita
névoa, a formação do ozônio como
contaminante secundário diminui, visto
que ocorre uma menor incidência de luz
solar (CHEN, 1995).
Nos períodos de inverno, quando
as inversões térmicas são favorecidas
pela chegada brusca de massas de ar
frias, estas névoas com temperaturas
mais elevadas ficam retidas nas altitudes
mais baixas da atmosfera, piorando
significativamente a qualidade do ar em
áreas urbanas adensadas (CARNEIRO,
2004).
Outro problema grave enfrentado
pelos países desenvolvidos, desde a
metade do século passado, e mais
recentemente nos países em
desenvolvimento, é a presença de ácidos
na composição da chuva, decorrentes de
atividades antrópicas. Os ácidos sulfúrico
(H2SO4), nítrico (HNO3) e clorídrico (HCl)
produzidos na queima de combustíveis
fósseis, bem como aqueles com origem
biogênica, formam aerossóis que atuam
como núcleos de condensação de
nuvens, o que interfere na composição da
água de chuva (CÁRCERES, 1996).
A poluição por hidrocarbonetos
ocorre quando combustíveis fósseis são
queimados parcialmente, sendo
eliminados pelo sistema de exaustão dos
veículos, ou quando evaporam
diretamente para a atmosfera, de
reservatórios onde são armazenados. No
grupo dos hidrocarbonetos encontram-se
muitos compostos tóxicos que podem
causar danos graves à saúde humana.
Podem apresentar-se na forma de gases
ou partículas em suspensão, emitidos por
uma grande variedade de processos
naturais e industriais e, principalmente,
por veículos motorizados como carros,
caminhões e ônibus (VIEIRA, 1995).
3. A presença de hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (PAHs) na baixa
atmosfera é um importante aspecto de
poluição ambiental, já que muitos de seus
componentes são mutagênicos e
cancerígenos. Uma das mais importantes
fontes deste poluente é o tráfego de
veículos, principalmente nas grandes
cidades (CHEN, 1995).
Os problemas decorrentes da
poluição atmosférica sobre a saúde
humana têm sido considerados em
estudos de saúde pública, de saúde
ambiental e de toxicologia, apontando
para efeitos que se manifestam
principalmente por doenças crônicas,
prejudicando a qualidade de vida das
populações afetadas ou causando
aumento de mortalidade, em situações
extremas (VIEIRA, 1995).
Muitas pesquisas analíticas têm
demonstrado que na composição
atmosférica de centros urbanos,
particularmente nas áreas de intenso
tráfego, estão presentes substâncias
mutagêgicas e carcinogênicas, incluindo
compostos orgânicos como o benzeno,
compostos inorgânicos contendo níquel e
cromo, e radionúcleos. O monitoramento
da atmosfera urbana para micropoluentes
genotóxidos, além dos poluentes
convencionais, tem recebido crescente
consideração, com o objetivo de avaliar
riscos potenciais à saúde humana
(LOSADA, 1995).
Organismos com íntimas relações
ecofisiológicas com atmosfera, ao invés
de com seu substrato, são,
particularmente, candidatos promissores
para a bioindicação e, consequentemente,
monitoramento da poluição do ar (MOTA-FILHO
e col. 2013).
Os líquens são uma associação
simbiótica entre fungos e algas ou
cianobactérias e dependem sobretudo da
atmosfera para a obtenção de nutrientes.
Os liquens são considerados
organismos acumuladores de elementos
químicos do ambiente por serem
sensíveis à poluição e pouco sensíveis
aos efeitos tóxicos dos elementos.
Valores elevados de concentração de
íons metálicos nos liquens têm sido
atribuídos à poluição do ar, no entanto,
solos contaminados e/ou a composição
mineral do solo pode influenciar (MOURA
e col., 2012).
A utilização de liquens como
bioindicadores, além de permitir uma
avaliação da qualidade do ambiente,
também permite o seu diagnóstico
precoce.
O monitoramento de liquens que foram
coletados de troncos de árvores são mais
adequado devido ao fato de que a cascas
das árvores praticamente não interferem
nos teores de elementos dos liquens uma
vez que este substrato apresenta
concentrações de elementos muito baixas
ou da mesma ordem de grandeza dos
liquens”(SILVA, 1999).
Segundo Seaward (1993) a
importância dos liquens como
bioindicadores se deve ao fato de que a
sua grande sensibilidade aos poluentes
pode ser mensurada através de seu
desempenho e com relação a análise do
talo liquênico que refletem precisamente a
carga de poluição a que estiveram
submetidos.
Dentre os efeitos que os poluentes
podem ocasionar na comunidade
liquênica estão à inibição do crescimento
e desenvolvimento do talo, alterações nos
4. processos metabólicos e mudanças
anatômicas e morfofisiológicas (Martins e
col. 2008).
O componente algáceo (fotobionte)
do líquen é o primeiro a ser afetado
ocorrendo o desenvolvimento das
anormalidades no talo, como o
branqueamento (FOTO 01) da clorofila e o
desenvolvimento de áreas pardas nos
cloroplastos. A clorofila se degrada em
feofitina pela ação de soluções de dióxido
de enxofre ainda que em baixas
concentrações. (Martins e col. 2008).
Líquen esbranquiçado devido á poluição.
Na avaliação da aparência externa
dos liquens ocorrentes nas áreas foram
detectadas manchas escuras no talo
(FOTO 02), especialmente nas espécies
foliosas e fruticosas.
Líquen apresentando manchas escuras.
Supostamente, estes danos seriam
conseqüências da acumulação de
poluentes nos tecidos dos liquens, o que
provoca a morte de células e ocasiona a
degradação da clorofila e a redução da
fotossíntese, surgindo manchas escuras a
marrons nos talos (Martins-Mazzitelli et al.
2006).
Alterações na estrutura da
comunidade liquênica como freqüência,
cobertura, diversidade e vitalidade das
espécies estão relacionadas com a
concentração de poluentes na atmosfera
(Martins e col. 2008).
CONCLUSÃO:
Dos diferentes métodos
empregados para monitorar a qualidade
do ar, o monitoramento passivo consiste
na análise das espécies vegetais
existentes no local onde se quer avaliar
as condições atmosféricas, no caso
específico o estudo fitossociológico da
micoflora liquenizada local. Para tanto se
faz necessário levantar dados quanto à
abundância, cobertura e freqüência de
cada espécie liquênica (Martins e col.
2008).
Os líquens, por expressam
sintomas particulares ou respostas que
indiquem mudanças em alguma influência
ambiental, geralmente de forma
qualitativa, são considerados excelentes
bioindicadores. Representam também
uma alternativa econômica acessível por
se tratarem de organismos com íntimas
relações ecofisiológicas com atmosfera,
dispensando assim, a utilização de
aparelhos para medições.
A diferença entre bioindicadores e
biomonitores se dá unicamente pelo tipo
de respostas que eles podem fornecer.
Enquanto os bioindicadores, provêm
informações sobre a qualidade do
ambiente ou de suas modificações, as
"respostas" dos biomonitores possibilitam
quantificar tais modificações (Wolterbeek
et. al., 1995).
5. Porém, a possibilidade de medir
elementos sejam eles metais pesados, ou
outro tipo de poluente, usando
organismos vivos deve ser empregados
com cautela, verificando sua capacidade
de resposta às condições e variações
ambientais e técnicas de amostragem
corretas.
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