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Cristianismo: uma utopia no sertão
LUITGARDE OLIVEIRA CAVALCANTEI BARROS
A utopia cristã de um mundo de justiça, paz e simplicidade foi semeada nos sertões
nordestinos do Brasil como ânimo em meio ao sofrimento imposto às populações por
tantos anos. Experiências comunitárias como a de Canudos foram reprimidas com
violência sem medida, deixaram marcas que merecem ser resgatadas. Este artigo traz à
tona uma memória desafiadora de um presente que ainda vive o passado.
Neste final de século início de milênio, quando se comemora a morte das utopias e se
pagam trinta mil dólares para Fukuyama anunciar o fim da história, é hora de se falar
um pouco da "mais gigantesca utopia que apareceu na história", segundo Gramsci, a
religião católica.
Não a Igreja da hierarquia sacerdotal, mas o sistema de crenças, a ideologia
universalizada nestes quase dois mil anos desde a era dos mártires e, mais
especificamente, a forma sui generis como o seu conteúdo utópico foi interpretado e
vivido pelos sertanejos do Nordeste a partir do século XIX.
Enquanto a hierarquia da Igreja e os seguidores de altas camadas sociais tendem a
remeter para outra vida as promessas de igualdade, justiça e harmonia entre os homens
num viés metafísico, os católicos pobres, analfabetos, principalmente os trabalhadores
braçais, têm uma postura prática, utilitária, procurando materializar o transcendental na
solução de seus problemas de existência. Em outras palavras, a relação dessas camadas
com as crenças religiosas se faz práxis, por meio do senso comum, como regras de
conduta social, intervenção de força maior em seu benefício numa sociedade que as
exclui e, em situação limite, a materialização da utopia.
Utopia nesta perspectiva deixa de significar algo irrealizável, para ser, na linguagem de
Mannheim, o momento em que os homens vão além da crítica ao status quo e se
organizam para implantar um sistema alternativo, um projeto de devir.
Como materialização da utopia cristã aparecem Canudos e Caldeirão, para os sertanejos
duas cidades santas, em oposição ao mundo que os destrói pela fome, miséria, violência
e prostituição - "mundo do pecado, obra de Satanás".
"Fim de mundo" no Nordeste
As populações isoladas nos distantes e esturricados sertões nordestinos, durante
quatrocentos anos, tiveram na mensagem dos evangelhos e nos mandamentos da lei de
Deus os principais códigos organizadores da vida social, o sistema ético a embasar e
sacralizar a forte assimetria de uma estrutura rigidamente hierarquizada.
Para elas o século XIX foi como um cataclismo abalando as bases mais profundas da
sociedade, todas as camadas sociais participando ativamente daquele "fim de mundo"
iniciado com a Revolução de 1817, fragmentando-as na Guerra do Mata-Galego,
Confederação do Equador, Cabanada, Questão Religiosa do Segundo Império, Quebra-
Quilo e Canudos.
D. Vital, bispo de Olinda, tomou a decisão que rachou o monolítico bloco ideológico
Igreja-Estado, legitimador da coesão do mando e da submissão dos dominados. Após
quatrocentos anos de sacralização da autoridade, o povo analfabeto e religioso é
convocado dos púlpitos a se engajar na cruzada condenatória de um "governo maçom" e
de padres "pedreiros livres, afastados da lei de Deus".
Estava rompida a fé na divindade do poder, exposta aos crentes pobres a fragilidade dos
poderosos (sacerdotes e governantes), desmistificadas afirmações centenariamente
ensinadas de que o mundo se organizava segundo a vontade divina.
A repressão governamental desencadeada contra os primeiros movimentos espalhou
terror, desolação, mutismo e o isolamento da fuga por quase trinta anos.
Viver as promessas de Deus na Terra
A partir de meados do século, o sertão foi convulsionado pela pregação de um
missionário que exprobava a riqueza como fonte do mal, convocando os pobres a se
unirem, sob a Palavra de Deus, para mudar as condições de abandono e injustiça a que
os relegavam os poderosos.
A chegada do Padre Mestre Ibiapina é a boa-nova que sacode o isolamento das
fazendas, arrastando de centenas de léguas distantes milhares de pessoas que vêm ouvir
a pregação de um Evangelho que fala de trabalho, cooperação, caridade, oração e
harmonia entre os homens como uma vida santa, único caminho para a salvação. O
missionário é o ex-deputado das cortes, ex-juiz de direito, ex-advogado dos sertanejos
pobres, Dr. José Antônio Maria de Ibiapina, filho de Francisco Pereira Ibiapina -
revolucionário fuzilado na Confederação do Equador e irmão de Raimundo Alexandre
Pereira Ibiapina, assassinado pela repressão imperial na prisão de Fernando de Noronha.
Como deputado atua na oposição. Como juiz se demite da magistratura em
Quixeramobim quando o governo do Ceará acoberta a fuga dos Araújos, grupo
poderoso que ele havia condenado à prisão. Os fugitivos assassinaram dois membros da
família Mendes Maciel, sertanejos pobres, mas honrados, sob proteção judicial por
estarem ameaçados. Advogado dos pobres, aos 47 anos de idade se desilude da justiça
dos homens e sem freqüentar seminário recebe o presbiterato no Recife.
Recusando os cargos de vigário-geral e professor do seminário, parte ao encontro dos
desvalidos no sertão de cinco estados. Sua missão é evangelizadora e civilizadora.
Resgatando o antigo costume do mutirão, direciona seu apostolado no sentido de
organizar o povo para a resolução dos problemas mais agudos como falta de hospitais,
açudes, escolas, orfanatos e cemitérios, preenchendo o vazio deixado pelo absenteísmo
do Estado.
Voltado para o soerguimento das baixas camadas sociais, na escravidão que considerava
o trabalhador infame, Ibiapina ressalta a importância do trabalho para a libertação e
dignidade do homem, apontando os exemplos de José e Jesus carpinteiros na Galiléia.
Alfabetiza centenas de rapazes e moças e, para divulgar as novas concepções do
catolicismo, cria a Irmandade dos Beatos regida pelas Regras, conjunto de regulamentos
a serem seguidos por quantos "quisessem viver as promessas de Deus na Terra".
A pé e a cavalo percorre os caminhos mais ásperos animando o povo que, aos milhares,
percorrem centenas de léguas para esperá-lo onde estivesse marcada uma santa missão.
Cerca de seis mil pessoas se organizam em Barbalha (sul do Ceará) e em um mês
constroem uma Casa de Caridade (hospital, orfanato e escola), um açude e um cemitério
enquanto se impregnam da mensagem do Padre Mestre, perdoam inimigos e voltam
para casa decididos a viverem "aquele céu na terra".
Um peregrino conselheiro
Ressalte-se que esse verdadeiro movimento de massas ocorreu no sertão brasileiro do
século XIX, sem estradas e qualquer meio de propaganda, a não ser o entusiasmo dos
crentes transmitindo de boca em boca o milagre que é a bondade do Padre Ibiapina.
Enfrentando a epidemia do cólera, constrói com seu povo lazaretos onde se entrega ao
tratamento dos doentes, à preparação de beatos e beatas com noções de enfermagem,
campanhas para arrecadação de recursos, consolo dos aflitos, confissão e extrema-unção
dos moribundos e incentivo aos piedosos para que lhes dêem enterro cristão, em
cemitérios isolados, para lutar contra a disseminação da peste. Muitos padres aderiram a
sua cruzada, como Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, Graciano Gomes de Sá Leitão
e João Marrocos, mortos nos lazaretos tratando dos milhares de infectados.
Ibiapina orientava pessoalmente a construção dos prédios das Casas de Caridade,
ensinando a necessidade de espaço e ventilação dos cômodos, higiene e a plantação de
árvores frutíferas em todos os quintais, enquanto valorizava os hábitos mais salutares da
cultura sertaneja. Expulso do Ceará pelo bispo D. Luís dos Santos, recebe a notícia do
fechamento das Casas de Caridade, com os beatos proibidos de atuarem naquela
diocese. (Sobre o personagem, ler: A terra mãe de Deus - Um estudo do movimento
religioso de Juazeiro do Norte, Rio, Ed. Francisco Alves, 1988.
Fragmento. In: Revista Tempo e Presença, nº 283, pp.14-16.
Luitgarde Oliveira Cavalcante Barros é antropóloga e professora da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. É autora de A Terra da mãe de Deus: um estudo do
movimento religioso de Juazeiro do Norte. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1988.

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  • 1. Cristianismo: uma utopia no sertão LUITGARDE OLIVEIRA CAVALCANTEI BARROS A utopia cristã de um mundo de justiça, paz e simplicidade foi semeada nos sertões nordestinos do Brasil como ânimo em meio ao sofrimento imposto às populações por tantos anos. Experiências comunitárias como a de Canudos foram reprimidas com violência sem medida, deixaram marcas que merecem ser resgatadas. Este artigo traz à tona uma memória desafiadora de um presente que ainda vive o passado. Neste final de século início de milênio, quando se comemora a morte das utopias e se pagam trinta mil dólares para Fukuyama anunciar o fim da história, é hora de se falar um pouco da "mais gigantesca utopia que apareceu na história", segundo Gramsci, a religião católica. Não a Igreja da hierarquia sacerdotal, mas o sistema de crenças, a ideologia universalizada nestes quase dois mil anos desde a era dos mártires e, mais especificamente, a forma sui generis como o seu conteúdo utópico foi interpretado e vivido pelos sertanejos do Nordeste a partir do século XIX. Enquanto a hierarquia da Igreja e os seguidores de altas camadas sociais tendem a remeter para outra vida as promessas de igualdade, justiça e harmonia entre os homens num viés metafísico, os católicos pobres, analfabetos, principalmente os trabalhadores braçais, têm uma postura prática, utilitária, procurando materializar o transcendental na solução de seus problemas de existência. Em outras palavras, a relação dessas camadas com as crenças religiosas se faz práxis, por meio do senso comum, como regras de conduta social, intervenção de força maior em seu benefício numa sociedade que as exclui e, em situação limite, a materialização da utopia. Utopia nesta perspectiva deixa de significar algo irrealizável, para ser, na linguagem de Mannheim, o momento em que os homens vão além da crítica ao status quo e se organizam para implantar um sistema alternativo, um projeto de devir. Como materialização da utopia cristã aparecem Canudos e Caldeirão, para os sertanejos duas cidades santas, em oposição ao mundo que os destrói pela fome, miséria, violência e prostituição - "mundo do pecado, obra de Satanás". "Fim de mundo" no Nordeste As populações isoladas nos distantes e esturricados sertões nordestinos, durante quatrocentos anos, tiveram na mensagem dos evangelhos e nos mandamentos da lei de Deus os principais códigos organizadores da vida social, o sistema ético a embasar e sacralizar a forte assimetria de uma estrutura rigidamente hierarquizada. Para elas o século XIX foi como um cataclismo abalando as bases mais profundas da sociedade, todas as camadas sociais participando ativamente daquele "fim de mundo" iniciado com a Revolução de 1817, fragmentando-as na Guerra do Mata-Galego, Confederação do Equador, Cabanada, Questão Religiosa do Segundo Império, Quebra- Quilo e Canudos.
  • 2. D. Vital, bispo de Olinda, tomou a decisão que rachou o monolítico bloco ideológico Igreja-Estado, legitimador da coesão do mando e da submissão dos dominados. Após quatrocentos anos de sacralização da autoridade, o povo analfabeto e religioso é convocado dos púlpitos a se engajar na cruzada condenatória de um "governo maçom" e de padres "pedreiros livres, afastados da lei de Deus". Estava rompida a fé na divindade do poder, exposta aos crentes pobres a fragilidade dos poderosos (sacerdotes e governantes), desmistificadas afirmações centenariamente ensinadas de que o mundo se organizava segundo a vontade divina. A repressão governamental desencadeada contra os primeiros movimentos espalhou terror, desolação, mutismo e o isolamento da fuga por quase trinta anos. Viver as promessas de Deus na Terra A partir de meados do século, o sertão foi convulsionado pela pregação de um missionário que exprobava a riqueza como fonte do mal, convocando os pobres a se unirem, sob a Palavra de Deus, para mudar as condições de abandono e injustiça a que os relegavam os poderosos. A chegada do Padre Mestre Ibiapina é a boa-nova que sacode o isolamento das fazendas, arrastando de centenas de léguas distantes milhares de pessoas que vêm ouvir a pregação de um Evangelho que fala de trabalho, cooperação, caridade, oração e harmonia entre os homens como uma vida santa, único caminho para a salvação. O missionário é o ex-deputado das cortes, ex-juiz de direito, ex-advogado dos sertanejos pobres, Dr. José Antônio Maria de Ibiapina, filho de Francisco Pereira Ibiapina - revolucionário fuzilado na Confederação do Equador e irmão de Raimundo Alexandre Pereira Ibiapina, assassinado pela repressão imperial na prisão de Fernando de Noronha. Como deputado atua na oposição. Como juiz se demite da magistratura em Quixeramobim quando o governo do Ceará acoberta a fuga dos Araújos, grupo poderoso que ele havia condenado à prisão. Os fugitivos assassinaram dois membros da família Mendes Maciel, sertanejos pobres, mas honrados, sob proteção judicial por estarem ameaçados. Advogado dos pobres, aos 47 anos de idade se desilude da justiça dos homens e sem freqüentar seminário recebe o presbiterato no Recife. Recusando os cargos de vigário-geral e professor do seminário, parte ao encontro dos desvalidos no sertão de cinco estados. Sua missão é evangelizadora e civilizadora. Resgatando o antigo costume do mutirão, direciona seu apostolado no sentido de organizar o povo para a resolução dos problemas mais agudos como falta de hospitais, açudes, escolas, orfanatos e cemitérios, preenchendo o vazio deixado pelo absenteísmo do Estado. Voltado para o soerguimento das baixas camadas sociais, na escravidão que considerava o trabalhador infame, Ibiapina ressalta a importância do trabalho para a libertação e dignidade do homem, apontando os exemplos de José e Jesus carpinteiros na Galiléia. Alfabetiza centenas de rapazes e moças e, para divulgar as novas concepções do catolicismo, cria a Irmandade dos Beatos regida pelas Regras, conjunto de regulamentos a serem seguidos por quantos "quisessem viver as promessas de Deus na Terra".
  • 3. A pé e a cavalo percorre os caminhos mais ásperos animando o povo que, aos milhares, percorrem centenas de léguas para esperá-lo onde estivesse marcada uma santa missão. Cerca de seis mil pessoas se organizam em Barbalha (sul do Ceará) e em um mês constroem uma Casa de Caridade (hospital, orfanato e escola), um açude e um cemitério enquanto se impregnam da mensagem do Padre Mestre, perdoam inimigos e voltam para casa decididos a viverem "aquele céu na terra". Um peregrino conselheiro Ressalte-se que esse verdadeiro movimento de massas ocorreu no sertão brasileiro do século XIX, sem estradas e qualquer meio de propaganda, a não ser o entusiasmo dos crentes transmitindo de boca em boca o milagre que é a bondade do Padre Ibiapina. Enfrentando a epidemia do cólera, constrói com seu povo lazaretos onde se entrega ao tratamento dos doentes, à preparação de beatos e beatas com noções de enfermagem, campanhas para arrecadação de recursos, consolo dos aflitos, confissão e extrema-unção dos moribundos e incentivo aos piedosos para que lhes dêem enterro cristão, em cemitérios isolados, para lutar contra a disseminação da peste. Muitos padres aderiram a sua cruzada, como Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, Graciano Gomes de Sá Leitão e João Marrocos, mortos nos lazaretos tratando dos milhares de infectados. Ibiapina orientava pessoalmente a construção dos prédios das Casas de Caridade, ensinando a necessidade de espaço e ventilação dos cômodos, higiene e a plantação de árvores frutíferas em todos os quintais, enquanto valorizava os hábitos mais salutares da cultura sertaneja. Expulso do Ceará pelo bispo D. Luís dos Santos, recebe a notícia do fechamento das Casas de Caridade, com os beatos proibidos de atuarem naquela diocese. (Sobre o personagem, ler: A terra mãe de Deus - Um estudo do movimento religioso de Juazeiro do Norte, Rio, Ed. Francisco Alves, 1988. Fragmento. In: Revista Tempo e Presença, nº 283, pp.14-16. Luitgarde Oliveira Cavalcante Barros é antropóloga e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É autora de A Terra da mãe de Deus: um estudo do movimento religioso de Juazeiro do Norte. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1988.