1) Grande sertão: veredas é o único romance de Guimarães Rosa e apresenta uma experimentação linguística com neologismos e termos regionais do sertão brasileiro.
2) A narrativa é feita através de um monólogo do personagem Riobaldo, que conta suas memórias e aventuras no interior de Minas Gerais.
3) A obra mistura realidade e irrealidade através da confusa memória de Riobaldo e explora questões como a existência do Diabo e o amor de Riobaldo por Diador
1º Plano Decenal de Educação de Bom Jardim MA. 2003-2013
O Pacto de Riobaldo
1. Grande sertão: veredas
Livro resumido - Guimarães Rosa
A obra-prima de Guimarães Rosa é também o seu único romance, Grande sertão:
veredas. É um livro instigante, inovador, em que o escritor faz uma grande
experimentação linguística, utilizando-se de neologismos e termos coloquiais do
sertão.
A narrativa é um monólogo de Riobaldo, que conta suas memórias a um
interlocutor cuja fala é apenas sugerida. A fala dos demais personagens é também
feita através das palavras de Riobaldo, um velho fazendeiro e ex-jagunço.
Riobaldo conta suas aventuras no interior de Minas, no sul da Bahia epelo interior
de Goiás. No meio disso, reflexões sobre tudo, em especial sobre a existência ou
não do Diabo, fato do qual parece depender a salvação de sua alma: ele teria feito
um pacto com o Demo para vencer uma luta contra seu inimigo Hermógenes.
Embora a existência do pacto pareça clara em alguns momentos, ela fica a cargo da
interpretação do leitor.
Os acontecimentos todos são embaralhados pela memória do narrador, confusa
pela passagem do tempo, o que leva o real e o irreal a se misturarem o tempo
todo. No campo amoroso, a preocupação principal do narrador é o amor de
Diadorim - a quem conhece a vida toda como homem, o guerreiro Reinaldo, e cuja
identidade feminina só conhece com o fim de sua luta com Hermógenes, em que
morre.
2. Biografia
Guimarães Rosa é figura de destaque dentro do Modernismo, por ter criado um
estilo próprio e original de escrever e criar palavras, transformando e renovando
radicalmente o uso da língua.
Fez os primeiros estudos na pequena cidade mineira de Codisburgo, onde nasceu,
mudando-se para Belo Horizonte para estudar medicina. Formado médico,
trabalhou em várias cidades do interior de Minas, tomando contato com o mundo
que depois serviria de cenário para sua obra. Autodidata, aprendeu alemão e russo
e entrou para a carreira diplomática, servindo inclusive na Alemanha durante a
Segunda Guerra Mundial. O rompimento entre Brasil e Alemanha levou à sua
prisão, sendo libertado em troca de diplomatas alemães.
Sua primeira obra foi Magma, um livro de poemas que ficaria inédito, mas com o
qual obteve um prêmio da Academia. Estreou para o público, em 1946 com um
livro de contos que se tornaria um marco em nossa literatura: Sagarana. Mas sua
consagração definitiva viria dez anos depois, com Corpo de Baile e seu único
romance Grande sertão: veredas. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras
em 1963. Adiou sua posse por anos, até finalmente assumir seu lugar em 1967;
três dias depois, morreu de enfarte no Rio de Janeiro.
Grande sertão: veredas provocou impacto sem precedentes em nossa literatura.
Quando lançado, percebeu-se que estava ali algo diferente de tudo o que até então
se fizera em nossa literatura. Guimarães Rosa tinha levado a efeito a mais radical
experimentação lingüistica pela qual passara o romance brasileiro, com o uso de
termos coloquiais típicos do sertão, aliados a palavras que já estão praticamente
em desuso e neologismos nascidos a partir de formas típicas da língua portuguesa,
com uso constante de onomatopéias e aliterações.
Geralmente suas histórias concentram-se em torno de "casos" que sustentam os
enredos. É o caso de Grande sertão: veredas: Como um imenso caleidoscópio
constituído de casos, histórias curtas, páginas de diário, anedotas, a obra sustenta-
se numa narrativa relativamente fácil.
Principais obras:
Grande Sertão: Veredas (romance);
Sagarana (contos);
Corpo de Baile (contos);
Primeiras Estórias (contos);
Tutaméia – Terceiras Estórias (contos);
Estas Estórias (contos);
Ave, Palavra (contos).