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Evolução da arquivística moderna
ANA CELESTE INDOLFO
ANA MARIA VARELA CASCARDO CAMPOS
MARIA ISABEL DE OLIVEIRA
MÔNICA MEDRADO DA COSTA
VERÔNE GONÇALVES CAUVILLE
A história nos revela que o homem da alta antiguidade compreendeu a importância dos
arquivos. Recentes escavações arqueológicas demonstram a existência de arquivos
reais, religiosos, econômicos e privados no Oriente Médio e na Ásia. Constituídos para
responder às demandas específicas da época, esses arquivos refletem, nos dias atuais, as
atividades desenvolvidas por essas sociedades.
Os egípcios, gregos e romanos possuíam arquivos bem estruturados. Milhares de
papiros egípcios descobertos em arquivos religiosos, locais ou privados, alcançaram a
nossa época. Em Atenas, os magistrados tinham seus próprios arquivos instalados no
Archeion ou sede da magistratura. É precisamente o Archeion a origem da palavra que
atualmente, em quase todas as línguas do mundo, designa os arquivos. Contudo, os
arquivos da antiguidade foram mais bem organizados sob o Império Romano. Além de
privados, eclesiásticos e econômicos foram estabelecidos arquivos de estado altamente
hierarquizados: centrais, regionais e locais.
Com a queda do Império Romano e o domínio bárbaro, assiste-se à decadência
progressiva da função do ato escrito. Processos orais e provas testemunhais se impõem
na maior parte da Europa, em razão da influência do direito germânico e da queda geral
do nível cultural de uma população que perdeu o uso da escrita, naquele momento
restrita aos clérigos católicos.
A restauração progressiva do direito romano, no século XII, se expressa no resgate da
concepção de arquivos como um reservatório de provas e um arsenal de armas jurídicas
destinados a proteger direitos e privilégios de reis e príncipes. À medida que se
desenvolvem os poderes da autoridade central, depósitos de arquivos são constituídos
para fazer face ao desenvolvimento administrativo dos estados e governos.
Progressivamente, cada serviço governamental tomou a iniciativa de criar seus próprios
arquivos, até que os soberanos sentiram a necessidade de, no fim do século XVI,
centralizá-los em um único local, tornando-os um instrumento de governo para seu uso
exclusivo. Esta concepção de arquivo como instrumento de administração estará em
pleno vigor até o fim do século XVIII. O primeiro país a organizar seu acervo nesses
termos foi a Espanha, em 1567, mas é a Revolução Francesa que vem consolidar o
movimento de centralização ao criar a primeira rede de arquivos da era moderna.
Consagra-se, a partir daí, o princípio de que os arquivos sejam consultáveis por todos,
retomando a concepção grega, que permitia a todo cidadão ter acesso aos documentos
do estado.
Em meados do século XIX, cresce o interesse pelo valor histórico dos arquivos, até
então conservados em função de seu caráter administrativo, legal ou fiscal. Essa
tendência reflete-se no desenvolvimento da disciplina arquivística e no modelo de
instituição arquivística pública, que se constitui a partir de então, inclusive no Brasil,
onde o Arquivo Nacional é criado em 1838. A consolidação desse modelo de arquivo
histórico resulta na ampliação da arquivística e na formação de arquivistas-
historiadores, especializados na administração dos documentos como testemunho
histórico. Negligenciava-se o fato de que os documentos são constituídos em razão das
necessidades primordiais da administração.
A reação a essa orientação limitativa do papel dos arquivos emerge em meados deste
século quando, após a segunda guerra mundial, inicia-se uma expansão inusitada da
produção documental, cujo efeito direto é a obstrução da capacidade gerencial das
organizações governamentais. Nesse quadro, desenvolve-se a "teoria das três idades" e
da "gestão de documentos" nos Estados Unidos, Canadá e em alguns países europeus,
africanos e asiáticos, levando as instituições arquivísticas a reverem suas funções
exclusivas de arquivos históricos, desassociados dos interesses da administração
pública.
A adoção da "teoria das três idades", a partir da segunda metade do século XX,
revolucionou as técnicas arquivísticas e, em conseqüência, o uso dos arquivos e a
própria arquivística. Segundo essa teoria, os arquivos passam por três estágios distintos
de arquivamento, de acordo com o uso que se faz dos documentos: corrente,
intermediário e permanente.
Os arquivos de primeira idade ou correntes têm sob sua guarda documentos
freqüentemente consultados e de uso exclusivo da fonte geradora, cumprindo ainda as
finalidades que motivaram a sua criação.
Os arquivos de segunda idade ou intermediários têm sob sua guarda documentos de uso
eventual pela administração que os produziu, devendo ser conservados em depósitos de
armazenagem temporária, aguardando sua eliminação ou recolhimento para guarda
permanente.
Os arquivos de terceira idade ou permanentes têm sob sua guarda documentos que já
cumpriram as finalidades de sua criação, porém devem ser preservados em virtude de
seu valor histórico, probatório e informativo para o estado e o cidadão.
Cada um desses estágios corresponde a procedimentos técnicos diferenciados e, como
uma reação em cadeia, o tratamento dispensado aos documentos na idade corrente
condiciona, de forma direta, o desempenho das atividades arquivísticas nas idades
intermediária e permanente.
A partir dessas transformações de ordem conceitual e prática, a arquivística passa a ser
conceituada como o conjunto de princípios e técnicas adotadas na produção,
organização e uso dos arquivos.
Em 1974, o Conselho Internacional de Arquivos passou a considerar os arquivos como
um serviço de apoio à administração e uma fonte essencial à pesquisa e ao
desenvolvimento cultural.
No Brasil, a partir da década de 1980, iniciou-se a modernização do Arquivo Nacional,
estabelecendo-se gradativamente uma mudança do modelo de arquivo histórico
tradicional, ao incluir em sua ação os arquivos correntes e intermediários da
administração federal.
Paralelamente, outros arquivos públicos do país, estaduais e municipais, passaram a
desenvolver programas semelhantes e a se reunir freqüentemente nos Seminários
Nacionais de Arquivos Estaduais e Municipais, atualmente Conferência Nacional de
Arquivos Públicos. Estas iniciativas têm como objetivo estabelecer maior articulação
entre a comunidade arquivística.
O esforço por um estatuto jurídico que contemplasse o direito do cidadão à informação
governamental e o dever da administração pública de assumir a gestão e garantir o
acesso aos seus documentos culminaram na aprovação de dispositivo constitucional
como o artigo 216 e a lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política
nacional de arquivos públicos e privados.
Gestão de documentos: Conceitos e procedimentos básicos. Publicações técnicas 47.
Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1993, pp.9-11.

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Evolução da arquivística moderna

  • 1. Evolução da arquivística moderna ANA CELESTE INDOLFO ANA MARIA VARELA CASCARDO CAMPOS MARIA ISABEL DE OLIVEIRA MÔNICA MEDRADO DA COSTA VERÔNE GONÇALVES CAUVILLE A história nos revela que o homem da alta antiguidade compreendeu a importância dos arquivos. Recentes escavações arqueológicas demonstram a existência de arquivos reais, religiosos, econômicos e privados no Oriente Médio e na Ásia. Constituídos para responder às demandas específicas da época, esses arquivos refletem, nos dias atuais, as atividades desenvolvidas por essas sociedades. Os egípcios, gregos e romanos possuíam arquivos bem estruturados. Milhares de papiros egípcios descobertos em arquivos religiosos, locais ou privados, alcançaram a nossa época. Em Atenas, os magistrados tinham seus próprios arquivos instalados no Archeion ou sede da magistratura. É precisamente o Archeion a origem da palavra que atualmente, em quase todas as línguas do mundo, designa os arquivos. Contudo, os arquivos da antiguidade foram mais bem organizados sob o Império Romano. Além de privados, eclesiásticos e econômicos foram estabelecidos arquivos de estado altamente hierarquizados: centrais, regionais e locais. Com a queda do Império Romano e o domínio bárbaro, assiste-se à decadência progressiva da função do ato escrito. Processos orais e provas testemunhais se impõem na maior parte da Europa, em razão da influência do direito germânico e da queda geral do nível cultural de uma população que perdeu o uso da escrita, naquele momento restrita aos clérigos católicos. A restauração progressiva do direito romano, no século XII, se expressa no resgate da concepção de arquivos como um reservatório de provas e um arsenal de armas jurídicas destinados a proteger direitos e privilégios de reis e príncipes. À medida que se desenvolvem os poderes da autoridade central, depósitos de arquivos são constituídos para fazer face ao desenvolvimento administrativo dos estados e governos. Progressivamente, cada serviço governamental tomou a iniciativa de criar seus próprios arquivos, até que os soberanos sentiram a necessidade de, no fim do século XVI, centralizá-los em um único local, tornando-os um instrumento de governo para seu uso exclusivo. Esta concepção de arquivo como instrumento de administração estará em pleno vigor até o fim do século XVIII. O primeiro país a organizar seu acervo nesses termos foi a Espanha, em 1567, mas é a Revolução Francesa que vem consolidar o movimento de centralização ao criar a primeira rede de arquivos da era moderna. Consagra-se, a partir daí, o princípio de que os arquivos sejam consultáveis por todos, retomando a concepção grega, que permitia a todo cidadão ter acesso aos documentos do estado. Em meados do século XIX, cresce o interesse pelo valor histórico dos arquivos, até então conservados em função de seu caráter administrativo, legal ou fiscal. Essa tendência reflete-se no desenvolvimento da disciplina arquivística e no modelo de instituição arquivística pública, que se constitui a partir de então, inclusive no Brasil, onde o Arquivo Nacional é criado em 1838. A consolidação desse modelo de arquivo histórico resulta na ampliação da arquivística e na formação de arquivistas-
  • 2. historiadores, especializados na administração dos documentos como testemunho histórico. Negligenciava-se o fato de que os documentos são constituídos em razão das necessidades primordiais da administração. A reação a essa orientação limitativa do papel dos arquivos emerge em meados deste século quando, após a segunda guerra mundial, inicia-se uma expansão inusitada da produção documental, cujo efeito direto é a obstrução da capacidade gerencial das organizações governamentais. Nesse quadro, desenvolve-se a "teoria das três idades" e da "gestão de documentos" nos Estados Unidos, Canadá e em alguns países europeus, africanos e asiáticos, levando as instituições arquivísticas a reverem suas funções exclusivas de arquivos históricos, desassociados dos interesses da administração pública. A adoção da "teoria das três idades", a partir da segunda metade do século XX, revolucionou as técnicas arquivísticas e, em conseqüência, o uso dos arquivos e a própria arquivística. Segundo essa teoria, os arquivos passam por três estágios distintos de arquivamento, de acordo com o uso que se faz dos documentos: corrente, intermediário e permanente. Os arquivos de primeira idade ou correntes têm sob sua guarda documentos freqüentemente consultados e de uso exclusivo da fonte geradora, cumprindo ainda as finalidades que motivaram a sua criação. Os arquivos de segunda idade ou intermediários têm sob sua guarda documentos de uso eventual pela administração que os produziu, devendo ser conservados em depósitos de armazenagem temporária, aguardando sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. Os arquivos de terceira idade ou permanentes têm sob sua guarda documentos que já cumpriram as finalidades de sua criação, porém devem ser preservados em virtude de seu valor histórico, probatório e informativo para o estado e o cidadão. Cada um desses estágios corresponde a procedimentos técnicos diferenciados e, como uma reação em cadeia, o tratamento dispensado aos documentos na idade corrente condiciona, de forma direta, o desempenho das atividades arquivísticas nas idades intermediária e permanente. A partir dessas transformações de ordem conceitual e prática, a arquivística passa a ser conceituada como o conjunto de princípios e técnicas adotadas na produção, organização e uso dos arquivos. Em 1974, o Conselho Internacional de Arquivos passou a considerar os arquivos como um serviço de apoio à administração e uma fonte essencial à pesquisa e ao desenvolvimento cultural. No Brasil, a partir da década de 1980, iniciou-se a modernização do Arquivo Nacional, estabelecendo-se gradativamente uma mudança do modelo de arquivo histórico tradicional, ao incluir em sua ação os arquivos correntes e intermediários da administração federal.
  • 3. Paralelamente, outros arquivos públicos do país, estaduais e municipais, passaram a desenvolver programas semelhantes e a se reunir freqüentemente nos Seminários Nacionais de Arquivos Estaduais e Municipais, atualmente Conferência Nacional de Arquivos Públicos. Estas iniciativas têm como objetivo estabelecer maior articulação entre a comunidade arquivística. O esforço por um estatuto jurídico que contemplasse o direito do cidadão à informação governamental e o dever da administração pública de assumir a gestão e garantir o acesso aos seus documentos culminaram na aprovação de dispositivo constitucional como o artigo 216 e a lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados. Gestão de documentos: Conceitos e procedimentos básicos. Publicações técnicas 47. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1993, pp.9-11.