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CASTRO ALVES
(1847-1871)
Nasceu em Salvador, capital do Estado da Bahia, a 14 de março de 1847, o
cantor da abolição da escravatura.
A poesia de Castro Alves reflete todo um período de nossa história
pátria, em que as forças mais avançadas da sociedade, a partir de 1850, lutavam
por quebrar os laços das relações feudais e preparavam-se para a conquista do
poder político e a instauração do regime republicano, que representava, na época, a
face progressista da burguesia nacional. Castro Alves era filho de Antônio José
Alves, professor catedrático da Faculdade de Medicina da Bahia, e de Clélia Brasília
de Castro, mulher de cultura e de grandes dotes artísticos.
Sua inteligência manifestou-se precocemente. Aos cinco anos, iniciava os
estudos na escola do professor José Peixoto da Silva, em São Felix. Depois toma
aulas particulares, e seguidamente passa para o Colégio Sebrão e o Ginásio
Baiano, na capital da Província. Por esse ginásio passaram também Rui
Barbosa, Raul Pompéia e outras grandes figuras pátrias. Foi precisamente durante
o curso no Ginásio Baiano, que escreveu as primeiras poesias. Era em 1859 e tinha
apenas doze anos de idade. Suas aptidões encontraram vasto campo de expansão
através das reuniões literárias estimuladas pelo diretor do estabelecimento, o famoso
educador Abilio César Borges. Ali, Castro Alves fez quase todo o curso de
humanidades, se em que se não tivesse revelado aluno muito aplicado,
principalmente em matemática, pela qual tinha verdadeira ojeriza.
O inspirador de Castro Alves, como de outros vultos do romantismo foi Victor
Hugo. A lírica do grande escritor francês contagiava a mocidade brasileira da época, e
a ele se deve o surto condoreiro de nossa poesia, cujas maiores expressões foram o
biografado e Tobias Barreto. Tal era o fascínio que Victor Hugo exercia sobre a mente
do jovem poeta que este, aos doze anos, pôs-se a estudar a língua francesa,
chegando a traduzir-lhe quase todas as criações poéticas.
Em 1862, Castro Alves transfere-se para o Recife, decidido a entrar na
Faculdade de Direito. Enquanto se preparava para o curso jurídico, escreve
versos que comovem seus condiscípulos. Ingressa na Faculdade, em 1864, ao
mesmo tempo que se liga aos grupos republicanos. Deixa as aulas para participar dos
comícios políticos, falando nas praças públicas e enfrentando com seus correligionários
a reação policial. Em 1865, escreve uma série de poemas; O Século "lido na presença
dos mestres perplexos e dos colegas arrebatados. Impõe-se, já então, como o cantor
do povo, da humanidade, pregando a Abolição da escravatura e o advento do
regime republicano."
No ano seguinte, Castro Alves funda, com Rui Barbosa, uma sociedade
abolicionista, colabora nos jornais acadêmicos, e escreve o drama teatral - Gonzaga
ou a Revolução de Minas. É nesse ano, que ele vem a conhecer a mulher que tanto
influiu em sua vida e por quem se deixou dominar por intensa paixão: Eugenia Câmara.
Era uma atriz portuguesa, seu segundo amor, que conhecera em um teatro do Recife,
em 1866, e doze anos mais velha do que ele. Tinha então, 18 anos. Eugenia Câmara
foi a "bênção e a desgraça de Castro Alves" - no dizer de Edison Carneiro -, é "a
paixão que desvairou e matou o maior poeta das América", segundo opinião do escritor
Jorge Amado. A volúvel mulher - que alguns consideraram medíocre e outros
talentosa, traiu o amor do poeta, e conta-se que este, aborrecido, com os nervos
destrambelhados, acabou por ferir-se com uma arma de fogo. Encontrava-se ele numa
caçada, quando ao tentar pular um arroio no bairro do Brás, a espingarda
descarregou sobre um de seus pés. Enfermo por longos meses, teve que amputar o pé,
advindo-lhe, daí, a tuberculose que o iria vitimar em plena mocidade.
1
Em 1868, Castro Alves viveu algum tempo no Rio de Janeiro, onde
travou conhecimento com José de Alencar, e a seguir com Machado de Assis, que o
visita no hotel em que se hospedara (na Rua do Ouvidor), em uma terça-feira de
carnaval, Castro Alves translada-se para São Paulo, onde se matricula na Faculdade
de Direito e presta exames com grande facilidade, chegando quase ao final do curso,
que não pode completar, em conseqüência do acidente de que fora vitima.
Percebendo o fim próximo, com o agravamento da saúde, volta a terra natal, e ali
expira, no dia 6 de julho de 1871, aos 24 anos.
Foi ao convívio de Rui Barbosa, Afonso Pena, Rodrigues Alves, José de
Alencar, Machado de Assis e José Bonifácio que Castro Alves se abeberou dos ideais
republicanos, tornando-se um precursor da República, e avantajando-se aos
setores mais arejados do pensamento liberal pela posição política assumida na defesa
dos direitos do homem, na condenação a guerra e a tirania, e na exaltação dos heróis
da pátria. Sua paixão pelos ideais republicanos provinha dos movimentos do caudilho
Antônio Borges da Fonseca, um dos chefes da insurreição Praieira. Os comícios a que
assistira no Recife lhe inspiraram o formoso poema - Pedro Ivo - a legendária figura da
revolta praieira.
Castro Alves amava o povo, e os seus melhores momentos de criação ele
os exprimiu no meio das multidões. Sua poesia esteve presente nos inúmeros
comícios políticos de que ele participou, e da tribuna protestou contra as violências
policiais dirigidas contra o povo reunido em praça pública, protesto que imprimiu em
um de seus versos mais conhecidos:
"... a praça é do povo
como o céu é do condor
É antro onde a liberdade
cria a águia ao seu calor!"
Outra característica marcante de sua atividade política é a defesa do voto
feminino. Sua coragem política é ilustrada pelo fato de ter sido uma das poucas
figuras do tempo a abraçar uma causa considerada ingrata - a Abolição - que
desencadeava a ira dos poderosos.
É o grande poeta social, "nacionalista, humano e humanitário", como o
definiu o historiador José Veríssimo, e sua maturidade se evidencia pelos magníficos
poemas Os Escravos, compostos quando tinha ainda 18 anos. O caráter político de
sua poética foi estudado em diversos trabalhos, dos quais se destacam uma série de
conferências de Afrânio Peixoto (Castro Alves, o Poeta e o Poema, 1921), os livros:
Trajetória de Castro Alves, de Edison Carneiro - 1937, já referido; ABC de Castro
Alves, de Jorge Amado, 1941 e Poemas Revolucionários, coletânea de poesias
organizada por Fernando Góes. Das obras biográficas, salientam-se ainda O Elogio de
Castro Alves, de Rui Barbosa, 1881; Castro Alves e seu Tempo, de Euclides da
Cunha, 1907; crônicas de Joaquim Nabuco, Agripino Grieco, Aidano do Couto Ferraz
e Mario de Andrade. As obras de Castro Alves estão reunidas nos seguintes livros:
Espumas Flutuantes, Bahia, 1870; Gonzaga ou a revolução de Minas, Drama, Bahia,
1876; Hinos do Equador, A Cachoeira de Paulo Afonso, Os Escravos e Traduções.
O gênio poético de Castro Alves ultrapassa sua época. Ele teve a previsão
da sociedade sem classes do futuro que saudou no poema O Vidente. Sua obra e sua
vida constituem um empolgante exemplo de solidariedade humana, de luta pela
conquista dos direitos do homem, um fanal a iluminar o caminho dos escritores e dos
patriotas.
VOZES D'ÀFRICA
Deus! o Deus! onde estas que não respondes!
Em que mundo, em que estrelas tu te escondes
2
Embuçados nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde, desde então, corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?
Qual Prometeu, tu me amarrastes um dia
Do deserto na rubra penedia,
Infinito gale!...
Por abutre - me deste o sol ardente!
E a terra de Suez - foi a corrente
Que me ligaste ao pé...
O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino,
E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simum dardeja
O teu braço eternal.
Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes,
Nas plagas do Indostão.
Por tenda - tem os cimos do Himalaia...
O Ganges amoroso beija a praia
Coberta de corais...
A brisa de Misora o céu inflama;
E ela dorna nos templos do deus Brama,
Pagodes colossais...
Europa - é sempre Europa, a gloriosa!...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista - corta o mármore de Carrara;
Poetisa - tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!...
Sempre o laurel lhe cabe no litígio...
Ora uma coroa, ora o barrete frigio
Enflora-lhe a cerviz;
O Universo após ela - doido amante
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.
Mas eu, Senhor!... Eu triste, abandonada
Em meio dos desertos desgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente!
Talvez... pra que meu pranto, ó Deus clemente,
3
Não descubras no chão!...
E nem tenho uma sombra na floresta...
Para cobrir-me nem um templo resta
No solo abrasador...
Quando subo as pirâmides do Egito,
Embalde aos quatro céus chorando grito:
-- "Abriga-me, Senhor!..."
Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal, que volve
O siroco feroz...
Quando eu passo no Saara amortalhada...
Aí dizem: -- "Lá vai a África embuçada
No seu branco albornoz..."
Nem vêem que o deserto é meu sudário,
Que o silêncio campeia solitário
Por sobre o peito meu.
Lá no solo, onde o cardo apenas medra,
Boceja a Esfinge colossal de pedra,
Fitando o morno céu.
De Tebas nas colunas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas
O horizonte sem fim...
Onde branqueja a caravana errante
E o camelo monótono, arquejante,
Que desce de Efraim...
Não basta inda de dor, ó Deus terrível?
E pois teu peito aterno, inexaurível
De vingança e rancor?
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?
Foi depois do dilúvio... Um viandante
Negro, sombrio, pálido, arquejante,
Descia do Arara...
E eu disse ao peregrino fulminado:
-- "Cam!... Serás meu esposo bem amado...
Serei tua Eloá..."
Desde esse dia o vento da desgraça
Por meus cabelos ululando, passa
O anátema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas,
E o Nômade faminto corta as plagas
No rápido corcel.
4
Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir - Judeu maldito
Trilho de perdição.
Depois vi minha prole desgraçada,
Pelas garras d`Europa arrebatada,
- Amestrado falcão.
Cristo! embalde morreste sobre um monte...
Teu sangue não lavou da minha fronte
A mancha original.
Ainda hoje São, por fado adverso,
Meus filhos - alimária do universo,
Eu - pasto universal!
Hoje em meu sangue a América se nutre:
-- Condor, que transformara-se em abutre,
Ave da escravidão.
Ela juntou-se as mais... irmã traidora!
Qual de José os vis irmãos, outrora,
Venderam seu irmão!
Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão pra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito...
Escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!...
CASTRO ALVES
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Castro Alves

  • 1. CASTRO ALVES (1847-1871) Nasceu em Salvador, capital do Estado da Bahia, a 14 de março de 1847, o cantor da abolição da escravatura. A poesia de Castro Alves reflete todo um período de nossa história pátria, em que as forças mais avançadas da sociedade, a partir de 1850, lutavam por quebrar os laços das relações feudais e preparavam-se para a conquista do poder político e a instauração do regime republicano, que representava, na época, a face progressista da burguesia nacional. Castro Alves era filho de Antônio José Alves, professor catedrático da Faculdade de Medicina da Bahia, e de Clélia Brasília de Castro, mulher de cultura e de grandes dotes artísticos. Sua inteligência manifestou-se precocemente. Aos cinco anos, iniciava os estudos na escola do professor José Peixoto da Silva, em São Felix. Depois toma aulas particulares, e seguidamente passa para o Colégio Sebrão e o Ginásio Baiano, na capital da Província. Por esse ginásio passaram também Rui Barbosa, Raul Pompéia e outras grandes figuras pátrias. Foi precisamente durante o curso no Ginásio Baiano, que escreveu as primeiras poesias. Era em 1859 e tinha apenas doze anos de idade. Suas aptidões encontraram vasto campo de expansão através das reuniões literárias estimuladas pelo diretor do estabelecimento, o famoso educador Abilio César Borges. Ali, Castro Alves fez quase todo o curso de humanidades, se em que se não tivesse revelado aluno muito aplicado, principalmente em matemática, pela qual tinha verdadeira ojeriza. O inspirador de Castro Alves, como de outros vultos do romantismo foi Victor Hugo. A lírica do grande escritor francês contagiava a mocidade brasileira da época, e a ele se deve o surto condoreiro de nossa poesia, cujas maiores expressões foram o biografado e Tobias Barreto. Tal era o fascínio que Victor Hugo exercia sobre a mente do jovem poeta que este, aos doze anos, pôs-se a estudar a língua francesa, chegando a traduzir-lhe quase todas as criações poéticas. Em 1862, Castro Alves transfere-se para o Recife, decidido a entrar na Faculdade de Direito. Enquanto se preparava para o curso jurídico, escreve versos que comovem seus condiscípulos. Ingressa na Faculdade, em 1864, ao mesmo tempo que se liga aos grupos republicanos. Deixa as aulas para participar dos comícios políticos, falando nas praças públicas e enfrentando com seus correligionários a reação policial. Em 1865, escreve uma série de poemas; O Século "lido na presença dos mestres perplexos e dos colegas arrebatados. Impõe-se, já então, como o cantor do povo, da humanidade, pregando a Abolição da escravatura e o advento do regime republicano." No ano seguinte, Castro Alves funda, com Rui Barbosa, uma sociedade abolicionista, colabora nos jornais acadêmicos, e escreve o drama teatral - Gonzaga ou a Revolução de Minas. É nesse ano, que ele vem a conhecer a mulher que tanto influiu em sua vida e por quem se deixou dominar por intensa paixão: Eugenia Câmara. Era uma atriz portuguesa, seu segundo amor, que conhecera em um teatro do Recife, em 1866, e doze anos mais velha do que ele. Tinha então, 18 anos. Eugenia Câmara foi a "bênção e a desgraça de Castro Alves" - no dizer de Edison Carneiro -, é "a paixão que desvairou e matou o maior poeta das América", segundo opinião do escritor Jorge Amado. A volúvel mulher - que alguns consideraram medíocre e outros talentosa, traiu o amor do poeta, e conta-se que este, aborrecido, com os nervos destrambelhados, acabou por ferir-se com uma arma de fogo. Encontrava-se ele numa caçada, quando ao tentar pular um arroio no bairro do Brás, a espingarda descarregou sobre um de seus pés. Enfermo por longos meses, teve que amputar o pé, advindo-lhe, daí, a tuberculose que o iria vitimar em plena mocidade. 1
  • 2. Em 1868, Castro Alves viveu algum tempo no Rio de Janeiro, onde travou conhecimento com José de Alencar, e a seguir com Machado de Assis, que o visita no hotel em que se hospedara (na Rua do Ouvidor), em uma terça-feira de carnaval, Castro Alves translada-se para São Paulo, onde se matricula na Faculdade de Direito e presta exames com grande facilidade, chegando quase ao final do curso, que não pode completar, em conseqüência do acidente de que fora vitima. Percebendo o fim próximo, com o agravamento da saúde, volta a terra natal, e ali expira, no dia 6 de julho de 1871, aos 24 anos. Foi ao convívio de Rui Barbosa, Afonso Pena, Rodrigues Alves, José de Alencar, Machado de Assis e José Bonifácio que Castro Alves se abeberou dos ideais republicanos, tornando-se um precursor da República, e avantajando-se aos setores mais arejados do pensamento liberal pela posição política assumida na defesa dos direitos do homem, na condenação a guerra e a tirania, e na exaltação dos heróis da pátria. Sua paixão pelos ideais republicanos provinha dos movimentos do caudilho Antônio Borges da Fonseca, um dos chefes da insurreição Praieira. Os comícios a que assistira no Recife lhe inspiraram o formoso poema - Pedro Ivo - a legendária figura da revolta praieira. Castro Alves amava o povo, e os seus melhores momentos de criação ele os exprimiu no meio das multidões. Sua poesia esteve presente nos inúmeros comícios políticos de que ele participou, e da tribuna protestou contra as violências policiais dirigidas contra o povo reunido em praça pública, protesto que imprimiu em um de seus versos mais conhecidos: "... a praça é do povo como o céu é do condor É antro onde a liberdade cria a águia ao seu calor!" Outra característica marcante de sua atividade política é a defesa do voto feminino. Sua coragem política é ilustrada pelo fato de ter sido uma das poucas figuras do tempo a abraçar uma causa considerada ingrata - a Abolição - que desencadeava a ira dos poderosos. É o grande poeta social, "nacionalista, humano e humanitário", como o definiu o historiador José Veríssimo, e sua maturidade se evidencia pelos magníficos poemas Os Escravos, compostos quando tinha ainda 18 anos. O caráter político de sua poética foi estudado em diversos trabalhos, dos quais se destacam uma série de conferências de Afrânio Peixoto (Castro Alves, o Poeta e o Poema, 1921), os livros: Trajetória de Castro Alves, de Edison Carneiro - 1937, já referido; ABC de Castro Alves, de Jorge Amado, 1941 e Poemas Revolucionários, coletânea de poesias organizada por Fernando Góes. Das obras biográficas, salientam-se ainda O Elogio de Castro Alves, de Rui Barbosa, 1881; Castro Alves e seu Tempo, de Euclides da Cunha, 1907; crônicas de Joaquim Nabuco, Agripino Grieco, Aidano do Couto Ferraz e Mario de Andrade. As obras de Castro Alves estão reunidas nos seguintes livros: Espumas Flutuantes, Bahia, 1870; Gonzaga ou a revolução de Minas, Drama, Bahia, 1876; Hinos do Equador, A Cachoeira de Paulo Afonso, Os Escravos e Traduções. O gênio poético de Castro Alves ultrapassa sua época. Ele teve a previsão da sociedade sem classes do futuro que saudou no poema O Vidente. Sua obra e sua vida constituem um empolgante exemplo de solidariedade humana, de luta pela conquista dos direitos do homem, um fanal a iluminar o caminho dos escritores e dos patriotas. VOZES D'ÀFRICA Deus! o Deus! onde estas que não respondes! Em que mundo, em que estrelas tu te escondes 2
  • 3. Embuçados nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde, desde então, corre o infinito... Onde estás, Senhor Deus? Qual Prometeu, tu me amarrastes um dia Do deserto na rubra penedia, Infinito gale!... Por abutre - me deste o sol ardente! E a terra de Suez - foi a corrente Que me ligaste ao pé... O cavalo estafado do Beduíno Sob a vergasta tomba ressupino, E morre no areal. Minha garupa sangra, a dor poreja, Quando o chicote do simum dardeja O teu braço eternal. Minhas irmãs são belas, são ditosas... Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas Dos haréns do Sultão. Ou no dorso dos brancos elefantes Embala-se coberta de brilhantes, Nas plagas do Indostão. Por tenda - tem os cimos do Himalaia... O Ganges amoroso beija a praia Coberta de corais... A brisa de Misora o céu inflama; E ela dorna nos templos do deus Brama, Pagodes colossais... Europa - é sempre Europa, a gloriosa!... A mulher deslumbrante e caprichosa, Rainha e cortesã. Artista - corta o mármore de Carrara; Poetisa - tange os hinos de Ferrara, No glorioso afã!... Sempre o laurel lhe cabe no litígio... Ora uma coroa, ora o barrete frigio Enflora-lhe a cerviz; O Universo após ela - doido amante Segue cativo o passo delirante Da grande meretriz. Mas eu, Senhor!... Eu triste, abandonada Em meio dos desertos desgarrada, Perdida marcho em vão! Se choro... bebe o pranto a areia ardente! Talvez... pra que meu pranto, ó Deus clemente, 3
  • 4. Não descubras no chão!... E nem tenho uma sombra na floresta... Para cobrir-me nem um templo resta No solo abrasador... Quando subo as pirâmides do Egito, Embalde aos quatro céus chorando grito: -- "Abriga-me, Senhor!..." Como o profeta em cinza a fronte envolve, Velo a cabeça no areal, que volve O siroco feroz... Quando eu passo no Saara amortalhada... Aí dizem: -- "Lá vai a África embuçada No seu branco albornoz..." Nem vêem que o deserto é meu sudário, Que o silêncio campeia solitário Por sobre o peito meu. Lá no solo, onde o cardo apenas medra, Boceja a Esfinge colossal de pedra, Fitando o morno céu. De Tebas nas colunas derrocadas As cegonhas espiam debruçadas O horizonte sem fim... Onde branqueja a caravana errante E o camelo monótono, arquejante, Que desce de Efraim... Não basta inda de dor, ó Deus terrível? E pois teu peito aterno, inexaurível De vingança e rancor? E que é que fiz, Senhor? que torvo crime Eu cometi jamais que assim me oprime Teu gládio vingador? Foi depois do dilúvio... Um viandante Negro, sombrio, pálido, arquejante, Descia do Arara... E eu disse ao peregrino fulminado: -- "Cam!... Serás meu esposo bem amado... Serei tua Eloá..." Desde esse dia o vento da desgraça Por meus cabelos ululando, passa O anátema cruel. As tribos erram do areal nas vagas, E o Nômade faminto corta as plagas No rápido corcel. 4
  • 5. Vi a ciência desertar do Egito... Vi meu povo seguir - Judeu maldito Trilho de perdição. Depois vi minha prole desgraçada, Pelas garras d`Europa arrebatada, - Amestrado falcão. Cristo! embalde morreste sobre um monte... Teu sangue não lavou da minha fronte A mancha original. Ainda hoje São, por fado adverso, Meus filhos - alimária do universo, Eu - pasto universal! Hoje em meu sangue a América se nutre: -- Condor, que transformara-se em abutre, Ave da escravidão. Ela juntou-se as mais... irmã traidora! Qual de José os vis irmãos, outrora, Venderam seu irmão! Basta, Senhor! De teu potente braço Role através dos astros e do espaço Perdão pra os crimes meus! Há dois mil anos eu soluço um grito... Escuta o brado meu lá no infinito, Meu Deus! Senhor, meu Deus!... CASTRO ALVES 5