Apresentação de António Dias de Figueiredo no Colóquio-Debate "Licenciaturas em Engenharia - Que Perfil?", da Ordem dos Engenheiros, Lisboa, 13 de Outubro de 1997.
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Reflexões sobre as Licenciaturas em Engenharia
1. Figueiredo, A. D. (1997) Reflexões sobre as Licenciaturas em Engenharia
Para o Terceiro Milénio, Apresentação no Colóquio-Debate “Licenciaturas em
Engenharia – Que Perfil?”, Lisboa, 13 de Outubro, 1997
Ordem dos Engenheiros
por
António Dias de Figueiredo
Departamento de Engenharia Informática
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
LICENCIATURAS EM ENGENHARIA - QUE PERFIL? COLÓQUIO - DEBATE
A. Dias de Figueiredo, LICENCIATURAS EM ENGENHARIA - QUE PERFIL?, COLÓQUIO - DEBATE Sede da Ordem dos Engenheiros, 13.10.97 * Acetato 1
2. Reflexões sobre as licenciaturas em Engenharia
1. Desafios de uma profissão em mudança
2. Quatro paradigmas para uma profissão
3. Engenharias vs Ciências
4. Engenharias vs profissões técnicas
5. Virtudes e vícios de um sistema
6. Estatuto profissional e credencialismo
7. Consequências para uma reflexão alargada
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3. 1. Desafios de uma profissão em mudança
ESTADOS UNIDOS - National Science Foundation
Engineering Education Coalitions
Lançadas na sequência do relatório
“Engineering Education for a Changing World”, 1994 (NSF, ASEE)
e da audição alargada promovida em Outubro de 1995 pelo
National Science Foundation Undergraduate Review Committee.
Oito consórcios de escolas de engenharia, cobrindo todos os
Estados Unidos, e com financiamentos da
National Science Foundation,
dedicam-se à reformulação da educação em Engenharia
(The Academy, ECSEL, Foundation, Gateway,
Focus:HOPE, SCCEME, SUCCEED, Synthesis)
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4. 1. Desafios de uma profissão em mudança
ESTADOS UNIDOS - ABET (Accreditation
Board for Engineering and Technology)
ABET Engineering Criteria 2000
Processo iniciado em 1995.
Agora na sua segunda edição, objecto de alargada discussão no meio profissional
e académico, prevê a publicação dos novos “Engineering Criteria 2000”
em Janeiro de 1998, para serem aplicados num ciclo de acreditação
de três anos, a começar em 1998/99 e a terminar em 2000/01.
Já está disponível uma versão provisória dos critérios, com propostas
de aplicação discriminadas pelas 24 especialidades de Engenharia
e um calendário de execução para o ciclo de três anos.
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5. 1. Desafios de uma profissão em mudança
AUSTRÁLIA - The Review of Engineering Education (1995/96)
Conselho Australiano de Reitores de Engenharia (Australian Council of Engineering Deans)
Ordem dos Engenheiros (The Institution of Engineers) e
Academia de Engenharia (The Australian Academy of Technological Sciences and Engineering)
Lançamento: 3 de Junho de 1995 / Relatório final: Junho de 1996.
Estabelecer uma visão e recomendar orientações e estratégias
para a educação em Engenharia para os anos 2010.
Examinar, relatar e fazer recomendações acerca da estrutura evolutiva da
educação em Engenharia na Austrália, com destaque para o nível profissional,
mas tendo em consideração a importância crescente da articulação, do
reconhecimento de aprendizagens anteriores e da educação contínua.
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6. 2. Quatro paradigmas para uma profissão
• A Engenharia como Ciência.
• A Engenharia como Projecto.
• A Engenharia como Realização.
• A Engenharia como Negócio.
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7. 2. Quatro paradigmas para uma profissão
Engenharia como Ciência Engineers as thinkers
A Engenharia como aplicação rigorosa das Ciências Básicas.
Prática fundada sobre os valores da lógica e do rigor, orientada para a
aquisição de saber pela experimentação e pela análise.
A criação de saber como actividade merecedora do
mais elevado reconhecimento intelectual.
A investigação como “modus operandi” preferencial.
As Ciências da Engenharia (Termodinâmica, Dinâmica dos Fluídos, Teoria
das Categorias, ...) são cruciais para esta perspectiva da Engenharia.
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8. 2. Quatro paradigmas para uma profissão
Engenharia como Projecto Engineers as integrators
A Engenharia como a arte do Projecto.
Pensamento sistémico em vez de pensamento analítico.
Prática fundada sobre representações holísticas, contextuais e
integradoras em vez de sobre representações parcializadas do mundo.
Respeito dos princípios do compromisso, da alternativa, da sintonia com a
envolvente socio-económica e material, da adequação às necessidades
do utilizador e da decisão baseada em conhecimento incompleto.
Importância chave da intuição e da experiência individual e colectiva,
conjugadas na justa medida com o rigor científico mas recorrendo
com frequência a modos de pensamento não científico.
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9. 2. Quatro paradigmas para uma profissão
Engenharia como Realização Engineers as makers
A Engenharia como arte da Concretização.
Fundada sobre a capacidade de levar à prática, de transformar
o mundo, vencendo obstáculos de toda a ordem
com flexibilidade, polivalência e determinação.
A arte do “homo faber”, na sua expressão mais pura,
a capacidade para “arregaçar as mangas” e “sujar as mãos”.
A obra concluída, que transforma o mundo, como merecedora
do mais elevado reconhecimento.
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10. 2. Quatro paradigmas para uma profissão
Engenharia como Negócio Engineers as traders
A Engenharia como parte integrante da realidade socio-económica.
O conceito de “engenheiro-gestor”.
Prática fundada sobre valores como os da satisfação dos clientes finais e
os do desempenho financeiro e de mercado.
Respeito pelo espírito empreendedor, pela necessidade de criação
de valor e pelo mercado com regulador das actividades.
Convicção de que a ciência e a técnica devem estar ao serviço da
obtenção de produtos e serviços que o mercado valoriza e
está disposto a pagar.
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11. 2. Quatro paradigmas para uma profissão
Algumas palavras chave para os quatro paradigmas
PROJECTO CIÊNCIA
• sistema • teoria
• equipa • modelo teórico
• modelo da solução • metodologia
• contrato • publicação
• recurso • comunicação
• compromisso • conferência
• estratégia
• produto • visão
• serviço • valor
• obra • cliente
• mercado
• produto
• preço
REALIZAÇÃO NEGÓCIO
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12. 2. Quatro paradigmas para uma profissão
Perfil dos Engenheiros das nossas Faculdades
PROJECTO CIÊNCIA
REALIZAÇÃO NEGÓCIO
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13. 3. Engenharia vs Ciência
“Sob o ponto de vista da ciência moderna, projecto não é nada,
mas sob o ponto de vista da engenharia projecto é tudo.
Representa a adaptação sistemática de meios para atingir
um fim previsto, a própria essência da engenharia.”
Edward Layton
“Um cientista descobre o que existe. Um engenheiro cria o que nunca existiu.”
Theodore von Kárman
“Com os tempos, o público e possivelmente a própria “classe educada”
acabarão por perceber que a engenharia não é mais uma ciência aplicada
(e por isso de segunda categoria) do que a ciência é uma engenharia teórica.”
C.R. Chaplin
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14. 3. Engenharia vs Ciência
“Observamos demasiados licenciados com uma percepção desadequada
do que é a Engenharia (contrastada com as Ciências da Engenharia) e de
como deve ser praticada, nomeadamente no actual contexto industrial em
mutação. Muito poucos dos nossos licenciados têm ideia do que é trabalhar
em equipa ou do que é fabricar um produto, seja ele qual for. São ainda
menos os que compreendem o processo de integração de sistemas em
larga escala que caracteriza a maior parte das situações da indústria actual.”
John McMasters
“O sucesso académico (medido pelos resultados dos testes e dos trabalhos
académicos) mostra pouca correlação com o desempenho profissional
(medido em termos de crescimento do salário ou do valor do empregado
para a empresa) .”
John McMasters
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15. 3. Engenharia vs Ciência
“Os estudantes que são considerados como os “melhores e mais brilhantes”
à luz de critérios de avaliação académicos são com frequência aqueles que
trabalharam mais intensivamente no ambiente académico altamente
competitivo das cadeiras segmentadas e especializadas, e são
frequentemente os pior preparados para trabalhar de forma cooperativa
em equipas de engenheiros incumbidos de construir sistemas
integrados complexos que sejam viáveis dos pontos de vista
económico e operacional.”
John McMasters
“A indústria continua a ser um parceiro limitado, e por vezes sub-utilizado,
no processo da educação em engenharia. Fazer meras injecções de
dinheiros no sistema é inadequado.”
John McMasters
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16. 4. Engenharia vs profissões técnicas
Pseudo-engenharias Profissões técnicas assumidas
PROJECTO CIÊNCIA PROJECTO CIÊNCIA
REALIZAÇÃO NEGÓCIO REALIZAÇÃO NEGÓCIO
NOTA - Estas representam importantes
referências complementares
para os engenheiros
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17. 4. Engenharia vs profissões técnicas
Em que se distingue o engenheiro?
• Visão sistémica e integradora.
• Capacidades de análise+síntese.
• Cultura profissional decorrente da interiorização da vivência
nos quatro quadrantes.
• Formação comportamental associada.
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18. 5. Virtudes e vícios de um sistema
Virtudes
• Preparação sólida em Ciências Básicas.
• Desenvolvimento de uma cultura científica.
Vícios
• Exclusividade quase total na preparação em Ciências Básicas.
• Desenvolvimento de uma cultura quase exclusivamente científica.
• Ignorância da missão e objectivos de uma
licenciatura em Engenharia e da missão e enquadramento
profissional dos futuros engenheiros.
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19. 6. Estatuto profissional e credencialismo
• MODELO DO CONTRATO SOCIAL - Os profissionais são
os guardiões da confiança pública. Têm uma contrato com a
sociedade: prestam-lhe serviços, e recebem em troca o direito
ao prestígio, à autonomia e à auto-regulação.
• As soluções dos engenheiros estão a mudar o mundo em que
vivemos. Saberão eles usar esse poder com sensatez?
• Como instilar na própria actividade escolar os valores,
atitudes e principios éticos da profissão, que confiram o
direito ao estatuto de profissional?
• Importância de uma ligação mais íntima entre as escolas e a
Ordem dos Engenheiros. Ritos iniciáticos.
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20. 7. Consequências para uma reflexão alargada
Inspiração no modelo australiano -
um ano de reflexão e debate sobre seis temas.
• Grupo de trabalho INTERACÇÃO COM OS ESTUDANTES.
• Grupo de trabalho INTERACÇÃO COM A INDÚSTRIA.
• Grupo de trabalho INTERACÇÃO COM A PROFISSÃO.
• Grupo de trabalho PROGRAMAS DE ENSINO.
• Grupo de trabalho SISTEMAS E POLÍTICAS INSTITUCIONAIS.
• Grupo de trabalho INTERACÇÃO COM A COMUNIDADE.
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21. Conclusões
• É importante e urgente uma reflexão alargada
sobre a missão das engenharias no próximo
milénio e sobre o papel que as Universidades
deverão desempenhar.
• É importante e urgente que os resultados dessa
reflexão contribuam para a renovação da formação
dos engenheiros em Portugal e para um melhor
esclarecimento do poder político e do cidadão
comum acerca da importância vital das
engenharias nos dias de hoje.
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