O documento discute o manejo sanitário de caprinos e ovinos de corte, abordando tópicos como higiene das instalações, separação de animais jovens, isolamento de animais doentes, vacinação, vermifugação e principais doenças que acometem esses animais, incluindo bacterioses, viroses, protozooses, artropodoses, verminoses e intoxicações.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA
DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO ANIMAL
MANEJO SANITÁRIO DE CAPRINO E OVINO
DE CORTE
PROF. ADELMO FERREIRA DE SANTANA
SALVADOR – BAHIA
2004
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SUMÁRIO
Manejo sanitário de caprino e ovino de corte................................................. 3
1. Intrdução....................................................................................... 3
2. Higiene das instalações ................................................................... 3
3. Separação dos animais jovens ......................................................... 3
4. Isolamento dos animais doentes....................................................... 4
5. Vacinação...................................................................................... 4
6. Vermifugação................................................................................. 4
7. Principais doenças .......................................................................... 6
7.1 Bacterioses ................................................................................. 6
7.2 Viroses ....................................................................................... 10
7.3 Protozooses ................................................................................ 11
7.4 Artropodoses .............................................................................. 12
7.5 Verminoses.................................................................................. 15
7.6 Doenças nutricionais ou metabólicas............................................... 15
7.7 Intoxicação por plantas................................................................. 17
8. Referências bibliográficas 18
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MANEJO SANITÁRIO DE CAPRINO E OVINO
1. INTRODUÇÃO
A importância da saúde do rebanho relaciona-se à produção,
pois é preciso que os animais estejam sadios para que possam
expressar todo seu potencial genético e responder às técnicas de
manejo utilizadas, e neste caso, nas espécies caprina e ovina as
doenças parasitárias assumem especial destaque.
2. HIGIENE DAS INSTALAÇÕES
A higiene das instalações é importante sob o ponto de
vista sanitário, pois, evita a disseminação de doenças no
rebanho. Deve-se raspar e varrer as fezes dos animais
periodicamente, do piso do aprisco e currais para impedir a
propagação de doenças. Convém-se prestar atenção para
limpeza de bebedouros, saleiros e comedouros.
3. SEPARAÇÃO DOS ANIMAIS JOVENS
Os animais jovens devem ser mantidos separados dos
animais adultos, considerando-se que os primeiros são mais
sensíveis às doenças, enquanto os últimos são mais resistentes,
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e pode ocorrer caso em que os adultos, aparentemente sadios,
funcionem como agentes disseminadores das doenças.
4. ISOLAMENTO DOS ANIMAIS DOENTES
Em caso de animais acometidos por doenças infecto-
contagiosas deve-se fazer o isolamento dos animais. Para isto é
conveniente ter uma instalação apropriada para colocar os
animais doentes durante o processo de tratamento até a cura
total dos mesmos.
5. VACINAÇÃO
Poucas são as doenças que acometem os caprinos e ovinos
que podem ser controladas com o uso de vacinas, entre elas a
Raiva, Linfadenite Caseosa e Enterotoxemia são as que mais
merecem ser destacadas. A Raiva e a Enterotoxemia são
controladas por vacina aplicada anualmente. A Linfadenite deve
ser utilizada a cada ano, podendo ser vacinados animais a partir
de dois meses de idade.
6. VERMIFUGAÇÃO
A incidência de verminose é comum em caprinos. Os animais
doentes ficam fracos, apresentam diarréia, perdem o apetite e
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ficam com os pelos arrepiados e sem brilho. Os prejuízos
observados são: diminuição de fertilidade, crescimento
retardado, queda da produção de leite e aumento da
mortalidade, especialmente em animais jovens. O controle das
verminoses deverá ser feito através de vermifugação a cada
quatro meses, iniciando-se com cabritos aos 30 a 35 dias de
nascidos. Recomenda-se a troca do vermífugo a cada três
aplicações, podendo ser usado os seguintes produtos: Ripercol,
Panacur, Ivomec, Albendozole e etc. Deve-se proceder três
vermifugações a cada ano seguindo o esquema a baixo:
• Primeira vermifugação - no início do período chuvoso (mês
de novembro).
• Segunda vermifugação - no final do período chuvoso (mês
de abril).
• Terceira vermifugação - no meio do período seco (mês de
agosto).
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7. PRINCIPAIS DOENÇAS
O criador deve estar atento às alterações no criatório, pois
muitas vezes, só após consideráveis perdas, são adotadas certas
medidas, sempre de custos elevados devido a compras de
medicamentos.
7.1 Bacterioses
• Linfadenite Caseosa
Abscessos de caprinos e ovinos caracterizam-se por necrose
caseosa, principalmente dos gânglios linfáticos superficiais; daí a
sinonímia: linfadenite caseosa e mal do caroço. A doença assume
grande importância pelos prejuízos econômicos decorrentes de
queda na produtividade, morte de animais e condenação de
carcaças no abatedouro. A infecção ocorre através da pele,
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umbigo, feridas de castração e outras, pelo contato com a
secreção de linfonodos rompidos a partir da pele, ocorre
disseminação para os linfonodos, onde há multiplicação e
acúmulo de bactérias. A bactéria pode atingir e se instalar em
outros órgãos.
A doença é geralmente de caráter crônico, contagioso,
podendo resultar em morte. Para melhor controle, os animais
clinicamente afetados devem ser observados antes da supuração
e aplicado diretamente no caroço solução de álcool iodado. Na
prevenção, evita-se a entrada em rebanhos livres de animais
clinicamente afetados e a vacinação de todo rebanho inclusive
os jovens a partir de dois meses de idade.
• Salmonelose
Em caprinos jovens, são capazes de provocar
gastroenterite, com febre e severa diarréia. A doença em adultos
pode surgir com a introdução de novos animais no rebanho,
“stress” devido a exposição ou transporte. É responsável por
abortos. O diagnóstico diferencial de outras doenças é feito por
isolamento do agente. As principais drogas utilizadas no
tratamento são: penicilina, estreptomicina, tetraciclina e etc.
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• Colibacilose
Afeta principalmente os jovens e aumenta de importância
quando se confinam os animais. A infecção se dá pelas vias oral
e umbilical. A doença manifesta-se por diarréia, desidratação,
coma e morte. Às vezes ocorre de forma superaguda, com morte
dentro de poucos dias. Em cursos mais prolongados, ocorre a
forma entérica, com diarréia. A forma crônica resulta geralmente
em artrite.
Assegurar a ingestão de colostro logo após o nascimento é
o mais importante no controle. A cura de umbigo feita logo após
o nascimento, introduzindo-o em vidro de boca larga contendo
tintura de iodo, é outro fator imprescindível. Evitar
superpopulação e procurar dividir os animais em grupos por
idades; limpar regularmente as instalações; constituir os cochos
e bebedouros de forma a minimizar o perigo de contaminação
fecal, mantê-los limpos e desinfetá-los constituem práticas que
reduzem o risco de ocorrência não só da colibacilose mas de
muitas outras doenças.
• Enterotoxemia
É causada por uma bactéria que habita normalmente o trato
digestivo dos ruminantes e, sob dadas condições, ainda não bem
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conhecidas, prolifera rapidamente e produz grandes quantidades
de toxinas, que são absorvidas.
Os fatores predisponentes podem ser apontados como
sendo: troca súbita de alimentos, ingestão de grande quantidade
de forrageiras muito palatáveis ou ingestão de alimento fibroso,
deficiência de cálcio e outros elementos podem funcionar como
coadjuvantes. Os sintomas constituem-se de depressão,
incoordenação, andar vacilante, prostração e morte. às vezes
ocorre somente diarréia.
• Conjuntivite
É uma doença que acomete a conjuntiva dos olhos dos
animais, podendo causar cequeira, sendo altamente contagiosa
acometendo um grande número de animais e,
conseqüentemente, prejuísos elevados. O tratamento é feito com
o uso de Terra-cortril, Quemisulfan e Solução de nitrato de prata
a 4 % etc. Os animais doentes devem ser tratados
isoladamente, para evitar a contaminação do resto do rebanho.
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7.2 Viroses
• Ectima contagioso ou boqueira
A doença é altamente infecciosa e caracteriza-se por lesões
pruriginosas pustulares e formação de crostas nas narinas e na
boca dos animais. Lesões no úbere também podem ocorrer,
predispondo à mamite. A doença afeta caprinos e ovinos,
causando prejuízos econômicos. As crias geralmente adquirem a
doença do úbere das cabras. O aparecimento de surtos
geralmente é resultado da introdução de novos animais ou de
exposições agropecuárias. Após um surto, o material proveniente
das lesões pode permanecer infectante por muitos anos no
ambiente. No início de um surto, os animais doentes devem ser
isolados e tratados.
• Raiva
A raiva dos herbívoros é transmitida por morcegos
hematófagos, que funcionam como reservatórios naturais do
vírus. A sintomatologia não difere muito daquela observada na
espécie bovina. Seguindo um período de excitabilidade de
duração e intensidade variáveis, ocorrem fenômenos de
paralisias que dificultam a deglutição e provocam incoordenações
das extremidades. Os animais morrem dentro de poucos dias. A
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vacinação é aconselhada em caso de morte de animais, num raio
de 15 km de distância do local.
7.3 Protozooses
• Eimeriose
Também conhecida por coccidiose. Assume maior
importância à medida que os animais são confinados. Afeta
principalmente animais jovens. A Eimeriose provoca alta
morbidade em animais com menos de seis meses de idade.
Diarréia, anemia, desidratação, emaciação e inapetência são
comuns. Pode ocorrer infecção secundária, levando à
pneumonia. Há comprometimento permanente da capacidade de
absorção intestinal, com atraso no desenvolvimento e queda de
produtividade. A prevenção consiste em evitar superpopulação,
contaminação de comedouros e bebedouros com fezes,
drenagem de áreas alagadas, onde os animais tenham acesso, e
higienização.
• Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma zoonose que afeta animais silvestres
e domésticos e dentre estes os herbívoros são particularmente
importantes, já que se contaminam pelos oocistos eliminados no
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solo e pastagens pelos felídeos. A transmissão da toxoplasmose
dá-se principalmente de três formas: transplacentária, por
ingestão de carne e leite e por contaminação fecal. A
toxoplasmose pode ser responsável por abortos. Os fetos podem
se apresentar mumificados ou macerados e serem eliminados
sob a forma de restos não identificáveis, ou não serem
eliminados. Os ciclos estrais de algumas fêmeas, às vezes,
mostram-se anormais devido à reabsorção embrionária.
A prevenção se faz eliminando a fonte de infecção, ou seja,
afastando os gatos e outros felinos do convívio com os caprinos.
A prevenção humana baseia-se no controle da infecção animal,
cuidados básicos de higiene, evitando a ingestão de oocistos e
processamento adequado de carnes e leite para o consumo.
7.4 Artropodoses
• Sarna auricular
A doença inicia-se na face interna do pavilhão e progride
para o bordo da orelha. Observa-se formação de crostas, sob as
quais se encontra o parasito em todos os estádios evolutivos,
desde ovo até adulto. Como decorrência desta parasitose,
observa-se queda no desempenho produtivo dos animais, devido
ao intenso prurido que os deixa abatidos e inapetentes, podendo
levá-los à morte.
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Na profilaxia da doença, animais a serem introduzidos no
rebanho devem ser examinados clinicamente. O controle é feito
com inspeção periódica dos animais. Animais afetados devem ser
tratados com remoção das crostas, limpeza da área e uso tópico
de inseticidas, repelentes e cicatrizantes.
• Sarna demodécica
Também conhecida por “bexiga”. A doença se caracteriza
pelo surgimento de nódulos na pele, que varia de 0,2 a 1,8 cm
de diâmetro e se localizam principalmente nas regiões cervical,
peitoral e torácica. Estes nódulos, ao serem abertos e
comprimidos, mostram um conteúdo purulento. Os prejuízos
econômicos da afecção decorrem principalmente dos danos na
pele, causados pelas lesões. O tratamento pode ser feito com
Ivomec injetável. Na profilaxia, evita-se a entrada de animais
afetados no rebanho.
• Infestação por piolhos
Também denominada pediculose. Os piolhos causam
irritação aos animais, levando-os a se coçarem, roçarem nas
cercas e troncos de árvores, o que pode ocasionar a escarificação
da pele e conseqüente invasão bacteriana. A conseqüência
desses efeitos é a queda de produtividade dos animais. Na
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prevenção, animais a serem introduzidos em rebanhos livres são
inspecionados e, se afetados, tratados. No estabelecimento de
um controle, todos os animais devem ser examinados e, se
necessário, tratados. Recomenda-se o tratamento com
inseticidas. Tanidil em pó é excelente no combate dos piolhos.
• Miíase ou bicheira
Também conhecida por bicheira, é causada por larvas de
moscas conhecidas vulgarmente como varejeiras. São moscas de
coloração metálica azul-esverdeada. A mosca se instala em
feridas recentes na pele do animal. geralmente decorrentes de
umbigo mal tratado, castração e outros ferimentos. Causam
irritação ao animal, com emagrecimento e queda no
desempenho. Provocam cicatrizes na pele, com prejuízos devido
à desvalorização pela indústria coureira. Previne-se a instalação
de miíase tratando adequadamente as feridas. Se já instalada,
deve-se remover larvas, limpar o local e aplicar inseticida,
repelentes e cicatrizantes.
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7.5 Verminose
• Verminose
A ação dos parasitas ou vermes gastrintestinais decorre em
má digestão e absorção dos alimentos, baixa conversão
alimentar, retardo do crescimento, diarréia, mucosas pálidas,
pelos arrepiados, perda de peso, distensão abdominal, edema
submandibular, prostração e as vezes morte. A atenção especial
deve ser dispensada ao trato do esterco, que pode atuar como
reservatório de larvas.
7.6 Doenças nutricionais e metabólicas
• Urolitíase
Segundo a literatura, alguns fatores podem ser apontados
como responsáveis pelo aumento da incidência de cálculo renal
em caprinos e ovinos. Dentre eles destacam-se: dieta com alto
nível de fósforo e baixo em cálcio (inclusive relacionado ao uso
de dieta rica em grãos): presença sílica na ração; uso de
bicarbonato de sódio adicionado ao concentrado; e ingestão de
pequenas quantidades de água. Elevado nível de fósforo na
urina, acompanhado por concomitante decréscimo no nível
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urinário de cálcio ou magnésio, ou ambos, têm sido associados à
urolitíase fosfática por diversos setores.
A síndrome inclui espádua encurvada, membros posteriores
rígidos e evidência de dor quando o animal se movimenta.
Ocorrem complicações quando há obstrução da uretra, incluindo
ruptura de bexiga ou uretra, uremia e morte. No controle,
carbonato de cálcio, cloreto de cálcio e cloreto de amônio têm
sido usados com sucesso em ovinos e caprinos.
• Hipoglicemia
Também conhecida por toxemia da gestação, acetonemia
ou cetose. É causada por deficiência no metabolismo de
carboidratos no final da gestação ou início da lactação. Afeta
geralmente os animais mais produtores do rebanho, pois estes
desprendem maior quantidade de suas reservas de glicose e
glicogênio.
Os sintomas se constituem de depressão, andar vacilante,
odor de cetona no ar exalado à respiração, na urina e no leite. A
prevenção é feita mantendo-se níveis adequados de energia na
alimentação das matrizes no terço final da gestação. O
tratamento consiste na administração endovenosa de 50 a 150
ml de solução de dextrose a 50 %.
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• Hipocalcemia
Também conhecida como febre do leite ou paresia pós-
parto. Atinge fêmeas recém-paridas com alta produção de leite,
que perdem grande quantidade de cálcio na gestação e lactação.
Os animais afetados mostram-se com andar vacilante,
constipação, decúbito esternal, coma e morte. A prevenção é
feito com o uso de rações balanceadas para cálcio e fósforo,
durante todas as fases de produção. No tratamento
administram-se 50 a 100 ml de solução de gluconato de cálcio
20 a 30 %, via endovenosa.
7.7 Intoxicação por plantas
Em relação as plantas tóxicas para caprinos e ovinos
podemos citar o canudo, salsa, batatão etc. Devemos lembrar
que estas plantas apenas são consumidas, principalmente,
quando há escassez de alimentos. Quando existe bastante
forragens a ingestão é limitada ou quase nula, pois, as mesmas
apresentam palatibilidade muito baixa.
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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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