2. São todos aqueles sentimentos
que, causando mudança nas
pessoas, fazem diferir seus
julgamentos
3. Não são entendidas aqui
como virtudes ou vícios
permanentes, mas estão
relacionadas com situações
transitórias, provocadas pelo
orador.
4. A paixão é a própria alteridade, a
alternativa que não se fará passar
por tal, a relação humana que põe
em dificuldade o homem e,
eventualmente, o oporá a si
mesmo. Compreende-se, nessas
condições que a paixão remete as
soluções opostas, aos conflitos, a
diferença entre os homens. A
oponibilidade que une e desune
5. Se há paixão há ação e, ao
mesmo tempo, um agente,
uma causa eficiente que
para realizá-la, para
produzi-la não pode ter sido
simplesmente natural - o
que leva a uma ordem do
humano.
6. A razão é uma paixão
refletida, portanto
contida, subordinada
a um fim pensado.
7. Na Ética, há a alegria, o desejo ou o
pesar, que são estados de alma da
pessoa considerada isoladamente,
por assim dizer, ou em todo o caso
tomada em sua temporalidade
individual. Na Retórica, ao contrário,
as paixões passam por resposta a
outra pessoa, e mais precisamente
a representação que ela faz de nós
em seu espírito.
8. Aristóteles na Retórica mostra
que as paixões constituem um
teclado no qual o bom orador
toca para convencer.
Um crime horrível deverá suscitar indignação ao
passo que um delito menor, absolutamente
perdoável, deverá ser julgado com compaixão. Para
despertar tais sentimentos, é preciso conhecer os
que existem antes de tudo no instigador do auditório.
9. CÓLERA.
É o reflexo de uma diferença entre
aquele que se entrega e aquele ao qual
ela se dirige. Por essa razão, acha-se na
dependência dessa lógica da identidade
e da diferença, a qual caracteriza a
retórica relação retórica. A cólera é um
brado contra a diferença imposta,
"injusta" ou como tal sentida
10. CALMA.
A calma é uma verdadeira paixão porque
reflete, interioriza uma certa imagem que
o outro forma de nós, de sorte que, ao
mesmo tempo, agimos sobre ele,
mantendo (ou encontrando) nossa calma
a seu respeito. Dai sua função retórica.
Ela recria a simetria. e,
consequentemente, o contrario e talvez
mesmo o antídoto da cólera.
11. O AMOR E O ÓDIO.
O amor, ou a amizade, é um vinculo de
identidade mais ou menos parcial. É o
próprio lugar da conjugação, da
associação - ao contrário do ódio,
puramente dissociador.
A distância entre os indivíduos se revela
insignificante, o que afinal torna o amor e
o ódio tão violentos.
12. A SEGURANÇA E O TEMOR
O temor e a confiança pressupõem uma
diferença materializada por uma assimetria
na relação.
Tememos os fortes, não os fracos.
A segurança provém de uma certa
superioridade tanto sobre as coisas quanto
sobre as pessoas, de um afastamento,
suposto ou real, relativamente ao que pode
ser prejudicial
13. A VERGONHA E A IMPUDÊNCIA.
Duas formas de relacionamento com outrem,
de reação à imagem que o outro faz de nós,
formas que são bastante reais.
Na vergonha há inferioridade
Na impudência há superioridade
Na vergonha a interiorização do olhar do
outro devolve-me uma imagem inferior de
mim mesmo.
A impudência, ao contrário, consagra
praticamente a não-essencialidade do outro.
14. O FAVOR
A obsequiosidade é uma resposta a
outrem, atende à sua pretensão, ao
seu caráter passional: é prestar
serviço, descobrir a necessidade
alheia, entendendo-se que quem
responde dessa maneira não o faz por
interesse. O favor exprime uma
relação assimétrica que deseja
suprimir.
15. A COMPAIXÃO E A INDIGNAÇÃO
A piedade volta-se para aqueles que estão
relativamente próximos, mas não em
demasia, sendo de temer que sua sorte
negativa nos atinja.
Indignação reflete a não aceitação (moral)
do espetáculo das paixões, de sua
desordem.
16. A INVEJA, A EMULAÇÃO E O DESPREZO.
A inveja e emulação dirigem-se para os iguais, A
inveja quer tirar do outro o que ele tem, a
emulação quer imitá-lo. São reações que
tendem a prolongar a simetria ou criá-la, visto
que uma deseja gerar a diferença, a outra, a
identidade.
O desprezo tende para a ruptura.
A inveja una os iguais, mas não suscita a
comunhão. Os iguais já estão próximos e a
inveja assinala de preferência a diferença
Desprezo (desdém, difamação e ultraje)
17. A INVEJA, A EMULAÇÃO E O DESPREZO.
A inveja e a emulação dirigem-se para os iguais.
A inveja quer tirar do outro o que ele tem.
A emulação quer imitá-lo.
São reações que tendem a prolongar a simetria ou
criá-la, visto que uma deseja gerar a diferença, a
outra, a identidade.
O desprezo tende para a ruptura.
A inveja una os iguais, mas não suscita a
comunhão. Os iguais já estão próximos e a inveja
assinala de preferência a diferença
Desprezo (desdém, difamação e ultraje)