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CAPfTULO DaIS
;ACARAO

E

SEUS

POVOADORES

SUAS OCUPACOES
Os escafandristas de nossa Historia nao san concordes
quanto ao povoamento do Ceara, isto e, quanta a epoca em
que come<;aram a chegar ao solo cearense os seus primeiros
habitantes, e em que os mesmos se ocupavam.
Figuras exponenciais da nossa literatura hist6rica tern
divergido de opiniao, no trato cteste importante setor da vida
s6cio-economica das comunidades cearenses.
E assim que, enquanto Joao B'Dgido, em sua obra inti.
tulada CEARA - HOMENS E FATOS, afirma que esse povoamento teve inicio no tempo da guerra holandesa, quando "0
interior do Ceara come<;ou a receber popula<;ao de origein
portuguesa e muitas familias tiverarn de abandonar 0 lito.
ral para viver nas matas ocupando-se de plarnu<;;ao, ou no
sertao, criando gado", AntOnio Bezerra, citado pOl' Alcantara
Nogueira, "com documenta<;ao farta e analise penetrante, poe
por terra a afirma<;ao de Joao Brigido, provando que 0 Ceara
s6 foi povoado no interior a partir de 1678 exatamente quando tern inicio as datas de sesmaria da Capitania". (IGUATU,
pag.15.)
Em que pese, no entanto, a assertiva de Antonio Bezerra,
cognomina do 0 "Sabio Cearense", pode admitir.se que os fugi.
tivos da invasao holandesa, na pressa de se afastarem da zona
perigosa, foram se fixando aqui e ali, como puderam e, somente depois de algum tempo, trataram de aproveitar a con·
cessao das Datas de Sesmaria, "para entao se localizarem definitivamente, legalizando, assim, suas posses de terra.
Pelo
menos
assim que ainda hoje se procede por aqui: ocupa.se
urn peda~o das chamadas terras devoluMs ou terras nacionais,
er depois de alguns anos de oeupa<;ao requer-se uma justifies-

e
<;ao de posse, que, geralmente, depois das formalidades legais,
concedida "mansa e pac'ificamente".
.
MinaI de contas, vai aqui apenas uma hip6tese a qual
embora tenha a sua 16gica, nao yak pOl' uma afirmativa, para
a quaL nos falece autoridade e conhecimento, acrescendo que
a concessao de Datas de Sesmaria era urn caso diferente ..
No que alude ao povoamento do Baixo Acaratl, e, portanto, deste vasto municipio litonlneo, escreve 0 eminente histo~
riador Barao de StudaJ;!,e:tn ~sua, Q:EQGRAFIA DO CEARA'
- "Diz.se que os fundadores e primeiros habitantes do Aca
rau foram p~scadores vindo$ d9 ~ul, os qnais, ai cheg~ndo, se
situaram no lugar denominado "Presidio"., na costa deonde
se passaram para 0 local da atual cidade".
Cruz Filho, pm-em, em sua HISToRIA DO CEARA, vem
confirmar 0 pensamento de Joao Brigido, afirmando: - "0
povoamento do territ6rio cearense como 0 de todo 0 Nordeste>
brasileiro, teve como principal fator a cria~ao de gada v'acum
e cavalar, cujo desenvolvimento nlpido era garantido pelos
vastos campos sertanejos cobertos de abundantes pastagens".
E 0 eminente historiador Gustavo Barroso diz que" 0 povoamento foi se fazendo ao longo dos rios, 0 gada acornpanhando a marcha do homem e ate 0 precedendo".
Ora, acontece que as praias de Acarau, que se estendem
de$de a ponta de Jericoacoara (Buraco das Tartarugas), ate
a enseada de Patos, em virtude das dunas ou meaoes que se
localizam ao longo de todo 0 nosso Htoral, nunca se prestaram a pesca usada naqueles remotos tempos. E, segundo afir.
ma~ao do jornalista acarauense, Francisco Ewerton da Silva
Lopes, profundo conhecedor das coisas acarauenses", somente
depois de vulgarizada a pesca pOI'meio de curr71"is; para a qual
se adapta perfeitamente a pouca profundidade de nossas aguas
litonlneas, e que se passou a exercer a pesca entre n6s,dado~
os proventos, largamente compensadores, dai oriundo".
E 0 ilustre professor Renato Braga, embora dizendo que
o topanhno de Acaracu "nasce da rfqueza pisdcola dessc
trecho do lit oral cearense, propiciador de abundanfes pesca.
rias aos indios e aos navegantes", afirma tambem que, "quando surgiu a industria de carne.seca, em taruo da qual girou
tada a economia setecentista do Nordeste pastoril, coubea
esse lugarejo, centraliza-Ia ao norte da Capitania", 0" que te.
mos oportunidade de comentar em outro local desta monografia.
AMm do que fica dito, 0 municipio de Acarau se estende
ate tuna ,distancia de cento e cinquenta quilOmetros,ao, suI

e
da orIa oceanica. E tal distancia dificultaria, de muito, a pescaria maritima para os habitantes da parte meridional dQ.
comuna.
,
Diante do que fi~i~ljseito, e raz~el
pensar-se que os
nossos primeiros povoaaores ocupavam-se da lavoura e da
pecmiria, e nao da pesca. Esta provavc1ment~ vein depois. ou.
pelo menos, somente mais tarde se foi intensificando, isto e.
seu exercicio teve come<;o pOl' uma diminuta minoria da populagao, e a medida que a procura do pescado ia aumentando no
mercado, a populagao praieira ia procurando meios mais; eficientes de pescaria, ~te 0 uso dos currais, armadilhas que
dcsde principios do seculo XIX vern sendo utilizadas pelos
1l0SS0S homens do mar, com magnificos resultados
Foi gra<;as a pescaria de currais, que tivemos 0 saboroso
Camurupim, principal especime da nossa fauna marinha. E
foi pelo emprego do curral. que a industria da pesca chegou
a representar uma se'llsivel influencia na balan<;a economica
do municipio, tal como vem acontecendo.

Passamos, agora, ao tronco geneal6gico do municipio de
Acarau. E chamamos tronco, porque, tal como diz Saul de Navarro, "a Genealogia, tendo pOI' simbolo uma arvore, e a raiz
de uma nacionalidade, que surge da familia, como a fIor e 0
[ruto de geragao, e cuja fronde representa a Patria em sua
smtese".
Diversas das familias que constituem a raiz geneal6gica
do municipio de Acarau, procedem de cidadaos estrangeiros.
cnnforme a rela<;ao seguinte.
FAMtLIA DOMINGUES REGADAS Eo originaria de'
Vila-Nova de Gaia, em Portugal, atraves de Jose Domingues
Rcgadas, que aqui trahalhou no alto comercio.
FAMILIA FER~EIRA - Deriva de Sao Juliao de Lage,
Arcebispado de Praga, em Portugal, pOl' intermedio de Anto,
nio Jose Ferreira.
FAMtLIA FERREIRA GOMES - Eo tambem de origem
lusitana, atraves dos capitaes Bernardino Ferreira Gomes e
Domingo~ Ferreira Gomes, e descende de Leiria, onde foi edific.da a celebre Basilica de Nossa Senhora de Fatima.
FAMILIA GONCALVES - Oriunda de Portegado, na Es.
panha, atraves de Modesto Francisco Gon<;alves. que foi alto
l.:omerciante e chefe politico nesta cidade.
FAMILIA GIFFONI - Provem de Napolis, na Italia, por

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  • 1. CAPfTULO DaIS ;ACARAO E SEUS POVOADORES SUAS OCUPACOES Os escafandristas de nossa Historia nao san concordes quanto ao povoamento do Ceara, isto e, quanta a epoca em que come<;aram a chegar ao solo cearense os seus primeiros habitantes, e em que os mesmos se ocupavam. Figuras exponenciais da nossa literatura hist6rica tern divergido de opiniao, no trato cteste importante setor da vida s6cio-economica das comunidades cearenses. E assim que, enquanto Joao B'Dgido, em sua obra inti. tulada CEARA - HOMENS E FATOS, afirma que esse povoamento teve inicio no tempo da guerra holandesa, quando "0 interior do Ceara come<;ou a receber popula<;ao de origein portuguesa e muitas familias tiverarn de abandonar 0 lito. ral para viver nas matas ocupando-se de plarnu<;;ao, ou no sertao, criando gado", AntOnio Bezerra, citado pOl' Alcantara Nogueira, "com documenta<;ao farta e analise penetrante, poe por terra a afirma<;ao de Joao Brigido, provando que 0 Ceara s6 foi povoado no interior a partir de 1678 exatamente quando tern inicio as datas de sesmaria da Capitania". (IGUATU, pag.15.) Em que pese, no entanto, a assertiva de Antonio Bezerra, cognomina do 0 "Sabio Cearense", pode admitir.se que os fugi. tivos da invasao holandesa, na pressa de se afastarem da zona perigosa, foram se fixando aqui e ali, como puderam e, somente depois de algum tempo, trataram de aproveitar a con· cessao das Datas de Sesmaria, "para entao se localizarem definitivamente, legalizando, assim, suas posses de terra. Pelo menos assim que ainda hoje se procede por aqui: ocupa.se urn peda~o das chamadas terras devoluMs ou terras nacionais, er depois de alguns anos de oeupa<;ao requer-se uma justifies- e
  • 2. <;ao de posse, que, geralmente, depois das formalidades legais, concedida "mansa e pac'ificamente". . MinaI de contas, vai aqui apenas uma hip6tese a qual embora tenha a sua 16gica, nao yak pOl' uma afirmativa, para a quaL nos falece autoridade e conhecimento, acrescendo que a concessao de Datas de Sesmaria era urn caso diferente .. No que alude ao povoamento do Baixo Acaratl, e, portanto, deste vasto municipio litonlneo, escreve 0 eminente histo~ riador Barao de StudaJ;!,e:tn ~sua, Q:EQGRAFIA DO CEARA' - "Diz.se que os fundadores e primeiros habitantes do Aca rau foram p~scadores vindo$ d9 ~ul, os qnais, ai cheg~ndo, se situaram no lugar denominado "Presidio"., na costa deonde se passaram para 0 local da atual cidade". Cruz Filho, pm-em, em sua HISToRIA DO CEARA, vem confirmar 0 pensamento de Joao Brigido, afirmando: - "0 povoamento do territ6rio cearense como 0 de todo 0 Nordeste> brasileiro, teve como principal fator a cria~ao de gada v'acum e cavalar, cujo desenvolvimento nlpido era garantido pelos vastos campos sertanejos cobertos de abundantes pastagens". E 0 eminente historiador Gustavo Barroso diz que" 0 povoamento foi se fazendo ao longo dos rios, 0 gada acornpanhando a marcha do homem e ate 0 precedendo". Ora, acontece que as praias de Acarau, que se estendem de$de a ponta de Jericoacoara (Buraco das Tartarugas), ate a enseada de Patos, em virtude das dunas ou meaoes que se localizam ao longo de todo 0 nosso Htoral, nunca se prestaram a pesca usada naqueles remotos tempos. E, segundo afir. ma~ao do jornalista acarauense, Francisco Ewerton da Silva Lopes, profundo conhecedor das coisas acarauenses", somente depois de vulgarizada a pesca pOI'meio de curr71"is; para a qual se adapta perfeitamente a pouca profundidade de nossas aguas litonlneas, e que se passou a exercer a pesca entre n6s,dado~ os proventos, largamente compensadores, dai oriundo". E 0 ilustre professor Renato Braga, embora dizendo que o topanhno de Acaracu "nasce da rfqueza pisdcola dessc trecho do lit oral cearense, propiciador de abundanfes pesca. rias aos indios e aos navegantes", afirma tambem que, "quando surgiu a industria de carne.seca, em taruo da qual girou tada a economia setecentista do Nordeste pastoril, coubea esse lugarejo, centraliza-Ia ao norte da Capitania", 0" que te. mos oportunidade de comentar em outro local desta monografia. AMm do que fica dito, 0 municipio de Acarau se estende ate tuna ,distancia de cento e cinquenta quilOmetros,ao, suI e
  • 3. da orIa oceanica. E tal distancia dificultaria, de muito, a pescaria maritima para os habitantes da parte meridional dQ. comuna. , Diante do que fi~i~ljseito, e raz~el pensar-se que os nossos primeiros povoaaores ocupavam-se da lavoura e da pecmiria, e nao da pesca. Esta provavc1ment~ vein depois. ou. pelo menos, somente mais tarde se foi intensificando, isto e. seu exercicio teve come<;o pOl' uma diminuta minoria da populagao, e a medida que a procura do pescado ia aumentando no mercado, a populagao praieira ia procurando meios mais; eficientes de pescaria, ~te 0 uso dos currais, armadilhas que dcsde principios do seculo XIX vern sendo utilizadas pelos 1l0SS0S homens do mar, com magnificos resultados Foi gra<;as a pescaria de currais, que tivemos 0 saboroso Camurupim, principal especime da nossa fauna marinha. E foi pelo emprego do curral. que a industria da pesca chegou a representar uma se'llsivel influencia na balan<;a economica do municipio, tal como vem acontecendo. Passamos, agora, ao tronco geneal6gico do municipio de Acarau. E chamamos tronco, porque, tal como diz Saul de Navarro, "a Genealogia, tendo pOI' simbolo uma arvore, e a raiz de uma nacionalidade, que surge da familia, como a fIor e 0 [ruto de geragao, e cuja fronde representa a Patria em sua smtese". Diversas das familias que constituem a raiz geneal6gica do municipio de Acarau, procedem de cidadaos estrangeiros. cnnforme a rela<;ao seguinte. FAMtLIA DOMINGUES REGADAS Eo originaria de' Vila-Nova de Gaia, em Portugal, atraves de Jose Domingues Rcgadas, que aqui trahalhou no alto comercio. FAMILIA FER~EIRA - Deriva de Sao Juliao de Lage, Arcebispado de Praga, em Portugal, pOl' intermedio de Anto, nio Jose Ferreira. FAMtLIA FERREIRA GOMES - Eo tambem de origem lusitana, atraves dos capitaes Bernardino Ferreira Gomes e Domingo~ Ferreira Gomes, e descende de Leiria, onde foi edific.da a celebre Basilica de Nossa Senhora de Fatima. FAMILIA GONCALVES - Oriunda de Portegado, na Es. panha, atraves de Modesto Francisco Gon<;alves. que foi alto l.:omerciante e chefe politico nesta cidade. FAMILIA GIFFONI - Provem de Napolis, na Italia, por