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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA ENGENHARIA E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
TRABALHO DE GRADUAÇÃO
ESTUDO SOBRE OS CONDICIONANTES DE ALAGAMENTOS NA
AVENIDA FERNANDO CORRÊA DA COSTA, CUIABÁ/MT
ABSSA PRADO ZORZO
CUIABÁ/MT
04 DE FEVEREIRO DE 2015
1
ABSSA PRADO ZORZO
ESTUDO SOBRE OS CONDICIONANTES DE ALAGAMENTOS NA
AVENIDA FERNANDO CORRÊA DA COSTA, CUIABÁ/MT
Trabalho de Graduação submetido ao Corpo
Docente da Faculdade de Arquitetura, Enge-
nharia e Tecnologia da Universidade Federal
de Mato Grosso como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Civil.
PROF. M.Sc. RAFAEL PEDROLLO DE PAES
ORIENTADOR
CUIABÁ/MT
04 DE FEVEREIRO DE 2015
2
3
DEDICATÓRIA
Aos gestores públicos e corpo técnico da Pre-
feitura Municipal de Cuiabá, para os quais
espero ter contribuído de maneira produtiva
com as informações presentes neste trabalho.
4
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor Deus, que em Sua infinita bondade, iluminou meus caminhos e agraciou
minha vida com a maravilhosa oportunidade de estudar.
Aos meus pais, Ademir e Zildete, por seu amor e carinho incondicionais, por não me-
direm esforços em proporcionar as melhores condições para que eu pudesse concluir a facul-
dade e por serem exemplos de dedicação, honestidade, persistência e muito trabalho.
Ao meu irmão, Kauê, por apoiar minhas decisões, vibrar com minhas conquistas e me
consolar quando estive angustiada.
Às irmãs de coração, Gabriela, Janaína, Luana, Marianna e Tassiane, por se tornarem
minha família durante os anos que estive longe do meu lar.
Ao meu namorado Diogo, por compreender minha ausência nos períodos de provas e
trabalhos, por me alegrar quando estive em momentos difíceis e por me ajudar, de longe ou de
perto, a resolver diferentes questões relacionadas à faculdade.
Aos amigos e amigas de faculdade, pelo companheirismo, troca de conhecimentos e
paciência durante os anos de estudo que passaram, especialmente, à minha querida amiga Jés-
sica, por ser minha grande parceira na elaboração de trabalhos e jornadas de estudo.
Presto minha gratidão também, a todos os professores que contribuíram de alguma
maneira para meu crescimento pessoal e profissional, em especial, ao professor Rafael Pedrol-
lo, pela orientação, ensino e disposição para a realização deste trabalho.
5
RESUMO
A urbanização da capital mato-grossense tem impactado de maneira significativa a
população e o ambiente. Entre seus efeitos, estão os problemas relacionados à drenagem de
águas pluviais, decorrentes da modificação dos processos do ciclo hidrológico natural. O de-
senvolvimento urbano gera, por exemplo, o aumento dos volumes do escoamento superficial,
trazendo entre outras consequências o aumento da frequência e do nível de alagamentos em
regiões importantes da cidade como o trecho da Av. Fernando Corrêa da Costa, localizado
próximo a Universidade Federal de Mato Grosso. Diante deste cenário, este trabalho estudou
o escoamento superficial sobre a bacia de contribuição na qual a área atingida pelos alaga-
mentos está inserida, com intuito de descobrir quais fatores condicionam a frequente ocorrên-
cia dos problemas de drenagem na avenida. Para analisar a interferência da urbanização em
relação ao escoamento superficial foi considerado um período de dez anos, segundo o qual
foram elaborados diagramas de áreas permeáveis e impermeáveis da bacia para o início e o
final desse intervalo. Simultaneamente, foi consultada a legislação municipal em vigor como
meio de identificar o zoneamento previsto para a bacia, bem como seus respectivos coeficien-
tes urbanísticos. Paralelamente, foram analisadas as características topográficas da bacia, com
foco na Av. Fernando Corrêa da Costa e nas vias diretamente interligadas àquela. E, finalmen-
te, foi elaborado o mapeamento e o registro das condições de manutenção e limpeza da maio-
ria das bocas de lobo (BL) da bacia. Os resultados encontrados com os diagramas de áreas
permeáveis mostraram que, de 2004 para 2014, houve um crescimento de 13,7% das áreas
impermeabilizadas na bacia. Com o mapeamento foi verificado que 43,6% das BL identifica-
das na bacia apresentaram algum tipo de dano estrutural e que, 57,6% do total de BL, apresen-
taram algum tipo de obstrução ao escoamento. Também foi verificado que a declividade das
vias interligadas com a Av. Fernando Corrêa da Costa contribui para o direcionamento das
águas para a avenida e que a falha na execução dos dispositivos de microdrenagem na bacia,
bem como a canalização do Córrego do Barbado influenciam no comportamento do escoa-
mento superficial sobre a bacia. Diante dos resultados ficou comprovado que a topografia e a
falha na execução dos dispositivos de microdrenagem podem contribuir para a ocorrência dos
alagamentos e que a impermeabilização do solo e a deficiência nas operações de manutenção
e limpeza do sistema de microdrenagem podem condicionar, com maior intensidade, a ocor-
rência dos alagamentos na Av. Fernando Corrêa da Costa.
Palavras-chave: Drenagem urbana. Escoamento superficial. Impermeabilização do solo. Boca
de lobo. Execução de obras.
6
ABSTRACT
The urbanization of the capital of Mato Grosso has impacted significantly the popula-
tion and the environment. Among its effects, are problems related to drainage of rainwater,
resulting from the modification of the processes of the natural water cycle. Urban deve-
lopment generates, for example, the increase in volumes of runoff, bringing among other con-
sequences the increased frequency and overflow level in important areas of the city as the
stretch of Av. Fernando Corrêa da Costa, located near the Federal University Mato Grosso.
Before this scenario, this paper studied the runoff on the contribution basin in which the area
affected by flooding is inserted, with the aim of find out which factors influence the frequent
occurrence of drainage problems on the avenue. To evaluate the effect of urbanization in rela-
tion to runoff was considered a period of ten years, according to which they were drawn dia-
grams of permeable and impermeable areas of the basin to the beginning and end of that ran-
ge. At the same time, was consulted to municipal legislation as means of identifying the plan-
ned zoning for the basin, as well as their urban coefficients. At the same time, we analyzed
the topographical features of the basin, focusing on Av. Fernando Correa da Costa and the
roads directly linked to that. And finally, were done the mapping and recording the state of
maintenance and cleaning of most of the sluice gates of the basin. The results with the per-
meable areas diagrams showed that, from 2004 to 2014 there was an increase of 13.7% im-
permeable areas in the basin. By mapping was found that 43.6% of sluice gates identified in
the basin had some type of structural damage and that 57.6% of sluice gates, had some type of
obstruction to the flow. There were also found that the slope of roads connected with Av. Fer-
nando Corrêa da Costa contributes to direct water to the avenue and the failure in the executi-
on of micro drainage devices in the basin as well as the channeling of Barbados Stream have
influence on behavior runoff in the basin. With the results it was proved that the topography
and the failure in execution the microdrainage devices can contribute to the occurrence of
overflow and soil sealing and disability in the maintenance and cleaning of the microdrainage
system can condition, with greater intensity, the occurrence of overflow at Av. Fernando Cor-
rea da Costa.
Keywords: Urban drainage. Runoff. Soil sealing. Culverts. Execution of works.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Perfil esquemático dos eventos de enchente e inundação.......................................15
Figura 2 – Boca de lobo obstruída por resíduos sólidos...........................................................15
Figura 3 – Escoamento concentrado das águas pluviais...........................................................16
Figura 4 – Balanço hídrico numa bacia urbana. .......................................................................18
Figura 5 – Modificações no hidrograma pela urbanização da bacia. .......................................18
Figura 6 – Efeitos da urbanização na ocorrência de alagamentos e problemas de poluição....19
Figura 7 – Disposição dos elementos de uma rede de microdrenagem pluvial urbana............22
Figura 8 – Esquema clássico da microdrenagem urbana..........................................................23
Figura 9 – Ilustração esquemática dos conceitos de reservação x canalização........................24
Figura 10 – Obstrução e presença de resíduos na drenagem urbana........................................25
Figura 11 – Corte esquemático da sarjeta e demais elementos da via......................................33
Figura 12 – Disposição das bocas de lobo nas vias..................................................................34
Figura 13 – Altura mínima e máxima da abertura das bocas de lobo. .....................................35
Figura 14 – Av. Fernando Corrêa da Costa vista do entroncamento com a Av. Miguel Sutil em
maio de 2014..........................................................................................................38
Figura 15 – Congestionamento na Av. Fernando Corrêa da Costa devido ao alagamento do dia
12/12/2014.............................................................................................................39
Figura 16 – Alagamento na região do Viaduto Jornalista Clóvis Roberto, na Av. Fernando
Corrêa da Costa, no dia 12/12/2014. .....................................................................39
Figura 17 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 12/12/2014 dificultou a
circulação de veículos e pedestres. ........................................................................40
Figura 18 – Veículo guinchado em razão de problemas mecânicos causados por alagamento
na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 12/12/2014............................................40
Figura 19 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 14/01/2014.......................41
Figura 20 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa no dia 18/03/2013. ....................................42
Figura 21 – Vista do Córrego do Barbado no entroncamento da Av. Fernando Corrêa da Costa
com Av. Tancredo Neves durante a chuva do dia 27/10/2013..............................42
Figura 22 – Vista da Av. Fernando Corrêa da Costa após ocorrência da chuva no dia
27/10/2013.............................................................................................................43
Figura 23 – Bacia de contribuição do trecho da Av. Fernando Corrêa da Costa atingido por
alagamentos. ..........................................................................................................48
8
Figura 24 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Miguel Sutil que contribui no escoamento na
bacia.......................................................................................................................49
Figura 25 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Paraguaçú que contribui no escoamento na
bacia.......................................................................................................................50
Figura 26 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Capitão Iporã que contribui no escoamento
na bacia. .................................................................................................................50
Figura 27 – Perfil longitudinal do trecho da Av. São Miguel que contribui no escoamento na
bacia.......................................................................................................................51
Figura 28 – Perfil longitudinal do trecho da Rua La Paz que contribui no escoamento na bacia.
...............................................................................................................................51
Figura 29 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Garcia Neto que contribui no escoamento na
bacia.......................................................................................................................52
Figura 30 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Tancredo Neves que contribui no escoamento
na bacia. .................................................................................................................52
Figura 31 – Perfil longitudinal do trecho da Rua “Sem Identificação” que contribui no
escoamento na bacia. .............................................................................................53
Figura 32 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Cidade do México que contribui no
escoamento na bacia. .............................................................................................53
Figura 33 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Haiti que contribui no escoamento na bacia.
...............................................................................................................................54
Figura 34 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Brasília que contribui no escoamento na
bacia.......................................................................................................................54
Figura 35 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Parque Barbado que contribui no escoamento
na bacia. .................................................................................................................55
Figura 36 – Perfil longitudinal do trecho da via de acesso à UFMT que contribui no
escoamento na bacia. .............................................................................................55
Figura 37 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Um que contribui no escoamento na bacia. 56
Figura 38 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Fernando Corrêa da Costa que contribui no
escoamento da bacia. .............................................................................................57
Figura 39 – Áreas permeáveis e impermeáveis da bacia de contribuição, 09/05/2004............58
Figura 40 – Áreas permeáveis e impermeáveis da bacia de contribuição, 04/07/2014............58
Figura 41 – Zoneamento da bacia de contribuição...................................................................60
Figura 42 – Índices urbanísticos do município de Cuiabá/MT. ...............................................60
Figura 43 – Av. Parque Barbado. .............................................................................................61
9
Figura 44 – Transbordamento do Córrego do Barbado em região à jusante da canalização. ..62
Figura 45 – Áreas permeáveis em região à montante da bacia de contribuição em 09/05/2004.
...............................................................................................................................63
Figura 46 – Áreas permeáveis em região à montante da bacia de contribuição em 04/07/2014.
...............................................................................................................................63
Figura 47 – Boca de lobo nº 14 – Rua Garcia Neto. ................................................................66
Figura 48 – Boca de lobo nº 15 – Rua Garcia Neto. ................................................................66
Figura 49 – Boca de lobo nº 16 – Rua Garcia Neto. ................................................................66
Figura 50 – Boca de lobo nº 94 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................66
Figura 51 – Boca de lobo nº 94 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................66
Figura 52 – Boca de lobo nº 97 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................66
Figura 53 – Boca de lobo nº 95 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................67
Figura 54 – Boca de lobo nº 96 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................67
Figura 55 – Deposição de sedimentos, lixo e entulho próximo ao conjunto de bueiros que
direcionam o Córrego do Barbado sob a Av. Fernando Corrêa da Costa em
05/12/2014.............................................................................................................67
Figura 56 – Presença de resíduos obstruindo os bueiros do Córrego do Barbado sob a Av.
Fernando Corrêa da Costa em 20/03/2013. ...........................................................68
Figura 57 – Início das obras de implantação da Av. Parque Barbado: desmatamento e limpeza
das margens do córrego. ........................................................................................69
Figura 58 – Trabalhos de movimentação de terras e assentamento do canal de concreto no
Córrego do Barbado...............................................................................................69
Figura 59 – Vista do Viaduto Clóvis Roberto..........................................................................69
Figura 60 – Sarjeta e boca de lobo instalada no entorno do Viaduto UFMT...........................71
Figura 61 – Falha na execução da sarjeta dificulta o engolimento das águas pela boca de lobo.
...............................................................................................................................71
Figura 62 – Vista da boca de lobo nº 159 disposta no vértice da esquina................................71
Figura 63 – Vista da boca de lobo nº 153.................................................................................72
Figura 64 – Boca de lobo nº 90 com altura da abertura aparentemente menor que a
recomendada por Watanabe (2014) em 05/12/2014..............................................72
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Áreas permeáveis e impermeáveis na bacia de contribuição, em percentual, nos
anos de 2004 e 2014. .............................................................................................59
Gráfico 2 – Estado de manutenção das bocas de lobo verificadas na bacia de contribuição. ..64
Gráfico 3 – Estado de limpeza das bocas de lobo verificadas na bacia de contribuição..........64
Gráfico 4 – Estado de manutenção e limpeza das bocas de lobo verificadas na bacia de
contribuição. ..........................................................................................................64
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Procedimentos de inspeção para os dispositivos de microdrenagem. ...................26
Quadro 2 – Procedimentos de limpeza para os dispositivos de microdrenagem......................27
Quadro 3 – Procedimentos de manutenção para os dispositivos de microdrenagem...............27
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................13
2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................14
2.1 EVENTOS HIDROLÓGICOS....................................................................................................................14
2.1.1 Enchente, inundação, alagamento e enxurrada..................................................................................14
2.2 SISTEMA DE DRENAGEM URBANA ....................................................................................................16
2.2.1 Efeitos da urbanização no ciclo hidrológico das bacias ....................................................................17
2.2.2 Controle das águas decorrentes do escoamento superficial...............................................................20
2.2.2.1 Medidas estruturais de controle da drenagem urbana ....................................................................21
2.2.2.2 Medidas não estruturais de controle da drenagem urbana..............................................................24
2.2.3 Manutenção e limpeza do sistema de drenagem urbana ....................................................................25
2.3 PLANEJAMENTO EM DRENAGEM URBANA .....................................................................................27
2.3.1 Formulação dos planos de drenagem.................................................................................................28
2.4 DIRETRIZES PARA EXECUÇÃO DE OBRAS DE MICRODRENAGEM .............................................31
2.4.1 Critérios para o traçado da rede de drenagem...................................................................................32
2.4.2 Critérios para disposição e execução de sarjetas...............................................................................32
2.4.3 Critérios para disposição de bocas de lobo........................................................................................33
2.4.4 Critérios de projeto para canalização de curso d’água .....................................................................35
2.5 CUIABÁ, A AV. FERNANDO CORRÊA DA COSTA E AS ÁGUAS PLUVIAIS...................................37
3 OBJETIVOS ........................................................................................................................44
3.1 GERAL.......................................................................................................................................................44
3.2 ESPECÍFICOS............................................................................................................................................44
4 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................45
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................48
5.1 DELIMITAÇÃO DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO ................................................................................48
5.2 COMPORTAMENTO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA BACIA................................................49
5.3 IMPERMEABILIZAÇÃO DA BACIA ......................................................................................................58
5.4 SITUAÇÃO DAS BOCAS DE LOBO DA BACIA ....................................................................................63
5.5 DIRETRIZES PARA EXECUÇÃO DE OBRAS DE DRENAGEM NA BACIA.......................................68
5.5.1 Av. Parque Barbado............................................................................................................................68
5.5.2 Viaduto Jornalista Clóvis Roberto (Viaduto UFMT)..........................................................................69
5.5.3 Considerações sobre a execução de elementos do sistema de microdrenagem..................................70
6 CONCLUSÕES....................................................................................................................73
7 SUGESTÕES .......................................................................................................................75
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................77
APÊNDICE A .........................................................................................................................80
ANEXO A................................................................................................................................81
13
1 INTRODUÇÃO
O crescimento acelerado das cidades tem impactado de maneira significativa a popula-
ção e o ambiente. Entre os efeitos causados pela urbanização estão os problemas relacionados
à drenagem de águas pluviais, que ocasiona, entre outros impactos, o aumento da frequência e
do nível de alagamentos no meio urbano (BRASIL, 2006).
Os alagamentos ocorrem em razão de problemas no sistema de drenagem pluvial, po-
dendo ser entendidos como o acúmulo temporário de águas de chuva, ou de outras origens,
em uma dada região (BRASIL, 2007). Essas falhas podem gerar o risco de perder vidas hu-
manas, a paralização de atividades econômicas e de serviços públicos nas regiões atingidas, a
redução do tempo de serviço dos trabalhadores presentes na área atingida, em complicações
no trânsito, prejuízos aos cofres públicos, poluição das águas, entre outros.
Do mesmo modo que em outras cidades, Cuiabá tem passado por um processo de ur-
banização que tem sobrecarregado o sistema de drenagem e causado alagamentos em regiões
importantes da cidade como o trecho da Avenida Fernando Corrêa da Costa, localizado pró-
ximo a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Diante dos frequentes impactos que a Av. Fernando Corrêa da Costa está suscetível e
da magnitude que os alagamentos têm alcançado, este Trabalho de Graduação estudou o esco-
amento superficial da bacia de contribuição, dentro da qual a região atingida está inserida.
O estudo teve como principal objetivo a identificação dos fatores que podem condici-
onar a ocorrência dos problemas de drenagem na avenida. Para tanto, supôs-se que a topogra-
fia, a impermeabilização do solo, a falha na manutenção e limpeza do sistema de microdrena-
gem e a falha na execução de projetos de mobilidade urbana e dos dispositivos de microdre-
nagem da bacia podem condicionar a ocorrência dos alagamentos.
A identificação dos fatores condicionantes abrangeu desde a análise do comportamen-
to da urbanização sobre a bacia, considerando um período de dez anos, até a verificação do
estado de manutenção e limpeza das bocas de lobo da área de drenagem.
Conhecer os fatores condicionantes de alagamentos na bacia contribuirá para o estabe-
lecimento de planos de manutenção e limpeza dos dispositivos de drenagem da bacia, para a
implantação de técnicas compensatórias sobre a área de drenagem e, se possível, com a revi-
são dos índices urbanísticos que regulam as áreas permeáveis sobre os lotes da cidade.
Essas três ações, aliadas ao conhecimento das características naturais da bacia e.do
comportamento das águas pluviais sobre a mesma, possibilitarão prevenir, ou ao menos limi-
tar, os impactos negativos associados aos problemas de drenagem urbana em Cuiabá.
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 EVENTOS HIDROLÓGICOS
As cheias e inundações são eventos hidrometeorológicos que fazem parte da dinâmica
natural da Terra, ocorrendo em razão de chuvas fortes e rápidas, de chuvas intensas de longa
duração, degelo nas montanhas e pela ocorrência de eventos climáticos (BRASIL, 2007). A
ocorrência e a magnitude desses fenômenos, acrescentando-se ainda a existência de pontos de
alagamento e casos de enxurradas, são intensificadas por modificações no ambiente e por in-
tervenções produzidas pelo homem (BRASIL, 2006).
Entre as diversas alterações citam-se a impermeabilização do solo, a retificação de
cursos d’água, a redução da cobertura vegetal e das calhas de drenagem dos corpos hídricos,
este último em virtude da realização de obras ou por assoreamento, o destino irregular dos
resíduos sólidos e as obstruções à passagem do escoamento nos dispositivos de drenagem.
Todas essas intervenções têm causado desequilíbrios ao ciclo natural das águas, gerando
transtornos às comunidades urbanas (BRASIL; RIO DE JANEIRO, 2005, 2001).
Diante da intensidade e da frequência que os problemas têm ocorrido, o significado
dos fenômenos de cheia, inundação, alagamento e enxurrada acaba sendo confundido pelos
diversos veículos de comunicação. Até mesmo entre técnicos e cientistas não há consenso
sobre os termos, existindo várias interpretações. Assim, esse trabalho não pretende criar con-
ceitos, mas apresentar definições comumente utilizadas para caracterizar esses eventos e con-
tribuir para a correta denominação dos fenômenos que ocorrem nas cidades.
2.1.1 Enchente, inundação, alagamento e enxurrada
Os corpos hídricos se desenvolvem de maneira natural. As águas são pressionadas pela
força gravitacional e escoam gradualmente pelos pontos mais baixos da superfície terrestre.
Com o passar do tempo, forma-se uma calha principal de escoamento, a qual assume diferen-
tes perfis geométricos ao longo das estações, modificando-se segundo o regime de vazões
decorrente da variação dos índices pluviométricos, das características topográficas e do solo
da região, entre outros fatores (RIO DE JANEIRO, 2001).
O Ministério das Cidades, em conjunto com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(IPT), define enchente como a “elevação temporária do nível d’água em um canal de drena-
gem devida ao aumento da vazão ou descarga” (BRASIL, 2007), ou seja, quando a precipita-
15
ção se intensifica e o solo perde a capacidade de infiltração, os fluxos escoam para o sistema
de drenagem principal, ocasionando acréscimos à vazão dos corpos hídricos por um período
de tempo (Figura 1).
Figura 1 – Perfil esquemático dos eventos de enchente e inundação.
Fonte: BRASIL, 2007.
No período de cheia, em razão da persistência de chuvas intensas e de outros fatores
agravantes, sejam eles naturais ou criados pela ação antrópica, as vazões atingem proporções
que podem ultrapassar a capacidade de descarga da calha principal do corpo hídrico, extrava-
sando para áreas que geralmente não são atingidas pelas águas. A este transbordamento dá-se
o nome de inundação (BRASIL, 2007).
Os casos de alagamento, por outro lado, podem não ter relação direta com os proces-
sos naturais de cheia e inundação. De acordo com o Ministério das Cidades e o IPT (BRASIL,
2007), as situações de alagamento caracterizam-se pelo “acúmulo momentâneo de águas em
uma dada área decorrente de deficiência do sistema de drenagem” (Figura 2).
Figura 2 – Boca de lobo obstruída por resíduos sólidos.
Fonte: disponível em <http://www.horacioalmeida.com.br/wp-content/uploads/2011/02/LIXO-09.jpg>. Acesso
em 13/12/2014.
As enxurradas, por sua vez, podem estar relacionadas, ou não, às regiões envolvidas
com os processos fluviais e são definidas como “o escoamento superficial concentrado e com
alta energia de transporte” (BRASIL, 2007). Vias executadas sobre antigos canais d’água, em
16
regiões íngremes e com alto gradiente hidráulico, tendem a ser atingidas com mais frequência
por esse fenômeno (Figura 3).
Figura 3 – Escoamento concentrado das águas pluviais.
Fonte: BRASIL, 2007.
2.2 SISTEMA DE DRENAGEM URBANA
O sistema de drenagem é uma das infraestruturas inseridas no meio urbano, se sobres-
saindo como um dos serviços públicos mais sensíveis aos problemas decorrentes do desen-
volvimento acelerado das cidades, tanto em razão de sua interferência com as demais infraes-
truturas, como pelos danos que pode causar ao ambiente e à população. Esta sensibilidade
diante da urbanização é rapidamente comprovada com a existência de pontos de alagamentos,
ocorrência de enxurradas e casos de inundações, mesmo que as precipitações não sejam con-
sideradas intensas (SÃO PAULO, 1999).
Em relação aos outros serviços públicos, o sistema de drenagem possui duas peculiari-
dades: a primeira é a de que o escoamento pluvial sempre ocorrerá, independente do serviço
existir, ou não, de maneira adequada na cidade (SÃO PAULO, 2012a), e a segunda está rela-
cionada com a solicitação esporádica do sistema, isto é, a infraestrutura só é utilizada durante
e após as precipitações e não de maneira contínua como os demais serviços públicos (SÃO
PAULO, 1999), ou ainda, quando do despejo de águas de lavagem nas sarjetas; isto, conside-
rando que não haja ligações clandestinas de esgoto sanitário nas galerias de águas pluviais.
De uma maneira geral, a drenagem urbana consiste na coleta das águas superficiais
que se originam das chuvas, no seu transporte e no seu retorno aos corpos hídricos, podendo
ser entendido ainda como um sistema preventivo contra alagamentos, enxurradas e inunda-
ções, principalmente em regiões baixas, que são mais suscetíveis à ocorrência desses fenôme-
nos (PINTO; PINHEIRO, 2006).
17
O controle da drenagem pluvial envolve também o planejamento e gestão integrados
do espaço urbano, uma vez que esse sistema interfere nas demais infraestruturas e vice-versa
(CANHOLI, 2005). Além disso, a impermeabilização e o uso inadequado do solo, decorrentes
do processo desordenado de urbanização, e a ocupação das várzeas de córregos e rios, estão
intimamente relacionadas ao funcionamento eficiente do sistema, uma vez que dificultam e
modificam o comportamento do ciclo hidrológico sobre a bacia.
2.2.1 Efeitos da urbanização no ciclo hidrológico das bacias
“O desenvolvimento urbano altera a cobertura vegetal, provocando vários efeitos, que
alteram os componentes do ciclo hidrológico natural” (BRASIL, 2006). As águas que antes
escoavam lentamente sobre a bacia, infiltravam no solo, percolavam para os reservatórios
subterrâneos, ficavam retidas nas depressões do terreno, evaporavam ou eram interceptadas
pela vegetação, agora escoam pelas superfícies impermeáveis (telhados, ruas, calçadas, entre
outros), condutos e canais da cidade, sobrecarregando o sistema de drenagem (BRASIL; RIO
DE JANEIRO, 2006, 1991).
“O comportamento hidrológico de uma bacia urbanizada difere significativamente do
comportamento das bacias ainda em situação próxima das condições naturais” (SÃO PAULO,
2012b). Na Figura 4 é apresentada a distribuição da precipitação em cada parcela do ciclo
hidrológico. No cenário “a”, não existem interferências decorrentes do processo de urbaniza-
ção, ou seja, a superfície não sofreu qualquer tipo de impermeabilização ou alteração da co-
bertura vegetal que dificultem o ciclo das águas. Assim, 50% da precipitação infiltra no solo e
percola para o lençol freático, 40% atende ao processo de evapotranspiração e apenas 10%
das chuvas escoa pela superfície.
No cenário urbanizado “b”, a distribuição se altera. Com a redução da cobertura vege-
tal em lugar às construções, a evapotranspiração é reduzida aos 25% e com o aumento da ve-
locidade dos escoamentos, decorrente da pavimentação das vias, canalizações e condutos, as
águas não tem tempo suficiente para saturar o solo, infiltrar, percolar e recarregar os aquífe-
ros, havendo uma redução de 50% para 30% da parcela de chuva que se encaminha para os
reservatórios subterrâneos.
E se a água não infiltra, não percola para os aquíferos, não é interceptada pelos vege-
tais, não fica retida nas depressões do terreno e não evapora, ela passa a incrementar a parcela
do escoamento superficial, conduzindo 45% das precipitações (Figura 4).
18
Figura 4 – Balanço hídrico numa bacia urbana.
Fonte: Brasil, 2006.
Sob a perspectiva hidrológica, os fatores diretamente afetados pelo desenvolvimento
urbano são o volume e os parâmetros de tempo do escoamento superficial e a vazão de pico.
Os hidrogramas típicos de uma bacia não urbanizada e de uma bacia modificada pelo desen-
volvimento urbano estão representados na Figura 5. As alterações na superfície terrestre e no
ciclo hidrológico contribuem para o aumento da vazão máxima (Qmáx.1), para a antecipação do
pico de vazão (t1) e para o aumento do volume do escoamento superficial (BRASIL, 2006).
Figura 5 – Modificações no hidrograma pela urbanização da bacia.
Fonte: disponível em <http://fontehidrica.blogspot.com.br/2011/11/impactos-da-urbanizacao-em-bacias.html>.
Acesso em 19/12/2014.
Essa sobrecarga na parcela do escoamento superficial, somada à ineficiência ou inexis-
tência de um sistema de drenagem adequado, pode gerar uma série de complicações à popula-
ção e aos gestores públicos.
O volume excedente que escoa sobre a malha urbana, além de contribuir para a ocor-
rência de alagamentos gera outros efeitos. Com o aumento da velocidade das vazões há o au-
mento das erosões no solo, do transporte de sedimentos e da poluição difusa, situações que se
agravam ainda mais com a execução indevida de serviços de movimentação de terra e obras
19
em geral, desgaste da pavimentação, lixo e partículas de solo como areia e argila, óleo lubrifi-
cante, entre outros (SÃO PAULO, 2012b).
Segundo o mesmo autor, todos esses processos diminuem a qualidade da água pluvial
coletada, alteram a recarga subterrânea, pioram a qualidade das águas dos caldais, arriscam a
estabilidade dos solos, reduzem a capacidade das obras de drenagem executadas, entre outros
efeitos. Na Figura 6 são apresentados estes e outros efeitos da urbanização que resultam na
ocorrência de problemas de alagamento e de poluição.
Figura 6 – Efeitos da urbanização na ocorrência de alagamentos e problemas de poluição.
Fonte: São Paulo, 2012b, editado pela autora.
Por essas razões, a hidrologia urbana preocupa-se em conhecer as características das
chuvas que atingem as áreas urbanizadas, obtendo informações sobre sua magnitude, risco de
ocorrência e sua distribuição no tempo e no espaço, uma vez que a bacia hidrográfica pode
responder de maneira prejudicial às sobrecargas no escoamento superficial.
Esta ciência preocupa-se ainda com as características de ocupação da área de drena-
gem, pois elas têm influência direta sobre as taxas de infiltração, as vazões máximas, os picos
de vazão e sobre o aumento do volume escoado superficialmente (SÃO PAULO, 2012b).
Segundo o mesmo autor, as características fisiográficas da bacia (forma, área drenada,
declividade, entre outros) e o grau de intervenções antrópicas dispostas no sistema de drena-
gem natural (existência de canais, galerias, reservatórios de detenção, entre outros) também
influem, significativamente, na resposta das bacias frente ao escoamento superficial. Bacias
20
com altas declividades ou um rio que sofreu retificação de seu curso, por exemplo, tendem a
aumentar a velocidade e o volume do escoamento, pois a chance de infiltração é menor.
2.2.2 Controle das águas decorrentes do escoamento superficial
Durante muitos anos, engenheiros e profissionais da área de recursos hídricos, respon-
sáveis por criar soluções e estratégias de controle das águas pluviais, tentaram corrigir os pro-
blemas de drenagem urbana por meio de obras que coletassem o escoamento excedente de
uma determinada área, encaminhando-o, o mais rápido possível, para um ponto distante de
seu local de origem (SÃO PAULO; CANHOLI, 1999, 2005).
Segundo Canholi (2005), esse tipo de controle da drenagem urbana provoca, além da
aceleração do escoamento, a redução do tempo de concentração à jusante. Essa estratégia po-
de contribuir para a redução de prejuízos nas regiões afetadas, no entanto, ela gera apenas a
transferência das vazões, ou seja, do problema, para áreas à jusante. “Esse tipo de solução é
apropriado a um trecho da bacia, sem previsão das consequências para o restante dela, e sem
considerar diferentes horizontes de ocupação urbana” (BRASIL, 2006).
A partir da década de 70 começaram a surgir conceitos que envolviam a aplicação de
fundamentos de hidrologia e de estudos relativos às características da bacia e não somente o
uso de conceitos hidráulicos e execução de obras que afastassem as águas o mais rápido pos-
sível de sua fonte (COSTA; SIQUEIRA; MENEZES, 2007).
Essas soluções passaram a promover o retardamento dos escoamentos, o que propicia
o aumento dos tempos de concentração e, consequentemente, a redução das vazões máximas.
Embora haja bons exemplos do uso dessas ideias em países desenvolvidos, no Brasil esses
princípios ainda não estão fortemente difundidos entre os profissionais e gestores (CA-
NHOLI, 2005).
Segundo o mesmo autor, as estratégias para o controle do escoamento superficial e,
consequentemente, para a redução da exposição da população aos riscos de alagamento, ainda
remetem em sua maioria, à adoção de medidas estruturais intensivas, ou seja, continuam re-
correndo largamente às obras de engenharia como forma de prevenir ou corrigir os problemas
de drenagem, ignorando a aplicação dos conceitos que surgiram nos anos 70. Isto se deve às
dificuldades políticas, decorrentes da pressão pela urbanização, e às dificuldades econômicas
em razão da falta de recursos.
Por outro lado, esse quadro vem sofrendo modificações nos últimos anos. Com a regu-
lamentação do Estatuto das Cidades pela lei nº 10.257/01, a promoção de medidas não estru-
21
turais de controle do sistema de drenagem vem sendo cada vez mais difundida, uma vez que a
lei exige dos municípios com mais de 20 mil habitantes a elaboração do Plano Diretor, ins-
trumento básico da política municipal de desenvolvimento e expansão urbana, por meio do
qual deriva a criação dos Planos Diretores de Drenagem Urbana (SÃO PAULO, 2012a).
2.2.2.1 Medidas estruturais de controle da drenagem urbana
As medidas estruturais de controle da drenagem urbana são aquelas que envolvem
obras de engenharia que se destinam a desviar, deter, reduzir ou escoar de maneira mais rápi-
da as águas do escoamento superficial. Muitas dessas medidas envolvem a execução de proje-
tos hidráulicos que resultam em construções dispendiosas e, por vezes, inviáveis economica-
mente (CANHOLI; SÃO PAULO, 2005, 1999).
Em razão do alto custo de implantação, as obras não são projetadas para proporcionar
proteção absoluta à população, no entanto, essas construções acabam criando a falsa sensação
de segurança tanto que podem encorajar a ocupação de áreas alagáveis ou que tenham risco de
inundação (CANHOLI, 2005).
Entre as medidas de controle do escoamento superficial está a implantação do sistema
de drenagem inicial da bacia, mais conhecido como sistema de microdrenagem urbana.
A microdrenagem trata do sistema de drenagem pluvial em nível de loteamento ou de
rede primária urbana (BRASIL, 2004), devendo ser dimensionada para as chuvas que ocor-
ram, em média, a cada 10 anos. Na ocorrência de chuvas mais críticas é a microdrenagem
quem deve comportar parte do escoamento superficial, de maneira a reduzir, ou eliminar, os
riscos de alagamento na malha viária urbana.
Quando bem projetado e devidamente conservado, esse sistema praticamente elimina
os alagamentos no meio urbano, evitando assim os efeitos danosos sobre a população e seus
bens. No entanto, em razão das obras hidráulicas não serem dimensionadas para garantir total
proteção, o alagamento de vias e calçadas pode ser admissível, desde que isto não ocorra com
frequência. “Os níveis d’água que resultem na inundação de vias de intenso fluxo de veículos
e pedestres, de residências e de estabelecimentos comerciais ou industriais, devem ser ainda
mais raros” (SÃO PAULO, 2012a).
Fundamentalmente, a microdrenagem é composta por elementos artificiais associados
aos pavimentos, tendo por objetivo garantir as características de tráfego e conforto dos usuá-
rios destas estruturas. Seus dispositivos captam e conduzem as águas, provenientes de chuvas
e de captações existentes nas edificações e lotes, que chegam aos elementos viários como cal-
22
çadas, ruas e praças. Os principais elementos que compõem o sistema são (SÃO PAULO,
2012c):
a) meio-fio: elemento feito em pedra ou em concreto. É instalado de forma que fique pa-
ralelo ao eixo da rua, localizando-se entre o passeio e a via. Sua face superior fica no
mesmo nível do passeio;
b) sarjetas: elemento de drenagem das vias públicas que fica numa posição paralela e vi-
zinha ao meio-fio. A calha formada recebe as águas superficiais que incidem sobre a
via e as direciona para as bocas de lobo;
c) bocas de lobo: elemento edificado em pontos convenientes das vias públicas junto às
sarjetas. São responsáveis pela captação das águas superficiais;
d) tubos de ligação: são tubulações que conduzem as águas superficiais captadas nas bo-
cas de lobo para as galerias ou poços de visita;
e) galerias: canalizações públicas que conduzem as águas superficiais provenientes das
bocas de lobo e das ligações privadas; e,
f) poços de visita: permitem a inspeção e limpeza das galerias. São posicionados em pon-
tos onde há mudanças de direção, de declividade e/ou de diâmetro das tubulações, ou
ainda, em trechos longos, a cada 100 m em média, para facilitar a manutenção.
Na Figura 7 está esquematiza a disposição dos elementos de uma rede de microdrena-
gem pluvial na planta baixa de uma área urbana. Foram representadas as bocas de lobo junto
às calçadas, os tubos de ligação, a galeria e os poços de visita.
Figura 7 – Disposição dos elementos de uma rede de microdrenagem pluvial urbana.
Fonte: COSTA; SIQUEIRA; MENEZES, 2007.
23
Na Figura 8 está esquematiza a seção transversal clássica de uma via e a disposição de
alguns dos dispositivos de drenagem.
Figura 8 – Esquema clássico da microdrenagem urbana.
Fonte: disponível em <http://fabianekrolow.blogspot.com.br/>. Acesso em 08/01/2015. Editado pela autora.
As medidas estruturais abrangem ainda soluções de controle mais sustentáveis que
buscam, por exemplo, recuperar e incrementar o processo de infiltração das águas no solo,
reter os escoamentos em reservatórios como forma de amortecer os picos de vazão, deter o
escoamento adicional gerado pela impermeabilização da bacia, retardar o fluxo nas calhas dos
corpos hídricos, entre outras estratégias (CANHOLI; RECESA, 2005, 2007).
Segundo Tucci e Genz (1995 apud RECESA, 2007) as técnicas compensatórias de
controle do escoamento, também conhecidas como medidas não convencionais de controle da
drenagem urbana (CANHOLI, 2005), se fundamentam no princípio “de que qualquer novo
empreendimento deve manter as condições naturais pré-existentes de vazão para um determi-
nado risco”.
De acordo com Canholi (2005) as obras e dispositivos que contribuem para a redução
dos picos de vazões são as medidas mais significativas e abrangentes em termos de medidas
não convencionais. Segundo o autor, a detenção dos escoamentos é feita por meio do amorte-
cimento conveniente das águas pluviais, obtida pelo armazenamento de parte do volume esco-
ado.
Braga (1994 apud CANHOLI, 2005) apresentou uma ilustração com os principais dis-
positivos utilizados segundo os conceitos sustentáveis de reservação e os tradicionais de cana-
lização, mostrando os efeitos de cada uma dessas visões no comportamento do hidrograma de
vazões (Figura 9).
24
Figura 9 – Ilustração esquemática dos conceitos de reservação x canalização.
Fonte: Braga (1994) apud Canholi (2005).
Além de ampliar a capacidade do sistema de drenagem da bacia, a utilização dessas
medidas vem sendo associada também a outros usos, como recreação, lazer, paisagismo e à
melhoria da qualidade das águas (CANHOLI, 2005).
2.2.2.2 Medidas não estruturais de controle da drenagem urbana
Entre as medidas de controle do escoamento superficial existem ainda àquelas que não
se utilizam de obras hidráulicas para prevenir, ou reduzir, os impactos da ocorrência de ala-
gamentos nas cidades, são as chamadas medidas não estruturais. Elas se destinam a introduzir
leis, normas e planos que visam desde a regulamentação do uso e ocupação do solo, ao desen-
volvimento de campanhas de conscientização da população quanto à importância da conser-
vação dos dispositivos de drenagem para o funcionamento eficiente do sistema (CANHOLI;
SÃO PAULO, 2005, 1999).
Canholi (2005) afirma que as ações não estruturais podem ser mais eficazes que as
medidas estruturais de controle, isto porque demandam menores custos para sua implantação
e, ainda, possibilitam horizontes mais prolongados de atuação no sistema urbano. As medidas
de regulamentação do uso e ocupação do solo estabelecem, por exemplo, um zoneamento do
perímetro urbano, cada qual contendo índices urbanísticos específicos que, entre outros obje-
tivos, limitam a impermeabilização de lotes e terrenos.
25
Em geral, as ações não estruturais estão relacionadas às legislações urbanísticas, sendo
mais comum a aplicação do plano diretor, instrumento obrigatório para cidades com mais de
20 mil habitantes conforme prevê o Estatuto das Cidades, da lei de uso e ocupação do solo e
do código de obras do município.
Juntas, estas leis contribuem para o controle do escoamento superficial do município,
uma vez que estabelecem diretrizes que disciplinam a ocupação do solo e ordenam a urbani-
zação. Por outro lado, mesmo que exista regulamentação, se não houver o monitoramento da
aplicação dessas legislações e, mais ainda, se não houver envolvimento mútuo entre os gesto-
res, engenheiros e a comunidade, não será possível obter os resultados que se esperam com a
aplicação das medidas não estruturais, isto porque, essas ações geralmente envolvem aspectos
culturais, o que pode dificultar sua implantação em curto prazo (SÃO PAULO, 1999).
2.2.3 Manutenção e limpeza do sistema de drenagem urbana
Com a urbanização vários elementos produzidos pelo homem são introduzidos na ba-
cia e passam a atuar sobre o ambiente. Entre os efeitos da ação antrópica estão o aumento de
sedimentos e de resíduos sólidos e as obstruções ao escoamento. O primeiro diz respeito à
erosão do solo, ao assoreamento das seções de drenagem e à poluição difusa e o segundo com
as construções que dificultam a passagem do escoamento, como pontes e aterros, ao destino
irregular do lixo urbano e à ineficiência ou falta das ações de manutenção (BRASIL, 2006).
Na Figura 10 são apresentados diferentes exemplos de obstrução à passagem do esco-
amento e de interferências de outras obras no sistema de drenagem.
Figura 10 – Obstrução e presença de resíduos na drenagem urbana.
Fonte: Brasil, 2006.
26
Esses efeitos dificultam a passagem do escoamento e comprometem o funcionamento
adequado dos dispositivos de drenagem, aumentando os riscos de ocorrência de alagamentos e
inundações e também da poluição das águas. Nesse sentido, os serviços periódicos de inspe-
ção, limpeza e manutenção, bem como a observância das interferências de diferentes obras
nos sistemas de drenagem, tornam-se imprescindíveis para manter a rede de águas pluviais em
condições de receber, conduzir, armazenar e tratar o escoamento, garantindo-se assim, as
condições previstas nos projetos (SÃO PAULO, 2012a).
Segundo o mesmo autor, as prefeituras devem contratar serviços de limpeza urbana
que executem, periodicamente, a varrição de guias e sarjetas, a pintura das guias, a limpeza e
manutenção da estrutura das bocas de lobo, a lavagem dos espaços públicos, a remoção de
vegetais arbustivos dos dispositivos de drenagem, entre outros. Além disso, o executivo mu-
nicipal deve encontrar meios de fiscalizar a execução e qualidade desses serviços e de punir as
prestadoras de serviços quando for necessário.
O Manual de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais da cidade de São Paulo (2012a)
recomenda, por exemplo, que a limpeza e desobstrução de bueiros e bocas de lobo sejam exe-
cutadas com periodicidade diferenciada nos períodos de seca e de chuvas, atentando que os
dispositivos do sistema de microdrenagem urbana devem estar completamente livres de obs-
truções e interferências antes de começar as estações chuvosas.
O mesmo manual propõe algumas recomendações quanto à rotina e frequência mínima
de execução de serviços de inspeção, limpeza e manutenção dos dispositivos dos sistemas de
drenagem urbana.
Na Quadro 1 estão descritas as rotinas de inspeção de algumas das estruturas do siste-
ma de águas pluviais.
Quadro 1 – Procedimentos de inspeção para os dispositivos de microdrenagem.
Fonte: São Paulo, 2012a.
27
Na Quadro 2 estão descritas as rotinas de limpeza de algumas das estruturas do siste-
ma de águas pluviais.
Quadro 2 – Procedimentos de limpeza para os dispositivos de microdrenagem.
Fonte: São Paulo, 2012a.
Na Quadro 3 estão descritas as rotinas de manutenção de algumas das estruturas do
sistema de águas pluviais.
Quadro 3 – Procedimentos de manutenção para os dispositivos de microdrenagem.
Fonte: São Paulo, 2012a.
2.3 PLANEJAMENTO EM DRENAGEM URBANA
Com a acelerada expansão das cidades e a ineficiência dos poderes públicos no contro-
le desse crescimento, ocorre a implantação de loteamentos sem o devido planejamento, au-
mentando a ocupação de áreas impróprias para as construções (margem de corpos hídricos,
regiões de alta declividade, áreas de solos instáveis, entre outros). Esse adensamento dificulta
a elaboração de planos urbanos consistentes, resultando na execução de projetos de drenagem
inadequados e na eliminação de possíveis áreas de armazenamento das vazões pluviais
(COSTA; SIQUEIRA; MENEZES FILHO, 2007).
Segundo os mesmos autores, esse cenário acaba criando a necessidade de ampliação
da capacidade das redes de drenagem existentes e da execução de novos projetos, que mais
uma vez, poderão não atender eficientemente a população, uma vez que não foram previstas
adaptações e/ou correções nas diretrizes de projeto propostas por àquele plano urbano incoe-
rente. O quadro piora ainda mais pela falta de recursos para elaboração e aperfeiçoamento dos
28
planos urbanos de drenagem e para a execução de projetos públicos apropriados (CANHOLI,
2005).
Desse modo, o par “demanda de ampliação e correção dos sistemas versus escassez de
recursos” resulta na impossibilidade de realização de novas obras ou na execução de projetos
que não consideram os fundamentos interdisciplinares básicos que essa infraestrutura exige
para o seu funcionamento eficiente (CANHOLI, 2005).
2.3.1 Formulação dos planos de drenagem
O Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) é um dos instrumentos de gestão do
sistema de drenagem (BRASIL, 2006). Para o desenvolvimento de planos urbanos que asse-
gurem o controle do escoamento superficial de maneira sustentável, ou seja, incorporando,
despoluindo, preservando e reestabelecendo, o quanto possível, o sistema de drenagem ao
ambiente, priorizando assim os mecanismos naturais do escoamento (PINTO; PINHEIRO,
2006), gestores, engenheiros e demais profissionais envolvidos devem basear-se nos seguintes
princípios básicos:
a) o sistema de drenagem pluvial faz parte do meio urbano
Sabendo que o sistema de drenagem é uma das infraestruturas da cidade e que interfe-
re diretamente em outros serviços públicos, seu planejamento deve ser pensado de maneira
integrada às demais infraestruturas, e vice-versa. Deve-se levar em conta, que o sistema de
drenagem não funciona isoladamente e deve ser organizado de maneira articulada com as de-
mais infraestruturas urbanas (SÃO PAULO, 1999).
Além disso, deve-se analisar a influência da urbanização de novas áreas sobre a bacia
hidrográfica como um todo, pois o desenvolvimento urbano progressivo gera sobrecargas no
escoamento superficial, aumentando seu volume e suas vazões. Desse modo, as medidas esta-
belecidas nos planos não podem reduzir os impactos em uma dada região em detrimento das
áreas à jusante (BRASIL, 2006).
Este princípio possibilitará a melhoria do meio urbano de maneira mais ampla e har-
mônica com o ambiente.
29
b) as várzeas são áreas de armazenamento natural
Em geral, as áreas próximas aos córregos e rios são planas e, aparentemente, muito
propícias à ocupação humana, seja para habitação, transporte ou consumo das águas. Embora
as várzeas estejam com menor frequência em contato com o escoamento, elas estão susceptí-
veis aos processos climáticos naturais e às ações antrópicas e, por vezes, são atingidas por
maiores volumes e vazões (BRASIL, 2006).
Com o aumento do nível dos corpos hídricos e a ocupação irregular das várzeas sur-
gem os problemas relacionados à ocorrência de alagamentos e inundações, isto porque, essas
áreas marginais são naturalmente destinadas a receber os excessos de água que extravasam do
leito dos caudais (BRASIL, 2007).
Segundo as Diretrizes Básicas para Projetos de Drenagem Urbana no Município de
São Paulo (SÃO PAULO, 1999, p. 12):
As funções primárias de um curso d'água e de sua várzea associada são a coleta, ar-
mazenamento e veiculação das vazões de cheias. Essas funções não podem ser rele-
gadas a um plano secundário em favor de outros usos que se possa imaginar para as
várzeas, sem a adoção de medidas compensatórias normalmente onerosas. Respeita-
da essa restrição, as várzeas têm a potencialidade de contribuir para a melhoria da
qualidade da água e do ar, a manutenção de espaços abertos, a preservação de ecos-
sistemas importantes e acomodação de redes de sistemas urbanos adequadamente
planejados.
c) drenagem é um problema de destinação de espaço
O volume de água que escoa sobre a bacia não pode ser comprimido ou reduzido, por-
tanto, o planejamento da drenagem urbana deve envolver a administração do problema de
alocação dessas águas no espaço (CANHOLI, 2005).
Com a urbanização desordenada e o uso inadequado do solo há uma redução da capa-
cidade de armazenamento natural dos deflúvios, situação que se agrava quando não são pre-
vistas medidas compensatórias adequadas para o controle do escoamento superficial. Dessa
forma, as águas das chuvas ocuparão, inevitavelmente, espaços muitas vezes indesejáveis à
população (SÃO PAULO, 1999).
Conforme visto no item 2.2.2.1, as técnicas compensatórias promovem o armazena-
mento e amortecimento dos deflúvios e se apresentam como instrumentos de controle do es-
coamento superficial, podendo ser regulamentadas pelas legislações municipais e inseridas
aos planos urbanos.
30
Além de contribuírem para o controle do escoamento, em geral essas medidas estão
associadas a outros usos, como recreação e paisagismo, ou seja, a utilidade pública que os
planos podem incorporar no incentivo à utilização dessas soluções vai além do controle de
alagamentos e inundações. Diante de determinadas circunstâncias, há, ainda, a possibilidade
das águas armazenadas serem utilizadas para irrigação, recarga do lençol freático, abasteci-
mento industrial, entre outros (SÃO PAULO, 1999).
d) as medidas de controle de poluição são parte essencial em um plano de drenagem
Os procedimentos de inspeção e limpeza dos dispositivos de drenagem e da malha viá-
ria, a coleta e o tratamento de esgoto, a presença de ligações clandestinas de esgoto na rede de
drenagem e a regulamentação dos serviços de movimento de terras devem ter atenção especial
nos planos, uma vez que “o controle da poluição das águas é essencial para que sejam alcan-
çados os benefícios potenciais que podem oferecer os cursos d'água urbanos e suas várzeas”
(SÃO PAULO, 1999).
Segundo o mesmo autor, o planejamento em drenagem urbana deve ser realizado se-
gundo critérios bem estabelecidos para que atenda de maneira benéfica às particularidades
físicas, econômicas, sociais e institucionais do município. Para tanto, a municipalidade deve
estar sempre pautada em regulamentos adequados de forma a produzir projetos de drenagem
factíveis, técnica e economicamente eficientes, coerentes com as demais infraestruturas da
cidade e condizentes com as necessidades da população.
Além dos princípios enunciados, Wanielista e Yousef (1993 apud CANHOLI, 2005, p.
27) afirmam que um plano de drenagem abrangente envolve:
O levantamento das características físicas da bacia de drenagem, notadamente da-
quelas que influenciam os deflúvios (run-off); a formulação de planos alternativos
de controle ou correção de sistemas de drenagem, explicitando os respectivos objeti-
vos; a análise da viabilidade técnica e econômica das alternativas, considerando
também os aspectos sociopolíticos (aceitação pela comunidade) e ambientais; e uma
metodologia consistente para seleção da alternativa ótima.
De um modo geral, os estudos necessários para a formulação dos planos de drenagem
envolvem o diagnóstico dos problemas existentes e a previsão de problemas futuros, além da
determinação, hierarquização e redimensionamento de soluções mais adequadas aos sistemas
levando-se em conta fatores técnicos, econômicos e ambientais (CANHOLI, 2005).
31
2.4 DIRETRIZES PARA EXECUÇÃO DE OBRAS DE MICRODRENAGEM
A execução de obras de drenagem em geral requer, antes de qualquer ação, o planeja-
mento minucioso de todas as atividades que serão desenvolvidas para a concretização dos
projetos a implantar, uma vez que vários dos serviços envolvidos exigem rigorosos procedi-
mentos de segurança em algumas fases de projeto e a utilização de metodologias específicas a
cada local (RECIFE, 2002).
Para tanto, deverá haver a participação de uma equipe multidisciplinar que fará dife-
rentes análises quanto à viabilidade de execução de cada fase. Serão feitas avaliações geotéc-
nicas, dos materiais e equipamentos a serem utilizados, de possíveis interferências e de aspec-
tos legais do município ou região (MANGIERI, 2012).
Os resultados dessas avaliações e a utilização dos métodos adequados possibilitarão a
execução de obras mais eficientes, econômicas e como o mínimo de interferências ao entorno
do canteiro.
No planejamento das obras de drenagem também serão definidas: as frentes de execu-
ção das obras, os desvios das águas pluviais durante a fase de obras, possibilitando a sua exe-
cução, o remanejamento provisório ou definitivo de outras infraestruturas públicas que interfi-
ram nas obras, a localização de áreas de empréstimo e “bota-fora”, a localização dos canteiros
de serviço, os espaços necessários para a livre movimentação de pessoal, de equipamentos e
de materiais dentro da área de trabalho, o esquema de desvio de trânsito no entorno da obra, o
acesso dos moradores aos domicílios adjacentes à obra, o esquema de medicina e segurança
do trabalho e os esquemas emergenciais no caso de chuvas intensas e/ou enchentes durante as
obras (RECIFE, 2002).
Segundo Mangieri (2012), as etapas de execução de uma obra de microdrenagem ur-
bana são: (1) locação; (2) sinalização; (3) rompimento ou remoção da pavimentação (caso
exista); (4) escavação; (5) escoramento (se necessário); (6) esgotamento da vala (se necessá-
rio); (7) preparo do fundo da vala; (8) assentamento da rede; (9) reaterro da vala; (10) recom-
posição do pavimento ou pavimentação; e, (11) cadastro da rede (as built).
Em geral, as obras de drenagem urbana são construídas de jusante para montante, pois
assim há a facilidade de criar esquemas de desvio das águas de chuva e a possibilidade do
esgotamento das águas afluentes pelo trecho de obra já construído. Há casos em que essa or-
dem pode ser invertida, desde que sejam tomadas providências especiais para evitar o alaga-
mento do canteiro de obras (RECIFE, 2002).
32
As obras de microdrenagem são necessárias para criar condições razoáveis de mobili-
dade urbana diante da ocorrência de chuvas com períodos de retorno de até 10 anos (SÃO
PAULO, 2012a) e conforme exposto no item 2.3.2.1, a microdrenagem é constituída de dis-
positivos que controlam o escoamento superficial em nível de loteamento.
Além da manutenção permanente, com a limpeza e desobstrução de seus dispositivos,
a execução de projetos em microdrenagem exige a observação cuidadosa aos detalhes cons-
trutivos desses elementos, que se não forem respeitados, poderão comprometer o funciona-
mento eficiente do sistema e contribuir para a ocorrência de alagamentos no meio urbano
(SÃO PAULO, 2012a).
Neste trabalho serão abordados apenas os aspectos construtivos relativos ao traçado da
rede, à execução de sarjetas e bocas de lobo, além de algumas considerações a respeito da
ordem de execução de obras de porte, como a canalização de caudal e obra de arte especial
inseridas no meio urbano.
2.4.1 Critérios para o traçado da rede de drenagem
Com base nos dados topográficos disponíveis, no pré-dimensionamento hidrológico e
hidráulico e na delimitação da bacia de contribuição pode-se realizar o traçado da rede coleto-
ra de águas pluviais.
Diversas configurações de rede são analisadas, isto porque a definição da concepção
inicial é mais importante para a economia global do sistema e para o melhor aproveitamento
do mesmo, do que os estudos posteriores que serão necessários durante as fases executivas do
projeto (PORTO ALEGRE, 2002).
A análise do traçado deve ainda, ser desenvolvida levando-se em conta os planos ur-
banísticos do município e suas considerações em relação às vias e quadras da malha urbana.
2.4.2 Critérios para disposição e execução de sarjetas
O escoamento superficial na malha urbana se dá pelos terrenos, ruas e sarjetas. As vi-
as, entre outros motivos, possuem uma determinada declividade transversal e inclinação lon-
gitudinal para facilitar que as águas sejam direcionadas para as sarjetas.
Deve ser prevista uma inclinação transversal nas sarjetas para que a água da chuva seja
acomodada sobre esse dispositivo durante o escoamento. Quanto maior a inclinação e a largu-
ra da sarjeta maior será a capacidade de transporte de água. A inclinação mais usada é de
33
20%, não sendo recomendado que se ultrapasse os 25%, pois grandes inclinações oferecem
riscos à população (WATANABE, 2014).
Segundo o mesmo autor, não há limitação para a largura da sarjeta. Em geral, utiliza-
se uma largura de 40 cm. Sarjetas com maiores larguras oferecem maior capacidade condução
do escoamento, no entanto, isto pode dificultar a passagem de crianças e idosos por cima da
sarjeta nos dias de chuva.
De acordo com o Manual de Drenagem de São Paulo (2012a), o transbordamento das
águas para fora das sarjetas, ou seja, o alagamento do leito carroçável e até mesmo das calça-
das são permissíveis, desde que essa situação não seja frequente.
Na Figura 11 estão representadas as dimensões usuais de um conjunto guia-sarjeta.
Figura 11 – Corte esquemático da sarjeta e demais elementos da via.
Fonte: Watanabe, 2014.
Quando a vazão é maior que a capacidade de escoamento da sarjeta pode ocorrer ala-
gamentos, inundação das calçadas e erosão do pavimento devido à velocidade excessiva das
águas. Em razão disto, e do peso decorrente dos veículos estacionados sobre sua estrutura,
esses dispositivos devem ser construídos com material resistente e seu acabamento deve ser o
mais liso possível, para facilitar o escoamento (GEMAQUE; NEGRÃO, 2010).
2.4.3 Critérios para disposição de bocas de lobo
As bocas de lobo (BLs) têm por finalidade a captação do escoamento direcionado pe-
las sarjetas, conduzindo as vazões superficiais para a rede de condutos subterrâneos. Elas são
dispostas nos pontos mais baixos da malha viária com vistas a evitar a criação de zonas de
alagamentos e de águas paradas, além é claro, de serem instaladas para evitar o transborda-
mento das águas na pista de rolamento.
34
Os principais critérios utilizados para a determinação do local onde esses dispositivos
serão instalados são (PORTO ALEGRE, 2005):
a) instalação em ambos os lados da rua;
b) instalação nos pontos mais baixos das vias;
c) quando suas capacidades de engolimento forem atingidas;
d) quando a capacidade de condução da sarjeta for superada;
e) instalação em pontos localizados à montante em relação às faixas de pedestres e cru-
zamentos de vias.
O mesmo autor faz outra recomendação a respeito da disposição desses dispositivos na
malha viária, a de que não é conveniente a instalação de BLs junto ao vértice de ângulo de
interseção das sarjetas de duas ruas convergentes, primeiro porque os pedestres teriam que
saltar a torrente num trecho de máxima vazão superficial para cruzarem uma rua e, segundo,
porque as torrentes convergentes pelas diferentes sarjetas resultariam no escoamento em sen-
tido contrário ao da afluência para o interior da BL.
Na Figura 12 está esquematizada a disposição recomendada e a não recomendada das
bocas de lobo nas guias.
Figura 12 – Disposição das bocas de lobo nas vias.
Fonte: Porto Alegre, 2005.
Em ruas íngremes o escoamento pode atingir altas velocidades e, em razão disto, há a
possibilidade das águas passarem direto pela boca de lobo. A solução proposta para esses ca-
sos é a execução de rebaixo na sarjeta, o que facilitaria o engolimento do fluxo pelo dispositi-
vo (WATANABE, 2014).
Também existem recomendações quando às dimensões mínimas e máximas das aber-
turas das bocas de lobo e das grelhas, que não devem ultrapassar certos limites, pois podem
oferecer riscos às pessoas, como permitir a passagem de crianças por aberturas muito grandes
das bocas de lobo.
35
Há ainda os problemas decorrentes de uma abertura muito pequena. Quando o escoa-
mento percorre a bacia, traz junto consigo vários tipos de resíduo, dependendo do tamanho
desses detritos, pode ocorrer o entupimento das bocas de lobo, obstruindo a passagem do es-
coamento.
Em razão dessas situações, foram estabelecidas as dimensões mínima e máxima para a
altura da abertura das bocas de lobo, sendo, respectivamente, 8,5 cm e 15 cm (Figura 13).
Figura 13 – Altura mínima e máxima da abertura das bocas de lobo.
Fonte: Watanabe, 2014.
Quando instaladas de maneira estratégica, as bocas de lobo promoverão o rápido esco-
amento das águas e minimizarão os riscos de ocorrência de alagamentos no meio urbano.
2.4.4 Critérios de projeto para canalização de curso d’água
Segundo Barros (1995, apud GEMAQUE; NEGRÃO, 2010, p. 50), no Brasil as inter-
venções no fundo de vale privilegiam, com certa predominância, obras de canalização dos
corpos hídricos em estruturas de concreto, muitas vezes constituídas de canais fechados. Em
geral, esses canais são executados por baixo das vias com o intuito de melhorar a mobilidade
no trânsito. O grande problema desse tipo de obra é a descaracterização completa do ambiente
natural.
Em razão de sua localização, no fundo do vale, normalmente, os trabalhos de execução
dos canais são realizados na presença de água, seja ela proveniente do lençol freático ou de-
corrente do corpo hídrico existente (RECIFE, 2003). Assim, a principal característica desse
tipo de obra, que a diferencia de outras construções, é a exigência de técnicas construtivas
especiais que possibilite a convivência da obra com a presença da água.
Assim como em toda obra, antes do início da canalização, as empreiteiras devem
aprovar juntos aos órgãos fiscalizadores, o planejamento da construção, no qual será descrito
36
o esquema de manejo e desvio do caudal durante a obra (RECIFE, 2003). No planejamento
deverão ser consideradas:
a) o período do ano em que serão executadas as obras;
b) as vazões mínimas e máximas previstas durante o período de execução da obra;
c) a proteção dos serviços em execução contra inundações; e,
d) o não agravamento das cheias usuais no entorno das obras, durante sua execução.
Já na fase de projeto das obras de canalização dos cursos d'água, inseridos no meio ur-
bano, a alocação dos espaços destinados para o canal, para as vias de tráfego marginais e para
o alinhamento de edificações, é essencial levar em consideração os seguintes fatores básicos
(SÃO PAULO, 1999):
a) apesar dos projetos serem elaborados para cheias com períodos de retorno médios,
cheias de maior amplitude poderão acontecer e causarão graves impactos;
b) geralmente os projetos são concebidos para certo quadro de ocupação da bacia a mon-
tante, sem considerar a possibilidade de aumento significativo desse quadro no futuro,
o que resulta em vazões mais elevadas do que as inicialmente previstas no projeto;
c) frequentemente, as margens dos cursos d’água apresentam intensa ocupação, com o
passar o passar do tempo o leito, que já era estreito em razão da ocupação das mar-
gens, torna-se insuficiente para veicular as vazões de pico de cheia atuais e, ainda,
acabam recebendo acréscimos de volume pelo efeito da urbanização a montante; e,
d) a ausência de planos diretores, voltados para as áreas de recursos hídricos, aumenta as
incertezas nas avaliações das características hidrológicas que dão suporte para a con-
cepção dos projetos de drenagem urbana.
De acordo com o mesmo autor, a alocação de espaços ao longo das canalizações no
meio urbano, deveriam ter seus projetos baseados nas seguintes diretrizes (SÃO PAULO,
1999, p. 25):
1) sempre que o espaço disponível para implantação do leito do canal permitir, pre-
ver faixas laterais, eventualmente inundáveis que permitam futuras ampliações
do canal, caso necessário;
2) como decorrência do item anterior, as pistas marginais de vias de tráfego deveri-
am, tanto quanto possível, serem afastadas das margens do canal e, evidentemen-
te, limitadas por outro lado pelo alinhamento das edificações. Neste sentido é
oportuno lembrar que tal medida contribui para valorizar as áreas marginais;
3) as faixas destinadas às edificações em cada margem, tanto quanto possível, de-
vem estar fora da faixa de inundação correspondente à cheia de 100 anos de pe-
ríodo de retorno;
4) nos casos em que as medidas acima não sejam possíveis em virtude da ocupação
existente, é conveniente caracterizar as áreas inundáveis como áreas de risco que
poderão no futuro ser reurbanizadas ou, eventualmente beneficiadas com obras
de detenção na bacia, a montante, que venham reduzir a incidência de inunda-
ções.
37
2.5 CUIABÁ, A AV. FERNANDO CORRÊA DA COSTA E AS ÁGUAS PLUVIAIS
A capital mato-grossense nasceu por volta dos anos de 1720, em razão da expansão
bandeirante que vinha em busca de indígenas, riquezas e domínio de novos territórios. A par-
tir de então, Cuiabá foi palco de vários conflitos que desencadearam em fases de fluxo e re-
fluxo populacional, ocasionando o desenvolvimento descontínuo do espaço urbano (CUIA-
BÁ, 2012).
Segundo o mesmo autor, o crescimento da cidade ocorreu de maneira mais intensa a
partir dos anos 60, em razão de incentivos fiscais e de créditos concedidos pela Superinten-
dência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Os estímulos federais deram oportunida-
des para que grandes empresas agropecuárias se estabelecessem no norte de Mato Grosso,
intensificando a ocupação do Estado e posicionando a capital como centro de apoio à ocupa-
ção e aos fluxos migratórios.
“Cuiabá, na década de 70, foi um dos municípios brasileiros com as mais altas taxas
de crescimento populacional, devido às frentes migratórias oriundas dos mais diversos Esta-
dos brasileiros.” (CUIABÁ, 2007a). Segundo dados apresentados no Plano Diretor de Desen-
volvimento Estratégico de Cuiabá (CUIABÁ, 2007b), a população da cidade se manteve com
aproximadamente 50 mil habitantes até 1960 e, em 1970, eram mais de 100 mil habitantes na
cidade. Em 1980, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE registrou mais de
200 mil habitantes e, em 1991, a população duplicou, ultrapassando a marca dos 400 mil habi-
tantes.
De acordo com o censo demográfico do IBGE realizado em 2010, Cuiabá abrigava
mais de 550 mil habitantes naquele ano e a população estimada para julho de 2014 ultrapassa-
va os 575 mil habitantes (IBGE, 2014).
Esse incremento populacional demandava a ocupação de novos espaços e a implanta-
ção de equipamentos urbanos, no entanto, os poderes públicos não conseguiram oferecer os
serviços com a mesma velocidade (CUIABÁ, 2012). Do mesmo modo que em outras grandes
cidades, o processo de urbanização verificado em Cuiabá favoreceu a ocupação desordenada
do solo, reduzindo drasticamente o controle dos gestores sobre o planejamento, implantação e
manutenção das infraestruturas públicas, entre elas, o sistema de drenagem pluvial.
A Av. Fernando Corrêa da Costa é uma via de grande importância para a economia e
mobilidade urbana. Segundo a Lei Complementar (LC) nº 232 de 2011, que dispõe sobre a
hierarquização viária do município, a referida avenida, em toda sua extensão, é classificada
38
como via estrutural, ou seja, é formada por vias de atravessamento com alta capacidade de
tráfego, fazendo parte do eixo estrutural transversal da cidade (CUIABÁ, 2011).
Além de atender ao fluxo de veículos vindos de diversas partes da cidade, a Av. Fer-
nando Corrêa da Costa dá acesso ao trecho urbano da rodovia BR 364/163/070, ligando o
município a outros estados e regiões de Mato Grosso (CUIABÁ, 2011). Isto significa que,
parte da via, recebe o tráfego de veículos de cargas e de passeio que estão em trânsito por
Cuiabá. Em função disso, várias indústrias e empresas de bens e serviços, como concessioná-
rias automotivas, postos de combustíveis, restaurantes, oficinas mecânicas, hotéis, supermer-
cados, entre outras, se instalaram às margens da avenida.
O desenvolvimento urbano ao longo desta via também foi impulsionado em decorrên-
cia de seu asfaltamento, o que reforçou a ligação do Centro com a região do Coxipó, e à insta-
lação das dependências da UFMT na avenida (CUIABÁ, 2012). O desenvolvimento do muni-
cípio, como um todo, foi ainda maior em decorrência do anúncio de que Cuiabá seria uma das
cidades-sede da Copa do Mundo FIFA 2014.
Com o passar do tempo, edificações comerciais, loteamentos residenciais, empresas do
gênero alimentício, supermercados, shopping center, redes hoteleiras, instituições educacio-
nais, financeiras e religiosas, entre vários outros segmentos comerciais, se instalaram ao longo
da via. Portanto, é notória a importância da Av. Fernando Corrêa da Costa ao desenvolvimen-
to urbano e socioeconômico de Cuiabá.
Na Figura 14, que mostra parte da avenida na região dos bairros Jardim das Américas
e Pico do Amor, é possível verificar o adensamento no entorno da via.
Figura 14 – Av. Fernando Corrêa da Costa vista do entroncamento com a Av. Miguel Sutil em maio de 2014.
Fonte: GOOGLE, 2013.
Com a crescente ocupação no entorno da avenida e, em razão de sua importância ao
sistema viário da cidade, os alagamentos têm causado impactos cada vez mais abrangentes.
Entre os danos estão os prejuízos de natureza social, como a impossibilidade de ir e vir em
39
função do acúmulo e correnteza das águas, estresse, ansiedade, entre outros, os prejuízos de
natureza econômica, com a manutenção de veículos, limpeza de pátios e estacionamentos dos
comércios atingidos, com adaptações na estrutura das edificações susceptíveis à invasão das
águas, a fim de minimizar os efeitos de outros possíveis alagamentos, e os transtornos ao trân-
sito, causando congestionamentos e acidentes (Figura 15).
Figura 15 – Congestionamento na Av. Fernando Corrêa da Costa devido ao alagamento do dia 12/12/2014.
Fonte: imagem gentilmente concedida por Raphael Lourenço Dias Guerra.
Outra consequência de natureza mais importante é o risco de se perder vidas humanas
por afogamentos e por complicações mais graves no trânsito, por exemplo. Além disso, os
alagamentos registrados têm alcançado proporções alarmantes.
De acordo com as publicações de vários grupos e canais jornalísticos da cidade, com a
breve chuva do dia 12 de dezembro de 2014, a água acumulada ultrapassou a altura dos pneus
de carros utilitários, invadindo os veículos (Figura 16) e impossibilitando o trânsito de pedes-
tres (Figura 17).
Figura 16 – Alagamento na região do Viaduto Jornalista Clóvis Roberto, na Av. Fernando Corrêa da Costa, no
dia 12/12/2014.
Fonte: disponível em <http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/9/materia/437409/t/chuva-alaga-
fernando-correa->. Acesso em 12/12/2014.
40
Figura 17 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 12/12/2014 dificultou a circulação de veículos
e pedestres.
Fonte: imagem gentilmente concedida por Igor Rossini Smerecki.
Na mesma ocasião houve até a necessidade de guinchar um veículo que sofreu pro-
blemas no motor pelo acúmulo de água em seu interior (Figura 18).
Figura 18 – Veículo guinchado em razão de problemas mecânicos causados por alagamento na Av. Fernando
Corrêa da Costa no dia 12/12/2014.
Fonte: disponível em <http://glo.bo/1GuA7ef>. Acesso em 12/12/2014.
Outros alagamentos já tinham ocorrido na Av. Fernando Corrêa da Costa naquele
mesmo ano. Em 14 de janeiro de 2014, por exemplo, pedestres, motoristas e os comerciantes
41
sofreram com os transtornos causados pela ineficiência do sistema de drenagem da região
(MENDES, 2014).
Na Figura 19 é possível perceber que as duas pistas da avenida foram encobertas por
uma lâmina d’água que ultrapassava a altura dos pneus dos veículos de passeio, alcançando
até mesmo as portas do ônibus público e invadindo parte do viaduto Clóvis Roberto e do esta-
cionamento de um supermercado da região.
Figura 19 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 14/01/2014.
Fonte: MENDES, 2014.
Os mesmos problemas eram verificados muito antes da implantação de obras de mobi-
lidade para a Copa do Mundo. Em abril de 2001, um temporal, aliado à destruição de um re-
servatório particular, o que pode ter contribuído para a sobrecarga no escoamento do Córrego
do Barbado, causaram sérios problemas a vários bairros da capital.
Entre os danos materiais, houve a queda de um veículo no Córrego do Barbado, na re-
gião do entroncamento da Av. Fernando Corrêa da Costa com a Av. Tancredo Neves, que foi
arrastado pela correnteza (VARGAS, 2001). As pessoas que estavam dentro daquele carro
foram salvas, o mesmo não acontecendo com pelo menos 15 pessoas de outros bairros, que
perderam suas vidas devido a essa mesma eventualidade (PINTO, 2001).
Também há notícias de que, em 2004, as bocas de lobo não suportavam o fluxo e as
águas já ocupavam as pistas e calçadas da avenida (LANNES, 2004) e de acordo com Amaral
e Filho (2014), em 28/05/2009 também foi registrada a ocorrência de alagamento na Av. Fer-
nando Corrêa da Costa, não havendo informações sobre o número de pessoas atingidas.
Ocorrências mais significativas voltaram a ser registradas a partir de 2013. Segundo
matéria publicada por Dióz e Maia (2013), a Defesa Civil registrou que a lâmina d’água al-
cançou cerca de 50 cm de altura durante o período mais intenso da chuva (Figura 20).
42
Figura 20 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa no dia 18/03/2013.
Fonte: disponível em <http://glo.bo/11bBJtO>. Acesso em 04/09/2014.
No mesmo ano, com a chuva do dia 27 de outubro, mais uma vez a mesma região da
Av. Fernando Corrêa da Costa e outras vias próximas foram alagadas, dificultando o trânsito
de pedestres e veículos de pequeno porte, além de provocar transtornos aos estabelecimentos
comerciais do entorno.
Em outubro de 2013, as obras do viaduto Clóvis Roberto no entroncamento da Av.
Fernando Corrêa da Costa com as avenidas Brasília e Tancredo Neves, destinada à implanta-
ção do modal Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), já tinham iniciado. Com a chuva do dia 27,
as águas invadiram o canteiro de obras, gerando mais complicações na região, seja pelas inter-
ferências ao trânsito, seja pela deposição ainda maior de partículas e outros resíduos nas águas
acumuladas (Figuras 21 e 22).
Figura 21 – Vista do Córrego do Barbado no entroncamento da Av. Fernando Corrêa da Costa com Av. Tancre-
do Neves durante a chuva do dia 27/10/2013.
Fonte: TEIXEIRA, 2013.
43
Figura 22 – Vista da Av. Fernando Corrêa da Costa após ocorrência da chuva no dia 27/10/2013.
Fonte: TEIXEIRA, 2013.
De acordo com Arantes (2013), um estudo sobre o impacto econômico dos alagamen-
tos na cidade de São Paulo, realizado por Eduardo Amaral Haddad, professor titular do De-
partamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Uni-
versidade de São Paulo (FEA-USP), e por Eliane Teixeira dos Santos, mestranda em Teoria
Econômica e orientanda de Haddad, revela que:
cada ponto de alagamento formado na cidade de São Paulo após uma chuva forte
provoca um prejuízo diário de mais de R$ 1 milhão ao país. Com 749 pontos de ala-
gamento identificados na cidade, as perdas anuais no âmbito do município chegam a
quase R$ 336 milhões. E, com o espraiamento dos efeitos pelas longas cadeias de
produção e renda, o prejuízo vai a mais de R$ 762 milhões em escala nacional.
Mesmo não se tratando da cidade de Cuiabá, o estudo se adapta a realidade de qual-
quer município que sofra com problemas relacionados às águas pluviais: a de que a ocorrência
de alagamentos, e outros eventos de natureza hidrometeorológica, trazem, além dos impactos
já mencionados, prejuízos aos cofres públicos.
44
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Este Trabalho de Graduação teve como objetivo identificar os fatores que podem con-
dicionar a ocorrência de alagamentos na Av. Fernando Corrêa da Costa considerando o com-
portamento do escoamento superficial segundo às características topográficas da bacia, ao uso
e ocupação do solo no período de dez anos, vinculando estas discussões aos índices urbanísti-
cos municipais, e aos aspectos relativos à sua captação, abordando a execução e, principal-
mente, a manutenção e limpeza dos dispositivos de microdrenagem existentes na bacia.
3.2 ESPECÍFICOS
Os seguintes objetivos específicos contribuíram para a verificação das hipóteses pro-
postas:
a) compreender a influência da topografia no comportamento do escoamento pluvial
sobre a bacia de contribuição;
b) compreender a influência da impermeabilização do solo no comportamento do es-
coamento pluvial sobre a bacia de contribuição;
c) fornecer subsídio aos gestores públicos para o direcionamento de ações de manu-
tenção e limpeza dos dispositivos de drenagem da bacia de contribuição;
d) verificar o uso dos critérios de execução das bocas de lobo e sarjetas dispostos no
sistema de microdrenagem da bacia de contribuição;
e) compreender a influência da execução de projetos de mobilidade urbana no compor-
tamento do escoamento pluvial sobre a bacia de contribuição.
45
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Com vistas a alcançar os objetivos estabelecidos, o estudo do escoamento pluvial no
trecho da Avenida Fernando Corrêa da Costa envolveu o levantamento de informações relati-
vas:
a) à topografia das vias que integram a bacia de contribuição e que sejam diretamente
ligadas à Av. Fernando Corrêa da Costa;
b) ao mapeamento e verificação do estado de manutenção e limpeza dos dispositivos
de microdrenagem da bacia;
c) aos aspectos regulatórios de uso e ocupação do solo em Cuiabá; e,
d) ao planejamento e processo executivo de obras públicas e privadas inseridas na ba-
cia de contribuição.
Os estudos relativos à drenagem pluvial partem da análise das características e do
comportamento do escoamento em uma bacia de contribuição (SÃO PAULO, 1999), assim,
foi feita a delimitação da área de drenagem, dentro da qual o trecho da Avenida Fernando
Corrêa da Costa, atingido pelos problemas de drenagem, está inserido.
O contorno que limita a bacia estudada foi feito com base nas curvas de nível do mapa
“Base Geral Cuiaba_completando.dwg”, de autoria desconhecida, em recursos do aplicativo
Google Earth (2013) e por meio de visitas de campo, tomando os pontos de cotas mais eleva-
das para comporem a linha da divisão topográfica.
Com o traçado do divisor de águas foi possível identificar as vias incluídas na bacia e
verificar o comportamento do escoamento pluvial sobre as mesmas. A verificação do caminho
das águas foi feita com auxílio dos perfis longitudinais das vias diretamente ligadas à Av.
Fernando Corrêa da Costa. Os perfis foram gerados com uso do recurso “perfil de elevação”,
do aplicativo Google Earth (2013). Além disso, foram realizadas visitas de campo, em dias de
céu aberto e dias de chuva, como forma de complementar o estudo do comportamento das
águas na bacia.
Após as análises foi feito o traçado do fluxo do escoamento pluvial na planta-baixa da
bacia de contribuição. O caminho percorrido pelas águas foi representado por setas de cor
azul escuro, com uso de recursos do aplicativo AutoCAD (2011).
Para estimar as áreas permeáveis e impermeáveis da bacia foram utilizadas imagens de
satélite disponibilizadas pelo aplicativo Google Earth (2013), cujo banco de dados fornece
registros fotográficos da área desde o ano de 2004. Com base nesse banco de imagens, foram
selecionadas duas fotografias da bacia, uma registrada em maio de 2004 e outra em dezembro
46
de 2014. Para ambas as imagens, a estimativa das áreas permeáveis e impermeáveis foi feita
com o emprego dos comandos “polyline” e “area”, no aplicativo AutoCAD (2011).
A demarcação das áreas permeáveis foi feita, somente, sob a percepção visual da auto-
ra diante das imagens coletadas e, ainda, com base nas informações coletadas durante as visi-
tas de campo. Foram selecionadas regiões que apresentavam áreas verdes, áreas de solo sem
cobertura vegetal, terrenos baldios e os canteiros públicos. Não foram contabilizados os coefi-
cientes de permeabilidade sobre os lotes edificados públicos e particulares.
Da área total da bacia foi subtraída a área permeável contabilizada, obtendo-se a área
impermeável. Com os valores obtidos, para o ano de 2004 e 2014, e o emprego de recursos do
aplicativo Microsoft Excel (2010), foi elaborado gráfico do tipo “colunas agrupadas”, o qual
ilustrou de forma comparativa, o comportamento do processo de urbanização na bacia, no
intervalo de dez anos.
Com a planta de zoneamento do município de Cuiabá foram verificadas quais zonas
abrangem a bacia de contribuição, os índices urbanísticos de cada uma delas, elaborado um
exemplo numérico, de modo a visualizar a abrangência do coeficiente de permeabilidade so-
bre a superfície de drenagem, e feita uma comparação entre a área permeável obtida com o
exemplo e a área permeável estimada para o ano de 2014, conforme citado anteriormente nes-
te item.
No exemplo foi suposto que a área de toda a bacia pertence à zona que apresenta o
menor dos coeficientes de permeabilidade, isto porque um índice menor exige a reserva de
uma área menor para infiltração das águas. Em seguida o índice adotado foi multiplicado pela
área da bacia e o resultado foi comparado à área permeável da bacia para o ano de 2014.
A verificação da manutenção (condição estrutural) dos dispositivos de microdrenagem
da bacia (bocas de lobo e sarjetas), inclusive do seu estado de limpeza, foi feita por meio de
visitas de campo e com uso do aplicativo Google Earth (2013), neste último sendo usada a
ferramenta “Street View”. Além dessas observações, especificamente nos dias de chuva, as
visitas tiveram por objetivo verificar o funcionamento dos dispositivos de drenagem na região
mais crítica da bacia, ou seja, na “Área Atingida por Alagamentos”.
Todas as bocas de lobo (BLs) verificadas, seja por visitas em campo seja com uso do
Google Earth (2013), receberam uma identificação numérica e tiveram registros fotográficos.
O número de registro das BLs, bem como seu modelo (simples, dupla, entre outros), seu esta-
do de manutenção (presença de danos físicos), estado de limpeza (presença de obstruções),
nome da imagem de visualização e data do registro fotográfico, foram organizados em tabelas
do aplicativo Microsoft Excel (2010) e vinculadas ao “Mapa de traçado do escoamento e de
47
localização das bocas de lobo existentes na bacia de contribuição da Av. Fernando Corrêa da
Costa” (APÊNDICE A).
Por meio do aplicativo AutoCAD (2011) foram inseridas a localização aproximada e a
identificação numérica das BLs no referido mapa. Para representar os dispositivos sem pre-
sença de danos físicos foi usado um círculo preenchido com a cor verde e as BL que estavam
danificadas foram identificas por um círculo preenchido com a cor vermelha. A informação
de que as bocas de lobo continham obstruções ao escoamento estão presentes somente na ta-
bela de informações anexada junto ao mapa exposto no Apêndice A.
Como meio de obter informações a respeito dos serviços de limpeza e manutenção dos
dispositivos de microdrenagem da bacia, foi feita consulta telefônica ao departamento de soli-
citação de limpeza de bocas de lobo, vinculado à Secretaria de Obras de Cuiabá. Foi verifica-
do ainda, se a secretaria dispunha de rotinas e procedimentos periódicos para a manutenção
desses dispositivos.
Por fim, foi solicitado à Secretaria de Obras Públicas de Cuiabá o acesso aos projetos e
memoriais referentes às obras de mobilidade urbana, inseridas na Av. Fernando Corrêa da
Costa, como forma de compreender a influência do planejamento e execução dessas obras no
funcionamento do sistema de drenagem da região. Também foram realizadas visitas de campo
como complemento a análise.
48
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 DELIMITAÇÃO DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO
Na Figura 23 é apresentada a bacia de contribuição delimitada. O polígono de cor azul
representa o divisor de águas da bacia, a linha de cor verde, a Av. Fernando Corrêa da Costa e
o polígono de cor vermelha, a “Área Atingida por Alagamentos” (AAA). Os nomes das vias
interligadas à Av. Fernando Corrêa da Costa e dos bairros que pertencem à bacia, foram iden-
tificadas pelo texto de cor preta. Os nomes dos bairros receberam ainda, um destaque acima e
abaixo do texto.
Além da Av. Fernando Corrêa da Costa, a AAA abrange as avenidas Brasília e Haiti
(bairro Jd. das Américas), a Rua Garcia Neto (bairro Pico do Amor), a Av. Parque Barbado
(limite entre os bairros Jd. das Américas e Boa Esperança) e a Av. Tancredo Neves (limite
entre os bairros Pico do Amor e Jd. Petrópolis).
Figura 23 – Bacia de contribuição do trecho da Av. Fernando Corrêa da Costa atingido por alagamentos.
Fonte: Elaborado pela autora.
49
A bacia de contribuição possui aproximadamente 1,10 km², a AAA atinge cerca de
0,04 km² de toda a bacia, correspondendo a 3,63% da área de drenagem, e o trecho da Av.
Fernando Corrêa da Costa, que está inserido na bacia, possui aproximadamente 1,6 km de
extensão.
5.2 COMPORTAMENTO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA BACIA
Após a delimitação da bacia foi possível gerar os perfis longitudinais das vias interli-
gadas à Av. Fernando Corrêa da Costa (Figuras 24 a 37).
A linha de cor amarela corresponde ao trecho selecionado das vias interligadas com a
Av. Fernando Corrêa da Costa. Esses segmentos das vias fazem parte da área de drenagem da
bacia, contribuindo no escoamento superficial sobre a mesma.
A seta de cor vermelha representa o ponto localizado sobre a Av. Fernando Corrêa da
Costa e os números escritos acima e ao lado esquerdo da seta correspondem à cota altimétrica
do ponto sobre a Av. Fernando Corrêa da Costa e ao comprimento do trecho selecionado, res-
pectivamente.
Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor-
rêa da Costa no entroncamento com a Av. Miguel Sutil é de 187 m e a diferença de cotas do
trecho selecionado alcança os 12,4 m (Figura 24).
Figura 24 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Miguel Sutil que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
50
Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor-
rêa da Costa nos entroncamentos com a Rua Paraguaçú (Figura 25) e com a Rua Capitão Ipo-
rã (Figura 26) é de 180 m e 177 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho selecio-
nado dessas mesmas vias é de 5,64 m e 4,97 m, respectivamente.
Figura 25 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Paraguaçú que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
Figura 26 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Capitão Iporã que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
51
Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor-
rêa da Costa nos entroncamentos com a Rua São Miguel (Figura 27) e com a Rua La Paz
(Figura 28) é de 173 m e 172 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho seleciona-
do dessas mesmas vias é de 5,69 m e 6,34 m, respectivamente.
Figura 27 – Perfil longitudinal do trecho da Av. São Miguel que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
Figura 28 – Perfil longitudinal do trecho da Rua La Paz que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
52
Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor-
rêa da Costa nos entroncamentos com a Rua Garcia Neto (Figura 29) e com a Av. Tancredo
Neves (Figura 30) é de 168 m e 166 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho se-
lecionado dessas mesmas vias é de 8,62 m e 3,70 m, respectivamente.
A Av. Tancredo Neves é resultado da canalização do Córrego do Barbado e, sendo
uma via de fundo de vale, é justificável a presença das menores cotas da bacia (Figura 30).
Figura 29 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Garcia Neto que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
Figura 30 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Tancredo Neves que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
53
Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor-
rêa da Costa nos entroncamentos com a Rua “Sem Identificação” (Figura 31) e com a Av.
Cidade do México (Figura 32) é de 174 m e 169 m, respectivamente. E a diferença de cotas
do trecho selecionado dessas mesmas vias é de 9,69 m e 16,90 m, respectivamente.
Figura 31 – Perfil longitudinal do trecho da Rua “Sem Identificação” que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
Figura 32 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Cidade do México que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
54
Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor-
rêa da Costa nos entroncamentos com a Av. Haiti (Figura 33) e com a Av. Brasília (Figura 34)
é de 168 m e 166 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho selecionado dessas
mesmas vias é de 11,70 m e 9,84 m, respectivamente.
Figura 33 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Haiti que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
Figura 34 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Brasília que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
55
Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor-
rêa da Costa nos entroncamentos com a Av. Parque Barbado (Figura 35) e com a via de aces-
so à UFMT (Figura 30) é de 166 m e 164 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho
selecionado dessas mesmas vias é de 9,32 m e 13,70 m, respectivamente.
A Av. Parque Barbado também resulta da canalização do Córrego do Barbado e, sendo
uma via de fundo de vale, é justificável a presença das menores cotas da bacia (Figura 35).
Figura 35 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Parque Barbado que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
Figura 36 – Perfil longitudinal do trecho da via de acesso à UFMT que contribui no escoamento na bacia.
Fonte: Google, 2013.
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  • 1. 0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA ENGENHARIA E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE GRADUAÇÃO ESTUDO SOBRE OS CONDICIONANTES DE ALAGAMENTOS NA AVENIDA FERNANDO CORRÊA DA COSTA, CUIABÁ/MT ABSSA PRADO ZORZO CUIABÁ/MT 04 DE FEVEREIRO DE 2015
  • 2. 1 ABSSA PRADO ZORZO ESTUDO SOBRE OS CONDICIONANTES DE ALAGAMENTOS NA AVENIDA FERNANDO CORRÊA DA COSTA, CUIABÁ/MT Trabalho de Graduação submetido ao Corpo Docente da Faculdade de Arquitetura, Enge- nharia e Tecnologia da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. PROF. M.Sc. RAFAEL PEDROLLO DE PAES ORIENTADOR CUIABÁ/MT 04 DE FEVEREIRO DE 2015
  • 3. 2
  • 4. 3 DEDICATÓRIA Aos gestores públicos e corpo técnico da Pre- feitura Municipal de Cuiabá, para os quais espero ter contribuído de maneira produtiva com as informações presentes neste trabalho.
  • 5. 4 AGRADECIMENTOS Ao Senhor Deus, que em Sua infinita bondade, iluminou meus caminhos e agraciou minha vida com a maravilhosa oportunidade de estudar. Aos meus pais, Ademir e Zildete, por seu amor e carinho incondicionais, por não me- direm esforços em proporcionar as melhores condições para que eu pudesse concluir a facul- dade e por serem exemplos de dedicação, honestidade, persistência e muito trabalho. Ao meu irmão, Kauê, por apoiar minhas decisões, vibrar com minhas conquistas e me consolar quando estive angustiada. Às irmãs de coração, Gabriela, Janaína, Luana, Marianna e Tassiane, por se tornarem minha família durante os anos que estive longe do meu lar. Ao meu namorado Diogo, por compreender minha ausência nos períodos de provas e trabalhos, por me alegrar quando estive em momentos difíceis e por me ajudar, de longe ou de perto, a resolver diferentes questões relacionadas à faculdade. Aos amigos e amigas de faculdade, pelo companheirismo, troca de conhecimentos e paciência durante os anos de estudo que passaram, especialmente, à minha querida amiga Jés- sica, por ser minha grande parceira na elaboração de trabalhos e jornadas de estudo. Presto minha gratidão também, a todos os professores que contribuíram de alguma maneira para meu crescimento pessoal e profissional, em especial, ao professor Rafael Pedrol- lo, pela orientação, ensino e disposição para a realização deste trabalho.
  • 6. 5 RESUMO A urbanização da capital mato-grossense tem impactado de maneira significativa a população e o ambiente. Entre seus efeitos, estão os problemas relacionados à drenagem de águas pluviais, decorrentes da modificação dos processos do ciclo hidrológico natural. O de- senvolvimento urbano gera, por exemplo, o aumento dos volumes do escoamento superficial, trazendo entre outras consequências o aumento da frequência e do nível de alagamentos em regiões importantes da cidade como o trecho da Av. Fernando Corrêa da Costa, localizado próximo a Universidade Federal de Mato Grosso. Diante deste cenário, este trabalho estudou o escoamento superficial sobre a bacia de contribuição na qual a área atingida pelos alaga- mentos está inserida, com intuito de descobrir quais fatores condicionam a frequente ocorrên- cia dos problemas de drenagem na avenida. Para analisar a interferência da urbanização em relação ao escoamento superficial foi considerado um período de dez anos, segundo o qual foram elaborados diagramas de áreas permeáveis e impermeáveis da bacia para o início e o final desse intervalo. Simultaneamente, foi consultada a legislação municipal em vigor como meio de identificar o zoneamento previsto para a bacia, bem como seus respectivos coeficien- tes urbanísticos. Paralelamente, foram analisadas as características topográficas da bacia, com foco na Av. Fernando Corrêa da Costa e nas vias diretamente interligadas àquela. E, finalmen- te, foi elaborado o mapeamento e o registro das condições de manutenção e limpeza da maio- ria das bocas de lobo (BL) da bacia. Os resultados encontrados com os diagramas de áreas permeáveis mostraram que, de 2004 para 2014, houve um crescimento de 13,7% das áreas impermeabilizadas na bacia. Com o mapeamento foi verificado que 43,6% das BL identifica- das na bacia apresentaram algum tipo de dano estrutural e que, 57,6% do total de BL, apresen- taram algum tipo de obstrução ao escoamento. Também foi verificado que a declividade das vias interligadas com a Av. Fernando Corrêa da Costa contribui para o direcionamento das águas para a avenida e que a falha na execução dos dispositivos de microdrenagem na bacia, bem como a canalização do Córrego do Barbado influenciam no comportamento do escoa- mento superficial sobre a bacia. Diante dos resultados ficou comprovado que a topografia e a falha na execução dos dispositivos de microdrenagem podem contribuir para a ocorrência dos alagamentos e que a impermeabilização do solo e a deficiência nas operações de manutenção e limpeza do sistema de microdrenagem podem condicionar, com maior intensidade, a ocor- rência dos alagamentos na Av. Fernando Corrêa da Costa. Palavras-chave: Drenagem urbana. Escoamento superficial. Impermeabilização do solo. Boca de lobo. Execução de obras.
  • 7. 6 ABSTRACT The urbanization of the capital of Mato Grosso has impacted significantly the popula- tion and the environment. Among its effects, are problems related to drainage of rainwater, resulting from the modification of the processes of the natural water cycle. Urban deve- lopment generates, for example, the increase in volumes of runoff, bringing among other con- sequences the increased frequency and overflow level in important areas of the city as the stretch of Av. Fernando Corrêa da Costa, located near the Federal University Mato Grosso. Before this scenario, this paper studied the runoff on the contribution basin in which the area affected by flooding is inserted, with the aim of find out which factors influence the frequent occurrence of drainage problems on the avenue. To evaluate the effect of urbanization in rela- tion to runoff was considered a period of ten years, according to which they were drawn dia- grams of permeable and impermeable areas of the basin to the beginning and end of that ran- ge. At the same time, was consulted to municipal legislation as means of identifying the plan- ned zoning for the basin, as well as their urban coefficients. At the same time, we analyzed the topographical features of the basin, focusing on Av. Fernando Correa da Costa and the roads directly linked to that. And finally, were done the mapping and recording the state of maintenance and cleaning of most of the sluice gates of the basin. The results with the per- meable areas diagrams showed that, from 2004 to 2014 there was an increase of 13.7% im- permeable areas in the basin. By mapping was found that 43.6% of sluice gates identified in the basin had some type of structural damage and that 57.6% of sluice gates, had some type of obstruction to the flow. There were also found that the slope of roads connected with Av. Fer- nando Corrêa da Costa contributes to direct water to the avenue and the failure in the executi- on of micro drainage devices in the basin as well as the channeling of Barbados Stream have influence on behavior runoff in the basin. With the results it was proved that the topography and the failure in execution the microdrainage devices can contribute to the occurrence of overflow and soil sealing and disability in the maintenance and cleaning of the microdrainage system can condition, with greater intensity, the occurrence of overflow at Av. Fernando Cor- rea da Costa. Keywords: Urban drainage. Runoff. Soil sealing. Culverts. Execution of works.
  • 8. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Perfil esquemático dos eventos de enchente e inundação.......................................15 Figura 2 – Boca de lobo obstruída por resíduos sólidos...........................................................15 Figura 3 – Escoamento concentrado das águas pluviais...........................................................16 Figura 4 – Balanço hídrico numa bacia urbana. .......................................................................18 Figura 5 – Modificações no hidrograma pela urbanização da bacia. .......................................18 Figura 6 – Efeitos da urbanização na ocorrência de alagamentos e problemas de poluição....19 Figura 7 – Disposição dos elementos de uma rede de microdrenagem pluvial urbana............22 Figura 8 – Esquema clássico da microdrenagem urbana..........................................................23 Figura 9 – Ilustração esquemática dos conceitos de reservação x canalização........................24 Figura 10 – Obstrução e presença de resíduos na drenagem urbana........................................25 Figura 11 – Corte esquemático da sarjeta e demais elementos da via......................................33 Figura 12 – Disposição das bocas de lobo nas vias..................................................................34 Figura 13 – Altura mínima e máxima da abertura das bocas de lobo. .....................................35 Figura 14 – Av. Fernando Corrêa da Costa vista do entroncamento com a Av. Miguel Sutil em maio de 2014..........................................................................................................38 Figura 15 – Congestionamento na Av. Fernando Corrêa da Costa devido ao alagamento do dia 12/12/2014.............................................................................................................39 Figura 16 – Alagamento na região do Viaduto Jornalista Clóvis Roberto, na Av. Fernando Corrêa da Costa, no dia 12/12/2014. .....................................................................39 Figura 17 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 12/12/2014 dificultou a circulação de veículos e pedestres. ........................................................................40 Figura 18 – Veículo guinchado em razão de problemas mecânicos causados por alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 12/12/2014............................................40 Figura 19 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 14/01/2014.......................41 Figura 20 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa no dia 18/03/2013. ....................................42 Figura 21 – Vista do Córrego do Barbado no entroncamento da Av. Fernando Corrêa da Costa com Av. Tancredo Neves durante a chuva do dia 27/10/2013..............................42 Figura 22 – Vista da Av. Fernando Corrêa da Costa após ocorrência da chuva no dia 27/10/2013.............................................................................................................43 Figura 23 – Bacia de contribuição do trecho da Av. Fernando Corrêa da Costa atingido por alagamentos. ..........................................................................................................48
  • 9. 8 Figura 24 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Miguel Sutil que contribui no escoamento na bacia.......................................................................................................................49 Figura 25 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Paraguaçú que contribui no escoamento na bacia.......................................................................................................................50 Figura 26 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Capitão Iporã que contribui no escoamento na bacia. .................................................................................................................50 Figura 27 – Perfil longitudinal do trecho da Av. São Miguel que contribui no escoamento na bacia.......................................................................................................................51 Figura 28 – Perfil longitudinal do trecho da Rua La Paz que contribui no escoamento na bacia. ...............................................................................................................................51 Figura 29 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Garcia Neto que contribui no escoamento na bacia.......................................................................................................................52 Figura 30 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Tancredo Neves que contribui no escoamento na bacia. .................................................................................................................52 Figura 31 – Perfil longitudinal do trecho da Rua “Sem Identificação” que contribui no escoamento na bacia. .............................................................................................53 Figura 32 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Cidade do México que contribui no escoamento na bacia. .............................................................................................53 Figura 33 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Haiti que contribui no escoamento na bacia. ...............................................................................................................................54 Figura 34 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Brasília que contribui no escoamento na bacia.......................................................................................................................54 Figura 35 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Parque Barbado que contribui no escoamento na bacia. .................................................................................................................55 Figura 36 – Perfil longitudinal do trecho da via de acesso à UFMT que contribui no escoamento na bacia. .............................................................................................55 Figura 37 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Um que contribui no escoamento na bacia. 56 Figura 38 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Fernando Corrêa da Costa que contribui no escoamento da bacia. .............................................................................................57 Figura 39 – Áreas permeáveis e impermeáveis da bacia de contribuição, 09/05/2004............58 Figura 40 – Áreas permeáveis e impermeáveis da bacia de contribuição, 04/07/2014............58 Figura 41 – Zoneamento da bacia de contribuição...................................................................60 Figura 42 – Índices urbanísticos do município de Cuiabá/MT. ...............................................60 Figura 43 – Av. Parque Barbado. .............................................................................................61
  • 10. 9 Figura 44 – Transbordamento do Córrego do Barbado em região à jusante da canalização. ..62 Figura 45 – Áreas permeáveis em região à montante da bacia de contribuição em 09/05/2004. ...............................................................................................................................63 Figura 46 – Áreas permeáveis em região à montante da bacia de contribuição em 04/07/2014. ...............................................................................................................................63 Figura 47 – Boca de lobo nº 14 – Rua Garcia Neto. ................................................................66 Figura 48 – Boca de lobo nº 15 – Rua Garcia Neto. ................................................................66 Figura 49 – Boca de lobo nº 16 – Rua Garcia Neto. ................................................................66 Figura 50 – Boca de lobo nº 94 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................66 Figura 51 – Boca de lobo nº 94 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................66 Figura 52 – Boca de lobo nº 97 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................66 Figura 53 – Boca de lobo nº 95 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................67 Figura 54 – Boca de lobo nº 96 – Av. Fernando Corrêa da Costa............................................67 Figura 55 – Deposição de sedimentos, lixo e entulho próximo ao conjunto de bueiros que direcionam o Córrego do Barbado sob a Av. Fernando Corrêa da Costa em 05/12/2014.............................................................................................................67 Figura 56 – Presença de resíduos obstruindo os bueiros do Córrego do Barbado sob a Av. Fernando Corrêa da Costa em 20/03/2013. ...........................................................68 Figura 57 – Início das obras de implantação da Av. Parque Barbado: desmatamento e limpeza das margens do córrego. ........................................................................................69 Figura 58 – Trabalhos de movimentação de terras e assentamento do canal de concreto no Córrego do Barbado...............................................................................................69 Figura 59 – Vista do Viaduto Clóvis Roberto..........................................................................69 Figura 60 – Sarjeta e boca de lobo instalada no entorno do Viaduto UFMT...........................71 Figura 61 – Falha na execução da sarjeta dificulta o engolimento das águas pela boca de lobo. ...............................................................................................................................71 Figura 62 – Vista da boca de lobo nº 159 disposta no vértice da esquina................................71 Figura 63 – Vista da boca de lobo nº 153.................................................................................72 Figura 64 – Boca de lobo nº 90 com altura da abertura aparentemente menor que a recomendada por Watanabe (2014) em 05/12/2014..............................................72
  • 11. 10 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Áreas permeáveis e impermeáveis na bacia de contribuição, em percentual, nos anos de 2004 e 2014. .............................................................................................59 Gráfico 2 – Estado de manutenção das bocas de lobo verificadas na bacia de contribuição. ..64 Gráfico 3 – Estado de limpeza das bocas de lobo verificadas na bacia de contribuição..........64 Gráfico 4 – Estado de manutenção e limpeza das bocas de lobo verificadas na bacia de contribuição. ..........................................................................................................64
  • 12. 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Procedimentos de inspeção para os dispositivos de microdrenagem. ...................26 Quadro 2 – Procedimentos de limpeza para os dispositivos de microdrenagem......................27 Quadro 3 – Procedimentos de manutenção para os dispositivos de microdrenagem...............27
  • 13. 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................13 2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................14 2.1 EVENTOS HIDROLÓGICOS....................................................................................................................14 2.1.1 Enchente, inundação, alagamento e enxurrada..................................................................................14 2.2 SISTEMA DE DRENAGEM URBANA ....................................................................................................16 2.2.1 Efeitos da urbanização no ciclo hidrológico das bacias ....................................................................17 2.2.2 Controle das águas decorrentes do escoamento superficial...............................................................20 2.2.2.1 Medidas estruturais de controle da drenagem urbana ....................................................................21 2.2.2.2 Medidas não estruturais de controle da drenagem urbana..............................................................24 2.2.3 Manutenção e limpeza do sistema de drenagem urbana ....................................................................25 2.3 PLANEJAMENTO EM DRENAGEM URBANA .....................................................................................27 2.3.1 Formulação dos planos de drenagem.................................................................................................28 2.4 DIRETRIZES PARA EXECUÇÃO DE OBRAS DE MICRODRENAGEM .............................................31 2.4.1 Critérios para o traçado da rede de drenagem...................................................................................32 2.4.2 Critérios para disposição e execução de sarjetas...............................................................................32 2.4.3 Critérios para disposição de bocas de lobo........................................................................................33 2.4.4 Critérios de projeto para canalização de curso d’água .....................................................................35 2.5 CUIABÁ, A AV. FERNANDO CORRÊA DA COSTA E AS ÁGUAS PLUVIAIS...................................37 3 OBJETIVOS ........................................................................................................................44 3.1 GERAL.......................................................................................................................................................44 3.2 ESPECÍFICOS............................................................................................................................................44 4 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................45 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................48 5.1 DELIMITAÇÃO DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO ................................................................................48 5.2 COMPORTAMENTO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA BACIA................................................49 5.3 IMPERMEABILIZAÇÃO DA BACIA ......................................................................................................58 5.4 SITUAÇÃO DAS BOCAS DE LOBO DA BACIA ....................................................................................63 5.5 DIRETRIZES PARA EXECUÇÃO DE OBRAS DE DRENAGEM NA BACIA.......................................68 5.5.1 Av. Parque Barbado............................................................................................................................68 5.5.2 Viaduto Jornalista Clóvis Roberto (Viaduto UFMT)..........................................................................69 5.5.3 Considerações sobre a execução de elementos do sistema de microdrenagem..................................70 6 CONCLUSÕES....................................................................................................................73 7 SUGESTÕES .......................................................................................................................75 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................77 APÊNDICE A .........................................................................................................................80 ANEXO A................................................................................................................................81
  • 14. 13 1 INTRODUÇÃO O crescimento acelerado das cidades tem impactado de maneira significativa a popula- ção e o ambiente. Entre os efeitos causados pela urbanização estão os problemas relacionados à drenagem de águas pluviais, que ocasiona, entre outros impactos, o aumento da frequência e do nível de alagamentos no meio urbano (BRASIL, 2006). Os alagamentos ocorrem em razão de problemas no sistema de drenagem pluvial, po- dendo ser entendidos como o acúmulo temporário de águas de chuva, ou de outras origens, em uma dada região (BRASIL, 2007). Essas falhas podem gerar o risco de perder vidas hu- manas, a paralização de atividades econômicas e de serviços públicos nas regiões atingidas, a redução do tempo de serviço dos trabalhadores presentes na área atingida, em complicações no trânsito, prejuízos aos cofres públicos, poluição das águas, entre outros. Do mesmo modo que em outras cidades, Cuiabá tem passado por um processo de ur- banização que tem sobrecarregado o sistema de drenagem e causado alagamentos em regiões importantes da cidade como o trecho da Avenida Fernando Corrêa da Costa, localizado pró- ximo a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Diante dos frequentes impactos que a Av. Fernando Corrêa da Costa está suscetível e da magnitude que os alagamentos têm alcançado, este Trabalho de Graduação estudou o esco- amento superficial da bacia de contribuição, dentro da qual a região atingida está inserida. O estudo teve como principal objetivo a identificação dos fatores que podem condici- onar a ocorrência dos problemas de drenagem na avenida. Para tanto, supôs-se que a topogra- fia, a impermeabilização do solo, a falha na manutenção e limpeza do sistema de microdrena- gem e a falha na execução de projetos de mobilidade urbana e dos dispositivos de microdre- nagem da bacia podem condicionar a ocorrência dos alagamentos. A identificação dos fatores condicionantes abrangeu desde a análise do comportamen- to da urbanização sobre a bacia, considerando um período de dez anos, até a verificação do estado de manutenção e limpeza das bocas de lobo da área de drenagem. Conhecer os fatores condicionantes de alagamentos na bacia contribuirá para o estabe- lecimento de planos de manutenção e limpeza dos dispositivos de drenagem da bacia, para a implantação de técnicas compensatórias sobre a área de drenagem e, se possível, com a revi- são dos índices urbanísticos que regulam as áreas permeáveis sobre os lotes da cidade. Essas três ações, aliadas ao conhecimento das características naturais da bacia e.do comportamento das águas pluviais sobre a mesma, possibilitarão prevenir, ou ao menos limi- tar, os impactos negativos associados aos problemas de drenagem urbana em Cuiabá.
  • 15. 14 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 EVENTOS HIDROLÓGICOS As cheias e inundações são eventos hidrometeorológicos que fazem parte da dinâmica natural da Terra, ocorrendo em razão de chuvas fortes e rápidas, de chuvas intensas de longa duração, degelo nas montanhas e pela ocorrência de eventos climáticos (BRASIL, 2007). A ocorrência e a magnitude desses fenômenos, acrescentando-se ainda a existência de pontos de alagamento e casos de enxurradas, são intensificadas por modificações no ambiente e por in- tervenções produzidas pelo homem (BRASIL, 2006). Entre as diversas alterações citam-se a impermeabilização do solo, a retificação de cursos d’água, a redução da cobertura vegetal e das calhas de drenagem dos corpos hídricos, este último em virtude da realização de obras ou por assoreamento, o destino irregular dos resíduos sólidos e as obstruções à passagem do escoamento nos dispositivos de drenagem. Todas essas intervenções têm causado desequilíbrios ao ciclo natural das águas, gerando transtornos às comunidades urbanas (BRASIL; RIO DE JANEIRO, 2005, 2001). Diante da intensidade e da frequência que os problemas têm ocorrido, o significado dos fenômenos de cheia, inundação, alagamento e enxurrada acaba sendo confundido pelos diversos veículos de comunicação. Até mesmo entre técnicos e cientistas não há consenso sobre os termos, existindo várias interpretações. Assim, esse trabalho não pretende criar con- ceitos, mas apresentar definições comumente utilizadas para caracterizar esses eventos e con- tribuir para a correta denominação dos fenômenos que ocorrem nas cidades. 2.1.1 Enchente, inundação, alagamento e enxurrada Os corpos hídricos se desenvolvem de maneira natural. As águas são pressionadas pela força gravitacional e escoam gradualmente pelos pontos mais baixos da superfície terrestre. Com o passar do tempo, forma-se uma calha principal de escoamento, a qual assume diferen- tes perfis geométricos ao longo das estações, modificando-se segundo o regime de vazões decorrente da variação dos índices pluviométricos, das características topográficas e do solo da região, entre outros fatores (RIO DE JANEIRO, 2001). O Ministério das Cidades, em conjunto com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), define enchente como a “elevação temporária do nível d’água em um canal de drena- gem devida ao aumento da vazão ou descarga” (BRASIL, 2007), ou seja, quando a precipita-
  • 16. 15 ção se intensifica e o solo perde a capacidade de infiltração, os fluxos escoam para o sistema de drenagem principal, ocasionando acréscimos à vazão dos corpos hídricos por um período de tempo (Figura 1). Figura 1 – Perfil esquemático dos eventos de enchente e inundação. Fonte: BRASIL, 2007. No período de cheia, em razão da persistência de chuvas intensas e de outros fatores agravantes, sejam eles naturais ou criados pela ação antrópica, as vazões atingem proporções que podem ultrapassar a capacidade de descarga da calha principal do corpo hídrico, extrava- sando para áreas que geralmente não são atingidas pelas águas. A este transbordamento dá-se o nome de inundação (BRASIL, 2007). Os casos de alagamento, por outro lado, podem não ter relação direta com os proces- sos naturais de cheia e inundação. De acordo com o Ministério das Cidades e o IPT (BRASIL, 2007), as situações de alagamento caracterizam-se pelo “acúmulo momentâneo de águas em uma dada área decorrente de deficiência do sistema de drenagem” (Figura 2). Figura 2 – Boca de lobo obstruída por resíduos sólidos. Fonte: disponível em <http://www.horacioalmeida.com.br/wp-content/uploads/2011/02/LIXO-09.jpg>. Acesso em 13/12/2014. As enxurradas, por sua vez, podem estar relacionadas, ou não, às regiões envolvidas com os processos fluviais e são definidas como “o escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte” (BRASIL, 2007). Vias executadas sobre antigos canais d’água, em
  • 17. 16 regiões íngremes e com alto gradiente hidráulico, tendem a ser atingidas com mais frequência por esse fenômeno (Figura 3). Figura 3 – Escoamento concentrado das águas pluviais. Fonte: BRASIL, 2007. 2.2 SISTEMA DE DRENAGEM URBANA O sistema de drenagem é uma das infraestruturas inseridas no meio urbano, se sobres- saindo como um dos serviços públicos mais sensíveis aos problemas decorrentes do desen- volvimento acelerado das cidades, tanto em razão de sua interferência com as demais infraes- truturas, como pelos danos que pode causar ao ambiente e à população. Esta sensibilidade diante da urbanização é rapidamente comprovada com a existência de pontos de alagamentos, ocorrência de enxurradas e casos de inundações, mesmo que as precipitações não sejam con- sideradas intensas (SÃO PAULO, 1999). Em relação aos outros serviços públicos, o sistema de drenagem possui duas peculiari- dades: a primeira é a de que o escoamento pluvial sempre ocorrerá, independente do serviço existir, ou não, de maneira adequada na cidade (SÃO PAULO, 2012a), e a segunda está rela- cionada com a solicitação esporádica do sistema, isto é, a infraestrutura só é utilizada durante e após as precipitações e não de maneira contínua como os demais serviços públicos (SÃO PAULO, 1999), ou ainda, quando do despejo de águas de lavagem nas sarjetas; isto, conside- rando que não haja ligações clandestinas de esgoto sanitário nas galerias de águas pluviais. De uma maneira geral, a drenagem urbana consiste na coleta das águas superficiais que se originam das chuvas, no seu transporte e no seu retorno aos corpos hídricos, podendo ser entendido ainda como um sistema preventivo contra alagamentos, enxurradas e inunda- ções, principalmente em regiões baixas, que são mais suscetíveis à ocorrência desses fenôme- nos (PINTO; PINHEIRO, 2006).
  • 18. 17 O controle da drenagem pluvial envolve também o planejamento e gestão integrados do espaço urbano, uma vez que esse sistema interfere nas demais infraestruturas e vice-versa (CANHOLI, 2005). Além disso, a impermeabilização e o uso inadequado do solo, decorrentes do processo desordenado de urbanização, e a ocupação das várzeas de córregos e rios, estão intimamente relacionadas ao funcionamento eficiente do sistema, uma vez que dificultam e modificam o comportamento do ciclo hidrológico sobre a bacia. 2.2.1 Efeitos da urbanização no ciclo hidrológico das bacias “O desenvolvimento urbano altera a cobertura vegetal, provocando vários efeitos, que alteram os componentes do ciclo hidrológico natural” (BRASIL, 2006). As águas que antes escoavam lentamente sobre a bacia, infiltravam no solo, percolavam para os reservatórios subterrâneos, ficavam retidas nas depressões do terreno, evaporavam ou eram interceptadas pela vegetação, agora escoam pelas superfícies impermeáveis (telhados, ruas, calçadas, entre outros), condutos e canais da cidade, sobrecarregando o sistema de drenagem (BRASIL; RIO DE JANEIRO, 2006, 1991). “O comportamento hidrológico de uma bacia urbanizada difere significativamente do comportamento das bacias ainda em situação próxima das condições naturais” (SÃO PAULO, 2012b). Na Figura 4 é apresentada a distribuição da precipitação em cada parcela do ciclo hidrológico. No cenário “a”, não existem interferências decorrentes do processo de urbaniza- ção, ou seja, a superfície não sofreu qualquer tipo de impermeabilização ou alteração da co- bertura vegetal que dificultem o ciclo das águas. Assim, 50% da precipitação infiltra no solo e percola para o lençol freático, 40% atende ao processo de evapotranspiração e apenas 10% das chuvas escoa pela superfície. No cenário urbanizado “b”, a distribuição se altera. Com a redução da cobertura vege- tal em lugar às construções, a evapotranspiração é reduzida aos 25% e com o aumento da ve- locidade dos escoamentos, decorrente da pavimentação das vias, canalizações e condutos, as águas não tem tempo suficiente para saturar o solo, infiltrar, percolar e recarregar os aquífe- ros, havendo uma redução de 50% para 30% da parcela de chuva que se encaminha para os reservatórios subterrâneos. E se a água não infiltra, não percola para os aquíferos, não é interceptada pelos vege- tais, não fica retida nas depressões do terreno e não evapora, ela passa a incrementar a parcela do escoamento superficial, conduzindo 45% das precipitações (Figura 4).
  • 19. 18 Figura 4 – Balanço hídrico numa bacia urbana. Fonte: Brasil, 2006. Sob a perspectiva hidrológica, os fatores diretamente afetados pelo desenvolvimento urbano são o volume e os parâmetros de tempo do escoamento superficial e a vazão de pico. Os hidrogramas típicos de uma bacia não urbanizada e de uma bacia modificada pelo desen- volvimento urbano estão representados na Figura 5. As alterações na superfície terrestre e no ciclo hidrológico contribuem para o aumento da vazão máxima (Qmáx.1), para a antecipação do pico de vazão (t1) e para o aumento do volume do escoamento superficial (BRASIL, 2006). Figura 5 – Modificações no hidrograma pela urbanização da bacia. Fonte: disponível em <http://fontehidrica.blogspot.com.br/2011/11/impactos-da-urbanizacao-em-bacias.html>. Acesso em 19/12/2014. Essa sobrecarga na parcela do escoamento superficial, somada à ineficiência ou inexis- tência de um sistema de drenagem adequado, pode gerar uma série de complicações à popula- ção e aos gestores públicos. O volume excedente que escoa sobre a malha urbana, além de contribuir para a ocor- rência de alagamentos gera outros efeitos. Com o aumento da velocidade das vazões há o au- mento das erosões no solo, do transporte de sedimentos e da poluição difusa, situações que se agravam ainda mais com a execução indevida de serviços de movimentação de terra e obras
  • 20. 19 em geral, desgaste da pavimentação, lixo e partículas de solo como areia e argila, óleo lubrifi- cante, entre outros (SÃO PAULO, 2012b). Segundo o mesmo autor, todos esses processos diminuem a qualidade da água pluvial coletada, alteram a recarga subterrânea, pioram a qualidade das águas dos caldais, arriscam a estabilidade dos solos, reduzem a capacidade das obras de drenagem executadas, entre outros efeitos. Na Figura 6 são apresentados estes e outros efeitos da urbanização que resultam na ocorrência de problemas de alagamento e de poluição. Figura 6 – Efeitos da urbanização na ocorrência de alagamentos e problemas de poluição. Fonte: São Paulo, 2012b, editado pela autora. Por essas razões, a hidrologia urbana preocupa-se em conhecer as características das chuvas que atingem as áreas urbanizadas, obtendo informações sobre sua magnitude, risco de ocorrência e sua distribuição no tempo e no espaço, uma vez que a bacia hidrográfica pode responder de maneira prejudicial às sobrecargas no escoamento superficial. Esta ciência preocupa-se ainda com as características de ocupação da área de drena- gem, pois elas têm influência direta sobre as taxas de infiltração, as vazões máximas, os picos de vazão e sobre o aumento do volume escoado superficialmente (SÃO PAULO, 2012b). Segundo o mesmo autor, as características fisiográficas da bacia (forma, área drenada, declividade, entre outros) e o grau de intervenções antrópicas dispostas no sistema de drena- gem natural (existência de canais, galerias, reservatórios de detenção, entre outros) também influem, significativamente, na resposta das bacias frente ao escoamento superficial. Bacias
  • 21. 20 com altas declividades ou um rio que sofreu retificação de seu curso, por exemplo, tendem a aumentar a velocidade e o volume do escoamento, pois a chance de infiltração é menor. 2.2.2 Controle das águas decorrentes do escoamento superficial Durante muitos anos, engenheiros e profissionais da área de recursos hídricos, respon- sáveis por criar soluções e estratégias de controle das águas pluviais, tentaram corrigir os pro- blemas de drenagem urbana por meio de obras que coletassem o escoamento excedente de uma determinada área, encaminhando-o, o mais rápido possível, para um ponto distante de seu local de origem (SÃO PAULO; CANHOLI, 1999, 2005). Segundo Canholi (2005), esse tipo de controle da drenagem urbana provoca, além da aceleração do escoamento, a redução do tempo de concentração à jusante. Essa estratégia po- de contribuir para a redução de prejuízos nas regiões afetadas, no entanto, ela gera apenas a transferência das vazões, ou seja, do problema, para áreas à jusante. “Esse tipo de solução é apropriado a um trecho da bacia, sem previsão das consequências para o restante dela, e sem considerar diferentes horizontes de ocupação urbana” (BRASIL, 2006). A partir da década de 70 começaram a surgir conceitos que envolviam a aplicação de fundamentos de hidrologia e de estudos relativos às características da bacia e não somente o uso de conceitos hidráulicos e execução de obras que afastassem as águas o mais rápido pos- sível de sua fonte (COSTA; SIQUEIRA; MENEZES, 2007). Essas soluções passaram a promover o retardamento dos escoamentos, o que propicia o aumento dos tempos de concentração e, consequentemente, a redução das vazões máximas. Embora haja bons exemplos do uso dessas ideias em países desenvolvidos, no Brasil esses princípios ainda não estão fortemente difundidos entre os profissionais e gestores (CA- NHOLI, 2005). Segundo o mesmo autor, as estratégias para o controle do escoamento superficial e, consequentemente, para a redução da exposição da população aos riscos de alagamento, ainda remetem em sua maioria, à adoção de medidas estruturais intensivas, ou seja, continuam re- correndo largamente às obras de engenharia como forma de prevenir ou corrigir os problemas de drenagem, ignorando a aplicação dos conceitos que surgiram nos anos 70. Isto se deve às dificuldades políticas, decorrentes da pressão pela urbanização, e às dificuldades econômicas em razão da falta de recursos. Por outro lado, esse quadro vem sofrendo modificações nos últimos anos. Com a regu- lamentação do Estatuto das Cidades pela lei nº 10.257/01, a promoção de medidas não estru-
  • 22. 21 turais de controle do sistema de drenagem vem sendo cada vez mais difundida, uma vez que a lei exige dos municípios com mais de 20 mil habitantes a elaboração do Plano Diretor, ins- trumento básico da política municipal de desenvolvimento e expansão urbana, por meio do qual deriva a criação dos Planos Diretores de Drenagem Urbana (SÃO PAULO, 2012a). 2.2.2.1 Medidas estruturais de controle da drenagem urbana As medidas estruturais de controle da drenagem urbana são aquelas que envolvem obras de engenharia que se destinam a desviar, deter, reduzir ou escoar de maneira mais rápi- da as águas do escoamento superficial. Muitas dessas medidas envolvem a execução de proje- tos hidráulicos que resultam em construções dispendiosas e, por vezes, inviáveis economica- mente (CANHOLI; SÃO PAULO, 2005, 1999). Em razão do alto custo de implantação, as obras não são projetadas para proporcionar proteção absoluta à população, no entanto, essas construções acabam criando a falsa sensação de segurança tanto que podem encorajar a ocupação de áreas alagáveis ou que tenham risco de inundação (CANHOLI, 2005). Entre as medidas de controle do escoamento superficial está a implantação do sistema de drenagem inicial da bacia, mais conhecido como sistema de microdrenagem urbana. A microdrenagem trata do sistema de drenagem pluvial em nível de loteamento ou de rede primária urbana (BRASIL, 2004), devendo ser dimensionada para as chuvas que ocor- ram, em média, a cada 10 anos. Na ocorrência de chuvas mais críticas é a microdrenagem quem deve comportar parte do escoamento superficial, de maneira a reduzir, ou eliminar, os riscos de alagamento na malha viária urbana. Quando bem projetado e devidamente conservado, esse sistema praticamente elimina os alagamentos no meio urbano, evitando assim os efeitos danosos sobre a população e seus bens. No entanto, em razão das obras hidráulicas não serem dimensionadas para garantir total proteção, o alagamento de vias e calçadas pode ser admissível, desde que isto não ocorra com frequência. “Os níveis d’água que resultem na inundação de vias de intenso fluxo de veículos e pedestres, de residências e de estabelecimentos comerciais ou industriais, devem ser ainda mais raros” (SÃO PAULO, 2012a). Fundamentalmente, a microdrenagem é composta por elementos artificiais associados aos pavimentos, tendo por objetivo garantir as características de tráfego e conforto dos usuá- rios destas estruturas. Seus dispositivos captam e conduzem as águas, provenientes de chuvas e de captações existentes nas edificações e lotes, que chegam aos elementos viários como cal-
  • 23. 22 çadas, ruas e praças. Os principais elementos que compõem o sistema são (SÃO PAULO, 2012c): a) meio-fio: elemento feito em pedra ou em concreto. É instalado de forma que fique pa- ralelo ao eixo da rua, localizando-se entre o passeio e a via. Sua face superior fica no mesmo nível do passeio; b) sarjetas: elemento de drenagem das vias públicas que fica numa posição paralela e vi- zinha ao meio-fio. A calha formada recebe as águas superficiais que incidem sobre a via e as direciona para as bocas de lobo; c) bocas de lobo: elemento edificado em pontos convenientes das vias públicas junto às sarjetas. São responsáveis pela captação das águas superficiais; d) tubos de ligação: são tubulações que conduzem as águas superficiais captadas nas bo- cas de lobo para as galerias ou poços de visita; e) galerias: canalizações públicas que conduzem as águas superficiais provenientes das bocas de lobo e das ligações privadas; e, f) poços de visita: permitem a inspeção e limpeza das galerias. São posicionados em pon- tos onde há mudanças de direção, de declividade e/ou de diâmetro das tubulações, ou ainda, em trechos longos, a cada 100 m em média, para facilitar a manutenção. Na Figura 7 está esquematiza a disposição dos elementos de uma rede de microdrena- gem pluvial na planta baixa de uma área urbana. Foram representadas as bocas de lobo junto às calçadas, os tubos de ligação, a galeria e os poços de visita. Figura 7 – Disposição dos elementos de uma rede de microdrenagem pluvial urbana. Fonte: COSTA; SIQUEIRA; MENEZES, 2007.
  • 24. 23 Na Figura 8 está esquematiza a seção transversal clássica de uma via e a disposição de alguns dos dispositivos de drenagem. Figura 8 – Esquema clássico da microdrenagem urbana. Fonte: disponível em <http://fabianekrolow.blogspot.com.br/>. Acesso em 08/01/2015. Editado pela autora. As medidas estruturais abrangem ainda soluções de controle mais sustentáveis que buscam, por exemplo, recuperar e incrementar o processo de infiltração das águas no solo, reter os escoamentos em reservatórios como forma de amortecer os picos de vazão, deter o escoamento adicional gerado pela impermeabilização da bacia, retardar o fluxo nas calhas dos corpos hídricos, entre outras estratégias (CANHOLI; RECESA, 2005, 2007). Segundo Tucci e Genz (1995 apud RECESA, 2007) as técnicas compensatórias de controle do escoamento, também conhecidas como medidas não convencionais de controle da drenagem urbana (CANHOLI, 2005), se fundamentam no princípio “de que qualquer novo empreendimento deve manter as condições naturais pré-existentes de vazão para um determi- nado risco”. De acordo com Canholi (2005) as obras e dispositivos que contribuem para a redução dos picos de vazões são as medidas mais significativas e abrangentes em termos de medidas não convencionais. Segundo o autor, a detenção dos escoamentos é feita por meio do amorte- cimento conveniente das águas pluviais, obtida pelo armazenamento de parte do volume esco- ado. Braga (1994 apud CANHOLI, 2005) apresentou uma ilustração com os principais dis- positivos utilizados segundo os conceitos sustentáveis de reservação e os tradicionais de cana- lização, mostrando os efeitos de cada uma dessas visões no comportamento do hidrograma de vazões (Figura 9).
  • 25. 24 Figura 9 – Ilustração esquemática dos conceitos de reservação x canalização. Fonte: Braga (1994) apud Canholi (2005). Além de ampliar a capacidade do sistema de drenagem da bacia, a utilização dessas medidas vem sendo associada também a outros usos, como recreação, lazer, paisagismo e à melhoria da qualidade das águas (CANHOLI, 2005). 2.2.2.2 Medidas não estruturais de controle da drenagem urbana Entre as medidas de controle do escoamento superficial existem ainda àquelas que não se utilizam de obras hidráulicas para prevenir, ou reduzir, os impactos da ocorrência de ala- gamentos nas cidades, são as chamadas medidas não estruturais. Elas se destinam a introduzir leis, normas e planos que visam desde a regulamentação do uso e ocupação do solo, ao desen- volvimento de campanhas de conscientização da população quanto à importância da conser- vação dos dispositivos de drenagem para o funcionamento eficiente do sistema (CANHOLI; SÃO PAULO, 2005, 1999). Canholi (2005) afirma que as ações não estruturais podem ser mais eficazes que as medidas estruturais de controle, isto porque demandam menores custos para sua implantação e, ainda, possibilitam horizontes mais prolongados de atuação no sistema urbano. As medidas de regulamentação do uso e ocupação do solo estabelecem, por exemplo, um zoneamento do perímetro urbano, cada qual contendo índices urbanísticos específicos que, entre outros obje- tivos, limitam a impermeabilização de lotes e terrenos.
  • 26. 25 Em geral, as ações não estruturais estão relacionadas às legislações urbanísticas, sendo mais comum a aplicação do plano diretor, instrumento obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes conforme prevê o Estatuto das Cidades, da lei de uso e ocupação do solo e do código de obras do município. Juntas, estas leis contribuem para o controle do escoamento superficial do município, uma vez que estabelecem diretrizes que disciplinam a ocupação do solo e ordenam a urbani- zação. Por outro lado, mesmo que exista regulamentação, se não houver o monitoramento da aplicação dessas legislações e, mais ainda, se não houver envolvimento mútuo entre os gesto- res, engenheiros e a comunidade, não será possível obter os resultados que se esperam com a aplicação das medidas não estruturais, isto porque, essas ações geralmente envolvem aspectos culturais, o que pode dificultar sua implantação em curto prazo (SÃO PAULO, 1999). 2.2.3 Manutenção e limpeza do sistema de drenagem urbana Com a urbanização vários elementos produzidos pelo homem são introduzidos na ba- cia e passam a atuar sobre o ambiente. Entre os efeitos da ação antrópica estão o aumento de sedimentos e de resíduos sólidos e as obstruções ao escoamento. O primeiro diz respeito à erosão do solo, ao assoreamento das seções de drenagem e à poluição difusa e o segundo com as construções que dificultam a passagem do escoamento, como pontes e aterros, ao destino irregular do lixo urbano e à ineficiência ou falta das ações de manutenção (BRASIL, 2006). Na Figura 10 são apresentados diferentes exemplos de obstrução à passagem do esco- amento e de interferências de outras obras no sistema de drenagem. Figura 10 – Obstrução e presença de resíduos na drenagem urbana. Fonte: Brasil, 2006.
  • 27. 26 Esses efeitos dificultam a passagem do escoamento e comprometem o funcionamento adequado dos dispositivos de drenagem, aumentando os riscos de ocorrência de alagamentos e inundações e também da poluição das águas. Nesse sentido, os serviços periódicos de inspe- ção, limpeza e manutenção, bem como a observância das interferências de diferentes obras nos sistemas de drenagem, tornam-se imprescindíveis para manter a rede de águas pluviais em condições de receber, conduzir, armazenar e tratar o escoamento, garantindo-se assim, as condições previstas nos projetos (SÃO PAULO, 2012a). Segundo o mesmo autor, as prefeituras devem contratar serviços de limpeza urbana que executem, periodicamente, a varrição de guias e sarjetas, a pintura das guias, a limpeza e manutenção da estrutura das bocas de lobo, a lavagem dos espaços públicos, a remoção de vegetais arbustivos dos dispositivos de drenagem, entre outros. Além disso, o executivo mu- nicipal deve encontrar meios de fiscalizar a execução e qualidade desses serviços e de punir as prestadoras de serviços quando for necessário. O Manual de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais da cidade de São Paulo (2012a) recomenda, por exemplo, que a limpeza e desobstrução de bueiros e bocas de lobo sejam exe- cutadas com periodicidade diferenciada nos períodos de seca e de chuvas, atentando que os dispositivos do sistema de microdrenagem urbana devem estar completamente livres de obs- truções e interferências antes de começar as estações chuvosas. O mesmo manual propõe algumas recomendações quanto à rotina e frequência mínima de execução de serviços de inspeção, limpeza e manutenção dos dispositivos dos sistemas de drenagem urbana. Na Quadro 1 estão descritas as rotinas de inspeção de algumas das estruturas do siste- ma de águas pluviais. Quadro 1 – Procedimentos de inspeção para os dispositivos de microdrenagem. Fonte: São Paulo, 2012a.
  • 28. 27 Na Quadro 2 estão descritas as rotinas de limpeza de algumas das estruturas do siste- ma de águas pluviais. Quadro 2 – Procedimentos de limpeza para os dispositivos de microdrenagem. Fonte: São Paulo, 2012a. Na Quadro 3 estão descritas as rotinas de manutenção de algumas das estruturas do sistema de águas pluviais. Quadro 3 – Procedimentos de manutenção para os dispositivos de microdrenagem. Fonte: São Paulo, 2012a. 2.3 PLANEJAMENTO EM DRENAGEM URBANA Com a acelerada expansão das cidades e a ineficiência dos poderes públicos no contro- le desse crescimento, ocorre a implantação de loteamentos sem o devido planejamento, au- mentando a ocupação de áreas impróprias para as construções (margem de corpos hídricos, regiões de alta declividade, áreas de solos instáveis, entre outros). Esse adensamento dificulta a elaboração de planos urbanos consistentes, resultando na execução de projetos de drenagem inadequados e na eliminação de possíveis áreas de armazenamento das vazões pluviais (COSTA; SIQUEIRA; MENEZES FILHO, 2007). Segundo os mesmos autores, esse cenário acaba criando a necessidade de ampliação da capacidade das redes de drenagem existentes e da execução de novos projetos, que mais uma vez, poderão não atender eficientemente a população, uma vez que não foram previstas adaptações e/ou correções nas diretrizes de projeto propostas por àquele plano urbano incoe- rente. O quadro piora ainda mais pela falta de recursos para elaboração e aperfeiçoamento dos
  • 29. 28 planos urbanos de drenagem e para a execução de projetos públicos apropriados (CANHOLI, 2005). Desse modo, o par “demanda de ampliação e correção dos sistemas versus escassez de recursos” resulta na impossibilidade de realização de novas obras ou na execução de projetos que não consideram os fundamentos interdisciplinares básicos que essa infraestrutura exige para o seu funcionamento eficiente (CANHOLI, 2005). 2.3.1 Formulação dos planos de drenagem O Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) é um dos instrumentos de gestão do sistema de drenagem (BRASIL, 2006). Para o desenvolvimento de planos urbanos que asse- gurem o controle do escoamento superficial de maneira sustentável, ou seja, incorporando, despoluindo, preservando e reestabelecendo, o quanto possível, o sistema de drenagem ao ambiente, priorizando assim os mecanismos naturais do escoamento (PINTO; PINHEIRO, 2006), gestores, engenheiros e demais profissionais envolvidos devem basear-se nos seguintes princípios básicos: a) o sistema de drenagem pluvial faz parte do meio urbano Sabendo que o sistema de drenagem é uma das infraestruturas da cidade e que interfe- re diretamente em outros serviços públicos, seu planejamento deve ser pensado de maneira integrada às demais infraestruturas, e vice-versa. Deve-se levar em conta, que o sistema de drenagem não funciona isoladamente e deve ser organizado de maneira articulada com as de- mais infraestruturas urbanas (SÃO PAULO, 1999). Além disso, deve-se analisar a influência da urbanização de novas áreas sobre a bacia hidrográfica como um todo, pois o desenvolvimento urbano progressivo gera sobrecargas no escoamento superficial, aumentando seu volume e suas vazões. Desse modo, as medidas esta- belecidas nos planos não podem reduzir os impactos em uma dada região em detrimento das áreas à jusante (BRASIL, 2006). Este princípio possibilitará a melhoria do meio urbano de maneira mais ampla e har- mônica com o ambiente.
  • 30. 29 b) as várzeas são áreas de armazenamento natural Em geral, as áreas próximas aos córregos e rios são planas e, aparentemente, muito propícias à ocupação humana, seja para habitação, transporte ou consumo das águas. Embora as várzeas estejam com menor frequência em contato com o escoamento, elas estão susceptí- veis aos processos climáticos naturais e às ações antrópicas e, por vezes, são atingidas por maiores volumes e vazões (BRASIL, 2006). Com o aumento do nível dos corpos hídricos e a ocupação irregular das várzeas sur- gem os problemas relacionados à ocorrência de alagamentos e inundações, isto porque, essas áreas marginais são naturalmente destinadas a receber os excessos de água que extravasam do leito dos caudais (BRASIL, 2007). Segundo as Diretrizes Básicas para Projetos de Drenagem Urbana no Município de São Paulo (SÃO PAULO, 1999, p. 12): As funções primárias de um curso d'água e de sua várzea associada são a coleta, ar- mazenamento e veiculação das vazões de cheias. Essas funções não podem ser rele- gadas a um plano secundário em favor de outros usos que se possa imaginar para as várzeas, sem a adoção de medidas compensatórias normalmente onerosas. Respeita- da essa restrição, as várzeas têm a potencialidade de contribuir para a melhoria da qualidade da água e do ar, a manutenção de espaços abertos, a preservação de ecos- sistemas importantes e acomodação de redes de sistemas urbanos adequadamente planejados. c) drenagem é um problema de destinação de espaço O volume de água que escoa sobre a bacia não pode ser comprimido ou reduzido, por- tanto, o planejamento da drenagem urbana deve envolver a administração do problema de alocação dessas águas no espaço (CANHOLI, 2005). Com a urbanização desordenada e o uso inadequado do solo há uma redução da capa- cidade de armazenamento natural dos deflúvios, situação que se agrava quando não são pre- vistas medidas compensatórias adequadas para o controle do escoamento superficial. Dessa forma, as águas das chuvas ocuparão, inevitavelmente, espaços muitas vezes indesejáveis à população (SÃO PAULO, 1999). Conforme visto no item 2.2.2.1, as técnicas compensatórias promovem o armazena- mento e amortecimento dos deflúvios e se apresentam como instrumentos de controle do es- coamento superficial, podendo ser regulamentadas pelas legislações municipais e inseridas aos planos urbanos.
  • 31. 30 Além de contribuírem para o controle do escoamento, em geral essas medidas estão associadas a outros usos, como recreação e paisagismo, ou seja, a utilidade pública que os planos podem incorporar no incentivo à utilização dessas soluções vai além do controle de alagamentos e inundações. Diante de determinadas circunstâncias, há, ainda, a possibilidade das águas armazenadas serem utilizadas para irrigação, recarga do lençol freático, abasteci- mento industrial, entre outros (SÃO PAULO, 1999). d) as medidas de controle de poluição são parte essencial em um plano de drenagem Os procedimentos de inspeção e limpeza dos dispositivos de drenagem e da malha viá- ria, a coleta e o tratamento de esgoto, a presença de ligações clandestinas de esgoto na rede de drenagem e a regulamentação dos serviços de movimento de terras devem ter atenção especial nos planos, uma vez que “o controle da poluição das águas é essencial para que sejam alcan- çados os benefícios potenciais que podem oferecer os cursos d'água urbanos e suas várzeas” (SÃO PAULO, 1999). Segundo o mesmo autor, o planejamento em drenagem urbana deve ser realizado se- gundo critérios bem estabelecidos para que atenda de maneira benéfica às particularidades físicas, econômicas, sociais e institucionais do município. Para tanto, a municipalidade deve estar sempre pautada em regulamentos adequados de forma a produzir projetos de drenagem factíveis, técnica e economicamente eficientes, coerentes com as demais infraestruturas da cidade e condizentes com as necessidades da população. Além dos princípios enunciados, Wanielista e Yousef (1993 apud CANHOLI, 2005, p. 27) afirmam que um plano de drenagem abrangente envolve: O levantamento das características físicas da bacia de drenagem, notadamente da- quelas que influenciam os deflúvios (run-off); a formulação de planos alternativos de controle ou correção de sistemas de drenagem, explicitando os respectivos objeti- vos; a análise da viabilidade técnica e econômica das alternativas, considerando também os aspectos sociopolíticos (aceitação pela comunidade) e ambientais; e uma metodologia consistente para seleção da alternativa ótima. De um modo geral, os estudos necessários para a formulação dos planos de drenagem envolvem o diagnóstico dos problemas existentes e a previsão de problemas futuros, além da determinação, hierarquização e redimensionamento de soluções mais adequadas aos sistemas levando-se em conta fatores técnicos, econômicos e ambientais (CANHOLI, 2005).
  • 32. 31 2.4 DIRETRIZES PARA EXECUÇÃO DE OBRAS DE MICRODRENAGEM A execução de obras de drenagem em geral requer, antes de qualquer ação, o planeja- mento minucioso de todas as atividades que serão desenvolvidas para a concretização dos projetos a implantar, uma vez que vários dos serviços envolvidos exigem rigorosos procedi- mentos de segurança em algumas fases de projeto e a utilização de metodologias específicas a cada local (RECIFE, 2002). Para tanto, deverá haver a participação de uma equipe multidisciplinar que fará dife- rentes análises quanto à viabilidade de execução de cada fase. Serão feitas avaliações geotéc- nicas, dos materiais e equipamentos a serem utilizados, de possíveis interferências e de aspec- tos legais do município ou região (MANGIERI, 2012). Os resultados dessas avaliações e a utilização dos métodos adequados possibilitarão a execução de obras mais eficientes, econômicas e como o mínimo de interferências ao entorno do canteiro. No planejamento das obras de drenagem também serão definidas: as frentes de execu- ção das obras, os desvios das águas pluviais durante a fase de obras, possibilitando a sua exe- cução, o remanejamento provisório ou definitivo de outras infraestruturas públicas que interfi- ram nas obras, a localização de áreas de empréstimo e “bota-fora”, a localização dos canteiros de serviço, os espaços necessários para a livre movimentação de pessoal, de equipamentos e de materiais dentro da área de trabalho, o esquema de desvio de trânsito no entorno da obra, o acesso dos moradores aos domicílios adjacentes à obra, o esquema de medicina e segurança do trabalho e os esquemas emergenciais no caso de chuvas intensas e/ou enchentes durante as obras (RECIFE, 2002). Segundo Mangieri (2012), as etapas de execução de uma obra de microdrenagem ur- bana são: (1) locação; (2) sinalização; (3) rompimento ou remoção da pavimentação (caso exista); (4) escavação; (5) escoramento (se necessário); (6) esgotamento da vala (se necessá- rio); (7) preparo do fundo da vala; (8) assentamento da rede; (9) reaterro da vala; (10) recom- posição do pavimento ou pavimentação; e, (11) cadastro da rede (as built). Em geral, as obras de drenagem urbana são construídas de jusante para montante, pois assim há a facilidade de criar esquemas de desvio das águas de chuva e a possibilidade do esgotamento das águas afluentes pelo trecho de obra já construído. Há casos em que essa or- dem pode ser invertida, desde que sejam tomadas providências especiais para evitar o alaga- mento do canteiro de obras (RECIFE, 2002).
  • 33. 32 As obras de microdrenagem são necessárias para criar condições razoáveis de mobili- dade urbana diante da ocorrência de chuvas com períodos de retorno de até 10 anos (SÃO PAULO, 2012a) e conforme exposto no item 2.3.2.1, a microdrenagem é constituída de dis- positivos que controlam o escoamento superficial em nível de loteamento. Além da manutenção permanente, com a limpeza e desobstrução de seus dispositivos, a execução de projetos em microdrenagem exige a observação cuidadosa aos detalhes cons- trutivos desses elementos, que se não forem respeitados, poderão comprometer o funciona- mento eficiente do sistema e contribuir para a ocorrência de alagamentos no meio urbano (SÃO PAULO, 2012a). Neste trabalho serão abordados apenas os aspectos construtivos relativos ao traçado da rede, à execução de sarjetas e bocas de lobo, além de algumas considerações a respeito da ordem de execução de obras de porte, como a canalização de caudal e obra de arte especial inseridas no meio urbano. 2.4.1 Critérios para o traçado da rede de drenagem Com base nos dados topográficos disponíveis, no pré-dimensionamento hidrológico e hidráulico e na delimitação da bacia de contribuição pode-se realizar o traçado da rede coleto- ra de águas pluviais. Diversas configurações de rede são analisadas, isto porque a definição da concepção inicial é mais importante para a economia global do sistema e para o melhor aproveitamento do mesmo, do que os estudos posteriores que serão necessários durante as fases executivas do projeto (PORTO ALEGRE, 2002). A análise do traçado deve ainda, ser desenvolvida levando-se em conta os planos ur- banísticos do município e suas considerações em relação às vias e quadras da malha urbana. 2.4.2 Critérios para disposição e execução de sarjetas O escoamento superficial na malha urbana se dá pelos terrenos, ruas e sarjetas. As vi- as, entre outros motivos, possuem uma determinada declividade transversal e inclinação lon- gitudinal para facilitar que as águas sejam direcionadas para as sarjetas. Deve ser prevista uma inclinação transversal nas sarjetas para que a água da chuva seja acomodada sobre esse dispositivo durante o escoamento. Quanto maior a inclinação e a largu- ra da sarjeta maior será a capacidade de transporte de água. A inclinação mais usada é de
  • 34. 33 20%, não sendo recomendado que se ultrapasse os 25%, pois grandes inclinações oferecem riscos à população (WATANABE, 2014). Segundo o mesmo autor, não há limitação para a largura da sarjeta. Em geral, utiliza- se uma largura de 40 cm. Sarjetas com maiores larguras oferecem maior capacidade condução do escoamento, no entanto, isto pode dificultar a passagem de crianças e idosos por cima da sarjeta nos dias de chuva. De acordo com o Manual de Drenagem de São Paulo (2012a), o transbordamento das águas para fora das sarjetas, ou seja, o alagamento do leito carroçável e até mesmo das calça- das são permissíveis, desde que essa situação não seja frequente. Na Figura 11 estão representadas as dimensões usuais de um conjunto guia-sarjeta. Figura 11 – Corte esquemático da sarjeta e demais elementos da via. Fonte: Watanabe, 2014. Quando a vazão é maior que a capacidade de escoamento da sarjeta pode ocorrer ala- gamentos, inundação das calçadas e erosão do pavimento devido à velocidade excessiva das águas. Em razão disto, e do peso decorrente dos veículos estacionados sobre sua estrutura, esses dispositivos devem ser construídos com material resistente e seu acabamento deve ser o mais liso possível, para facilitar o escoamento (GEMAQUE; NEGRÃO, 2010). 2.4.3 Critérios para disposição de bocas de lobo As bocas de lobo (BLs) têm por finalidade a captação do escoamento direcionado pe- las sarjetas, conduzindo as vazões superficiais para a rede de condutos subterrâneos. Elas são dispostas nos pontos mais baixos da malha viária com vistas a evitar a criação de zonas de alagamentos e de águas paradas, além é claro, de serem instaladas para evitar o transborda- mento das águas na pista de rolamento.
  • 35. 34 Os principais critérios utilizados para a determinação do local onde esses dispositivos serão instalados são (PORTO ALEGRE, 2005): a) instalação em ambos os lados da rua; b) instalação nos pontos mais baixos das vias; c) quando suas capacidades de engolimento forem atingidas; d) quando a capacidade de condução da sarjeta for superada; e) instalação em pontos localizados à montante em relação às faixas de pedestres e cru- zamentos de vias. O mesmo autor faz outra recomendação a respeito da disposição desses dispositivos na malha viária, a de que não é conveniente a instalação de BLs junto ao vértice de ângulo de interseção das sarjetas de duas ruas convergentes, primeiro porque os pedestres teriam que saltar a torrente num trecho de máxima vazão superficial para cruzarem uma rua e, segundo, porque as torrentes convergentes pelas diferentes sarjetas resultariam no escoamento em sen- tido contrário ao da afluência para o interior da BL. Na Figura 12 está esquematizada a disposição recomendada e a não recomendada das bocas de lobo nas guias. Figura 12 – Disposição das bocas de lobo nas vias. Fonte: Porto Alegre, 2005. Em ruas íngremes o escoamento pode atingir altas velocidades e, em razão disto, há a possibilidade das águas passarem direto pela boca de lobo. A solução proposta para esses ca- sos é a execução de rebaixo na sarjeta, o que facilitaria o engolimento do fluxo pelo dispositi- vo (WATANABE, 2014). Também existem recomendações quando às dimensões mínimas e máximas das aber- turas das bocas de lobo e das grelhas, que não devem ultrapassar certos limites, pois podem oferecer riscos às pessoas, como permitir a passagem de crianças por aberturas muito grandes das bocas de lobo.
  • 36. 35 Há ainda os problemas decorrentes de uma abertura muito pequena. Quando o escoa- mento percorre a bacia, traz junto consigo vários tipos de resíduo, dependendo do tamanho desses detritos, pode ocorrer o entupimento das bocas de lobo, obstruindo a passagem do es- coamento. Em razão dessas situações, foram estabelecidas as dimensões mínima e máxima para a altura da abertura das bocas de lobo, sendo, respectivamente, 8,5 cm e 15 cm (Figura 13). Figura 13 – Altura mínima e máxima da abertura das bocas de lobo. Fonte: Watanabe, 2014. Quando instaladas de maneira estratégica, as bocas de lobo promoverão o rápido esco- amento das águas e minimizarão os riscos de ocorrência de alagamentos no meio urbano. 2.4.4 Critérios de projeto para canalização de curso d’água Segundo Barros (1995, apud GEMAQUE; NEGRÃO, 2010, p. 50), no Brasil as inter- venções no fundo de vale privilegiam, com certa predominância, obras de canalização dos corpos hídricos em estruturas de concreto, muitas vezes constituídas de canais fechados. Em geral, esses canais são executados por baixo das vias com o intuito de melhorar a mobilidade no trânsito. O grande problema desse tipo de obra é a descaracterização completa do ambiente natural. Em razão de sua localização, no fundo do vale, normalmente, os trabalhos de execução dos canais são realizados na presença de água, seja ela proveniente do lençol freático ou de- corrente do corpo hídrico existente (RECIFE, 2003). Assim, a principal característica desse tipo de obra, que a diferencia de outras construções, é a exigência de técnicas construtivas especiais que possibilite a convivência da obra com a presença da água. Assim como em toda obra, antes do início da canalização, as empreiteiras devem aprovar juntos aos órgãos fiscalizadores, o planejamento da construção, no qual será descrito
  • 37. 36 o esquema de manejo e desvio do caudal durante a obra (RECIFE, 2003). No planejamento deverão ser consideradas: a) o período do ano em que serão executadas as obras; b) as vazões mínimas e máximas previstas durante o período de execução da obra; c) a proteção dos serviços em execução contra inundações; e, d) o não agravamento das cheias usuais no entorno das obras, durante sua execução. Já na fase de projeto das obras de canalização dos cursos d'água, inseridos no meio ur- bano, a alocação dos espaços destinados para o canal, para as vias de tráfego marginais e para o alinhamento de edificações, é essencial levar em consideração os seguintes fatores básicos (SÃO PAULO, 1999): a) apesar dos projetos serem elaborados para cheias com períodos de retorno médios, cheias de maior amplitude poderão acontecer e causarão graves impactos; b) geralmente os projetos são concebidos para certo quadro de ocupação da bacia a mon- tante, sem considerar a possibilidade de aumento significativo desse quadro no futuro, o que resulta em vazões mais elevadas do que as inicialmente previstas no projeto; c) frequentemente, as margens dos cursos d’água apresentam intensa ocupação, com o passar o passar do tempo o leito, que já era estreito em razão da ocupação das mar- gens, torna-se insuficiente para veicular as vazões de pico de cheia atuais e, ainda, acabam recebendo acréscimos de volume pelo efeito da urbanização a montante; e, d) a ausência de planos diretores, voltados para as áreas de recursos hídricos, aumenta as incertezas nas avaliações das características hidrológicas que dão suporte para a con- cepção dos projetos de drenagem urbana. De acordo com o mesmo autor, a alocação de espaços ao longo das canalizações no meio urbano, deveriam ter seus projetos baseados nas seguintes diretrizes (SÃO PAULO, 1999, p. 25): 1) sempre que o espaço disponível para implantação do leito do canal permitir, pre- ver faixas laterais, eventualmente inundáveis que permitam futuras ampliações do canal, caso necessário; 2) como decorrência do item anterior, as pistas marginais de vias de tráfego deveri- am, tanto quanto possível, serem afastadas das margens do canal e, evidentemen- te, limitadas por outro lado pelo alinhamento das edificações. Neste sentido é oportuno lembrar que tal medida contribui para valorizar as áreas marginais; 3) as faixas destinadas às edificações em cada margem, tanto quanto possível, de- vem estar fora da faixa de inundação correspondente à cheia de 100 anos de pe- ríodo de retorno; 4) nos casos em que as medidas acima não sejam possíveis em virtude da ocupação existente, é conveniente caracterizar as áreas inundáveis como áreas de risco que poderão no futuro ser reurbanizadas ou, eventualmente beneficiadas com obras de detenção na bacia, a montante, que venham reduzir a incidência de inunda- ções.
  • 38. 37 2.5 CUIABÁ, A AV. FERNANDO CORRÊA DA COSTA E AS ÁGUAS PLUVIAIS A capital mato-grossense nasceu por volta dos anos de 1720, em razão da expansão bandeirante que vinha em busca de indígenas, riquezas e domínio de novos territórios. A par- tir de então, Cuiabá foi palco de vários conflitos que desencadearam em fases de fluxo e re- fluxo populacional, ocasionando o desenvolvimento descontínuo do espaço urbano (CUIA- BÁ, 2012). Segundo o mesmo autor, o crescimento da cidade ocorreu de maneira mais intensa a partir dos anos 60, em razão de incentivos fiscais e de créditos concedidos pela Superinten- dência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Os estímulos federais deram oportunida- des para que grandes empresas agropecuárias se estabelecessem no norte de Mato Grosso, intensificando a ocupação do Estado e posicionando a capital como centro de apoio à ocupa- ção e aos fluxos migratórios. “Cuiabá, na década de 70, foi um dos municípios brasileiros com as mais altas taxas de crescimento populacional, devido às frentes migratórias oriundas dos mais diversos Esta- dos brasileiros.” (CUIABÁ, 2007a). Segundo dados apresentados no Plano Diretor de Desen- volvimento Estratégico de Cuiabá (CUIABÁ, 2007b), a população da cidade se manteve com aproximadamente 50 mil habitantes até 1960 e, em 1970, eram mais de 100 mil habitantes na cidade. Em 1980, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE registrou mais de 200 mil habitantes e, em 1991, a população duplicou, ultrapassando a marca dos 400 mil habi- tantes. De acordo com o censo demográfico do IBGE realizado em 2010, Cuiabá abrigava mais de 550 mil habitantes naquele ano e a população estimada para julho de 2014 ultrapassa- va os 575 mil habitantes (IBGE, 2014). Esse incremento populacional demandava a ocupação de novos espaços e a implanta- ção de equipamentos urbanos, no entanto, os poderes públicos não conseguiram oferecer os serviços com a mesma velocidade (CUIABÁ, 2012). Do mesmo modo que em outras grandes cidades, o processo de urbanização verificado em Cuiabá favoreceu a ocupação desordenada do solo, reduzindo drasticamente o controle dos gestores sobre o planejamento, implantação e manutenção das infraestruturas públicas, entre elas, o sistema de drenagem pluvial. A Av. Fernando Corrêa da Costa é uma via de grande importância para a economia e mobilidade urbana. Segundo a Lei Complementar (LC) nº 232 de 2011, que dispõe sobre a hierarquização viária do município, a referida avenida, em toda sua extensão, é classificada
  • 39. 38 como via estrutural, ou seja, é formada por vias de atravessamento com alta capacidade de tráfego, fazendo parte do eixo estrutural transversal da cidade (CUIABÁ, 2011). Além de atender ao fluxo de veículos vindos de diversas partes da cidade, a Av. Fer- nando Corrêa da Costa dá acesso ao trecho urbano da rodovia BR 364/163/070, ligando o município a outros estados e regiões de Mato Grosso (CUIABÁ, 2011). Isto significa que, parte da via, recebe o tráfego de veículos de cargas e de passeio que estão em trânsito por Cuiabá. Em função disso, várias indústrias e empresas de bens e serviços, como concessioná- rias automotivas, postos de combustíveis, restaurantes, oficinas mecânicas, hotéis, supermer- cados, entre outras, se instalaram às margens da avenida. O desenvolvimento urbano ao longo desta via também foi impulsionado em decorrên- cia de seu asfaltamento, o que reforçou a ligação do Centro com a região do Coxipó, e à insta- lação das dependências da UFMT na avenida (CUIABÁ, 2012). O desenvolvimento do muni- cípio, como um todo, foi ainda maior em decorrência do anúncio de que Cuiabá seria uma das cidades-sede da Copa do Mundo FIFA 2014. Com o passar do tempo, edificações comerciais, loteamentos residenciais, empresas do gênero alimentício, supermercados, shopping center, redes hoteleiras, instituições educacio- nais, financeiras e religiosas, entre vários outros segmentos comerciais, se instalaram ao longo da via. Portanto, é notória a importância da Av. Fernando Corrêa da Costa ao desenvolvimen- to urbano e socioeconômico de Cuiabá. Na Figura 14, que mostra parte da avenida na região dos bairros Jardim das Américas e Pico do Amor, é possível verificar o adensamento no entorno da via. Figura 14 – Av. Fernando Corrêa da Costa vista do entroncamento com a Av. Miguel Sutil em maio de 2014. Fonte: GOOGLE, 2013. Com a crescente ocupação no entorno da avenida e, em razão de sua importância ao sistema viário da cidade, os alagamentos têm causado impactos cada vez mais abrangentes. Entre os danos estão os prejuízos de natureza social, como a impossibilidade de ir e vir em
  • 40. 39 função do acúmulo e correnteza das águas, estresse, ansiedade, entre outros, os prejuízos de natureza econômica, com a manutenção de veículos, limpeza de pátios e estacionamentos dos comércios atingidos, com adaptações na estrutura das edificações susceptíveis à invasão das águas, a fim de minimizar os efeitos de outros possíveis alagamentos, e os transtornos ao trân- sito, causando congestionamentos e acidentes (Figura 15). Figura 15 – Congestionamento na Av. Fernando Corrêa da Costa devido ao alagamento do dia 12/12/2014. Fonte: imagem gentilmente concedida por Raphael Lourenço Dias Guerra. Outra consequência de natureza mais importante é o risco de se perder vidas humanas por afogamentos e por complicações mais graves no trânsito, por exemplo. Além disso, os alagamentos registrados têm alcançado proporções alarmantes. De acordo com as publicações de vários grupos e canais jornalísticos da cidade, com a breve chuva do dia 12 de dezembro de 2014, a água acumulada ultrapassou a altura dos pneus de carros utilitários, invadindo os veículos (Figura 16) e impossibilitando o trânsito de pedes- tres (Figura 17). Figura 16 – Alagamento na região do Viaduto Jornalista Clóvis Roberto, na Av. Fernando Corrêa da Costa, no dia 12/12/2014. Fonte: disponível em <http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/9/materia/437409/t/chuva-alaga- fernando-correa->. Acesso em 12/12/2014.
  • 41. 40 Figura 17 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 12/12/2014 dificultou a circulação de veículos e pedestres. Fonte: imagem gentilmente concedida por Igor Rossini Smerecki. Na mesma ocasião houve até a necessidade de guinchar um veículo que sofreu pro- blemas no motor pelo acúmulo de água em seu interior (Figura 18). Figura 18 – Veículo guinchado em razão de problemas mecânicos causados por alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 12/12/2014. Fonte: disponível em <http://glo.bo/1GuA7ef>. Acesso em 12/12/2014. Outros alagamentos já tinham ocorrido na Av. Fernando Corrêa da Costa naquele mesmo ano. Em 14 de janeiro de 2014, por exemplo, pedestres, motoristas e os comerciantes
  • 42. 41 sofreram com os transtornos causados pela ineficiência do sistema de drenagem da região (MENDES, 2014). Na Figura 19 é possível perceber que as duas pistas da avenida foram encobertas por uma lâmina d’água que ultrapassava a altura dos pneus dos veículos de passeio, alcançando até mesmo as portas do ônibus público e invadindo parte do viaduto Clóvis Roberto e do esta- cionamento de um supermercado da região. Figura 19 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa da Costa no dia 14/01/2014. Fonte: MENDES, 2014. Os mesmos problemas eram verificados muito antes da implantação de obras de mobi- lidade para a Copa do Mundo. Em abril de 2001, um temporal, aliado à destruição de um re- servatório particular, o que pode ter contribuído para a sobrecarga no escoamento do Córrego do Barbado, causaram sérios problemas a vários bairros da capital. Entre os danos materiais, houve a queda de um veículo no Córrego do Barbado, na re- gião do entroncamento da Av. Fernando Corrêa da Costa com a Av. Tancredo Neves, que foi arrastado pela correnteza (VARGAS, 2001). As pessoas que estavam dentro daquele carro foram salvas, o mesmo não acontecendo com pelo menos 15 pessoas de outros bairros, que perderam suas vidas devido a essa mesma eventualidade (PINTO, 2001). Também há notícias de que, em 2004, as bocas de lobo não suportavam o fluxo e as águas já ocupavam as pistas e calçadas da avenida (LANNES, 2004) e de acordo com Amaral e Filho (2014), em 28/05/2009 também foi registrada a ocorrência de alagamento na Av. Fer- nando Corrêa da Costa, não havendo informações sobre o número de pessoas atingidas. Ocorrências mais significativas voltaram a ser registradas a partir de 2013. Segundo matéria publicada por Dióz e Maia (2013), a Defesa Civil registrou que a lâmina d’água al- cançou cerca de 50 cm de altura durante o período mais intenso da chuva (Figura 20).
  • 43. 42 Figura 20 – Alagamento na Av. Fernando Corrêa no dia 18/03/2013. Fonte: disponível em <http://glo.bo/11bBJtO>. Acesso em 04/09/2014. No mesmo ano, com a chuva do dia 27 de outubro, mais uma vez a mesma região da Av. Fernando Corrêa da Costa e outras vias próximas foram alagadas, dificultando o trânsito de pedestres e veículos de pequeno porte, além de provocar transtornos aos estabelecimentos comerciais do entorno. Em outubro de 2013, as obras do viaduto Clóvis Roberto no entroncamento da Av. Fernando Corrêa da Costa com as avenidas Brasília e Tancredo Neves, destinada à implanta- ção do modal Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), já tinham iniciado. Com a chuva do dia 27, as águas invadiram o canteiro de obras, gerando mais complicações na região, seja pelas inter- ferências ao trânsito, seja pela deposição ainda maior de partículas e outros resíduos nas águas acumuladas (Figuras 21 e 22). Figura 21 – Vista do Córrego do Barbado no entroncamento da Av. Fernando Corrêa da Costa com Av. Tancre- do Neves durante a chuva do dia 27/10/2013. Fonte: TEIXEIRA, 2013.
  • 44. 43 Figura 22 – Vista da Av. Fernando Corrêa da Costa após ocorrência da chuva no dia 27/10/2013. Fonte: TEIXEIRA, 2013. De acordo com Arantes (2013), um estudo sobre o impacto econômico dos alagamen- tos na cidade de São Paulo, realizado por Eduardo Amaral Haddad, professor titular do De- partamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Uni- versidade de São Paulo (FEA-USP), e por Eliane Teixeira dos Santos, mestranda em Teoria Econômica e orientanda de Haddad, revela que: cada ponto de alagamento formado na cidade de São Paulo após uma chuva forte provoca um prejuízo diário de mais de R$ 1 milhão ao país. Com 749 pontos de ala- gamento identificados na cidade, as perdas anuais no âmbito do município chegam a quase R$ 336 milhões. E, com o espraiamento dos efeitos pelas longas cadeias de produção e renda, o prejuízo vai a mais de R$ 762 milhões em escala nacional. Mesmo não se tratando da cidade de Cuiabá, o estudo se adapta a realidade de qual- quer município que sofra com problemas relacionados às águas pluviais: a de que a ocorrência de alagamentos, e outros eventos de natureza hidrometeorológica, trazem, além dos impactos já mencionados, prejuízos aos cofres públicos.
  • 45. 44 3 OBJETIVOS 3.1 GERAL Este Trabalho de Graduação teve como objetivo identificar os fatores que podem con- dicionar a ocorrência de alagamentos na Av. Fernando Corrêa da Costa considerando o com- portamento do escoamento superficial segundo às características topográficas da bacia, ao uso e ocupação do solo no período de dez anos, vinculando estas discussões aos índices urbanísti- cos municipais, e aos aspectos relativos à sua captação, abordando a execução e, principal- mente, a manutenção e limpeza dos dispositivos de microdrenagem existentes na bacia. 3.2 ESPECÍFICOS Os seguintes objetivos específicos contribuíram para a verificação das hipóteses pro- postas: a) compreender a influência da topografia no comportamento do escoamento pluvial sobre a bacia de contribuição; b) compreender a influência da impermeabilização do solo no comportamento do es- coamento pluvial sobre a bacia de contribuição; c) fornecer subsídio aos gestores públicos para o direcionamento de ações de manu- tenção e limpeza dos dispositivos de drenagem da bacia de contribuição; d) verificar o uso dos critérios de execução das bocas de lobo e sarjetas dispostos no sistema de microdrenagem da bacia de contribuição; e) compreender a influência da execução de projetos de mobilidade urbana no compor- tamento do escoamento pluvial sobre a bacia de contribuição.
  • 46. 45 4 MATERIAIS E MÉTODOS Com vistas a alcançar os objetivos estabelecidos, o estudo do escoamento pluvial no trecho da Avenida Fernando Corrêa da Costa envolveu o levantamento de informações relati- vas: a) à topografia das vias que integram a bacia de contribuição e que sejam diretamente ligadas à Av. Fernando Corrêa da Costa; b) ao mapeamento e verificação do estado de manutenção e limpeza dos dispositivos de microdrenagem da bacia; c) aos aspectos regulatórios de uso e ocupação do solo em Cuiabá; e, d) ao planejamento e processo executivo de obras públicas e privadas inseridas na ba- cia de contribuição. Os estudos relativos à drenagem pluvial partem da análise das características e do comportamento do escoamento em uma bacia de contribuição (SÃO PAULO, 1999), assim, foi feita a delimitação da área de drenagem, dentro da qual o trecho da Avenida Fernando Corrêa da Costa, atingido pelos problemas de drenagem, está inserido. O contorno que limita a bacia estudada foi feito com base nas curvas de nível do mapa “Base Geral Cuiaba_completando.dwg”, de autoria desconhecida, em recursos do aplicativo Google Earth (2013) e por meio de visitas de campo, tomando os pontos de cotas mais eleva- das para comporem a linha da divisão topográfica. Com o traçado do divisor de águas foi possível identificar as vias incluídas na bacia e verificar o comportamento do escoamento pluvial sobre as mesmas. A verificação do caminho das águas foi feita com auxílio dos perfis longitudinais das vias diretamente ligadas à Av. Fernando Corrêa da Costa. Os perfis foram gerados com uso do recurso “perfil de elevação”, do aplicativo Google Earth (2013). Além disso, foram realizadas visitas de campo, em dias de céu aberto e dias de chuva, como forma de complementar o estudo do comportamento das águas na bacia. Após as análises foi feito o traçado do fluxo do escoamento pluvial na planta-baixa da bacia de contribuição. O caminho percorrido pelas águas foi representado por setas de cor azul escuro, com uso de recursos do aplicativo AutoCAD (2011). Para estimar as áreas permeáveis e impermeáveis da bacia foram utilizadas imagens de satélite disponibilizadas pelo aplicativo Google Earth (2013), cujo banco de dados fornece registros fotográficos da área desde o ano de 2004. Com base nesse banco de imagens, foram selecionadas duas fotografias da bacia, uma registrada em maio de 2004 e outra em dezembro
  • 47. 46 de 2014. Para ambas as imagens, a estimativa das áreas permeáveis e impermeáveis foi feita com o emprego dos comandos “polyline” e “area”, no aplicativo AutoCAD (2011). A demarcação das áreas permeáveis foi feita, somente, sob a percepção visual da auto- ra diante das imagens coletadas e, ainda, com base nas informações coletadas durante as visi- tas de campo. Foram selecionadas regiões que apresentavam áreas verdes, áreas de solo sem cobertura vegetal, terrenos baldios e os canteiros públicos. Não foram contabilizados os coefi- cientes de permeabilidade sobre os lotes edificados públicos e particulares. Da área total da bacia foi subtraída a área permeável contabilizada, obtendo-se a área impermeável. Com os valores obtidos, para o ano de 2004 e 2014, e o emprego de recursos do aplicativo Microsoft Excel (2010), foi elaborado gráfico do tipo “colunas agrupadas”, o qual ilustrou de forma comparativa, o comportamento do processo de urbanização na bacia, no intervalo de dez anos. Com a planta de zoneamento do município de Cuiabá foram verificadas quais zonas abrangem a bacia de contribuição, os índices urbanísticos de cada uma delas, elaborado um exemplo numérico, de modo a visualizar a abrangência do coeficiente de permeabilidade so- bre a superfície de drenagem, e feita uma comparação entre a área permeável obtida com o exemplo e a área permeável estimada para o ano de 2014, conforme citado anteriormente nes- te item. No exemplo foi suposto que a área de toda a bacia pertence à zona que apresenta o menor dos coeficientes de permeabilidade, isto porque um índice menor exige a reserva de uma área menor para infiltração das águas. Em seguida o índice adotado foi multiplicado pela área da bacia e o resultado foi comparado à área permeável da bacia para o ano de 2014. A verificação da manutenção (condição estrutural) dos dispositivos de microdrenagem da bacia (bocas de lobo e sarjetas), inclusive do seu estado de limpeza, foi feita por meio de visitas de campo e com uso do aplicativo Google Earth (2013), neste último sendo usada a ferramenta “Street View”. Além dessas observações, especificamente nos dias de chuva, as visitas tiveram por objetivo verificar o funcionamento dos dispositivos de drenagem na região mais crítica da bacia, ou seja, na “Área Atingida por Alagamentos”. Todas as bocas de lobo (BLs) verificadas, seja por visitas em campo seja com uso do Google Earth (2013), receberam uma identificação numérica e tiveram registros fotográficos. O número de registro das BLs, bem como seu modelo (simples, dupla, entre outros), seu esta- do de manutenção (presença de danos físicos), estado de limpeza (presença de obstruções), nome da imagem de visualização e data do registro fotográfico, foram organizados em tabelas do aplicativo Microsoft Excel (2010) e vinculadas ao “Mapa de traçado do escoamento e de
  • 48. 47 localização das bocas de lobo existentes na bacia de contribuição da Av. Fernando Corrêa da Costa” (APÊNDICE A). Por meio do aplicativo AutoCAD (2011) foram inseridas a localização aproximada e a identificação numérica das BLs no referido mapa. Para representar os dispositivos sem pre- sença de danos físicos foi usado um círculo preenchido com a cor verde e as BL que estavam danificadas foram identificas por um círculo preenchido com a cor vermelha. A informação de que as bocas de lobo continham obstruções ao escoamento estão presentes somente na ta- bela de informações anexada junto ao mapa exposto no Apêndice A. Como meio de obter informações a respeito dos serviços de limpeza e manutenção dos dispositivos de microdrenagem da bacia, foi feita consulta telefônica ao departamento de soli- citação de limpeza de bocas de lobo, vinculado à Secretaria de Obras de Cuiabá. Foi verifica- do ainda, se a secretaria dispunha de rotinas e procedimentos periódicos para a manutenção desses dispositivos. Por fim, foi solicitado à Secretaria de Obras Públicas de Cuiabá o acesso aos projetos e memoriais referentes às obras de mobilidade urbana, inseridas na Av. Fernando Corrêa da Costa, como forma de compreender a influência do planejamento e execução dessas obras no funcionamento do sistema de drenagem da região. Também foram realizadas visitas de campo como complemento a análise.
  • 49. 48 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 DELIMITAÇÃO DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO Na Figura 23 é apresentada a bacia de contribuição delimitada. O polígono de cor azul representa o divisor de águas da bacia, a linha de cor verde, a Av. Fernando Corrêa da Costa e o polígono de cor vermelha, a “Área Atingida por Alagamentos” (AAA). Os nomes das vias interligadas à Av. Fernando Corrêa da Costa e dos bairros que pertencem à bacia, foram iden- tificadas pelo texto de cor preta. Os nomes dos bairros receberam ainda, um destaque acima e abaixo do texto. Além da Av. Fernando Corrêa da Costa, a AAA abrange as avenidas Brasília e Haiti (bairro Jd. das Américas), a Rua Garcia Neto (bairro Pico do Amor), a Av. Parque Barbado (limite entre os bairros Jd. das Américas e Boa Esperança) e a Av. Tancredo Neves (limite entre os bairros Pico do Amor e Jd. Petrópolis). Figura 23 – Bacia de contribuição do trecho da Av. Fernando Corrêa da Costa atingido por alagamentos. Fonte: Elaborado pela autora.
  • 50. 49 A bacia de contribuição possui aproximadamente 1,10 km², a AAA atinge cerca de 0,04 km² de toda a bacia, correspondendo a 3,63% da área de drenagem, e o trecho da Av. Fernando Corrêa da Costa, que está inserido na bacia, possui aproximadamente 1,6 km de extensão. 5.2 COMPORTAMENTO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA BACIA Após a delimitação da bacia foi possível gerar os perfis longitudinais das vias interli- gadas à Av. Fernando Corrêa da Costa (Figuras 24 a 37). A linha de cor amarela corresponde ao trecho selecionado das vias interligadas com a Av. Fernando Corrêa da Costa. Esses segmentos das vias fazem parte da área de drenagem da bacia, contribuindo no escoamento superficial sobre a mesma. A seta de cor vermelha representa o ponto localizado sobre a Av. Fernando Corrêa da Costa e os números escritos acima e ao lado esquerdo da seta correspondem à cota altimétrica do ponto sobre a Av. Fernando Corrêa da Costa e ao comprimento do trecho selecionado, res- pectivamente. Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor- rêa da Costa no entroncamento com a Av. Miguel Sutil é de 187 m e a diferença de cotas do trecho selecionado alcança os 12,4 m (Figura 24). Figura 24 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Miguel Sutil que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013.
  • 51. 50 Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor- rêa da Costa nos entroncamentos com a Rua Paraguaçú (Figura 25) e com a Rua Capitão Ipo- rã (Figura 26) é de 180 m e 177 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho selecio- nado dessas mesmas vias é de 5,64 m e 4,97 m, respectivamente. Figura 25 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Paraguaçú que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013. Figura 26 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Capitão Iporã que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013.
  • 52. 51 Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor- rêa da Costa nos entroncamentos com a Rua São Miguel (Figura 27) e com a Rua La Paz (Figura 28) é de 173 m e 172 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho seleciona- do dessas mesmas vias é de 5,69 m e 6,34 m, respectivamente. Figura 27 – Perfil longitudinal do trecho da Av. São Miguel que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013. Figura 28 – Perfil longitudinal do trecho da Rua La Paz que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013.
  • 53. 52 Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor- rêa da Costa nos entroncamentos com a Rua Garcia Neto (Figura 29) e com a Av. Tancredo Neves (Figura 30) é de 168 m e 166 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho se- lecionado dessas mesmas vias é de 8,62 m e 3,70 m, respectivamente. A Av. Tancredo Neves é resultado da canalização do Córrego do Barbado e, sendo uma via de fundo de vale, é justificável a presença das menores cotas da bacia (Figura 30). Figura 29 – Perfil longitudinal do trecho da Rua Garcia Neto que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013. Figura 30 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Tancredo Neves que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013.
  • 54. 53 Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor- rêa da Costa nos entroncamentos com a Rua “Sem Identificação” (Figura 31) e com a Av. Cidade do México (Figura 32) é de 174 m e 169 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho selecionado dessas mesmas vias é de 9,69 m e 16,90 m, respectivamente. Figura 31 – Perfil longitudinal do trecho da Rua “Sem Identificação” que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013. Figura 32 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Cidade do México que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013.
  • 55. 54 Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor- rêa da Costa nos entroncamentos com a Av. Haiti (Figura 33) e com a Av. Brasília (Figura 34) é de 168 m e 166 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho selecionado dessas mesmas vias é de 11,70 m e 9,84 m, respectivamente. Figura 33 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Haiti que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013. Figura 34 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Brasília que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013.
  • 56. 55 Conforme dados apresentados pelo Google Earth (2013), a cota da Av. Fernando Cor- rêa da Costa nos entroncamentos com a Av. Parque Barbado (Figura 35) e com a via de aces- so à UFMT (Figura 30) é de 166 m e 164 m, respectivamente. E a diferença de cotas do trecho selecionado dessas mesmas vias é de 9,32 m e 13,70 m, respectivamente. A Av. Parque Barbado também resulta da canalização do Córrego do Barbado e, sendo uma via de fundo de vale, é justificável a presença das menores cotas da bacia (Figura 35). Figura 35 – Perfil longitudinal do trecho da Av. Parque Barbado que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013. Figura 36 – Perfil longitudinal do trecho da via de acesso à UFMT que contribui no escoamento na bacia. Fonte: Google, 2013.