O documento discute a infecção do trato urinário na gestação, incluindo a incidência aumentada, fatores de risco e alterações anatômicas. A bacteriúria assintomática é a forma mais comum, e a rotina de rastreio e tratamento é recomendada para prevenir complicações como a pielonefrite. O diagnóstico e tratamento dependem da forma clínica apresentada.
2. INCIDENCIA
(ITU) representa 10% das
consultas em mulheres e
15% sofrem de ITU no
transcurso da vida.
8%. das gestantes apresentam risco
aumentado de ITU, pelo fato de a
partir da 6ª semana , com pico entre a
22ª-24ª semana, aprox 90% das
gestantes desenvolvem dilatação
ureteral (hidronefrosis da gravidez).
4. refluxo vesico ureteral
insuficiencia da
válvula vésico-
ureteral que
ocasiona um
refluxo vésico-
ureteral.
3º trimestre:
Estiramento
trígono com
deslocamento
lateral da porção
terminal,
diminuindo a
pressão interna
Pressão intravesical aumenta durante a micção
5. Alterações morfológicas das
vias urinárias
Dilatação da pelve renal e ureteres
Causa hidroureter fisiológico da gravidez
Mais comum no lado direito.
7. Infecção do trato urinário
É uma das afecções mais freqüentes na
gestação
– decorrente das alterações funcionais e
anatômicas dos rins e vias urinárias
2ª maior causa de morbidade desse
período
9. Fatores Predisponentes
Fatores Hormonais:
– Progesterona
– Estrógeno
Fatores Mecânicos:
– Aumento do volume uterino
Outros fatores: Diabetes melitus; Anormalidades
do trato urinário; Antecedentes de infecção
urinária prévia
10. Há uma relação entre ITU e o coito que
atua como fator contaminante.
A presença de vaginose bacteriana
também está relacionada a maior
incidencia de ITU.
A bexiga da grávida, por efeitos da
progesterona, diminue o tono de forma
progressiva, aumentando sua capacidade
pudendo alcançar cerca de um litro no
término da gravidez. O que determina que
o esvaziamento vesical seja incompleto
13. O EAS colabora com o diagnóstico (nitrito
positivo, piúria, flora bacteriana aumentada),
mas não substitui a URC.
Se o tratamento for realizado com base na
clínica apresentada pela gestante e pelo
resultado do EAS, a URC deverá ser utilizada
para controle de cura (7 dias após o término do
tratamento) no pré-natal de origem.
14. Toda gestante que apresentar sintomas
urinários deverá ser submetida a exame
especular com o objetivo de realização de
um diagnóstico diferencial com síndromes
uretrais, DSTs, vaginose bacteriana. Nestes
casos, se possível, disponibilizar o exame a
fresco e o método de gram para secreção
vaginal.
15. Formas Clínicas
Bacteriúria Assintomática (BA)
Infecção urinária baixa – uretrite e cistite
Pielonefrite – Aguda e Crônica
17. Piuria (>15 piocitos) e bacteriuria
URC: ≥ 100.000 colonias
E. coli
DIAGNÓSTICO
Nitrofurantoina – 400mg/dia/7 dias
Cefalexina – 2g/dia/7 dias
Amoxacilina – 1,5g/dia/7 dias
TRATAMENTO - MS
18. Rastrear laboratorialmente a BA no pré-
natal através de urinocultura (URC),
padrão ouro para diagnóstico, entre a 12ª
e a 16ª semana de gestação ou na
primeira consulta.
O método deve ser oferecido a todas as
gestantes (Recomendação A).
Um maior impacto nos resultados
neonatais serão obtidos com uma nova
coleta de urina no terceiro trimestre.
Bacteriúria Assintomática
19. Gestante que possuir fator de risco
adicional para ITU deverá realizar URC
trimestralmente para melhor rastreio da
BA.
A presença de mais de duas URC positivas
durante o pré-natal implicará na
prescrição de quimioprofilaxia com
cefalexina (500mg/dia) ou nitrofurantoína
(100mg/dia).
20. O tratamento empírico (sem URC)
recomendado é com nitrofurantoína ou
cefalexina por 7 dias.
21. Uretrite e Cistite
Acometimento da uretra e bexiga pelo
agente infeccioso
Bacteriúria significativa + Sinais e
Sintomas:
– disúria, urgência miccional, polaciúria, dor
suprapúbica e hematúria
Tratamento: mesmo esquema utilizado
para bacteriúria assintomática
22. Pielonefrite Aguda
Pode ser unilateral ou bilateral
Acomete a 2° metade da gestação
Acometimento do ureter, pelve e
parênquima renal
Vias de infecção:
– Ascendente
– Hematogênica
– Linfática.
23. A ITU alta deve ser considerada uma
emergência obstétrica, sendo necessária
a internação com antibioticoterapia
venosa.
24. Pielonefrite Aguda
Quadro clínico
Sintomas locais - disúria, ardor, polaciúria,
urgência miccional e dor lombar a punho
percussão (Giordano +).
Sintomas sistêmicos- acometimento do
estado geral, anorexia, febre (40°),
calafrios, sudorese, náuseas, vômitos e
taquicardia
25. No momento da internação solicitar URC,
EAS, hemograma completo, ureia,
creatinina e ultrassonografia renal. Os
exames devem ser colhidos no momento
da internação (nunca aguardar a rotina)
iniciando a antibioticoterapia somente
após a coleta da URC.
26. Pielonefrite Crônica
Oligossintomático ou assintomático
Hipertensão arterial e/ou Insuficiência
renal
Prognóstico depende da extensão e do
grau de acometimento
27. Pielonefrite
Tratamento
Hospitalização
Hidratação e antibioticoterapia EV
Antibióticos:
– Cefuroxina 750mg à 1,5 g 8/8 hs
(Nos casos de boa resposta terapêutica a febre cessará entre 48h e
72h. )
Pacientes alérgicas a cefalosporinas, avaliar a
possibilidade de prescrição de quinolona -
ciprofloxacina 500mg/IV/12/12h (risco x
benefício).
Após remissão dos sintomas – atb VO (10-14
dias)
28. Recidiva:
– ocorre em 5 dias após o tratamento
– mesmo patógeno
Reinfecção:
– ocorre após 3 semanas ou mais
– patógenos diferentes
Tratamento:
– cefalexina 250 mg/dia até o puerpério
29. Considerar falência terapêutica quando, mesmo
após 03 dias completos de Cefuroxima, a
paciente ainda apresentar febre e/ou
sintomatologia urinária.
Investigar:
Obstrução do trato urinário;
Infecção por bactérias do gênero pseudomonas;
Imunossupressão;
Infecções por bactérias multirresistentes
31. Em pielonefrite não complicada a
quimioprofilaxia só deverá ser
administrada após o segundo evento
infeccioso.
O esquema profilático recomendado
é: cefalexina 500mg/dia (primeira
escolha) ou nitrofurantoína
100mg/dia.
32.
33. PARTO PREMATURO E ITU
As contrações uterinas são induzidas por
citocinas e prostaglandinas que são liberadas
pelos microorganismos.
34. CONCLUSÃO
A cistite e a pielonefrite sendo infecções
sintomáticas permitem um diagnóstico
mais precoce, ao contrário da BA, sem
sintomas clínicos só detectada através de
exames de laboratorio.
Em quase toda as gestantes com
bacteriuria o diagnóstico pode ser feito no
primeiro trimestre e o exame é a
urocultura.
35. “A rotina de investigação e o tratamento da bacteriúria assintomática na
gravidez tornaram-se padrão na assistência obstétrica e muitos guidelines de
assistência pré-natal recomendam este procedimento. Dados de literatura
demonstram que o rastreio e tratamento da bacteriúria assintomática para
evitar pielonefrite foi custo-efetivo.
A relação de custo-benefício só não será vantajosa a partir do
momento em que a taxa de prevalência da bacteriúria assintomática for
menor que 2%.
(Wadland 1989; Rouse 1995).”
Cochrane
Review-2007