Parte 5 - Matrimônio na dimensão da aliança e da graça
1. MATRIMÔNIO:
A DIMENSÃO DA ALIANÇA E
DA GRAÇA
Todas as citações são das catequeses do papa João Paulo II
2. MATRIMÔNIO: VOCAÇÃO DE AMOR
o Terminada a reflexão sobre as palavras de Cristo
(“princípio”, “história”, “ressurreição”), delineada a
antropologia adequada, e após a reflexão sobre
a vocação celibatária, o Papa se volta para o
Matrimônio:
• Dimensão da Aliança e da Graça
• Dimensão do Sinal
• A Lei da Vida Como Herança
3. UMA REFLEXÃO À LUZ DE TUDO QUE
VIMOS ATÉ AGORA
“Já tratamos das palavras
nas quais Cristo apela
para o “princípio”, para o
“coração” humano no
Sermão da Montanha, e
para a futura ressurreição.
(...) Portanto, se quisermos
interpretar essa passagem
[Efésios 5, 21-33], devemos
fazê-lo à luz do que Cristo
já nos falou sobre o corpo
humano”.
(TdC 87)
4. Efésios 5, 21-33
o Submetei-vos uns aos outros, no temor de
Cristo. As mulheres sejam submissas aos
maridos como ao Senhor. Pois o marido é a
cabeça da mulher, como Cristo também é a
cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual ele é o
Salvador. Por outro lado, como a Igreja se
submete a Cristo, que as mulheres também
se submetem, em tudo, a seus maridos.
5. Efésios 5, 21-33
o Maridos, amai as vossas mulheres,
como Cristo também amou a Igreja
e se entregou por ela, a fim de
santificar pela palavra aquela que
ele purifica pelo banho da água.
Pois ele quis apresentá-la a si
mesmo toda bela, sem mancha
nem ruga ou qualquer reparo, mas
santa e sem defeito. É assim que os
maridos devem amar suas esposas,
como amam seu próprio corpo.
Aquele que ama sua esposa está
amando a si mesmo. Ninguém
jamais odiou sua própria carne.
Pelo contrário, alimenta-a e a
cerca de cuidado, como Cristo faz
com a Igreja; e nós somos membros
de seu corpo!
6. Efésios 5, 21-33
o ‘Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e
se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só
carne”. Este mistério é grande – eu digo isto com
referência a Cristo e à Igreja. Em suma, cada um
de vós também ame a sua esposa como a si
mesmo; e que a esposa tenha respeito pelo
marido
7. SUBMETEI-VOS UNS AOS OUTROS NO
TEMOR DE CRISTO (Ef 5, 21)
“Quando se expressa dessa forma o
autor não tem intençaõ de dizer que o
marido é “dono” da esposa, e que a
aliança interpessoal própria do
casamento é um contrato de dominação
por parte do marido. (...) Marido e mulher
estão, na verdade, “submissos um ao
outro”, mutuamente subordinados um ao
outro. A fonte dessa submissão recíproca
está na piedade Cristã, cuja expressão é
o amor.” (TdC 89)
“O amor faz que ao mesmo tempo
também o marido seja submisso à
mulher, e submisso nisto ao Senhor
mesmo, assim como a mulher ao marido.
A comunidade ou unidade, que devem
constituir por causa do matrimônio,
realiza-se através de uma recíproca
doação, que é também submissão
mútua.” (TdC 89)
8. SUBMETEI-VOS UNS AOS OUTROS NO
TEMOR DE CRISTO (Ef 5, 21)
o Ainda que os cônjuges devam ser “submissos uns
aos outros, como ao Senhor”, todavia, no que se
segue, o marido é acima de tudo aquele que
ama, e a mulher, em contraste, é aquela que é a
amada.
o Poder-se-ia mesmo levantar a idéia de que a
“submissão” da mulher e do marido, entendida
no contexto do trecho completo da Epístola aos
Efésios, significa acima de tudo “experimentar o
amor”. Tanto mais que esta “submissão” se refere
à imagem da submissão da Igreja a Cristo, a qual
certamente consiste em experimentar o Seu
amor. (TdC 92)
9. ANALOGIA ESPONSAL
“O relacionamento
recíproco entre os
esposos, marido e mulher,
deve ser compreendida
pelos cristãos de acordo
com a imagem do
relacionamento entre
Cristo e a Igreja.”
(TdC 89)
10. ANALOGIA ESPONSAL
o “A relação esponsal que une os cônjuges,
marido e mulher deve – segundo o Autor da
Epístola aos Efésios – ajudar-nos a
compreender o amor que une Cristo com a
Igreja.
o A analogia usada na Epístola aos Efésios,
esclarecendo o mistério da relação entre
Cristo e a Igreja, ao mesmo tempo, revela a
verdade essencial sobre o matrimônio: isto é,
que o matrimônio corresponde à vocação
dos cristãos só quando reflete o amor que o
Cristo-Esposo dá à Igreja, Sua Esposa.
o Como se pode ver, essa analogia opera em
duas direções. (TdC 90)
11. ANALOGIA ESPONSAL
Há também uma analogia
suplementar: isto é, a analogia
da Cabeça e do Corpo.
Esta analogia suplementar
“cabeça-corpo” mostra que
estamos lidando com dois
sujeitos distintos que se tornam
em certo sentido um só sujeiro:
a cabeça constitui, juntamente
com o corpo, um só sujeito, um
só organismo, uma só pessoa
humana (TdC 91)
12. ANALOGIA ESPONSAL
o A analogia do amor dos esposos
(do amor esponsal) parece pôr
em relevo acima de tudo o
aspecto do dom de si mesmo por
parte de Deus ao homem.
o Este dom é certamente “radical”
e por isso “total”
o Quem recebe o batismo, em
virtude do amor redentor de
Cristo, torna-se, ao mesmo
tempo, participante do seu amor
esponsal para com a Igreja.
13. MATRIMÔNIO: SACRAMENTO PRIMORDIAL
“Pode-se dizer que o sinal visível
do matrimônio ‘desde o
princípio’, à medida em que
está ligado ao sinal visível de
Cristo e sua Igreja na economia
da salvação, transpõe o plano
eterno de amor para a
dimensão ‘histórica’, e a torna o
fundamento de toda a ordem
sacramental.” (TdC 95b)
“Todos os Sacramentos da Nova
Aliança, em certo sentido,
encontram seu protótipo, de
certo modo, no matrimônio
como o sacramento primordial.”
(TdC 98)
14. MATRIMÔNIO E REDENÇÃO DO CORPO
o Cristo, que no Sermão da Montanha dá sua
própria interpretação do mandamento “Não
cometerás adultério” – uma interpretação
constitutiva do novo ethos -, com as mesmas
palavras lapidares confia como tarefa a cada
homem a dignidade de cada mulher; e, ao
mesmo tempo, (embora do texto isto resulte
só de modo indireto) confia também a cada
mulher a dignidade de cada homem. (TdC 100
o O matrimônio é uma eficaz expressão do
poder salvífico de Deus. Como expressão
sacramental desse poder salvífico, o
matrimônio é também uma exortação a
dominar a concupiscência. O matrimônio
constitui um específico remedium
concupiscentiae. (TdC 101)
15. MATRIMÔNIO E REDENÇÃO DO CORPO
O matrimônio é lugar de encontro do eros com o ethos e de
sua recíprocainterpenetração no “coração” do homem e
da mulher, como também em todas as relações recíprocas.
ITdC 101)
Aqueles que, como cônjuges, segundo o eterno desígnio
divino se unem a ponto de se tornarem, em certo sentido,
“uma só carne”, são também por sua vez chamados,
mediante o sacramento, a uma vida “segundo o Espírito”.
(TdC 101)
“O eros necessita de disciplina, de purificação para dar ao
homem, não o prazer de um instante, mas uma certa
amostra do vértice da existência, daquela beatitude para
que tende todo o nosso ser... Isto não é rejeição do eros,
não é seu “envenenamento”, mas a cura em ordem à sua
verdadeira grandeza. O homem torna-se realmente ele
mesmo, quando corpo e alma se encontram em íntima
unidade; o desafio do eros pode considerar-se
verdadeiramente superado, quando se consegue esta
unificação.” (S.S Bento XVI, Deus caritas est, 4)
16. Portanto, a vida
“segundo o Espírito se
expressa também na
recíproca “união” ou
“conhecimento” através
da qual os cônjuges,
quando se tornam “uma
só carne” submetem a
sua feminilidade e
masculinidade à
bênção da procriação.