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*MALÁRIA - BRASIL*
"Silenciosamente a malária atinge meio bilhão de pessoas no planeta todos os
anos e leva ao óbito centenas de milhares delas, silenciando principalmente
crianças. Suas principais causas são o retardo de diagnóstico e de tratamento,
a desinformação sobre a doença e o nosso silêncio! Para contrair a doença
basta ser picado por um mosquito Anopheles infectado e para um mosquito se
infectar basta picar alguém doente. Sem doentes não temos mosquitos
infectados nem transmissão de malária."
Wanir J. Barroso, sanitarista Anvisa/Fiocruz.
“MALÁRIA - CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA
VIAJANTES"
http://malariabrasil.blogspot.com.br/2014/04/malaria-informacoes-
importantes-para.html
“MALÁRIA - CINCO INFORMAÇÕES
IMPORTANTES PARA VIAJANTES”
SE VOCÊ FOR VIAJAR OU ESTIVER RETORNANDO DE ALGUNS DOS PAÍSES
ENDÊMICOS DE MALÁRIA LISTADOS NO LINK
http://www.map.ox.ac.uk/explore/countries/
NÃO DEIXE DE LER AS INFORMAÇÕES ABAIXO OU TIRAR SUAS DÚVIDAS SOBRE A
DOENÇA. ISTO PODE DIMINUIR O RISCO DE VOCÊ CONTRAIR A DOENÇA, EVITAR
QUE LEVE MALÁRIA DE UM PAÍS PARA O OUTRO, IMPEDIR A EVOLUÇÃO DA
DOENÇA PARA SUAS FORMAS GRAVES E ATÉ MESMO SALVAR SUA VIDA! O
CONTROLE DA MALÁRIA NO PLANETA TAMBÉM DEPENDE DE VOCÊ! DISSEMINE E
DEMOCRATIZE SEU CONHECIMENTO, ISTO NÃO TEM PREÇO!
“MALÁRIA - CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA VIAJANTES”
1. EVITAR A PICADA DE MOSQUITOS COM O USO DE REPELENTES. Os repelentes são substâncias químicas que
repelem insetos quando aplicados sobre a pele. Os repelentes à base de DEET (N-N Dietiltoluamida) são efetivos por
cerca de apenas 4-5 horas. Existem no mercado produtos com apresentações (creme e aerossol) e concentrações de
DEET diversas. Devem ser usados nas partes descobertas do corpo, inclusive nas orelhas. Testar pequena quantidade
sobre a pele antes de usar torna-se importante para avaliar processos alérgicos ao DEET. A proteção dos olhos, nariz e
boca deve ser observada. Nunca acreditar que repelentes protegem ou repelem insetos por longos períodos, o nível de
proteção é limitado à concentração do princípio ativo e às condições de uso de cada produto. A icaridina é outro
princípio ativo que também repele insetos. Seu nível de proteção também deve ser avaliado. Use aquele que lhe dê
conforto. A transpiração e o suor atraem mosquitos, você já deve ter tido esta experiência. Habitantes de áreas
endêmicas normalmente não usam repelentes e desestimulam você a usar, na maioria das vezes porque banalizam a
doença, principalmente aqueles que já contraíram múltiplas malárias. O desconforto de usar um produto sobre a pele
com cheiro forte também desestimula o uso. Ambientes telados ou com ar condicionado também reduzem a
possibilidade de picadas de mosquitos. Excetuando-se roupas de astronauta, nenhuma das tecnologias acima oferece
proteção de 100% contra picadas de mosquito. No link em seguida está a distribuição dos principais mosquitos
transmissores de malária no planeta.( http://www.map.ox.ac.uk/browse-resources/multiple-
vectors/dominant_malaria_vectors/world/
) Os mosquitos transmissores de malária estão distribuídos por praticamente todo planeta. O Anopheles darlingi é o
principal transmissor de malária no Brasil, veja no mapa. São cerca de 54 espécies de mosquitos com capacidade de se
infectar com o Plasmodium e transmitir malária, todas pertencentes ao gênero Anopheles. Uma característica visual
desses mosquitos é que eles pousam sobre a pele formando um angulo de aproximadamente 45 graus.
http://malariabrasil.blogspot.com.br/2011/06/video-ciclo-evolutivo-da-doenca.html
Em países como os Estados Unidos, também temos mosquitos transmissores de malária, mas não temos a doença de
forma endêmica. As antigas áreas endêmicas de malária dos EUA são hoje regiões de transmissão interrompida pelo
tratamento de casos, e não pela eliminação do vetor. Lá também existe o risco de reintrodução da doença por existir
mosquitos transmissores em algumas regiões e circulação de doentes vindos de áreas endêmicas.
MALÁRIA - "CINCO INFORMAÇÕES
IMPORTANTES PARA VIAJANTES"
2. PROCURAR SABER SE VOCE ESTÁ EM ÁREA DE TRANSMISSÃO DE MALÁRIA.
Procure saber se existem casos de malária onde você está. Se existem, você está em
uma área de transmissão. Se há casos, é porque existem mosquitos transmissores em
circulação infectados com os protozoários transmitindo malária. Acredite que em
algumas regiões do planeta há transmissão de malária inclusive em áreas urbanas. Na
Ásia, África e nas Américas Central e do Sul, isto é realidade. Você não vai ouvir nem
ver propaganda de malária em lugar nenhum. Nos países africanos, por exemplo, você
vai entrar e sair de áreas de transmissão de malária sem estar sabendo. País nenhum
faz propaganda de suas doenças. Qualquer informação sobre malária em meios de
comunicação normalmente assustam quem nunca teve ou desconhece a doença.
Acredite também que a malária está sem controle no planeta. Os portos e aeroportos
também são locais onde pode ocorrer transmissão de malária, principalmente os que
recebem embarcações e aeronaves provenientes de países endêmicos. Mosquitos
infectados também se utilizam de vários meios de transporte. Você já deve ter
flagrado mosquitos lhe picando no seu carro ou ônibus. Eles só não andam de moto
ou bicicleta, porque o vento não deixa.
MALÁRIA - "CINCO INFORMAÇÕES
IMPORTANTES PARA VIAJANTES"
3. PENSAR EM MALÁRIA SE TIVER FEBRE
Se você for viajar para algum dos 100 países do link
(http://www.map.ox.ac.uk/explore/countries/), ou alguma área de
transmissão de malária no Brasil, como AM, PA, TO, AC, RO, RR, AP, oeste do
Maranhão e norte de Mato Grosso, além de regiões de Mata Atlântica na
região sudeste nos Estados de SC, PR, SP, RJ, ES
(http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2
1170:a-malaria-brasileira-fora-da-amazonia&catid=46:artigos&Itemid=18)
e regiões do vale do Rio Paraná, e vier a apresentar FEBRE como principal
sintoma até 30 dias da volta, PENSE EM MALÁRIA como possibilidade de
diagnóstico! Os outros sintomas da malária são diarreia, vômitos, dor de
cabeça, dor abdominal, falta de apetite, mal estar geral, entre outros. A
maioria dos profissionais de saúde, incluindo os médicos, fora das áreas de
transmissão de malária em todos os países, RARAMENTE PENSA EM MALÁRIA
DIANTE DE UM PACIENTE FEBRIL, a não ser que você informe que viajou e
esteve em área endêmica ou de transmissão de malária.
MALÁRIA - "CINCO INFORMAÇÕES
IMPORTANTES PARA VIAJANTES"
4. SABER ONDE BUSCAR POR SOCORRO MÉDICO – Fora das áreas endêmicas
de malária os recursos assistenciais e laboratoriais para diagnosticar e tratar
malária são poucos e concentrados em algumas regiões. Procure saber na sua
cidade ou onde você está qual hospital, médico ou laboratório estão
habilitados e capacitados a fazer diagnóstico e tratamento de malária. Se
você está numa área de transmissão da doença num país diferente do seu e
vier a apresentar qualquer dos sintomas citados acima procure por socorro
médico antes de embarcar de volta. Os Órgãos de Saúde de qualquer lugar
saberão lhe informar os telefones e endereços de onde buscar por socorro
médico especializado para diagnosticar e tratar malária. Lembrem sempre
que malária é uma doença de evolução rápida e que pode evoluir para suas
formas graves e levar ao óbito em poucos dias se não for diagnosticada e
tratada, principalmente a malária causada pelo P. falciparum. A morte por
malária se dá por falência de vários órgãos. As principais causas de óbitos por
malária em qualquer lugar são o retardo de diagnóstico e de tratamento e a
desinformação sobre a doença.
MALÁRIA - "CINCO INFORMAÇÕES
IMPORTANTES PARA VIAJANTES"
5. NÃO SE AUTOMEDICAR – Se você está ou esteve em áreas de transmissão de malária e apresentou sintomas sugestivos de
malária não se automedique. Acredite em primeiro lugar que os seus sintomas podem ser malária. Procure por socorro médico
para fazer o diagnóstico e tratamento, informando ao médico que esteve em área ou país endêmico de malária. Os sintomas
iniciais da malária são muito parecidos com o de outras doenças, inclusive as doenças virais. O período de incubação da malária
varia de 8 a 30 dias ou mais. Período de incubação é o período que vai da picada do mosquito até o início dos sintomas, e
corresponde à fase hepática da doença. Na malária, se o homem for picado por mosquitos infectados duas vezes num mesmo dia,
ele desenvolve duas malárias ao mesmo tempo com níveis altos de parasitemia e sintomas muito mais exuberantes. Níveis altos
de parasitemia (quantidade de protozoários no sangue) aceleram as formas graves da doença e o óbito. Automedicaçao com
medicamentos antitérmicos reduzem a febre mas não curam malária. Somente os medicamentos antimaláricos curam a malária
quando prescritos de forma correta. Não se automedique de forma alguma com medicamentos antimaláricos para "evitar" a
malária em áreas de transmissão. Nenhum deles impede a infecção malárica. Se for picado por um mosquito infectado com o
Plasmodium vai desenvolver a doença pelo menos até a fase hepática. Sem falar da toxicidade desses medicamentos, dos efeitos
colaterais e restrições de uso. As doses utilizadas nesses casos são subterapêuticas, insuficientes para curar ou "evitar" a doença.
E dose subterapêutica é fator de quimiorresistência. Não são poucos os protozoários resistentes aos antimaláricos. A cloroquina e
a mefloquina, por exemplo, são antimaláricos que perderam sua eficácia frente aos Plasmódios em vários países. Outra coisa, se o
Plasmodium for resistente ao medicamento utilizado você desenvolverá a doença com todo rigor dos sintomas que o protozoário
impõe. E o pior de tudo, o uso desses medicamentos utilizados dessa forma causam uma falsa sensação de segurança em quem
os utiliza, e por conta disso acabam por se expor mais aos mosquitos transmissores da doença. Quem faz o diagnóstico e o
tratamento na fase inicial da doença tem sempre um melhor prognóstico, com chances reais de cura em Centros de Diagnóstico e
Tratamento. A quimioprofilaxia em malária prescrita por médicos habilitados encontra as mesmas barreiras técnicas.
(http://malariabrasil.blogspot.com.br/2010/04/malaria-quimioprofilaxia-e-medidas-de.html)
Nem em situações extremas se justifica o uso de antimaláricos para uma malária que ainda não se contraiu. Uma frase para botar
no quadro: "Medicamento não é vacina, por isso não evita a malária!" Infelizmente ainda não temos vacina contra a malária!
No link abaixo o folder "Conheça a Malária" com os tels dos principais Centros de Referência para diagnóstico e tratamento de
Malária no Brasil. http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_569194722.pdf
Dr Wanir J. Barroso, sanitarista, especialista em epidemiologia e controle de endemias-Fiocruz/RJ-Brasil. Autorizado a
reprodução deste texto desde que citada a fonte e o autor. Email: wanirbarroso@gmail.com

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  • 1. *MALÁRIA - BRASIL* "Silenciosamente a malária atinge meio bilhão de pessoas no planeta todos os anos e leva ao óbito centenas de milhares delas, silenciando principalmente crianças. Suas principais causas são o retardo de diagnóstico e de tratamento, a desinformação sobre a doença e o nosso silêncio! Para contrair a doença basta ser picado por um mosquito Anopheles infectado e para um mosquito se infectar basta picar alguém doente. Sem doentes não temos mosquitos infectados nem transmissão de malária." Wanir J. Barroso, sanitarista Anvisa/Fiocruz. “MALÁRIA - CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA VIAJANTES" http://malariabrasil.blogspot.com.br/2014/04/malaria-informacoes- importantes-para.html
  • 2. “MALÁRIA - CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA VIAJANTES” SE VOCÊ FOR VIAJAR OU ESTIVER RETORNANDO DE ALGUNS DOS PAÍSES ENDÊMICOS DE MALÁRIA LISTADOS NO LINK http://www.map.ox.ac.uk/explore/countries/ NÃO DEIXE DE LER AS INFORMAÇÕES ABAIXO OU TIRAR SUAS DÚVIDAS SOBRE A DOENÇA. ISTO PODE DIMINUIR O RISCO DE VOCÊ CONTRAIR A DOENÇA, EVITAR QUE LEVE MALÁRIA DE UM PAÍS PARA O OUTRO, IMPEDIR A EVOLUÇÃO DA DOENÇA PARA SUAS FORMAS GRAVES E ATÉ MESMO SALVAR SUA VIDA! O CONTROLE DA MALÁRIA NO PLANETA TAMBÉM DEPENDE DE VOCÊ! DISSEMINE E DEMOCRATIZE SEU CONHECIMENTO, ISTO NÃO TEM PREÇO!
  • 3. “MALÁRIA - CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA VIAJANTES” 1. EVITAR A PICADA DE MOSQUITOS COM O USO DE REPELENTES. Os repelentes são substâncias químicas que repelem insetos quando aplicados sobre a pele. Os repelentes à base de DEET (N-N Dietiltoluamida) são efetivos por cerca de apenas 4-5 horas. Existem no mercado produtos com apresentações (creme e aerossol) e concentrações de DEET diversas. Devem ser usados nas partes descobertas do corpo, inclusive nas orelhas. Testar pequena quantidade sobre a pele antes de usar torna-se importante para avaliar processos alérgicos ao DEET. A proteção dos olhos, nariz e boca deve ser observada. Nunca acreditar que repelentes protegem ou repelem insetos por longos períodos, o nível de proteção é limitado à concentração do princípio ativo e às condições de uso de cada produto. A icaridina é outro princípio ativo que também repele insetos. Seu nível de proteção também deve ser avaliado. Use aquele que lhe dê conforto. A transpiração e o suor atraem mosquitos, você já deve ter tido esta experiência. Habitantes de áreas endêmicas normalmente não usam repelentes e desestimulam você a usar, na maioria das vezes porque banalizam a doença, principalmente aqueles que já contraíram múltiplas malárias. O desconforto de usar um produto sobre a pele com cheiro forte também desestimula o uso. Ambientes telados ou com ar condicionado também reduzem a possibilidade de picadas de mosquitos. Excetuando-se roupas de astronauta, nenhuma das tecnologias acima oferece proteção de 100% contra picadas de mosquito. No link em seguida está a distribuição dos principais mosquitos transmissores de malária no planeta.( http://www.map.ox.ac.uk/browse-resources/multiple- vectors/dominant_malaria_vectors/world/ ) Os mosquitos transmissores de malária estão distribuídos por praticamente todo planeta. O Anopheles darlingi é o principal transmissor de malária no Brasil, veja no mapa. São cerca de 54 espécies de mosquitos com capacidade de se infectar com o Plasmodium e transmitir malária, todas pertencentes ao gênero Anopheles. Uma característica visual desses mosquitos é que eles pousam sobre a pele formando um angulo de aproximadamente 45 graus. http://malariabrasil.blogspot.com.br/2011/06/video-ciclo-evolutivo-da-doenca.html Em países como os Estados Unidos, também temos mosquitos transmissores de malária, mas não temos a doença de forma endêmica. As antigas áreas endêmicas de malária dos EUA são hoje regiões de transmissão interrompida pelo tratamento de casos, e não pela eliminação do vetor. Lá também existe o risco de reintrodução da doença por existir mosquitos transmissores em algumas regiões e circulação de doentes vindos de áreas endêmicas.
  • 4. MALÁRIA - "CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA VIAJANTES" 2. PROCURAR SABER SE VOCE ESTÁ EM ÁREA DE TRANSMISSÃO DE MALÁRIA. Procure saber se existem casos de malária onde você está. Se existem, você está em uma área de transmissão. Se há casos, é porque existem mosquitos transmissores em circulação infectados com os protozoários transmitindo malária. Acredite que em algumas regiões do planeta há transmissão de malária inclusive em áreas urbanas. Na Ásia, África e nas Américas Central e do Sul, isto é realidade. Você não vai ouvir nem ver propaganda de malária em lugar nenhum. Nos países africanos, por exemplo, você vai entrar e sair de áreas de transmissão de malária sem estar sabendo. País nenhum faz propaganda de suas doenças. Qualquer informação sobre malária em meios de comunicação normalmente assustam quem nunca teve ou desconhece a doença. Acredite também que a malária está sem controle no planeta. Os portos e aeroportos também são locais onde pode ocorrer transmissão de malária, principalmente os que recebem embarcações e aeronaves provenientes de países endêmicos. Mosquitos infectados também se utilizam de vários meios de transporte. Você já deve ter flagrado mosquitos lhe picando no seu carro ou ônibus. Eles só não andam de moto ou bicicleta, porque o vento não deixa.
  • 5. MALÁRIA - "CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA VIAJANTES" 3. PENSAR EM MALÁRIA SE TIVER FEBRE Se você for viajar para algum dos 100 países do link (http://www.map.ox.ac.uk/explore/countries/), ou alguma área de transmissão de malária no Brasil, como AM, PA, TO, AC, RO, RR, AP, oeste do Maranhão e norte de Mato Grosso, além de regiões de Mata Atlântica na região sudeste nos Estados de SC, PR, SP, RJ, ES (http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2 1170:a-malaria-brasileira-fora-da-amazonia&catid=46:artigos&Itemid=18) e regiões do vale do Rio Paraná, e vier a apresentar FEBRE como principal sintoma até 30 dias da volta, PENSE EM MALÁRIA como possibilidade de diagnóstico! Os outros sintomas da malária são diarreia, vômitos, dor de cabeça, dor abdominal, falta de apetite, mal estar geral, entre outros. A maioria dos profissionais de saúde, incluindo os médicos, fora das áreas de transmissão de malária em todos os países, RARAMENTE PENSA EM MALÁRIA DIANTE DE UM PACIENTE FEBRIL, a não ser que você informe que viajou e esteve em área endêmica ou de transmissão de malária.
  • 6. MALÁRIA - "CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA VIAJANTES" 4. SABER ONDE BUSCAR POR SOCORRO MÉDICO – Fora das áreas endêmicas de malária os recursos assistenciais e laboratoriais para diagnosticar e tratar malária são poucos e concentrados em algumas regiões. Procure saber na sua cidade ou onde você está qual hospital, médico ou laboratório estão habilitados e capacitados a fazer diagnóstico e tratamento de malária. Se você está numa área de transmissão da doença num país diferente do seu e vier a apresentar qualquer dos sintomas citados acima procure por socorro médico antes de embarcar de volta. Os Órgãos de Saúde de qualquer lugar saberão lhe informar os telefones e endereços de onde buscar por socorro médico especializado para diagnosticar e tratar malária. Lembrem sempre que malária é uma doença de evolução rápida e que pode evoluir para suas formas graves e levar ao óbito em poucos dias se não for diagnosticada e tratada, principalmente a malária causada pelo P. falciparum. A morte por malária se dá por falência de vários órgãos. As principais causas de óbitos por malária em qualquer lugar são o retardo de diagnóstico e de tratamento e a desinformação sobre a doença.
  • 7. MALÁRIA - "CINCO INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA VIAJANTES" 5. NÃO SE AUTOMEDICAR – Se você está ou esteve em áreas de transmissão de malária e apresentou sintomas sugestivos de malária não se automedique. Acredite em primeiro lugar que os seus sintomas podem ser malária. Procure por socorro médico para fazer o diagnóstico e tratamento, informando ao médico que esteve em área ou país endêmico de malária. Os sintomas iniciais da malária são muito parecidos com o de outras doenças, inclusive as doenças virais. O período de incubação da malária varia de 8 a 30 dias ou mais. Período de incubação é o período que vai da picada do mosquito até o início dos sintomas, e corresponde à fase hepática da doença. Na malária, se o homem for picado por mosquitos infectados duas vezes num mesmo dia, ele desenvolve duas malárias ao mesmo tempo com níveis altos de parasitemia e sintomas muito mais exuberantes. Níveis altos de parasitemia (quantidade de protozoários no sangue) aceleram as formas graves da doença e o óbito. Automedicaçao com medicamentos antitérmicos reduzem a febre mas não curam malária. Somente os medicamentos antimaláricos curam a malária quando prescritos de forma correta. Não se automedique de forma alguma com medicamentos antimaláricos para "evitar" a malária em áreas de transmissão. Nenhum deles impede a infecção malárica. Se for picado por um mosquito infectado com o Plasmodium vai desenvolver a doença pelo menos até a fase hepática. Sem falar da toxicidade desses medicamentos, dos efeitos colaterais e restrições de uso. As doses utilizadas nesses casos são subterapêuticas, insuficientes para curar ou "evitar" a doença. E dose subterapêutica é fator de quimiorresistência. Não são poucos os protozoários resistentes aos antimaláricos. A cloroquina e a mefloquina, por exemplo, são antimaláricos que perderam sua eficácia frente aos Plasmódios em vários países. Outra coisa, se o Plasmodium for resistente ao medicamento utilizado você desenvolverá a doença com todo rigor dos sintomas que o protozoário impõe. E o pior de tudo, o uso desses medicamentos utilizados dessa forma causam uma falsa sensação de segurança em quem os utiliza, e por conta disso acabam por se expor mais aos mosquitos transmissores da doença. Quem faz o diagnóstico e o tratamento na fase inicial da doença tem sempre um melhor prognóstico, com chances reais de cura em Centros de Diagnóstico e Tratamento. A quimioprofilaxia em malária prescrita por médicos habilitados encontra as mesmas barreiras técnicas. (http://malariabrasil.blogspot.com.br/2010/04/malaria-quimioprofilaxia-e-medidas-de.html) Nem em situações extremas se justifica o uso de antimaláricos para uma malária que ainda não se contraiu. Uma frase para botar no quadro: "Medicamento não é vacina, por isso não evita a malária!" Infelizmente ainda não temos vacina contra a malária! No link abaixo o folder "Conheça a Malária" com os tels dos principais Centros de Referência para diagnóstico e tratamento de Malária no Brasil. http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_569194722.pdf Dr Wanir J. Barroso, sanitarista, especialista em epidemiologia e controle de endemias-Fiocruz/RJ-Brasil. Autorizado a reprodução deste texto desde que citada a fonte e o autor. Email: wanirbarroso@gmail.com