O documento discute a alimentação no contexto contemporâneo sob cinco perspectivas: direito humano, biológica, sócio-cultural, econômica e ambiental. Apresenta os desafios do atual sistema agroalimentar e as mudanças nas práticas e culturas alimentares. Defende políticas públicas que promovam a soberania e segurança alimentar de forma saudável, justa e sustentável.
3. • Direito humano
–Acesso físico e econômico a alimentação
adequada
•
Biológica (nutricional / sanitária)
– Benefícios para a saúde, prevenção de doenças
• Sócio-Cultural
– A comida e seus significados e rituais
– Alimentação e contemporaneidade
• Econômica
– Relações de trabalho
– Economia capitalista
•
Ambiental
– Formas de produção e consumo (cadeia)
6. •Sistema agroalimentar e seus impactos ambientais,
econômicos e sociais (alguns destaques)
• Premissas que embasam o modelo agroalimentar não
são mais aplicáveis (clima estável, água abundante, energia
barata)
• Globalização
• Insegurança sanitária (venenos, aditivos, contaminates)
• Política de financiamento dos setores envolvidos
• Concentração de etapas da cadeia alimentar em megacorporações
• Ineficiência na produção, transporte, armazenamento,
distribuição e manuseio doméstico
• Movimentos contra-hegemônicos : mudança estrutural
7. • Urbanização/globalização: identidade cultural
• Feminização do mundo do trabalho
• Mudanças na estrutura e nas relações familiares
• Modificações nos espaços físicos de compartilhamento
das refeições
e nas práticas de preparação das
refeições
• Diminuição da freqüência do compartilhamento da
refeição em família
• Mudanças na alocação do tempo nas atividades diárias
• Profunda deterioração das culturas alimentares
• Obesidade e outras DCNT
• Consumo como ação política
8. • Mídia e consumo
– Estratégias e recursos alocados
– Criança e mídia (ex: estudos Liverpool)
– Medicalização (discurso científico)
• Crescente consumo de produtos ultraprocessados
em detrimento de alimentos in natura e
mininamente processados
– Disponibilização de uma enorme gama de produtos “de
conveniência” (ex: calorias EUA)
– Comida X produto
– Hiperpalatabilidade e consumo excessivo
– O QUE (não) comemos e COMO comemos (ex: estudo EUA/ Fr)
– Nova proposta de classificação de alimentos
Monteiro CA et al. A new classification of foods based on the extent and purpose
of their processing. Cadernos de Saúde Pública, v. 26, p. 2039-2049, 2010.
10. Ampliar o horizonte de análise da
questão alimentar no contexto
contemporâneo
e
Inovar no desenho e nos processos de
trabalho das políticas públicas
12. Redefinição do escopo das PAN
Produção, comércio, consumo
Processo saúde-doença da população
+
Esgotamento ambiental
+
Iniquidades sociais
13. • Papel do Estado e das redes de política
• Políticas públicas que incentivem e facilitem as
escolhas saudáveis
• Agravo
comportamento
prática social
• Sistema alimentar influencia escolhas
• Indivíduo / ambientes (macro / micro)
• Atuação nos diferentes tipos de ambiente
• Físico: “o que está disponível”
• Econômico: custo, renda, subsídios
• Político: regras (leis, normas)
• Sócio-cultural: valores e atitudes
Swinburn et al. Preventive Medicine, 29: 563-70, 1999
14. • Ações regulatórias: relação Estado-sociedade
• Debate filosófico X contexto
• Indivíduos, corporações
Relação público-privado
• Perspectiva intergeracional
• Medidas regulatórias em alimentação e nutrição
– Taxação / subsídios
– Regulação de propaganda (mídia, ambientes)
– Regulamentação de cantinas escolares
– Composição dos alimentos industrializados
– Rotulagem nutricional
– Regulação nos programas sociais
– Cobertura
– Composição das refeições
15. Relação público-privado
• Os conflitos entre interesses privados e públicos
existentes na implementação das políticas de
alimentação, nutrição e saúde não são reconhecidos
nem tratados explicitamente nas políticas públicas;
• Os esforços governamentais de regular as ações
nocivas do setor privado são ainda muito
incipientes; e
• A forte e sistemática resistência política por parte
do setor privado às medidas regulatórias tem sido
um importante obstáculo para o avanço das
políticas públicas.
18. Integração de vertentes de ação
• Incentivo: estimular a adesão a práticas saudáveis
(informação / motivação).
• Apoio: facilitar opções saudáveis entre pessoas que
já estejam motivadas.
• Proteção: evitar a exposição da população a fatores
que dificultam as escolhas saudáveis.
Monitoramento
(ex: amamentação, tabagismo)
20. • Democratização do conhecimento / informação
• Valorização da cultura alimentar como elemento da
identidade coletiva
• Ressignificação da comida e do comer: sentidos
existencial e político
• Empoderamento: autonomia e protagonismo
• Consumo como
consumidor
ação
política
/
direitos
do
• Culinária como elemento chave para a promoção
de práticas alimentares adequadas, saudáveis e
sustentáveis
22. Segurança
Alimentar
e
Nutricional
é
a
“realização do direito de todos ao acesso regular a
alimentos de qualidade, em quantidade suficiente,
sem comprometer o acesso a outras necessidaes
essenciais, tendo como base práticas alimentares
promotoras de saúde que respeitem a diversidade
cultural
e
que
sejam
social,
econômica
e
ambientalmente sustentáveis”.
(LOSAN, 2006)
23.
24. Princípios
• Sustentabilidade social, ambiental e econômica
• Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade
• Valorização da cultura alimentar local e respeito à
diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a
legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
• A comida e o
valorização
da
emancipatória
alimento
culinária
como referências;
equanto
prática
• A promoção do autocuidado e da autonomia
25. Princípios (cont.)
• Educação enquanto processo permanente e gerador de
autonomia e participação ativa e informada do sujeitos
• A diversidade nos cenários de prática
• Intersetorialidade
• Planejamento, avaliação e monitoramento das ações
Guia Alimentar para a População Brasileira
(em revisão: consulta pública em breve)
27. • Foco na comida e no prazer
• Propicia:
• Convergência entre os saberes popular e técnico: trazer
preceitos e conceitos para o dia a dia
• Vivenciar e refletir
• A arte, o lúdico, o sensorial, a criatividade,
partilhamento no processo de aprendizagem
o
• Descoberta e desenvolvimento de habilidades
• Quebra de tabus (sobre si, alimentos e preparações)
• Encorajamento à experimentação
• Ampliação da consciência sobre a relação com a comida,
a culinária e seus significados: auto-conhecimento
• Resgate e valorização da comensalidade
• Experimentação de que “é possível”
29. • Conhecer práticas culinárias e outros aspectos das
práticas alimentares
• Reconhecimento da culinária como prática contrahegemônica
• Prática em si e a prática educativa
• Alimentação
fora
de
casa
e
demais
aspectos
da
contemporaneidade
• Ampliação/ reformulação dos referenciais teóricos que
embasam a abordagem educativa: prática social
• Desenvolvimento e difusão de materiais e estratégias
para diferentes públicos, fases do curso da vida
• Facilitação do acesso a insumos
• Formação de formadores de opinião
• Formação do nutricionista
• …
31. • Valorizar a importância tanto das ações coletivas
quanto das atitudes individuais (protagonismo).
• Consolidar relações que sejam mais horizontais,
parceiras e democráticas: novos arranjos.
• Identificar processos e mecanismos integrativos
que consolidem políticas públicas abrangentes,
que respondam ao mesmo tempo a vários
problemas da agenda de alimentação e nutrição.
Interdisciplinaridade + intersetorialidade!
36. Castro IRR., Castro LMC, Gugelmin SA. Ações educativas, programas e
políticas envolvidos nas mudanças alimentares
Rotenberg S, Marcolan S, Tavares EL, Castro IRR. Oficinas culinárias na
promoção da saúde
Castro IRR, Souza TSN. Formação de Multiplicadores para a Promoção
da Alimentação Saudável: Projeto Culinária, Saúde e Prazer
37. “Crianças do Consumo –
a infância roubada”
Suzan Linn
www.criancaeconsumo.org.br