O documento discute os desafios das cidades em promover a mobilidade urbana sustentável, como o crescimento da frota de veículos, a priorização dos modos motorizados e a falta de planejamento integrado. Defende princípios como priorizar não-motorizados, transporte público e uso eficiente do solo, além de maior participação social e investimento no planejamento.
Política Nacional de Mobilidade Urbana - Desafios e Oportunidades
1. Política de Mobilidade Urbana
Clarisse Linke, Diretora ITDP Brasil
UCT, 3 de setembro de 2014
2.
3. Fonte: Urban Age – LSE 2013
75% produção econômica global
75% emissão de CO2
60-80% consumo de energia
2000-2030
Duplica população urbana
Triplica espaço ocupado
4. Crescimento
na
frota
global
de
veículos
2000-‐2050
3,000.0
2,500.0
2,000.0
1,500.0
1,000.0
500.0
-‐
(ICCT)
2000
2005
2010
2015
2020
2025
2030
2035
2040
2045
2050
Africa
Middle
East
Rest
of
Asia-‐Pacific
Australia
South
Korea
India
Japan
China
Rest
of
Europe
Russia
EU-‐27
Rest
of
LaPn
America
Brazil
Mexico
Canada
U.S.
Frota
de
veículos
(milhões)
Ano
5. Demanda por sistemas de transporte é maior que a capacidade
de planejamento e investimento em infraestrutura
7. Quanto mais espaço criamos para os
carros…
• Mais a cidade se espraia
• Mais motivos para usar o carro
• Menos investimos no transporte coletivo
• E mais espaço e infraestrutura precisamos
criar para os carros
DEMANDA INDUZIDA
8. Como as pessoas vão se deslocar diariamente?
Como lidar com os efeitos colaterais do modelo atual?
9. AVOID
SHIFT
IMPROVE
Evitar o deslocamento
Mudar para modos mais
eficientes
Aprimorar a eficiência
energética
10. • 2030: 90% da população nas cidades
• 20% aumento da taxa de motorização em 5 anos
• 2030: 70% aumento na frota de veículos
• Perda de transporte público na divisão modal em
25% nos últimos anos
• 6º maior emissor de GEE
• 2030: emissões aumentarão em 60%
• Protestos de junho 2013
• Lei da Mobilidade Urbana
– Planos Municipais de Mobilidade
11. Lei de Mobilidade Urbana – 12.587/12
Art. 5
II – desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões
socioeconomicas e ambientais
Art. 6
II – prioridade dos modos de transportes não motorizados
sobre os motorizados e dos serviços de transporte público
sobre o transporte individual motorizado
Art.7
IV – promover o desenvolvimento sutentável com a mitigação
dos custos ambientais e socioeconomicos dos deslocamentos
de pessoas e cargas nas cidades
12. Princípios
• Acessibilidade universal;
• Desenvolvimento sustentável;
• Equidade no acesso ao transporte público coletivo;
• Eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de
transporte e na circulação urbana;
• Segurança nos deslocamentos;
• Justa distribuição dos benefícios e ônus no uso dos diferentes
modos;
• Equidade no uso do espaço público de circulação, vias e
logradouros.
15. Paradigma rodoviarista
• 1920, Washington Luís: “Governar é abrir estradas”
• Indústria automobilística: central no processo de industrialização
no Brasil
• Cidades constatemente ajustadas para receber carros
• Modelo de urbanização que produz e reproduz a cultura do
automóvel
• Transporte público: um “mal necessário” para as pessoas que não
possuem uma alternativa
• Considerações sobre os impactos e externalidades do auto-centrismo
ainda muito tímidas, pouca massa crítica
1
16. Duelo de princípios:
Política de mobilidade urbana
vs.
Políticas econômicas e de desoneração tributária
Qual a prioridade, esvaziar os pátios das montadoras
ou melhorar a qualidade de vida nas cidades?
2
17. Transporte espelhando a desigualdade de classes
1.46 1.69
2.04
2.4
4.08
4.5
4
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
-2 sm 2-5 sm 5-10 sm 10-20 sm +20 sm
Viagens diárias
Renda mensal (salários mínimos)
Source: PDTU 2003
2.37 + viagens
3
18. Articulação 4 entre transporte e uso do solo
• Pouca articulação, formação e prática de planejamento
transdisciplinar
• Uso do solo = mero input no processo de estimativa de
demanda para contínua redefinição da oferta
• Agenda metropolitana esvaziada – clareza no papel das
atribuições dos entes federativos
19. Um plano de mobilidade
urbana adequado é,
na verdade,
um plano bem feito de uso
e ocupação de solo
20. 27
8 38
14
38
4
16
22
13
18
% moradia % trabalho
Fonte: Censo 2010, RAIS
21. 27 8 4 38
50 km = 2-3hr commute one way
90% of all developments for lower bracket in the West
Zone (total 59,000 units)
Target group: 0-3 min salaries (<USD 930/month/hh) % living % working
22. 5 Processo de planejamento
Processos de planejamento necessitam de:
• Transparência
• Investimento no planejamento
• Participação popular
Como é decidido onde investir?
• Critérios transparentes de análise e seleção
• Padrões de qualidade
• O que são bons planos?
• Quais os requisitos para cidades grandes, médias e
pequenas
• Como avaliar performance (impaco ambiental,
social, econômico)
23. Priorizar o planejamento tanto quanto as obras
• Equipes capacitadas para:
– Elaboração dos planos
– Avaliação dos planos
– Acompanhamento
• Seria possível…
– 3-5% do PAC para elaboração de planos?
– Fundo rotativo de empréstimos às cidades?
24. Investimento gradual vs. cataclísmico
6
• Grandes investimentos – força poderosa de declínio ou
regeneração das cidades
• Investimentos cataclísmicos para operações urbanas, grandes
projetos de requalificação podem destruir a complexidade do
tecido urbano, dispersar seus habitantes, eliminar o comércio
local.
25. Como buscar a participação da sociedade civil na elaboração
dos planos?
Como negociar a prática curto-prazista com diálogo?
7
26. Plano é obrigatório, e deve ser
participativo
• Abril de 2015, deverá ser elaborado e integrar o Plano Diretor. É
obrigatório.
• Como parte do Plano Diretor, se aplicam todas as penalidades referentes à
ausência ou parcialidade do mesmo.
• Art. 52 da Lei 10.257/2001 --> determina a possibilidade do Prefeito
incorrer em improbidade administrativa quando impedir ou deixar de
garantir:
– a promoção de audiências públicas e debates com a participação da
população e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade
– a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos
– o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações
produzidos para a elaboração do Plano Diretor
27. Instrumentos de participação
Lei Mobilidade Urbana não tratou a forma como deverá ser a participação. Deve
portanto seguir os parâmetros do Estatuto da Cidade.
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados,
entre outros, os seguintes instrumentos:
I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e
municipal;
II – debates, audiências e consultas públicas;
III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional,
estadual e municipal;
IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano.
28. Acionamento de mecanismos de direito
• Denúncia no Conselho da Cidade – para que tome as medidas cabíveis, de
recomendações, fiscalização e a tomada de ações políticas, entre elas, a
mediação da solução.
• Denúncia ao Ministério Público - que pode ser feita por qualquer pessoa,
para que o mesmo avalie se cabe a instauração de Inquérito Civil, que é a
apuração dos fatos. Se entender cabível, pode propor Ação Civil Pública.
• Proposta de lei de iniciativa popular - ainda existe essa possibilidade onde
a população podera apresentar junto ao legislativo uma proposta de lei,
nos caso de inércia dos Poderes Executivo ou Legislativo.
• Propositura de ações na via judicial - as mais comuns para estes casos, são
a Ação Civil Pública, e a Ação Popular.
31. “Não há um número imutável de usuários de
transporte público e de motoristas de carros
em uma cidade.
Estes números variam de acordo com a
velocidade e a conveniência
nos modos de transporte ofertados”
Jane Jacobs