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EDIÇÃO LISBOA SEX 11 JAN 2013 HOJE Mário Soares Mémorias do Portugal Futuro, DVD 5                                                                                               Por + 5,90€

                                                                                                                         Relatório do
                                                                                                                         FMI incluiu
                                                                                                                         propostas do
                                                                                                                         CDS-PP para
                                                                                                                         a área social
                                                                                                                         Governo fala em “debate nacional” e
                                                                                                                         PS em eleições | 280 mil podem ficar
                                                                                                                         sem abono de família | Juncker propõe
                                                                                                                         reajustamento, Portas “aplaude” | CGD
                                                                                                                         tenta escapar a cortes salariais impostos
                                                                                                                         pelo Governo | Os “pressupostos errados”
                                                                                                                         do FMI Destaque, 2 a 5, Economia, 16, e Opinião


                                                                                                                            RELATÓRIO DO FMI
                                                                                                                            PASSA A SER
                                                                                                                            A CONSTITUIÇÃO
                                                                                                                            DA REPÚBLICA
                                                                                                                            O INIMIGO PÚBLICO

                                                                                                                         Validada gravação     “A estabilização da
                                                                                                                         de imagens feita pela Europa é do interesse
                                                                                                                         PSP em protesto       da Alemanha”
                                                                                                                         Após duas recusas, Protecção            Em entrevista, o presidente


                                                                        2013                                             de Dados autorizou a
                                                                                                                         gravação de imagens no
                                                                                                                         protesto dos estivadores de
                                                                                                                                                                 do Parlamento Europeu,
                                                                                                                                                                 Martin Schulz, diz que é
                                                                                                                                                                 preciso assegurar mais

                                                                        TARANTINO                                        29 de Novembro p6                       justiça social p18


                                                                        ESCREVE                                            QUE VALORES PARA 2013??
                                                                        COM SANGUE                                         JOÃO MAGUEIJO O SENTIMENTO DE
                                                                                                                                                  NTO
                                                                        A PALAVRA                                          UM PAÍS TRAÍDO, VENDIDO A UMA
                                                                                                                           IDEOLOGIA QUESTIONÁVEL
                                                                                                                                                 O
                                                                                                                                                  L
                                                                        RENTRÉE                                            Portugal, 12/13


Ano XXIII | n.º 8311 | 1,60€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos




                                                                      bb5e5a01-2121-41f1-b3a9-476e74a0ddb7
2 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013


CORTES NA DESPESA

Relatório do FMI
inclui medidas
sugeridas pelo CDS-PP

Na área social, o FMI acolheu propostas dos centristas
para reduzir a despesa. Nas bancadas do PSD e do CDS
ninguém esconde que o relatório tem aspectos positivos,
mas baixinho condenam a gestão política do Governo
                                        máximo nas prestações sociais que       estrutural”. Mas o dirigente critica     reacção do Governo — desencade-
Sofia Rodrigues                         cada beneficiário pode receber, a        sobretudo a contradição de uma or-       aram uma tempestade política. O         PS aconselha “coragem”


A
                                        convergência do subsistema de saú-      ganização que apresenta um relató-       presidente da Câmara Municipal
          lgumas das medidas propos-    de dos funcionários públicos (ADSE)     rio com doses de “pura austeridade”,     de Cascais, Carlos Carreiras, reite-



                                                                                                                                                                 J
          tas no relatório do FMI fo-   com o Serviço Nacional de Saúde, e      dias depois de ter assumido erros nas    rou ontem a sua indignação pelas            osé Junqueiro já o havia
          ram incluídas no documen-     a aproximação entre o sistema de        consequências da austeridade.            declarações de Carlos Moedas ao             feito de manhã, no final
          to por influência do CDS.      pensões e reformas do sector públi-        Entre os centristas há, no entan-     elogiar o relatório. “Eu, enquanto          da reunião do grupo
          É o caso da convergência      co e do sector privado. As propostas    to, a convicção de que é muito difícil   social-democrata, não gostei de ver         parlamentar. Insistiu, horas
          entre o subsistema da ADSE    constam do relatório do FMI elabora-    avançar para uma verdadeira refor-       um secretário de Estado de um Go-       mais tarde, em plenário, quando
e o Serviço Nacional de Saúde, bem      do a pedido do Governo português        ma do Estado sem tocar nas pensões.      verno liderado pelo meu partido... e    as bancadas da oposição
como da aproximação entre o siste-      para concretizar o corte de despesa     E também alinham pelo discurso do        confesso que, do ponto de vista sim-    aproveitaram o período das
ma de pensões do sector público e       estrutural do Estado em quatro mil      primeiro-ministro, Passos Coelho,        bólico, também me chocou porque         declarações políticas para
do sector privado. Nas bancadas da      milhões de euros.                       quando afirmou que muitas das re-         havia um sorriso nos lábios”, disse     debater o relatório do FMI.
maioria, o alvo de quase toda a ira       O PÚBLICO sabe que os centristas      formas, sobretudo as mais altas, não     Carreiras, depois de ter escrito na       De forma indirecta, o “vice” da
não é tanto o conteúdo do relatório,    fizeram um “grande esforço” para         correspondem à carreira contributi-      sua página de Facebook que Moedas       bancada socialista aconselhou
mas sim a forma como o Governo tem      incluir propostas de corte de despe-    va dos trabalhadores.                    “deveria abandonar as funções go-       a maioria a levar a votos as
gerido politicamente um processo tão    sa que fossem viáveis, sobretudo na        Na bancada do PSD, o relatório do     vernativas e assumir que aspira a ser   propostas avançadas ontem
delicado como o corte de quatro mil     área social. Há outras sugestões que    FMI também tem virtudes e defeitos.      consultor técnico”. No Parlamento,      pelo FMI. “Um primeiro-ministro
milhões de euros na despesa. Alguns     o CDS afasta por chocarem com a         “Algumas medidas estão enquadra-         estas declarações fizeram eco en-        que se honra, que tem um
deputados pedem em voz baixinha         Constituição ou até com as suas ban-    das, outras estão desenquadradas da      tre os deputados da maioria, mas        programa de Governo, deve
o que Carlos Carreiras, dirigente do    deiras, como é o caso da fusão das      realidade”, afirma Luís Menezes, vi-      não se ouviram alto por lealdade ao     executar esse programa de
PSD, pediu em voz alta: a demissão de   forças de segurança.                    ce-presidente da bancada. Um exem-       primeiro-ministro.                      Governo. Mas não acha, senhora
Carlos Moedas, secretário de Estado       “O relatório tem coisas boas e ou-    plo de uma conclusão desadaptada é         Questionado sobre estas declara-      deputada, que o Governo, ao
Adjunto do primeiro-ministro.           tras que não dá para fazer”, afirma      o do rácio elevado de polícias. “Mas     ções, o secretário de Estado da Pre-    apresentar com este relatório
  Paulo Portas, líder do CDS e minis-   o deputado do CDS Adolfo Mesqui-        esqueceram-se de que em Portugal         sidência do Conselho de Ministros,      um outro programa de Governo,
tro de Estado e dos Negócios Estran-    ta Nunes, que tem dado a cara em        só há 4% de civis a fazer trabalho ad-   Marques Guedes, recusou comentar        ao apresentá-lo nas costas
geiros, já tinha apontado caminhos      defesa do corte da despesa do Esta-     ministrativo na polícia, enquanto a      directamente, mas respondeu saber       dos portugueses, não acha
para a redução da despesa estru-        do. Já Nuno Melo, vice-presidente,      média europeia está entre 17 e 24%”,     de “declarações, umas excessivas,       que este primeiro-ministro
tural do Estado: contratualizações      aponta outras críticas: “Os cortes de   aponta Luís Menezes.                     outras acaloradas, outras até a roçar   voluntariamente se deveria
na saúde e na educação, um tecto        pensões não são cortes de despesa          A divulgação do relatório — e a       o absurdo”.
PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 | DESTAQUE | 3
                                                                                                      RUI GAUDENCIO
                                                                                                                      Carlos
                                                                                                                      Moedas,
                                                                                                                      secretário
                                                                                                                      de Estado
                                                                                                                      Adjunto do                              Economia
                                                                                                                      primeiro-                               Ver mais em
                                                                                                                      ministro, no                            www.publico.pt
                                                                                                                      Parlamento




                                                                                                                      Portas sublinha flexibilidade
                                                                                                                      manifestada por Juncker
                                                                                                                      para países cumpridores

                                                                                                                      Sofia Rodrigues



                                                                                                                      O
                                                                                                                                ministro de Estado e dos
                                                                                                                                Negócios Estrangeiros,
                                                                                                                                Paulo Portas, aproveitou
                                                                                                                                as declarações do presi-
                                                                                                                                dente do Eurogrupo para
                                                                                                                                vincar uma das posições
                                                                                                                      defendidas pelo CDS há já alguns
                                                                                                                      meses: “Quem é cumpridor merece
                                                                                                                      ser reconhecido por isso”.
                                                                                                                         O presidente do Eurogrupo, Je-
                                                                                                                      an-Claude Juncker, disse ontem ter
                                                                                                                      proposto, “no caso de Portugal, um
                                                                                                                      reajustamento no que toca às condi-
                                                                                                                      ções financeiras e orçamentais que       Jean-Claude Juncker
                                                                                                                      acompanham o ajustamento”, defen-
                                                                                                                      dendo que os países que cumprem            O presidente do Eurogrupo disse
                                                                                                                      os objectivos com que se comprome-      ter “muitas interrogações sobre o
                                                                                                                      teram devem ser recompensados.          ritmo de ajustamento que tem sido
                                                                                                                      Juncker respondia precisamente a        aplicado a alguns países da zona eu-
                                                                                                                      perguntas dos eurodeputados Diogo       ro” e defendeu um sistema de re-
                                                                                                                      Feio (CDS) e Elisa Ferreira (PS).       compensa para os países europeus
                                                                                                                         Paulo Portas não quis deixar de      que estão a cumprir os objectivos
                                                                                                                      sublinhar a resposta do presidente      com que se comprometeram, dando
                                                                                                                      do Eurogrupo, durante uma visita        como exemplo Portugal. No seu en-
                                                                                                                      oficial a Paris, a convite do ministro   tender, “um país que cumpre, actu-
                                                                                                                      dos Negócios Estrangeiros francês,      almente, não é recompensado”.
a Passos para ir a votos, BE e PCP falaram em crime e cobardia                                                        Laurent Fabius. “É uma atitude de
                                                                                                                      vida, e, portanto, também de polí-
                                                                                                                                                                 Questionado, depois, pelo euro-
                                                                                                                                                              deputado do CDS-PP Diogo Feio, so-
                                                                                                                      tica”. Quem é “cumpridor”, defen-       bre quais as possíveis recompensas
   submeter ao sufrágio universal        Da parte do Governo, foi              O social-democrata Luís                deu, “merece ser reconhecido por        para os países cumpridores, o pre-
   para ver se as pessoas queriam      o secretário de Estado da            Menezes pediu a palavra para              isso”, disse o líder do CDS.            sidente do Eurogrupo escusou-se a
   ou não aprovar estas medidas?”,     Presidência, Marques Guedes, a       afirmar que “o regimento                     Já em Lisboa, o secretário de Es-    dar uma resposta. “Não vou dizer
   questionou José Junqueiro após      reagir às críticas. “Não é momento   diz escrupulosamente que                  tado da Presidência do Conselho         que compensações deverão ser atri-
   uma intervenção da bloquista        de estar a responder a essas         a utilização de expressões                de Ministros, Luís Marques Guedes,      buídas aos Estados-membros que
   Catarina Martins.                   questões”, disse, acrescentando      injuriosas” no Parlamento                 considerou que as declarações de        tenham cumprido, como a Grécia
      E foi em Ferreira do Alentejo,   que o “debate nacional sobre as      deveria “ser sancionada”. Como            Juncker se “encaixam” nas atitudes      e Portugal fazem, os programas de
   no distrito de Beja, durante        funções do Estado” pode vir a        Assunção Esteves lhe respondeu            do Governo”. No final do Conselho        austeridade”, disse, reiterando que,
   uma visita a uma das maiores        levar a outras medidas “no plano     que a linguagem forte fazia               de Ministros, Marques Guedes foi        “se as orientações europeias forem
   empresas mundiais no sector do      dos recursos humanos”.               parte das regras do jogo, os              questionado sobre a possibilidade de    seguidas, poder-se-ão compensar
   azeite, que o secretário-geral,       Mas o debate parlamentar           dois partidos optaram por não             esse “reajustamento” implicar mais      os esforços de todos aqueles que
   António José Seguro, aproveitou     aqueceu mesmo com a bloquista        responder à deputada do BE.               tempo e mais dinheiro para Portugal     cumprem os programas”.
   o relatório para apresentar         Catarina Martins. “Esta maioria         O PCP preferiu chamar                  cumprir o seu Programa de Assistên-        A mesma ideia tem vindo a ser
   o Governo como “isolado e           que detesta a Constituição, a        ladrões a outros. Ainda                   cia Económica e Financeira. Sem res-    defendida publicamente por diri-
   cada vez mais afastado                 mesma Constituição que            sobre o FMI, e a propósito da             ponder directamente a essa questão,     gentes do CDS. Diogo Feio já tinha
   dos portugueses”. E que                 garante a democracia que lhe     insustentabilidade da segurança           o governante afirmou que a postura       questionado sobre o mesmo assunto
   já nem era capaz de evitar              permitiu tornar-se Governo,      social, António Filipe acusou             do Governo tem sido a de “cumprir       o presidente do Banco Central Eu-
   dissensões internas – como              é criminosa e cobarde. É         o Governo de permitir tudo                os seus compromissos” e de procu-       ropeu, Mario Draghi, e os ministros
   no caso do relatório –                       criminosa porque destrói    ao sistema financeiro e nada              rar o reconhecimento internacional      das Finanças alemão e francês.
   revelando ser um factor                      o país. É uma mistura       aos trabalhadores. Para o                 desse mesmo cumprimento”. “Por-            No início de Dezembro, o eurode-
   de instabilidade”                             explosiva de fanatismo     Governo, sustentou o deputado,            tanto, as declarações do presidente     putado centrista publicou um arti-
   em Portugal, tendo                            e irresponsabilidade”,     “sustentáveis são os crimes dos           do Eurogrupo são declarações que        go de opinião no Expresso intitulado
   “dificuldades em                             acusou a líder do BE,       banqueiros, insustentáveis são as         se encaixam perfeitamente naquela       “Onde estão as cenouras?” em que
   apresentar propostas                         gerando a revolta dos       reformas, os salários”.                   que tem sido a postura do Governo,      defendia que Portugal tinha de ser
   estratégicas”.                              dois partidos de direita.    Nuno Sá Lourenço                          a atitude do Governo”, disse, citado    recompensado por estar a cumprir o
                                                                                                                      pela Agência Lusa.                      programa de assistência financeira.
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013


CORTES NA DESPESA
Onde estão os “pressupostos errados” no relatório do FMI
Mota Soares falou de “pressupostos errados” no relatório. O PÚBLICO foi ver que dados apresenta o FMI so

Um documento                                                               pelo Tribunal de Contas, outro
                                                                           por um grupo de trabalho
                                                                                                                esta proposta avançar, deixam
                                                                                                                de ter. O que resultará, na contas
                                                                                                                                                     115 milhões. Propõe-se tectos
                                                                                                                                                     máximos nos subsídios dados às
“desonesto”,                                                               designado pelo Ministério da
                                                                           Educação e Ciência (MEC),
                                                                                                                do FMI, numa redução de 280
                                                                                                                mil beneficiários, o equivalente
                                                                                                                                                     famílias, nomeadamente quando
                                                                                                                                                     recebem apoios de diferentes
afirma reitor da UL                                                        conclui-se que o ensino sai          a 20,5% do total no final de 2011,   fontes, para evitar que deixem
                                                                           mais barato nos colégios com         e numa poupança de 89 milhões        de procurar trabalho. E diz-se



“D
        esonesto.” É assim que o                                           contratos de associação do           de euros.                            que o subsídio de desemprego
        reitor da Universidade de                                          que nas escolas públicas. Estes         O FMI não esquece que já          português não é favorável aos
        Lisboa, António Nóvoa,                                             colégios são financiados pelo        foram introduzidas mudanças no       mais jovens, beneficia os mais
        classifica o relatório do                                          Estado para garantir ensino          abono — que resultaram numa          velhos, oferece montantes
FMI sobre os cortes da despesa                                             gratuito aos seus alunos. O          redução de 467 mil beneficiários     “relativamente elevados” e tem
pública. Em entrevista ao PÚBLICO,                                         relatório do FMI ignora, contudo,    só entre 2010 e 2011, de acordo      uma duração “bastante longa”,
que será publicada no domingo,                                             uma das principais conclusões do     com a estatísticas da Segurança      apesar das recentes mudanças
Nóvoa sustenta a sua afirmação                                             estudo elaborado pelo grupo de       Social. Mas os peritos entendem      que o encurtaram. Isto cria “um
frisando que os autores do relatório                                       trabalho designado pelo MEC: a       que, como o apoio ainda abrange      forte desincentivo ao regresso
fazem o que na universidade se                                             de que no ensino básico — onde       agregados que ganham mais            ao trabalho”. Sugere-se, por
ensina os alunos a não fazer: “Partir   e a eficiência do sistema          se concentram mais de 80% dos        do que o salário mínimo, “pode       isso, menos tempo de subsídio
de um preconceito, de uma teoria,       educativo, os técnicos do FMI      contratos de associação — o          justificar-se” reduzir mais a        — se ao fim de dez meses no
e depois mobilizar os números           citam dois estudos elaborados      custo médio por turma nestes         abrangência da medida.               desemprego todos passassem a
para a defender.”                       com base nos resultados            colégios é superior em quase            O relatório lembra que o actual   receber o subsídio social (entre
   No relatório do FMI apenas           obtidos por Portugal nos testes    19 mil euros ao registado nas        Governo não tem previsto até         335€ e 419€) a poupança seria
“põem os dados que lhes                 PISA de 2000 e de 2003.            escolas públicas. No relatório       ao momento mudar os critérios        de 300 milhões a 600 milhões
interessam e quando isso não            Estes testes, elaborados pela      refere-se apenas as conclusões       de elegibilidade do abono,           de euros por ano. Parte do que
acontece não os citam e isso é          Organização para a Cooperação      obtidas para o secundário, um        em parte por causa das baixas        se pouparia poderia usar-se para
completamente inaceitável”,             e Desenvolvimento Económico,       nível minoritário nos contratos de   taxas de natalidade do país. Mas     apoiar mais “desempregados
afirma Nóvoa, que dá como               têm como objectivo medir           associação, onde um estudante        sustenta que está por provar         jovens”.
exemplo o facto de se defender          a literacia dos jovens de 15       custará cerca de menos 50 euros.     que os apoios às famílias, em           Os dados do Eurostat mostram
ali um aumento das propinas             anos em leitura, matemática e        O MEC já prometeu para             dinheiro, aumentem as taxas de       que Portugal já gasta menos
do ensino superior sem que              ciências. Naqueles anos Portugal   o Verão um novo mapa dos             fecundidade. “Têm pouco ou           do que a UE nas chamadas
se apresente qualquer quadro            ficou na cauda dos países da       colégios com contratos de            nenhum impacto.” Uma família do      “prestações familiares” — 1,4% do
comparativo dos valores que são         OCDE, mas na último edição         associação. Segundo a OCDE,          3.º escalão recebe, por um filho,    PIB contra 2,3%. E que o mesmo
cobrados no espaço europeu.             do PISA, realizada em 2009, os     ainda antes dos cortes na            cerca de 26€/mês.                    se passa, se se analisar o conjunto
E isso acontece, acrescenta,            alunos portugueses conseguiram     Educação, o custo médio por             Os peritos também propõem         de todas as prestações, excepto
“porque as propinas que se              aproximar-se da média dos          aluno em Portugal continuava         que os estudantes universitários     pensões — 2,09% contra 2,24%.
cobram em Portugal são já das           países da organização, facto que   abaixo da média dos países da        deixem de estar abrangidos.             O PÚBLICO sabe que no
mais altas da Europa”.                  não é mencionado pelo FMI.         organização. Clara Viana             Argumentam que já beneficiam         Ministério da Segurança Social
   O relatório do FMI no que               Para reduzir a despesa na                                            de um ensino superior                o relatório inicial do FMI foi
respeita à Educação parte               Educação, o FMI propõe uma                                              “financiado pelo Governo”.           recebido com surpresa, devido
do pressuposto de que o                 redução suplementar de 50 a        Opção é cortar                          Outras prestações, para além      a alguns “pressupostos errados”,
investimento público feito no           60 mil lugares de professores                                           das pensões, são passadas em         expressão usada pelo ministro
sector não tem, por comparação          e pessoal não docente. Só          abono a 280 mil                      revista, caso do subsídio de         anteontem, quando foi tornado
com outros países europeus, o
retorno devido, nomeadamente
                                        esse corte, acrescenta-se,
                                        levaria a que o rácio professor/
                                                                           beneficiários                        desemprego, rendimento social
                                                                                                                de inserção e subsídio por morte
                                                                                                                                                     público o documento. O primeiro
                                                                                                                                                     relatório dizia, por exemplo,



                                                                           O
no que respeita aos resultados          aluno existente em Portugal se           Fundo Monetário                — se for eliminado poupam-se         que o sistema de pensões era
e qualificações dos alunos. No          aproximasse da média europeia.           Internacional (FMI) sugere                                          “generoso”, o que não colhe junto
documento avança-se que                 No ensino secundário, por                que se reduza o número                                              da equipa liderada por Pedro
em percentagem do produto               exemplo, o rácio é de 7,5 contra         das pessoas que têm direito                                         Mota Soares. Admite-se na Praça
interno bruto (PIB) a despesa           uma média da OCDE de 13,8.         ao abono de família, eliminando                                           de Londres que a complexidade
na Educação representava,                  Outra das soluções              o actual 3.º escalão deste                                                do sistema português terá
em 2010, 6,2%. Segundo                  apresentadas pelo FMI é a da       apoio. Esta é uma das “opções”                                            confundido os autores do estudo,
dados do Instituto Nacional de          aplicação da fórmula seguida na    possíveis para melhorar a relação                                         e que poderá ter sido tida em
Estatística nesse ano a Educação        Suécia ou na Holanda, onde o       custos-eficácia das prestações                                            conta a média de pensões da
representava 5% do PIB, contra          Estado garante o financiamento     sociais com as quais (sem contar                                          função pública (1300€) e não
uma média de 5,5% na União              do aluno, independentemente de     com pensões) Portugal já gasta                                            a do sector privado (400€). Na
Europeia. No ano passado,               a escolha recair sobre o ensino    menos do que a média da União                                             versão final, essa referência
devido aos cortes efectuados no         público ou privado. Em abono       Europeia (UE).                                                            desapareceu. Mas mantiveram-
sector, baixou para 3,8%.               desta solução, o relatório do        Actualmente, agregados                                                  se outras, também erradas,
   Para apoiar a ideia de que           FMI indica que nos dois estudos    familiares com rendimentos de                                             como considerar que Portugal
não existe uma correlação               sobre o custo médio por aluno      5869€ a 8803€/ano ainda têm                                               tem o segundo prazo mais longo
entre o montante da despesa             realizados recentemente, um        direito a abono de família. Se                                            de atribuição do subsídio de
PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 | DESTAQUE | 5


                                      89
                                      milhões de euros é quando o FMI
                                      diz que se poupará no abono de
                                      família, com a redução proposta
                                      de 280 mil beneficiários



                                                                          Educação: o menu encomendado ao FMI
bre Educação, Saúde e protecção social                                                                                                                                     NUNO FERREIRA SANTOS




   desemprego da Europa, o que        Macedo no final do ano passado,
   já não é verdade desde 2011.       no Parlamento. De acordo com as
   Andreia Sanches/Leonete            contas do ministério, a despesa
   Botelho                            do SNS em percentagem do
                                      PIB baixou de 5,6%, em 2010,        Opinião
   Dados na Saúde
                                      para 5,2%, em 2010, e 4,9%          Paulo Guinote



                                                                          M
                                      (valor previsto), no ano passado.
   desactualizados                    “A contracção da despesa já
                                      está a ultrapassar os limites de
                                                                                      udar. Refundar.
                                                                                        Quando algo está



   N
        a Saúde, alguns dos           segurança. Há níveis mínimos de                 mal, parecem ser
        dados que servem de           qualidade e de acesso”, defende,                boas ideias. Encontrar
        base às considerações e       a propósito, Adalberto Campos                   dinâmicas de mudança
        sugestões dos especialistas   Fernandes, administrador                        para superar o
   do FMI estão completamente         hospitalar e professor da Escola    marasmo, a eventual estagnação
   desactualizados. O relatório       Nacional de Saúde Pública.          ou decadência. Buscam-se novos        mudar a avaliação, mudar o            Fazem-se cálculos a partir de
   do FMI destaca, logo à partida,       Além disso, a OCDE tem           caminhos, novas soluções, analisa-    modelo de carreira, mudar os          dados desactualizados, omitem-se
   que, “entre as economias           dados mais recentes, de 2010,       se a realidade com o rigor possível   concursos, mudar o regime             conclusões de estudos incómodos
   desenvolvidas, Portugal assistiu   que apontam já para uma             e definem-se modelos alternativos      disciplinar, mudar os professores.    (sobre o custo por turma no
   a um dos maiores crescimentos      desaceleração substancial do        de agir, de governar.                 Tudo dentro da escola, a grande       ensino básico), seleciona-se a
   na despesa pública com a Saúde     aumento da factura. De acordo         Mas… o momento que estramos         instituição contemporânea de          informação desejada e afasta-se
   nas últimas três décadas”, mas     com o último relatório da           a viver em Portugal, em particular    engenharia social no remoinho de      a que infirma as opções que se
   cita dados com mais de cinco       organização, o crescimento dos      na Educação, é diferente.             uma sociedade em fragmentação.        querem validar desde o momento
   anos (2008) . Nesse ano, frisa,    gastos baixou substancialmente        Muita coisa corre(u) menos bem         Até que… por fim os resultados      da encomenda. Na área da
   o gasto público representava       em 2010, e nesse ano a              na Educação em Portugal nas           começam a surgir. A partir da         Educação, este estudo do FMI
   “cerca de 7% do PIB”, o que        despesa pública com a Saúde         últimas décadas, com o pretexto       base, do 1º ciclo, os nossos alunos   contém demasiados equívocos
   colocava Portugal na média         representava “65,8% do total,       da necessidade de mudança e           começam a ter um desempenho           em meras 11 páginas. Há quadros
   dos países com economias           menos do que a média da OCDE        em nome da racionalização, da         acima da média e bem acima            com números que não coincidem
                                      (72,2)”. A OCDE nota também         eficiência, da modernização, da        do expectável, se atendermos          com os de outros (quadros 6.1 e
                                      que, apesar de dedicar ao sector    eficácia financeira. Avaliação de       ao contexto social, cultural e        6.3), fazem-se cálculos errados
                                      da saúde uma percentagem            escolas e docentes, concentração      económico do país e das famílias.     de forma incompreensível
                                      relativamente elevada do            escolar, contração curricular,        Os recentes resultados dos testes     (como a afirmação de que
                                      PIB, Portugal gastou em 2010        uniformização do modelo de            PIRLS e TIMMS são claros… no          existe um professor por cada
                                      “apenas” 2728 dólares per capita    gestão, tudo surgiu com o pretexto    médio prazo o desempenho              25 portugueses em idade
                                      (ajustado à paridade do poder de    de trazer mudanças positivas          dos alunos portugueses foi dos        activa), dissimula-se informação
                                      compra), bem abaixo da média        para o sector, assumindo um seu       que mais cresceram a nível            relevante em notas de rodapé,
                                      da organização (3 268 dólares).     mau desempenho a partir de            internacional desde 1995.             transpira-se amadorismo e
                                         Outra “preocupação central”      indicadores recolhidos de forma          Quando seria recomendável          conveniência no menu das
                                      dos peritos do FMI prende-se        selectiva e divulgados de forma       prudência e o estudo rigoroso         propostas, decalcadas de agendas
                                      com os gastos com as horas          pouco transparente.                   do que está a funcionar e do          de nichos de interesses no
                                      extraordinárias, particularmente      A favorecer a sensação de           que falhou, eis que surge novo        mercado da Educação.
                                      com os médicos, que aí vão          maleita genética nacional, tornou-    ímpeto transformador, arrasador,        Um objectivo é esconder que,
                                      buscar “cerca de um terço” do       se recorrente o apelo a um            demolidor. De novo a vontade de       fruto de um trabalho pouco
                                      seu rendimento. Desde que           “novo paradigma” que trouxesse        mudar, de recuperar o “tudo está      visível no curto prazo, que resiste
   desenvolvidas, em contraponto      Paulo Macedo assumiu a pasta        sucesso, se possível medido em        mal” e, com meros propósitos          à desorientação legislativa,
   com a despesa “inferior a 4% do    da Saúde, os cortes nas horas       ciclos eleitorais, com medidas        de amputação orçamental com           a Educação em Portugal vai
   PIB”, no início dos anos 80 do     extraordinárias sucederam-se e,     destinadas ao curto prazo e para      montantes por demonstrar              recuperando do seu endémico
   século XX, quando o país estava    no ano passado, o governante        consumo imediato. Esqueceu-se         e de reorientação dos fluxos           atraso e começa a estar bem
   no fim da tabela das economias     chegou a um acordo (que entrou      que em Educação as mudanças           financeiros para novos nichos          posicionada nos estudos
   desenvolvidas, a este nível.       em vigor este mês) com os           sustentadas só se conseguem no        de interesses, voltamos à espiral     comparativos internacionais.
      O problema é que os             sindicatos, o qual implica que,     tempo médio-longo, não existindo      comunicacional em torno da            Mas, como não podem reclamar
   especialistas do FMI não levam     na prática, uma parte deste         a possibilidade de sucessivos         necessidade de mudar, refundar.       esses resultados como seus,
   em conta os sucessivos cortes      problema fique resolvido, uma       saltos quânticos.                        O estudo atribuído ao FMI e        os governantes do momento
   verificados nos últimos dois       vez que muitos médicos passam         Mudar, mudar, mudar.                apresentado esta semana como          preferem ocultá-los e fazem
   anos na despesa pública. Para      de um horário de 35 para 40           Viver de epifenómenos.              um diagnóstico “bem feito” da         encomendas à medida das suas
   se ter uma ideia da magnitude      horas semanais e fazem 18             Cada governo, cada ministro,        situação, com um amplo menu           agendas e preconceitos.
   dos cortes efectuados, basta       horas em vez das anteriores 12      o mesmo desígnio: mudar.              de opções”, é apenas uma peça           Contra esta encenação é
   consultar o resumo sobre a         nos serviços de urgência, que       Estudar o estudado, apresentar        desajeitada de uma manobra            indispensável informar. Com rigor.
   situação financeira do Serviço     são os grandes consumidores         “novas” soluções porque as            comunicacional de manipulação,
   Nacional da Saúde (SNS)            de horas extraordinárias.           antigas “falharam”. Sem qualquer      distorção e truncagem dos dados       Professor do ensino básico.
   divulgado pelo ministro Paulo      Alexandra Campos                    avaliação séria das medidas           disponíveis sobre o desempenho        Doutorado em História da
                                                                          anteriores. Mudar a gestão,           do sistema educativo português.       Educação
6 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013

Protecção de dados valida gravação
de imagens feita pela PSP em protesto
Vídeos podem ser usados como prova em tribunal. CNPD recusa utilização do som feito nas gravações
e continua a queixar-se das deficiências de fundamentação na urgência dos pedidos
                                                                                                                                                                                        DANIEL ROCHA



Manifestações
Mariana Oliveira
Depois de recusar duas vezes vali-
dar a utilização de câmaras de vídeo
portáteis pela PSP em dois protestos
realizados em Outubro e em Setem-
bro, a Comissão Nacional de Protec-
ção de Dados (CNPD) autorizou a
gravação de imagens feita na mani-
festação dos estivadores no passado
dia 29 de Novembro, o que permi-
tirá a sua utilização como meio de
prova em tribunal. Desta vez, a PSP
pediu a autorização para utilizar as
câmaras de vídeo na véspera do pro-
testo, tendo a comissão validado a
utilização, num parecer datado de
11 de Dezembro, publicado esta se-
mana no site da instituição.
   Num tom menos crítico do que
nos outros dois pareceres, a CNPD
não deixa de apontar “deficiências”
à fundamentação da urgência do pe-
dido, que excepcionalmente pode
ser feito até 48 horas após a utiliza-
ção das câmaras. “Apesar da funda-
mentação apresentada manter algu-
mas deficiências ou incompletudes
já apontadas pela CNPD [nos dois
pareceres já referidos], é do conhe-
cimento geral que se tem verificado
um incremento de incidentes e ac-
tos violentos no contexto das mani-
festações, o que, aliado ao disposto
nos pontos 6 e 10 da fundamentação
agora em apreço, indicia a existência    As imagens em causa foram obtidas pela PSP na manifestação dos estivadores de 29 de Novembro que terminou junto ao Parlamento
de razões objectivas para o recurso
a um procedimento urgente desta          para monitorizar as manifestações      dia da última greve geral, feito pe-   que estes possam decidir de forma     do permite a gravação de voz, mas
natureza”, lê-se no parecer.             sempre que necessário e repetiu que    la PSP à RTP. O BE defende que há      “esclarecida” como querem exer-       conclui que o mesmo não poderá
   E acrescenta-se: “Não obstante,       não iria fundamentar essa utilização   “necessidade do Parlamento ouvir       cer o direito à manifestação. Sem     ser utilizado. “Não tendo a captação
reitera-se o entendimento da CNPD        junto da comissão por isso implicar    o ministro que tutela as forças de     precisar como deve ser feita essa     do som sido objecto de autorização,
de que o emprego, em muitos pon-         a quebra de informação sigilosa pro-   segurança, no sentido de avaliar o     informação, a comissão entende        não pode o responsável tratar tal
tos da fundamentação, de formas          tegida por lei.                        procedimento em apreciação, ma-        que a simples circunstância dos       dado pessoal (voz), caso tenha sido
genéricas e vagas, muitas vezes             Instado duas vezes por uma depu-    téria tanto mais pertinente quanto     agentes estarem munidos de câma-      captado”, lê-se no parecer.
correspondendo à simples trans-          tada do Bloco de Esquerda a preci-     está em equação a revisão do qua-      ras não é “bastante”, realçando ser      A PSP utilizou câmaras portáteis
crição de fundamentos legais, sem        sar qual a norma que o impedia de      dro legal das mesmas”.                 “imperioso equacionar formas mais     para monitorizar a vigília realizada
um mínimo de concretização, para         transmitir informações reservadas         O documento da PGR diz que a        adequadas de realizar o direito de    durante o Conselho de Estado, que
o efeito de justificar a autorização      à CNPD, que por lei tem que dar um     única coisa permitida às forças de     informação”.                          decorreu em Outubro em frente ao
provisória da utilização de câmaras      parecer sobre a utilização de câma-    segurança é, se tiverem “fundado re-     Quanto à utilização do som, a co-   Palácio de Belém, e a manifestação
móveis, não revela nem densifica          ras de vídeo portáteis pelas forças    ceio” de que as imagens possam ser     missão diz que o equipamento usa-     de 29 de Setembro organizada pe-
quelquer risco especial ou urgente       de segurança, Miguel Macedo não        eliminadas ou alteradas, dar uma                                             la CGTP contra as medidas de aus-



                                                                                                                       48
que possa justificar a sua utilização     respondeu. O Bloco pediu ontem a       ordem ao meio de comunicação                                                 teridade, tendo, no entendimento
ou o recurso a um procedimento           audição urgente do ministro da Ad-     social para preservar esses dados,                                           da CNPD, violado a lei que regula
urgente”.                                ministração Interna no Parlamento,     que poderão ser depois solicitados                                           a gravação de imagens pelas forças
   Parece ter havido uma aproxima-       na sequência do parecer do Conse-      por magistrados, no âmbito de um                                             de segurança em locais públicos.
ção entre a posição da CNPD e a do       lho Consultivo da Procuradoria-Ge-     processo-crime. Já na decisão da       Só excepcionalmente é que os          Isso impediu que as imagens fos-
ministro da Administração Interna,       ral da República (PGR) que conside-    CNPD adverte-se ainda o Ministé-       pedidos à CNPD para a captação        sem usadas como meio de prova
Miguel Macedo, que afirmou no Par-        rou que “não é admissível” o pedido    rio da Administração Interna de que    de imagens podem ser feitos           em processos-crime, o que já po-
lamento, em Novembro, que as for-        de imagens não-editadas relativa-      a utilização de dispositivos móveis    depois de ter ocorrido a acção,       derá acontecer com as gravações
ças de segurança iam continuar a         mente aos incidentes ocorridos ao      de videovigilância tem que ser in-     dispondo as autoridades de 48         do protesto dos estivadores. Sem o
utilizar câmaras de vídeo portáteis      início da noite de 14 de Novembro,     formada aos manifestantes, para        horas para o fazer.                   som das imagens.
PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 | PORTUGAL | 7
                                                                        DANIEL ROCHA


                                                                                                                         Assunção Esteves
                                                                                                                         deseja que 10.ª
                                                                                                                         comissão a Camarate
                                                                                       Breves                            seja a última
                                                                                                                                                                   O seu homólogo do CDS, José Ri-
                                                                                       Por criticar uma obra             Parlamento                             beiro e Castro, destacou “que des-
                                                                                       PSD-Madeira expulsa               Nuno Ribeiro                           de 1991 a Assembleia da República

                                                                                       militante e vereador              Os trabalhos dos 17
                                                                                                                                                                estabeleceu que Camarate aconte-
                                                                                                                                                                ceu por um atentado.” Ribeiro e
                                                                                       por delito de opinião             parlamentares de todas                 Castro assinalou “que o processo
                                                                                                                                                                [de investigação] foi mal conduzi-
                                                                                       O conselho de jurisdição          as bancadas serão                      do pela Justiça”. E concluiu: “Agora
Cavaco recebeu o presidente e juízes do Tribunal Constitucional                        do PSD-Madeira decidiu,           presididos pelo deputado               trata-se de saber os motivos, quem
                                                                                       por unanimidade, expulsar         do PSD José Matos Rosa                 foi o alvo e os autores materiais e

Parlamento abdica                                                                      Henrique Costa Neves,
                                                                                       militante e vereador do
                                                                                       Ambiente na Câmara do
                                                                                                                         “Que esta comissão seja tão eficiente
                                                                                                                         que outra não lhe suceda.” Foi este
                                                                                                                                                                morais.”
                                                                                                                                                                   Na agenda dos deputados estão
                                                                                                                                                                audições não concluídas na an-

de responder                                                                           Funchal, por injuriar Alberto
                                                                                       João Jardim e outros
                                                                                       militantes, todos membros do
                                                                                                                         o desejo que, ontem, Assunção Es-
                                                                                                                         teves, presidente da Assembleia da
                                                                                                                         República, formulou na tomada de
                                                                                                                                                                terior comissão, cujos trabalhos
                                                                                                                                                                foram interrompidos devido ao
                                                                                                                                                                chumbo do PEC IV e à queda do

ao Constitucional                                                                      Governo Regional. Em causa
                                                                                       estão declarações proferidas
                                                                                       por Costa Neves em Setembro
                                                                                                                         posse da 10.ª comissão parlamentar
                                                                                                                         de inquérito a Camarate, cuja presi-
                                                                                                                         dência recaiu em José Matos Rosa,
                                                                                                                                                                Governo de José Sócrates, entre as
                                                                                                                                                                quais a do ex-Presidente da Repú-
                                                                                                                                                                blica general Ramalho Eanes e do
                                                                                       contra a obra em curso nas        secretário-geral do PSD.               antigo procurador-geral da Repú-
                                                                                       fozes das ribeiras de Santa          Assunção Esteves manifestou,        blica Cunha Rodrigues.
                                          Silva volta assim à secretária do juiz       Luzia e João Gomes, incluindo     também, “que nunca é tarde de             Ramalho Eanes já quis prestar
Orçamento do Estado                       presidente do TC, Sousa Ribeiro, que         um cais acostável no aterro       mais para se conhecer os factos”.      esclarecimentos sobre o Fundo de
Rita Brandão Guerra                       nos próximos dias se deve preparar           junto ao cais. “Prevejo que       Nesta 10.ª comissão, relativa à que-   Defesa Militar do Ultramar (FDMU),
                                          para elaborar um memorando em                esta obra não vai resultar.       da em 4 de Dezembro de 1980, no        destinado a financiar a compra de
Assunção Esteves remeteu                  que formulará as questões às quais o         O Funchal ficará afectado         bairro de Camarate, nos arredores      armamento e de material de guer-
                                          TC deve responder. Nesse memoran-            irreversivelmente. Depois         de Lisboa, do Cessna em que viaja-     ra para a Guerra Colonial. Eanes,
o processo de volta
                                          do, que é sujeito a debate, fica fixada        vai acontecer o costume:          vam o primeiro-ministro Francisco      enquanto Presidente da Repúbli-
ao tribunal. Segue-se                     a orientação do tribunal. O processo         ninguém é responsabilizado,       Sá Carneiro, a sua companheira, a      ca, mandou encerrar o FDMU. Se-
um memorando até ao                       é depois distribuído a um juiz relator,      ninguém é demitido, ninguém       editora Snu Abecassis, o ministro      gundo Freitas do Amaral, autor do
projecto de acórdão                       que prepara um projecto de acórdão.          é preso”, disse, recordando       da Defesa Nacional Adelino Ama-        livro Camarate, o ministro da Defe-
                                             Questionado pelo PÚBLICO sobre            o parecer desfavorável da         ro da Costa e a sua mulher, Maria      sa Amaro da Costa investigava este
“Oferecendo o merecimento dos au-         uma previsão para a produção do              autarquia. T. de N.               Manuela, o chefe de gabinete de Sá     fundo quando morreu. No rol dos
tos.” Quer isto dizer que a presiden-     acórdão, o TC respondeu que “não                                               Carneiro, António Patrício Gouveia,    depoimentos da anterior comis-
te da Assembleia da República, As-        é possível nem adequado avançar                                                e os dois pilotos, os deputados re-    são constava, ainda, uma audição
sunção Esteves, respondeu ontem às        agora com uma estimativa precisa de          Entidade das Contas               tomam o trabalho anterior.             a Marcelo Rebelo de Sousa.
duas notificações do Tribunal Cons-        quando será proferido”. A lei não es-        Partidos vão                         “A perspectiva que o PSD tem é         Por outro lado, os deputados es-
titucional (TC) sobre os pedidos de
fiscalização sucessiva ao Orçamento
                                          tipula um prazo para o TC se pronun-
                                          ciar sobre pedidos de fiscalização su-        ter contas mais                   que esta comissão de inquérito ve-
                                                                                                                         nha fechar um ciclo histórico rela-
                                                                                                                                                                tão interessados nas recentes decla-
                                                                                                                                                                rações de Farinha Simões, que, em
do Estado para 2013, prescindindo
do direito de o Parlamento se pro-
                                          cessiva. Mas apesar de não haver um
                                          calendário para a decisão, o processo
                                                                                       transparentes                     tivamente à tragédia de Camarate e
                                                                                                                         possa encerrar definitivamente para
                                                                                                                                                                Abril do ano passado, revelou ter si-
                                                                                                                                                                do quadro da CIA até 1988. Simões,
nunciar sobre a matéria.                  está, desde o primeiro pedido feito          As contas dos partidos            a história do país a verdade do que    num texto a que chamou “confis-
   Conforme o PÚBLICO noticiou, As-       pelo Presidente a 2 de Janeiro, a ser        políticos e das campanhas         aconteceu em Camarate”, afirmou,        são”, diz ter sido o organizador do
sunção Esteves recebeu na terça-feira     célere. Nem o TC nem o Parlamento            eleitorais vão passar a ser       ontem, o deputado Miguel Santos,       atentado que levou à morte os ocu-
a notificação do TC para, querendo,        esgotaram os prazos que a lei pre-           apresentadas de acordo com        coordenador dos deputados da ban-      pantes do Cessna no princípio da
o Parlamento se pronunciar sobre os       vê para as várias fases processuais.         um novo regime contabilístico,    cada “laranja” na comissão.            noite de 4 de Dezembro de 1980.
pedidos feitos pelo PCP, BE e PEV e          A fiscalização volta agora ao TC,          ontem publicado em Diário                                                Justificou as suas declarações por
pelo provedor de Justiça. E já na sex-    onde os juízes decidirão sobre a             da República. “Os partidos                                               agora não correr o risco de ser julga-
ta-feira passada tinha sido enviada no-   constitucionalidade da suspensão do          vão apresentar de forma                                                  do, devido à prescrição do crime, e
tificação idêntica relativa aos pedidos    pagamento do subsídio de férias a            mais pormenorizada as                                                    por já não estar sujeito ao sigilo que
do Presidente da República e do PS.       trabalhadores, reformados e aposen-          receitas e as despesas, o                                                a CIA impõe aos seus agentes.
   Mas ontem, dois dias depois da         tados, o novo imposto de solidarieda-        que torna as contas bastante                                                Também José Esteves, ex-segu-
última notificação e dispondo de           de, os escalões de IRS e a sobretaxa         mais transparentes”, disse a                                             rança do CDS e antigo activista do
um prazo de 30 dias para decidir, a       de 3,5%, assim como mudanças nas             presidente da Entidade das                                               MDLP (Movimento Democrático
presidente da AR prescindiu de exer-      horas extraordinárias e nos subsídios        Contas e Financiamentos                                                  de Libertação de Portugal, grupo
cer o direito de pronúncia sobre o        de doença e de desemprego. Ontem,            Políticos, Margarida Salema.                                             de extrema-direita nos anos de
conteúdo das diversas normas que          Cavaco recebeu o presidente e outros         Até 2010, os partidos                                                    1975/76), admitiu ter sido ele a fa-
serão fiscalizadas com a resposta          juízes do TC para cumprimentos de            seguiam o Plano Oficial de                                               bricar a bomba que deflagrou na
“oferecendo o merecimento dos             Ano Novo. O encontro durou cerca             Contabilidade, substituído                                               aeronave. Para, segundo disse,
autos”. A mesma resposta já tinha         de 15 minutos e não teve declarações         então pelo Sistema de                                                    pregar um susto ao general Soares
sido dada por Assunção Esteves em         à saída. Em Belém estiveram também           Normalização Contabilística.                                             Carneiro, o candidato presidencial
2012 quando estava em causa o cor-        o presidente do Supremo Adminis-             O novo modelo “toma como                                                 apoiado pelo PSD e CDS nas elei-
te dos subsídios de férias e de Natal     trativo, do Tribunal de Contas e a           matriz contabilística o sistema                                          ções de Dezembro de 1980.
aos funcionários públicos e pensio-       procuradora-geral da República.              usado para as entidades do                                                  Por fim, a comissão vai analisar
nistas. O TC viria depois a proferir         O presidente do TC decidiu, en-           sector não lucrativo com as                                              nova documentação, de movimen-
um acórdão em que considerava as          tretanto, incorporar os quatro pedi-         adaptações exigidas pela lei                                             tos e manifestos de carga de navios
normas inconstitucionais. O proces-       dos de fiscalização do OE num único           de financiamento partidário”.     José Matos Rosa é o presidente         relacionados com o tráfico de ar-
so agora desencadeado por Cavaco          processo.                                                                      da 10.ª comissão de inquérito          mas para o Irão nos anos 1980.
8 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013
                                                                                                                                                    ADRIANO MIRANDA


Governo                                                                                                                                                               Telecinco
assumiu                                                                                                                                                               desiste de
duodécimos                                                                                                                                                            processo do
antes da AR                                                                                                                                                           quinto canal

Orçamento                                                                                                                                                             Televisão
Nuno Sá Lourenço                                                                                                                                                      Maria Lopes
Ainda a medida não estava aprova-                                                                                                                                     Atribuição da quinta
da no Parlamento e já o Governo a
                                                                                                                                                                      frequência estava em
invocava no Diário da República. On-
tem, um dia depois de a Assembleia                                                                                                                                    tribunal há três anos, depois
da República ter aprovado na espe-                                                                                                                                    de a ERC ter recusado
cialidade o pagamento de metade                                                                                                                                       as duas candidaturas
dos subsídios de férias e de Natal
em duodécimos, um decreto-lei do                                                                                                                                      A Telecinco, uma das duas candida-
Ministério da Solidariedade e Segu-                                                                                                                                   tas ao concurso da licença do quinto
rança Social era publicado dando                                                                                                                                      canal em sinal digital que tinha sido
como garantida a sua aprovação.                                                                                                                                       chumbada pela ERC, desistiu do pro-
   No decreto-lei 3/2013, aprovado                                                                                                                                    cesso em tribunal. A extinção formal
em Conselho de Ministros a 20 de                                                                                                                                      da instância foi entregue no Tribu-
Dezembro, promulgado por Cavaco        Depois de ter anunciado que ficaria no Governo, Marco António abre um problema a Menezes em Gaia                               nal da Relação de Lisboa há cerca de
Silva a 8 de Janeiro e ontem publi-                                                                                                                                   duas semanas. Para esta desistência,
cado em Diário da República, o Go-
verno regulamentava o regime de
pagamento do montante adicional
                                       Marco António também                                                                                                           pesou o facto de o processo ir perder,
                                                                                                                                                                      já em Fevereiro, a isenção de custas
                                                                                                                                                                      judiciais, justificou ao PÚBLICO Ri-
das pensões de invalidez, velhice
e sobrevivência, a ser processado
também por duodécimos.
                                       não integrará a lista de                                                                                                       cardo Correia Afonso, advogado da
                                                                                                                                                                      Telecinco. “Não havia qualquer ideia
                                                                                                                                                                      de quando o processo poderia ser
   O problema está no preâmbulo,
em que se lê que a “actual situação
financeira do país determina que
                                       Menezes como número dois                                                                                                       resolvido”, acrescentou.
                                                                                                                                                                         Mas por detrás da decisão dos pro-
                                                                                                                                                                      motores da Telecinco, entre os quais
durante esse ano [2013], os sub-                                                                                                                                      se encontram os antigos jornalistas
sídios de férias e Natal dos traba-                                                                                                                                   David Borges e Emídio Rangel — Car-
lhadores do sector privado sejam                                                cial e solidário”. Citado pela agência    rá encontrado “até ao final do mês”.         los Pinto Coelho, entretanto falecido,
pagos em duodécimos, como forma        Câmara do Porto                          Lusa, o governante sublinhava ainda          À partida há dois candidatos: José       era o porta-voz —, está também o de-
de atenuar o impacte de subida de      Margarida Gomes                          ter “subjugado” a sua “vontade pes-       Guilherme Aguiar, ex-vereador, e Fir-       salento pelo arrastar da situação. “De
impostos”.                                                                      soal ao sentido de responsabilidade       mino Pereira, vice-presidente da Câ-        que vale ter hoje uma frequência de
   O texto legislativo assinado por    Distrital do Porto do PSD                nacional que se impõe no presente         mara de Gaia. Há precisamente um            televisão digital terrestre? Nada. Era
Passos Coelho, Vítor Gaspar e Mota                                              momento”.                                 mês, Firmino Pereira afirmava que            vantajoso na altura, com o processo
                                       recuou na intenção de
Soares ainda no ano passado des-                                                  A decisão foi conhecida depois          se o ex-vice-presidente regressasse a       todo da migração”, diz ao PÚBLICO
considerava assim o Parlamento,        emitir um comunicado                     de uma reunião, em Lisboa, em que         Gaia para se candidatar “o Governo          o antigo director-geral da SIC.
que nessa data não havia ainda se-     para responder a Luís                    esteve presente o líder do partido,       ficaria sem um agente político muito            A ERC chumbou as candidaturas
quer debatido e votado o assunto.      Filipe Menezes                           Pedro Passos Coelho, Marco Antó-          importante”.                                da Telecinco e da Zon em Abril de
O pagamento em duodécimos só                                                    nio Costa, Luís Filipe Menezes e o           José Guilherme Aguiar, que já            2009 por falta de qualidade, e ambas
foi aprovado na generalidade a 27      Marco António Costa contrariou a         vice-presidente do PSD, Jorge Mo-         presidiu à Junta de Freguesia de            recorreram para tribunal. A Telecin-
de Dezembro, ontem na especiali-       vontade de Luís Filipe Menezes e         reira da Silva. Uma hora depois de        Arcozelo, renovou ontem em de-              co interpôs uma providência caute-
dade e hoje será votado em votação     não pretende ser candidato à presi-      Marco António ter comunicado a sua        clarações ao PÚBLICO a sua dispo-           lar, a que o tribunal deu razão, e pro-
final global. E o decreto em causa      dência da Câmara de Gaia. Ontem,         decisão, Menezes garantia “não ter        nibilidade para avançar. “Há mui-           cessou depois a Entidade Reguladora
foi publicado no dia em que a maio-    no PSD-Porto havia dúvidas sobre as      havido qualquer interferência”, no-       to tempo que demonstrei a minha             da Comunicação Social (ERC) por ter
ria discutia ainda a proposta com      verdadeiras razões que levaram o se-     meadamente “do primeiro-ministro”         disponibilidade e a minha afectivi-         sido excluída, congelando a possível
os parceiros sociais na Assembleia     cretário de Estado da Solidariedade      ou dele próprio. As declarações do        dade para ser candidato e vou man-          reabertura do concurso. O processo
da República.                          e Segurança Social a afastar-se da       candidato do PSD à Câmara do Porto        ter-me sereno e tranquilo à espera          arrasta-se há quase quatro anos, e
                                       ocorrida autárquica. E algumas vozes     suscitaram dúvidas. “Foi uma con-         de uma decisão, que compete ao              “inviabilizou o aparecimento de uma
Duodécimos em Fevereiro                sociais-democratas não demoraram         tra-declaração, tratou-se de um in-       doutor Luís Filipe Menezes, que há          nova televisão privada”, aponta Ran-
Os pensionistas vão começar a re-      a dizer que o ex-líder da distrital do   cidente de percurso que não vamos         dezasseis anos é o líder em Gaia.”          gel que acredita ainda haver merca-
ceber os duodécimos do subsídio        Porto não ia a Gaia porque havia no      valorizar”, declarou ao PÚBLICO              A lei de limitação de mandatos,          do. “Foi um lamentável erro da ERC
de Natal em Fevereiro, anunciou        partido quem defendesse a sua inte-      fonte da direcção social-democrata        que ainda esta semana foi esgrimi-          e do Governo, uma deslealdade”, cri-
ontem a edição on-line do Jornal       gração na lista de Menezes à Câma-       portuense. A distrital do PSD ponde-      da por Rui Rio, é uma questão que           tica o antigo jornalista, acreditando
de Negócios, citando os ministérios    ra do Porto, uma possibilidade que       rou tomar uma posição, mas, ao fim         estará, segundo fontes do PSD, a sus-       que a Telecinco foi excluída porque
das Finanças e da Segurança Social.    fontes próximas do actual secretário     da tarde, o líder deste órgão, Virgílio   citar alguma apreensão na direcção          “a licença estava destinada à Zon”.
“Serão pagos os duodécimos em Fe-      de Estado afastaram por completo,        Macedo, informava que, afinal, não         do partido, particularmente depois             A Zon também recorreu para tribu-
vereiro, com retroactivos a Janeiro,   frisando que, para Marco António, o      seria emitido nenhum comunicado           de o provedor de Justiça ter conside-       nal da decisão da ERC. Questionado
se for o caso”, dizem os ministérios   percurso autárquico está definitiva-      para “não alimentar especulações”.        rado que “existem na actual ordem           pelo PÚBLICO, o porta-voz da em-
em nota conjunta.                      mente encerrado.                                                                   jurídica instrumentos perfeitamente         presa não quis comentar a decisão
  O diploma que alarga o pagamen-         Anteontem, quando anunciou            Candidato até ao fim do mês                aptos para que na próxima eleição           da Telecinco nem o desenvolvimento
to do subsídio de Natal em duodéci-    que não seria candidato, o ex-vice-      Com Marco António fora da corrida,        autárquica haja uniformidade de cri-        do processo judicial.
mos aos pensionistas da segurança      presidente de Menezes declarou que       Menezes terá agora de encontrar um        tério na interpretação e aplicação da          Contactado, o gabinete do minis-
social e da Caixa Geral de Aposen-     tinha sido “sensível às preocupações     candidato para lhe suceder. E ontem o     norma em causa (...), não sendo im-         tro que tutela a comunicação social,
tações foi publicado em Diário da      manifestadas pelo senhor primeiro-       ainda presidente da Câmara de Gaia,       periosa ou necessária qualquer cla-         Miguel Relvas, não quis comentar,
República ontem, com entrada em        ministro, bem como aos apelos de         que preside à concelhia social-demo-      rificação por novo acto de vontade           por enquanto, o que pretende fazer
vigor hoje.                            várias personalidades do sector so-      crata, assegurava que o candidato se-     parlamentar”.                               em relação a esta quinta licença.
PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 | PORTUGAL | 9

                                                                                  Cidadãos entregam
                                                                   DANIEL ROCHA




                                                                                  providência cautelar para
                                                                                  tentar travar fecho da MAC
                                                                                                                       paio, antigos directores clínicos e     primeiros proponentes. Já o Ministé-
                                                                                  Saúde                                directores de serviço da MAC e ou-      rio da Saúde (MS) recusou comentar
                                                                                  Tiago Luz Pedro                      tros profissionais, como médicos,        por não ter conhecimento da quei-
                                                                                                                       enfermeiros e assistentes sociais.      xa. Na providência cautelar, segun-
                                                                                  Acção popular contra                   Na base da providência cautelar,      do a TVI, são visados o conselho de
                                                                                                                       sustentam os subscritores da acção,     administração do Centro Hospitalar
                                                                                  o fecho da Maternidade
                                                                                                                       está a falta de condições no Hospital   de Lisboa Central (CHLC), em que a
                                                                                  Alfredo da Costa é subscrita         D. Estefânia, que daqui a dois me-      MAC está integrada, e o MS.
Negócios associados à compra dos submarinos valiam 1200 milhões                   por 31 pessoas, incluindo            ses começa a receber os primeiros          Apesar de ser a maior materni-
                                                                                  Correia de Campos                    serviços ainda a funcionar na MAC.      dade do país (com perto de cinco

Presidente da comissão                                                            Um grupo de cidadãos que inclui
                                                                                                                       Em alternativa, propõem que a ma-
                                                                                                                       ternidade continue a funcionar tal
                                                                                                                                                               mil nascimentos/ano), a MAC tem
                                                                                                                                                               encerramento previsto para Março,

garante só ter tido acesso a                                                      o antigo ministro da Saúde Antó-
                                                                                  nio Correia de Campos e o bas-
                                                                                                                       como está até à construção do futu-
                                                                                                                       ro Hospital Oriental de Lisboa, com
                                                                                                                                                               com a saída da ginecologia e obs-
                                                                                                                                                               tetrícia e dos cuidados intensivos

alguns documentos quatro                                                          tonário da Ordem dos Médicos
                                                                                  avançou com uma providência
                                                                                                                       abertura prevista para 2016 e onde
                                                                                                                       a maternidade acabará por ser inte-
                                                                                                                                                               neonatais para o D. Estefânia. O
                                                                                                                                                               MS justificou a opção com a redu-

meses depois de tomar posse                                                       cautelar para tentar travar o fe-
                                                                                  cho da Maternidade Alfredo da
                                                                                                                       grada juntamente com os serviços
                                                                                                                       do D. Estefânia e de outros cinco
                                                                                                                                                               ção do número de partos e por não
                                                                                                                                                               fazer sentido mantê-la como uni-
                                                                                  Costa (MAC), em Lisboa, previsto     hospitais de Lisboa.                    dade monovalente e desagregada
                                                                                  para Março. A acção foi entregue       Contactado pelo PÚBLICO, Cor-         de outras especialidades médicas.
                                                                                  no Tribunal Administrativo e Fis-    reia de Campos (que, quando era            Desde Abril de 2012, quando o
                                        quivos históricos, não havia claims,      cal, segundo noticiou ontem a TVI.   ministro, fechou várias maternida-      Governo tornou ofi cial o fecho,
Contrapartidas                          que deviam estar no Ministério da           A acção judicial é subscrita por   des de norte a sul do país) alegou      foram organizadas várias mani-
Ana Henriques                           Defesa”, recordou. As claims, ou          um total de 31 pessoas, em que se    que é apenas testemunha na acção        festações de protesto contra a de-
                                        claim forms, são os formulários que       incluem o psiquiatra Daniel Sam-     e que desconhece quem são os seus       cisão.
Documentos relacionados                 demonstram o cumprimento da ope-                                                                                                                             PUBLICIDADE
                                        ração de contrapartidas, assinados
com negócio dos
                                        pelo adjudicatário e pelo benefici-
submarinos andaram                      ário da operação. Se a Volkswagen
de um lado para o outro,                encomendasse, por exemplo, com-
contou Rui Neves                        ponentes à Autoeuropa através do
                                        consórcio alemão dos submarinos,
O antigo presidente da Comissão         o negócio daí resultante poderia ser
Permanente de Contrapartidas Rui        considerado uma contrapartida e,
Neves afirmou ontem em tribunal          como tal, objecto de um destes for-
que quando começou a dirigir esta       mulários, que cabia à comissão apro-
entidade encarregada de fiscalizar       var e depois descontar na garantia
negócios do Estado de 1200 milhões      bancária apresentada pelo consór-
de euros não lhe foi entregue a do-     cio alemão. Acontece que, segundo
cumentação deixada pelos seus an-       o Ministério Público, muitos destes
tecessores.                             formulários continham informação
  Rui Neves tomou posse em Maio         falsa. Objectivo: convencer o Estado
de 2005, altura em que já se encon-     de que os negócios efectuados cum-
travam em curso projectos do sec-       priam as condições exigidas nas con-
tor das componentes de automóveis       trapartidas, legitimando pagamentos
que constituíam parte das contra-       de comissões.
partidas de negócio pela compra            Já em 2010 Rui Neves tinha dito
de dois submarinos pelo Estado          no Tribunal de Instrução Criminal
português a um consórcio alemão.        que a maioria da documentação que
À comissão cabia acompanhar e           recebeu depois de tomar posse veio
fiscalizar estes projectos, que pre-     do escritório do advogado Sérvulo
viam a transferência de tecnologia      Correia. O seu antecessor, Brandão
das empresas germânicas do sector       Rodrigues, tinha tornado o jurista
automóvel para as suas fornecedo-       “depositário” da papelada. A Sér-
ras portuguesas.                        vulo Correia & Associados prestou
  Mas se já anteontem outra teste-      consultoria jurídica ao Estado nos
munha — Rui Felizardo, da agência       dossiers de contrapartidas e foi um
de inovação Inteli — tinha declarado    dos escritórios alvo de buscas pelo
aos juízes que a comissão não pos-      Ministério Público.
suía os meios humanos necessários          O antigo presidente da comissão
para levar a bom porto semelhante       lamenta que os projectos das contra-
tarefa, ontem foi a vez de o seu res-   partidas com mais interesse tecno-
ponsável entre 2005 e 2007 pôr a nu     lógico “nunca tenham arrancado”,
mais fragilidades do sistema. “Quan-    pelo menos no seu tempo. São dez
do tomei posse, não havia papéis.       as pessoas que neste julgamento se
Só em Setembro [quatro meses mais       sentam no banco dos réus, acusadas
                                                                                                                                                                     Número Nacional/Chamada Local
tarde] é que me foram entregues os      de burla qualificada e falsificação de
arquivos da comissão. Mas eram ar-      documentos.
"Publico", 6ª feira, 11 jJaneiro 2012
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  • 1. EDIÇÃO LISBOA SEX 11 JAN 2013 HOJE Mário Soares Mémorias do Portugal Futuro, DVD 5 Por + 5,90€ Relatório do FMI incluiu propostas do CDS-PP para a área social Governo fala em “debate nacional” e PS em eleições | 280 mil podem ficar sem abono de família | Juncker propõe reajustamento, Portas “aplaude” | CGD tenta escapar a cortes salariais impostos pelo Governo | Os “pressupostos errados” do FMI Destaque, 2 a 5, Economia, 16, e Opinião RELATÓRIO DO FMI PASSA A SER A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA O INIMIGO PÚBLICO Validada gravação “A estabilização da de imagens feita pela Europa é do interesse PSP em protesto da Alemanha” Após duas recusas, Protecção Em entrevista, o presidente 2013 de Dados autorizou a gravação de imagens no protesto dos estivadores de do Parlamento Europeu, Martin Schulz, diz que é preciso assegurar mais TARANTINO 29 de Novembro p6 justiça social p18 ESCREVE QUE VALORES PARA 2013?? COM SANGUE JOÃO MAGUEIJO O SENTIMENTO DE NTO A PALAVRA UM PAÍS TRAÍDO, VENDIDO A UMA IDEOLOGIA QUESTIONÁVEL O L RENTRÉE Portugal, 12/13 Ano XXIII | n.º 8311 | 1,60€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos bb5e5a01-2121-41f1-b3a9-476e74a0ddb7
  • 2. 2 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 CORTES NA DESPESA Relatório do FMI inclui medidas sugeridas pelo CDS-PP Na área social, o FMI acolheu propostas dos centristas para reduzir a despesa. Nas bancadas do PSD e do CDS ninguém esconde que o relatório tem aspectos positivos, mas baixinho condenam a gestão política do Governo máximo nas prestações sociais que estrutural”. Mas o dirigente critica reacção do Governo — desencade- Sofia Rodrigues cada beneficiário pode receber, a sobretudo a contradição de uma or- aram uma tempestade política. O PS aconselha “coragem” A convergência do subsistema de saú- ganização que apresenta um relató- presidente da Câmara Municipal lgumas das medidas propos- de dos funcionários públicos (ADSE) rio com doses de “pura austeridade”, de Cascais, Carlos Carreiras, reite- J tas no relatório do FMI fo- com o Serviço Nacional de Saúde, e dias depois de ter assumido erros nas rou ontem a sua indignação pelas osé Junqueiro já o havia ram incluídas no documen- a aproximação entre o sistema de consequências da austeridade. declarações de Carlos Moedas ao feito de manhã, no final to por influência do CDS. pensões e reformas do sector públi- Entre os centristas há, no entan- elogiar o relatório. “Eu, enquanto da reunião do grupo É o caso da convergência co e do sector privado. As propostas to, a convicção de que é muito difícil social-democrata, não gostei de ver parlamentar. Insistiu, horas entre o subsistema da ADSE constam do relatório do FMI elabora- avançar para uma verdadeira refor- um secretário de Estado de um Go- mais tarde, em plenário, quando e o Serviço Nacional de Saúde, bem do a pedido do Governo português ma do Estado sem tocar nas pensões. verno liderado pelo meu partido... e as bancadas da oposição como da aproximação entre o siste- para concretizar o corte de despesa E também alinham pelo discurso do confesso que, do ponto de vista sim- aproveitaram o período das ma de pensões do sector público e estrutural do Estado em quatro mil primeiro-ministro, Passos Coelho, bólico, também me chocou porque declarações políticas para do sector privado. Nas bancadas da milhões de euros. quando afirmou que muitas das re- havia um sorriso nos lábios”, disse debater o relatório do FMI. maioria, o alvo de quase toda a ira O PÚBLICO sabe que os centristas formas, sobretudo as mais altas, não Carreiras, depois de ter escrito na De forma indirecta, o “vice” da não é tanto o conteúdo do relatório, fizeram um “grande esforço” para correspondem à carreira contributi- sua página de Facebook que Moedas bancada socialista aconselhou mas sim a forma como o Governo tem incluir propostas de corte de despe- va dos trabalhadores. “deveria abandonar as funções go- a maioria a levar a votos as gerido politicamente um processo tão sa que fossem viáveis, sobretudo na Na bancada do PSD, o relatório do vernativas e assumir que aspira a ser propostas avançadas ontem delicado como o corte de quatro mil área social. Há outras sugestões que FMI também tem virtudes e defeitos. consultor técnico”. No Parlamento, pelo FMI. “Um primeiro-ministro milhões de euros na despesa. Alguns o CDS afasta por chocarem com a “Algumas medidas estão enquadra- estas declarações fizeram eco en- que se honra, que tem um deputados pedem em voz baixinha Constituição ou até com as suas ban- das, outras estão desenquadradas da tre os deputados da maioria, mas programa de Governo, deve o que Carlos Carreiras, dirigente do deiras, como é o caso da fusão das realidade”, afirma Luís Menezes, vi- não se ouviram alto por lealdade ao executar esse programa de PSD, pediu em voz alta: a demissão de forças de segurança. ce-presidente da bancada. Um exem- primeiro-ministro. Governo. Mas não acha, senhora Carlos Moedas, secretário de Estado “O relatório tem coisas boas e ou- plo de uma conclusão desadaptada é Questionado sobre estas declara- deputada, que o Governo, ao Adjunto do primeiro-ministro. tras que não dá para fazer”, afirma o do rácio elevado de polícias. “Mas ções, o secretário de Estado da Pre- apresentar com este relatório Paulo Portas, líder do CDS e minis- o deputado do CDS Adolfo Mesqui- esqueceram-se de que em Portugal sidência do Conselho de Ministros, um outro programa de Governo, tro de Estado e dos Negócios Estran- ta Nunes, que tem dado a cara em só há 4% de civis a fazer trabalho ad- Marques Guedes, recusou comentar ao apresentá-lo nas costas geiros, já tinha apontado caminhos defesa do corte da despesa do Esta- ministrativo na polícia, enquanto a directamente, mas respondeu saber dos portugueses, não acha para a redução da despesa estru- do. Já Nuno Melo, vice-presidente, média europeia está entre 17 e 24%”, de “declarações, umas excessivas, que este primeiro-ministro tural do Estado: contratualizações aponta outras críticas: “Os cortes de aponta Luís Menezes. outras acaloradas, outras até a roçar voluntariamente se deveria na saúde e na educação, um tecto pensões não são cortes de despesa A divulgação do relatório — e a o absurdo”.
  • 3. PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 | DESTAQUE | 3 RUI GAUDENCIO Carlos Moedas, secretário de Estado Adjunto do Economia primeiro- Ver mais em ministro, no www.publico.pt Parlamento Portas sublinha flexibilidade manifestada por Juncker para países cumpridores Sofia Rodrigues O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, aproveitou as declarações do presi- dente do Eurogrupo para vincar uma das posições defendidas pelo CDS há já alguns meses: “Quem é cumpridor merece ser reconhecido por isso”. O presidente do Eurogrupo, Je- an-Claude Juncker, disse ontem ter proposto, “no caso de Portugal, um reajustamento no que toca às condi- ções financeiras e orçamentais que Jean-Claude Juncker acompanham o ajustamento”, defen- dendo que os países que cumprem O presidente do Eurogrupo disse os objectivos com que se comprome- ter “muitas interrogações sobre o teram devem ser recompensados. ritmo de ajustamento que tem sido Juncker respondia precisamente a aplicado a alguns países da zona eu- perguntas dos eurodeputados Diogo ro” e defendeu um sistema de re- Feio (CDS) e Elisa Ferreira (PS). compensa para os países europeus Paulo Portas não quis deixar de que estão a cumprir os objectivos sublinhar a resposta do presidente com que se comprometeram, dando do Eurogrupo, durante uma visita como exemplo Portugal. No seu en- oficial a Paris, a convite do ministro tender, “um país que cumpre, actu- dos Negócios Estrangeiros francês, almente, não é recompensado”. a Passos para ir a votos, BE e PCP falaram em crime e cobardia Laurent Fabius. “É uma atitude de vida, e, portanto, também de polí- Questionado, depois, pelo euro- deputado do CDS-PP Diogo Feio, so- tica”. Quem é “cumpridor”, defen- bre quais as possíveis recompensas submeter ao sufrágio universal Da parte do Governo, foi O social-democrata Luís deu, “merece ser reconhecido por para os países cumpridores, o pre- para ver se as pessoas queriam o secretário de Estado da Menezes pediu a palavra para isso”, disse o líder do CDS. sidente do Eurogrupo escusou-se a ou não aprovar estas medidas?”, Presidência, Marques Guedes, a afirmar que “o regimento Já em Lisboa, o secretário de Es- dar uma resposta. “Não vou dizer questionou José Junqueiro após reagir às críticas. “Não é momento diz escrupulosamente que tado da Presidência do Conselho que compensações deverão ser atri- uma intervenção da bloquista de estar a responder a essas a utilização de expressões de Ministros, Luís Marques Guedes, buídas aos Estados-membros que Catarina Martins. questões”, disse, acrescentando injuriosas” no Parlamento considerou que as declarações de tenham cumprido, como a Grécia E foi em Ferreira do Alentejo, que o “debate nacional sobre as deveria “ser sancionada”. Como Juncker se “encaixam” nas atitudes e Portugal fazem, os programas de no distrito de Beja, durante funções do Estado” pode vir a Assunção Esteves lhe respondeu do Governo”. No final do Conselho austeridade”, disse, reiterando que, uma visita a uma das maiores levar a outras medidas “no plano que a linguagem forte fazia de Ministros, Marques Guedes foi “se as orientações europeias forem empresas mundiais no sector do dos recursos humanos”. parte das regras do jogo, os questionado sobre a possibilidade de seguidas, poder-se-ão compensar azeite, que o secretário-geral, Mas o debate parlamentar dois partidos optaram por não esse “reajustamento” implicar mais os esforços de todos aqueles que António José Seguro, aproveitou aqueceu mesmo com a bloquista responder à deputada do BE. tempo e mais dinheiro para Portugal cumprem os programas”. o relatório para apresentar Catarina Martins. “Esta maioria O PCP preferiu chamar cumprir o seu Programa de Assistên- A mesma ideia tem vindo a ser o Governo como “isolado e que detesta a Constituição, a ladrões a outros. Ainda cia Económica e Financeira. Sem res- defendida publicamente por diri- cada vez mais afastado mesma Constituição que sobre o FMI, e a propósito da ponder directamente a essa questão, gentes do CDS. Diogo Feio já tinha dos portugueses”. E que garante a democracia que lhe insustentabilidade da segurança o governante afirmou que a postura questionado sobre o mesmo assunto já nem era capaz de evitar permitiu tornar-se Governo, social, António Filipe acusou do Governo tem sido a de “cumprir o presidente do Banco Central Eu- dissensões internas – como é criminosa e cobarde. É o Governo de permitir tudo os seus compromissos” e de procu- ropeu, Mario Draghi, e os ministros no caso do relatório – criminosa porque destrói ao sistema financeiro e nada rar o reconhecimento internacional das Finanças alemão e francês. revelando ser um factor o país. É uma mistura aos trabalhadores. Para o desse mesmo cumprimento”. “Por- No início de Dezembro, o eurode- de instabilidade” explosiva de fanatismo Governo, sustentou o deputado, tanto, as declarações do presidente putado centrista publicou um arti- em Portugal, tendo e irresponsabilidade”, “sustentáveis são os crimes dos do Eurogrupo são declarações que go de opinião no Expresso intitulado “dificuldades em acusou a líder do BE, banqueiros, insustentáveis são as se encaixam perfeitamente naquela “Onde estão as cenouras?” em que apresentar propostas gerando a revolta dos reformas, os salários”. que tem sido a postura do Governo, defendia que Portugal tinha de ser estratégicas”. dois partidos de direita. Nuno Sá Lourenço a atitude do Governo”, disse, citado recompensado por estar a cumprir o pela Agência Lusa. programa de assistência financeira.
  • 4. 4 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 CORTES NA DESPESA Onde estão os “pressupostos errados” no relatório do FMI Mota Soares falou de “pressupostos errados” no relatório. O PÚBLICO foi ver que dados apresenta o FMI so Um documento pelo Tribunal de Contas, outro por um grupo de trabalho esta proposta avançar, deixam de ter. O que resultará, na contas 115 milhões. Propõe-se tectos máximos nos subsídios dados às “desonesto”, designado pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), do FMI, numa redução de 280 mil beneficiários, o equivalente famílias, nomeadamente quando recebem apoios de diferentes afirma reitor da UL conclui-se que o ensino sai a 20,5% do total no final de 2011, fontes, para evitar que deixem mais barato nos colégios com e numa poupança de 89 milhões de procurar trabalho. E diz-se “D esonesto.” É assim que o contratos de associação do de euros. que o subsídio de desemprego reitor da Universidade de que nas escolas públicas. Estes O FMI não esquece que já português não é favorável aos Lisboa, António Nóvoa, colégios são financiados pelo foram introduzidas mudanças no mais jovens, beneficia os mais classifica o relatório do Estado para garantir ensino abono — que resultaram numa velhos, oferece montantes FMI sobre os cortes da despesa gratuito aos seus alunos. O redução de 467 mil beneficiários “relativamente elevados” e tem pública. Em entrevista ao PÚBLICO, relatório do FMI ignora, contudo, só entre 2010 e 2011, de acordo uma duração “bastante longa”, que será publicada no domingo, uma das principais conclusões do com a estatísticas da Segurança apesar das recentes mudanças Nóvoa sustenta a sua afirmação estudo elaborado pelo grupo de Social. Mas os peritos entendem que o encurtaram. Isto cria “um frisando que os autores do relatório trabalho designado pelo MEC: a que, como o apoio ainda abrange forte desincentivo ao regresso fazem o que na universidade se de que no ensino básico — onde agregados que ganham mais ao trabalho”. Sugere-se, por ensina os alunos a não fazer: “Partir e a eficiência do sistema se concentram mais de 80% dos do que o salário mínimo, “pode isso, menos tempo de subsídio de um preconceito, de uma teoria, educativo, os técnicos do FMI contratos de associação — o justificar-se” reduzir mais a — se ao fim de dez meses no e depois mobilizar os números citam dois estudos elaborados custo médio por turma nestes abrangência da medida. desemprego todos passassem a para a defender.” com base nos resultados colégios é superior em quase O relatório lembra que o actual receber o subsídio social (entre No relatório do FMI apenas obtidos por Portugal nos testes 19 mil euros ao registado nas Governo não tem previsto até 335€ e 419€) a poupança seria “põem os dados que lhes PISA de 2000 e de 2003. escolas públicas. No relatório ao momento mudar os critérios de 300 milhões a 600 milhões interessam e quando isso não Estes testes, elaborados pela refere-se apenas as conclusões de elegibilidade do abono, de euros por ano. Parte do que acontece não os citam e isso é Organização para a Cooperação obtidas para o secundário, um em parte por causa das baixas se pouparia poderia usar-se para completamente inaceitável”, e Desenvolvimento Económico, nível minoritário nos contratos de taxas de natalidade do país. Mas apoiar mais “desempregados afirma Nóvoa, que dá como têm como objectivo medir associação, onde um estudante sustenta que está por provar jovens”. exemplo o facto de se defender a literacia dos jovens de 15 custará cerca de menos 50 euros. que os apoios às famílias, em Os dados do Eurostat mostram ali um aumento das propinas anos em leitura, matemática e O MEC já prometeu para dinheiro, aumentem as taxas de que Portugal já gasta menos do ensino superior sem que ciências. Naqueles anos Portugal o Verão um novo mapa dos fecundidade. “Têm pouco ou do que a UE nas chamadas se apresente qualquer quadro ficou na cauda dos países da colégios com contratos de nenhum impacto.” Uma família do “prestações familiares” — 1,4% do comparativo dos valores que são OCDE, mas na último edição associação. Segundo a OCDE, 3.º escalão recebe, por um filho, PIB contra 2,3%. E que o mesmo cobrados no espaço europeu. do PISA, realizada em 2009, os ainda antes dos cortes na cerca de 26€/mês. se passa, se se analisar o conjunto E isso acontece, acrescenta, alunos portugueses conseguiram Educação, o custo médio por Os peritos também propõem de todas as prestações, excepto “porque as propinas que se aproximar-se da média dos aluno em Portugal continuava que os estudantes universitários pensões — 2,09% contra 2,24%. cobram em Portugal são já das países da organização, facto que abaixo da média dos países da deixem de estar abrangidos. O PÚBLICO sabe que no mais altas da Europa”. não é mencionado pelo FMI. organização. Clara Viana Argumentam que já beneficiam Ministério da Segurança Social O relatório do FMI no que Para reduzir a despesa na de um ensino superior o relatório inicial do FMI foi respeita à Educação parte Educação, o FMI propõe uma “financiado pelo Governo”. recebido com surpresa, devido do pressuposto de que o redução suplementar de 50 a Opção é cortar Outras prestações, para além a alguns “pressupostos errados”, investimento público feito no 60 mil lugares de professores das pensões, são passadas em expressão usada pelo ministro sector não tem, por comparação e pessoal não docente. Só abono a 280 mil revista, caso do subsídio de anteontem, quando foi tornado com outros países europeus, o retorno devido, nomeadamente esse corte, acrescenta-se, levaria a que o rácio professor/ beneficiários desemprego, rendimento social de inserção e subsídio por morte público o documento. O primeiro relatório dizia, por exemplo, O no que respeita aos resultados aluno existente em Portugal se Fundo Monetário — se for eliminado poupam-se que o sistema de pensões era e qualificações dos alunos. No aproximasse da média europeia. Internacional (FMI) sugere “generoso”, o que não colhe junto documento avança-se que No ensino secundário, por que se reduza o número da equipa liderada por Pedro em percentagem do produto exemplo, o rácio é de 7,5 contra das pessoas que têm direito Mota Soares. Admite-se na Praça interno bruto (PIB) a despesa uma média da OCDE de 13,8. ao abono de família, eliminando de Londres que a complexidade na Educação representava, Outra das soluções o actual 3.º escalão deste do sistema português terá em 2010, 6,2%. Segundo apresentadas pelo FMI é a da apoio. Esta é uma das “opções” confundido os autores do estudo, dados do Instituto Nacional de aplicação da fórmula seguida na possíveis para melhorar a relação e que poderá ter sido tida em Estatística nesse ano a Educação Suécia ou na Holanda, onde o custos-eficácia das prestações conta a média de pensões da representava 5% do PIB, contra Estado garante o financiamento sociais com as quais (sem contar função pública (1300€) e não uma média de 5,5% na União do aluno, independentemente de com pensões) Portugal já gasta a do sector privado (400€). Na Europeia. No ano passado, a escolha recair sobre o ensino menos do que a média da União versão final, essa referência devido aos cortes efectuados no público ou privado. Em abono Europeia (UE). desapareceu. Mas mantiveram- sector, baixou para 3,8%. desta solução, o relatório do Actualmente, agregados se outras, também erradas, Para apoiar a ideia de que FMI indica que nos dois estudos familiares com rendimentos de como considerar que Portugal não existe uma correlação sobre o custo médio por aluno 5869€ a 8803€/ano ainda têm tem o segundo prazo mais longo entre o montante da despesa realizados recentemente, um direito a abono de família. Se de atribuição do subsídio de
  • 5. PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 | DESTAQUE | 5 89 milhões de euros é quando o FMI diz que se poupará no abono de família, com a redução proposta de 280 mil beneficiários Educação: o menu encomendado ao FMI bre Educação, Saúde e protecção social NUNO FERREIRA SANTOS desemprego da Europa, o que Macedo no final do ano passado, já não é verdade desde 2011. no Parlamento. De acordo com as Andreia Sanches/Leonete contas do ministério, a despesa Botelho do SNS em percentagem do PIB baixou de 5,6%, em 2010, Opinião Dados na Saúde para 5,2%, em 2010, e 4,9% Paulo Guinote M (valor previsto), no ano passado. desactualizados “A contracção da despesa já está a ultrapassar os limites de udar. Refundar. Quando algo está N a Saúde, alguns dos segurança. Há níveis mínimos de mal, parecem ser dados que servem de qualidade e de acesso”, defende, boas ideias. Encontrar base às considerações e a propósito, Adalberto Campos dinâmicas de mudança sugestões dos especialistas Fernandes, administrador para superar o do FMI estão completamente hospitalar e professor da Escola marasmo, a eventual estagnação desactualizados. O relatório Nacional de Saúde Pública. ou decadência. Buscam-se novos mudar a avaliação, mudar o Fazem-se cálculos a partir de do FMI destaca, logo à partida, Além disso, a OCDE tem caminhos, novas soluções, analisa- modelo de carreira, mudar os dados desactualizados, omitem-se que, “entre as economias dados mais recentes, de 2010, se a realidade com o rigor possível concursos, mudar o regime conclusões de estudos incómodos desenvolvidas, Portugal assistiu que apontam já para uma e definem-se modelos alternativos disciplinar, mudar os professores. (sobre o custo por turma no a um dos maiores crescimentos desaceleração substancial do de agir, de governar. Tudo dentro da escola, a grande ensino básico), seleciona-se a na despesa pública com a Saúde aumento da factura. De acordo Mas… o momento que estramos instituição contemporânea de informação desejada e afasta-se nas últimas três décadas”, mas com o último relatório da a viver em Portugal, em particular engenharia social no remoinho de a que infirma as opções que se cita dados com mais de cinco organização, o crescimento dos na Educação, é diferente. uma sociedade em fragmentação. querem validar desde o momento anos (2008) . Nesse ano, frisa, gastos baixou substancialmente Muita coisa corre(u) menos bem Até que… por fim os resultados da encomenda. Na área da o gasto público representava em 2010, e nesse ano a na Educação em Portugal nas começam a surgir. A partir da Educação, este estudo do FMI “cerca de 7% do PIB”, o que despesa pública com a Saúde últimas décadas, com o pretexto base, do 1º ciclo, os nossos alunos contém demasiados equívocos colocava Portugal na média representava “65,8% do total, da necessidade de mudança e começam a ter um desempenho em meras 11 páginas. Há quadros dos países com economias menos do que a média da OCDE em nome da racionalização, da acima da média e bem acima com números que não coincidem (72,2)”. A OCDE nota também eficiência, da modernização, da do expectável, se atendermos com os de outros (quadros 6.1 e que, apesar de dedicar ao sector eficácia financeira. Avaliação de ao contexto social, cultural e 6.3), fazem-se cálculos errados da saúde uma percentagem escolas e docentes, concentração económico do país e das famílias. de forma incompreensível relativamente elevada do escolar, contração curricular, Os recentes resultados dos testes (como a afirmação de que PIB, Portugal gastou em 2010 uniformização do modelo de PIRLS e TIMMS são claros… no existe um professor por cada “apenas” 2728 dólares per capita gestão, tudo surgiu com o pretexto médio prazo o desempenho 25 portugueses em idade (ajustado à paridade do poder de de trazer mudanças positivas dos alunos portugueses foi dos activa), dissimula-se informação compra), bem abaixo da média para o sector, assumindo um seu que mais cresceram a nível relevante em notas de rodapé, da organização (3 268 dólares). mau desempenho a partir de internacional desde 1995. transpira-se amadorismo e Outra “preocupação central” indicadores recolhidos de forma Quando seria recomendável conveniência no menu das dos peritos do FMI prende-se selectiva e divulgados de forma prudência e o estudo rigoroso propostas, decalcadas de agendas com os gastos com as horas pouco transparente. do que está a funcionar e do de nichos de interesses no extraordinárias, particularmente A favorecer a sensação de que falhou, eis que surge novo mercado da Educação. com os médicos, que aí vão maleita genética nacional, tornou- ímpeto transformador, arrasador, Um objectivo é esconder que, buscar “cerca de um terço” do se recorrente o apelo a um demolidor. De novo a vontade de fruto de um trabalho pouco seu rendimento. Desde que “novo paradigma” que trouxesse mudar, de recuperar o “tudo está visível no curto prazo, que resiste desenvolvidas, em contraponto Paulo Macedo assumiu a pasta sucesso, se possível medido em mal” e, com meros propósitos à desorientação legislativa, com a despesa “inferior a 4% do da Saúde, os cortes nas horas ciclos eleitorais, com medidas de amputação orçamental com a Educação em Portugal vai PIB”, no início dos anos 80 do extraordinárias sucederam-se e, destinadas ao curto prazo e para montantes por demonstrar recuperando do seu endémico século XX, quando o país estava no ano passado, o governante consumo imediato. Esqueceu-se e de reorientação dos fluxos atraso e começa a estar bem no fim da tabela das economias chegou a um acordo (que entrou que em Educação as mudanças financeiros para novos nichos posicionada nos estudos desenvolvidas, a este nível. em vigor este mês) com os sustentadas só se conseguem no de interesses, voltamos à espiral comparativos internacionais. O problema é que os sindicatos, o qual implica que, tempo médio-longo, não existindo comunicacional em torno da Mas, como não podem reclamar especialistas do FMI não levam na prática, uma parte deste a possibilidade de sucessivos necessidade de mudar, refundar. esses resultados como seus, em conta os sucessivos cortes problema fique resolvido, uma saltos quânticos. O estudo atribuído ao FMI e os governantes do momento verificados nos últimos dois vez que muitos médicos passam Mudar, mudar, mudar. apresentado esta semana como preferem ocultá-los e fazem anos na despesa pública. Para de um horário de 35 para 40 Viver de epifenómenos. um diagnóstico “bem feito” da encomendas à medida das suas se ter uma ideia da magnitude horas semanais e fazem 18 Cada governo, cada ministro, situação, com um amplo menu agendas e preconceitos. dos cortes efectuados, basta horas em vez das anteriores 12 o mesmo desígnio: mudar. de opções”, é apenas uma peça Contra esta encenação é consultar o resumo sobre a nos serviços de urgência, que Estudar o estudado, apresentar desajeitada de uma manobra indispensável informar. Com rigor. situação financeira do Serviço são os grandes consumidores “novas” soluções porque as comunicacional de manipulação, Nacional da Saúde (SNS) de horas extraordinárias. antigas “falharam”. Sem qualquer distorção e truncagem dos dados Professor do ensino básico. divulgado pelo ministro Paulo Alexandra Campos avaliação séria das medidas disponíveis sobre o desempenho Doutorado em História da anteriores. Mudar a gestão, do sistema educativo português. Educação
  • 6. 6 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 Protecção de dados valida gravação de imagens feita pela PSP em protesto Vídeos podem ser usados como prova em tribunal. CNPD recusa utilização do som feito nas gravações e continua a queixar-se das deficiências de fundamentação na urgência dos pedidos DANIEL ROCHA Manifestações Mariana Oliveira Depois de recusar duas vezes vali- dar a utilização de câmaras de vídeo portáteis pela PSP em dois protestos realizados em Outubro e em Setem- bro, a Comissão Nacional de Protec- ção de Dados (CNPD) autorizou a gravação de imagens feita na mani- festação dos estivadores no passado dia 29 de Novembro, o que permi- tirá a sua utilização como meio de prova em tribunal. Desta vez, a PSP pediu a autorização para utilizar as câmaras de vídeo na véspera do pro- testo, tendo a comissão validado a utilização, num parecer datado de 11 de Dezembro, publicado esta se- mana no site da instituição. Num tom menos crítico do que nos outros dois pareceres, a CNPD não deixa de apontar “deficiências” à fundamentação da urgência do pe- dido, que excepcionalmente pode ser feito até 48 horas após a utiliza- ção das câmaras. “Apesar da funda- mentação apresentada manter algu- mas deficiências ou incompletudes já apontadas pela CNPD [nos dois pareceres já referidos], é do conhe- cimento geral que se tem verificado um incremento de incidentes e ac- tos violentos no contexto das mani- festações, o que, aliado ao disposto nos pontos 6 e 10 da fundamentação agora em apreço, indicia a existência As imagens em causa foram obtidas pela PSP na manifestação dos estivadores de 29 de Novembro que terminou junto ao Parlamento de razões objectivas para o recurso a um procedimento urgente desta para monitorizar as manifestações dia da última greve geral, feito pe- que estes possam decidir de forma do permite a gravação de voz, mas natureza”, lê-se no parecer. sempre que necessário e repetiu que la PSP à RTP. O BE defende que há “esclarecida” como querem exer- conclui que o mesmo não poderá E acrescenta-se: “Não obstante, não iria fundamentar essa utilização “necessidade do Parlamento ouvir cer o direito à manifestação. Sem ser utilizado. “Não tendo a captação reitera-se o entendimento da CNPD junto da comissão por isso implicar o ministro que tutela as forças de precisar como deve ser feita essa do som sido objecto de autorização, de que o emprego, em muitos pon- a quebra de informação sigilosa pro- segurança, no sentido de avaliar o informação, a comissão entende não pode o responsável tratar tal tos da fundamentação, de formas tegida por lei. procedimento em apreciação, ma- que a simples circunstância dos dado pessoal (voz), caso tenha sido genéricas e vagas, muitas vezes Instado duas vezes por uma depu- téria tanto mais pertinente quanto agentes estarem munidos de câma- captado”, lê-se no parecer. correspondendo à simples trans- tada do Bloco de Esquerda a preci- está em equação a revisão do qua- ras não é “bastante”, realçando ser A PSP utilizou câmaras portáteis crição de fundamentos legais, sem sar qual a norma que o impedia de dro legal das mesmas”. “imperioso equacionar formas mais para monitorizar a vigília realizada um mínimo de concretização, para transmitir informações reservadas O documento da PGR diz que a adequadas de realizar o direito de durante o Conselho de Estado, que o efeito de justificar a autorização à CNPD, que por lei tem que dar um única coisa permitida às forças de informação”. decorreu em Outubro em frente ao provisória da utilização de câmaras parecer sobre a utilização de câma- segurança é, se tiverem “fundado re- Quanto à utilização do som, a co- Palácio de Belém, e a manifestação móveis, não revela nem densifica ras de vídeo portáteis pelas forças ceio” de que as imagens possam ser missão diz que o equipamento usa- de 29 de Setembro organizada pe- quelquer risco especial ou urgente de segurança, Miguel Macedo não eliminadas ou alteradas, dar uma la CGTP contra as medidas de aus- 48 que possa justificar a sua utilização respondeu. O Bloco pediu ontem a ordem ao meio de comunicação teridade, tendo, no entendimento ou o recurso a um procedimento audição urgente do ministro da Ad- social para preservar esses dados, da CNPD, violado a lei que regula urgente”. ministração Interna no Parlamento, que poderão ser depois solicitados a gravação de imagens pelas forças Parece ter havido uma aproxima- na sequência do parecer do Conse- por magistrados, no âmbito de um de segurança em locais públicos. ção entre a posição da CNPD e a do lho Consultivo da Procuradoria-Ge- processo-crime. Já na decisão da Só excepcionalmente é que os Isso impediu que as imagens fos- ministro da Administração Interna, ral da República (PGR) que conside- CNPD adverte-se ainda o Ministé- pedidos à CNPD para a captação sem usadas como meio de prova Miguel Macedo, que afirmou no Par- rou que “não é admissível” o pedido rio da Administração Interna de que de imagens podem ser feitos em processos-crime, o que já po- lamento, em Novembro, que as for- de imagens não-editadas relativa- a utilização de dispositivos móveis depois de ter ocorrido a acção, derá acontecer com as gravações ças de segurança iam continuar a mente aos incidentes ocorridos ao de videovigilância tem que ser in- dispondo as autoridades de 48 do protesto dos estivadores. Sem o utilizar câmaras de vídeo portáteis início da noite de 14 de Novembro, formada aos manifestantes, para horas para o fazer. som das imagens.
  • 7. PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 | PORTUGAL | 7 DANIEL ROCHA Assunção Esteves deseja que 10.ª comissão a Camarate Breves seja a última O seu homólogo do CDS, José Ri- Por criticar uma obra Parlamento beiro e Castro, destacou “que des- PSD-Madeira expulsa Nuno Ribeiro de 1991 a Assembleia da República militante e vereador Os trabalhos dos 17 estabeleceu que Camarate aconte- ceu por um atentado.” Ribeiro e por delito de opinião parlamentares de todas Castro assinalou “que o processo [de investigação] foi mal conduzi- O conselho de jurisdição as bancadas serão do pela Justiça”. E concluiu: “Agora Cavaco recebeu o presidente e juízes do Tribunal Constitucional do PSD-Madeira decidiu, presididos pelo deputado trata-se de saber os motivos, quem por unanimidade, expulsar do PSD José Matos Rosa foi o alvo e os autores materiais e Parlamento abdica Henrique Costa Neves, militante e vereador do Ambiente na Câmara do “Que esta comissão seja tão eficiente que outra não lhe suceda.” Foi este morais.” Na agenda dos deputados estão audições não concluídas na an- de responder Funchal, por injuriar Alberto João Jardim e outros militantes, todos membros do o desejo que, ontem, Assunção Es- teves, presidente da Assembleia da República, formulou na tomada de terior comissão, cujos trabalhos foram interrompidos devido ao chumbo do PEC IV e à queda do ao Constitucional Governo Regional. Em causa estão declarações proferidas por Costa Neves em Setembro posse da 10.ª comissão parlamentar de inquérito a Camarate, cuja presi- dência recaiu em José Matos Rosa, Governo de José Sócrates, entre as quais a do ex-Presidente da Repú- blica general Ramalho Eanes e do contra a obra em curso nas secretário-geral do PSD. antigo procurador-geral da Repú- fozes das ribeiras de Santa Assunção Esteves manifestou, blica Cunha Rodrigues. Silva volta assim à secretária do juiz Luzia e João Gomes, incluindo também, “que nunca é tarde de Ramalho Eanes já quis prestar Orçamento do Estado presidente do TC, Sousa Ribeiro, que um cais acostável no aterro mais para se conhecer os factos”. esclarecimentos sobre o Fundo de Rita Brandão Guerra nos próximos dias se deve preparar junto ao cais. “Prevejo que Nesta 10.ª comissão, relativa à que- Defesa Militar do Ultramar (FDMU), para elaborar um memorando em esta obra não vai resultar. da em 4 de Dezembro de 1980, no destinado a financiar a compra de Assunção Esteves remeteu que formulará as questões às quais o O Funchal ficará afectado bairro de Camarate, nos arredores armamento e de material de guer- TC deve responder. Nesse memoran- irreversivelmente. Depois de Lisboa, do Cessna em que viaja- ra para a Guerra Colonial. Eanes, o processo de volta do, que é sujeito a debate, fica fixada vai acontecer o costume: vam o primeiro-ministro Francisco enquanto Presidente da Repúbli- ao tribunal. Segue-se a orientação do tribunal. O processo ninguém é responsabilizado, Sá Carneiro, a sua companheira, a ca, mandou encerrar o FDMU. Se- um memorando até ao é depois distribuído a um juiz relator, ninguém é demitido, ninguém editora Snu Abecassis, o ministro gundo Freitas do Amaral, autor do projecto de acórdão que prepara um projecto de acórdão. é preso”, disse, recordando da Defesa Nacional Adelino Ama- livro Camarate, o ministro da Defe- Questionado pelo PÚBLICO sobre o parecer desfavorável da ro da Costa e a sua mulher, Maria sa Amaro da Costa investigava este “Oferecendo o merecimento dos au- uma previsão para a produção do autarquia. T. de N. Manuela, o chefe de gabinete de Sá fundo quando morreu. No rol dos tos.” Quer isto dizer que a presiden- acórdão, o TC respondeu que “não Carneiro, António Patrício Gouveia, depoimentos da anterior comis- te da Assembleia da República, As- é possível nem adequado avançar e os dois pilotos, os deputados re- são constava, ainda, uma audição sunção Esteves, respondeu ontem às agora com uma estimativa precisa de Entidade das Contas tomam o trabalho anterior. a Marcelo Rebelo de Sousa. duas notificações do Tribunal Cons- quando será proferido”. A lei não es- Partidos vão “A perspectiva que o PSD tem é Por outro lado, os deputados es- titucional (TC) sobre os pedidos de fiscalização sucessiva ao Orçamento tipula um prazo para o TC se pronun- ciar sobre pedidos de fiscalização su- ter contas mais que esta comissão de inquérito ve- nha fechar um ciclo histórico rela- tão interessados nas recentes decla- rações de Farinha Simões, que, em do Estado para 2013, prescindindo do direito de o Parlamento se pro- cessiva. Mas apesar de não haver um calendário para a decisão, o processo transparentes tivamente à tragédia de Camarate e possa encerrar definitivamente para Abril do ano passado, revelou ter si- do quadro da CIA até 1988. Simões, nunciar sobre a matéria. está, desde o primeiro pedido feito As contas dos partidos a história do país a verdade do que num texto a que chamou “confis- Conforme o PÚBLICO noticiou, As- pelo Presidente a 2 de Janeiro, a ser políticos e das campanhas aconteceu em Camarate”, afirmou, são”, diz ter sido o organizador do sunção Esteves recebeu na terça-feira célere. Nem o TC nem o Parlamento eleitorais vão passar a ser ontem, o deputado Miguel Santos, atentado que levou à morte os ocu- a notificação do TC para, querendo, esgotaram os prazos que a lei pre- apresentadas de acordo com coordenador dos deputados da ban- pantes do Cessna no princípio da o Parlamento se pronunciar sobre os vê para as várias fases processuais. um novo regime contabilístico, cada “laranja” na comissão. noite de 4 de Dezembro de 1980. pedidos feitos pelo PCP, BE e PEV e A fiscalização volta agora ao TC, ontem publicado em Diário Justificou as suas declarações por pelo provedor de Justiça. E já na sex- onde os juízes decidirão sobre a da República. “Os partidos agora não correr o risco de ser julga- ta-feira passada tinha sido enviada no- constitucionalidade da suspensão do vão apresentar de forma do, devido à prescrição do crime, e tificação idêntica relativa aos pedidos pagamento do subsídio de férias a mais pormenorizada as por já não estar sujeito ao sigilo que do Presidente da República e do PS. trabalhadores, reformados e aposen- receitas e as despesas, o a CIA impõe aos seus agentes. Mas ontem, dois dias depois da tados, o novo imposto de solidarieda- que torna as contas bastante Também José Esteves, ex-segu- última notificação e dispondo de de, os escalões de IRS e a sobretaxa mais transparentes”, disse a rança do CDS e antigo activista do um prazo de 30 dias para decidir, a de 3,5%, assim como mudanças nas presidente da Entidade das MDLP (Movimento Democrático presidente da AR prescindiu de exer- horas extraordinárias e nos subsídios Contas e Financiamentos de Libertação de Portugal, grupo cer o direito de pronúncia sobre o de doença e de desemprego. Ontem, Políticos, Margarida Salema. de extrema-direita nos anos de conteúdo das diversas normas que Cavaco recebeu o presidente e outros Até 2010, os partidos 1975/76), admitiu ter sido ele a fa- serão fiscalizadas com a resposta juízes do TC para cumprimentos de seguiam o Plano Oficial de bricar a bomba que deflagrou na “oferecendo o merecimento dos Ano Novo. O encontro durou cerca Contabilidade, substituído aeronave. Para, segundo disse, autos”. A mesma resposta já tinha de 15 minutos e não teve declarações então pelo Sistema de pregar um susto ao general Soares sido dada por Assunção Esteves em à saída. Em Belém estiveram também Normalização Contabilística. Carneiro, o candidato presidencial 2012 quando estava em causa o cor- o presidente do Supremo Adminis- O novo modelo “toma como apoiado pelo PSD e CDS nas elei- te dos subsídios de férias e de Natal trativo, do Tribunal de Contas e a matriz contabilística o sistema ções de Dezembro de 1980. aos funcionários públicos e pensio- procuradora-geral da República. usado para as entidades do Por fim, a comissão vai analisar nistas. O TC viria depois a proferir O presidente do TC decidiu, en- sector não lucrativo com as nova documentação, de movimen- um acórdão em que considerava as tretanto, incorporar os quatro pedi- adaptações exigidas pela lei tos e manifestos de carga de navios normas inconstitucionais. O proces- dos de fiscalização do OE num único de financiamento partidário”. José Matos Rosa é o presidente relacionados com o tráfico de ar- so agora desencadeado por Cavaco processo. da 10.ª comissão de inquérito mas para o Irão nos anos 1980.
  • 8. 8 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 ADRIANO MIRANDA Governo Telecinco assumiu desiste de duodécimos processo do antes da AR quinto canal Orçamento Televisão Nuno Sá Lourenço Maria Lopes Ainda a medida não estava aprova- Atribuição da quinta da no Parlamento e já o Governo a frequência estava em invocava no Diário da República. On- tem, um dia depois de a Assembleia tribunal há três anos, depois da República ter aprovado na espe- de a ERC ter recusado cialidade o pagamento de metade as duas candidaturas dos subsídios de férias e de Natal em duodécimos, um decreto-lei do A Telecinco, uma das duas candida- Ministério da Solidariedade e Segu- tas ao concurso da licença do quinto rança Social era publicado dando canal em sinal digital que tinha sido como garantida a sua aprovação. chumbada pela ERC, desistiu do pro- No decreto-lei 3/2013, aprovado cesso em tribunal. A extinção formal em Conselho de Ministros a 20 de da instância foi entregue no Tribu- Dezembro, promulgado por Cavaco Depois de ter anunciado que ficaria no Governo, Marco António abre um problema a Menezes em Gaia nal da Relação de Lisboa há cerca de Silva a 8 de Janeiro e ontem publi- duas semanas. Para esta desistência, cado em Diário da República, o Go- verno regulamentava o regime de pagamento do montante adicional Marco António também pesou o facto de o processo ir perder, já em Fevereiro, a isenção de custas judiciais, justificou ao PÚBLICO Ri- das pensões de invalidez, velhice e sobrevivência, a ser processado também por duodécimos. não integrará a lista de cardo Correia Afonso, advogado da Telecinco. “Não havia qualquer ideia de quando o processo poderia ser O problema está no preâmbulo, em que se lê que a “actual situação financeira do país determina que Menezes como número dois resolvido”, acrescentou. Mas por detrás da decisão dos pro- motores da Telecinco, entre os quais durante esse ano [2013], os sub- se encontram os antigos jornalistas sídios de férias e Natal dos traba- David Borges e Emídio Rangel — Car- lhadores do sector privado sejam cial e solidário”. Citado pela agência rá encontrado “até ao final do mês”. los Pinto Coelho, entretanto falecido, pagos em duodécimos, como forma Câmara do Porto Lusa, o governante sublinhava ainda À partida há dois candidatos: José era o porta-voz —, está também o de- de atenuar o impacte de subida de Margarida Gomes ter “subjugado” a sua “vontade pes- Guilherme Aguiar, ex-vereador, e Fir- salento pelo arrastar da situação. “De impostos”. soal ao sentido de responsabilidade mino Pereira, vice-presidente da Câ- que vale ter hoje uma frequência de O texto legislativo assinado por Distrital do Porto do PSD nacional que se impõe no presente mara de Gaia. Há precisamente um televisão digital terrestre? Nada. Era Passos Coelho, Vítor Gaspar e Mota momento”. mês, Firmino Pereira afirmava que vantajoso na altura, com o processo recuou na intenção de Soares ainda no ano passado des- A decisão foi conhecida depois se o ex-vice-presidente regressasse a todo da migração”, diz ao PÚBLICO considerava assim o Parlamento, emitir um comunicado de uma reunião, em Lisboa, em que Gaia para se candidatar “o Governo o antigo director-geral da SIC. que nessa data não havia ainda se- para responder a Luís esteve presente o líder do partido, ficaria sem um agente político muito A ERC chumbou as candidaturas quer debatido e votado o assunto. Filipe Menezes Pedro Passos Coelho, Marco Antó- importante”. da Telecinco e da Zon em Abril de O pagamento em duodécimos só nio Costa, Luís Filipe Menezes e o José Guilherme Aguiar, que já 2009 por falta de qualidade, e ambas foi aprovado na generalidade a 27 Marco António Costa contrariou a vice-presidente do PSD, Jorge Mo- presidiu à Junta de Freguesia de recorreram para tribunal. A Telecin- de Dezembro, ontem na especiali- vontade de Luís Filipe Menezes e reira da Silva. Uma hora depois de Arcozelo, renovou ontem em de- co interpôs uma providência caute- dade e hoje será votado em votação não pretende ser candidato à presi- Marco António ter comunicado a sua clarações ao PÚBLICO a sua dispo- lar, a que o tribunal deu razão, e pro- final global. E o decreto em causa dência da Câmara de Gaia. Ontem, decisão, Menezes garantia “não ter nibilidade para avançar. “Há mui- cessou depois a Entidade Reguladora foi publicado no dia em que a maio- no PSD-Porto havia dúvidas sobre as havido qualquer interferência”, no- to tempo que demonstrei a minha da Comunicação Social (ERC) por ter ria discutia ainda a proposta com verdadeiras razões que levaram o se- meadamente “do primeiro-ministro” disponibilidade e a minha afectivi- sido excluída, congelando a possível os parceiros sociais na Assembleia cretário de Estado da Solidariedade ou dele próprio. As declarações do dade para ser candidato e vou man- reabertura do concurso. O processo da República. e Segurança Social a afastar-se da candidato do PSD à Câmara do Porto ter-me sereno e tranquilo à espera arrasta-se há quase quatro anos, e ocorrida autárquica. E algumas vozes suscitaram dúvidas. “Foi uma con- de uma decisão, que compete ao “inviabilizou o aparecimento de uma Duodécimos em Fevereiro sociais-democratas não demoraram tra-declaração, tratou-se de um in- doutor Luís Filipe Menezes, que há nova televisão privada”, aponta Ran- Os pensionistas vão começar a re- a dizer que o ex-líder da distrital do cidente de percurso que não vamos dezasseis anos é o líder em Gaia.” gel que acredita ainda haver merca- ceber os duodécimos do subsídio Porto não ia a Gaia porque havia no valorizar”, declarou ao PÚBLICO A lei de limitação de mandatos, do. “Foi um lamentável erro da ERC de Natal em Fevereiro, anunciou partido quem defendesse a sua inte- fonte da direcção social-democrata que ainda esta semana foi esgrimi- e do Governo, uma deslealdade”, cri- ontem a edição on-line do Jornal gração na lista de Menezes à Câma- portuense. A distrital do PSD ponde- da por Rui Rio, é uma questão que tica o antigo jornalista, acreditando de Negócios, citando os ministérios ra do Porto, uma possibilidade que rou tomar uma posição, mas, ao fim estará, segundo fontes do PSD, a sus- que a Telecinco foi excluída porque das Finanças e da Segurança Social. fontes próximas do actual secretário da tarde, o líder deste órgão, Virgílio citar alguma apreensão na direcção “a licença estava destinada à Zon”. “Serão pagos os duodécimos em Fe- de Estado afastaram por completo, Macedo, informava que, afinal, não do partido, particularmente depois A Zon também recorreu para tribu- vereiro, com retroactivos a Janeiro, frisando que, para Marco António, o seria emitido nenhum comunicado de o provedor de Justiça ter conside- nal da decisão da ERC. Questionado se for o caso”, dizem os ministérios percurso autárquico está definitiva- para “não alimentar especulações”. rado que “existem na actual ordem pelo PÚBLICO, o porta-voz da em- em nota conjunta. mente encerrado. jurídica instrumentos perfeitamente presa não quis comentar a decisão O diploma que alarga o pagamen- Anteontem, quando anunciou Candidato até ao fim do mês aptos para que na próxima eleição da Telecinco nem o desenvolvimento to do subsídio de Natal em duodéci- que não seria candidato, o ex-vice- Com Marco António fora da corrida, autárquica haja uniformidade de cri- do processo judicial. mos aos pensionistas da segurança presidente de Menezes declarou que Menezes terá agora de encontrar um tério na interpretação e aplicação da Contactado, o gabinete do minis- social e da Caixa Geral de Aposen- tinha sido “sensível às preocupações candidato para lhe suceder. E ontem o norma em causa (...), não sendo im- tro que tutela a comunicação social, tações foi publicado em Diário da manifestadas pelo senhor primeiro- ainda presidente da Câmara de Gaia, periosa ou necessária qualquer cla- Miguel Relvas, não quis comentar, República ontem, com entrada em ministro, bem como aos apelos de que preside à concelhia social-demo- rificação por novo acto de vontade por enquanto, o que pretende fazer vigor hoje. várias personalidades do sector so- crata, assegurava que o candidato se- parlamentar”. em relação a esta quinta licença.
  • 9. PÚBLICO, SEX 11 JAN 2013 | PORTUGAL | 9 Cidadãos entregam DANIEL ROCHA providência cautelar para tentar travar fecho da MAC paio, antigos directores clínicos e primeiros proponentes. Já o Ministé- Saúde directores de serviço da MAC e ou- rio da Saúde (MS) recusou comentar Tiago Luz Pedro tros profissionais, como médicos, por não ter conhecimento da quei- enfermeiros e assistentes sociais. xa. Na providência cautelar, segun- Acção popular contra Na base da providência cautelar, do a TVI, são visados o conselho de sustentam os subscritores da acção, administração do Centro Hospitalar o fecho da Maternidade está a falta de condições no Hospital de Lisboa Central (CHLC), em que a Alfredo da Costa é subscrita D. Estefânia, que daqui a dois me- MAC está integrada, e o MS. Negócios associados à compra dos submarinos valiam 1200 milhões por 31 pessoas, incluindo ses começa a receber os primeiros Apesar de ser a maior materni- Correia de Campos serviços ainda a funcionar na MAC. dade do país (com perto de cinco Presidente da comissão Um grupo de cidadãos que inclui Em alternativa, propõem que a ma- ternidade continue a funcionar tal mil nascimentos/ano), a MAC tem encerramento previsto para Março, garante só ter tido acesso a o antigo ministro da Saúde Antó- nio Correia de Campos e o bas- como está até à construção do futu- ro Hospital Oriental de Lisboa, com com a saída da ginecologia e obs- tetrícia e dos cuidados intensivos alguns documentos quatro tonário da Ordem dos Médicos avançou com uma providência abertura prevista para 2016 e onde a maternidade acabará por ser inte- neonatais para o D. Estefânia. O MS justificou a opção com a redu- meses depois de tomar posse cautelar para tentar travar o fe- cho da Maternidade Alfredo da grada juntamente com os serviços do D. Estefânia e de outros cinco ção do número de partos e por não fazer sentido mantê-la como uni- Costa (MAC), em Lisboa, previsto hospitais de Lisboa. dade monovalente e desagregada para Março. A acção foi entregue Contactado pelo PÚBLICO, Cor- de outras especialidades médicas. no Tribunal Administrativo e Fis- reia de Campos (que, quando era Desde Abril de 2012, quando o quivos históricos, não havia claims, cal, segundo noticiou ontem a TVI. ministro, fechou várias maternida- Governo tornou ofi cial o fecho, Contrapartidas que deviam estar no Ministério da A acção judicial é subscrita por des de norte a sul do país) alegou foram organizadas várias mani- Ana Henriques Defesa”, recordou. As claims, ou um total de 31 pessoas, em que se que é apenas testemunha na acção festações de protesto contra a de- claim forms, são os formulários que incluem o psiquiatra Daniel Sam- e que desconhece quem são os seus cisão. Documentos relacionados demonstram o cumprimento da ope- PUBLICIDADE ração de contrapartidas, assinados com negócio dos pelo adjudicatário e pelo benefici- submarinos andaram ário da operação. Se a Volkswagen de um lado para o outro, encomendasse, por exemplo, com- contou Rui Neves ponentes à Autoeuropa através do consórcio alemão dos submarinos, O antigo presidente da Comissão o negócio daí resultante poderia ser Permanente de Contrapartidas Rui considerado uma contrapartida e, Neves afirmou ontem em tribunal como tal, objecto de um destes for- que quando começou a dirigir esta mulários, que cabia à comissão apro- entidade encarregada de fiscalizar var e depois descontar na garantia negócios do Estado de 1200 milhões bancária apresentada pelo consór- de euros não lhe foi entregue a do- cio alemão. Acontece que, segundo cumentação deixada pelos seus an- o Ministério Público, muitos destes tecessores. formulários continham informação Rui Neves tomou posse em Maio falsa. Objectivo: convencer o Estado de 2005, altura em que já se encon- de que os negócios efectuados cum- travam em curso projectos do sec- priam as condições exigidas nas con- tor das componentes de automóveis trapartidas, legitimando pagamentos que constituíam parte das contra- de comissões. partidas de negócio pela compra Já em 2010 Rui Neves tinha dito de dois submarinos pelo Estado no Tribunal de Instrução Criminal português a um consórcio alemão. que a maioria da documentação que À comissão cabia acompanhar e recebeu depois de tomar posse veio fiscalizar estes projectos, que pre- do escritório do advogado Sérvulo viam a transferência de tecnologia Correia. O seu antecessor, Brandão das empresas germânicas do sector Rodrigues, tinha tornado o jurista automóvel para as suas fornecedo- “depositário” da papelada. A Sér- ras portuguesas. vulo Correia & Associados prestou Mas se já anteontem outra teste- consultoria jurídica ao Estado nos munha — Rui Felizardo, da agência dossiers de contrapartidas e foi um de inovação Inteli — tinha declarado dos escritórios alvo de buscas pelo aos juízes que a comissão não pos- Ministério Público. suía os meios humanos necessários O antigo presidente da comissão para levar a bom porto semelhante lamenta que os projectos das contra- tarefa, ontem foi a vez de o seu res- partidas com mais interesse tecno- ponsável entre 2005 e 2007 pôr a nu lógico “nunca tenham arrancado”, mais fragilidades do sistema. “Quan- pelo menos no seu tempo. São dez do tomei posse, não havia papéis. as pessoas que neste julgamento se Só em Setembro [quatro meses mais sentam no banco dos réus, acusadas Número Nacional/Chamada Local tarde] é que me foram entregues os de burla qualificada e falsificação de arquivos da comissão. Mas eram ar- documentos.