O Conde d'Abranhos é um romance satírico de Eça de Queirós publicado em 1879. Narra a história de Alípio Severo de Noronha Abranhos, um estadista português que aparenta ser grandioso mas na verdade é patife, pedante e burro. O secretário particular de Abranhos, Zagalo, pretende fazer a apologia do seu chefe mas acaba expondo na verdade a sua nulidade. O romance critica os costumes políticos e a sociedade portuguesa da época de forma irônica.
O Conde d'Abranhos - retrato de um estadista português
1. O Conde d’Abranhos *
(NOTAS BIOGRÁFICAS DE Z.ZAGALO)
-EÇA DE QUEIRÓS
Português –apresentação oral
Docente: Zaida Braga
Discente: Tiago B. Dias nº 21, 11ºH
Ano letivo 2011/2012
2. PRODUÇÃO
1845 Nasce em póvoa do Varzim
1861 Entra para Univ. de Coimbra
1867 Escritor de “o distrito de Évora”
Cenáculo “Queremos
fazer a
Maio 1870 Golpe de estado de saldanha. José Dias Ferreira caricatura
ministro da justiça.
do… mundo
1871 “As farpas” burguês, …
“A literatura como expressão da arte” católico, explor
ador…”
1873 Cônsul em Havana
1874 Newcastle
“A capital” carta ao editor
1878 Bristol
Junho 1879 Termina “O Conde…”
3. Edição
1924 O livro aporta
1925 José Maria edita-o
“Todos estes manuscritos me passaram pela
mão” … “leve revisão de pontos e vírgulas”
“tendo a realidade descido ao nível da
personagem – cessam as razões de ordem…
moral que se possam ter oposto, noutros
tempos, à sua publicação”
“Presente-se tudo quanto nele seria mais
tarde modificado”… “tomariam um aspecto
mais equilibrado…”
Final alterado. Pesca -» 5 parágrafos
4. SINOPSE
Carta a Ernesto Chardron, 23 de Junho de 1878
”É a biografia de um indivíduo imaginário, escrita por um sujeito
imaginário. O Conde de Abranhos -um estadista, orador, ministro,
Presidente do Conselho, etc., etc., que, sob esta aparência
grandiosa, é um patife, um pedante e um burro. O fim do livro, pois,
é, além de uma crítica dos nossos costumes políticos, a exposição de
pequenas estupidezes, maroteirinhas [sic]e pequices que se ocultam
sob um homem que um país inteiro proclama grande. O zagalo, o
secretário, é tão tolo como o ministro: e o picante do livro é que,
querendo fazer a apologia do seu amo protetor, o idiota do Zagalo
apresenta-nos, na sua crua realidade, a nulidade do personagem”
5. Z. ZAGALO
– secretário particular
“encontrou-me pobre”
“todos conhecem o grande homem, eu
conheço o homem” “deu-me meios materiais de me tornar
um conservador convicto”
“Pondo-me ao abrigo da pobreza, pôs-
me ao abrigo da depravação
“isso são coisas da sua imaginação de intelectual, moral e social”
poeta”
“neste assunto, como em todos os
outros, sigo, por admiração muda e “me escasseiam as qualidades de
reconhecimento correto, as ideias… do estilo e de crítica”
conde d’abranhos”
6. ALÍPIO SEVERO DE NORONHA ABRANHOS
“Alípio era destes sábios espíritos que nunca se arriscam na estrada da vida
sem irem bem amparados da esquerda e da direita…” (metáfora a S. Cristovão)
7. A POLÍTICA: A GRANDE PORCA
Gorjão era, entre os “Freixo de Espada à Cinta …
reformadores, o espadachim Um dia irei visitar a vossa
do partido. Ele foi, durante bela província do Minho”
vinte anos, neste país, o
papão! “…ele concordava
inteiramente com os princípios
“Há ministérios que se defendidos na reforma. Porém,
gastam” (…) jornalista de oposição, não
“-É uma coisa que se sente duvidou fulminá-los – tal era a
no ar. É um não-sei-quê (…)” sua lealdade aos
compromissos políticos.”
“– Moçambique é na costa
oriental, Sr. Ministro da
“As ideias que servia entre os
Marinha! (…)
Reformadores, ia servi-las
–os regulamentos não mudam
entre os Nacionais”
com a latitude!”
8. A RETÓRICA PARLAMENTAR: O PAPAGAIO
21 de Fevereiro de 1867 em “o “Sr. Gomos Barreto, da minoria:”
diário de Évora”: “– Quem sois? Para onde ides? –
exclamava ele. (…) Ninguém vos
“Mas o que é o partido novo, o conhece! Éreis uma minoria
que faz ele, o que fez (…), donde
obscura e intrigante (ordem!
vem, o que quer?”
ordem!). (…) De repente, vejo-vos
“A oposição (…) faz escorrer o aí, nessas cadeiras amadas do
desdém, a ironia,…” poder... “
“Para que se pudesse imprimir
nos jornais da oposição – que o
«Este governo não há-de cair –
Sr.
porque
Ministro deixara morrer o pai (…)
não é um edifício. Tem que sair
que fora o deputado da oposição
com benzina, – porque é uma
Em 18 dias foram pronunciados 47 quem,
nódoa!» - estandarte discursos sobre o orçamento do estado por misericórdia, lhe chegara aos
lábios a última malga de caldo!”
9. ZÉ POVINHO
«Eu, que sou governo, fraco
mas hábil, dou
aparentemente a Soberania
“Os seus direitos podem ser
ao povo, que é forte e
violados, as suas garantias
simples. Mas, como a falta
cerceadas, a sua liberdade
de educação o mantém na
assassinada; eu não sei se ele
imbecilidade, e o
levantará a cabeça do
adormecimento da
trabalho para suspirar
consciência o amolece na
sequer”
indiferença, faço-o exercer
-N’“O diário de Évora” de 13
essa oberania em meu
de Janeiro
proveito... E quanto ao seu
proveito... adeus, ó
compadre!»
10. A INSTRUÇÃO PÚBLICA: GRANDE BURRA
“O pobre devia viver ali, separado, isolado da
sociedade, e não ser admitido a vir perturbar com
a expressão da sua face magra e com a narração
exagerada das suas necessidades, as ruas da idade.
«Isole-se o pobre!»…”
O estudante, habituando-se, durante cinco anos, a
decorar todas as noites, palavra por
palavra, parágrafos que há quarenta anos
permanecem imutáveis, sem os criticar, sem os
comentar, ganha o hábito salutar de aceitar sem
discussão e com obediência as ideias
preconcebidas. (…)
A ordem o que é? – A aceitação das ideias
adoptadas.
11. As soirées em casa de Alípio
Fradinho perdeu o domínio de si mesmo. Arrastou Alípio para o vão da janela e atacou-o em surdina:
– Por que não havia de aceitar a pasta? Se não fosse por ele, por sua esposa, que fosse pelos seus
amigos... Era necessário franqueza, que diabo! Aí estava a pobre D. Joana, com o cirro no
estômago, coitada, e o marmanjo do sobrinho, sem um bocado de pão! Era
necessário empregar aquele marmanjo! Aí estava a D. Amália que queria a sua pensão. Aí estava o
padre Augusto – e todos sabiam os serviços que lhe prestara – que se mirrava no desejo de ser
cónego! ... Abranhos não podia trair os seus amigos, as suas legítimas esperanças...
Ele, Fradinho, podia falar livremente, não desejava nada. Tinha a sua banca de
advogado, oitocentos mil-réis por ano. Mas os outros: o coronel! o Doutor! o Tavares! Era necessário
ter consideração pelos amigos que se esfalfavam a ir daqui e dali, a glorificar o Sr. Alípio Abranhos!
https://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=XRR3CSdvQNg&NR=1
12. 2ª Condessa de Abranhos. 1ª condessa de Abranhos. Zagalo. Alípio. Jacinta de Noronha. Manuel Abranhos.
Florido Abranhos. António Abranhos. Tia Amália. Júlia. Conselheiro Gama Torres. Dr. Vaz correia. Desembargador
amado. Laura amado. Padre augusto. Virgínia amado. 2 manas vitorino. Coronel serrão. Catarina (filha). D. Joana
Carneiro e sobrinho. D. Amália saraiva e Julinha. Conselheiro andrade. Torres Pato. “o doutor”. Luísa Fradinho e
Dr. Fradinho. Bacharel tavares. Cardoso Torres. Carlos Benvindo (Bibi). Gorjão. Amigo A. Amigo B. tio Julião.
14. BIBLIO E WEBGRAFIA
• QUEIROZ, Eça de. O Conde d’Abranhos e a catástrofe. Lisboa: Editora “livros do brasil”,
2000.
• MÓNICA, Maria Filomena. Eça de Queirós. Lisboa: Quetzal editores, 2001.
• https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/1440/3/Anexo%20Imagens_Doutora
mento%20Design_MAF%20Jul%2007.pdf