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e devotas: desvario num senti-
do mais difícil de reprimir do
que o resultante de uma con-
duta abertamente mundana e
criminosa, porque não querem
reconhecê-lo e a seu respeito
se iludem.
Se quisermos viver nesta terra
sem participar da corrupção do
século, só temos um partido a
tomar, o de rompermos absolu-
tamente com o mundo pelo
coração e entrarmos a sentir
com São Paulo, quando excla-
mava: O mundo está crucifica-
do para mim, e eu estou crucifi-
cado para o mundo.
Oh! que belas palavras, e quão
profundo o sentido que encer-
ram!
A cruz era outrora o suplício
mais infame, o suplício dos
escravos.
Dizendo o Apóstolo que o
mundo está crucificado para
ele, é como dissesse: Tenho
pelo mundo o mesmo despre-
zo, a mesma aversão, o mesmo
horror que por um vil escravo
crucificado pelos seus crimes:
não posso suportar-lhe a vista,
ele é para mim objeto de maldi-
ção, com o qual toda ligação e
todo trato e toda relação me
são interditos.
Nada de exagerado tem, ao
invés, apenas justo e legítimo é
esse sentimento de São Paulo,
que deve ser o de todo cristão
e a razão é evidente: o mundo
crucificou Jesus Cristo, depois
de havê-lo caluniado, insultado,
ultrajado; crucifica-O ainda
todos os dias: é, pois, justo que
o mundo, por sua vez, esteja
crucificado para o discípulo de
Jesus Cristo; é justo ter o discí-
pulo horror ao inimigo capital
do Mestre, do seu Salvador, do
seu Deus. Assim a renúncia ao
mundo é uma das promessas
Que é o mundo? E que deve
ele ser para o cristão? Duas
questões bem interessantes
para todos quantos desejam
pertencer inteiramente a Deus e
assegurar a salvação.
Que é o mundo? É o inimigo
de Jesus Cristo, o inimigo do
Evangelho. É esse conjunto de
pessoas que, presas às coisas
sensíveis, fazendo consistir
nelas a felicidade, têm horror
aos sofrimentos, à pobreza, as
humilhações e consideram es-
tas e aqueles, como verdadeiros
males de que cumpre fugir e
contra os quais de deve estar
garantido, custe o que custar;
que, em contraposição ligam o
maior apreço aos prazeres, as
riquezas e as honrarias; repu-
tam umas e outras, verdadeiros
bens; os desejam e buscam
portanto, com ardor extremo e
sem escolherem os meios; os
disputam, invejam e arrebatam
uns e outros; só se estima ou
desprezam-se mutuamente, na
medida em que os possuem;
em suma, fundam na aquisição
e no gozo desses bens todos os
seus princípios toda a sua mo-
ral, todo o plano de sua condu-
ta.
O espírito do mundo é, pois,
evidentemente oposto ao espíri-
to de Jesus Cristo e do Evange-
lho. Jesus Cristo, na oração por
seus eleitos, declara não orar
pelo mundo; anuncia, aos Após-
tolos e, nas pessoas destes, a
todos os cristãos, que o mundo
os há de odiar e perseguir, co-
mo a Ele próprio odiou e perse-
guiu. Quer que a seu turno fa-
çam eles contínua guerra ao
mundo.
Nos primeiros séculos da Igre-
ja, quando quase todos os cris-
tãos eram santos e a parte res-
tante da humanidade achava-se
abismada na idolatria, fácil
tornava-se discernir o mundo,
conhecer a gente que se podia
frequentar e a que se devia
evitar.
O mundo, então desencadea-
do contra Jesus Cristo, distin-
guia-se por sinais inequívocos.
Depois que nações inteiras
abraçaram o Evangelho e o
relaxamento se introduziu entre
os cristãos, formou-se pouco a
pouco no meio deles um mundo
no qual reinam todos os vícios
da idolatria, um mundo ávido de
honras, prazeres e riquezas, um
mundo cujas máximas comba-
tem diretamente as máximas de
Jesus Cristo.
Mas, como esse mundo pro-
fessa exteriormente o cristianis-
mo, hoje é mais difícil discerni-
lo. A sua frequentação também
se tornou mais perigosa porque
ele disfarça sua má doutrina
com mais habilidade, propaga-a
com mais tento, emprega toda
a sua sutileza para conciliá-la
com a doutrina cristã e, nesse
intuito, enfraquece, suaviza
tanto quanto pode o santo rigor
do Evangelho escondendo cui-
dadosamente, por outro lado,
todo o veneno da sua moral.
Daí um perigo de sedução
tanto maior porquanto não se
percebe e contra ele não se
está em guarda; daí certo espíri-
to de transigência e adaptação,
pelo qual procura-se conciliar a
severidade cristã com as máxi-
mas do século sobre a ambição,
a cobiça, o gozo dos prazeres;
acordo impossível, condescen-
dências ou atenuações que
tendem a lisonjear a natureza,
alterar a santidade cristã e for-
mar consciências falsas. É incrí-
vel a que ponto chega o descon-
certo, mesmo entre pessoas
que se prezam de ser piedosas
DO MUNDO
Manual das almas interiores
Pe. Grou
SANTOS E FES-
TAS DO MÊS:
03– Santa Teresinha do
Menino Jesus
04– São Francisco de
Assis
06– São Bruno
07- Nossa Senhora do
Rosário de Fátima
08– Santa Brígida
10– São Francisco Bór-
gia
11– Maternidade de
Maria Santíssima
12– Nossa Senhora da
Conceição Aparecida
15-São Geraldo Magela
15– Santa Teresa de
Jesus
17– Santa Margarida
Maria Alacoque
18– São Lucas
19– São Pedro de Alcân-
tara
24– São Rafael Arcanjo
27– Festa de Cristo Rei
28– Santos apóstolos
Simão e Judas Tadeu
N E S T A
E D I Ç Ã O :
Manual das Almas Interio-
res
1
Manual das Almas Interio-
res
2
A noiva singular 3
A noiva singular 4
Outubro/ 2013Edição 5
A Família Católica
C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S
Deus pede hoje estrita conta do meu tempo
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas como dar, sem tempo, tanta conta
Eu que gastei sem conta tanto tempo?
Para ter minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado e não fiz conta.
Não quis, tendo tempo, fazer conta.
Hoje quero fazer conta e não há tempo.
Oh! Vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo em fazer conta.
Pois aqueles que sem conta gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, se não der tempo.
Frei Antônio das ChagasFrei Antônio das ChagasFrei Antônio das ChagasFrei Antônio das Chagas
A F a m í l i a C a t ó l i c aE d i ç ã o 5
mais solenes do batismo, uma con-
dição essencial, sem a qual a Igreja
não nos teria admitido entre seus
filhos.
Pensamos nessa promessa?
Pensamos nas obrigações que ela
acarreta?
Examinamos até onde deve chegar
a nossa renúncia?
A renúncia do cristão a respeito do
mundo deve ir tão longe quanto a
renúncia do mundo a respeito de
Jesus Cristo.
Esta regra é clara e em face da sua
precisão fora impossível nos enga-
narmos. Só nos resta aplicá-la em
toda a extensão. O mundo tem o seu
evangelho: só temos que tomá-lo
numa das mãos e o Evangelho de
Jesus Cristo na outra; só temos que
comparar, sobre os mesmos objetos,
a doutrina e os exemplos de um e de
outro, só temos que opor Jesus Cris-
to na Cruz, no sofrimento, no opró-
brio e na nudez, ao mundo cercado e
embriagado de honras, riquezas e
prazeres, e dizer a nós mesmos: A
quem desejo pertencer?
Eis aí dois inimigos irreconciliáveis,
fazendo-se reciprocamente a guerra
mais cruel. A favor de qual deles
desejo declarar-me? É-me impossível
ficar neutro, ou tomar o partido de
ambos. Se escolho Jesus Cristo e a
Sua Cruz, o mundo me reprova; se
me prendo ao mundo e às suas pom-
pas, Jesus Cristo me rejeita e conde-
na: poderei hesitar? É cristão aquele
que hesita sequer um instante?
Mas, se uma vez nos alistamos sob
o estandarte da Cruz, não é evidente
que desde esse momento o mundo
se torna inimigo com o qual não há
mais a fazer pazes nem lhe dar tré-
guas?
Como isso vai longe, ainda uma vez!
e como os cristãos seriam santos se
da grandeza de seus compromissos
bem se compenetrassem.
Não basta estar o mundo crucifica-
do para nós, é preciso que consinta-
mos estar também crucificados para
o mundo, isto é, que o mundo nos
crucifique como crucificou a Jesus
Cristo; nos guerreie do mesmo modo
que guerreou a Jesus Cristo; nos
persiga, calunie e ultraje com igual
furor; nos arrebate, finalmente, os
bens, a honra, a própria vida.
É mister não só consentirmos em
todos esses sacrifícios de preferência
a renunciarmos à santidade cristã,
mas também fazer disso motivo de
alegria e triunfo. O discípulo deve
gloriar-se de ser tratado como o Mes-
tre: Se eles me perseguiram, dizia
Jesus Cristo a Seus Apóstolos, tam-
bém vos perseguirão: é coisa infalí-
vel. O mundo não seria o que é, ou os
cristãos não seriam o que devem ser,
se escapassem à perseguição do
mundo.
Procuramos muitas vezes certificar-
nos do nosso estado; quiséramos
saber se somos agradáveis a Deus,
se Jesus Cristo nos reconhece como
pertencentes a Ele. Eis um meio bem
próprio para esclarecer-nos e dissipar
todas as nossas inquietações: inda-
guemos se o mundo nos estima e
considera, se fala bem de nós e nos
procura. Neste caso não pertencer-
mos a Jesus Cristo. Pelo contrário, se
ele nos censura e ridiculariza, se nos
calunia foge de nós, nos despreza e
odeia, oh! que grande motivo de con-
solação, oh! que poderosa razão para
crermos que pertencemos a Jesus
Cristo!
Vejamos, pois, seriamente diante de
Deus, o que o mundo é para nós e o
que somos para o mundo. Sondemos
as nossas disposições interiores,
estudemos os sentimentos mais
profundos do nosso coração: achare-
mos por certo, motivo para nossa
confusão e humilhação; verificare-
mos haverem as máximas do mundo
deixado profundos vestígios em nos-
so espírito e que em muitas circuns-
tâncias delicadas os nossos juízos se
aproximam ainda dos seus; verifica-
remos que somos ciosos de sua esti-
ma e temeremos seus desprezos;
que gostamos de cultivar e entreter
certas relações e veríamos com des-
prazer os outros afastarem-se de
nós; que temos, em várias ocasiões,
condescendências, atenções, respei-
tos humanos que nos incomodam
peiam e conservam numa espécie de
constrangimento e dissimulação.
Veremos, numa palavra, que não
somos bem claramente a favor de
Jesus Cristo e contra o mundo.
Mas não desanimemos: triunfar ple-
namente do mundo, afrontá-lo, des-
prezá-lo, achar bom que por sua vez
ele nos afronte e despreze, não é
obra de um momento. Exerçamo-nos
nas pequenas ocasiões que se apre-
sentam: se Deus nos ama, jamais
deixará de no-las proporcionar e pe-
las pequenas vitórias reparemo-nos
aos grandes combates. Lembremo-
nos, sendo preciso, das palavras de
Jesus Cristo: Tende confiança, eu
venci o mundo. Supliquemo-Lhe que
nos ajude a vencer, ou antes, que Ele
mesmo vença em nós o mundo e
destrua em nossos corações o reino
deste para aí estabelecer o Seu.
IV PRIMEIRA EDUCAÇÃO DE INÊSIV PRIMEIRA EDUCAÇÃO DE INÊSIV PRIMEIRA EDUCAÇÃO DE INÊSIV PRIMEIRA EDUCAÇÃO DE INÊS
Se os exemplos do mundo são pernici-
osos à juventude depois de quase vinte
séculos de cristianismo, que dizer dos
perigos que uma jovem inexperta encon-
traria em Roma, em pleno paganismo?
Os pais de Inês, conhecendo as dificulda-
des, souberam prestar-lhe em tempo, os
oportunos remédios. O primeiro cuidado
de sua boa mãe, que, não pôde alimentá-
la ao próprio seio, foi o de buscar-lhe
uma ama da qual não pudesse receber
nenhum exemplo prejudicial, quer nas
palavras como nos atos, no que era bem
diferente das senhoras pagãs, as quais
deixavam os filhos entregues à corrupta
criadagem e aos mais estranhos capri-
chos.
Quando a suave criança começou a
falar, queremos crer lhe tenha logo ensi-
nado os doces nomes de Jesus e Maria, e
os cânticos e as orações usadas nas
funções litúrgicas. Ensinava-lhe a vida de
Nosso Senhor; falava-lhe da Sua infância,
dos Seus milagres, da Sua paixão e mor-
te, da Sua ressurreição e do reino a que
Ele chama os eleitos. Lia-lhe os mais
belos trechos do Seu Evangelho; as pará-
bolas tão claras e convincentes do Bom
Pastor, das dez virgens, do Juízo Final,
enquanto Inês, alma cândida e aberta à
virtude bebia avidamente essas verda-
des, sem nunca dizer: basta!
Falava-lhe também das santas virgens
que, na última perseguição haviam unido
a palma do martírio à coroa da virginda-
de; de Sta. Cecília que, levada ao matri-
mônio, contra a vontade, revelou ao es-
poso pagão, o voto feito de permanecer
virgem, assim como a proteção do Anjo. E
o esposo, Valeriano, creu também, foi
batizado, viu o Anjo de Cecília e morreu
mártir de Jesus Cristo. (...) E, quando já
mocinha, levava-a às catacumbas e cemi-
térios subterrâneos onde repousavam as
relíquias dos mártires, parece-nos ver
aquela piedosa mãe soerguendo a filhi-
nha para que beijasse o frio mármore
onde estava inciso o nome dos gloriosos
Confessores da nossa fé. A família e asA família e asA família e asA família e as
catacumbas, eis as escolas em que Inêscatacumbas, eis as escolas em que Inêscatacumbas, eis as escolas em que Inêscatacumbas, eis as escolas em que Inês
se educou.se educou.se educou.se educou.
Para melhor imaginarmos a infância e
educação de Inês, julgamos lícito aproxi-
má-la de uma alma irmãalma irmãalma irmãalma irmã da sua, que
viveu em nossos tempos e, na flor da
idade, levantou voo para o céu de onde
viera, levada nas asas do se seráfico
amor a Deus e se chamou: Terezinha do
Menino Jesus. Também ela recebeu, na
família, uma educação perfeitamente
cristã; igualmente, consagrou o seu cora-
ção a Jesus, irrevogavelmente, assim que
aprendeu a conhecê-lo; também a peque-
na de Lisieux, sempre feliz e sorridente,
fez de si uma perfeita imolação do divino
Cordeiro e foi, como são Luiz Gonzaga,
mártir desconhecida; finalmente, ela
também foi excelente na confiança em
Deus de quem se dizia a pequena flor e
filhinha. A sua vida mortal amadureceu
mais tarde que a de Inês, mas grande era
nela o desejo de martírio e, se vivesse em
outros tempos, não teria demonstrado,
por certo, menos firmeza que a virgem
romana, nem menor confiança no apoio
divino.
Dela escreve o cardeal Vico: “A virtude
( de Tereza ) impõe-se com a majestade
incrível; a menina torna-se numa heroína;
a virgem de mãos cheias de flores surpre-
ende-nos com a sua coragem viril”. (1)
Ninguém pode alcançar um grau heróico
de virtude senão combatendo as más
inclinações, e exercitando-se nas virtudes
que contrastam os instintos desregrados.
Nos pequeninos sacrifícios de todos os
dias, de todas as horas até, a alma se
adestra para o heróico e completo sacrifí-
cio de si mesma. Se Davi, quando peque-
no pastor não se tivesse exercitado no tiro
com a funda por divertimento, e para de-
fender o rebanho paterno, não teria con-
seguido mais tarde, abater com um só
golpe o gigante Golias.
“Quem é fiel nas coisas pequenas, diz
Nosso Senhor ( Luc. XVI,10) é fiel também
nas grandes, e quem é injusto nas coisas
pequenas, sê-lo-á também nas grandes.”
Sta. Tereza alcançou tão alto grau de per-
feição, foi pelo caminho do Calvário, o
caminho traçado pelo Divino Mestre; e se
Sta. Inês foi impávida antes os tiranos, se
conseguiu recusar o amor humano com as
suas riquezas e as suas pompas, foi por-
que desde pequena aprendeu a avaliar
em fumaça e lodo as honras e as riquezas
do mundo e a aspirar ao céu como sendo
a sua pátria.
Naqueles tempos de perseguição os
fiéis tinham muita dificuldade em compre-
ender o ensinamento do apóstolo: NãoNãoNãoNão
temos aqui em baixo a nossa moradatemos aqui em baixo a nossa moradatemos aqui em baixo a nossa moradatemos aqui em baixo a nossa morada
permanente, e buscamos sempre a outra,permanente, e buscamos sempre a outra,permanente, e buscamos sempre a outra,permanente, e buscamos sempre a outra,
na vida futura; somos aqui em baixo, nãona vida futura; somos aqui em baixo, nãona vida futura; somos aqui em baixo, nãona vida futura; somos aqui em baixo, não
senhores, mas hóspedes e peregrinos.senhores, mas hóspedes e peregrinos.senhores, mas hóspedes e peregrinos.senhores, mas hóspedes e peregrinos.
Conceito esse que Sta. Tereza expri-
miu em duas belas frases: “ A vida é uma
noite a passar em mau albergue. O tempo
é a tua nave não a tua morada.”
Daí o recolhimento e o amor à oração;
daí a repugnância àqueles folguedos que
constituem a alegria da infância. S. Jerôni-
mo afirmar-nos que Sta. Inês, demonstran-
do precoce naturalidade, aborrecia as
horas de recreio. Também Sta. Tereza do
Menino Jesus recebeu este dom, e escre-
ve: “Não sabendo fazer algazarra como as
demais crianças, percebia não ser uma
companheira agradável, e por mais que
me esforçasse em imitá-lás, nunca o con-
segui.” (1)
Essa foi a manhã do brevíssimo dia de
Inês na terra.
Uma pequena e delicadíssima flor des-
pontada no jardim fechado de uma família
cristã, cuidada com terna preocupação,
mas sempre pronta para receber as res-
tauradoras barrascas do céu e os raios de
sol; cândida pela inocência, perfumada
pelas virtudes que nela se iam desenvol-
vendo. Jesus preparara a esposa para as
lutas e robustecia aquela alma preparan-
do-a para o martírio . Ela se deixava con-
duzir, ou melhor, levar pela graça com a
confiança de uma criança que repousa
sobre o seio materno, jamais opondo à
secreta obra de Deus, aqueles pequenos
caprichos que se soe lamentar mesmo nas
almas inocentes.
O amor divino que tão facilmente se
acende nos corações que não sofreram
contato com o mundo, a ilimitada confian-
ça em Deus, despertaram em Inês, vivíssi-
mo desejo de lhe ser fiel, e santo horror
pela mínima culpa. Este é o segredo da
santidade que culminou, mais tarde, com
o ato heróico de martírio.
Quando em uma alma inocente, como
num terreno bem cultivado, se semeiam
as sementes divinas das virtudes cristãs,
quem poderá dizer as maravilhas que
Deus ai fará brotar? Vem a propósito, uma
observação psicológica de Sta. Terezinha.
Estava na casa de seu tio Guérin e, visitan-
do uma mãe de família pobre e doente,
pôde observar sobre os filhinhos da mes-
ma: “Ocupei-me bastante com as suas
filhinhas, a mais velha das quais não ti-
nha, ainda, sete anos. Que prazer para
mim observar o candor da fé que depu-
nham nas minhas palavras! Os germens
das virtudes teologais, depositadas nas
almas pelo Santo Batismo, devem ser
muito fecundas uma vez que a esperança
dos seus futuros é suficiente, mesmo na
infância, para fazer aceitar voluntariamen-
te qualquer espécie de sacrifício.
P á g i n a 3 A F a m í l i a C a t ó l i c a
A noiva singular
Mons. De Marchi
Quando queria ver verdadeiramente
unidas entre elas, aquelas criancinhas,
em lugar de recorrer às promessas de
doces e brinquedos, falava-lhes das
recompensas eternas que o Menino
Jesus daria aos meninos bons. A maior-
zinha, cuja inteligência já se entreabria,
olhava-me com expressão viva e alegre,
fazendo-me mil perguntas interessantes
sobre o pequeno Jesus e seu Paraíso.
Acrescentava, a seguir, que cederia
sempre ante a irmãzinha e não queria,
jamais, esquecer as lições da “ senhori-
ta grande” como costumava chamar-
me”. Se isso pode acontecer em nossos
tempos, em que a indiferença religiosa e
os maus costumes intoxicam grande
número de famílias, que poderemos
dizer da pequena Inês, crescida qual flor
de estufa, numa família de santos,
quando os cristãos podiam ser chama-
dos, a qualquer hora para prestar con-
tas da sua fé e dar-lhe o sigilo do próprio
sangue?
Outra coisa que observamos em Sta.
Terezinha e que nos pode auxiliar no
conhecimento da alma jovem de Inês, é
o espírito da oração. “Quando da prepa-
ração para a minha primeira Comu-
nhão— diz ela— desejava que me ensi-
nassem como meditar, porquanto Ma-
ria, minha irmã mais velha, achando
que eu já era bastante devota, permitia-
me, apenas, as orações vocais. Um dia,
uma das minhas professoras perguntou-
me sobre minhas ocupações nos dias
feriados. Respondi-lhe, timidamente: -
Senhora, costumo refugiar-me em um
cantinho do quarto, que posso, facil-
mente rodear com os cortinados da
cama, e lá, ponho-me a pensar. — Mas
no que pensa você? - acrescentou. Pen-
so em Deus, na brevidade desta vida,
na eternidade; enfim, penso. Tempos
depois, minha professora, falando do
tempo em que eu pensava, perguntava-me
sempre se ainda costumava pensar. Agora
compreendo ter feito naqueles tempos,
verdadeira meditação, em que o Mestre
Divino, tácita e suavemente instruía o meu
coração.”
Esta precoce facilidade ao recolhimento,
este dom da oração, que vem diretamente
do Espírito Santo, vamos encontrá-lo em
muitos outros santos.
O senhor compraz-se neles, a divina
Sabedoria que foge das almas orgulhosas e
mendazes, chama a si os pequenos: “ quem
é criança venha a mim. E aos que não têm
juízo ( isto é : àqueles que ainda não alcan-
çaram o pleno uso da razão ), diz ela a Sa-
bedoria:
“Vinde, comei o meu pão e bebei o vinho
que preparei para vós. Abandonai a infanti-
lidade e vivereis; seguí os caminhos da pru-
dência.” ( Provérbios IX, 4-6)
O julgar-se sem juízo, diz S. Gregório o
Grande, deve entender-se de acordo com
os sentimentos íntimos de humildade que
deve nutrir em seu coração quem quer se
tornar verdadeiramente sábio; porque
quem não se despreza a si mesmo, não
abraçou ainda a humilde sabedoria de
Deus, conforme a palavra de Cristo:
“Escondeste estas cousas aos sábios e
prudentes e as revelaste aos pequeni-
nos.” (Mat. XI, 25)
Tudo isso nos conduz a conhecer o
valor daquela infância espiritual que tan-
to brilha na vida e nos escritos de Sta.
Terezinha, e aquela força de vontade pela
qual, quando nos aprofundamos nos
segredos divinos, sabemos subjugar ao
dever as paixões, adquirir sobre elas ab-
soluto domínio e buscar aquela tranquili-
dade que só nos pode advir de Deus,
tornando a alma insensível aos argumen-
tos do mundo, intrépida ao afrontar a dor,
as perseguições e a morte.
Cremo-nos plenamente autorizados a
pensar que Inês, desde criança tenha
tido o dom da oração e da íntima união
com Deus. Podemos argumentar esse
ponto de vista pelo sorriso que sempre
resplandecia em todo o seu semblante,
pelas sensatas respostas que deu ao juiz
e pela confiança em Deus que demons-
trou nos momentos das mais tremendas
ameaças.
As verdadeiras e viris virtudes ( a
frase é de S. Francisco de Sales), as da-
mas romanas as hauriam nas Sagradas
Escrituras que tanto prezavam. De Sta.
Cecília conta-se que as levava, dia e noite
sobre o peito, assim como de muitos
outros mártires que preferiram a morte a
ceder aos profanos os livros Sagrados.
Naturalmente foi neles que se inspirou a
mãe de Inês ao educá-la. Deles, por sua
vez, deve ter servido Inês, para meditar.
“Vistes algum dia passar no céu, no início do outono, esses bandos de pássaros,
que, formando uma longa fila, seguem, do primeiro ao ultimo, as mesmas sinuo-
sidades? Diz-se que o mais forte é que voa na frente, fendendo ao ar, e que os mais
fracos, vindo atrás, entram, então, sem dificuldade na corrente de ar formada. Por
demais fracos que sejamos para abrir sozinhos o caminho do céu, saibamos ao me-
nos entrar no caminho deixado pelos santos: seu voo forte e seguro arrastar-nos-á
atrás de si e, quando os virmos tão amáveis, porque eram tão amantes, caminhare-
mos com menos temor para Aquele que constitui o fim supremo de seu amor, Deus”
Pe. Henri PerreyvePe. Henri PerreyvePe. Henri PerreyvePe. Henri Perreyve
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  • 1. e devotas: desvario num senti- do mais difícil de reprimir do que o resultante de uma con- duta abertamente mundana e criminosa, porque não querem reconhecê-lo e a seu respeito se iludem. Se quisermos viver nesta terra sem participar da corrupção do século, só temos um partido a tomar, o de rompermos absolu- tamente com o mundo pelo coração e entrarmos a sentir com São Paulo, quando excla- mava: O mundo está crucifica- do para mim, e eu estou crucifi- cado para o mundo. Oh! que belas palavras, e quão profundo o sentido que encer- ram! A cruz era outrora o suplício mais infame, o suplício dos escravos. Dizendo o Apóstolo que o mundo está crucificado para ele, é como dissesse: Tenho pelo mundo o mesmo despre- zo, a mesma aversão, o mesmo horror que por um vil escravo crucificado pelos seus crimes: não posso suportar-lhe a vista, ele é para mim objeto de maldi- ção, com o qual toda ligação e todo trato e toda relação me são interditos. Nada de exagerado tem, ao invés, apenas justo e legítimo é esse sentimento de São Paulo, que deve ser o de todo cristão e a razão é evidente: o mundo crucificou Jesus Cristo, depois de havê-lo caluniado, insultado, ultrajado; crucifica-O ainda todos os dias: é, pois, justo que o mundo, por sua vez, esteja crucificado para o discípulo de Jesus Cristo; é justo ter o discí- pulo horror ao inimigo capital do Mestre, do seu Salvador, do seu Deus. Assim a renúncia ao mundo é uma das promessas Que é o mundo? E que deve ele ser para o cristão? Duas questões bem interessantes para todos quantos desejam pertencer inteiramente a Deus e assegurar a salvação. Que é o mundo? É o inimigo de Jesus Cristo, o inimigo do Evangelho. É esse conjunto de pessoas que, presas às coisas sensíveis, fazendo consistir nelas a felicidade, têm horror aos sofrimentos, à pobreza, as humilhações e consideram es- tas e aqueles, como verdadeiros males de que cumpre fugir e contra os quais de deve estar garantido, custe o que custar; que, em contraposição ligam o maior apreço aos prazeres, as riquezas e as honrarias; repu- tam umas e outras, verdadeiros bens; os desejam e buscam portanto, com ardor extremo e sem escolherem os meios; os disputam, invejam e arrebatam uns e outros; só se estima ou desprezam-se mutuamente, na medida em que os possuem; em suma, fundam na aquisição e no gozo desses bens todos os seus princípios toda a sua mo- ral, todo o plano de sua condu- ta. O espírito do mundo é, pois, evidentemente oposto ao espíri- to de Jesus Cristo e do Evange- lho. Jesus Cristo, na oração por seus eleitos, declara não orar pelo mundo; anuncia, aos Após- tolos e, nas pessoas destes, a todos os cristãos, que o mundo os há de odiar e perseguir, co- mo a Ele próprio odiou e perse- guiu. Quer que a seu turno fa- çam eles contínua guerra ao mundo. Nos primeiros séculos da Igre- ja, quando quase todos os cris- tãos eram santos e a parte res- tante da humanidade achava-se abismada na idolatria, fácil tornava-se discernir o mundo, conhecer a gente que se podia frequentar e a que se devia evitar. O mundo, então desencadea- do contra Jesus Cristo, distin- guia-se por sinais inequívocos. Depois que nações inteiras abraçaram o Evangelho e o relaxamento se introduziu entre os cristãos, formou-se pouco a pouco no meio deles um mundo no qual reinam todos os vícios da idolatria, um mundo ávido de honras, prazeres e riquezas, um mundo cujas máximas comba- tem diretamente as máximas de Jesus Cristo. Mas, como esse mundo pro- fessa exteriormente o cristianis- mo, hoje é mais difícil discerni- lo. A sua frequentação também se tornou mais perigosa porque ele disfarça sua má doutrina com mais habilidade, propaga-a com mais tento, emprega toda a sua sutileza para conciliá-la com a doutrina cristã e, nesse intuito, enfraquece, suaviza tanto quanto pode o santo rigor do Evangelho escondendo cui- dadosamente, por outro lado, todo o veneno da sua moral. Daí um perigo de sedução tanto maior porquanto não se percebe e contra ele não se está em guarda; daí certo espíri- to de transigência e adaptação, pelo qual procura-se conciliar a severidade cristã com as máxi- mas do século sobre a ambição, a cobiça, o gozo dos prazeres; acordo impossível, condescen- dências ou atenuações que tendem a lisonjear a natureza, alterar a santidade cristã e for- mar consciências falsas. É incrí- vel a que ponto chega o descon- certo, mesmo entre pessoas que se prezam de ser piedosas DO MUNDO Manual das almas interiores Pe. Grou SANTOS E FES- TAS DO MÊS: 03– Santa Teresinha do Menino Jesus 04– São Francisco de Assis 06– São Bruno 07- Nossa Senhora do Rosário de Fátima 08– Santa Brígida 10– São Francisco Bór- gia 11– Maternidade de Maria Santíssima 12– Nossa Senhora da Conceição Aparecida 15-São Geraldo Magela 15– Santa Teresa de Jesus 17– Santa Margarida Maria Alacoque 18– São Lucas 19– São Pedro de Alcân- tara 24– São Rafael Arcanjo 27– Festa de Cristo Rei 28– Santos apóstolos Simão e Judas Tadeu N E S T A E D I Ç Ã O : Manual das Almas Interio- res 1 Manual das Almas Interio- res 2 A noiva singular 3 A noiva singular 4 Outubro/ 2013Edição 5 A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S
  • 2. Deus pede hoje estrita conta do meu tempo E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta. Mas como dar, sem tempo, tanta conta Eu que gastei sem conta tanto tempo? Para ter minha conta feita a tempo, O tempo me foi dado e não fiz conta. Não quis, tendo tempo, fazer conta. Hoje quero fazer conta e não há tempo. Oh! Vós, que tendes tempo sem ter conta, Não gasteis vosso tempo em passatempo. Cuidai, enquanto é tempo em fazer conta. Pois aqueles que sem conta gastam tempo, Quando o tempo chegar de prestar conta, Chorarão, como eu, se não der tempo. Frei Antônio das ChagasFrei Antônio das ChagasFrei Antônio das ChagasFrei Antônio das Chagas A F a m í l i a C a t ó l i c aE d i ç ã o 5 mais solenes do batismo, uma con- dição essencial, sem a qual a Igreja não nos teria admitido entre seus filhos. Pensamos nessa promessa? Pensamos nas obrigações que ela acarreta? Examinamos até onde deve chegar a nossa renúncia? A renúncia do cristão a respeito do mundo deve ir tão longe quanto a renúncia do mundo a respeito de Jesus Cristo. Esta regra é clara e em face da sua precisão fora impossível nos enga- narmos. Só nos resta aplicá-la em toda a extensão. O mundo tem o seu evangelho: só temos que tomá-lo numa das mãos e o Evangelho de Jesus Cristo na outra; só temos que comparar, sobre os mesmos objetos, a doutrina e os exemplos de um e de outro, só temos que opor Jesus Cris- to na Cruz, no sofrimento, no opró- brio e na nudez, ao mundo cercado e embriagado de honras, riquezas e prazeres, e dizer a nós mesmos: A quem desejo pertencer? Eis aí dois inimigos irreconciliáveis, fazendo-se reciprocamente a guerra mais cruel. A favor de qual deles desejo declarar-me? É-me impossível ficar neutro, ou tomar o partido de ambos. Se escolho Jesus Cristo e a Sua Cruz, o mundo me reprova; se me prendo ao mundo e às suas pom- pas, Jesus Cristo me rejeita e conde- na: poderei hesitar? É cristão aquele que hesita sequer um instante? Mas, se uma vez nos alistamos sob o estandarte da Cruz, não é evidente que desde esse momento o mundo se torna inimigo com o qual não há mais a fazer pazes nem lhe dar tré- guas? Como isso vai longe, ainda uma vez! e como os cristãos seriam santos se da grandeza de seus compromissos bem se compenetrassem. Não basta estar o mundo crucifica- do para nós, é preciso que consinta- mos estar também crucificados para o mundo, isto é, que o mundo nos crucifique como crucificou a Jesus Cristo; nos guerreie do mesmo modo que guerreou a Jesus Cristo; nos persiga, calunie e ultraje com igual furor; nos arrebate, finalmente, os bens, a honra, a própria vida. É mister não só consentirmos em todos esses sacrifícios de preferência a renunciarmos à santidade cristã, mas também fazer disso motivo de alegria e triunfo. O discípulo deve gloriar-se de ser tratado como o Mes- tre: Se eles me perseguiram, dizia Jesus Cristo a Seus Apóstolos, tam- bém vos perseguirão: é coisa infalí- vel. O mundo não seria o que é, ou os cristãos não seriam o que devem ser, se escapassem à perseguição do mundo. Procuramos muitas vezes certificar- nos do nosso estado; quiséramos saber se somos agradáveis a Deus, se Jesus Cristo nos reconhece como pertencentes a Ele. Eis um meio bem próprio para esclarecer-nos e dissipar todas as nossas inquietações: inda- guemos se o mundo nos estima e considera, se fala bem de nós e nos procura. Neste caso não pertencer- mos a Jesus Cristo. Pelo contrário, se ele nos censura e ridiculariza, se nos calunia foge de nós, nos despreza e odeia, oh! que grande motivo de con- solação, oh! que poderosa razão para crermos que pertencemos a Jesus Cristo! Vejamos, pois, seriamente diante de Deus, o que o mundo é para nós e o que somos para o mundo. Sondemos as nossas disposições interiores, estudemos os sentimentos mais profundos do nosso coração: achare- mos por certo, motivo para nossa confusão e humilhação; verificare- mos haverem as máximas do mundo deixado profundos vestígios em nos- so espírito e que em muitas circuns- tâncias delicadas os nossos juízos se aproximam ainda dos seus; verifica- remos que somos ciosos de sua esti- ma e temeremos seus desprezos; que gostamos de cultivar e entreter certas relações e veríamos com des- prazer os outros afastarem-se de nós; que temos, em várias ocasiões, condescendências, atenções, respei- tos humanos que nos incomodam peiam e conservam numa espécie de constrangimento e dissimulação. Veremos, numa palavra, que não somos bem claramente a favor de Jesus Cristo e contra o mundo. Mas não desanimemos: triunfar ple- namente do mundo, afrontá-lo, des- prezá-lo, achar bom que por sua vez ele nos afronte e despreze, não é obra de um momento. Exerçamo-nos nas pequenas ocasiões que se apre- sentam: se Deus nos ama, jamais deixará de no-las proporcionar e pe- las pequenas vitórias reparemo-nos aos grandes combates. Lembremo- nos, sendo preciso, das palavras de Jesus Cristo: Tende confiança, eu venci o mundo. Supliquemo-Lhe que nos ajude a vencer, ou antes, que Ele mesmo vença em nós o mundo e destrua em nossos corações o reino deste para aí estabelecer o Seu.
  • 3. IV PRIMEIRA EDUCAÇÃO DE INÊSIV PRIMEIRA EDUCAÇÃO DE INÊSIV PRIMEIRA EDUCAÇÃO DE INÊSIV PRIMEIRA EDUCAÇÃO DE INÊS Se os exemplos do mundo são pernici- osos à juventude depois de quase vinte séculos de cristianismo, que dizer dos perigos que uma jovem inexperta encon- traria em Roma, em pleno paganismo? Os pais de Inês, conhecendo as dificulda- des, souberam prestar-lhe em tempo, os oportunos remédios. O primeiro cuidado de sua boa mãe, que, não pôde alimentá- la ao próprio seio, foi o de buscar-lhe uma ama da qual não pudesse receber nenhum exemplo prejudicial, quer nas palavras como nos atos, no que era bem diferente das senhoras pagãs, as quais deixavam os filhos entregues à corrupta criadagem e aos mais estranhos capri- chos. Quando a suave criança começou a falar, queremos crer lhe tenha logo ensi- nado os doces nomes de Jesus e Maria, e os cânticos e as orações usadas nas funções litúrgicas. Ensinava-lhe a vida de Nosso Senhor; falava-lhe da Sua infância, dos Seus milagres, da Sua paixão e mor- te, da Sua ressurreição e do reino a que Ele chama os eleitos. Lia-lhe os mais belos trechos do Seu Evangelho; as pará- bolas tão claras e convincentes do Bom Pastor, das dez virgens, do Juízo Final, enquanto Inês, alma cândida e aberta à virtude bebia avidamente essas verda- des, sem nunca dizer: basta! Falava-lhe também das santas virgens que, na última perseguição haviam unido a palma do martírio à coroa da virginda- de; de Sta. Cecília que, levada ao matri- mônio, contra a vontade, revelou ao es- poso pagão, o voto feito de permanecer virgem, assim como a proteção do Anjo. E o esposo, Valeriano, creu também, foi batizado, viu o Anjo de Cecília e morreu mártir de Jesus Cristo. (...) E, quando já mocinha, levava-a às catacumbas e cemi- térios subterrâneos onde repousavam as relíquias dos mártires, parece-nos ver aquela piedosa mãe soerguendo a filhi- nha para que beijasse o frio mármore onde estava inciso o nome dos gloriosos Confessores da nossa fé. A família e asA família e asA família e asA família e as catacumbas, eis as escolas em que Inêscatacumbas, eis as escolas em que Inêscatacumbas, eis as escolas em que Inêscatacumbas, eis as escolas em que Inês se educou.se educou.se educou.se educou. Para melhor imaginarmos a infância e educação de Inês, julgamos lícito aproxi- má-la de uma alma irmãalma irmãalma irmãalma irmã da sua, que viveu em nossos tempos e, na flor da idade, levantou voo para o céu de onde viera, levada nas asas do se seráfico amor a Deus e se chamou: Terezinha do Menino Jesus. Também ela recebeu, na família, uma educação perfeitamente cristã; igualmente, consagrou o seu cora- ção a Jesus, irrevogavelmente, assim que aprendeu a conhecê-lo; também a peque- na de Lisieux, sempre feliz e sorridente, fez de si uma perfeita imolação do divino Cordeiro e foi, como são Luiz Gonzaga, mártir desconhecida; finalmente, ela também foi excelente na confiança em Deus de quem se dizia a pequena flor e filhinha. A sua vida mortal amadureceu mais tarde que a de Inês, mas grande era nela o desejo de martírio e, se vivesse em outros tempos, não teria demonstrado, por certo, menos firmeza que a virgem romana, nem menor confiança no apoio divino. Dela escreve o cardeal Vico: “A virtude ( de Tereza ) impõe-se com a majestade incrível; a menina torna-se numa heroína; a virgem de mãos cheias de flores surpre- ende-nos com a sua coragem viril”. (1) Ninguém pode alcançar um grau heróico de virtude senão combatendo as más inclinações, e exercitando-se nas virtudes que contrastam os instintos desregrados. Nos pequeninos sacrifícios de todos os dias, de todas as horas até, a alma se adestra para o heróico e completo sacrifí- cio de si mesma. Se Davi, quando peque- no pastor não se tivesse exercitado no tiro com a funda por divertimento, e para de- fender o rebanho paterno, não teria con- seguido mais tarde, abater com um só golpe o gigante Golias. “Quem é fiel nas coisas pequenas, diz Nosso Senhor ( Luc. XVI,10) é fiel também nas grandes, e quem é injusto nas coisas pequenas, sê-lo-á também nas grandes.” Sta. Tereza alcançou tão alto grau de per- feição, foi pelo caminho do Calvário, o caminho traçado pelo Divino Mestre; e se Sta. Inês foi impávida antes os tiranos, se conseguiu recusar o amor humano com as suas riquezas e as suas pompas, foi por- que desde pequena aprendeu a avaliar em fumaça e lodo as honras e as riquezas do mundo e a aspirar ao céu como sendo a sua pátria. Naqueles tempos de perseguição os fiéis tinham muita dificuldade em compre- ender o ensinamento do apóstolo: NãoNãoNãoNão temos aqui em baixo a nossa moradatemos aqui em baixo a nossa moradatemos aqui em baixo a nossa moradatemos aqui em baixo a nossa morada permanente, e buscamos sempre a outra,permanente, e buscamos sempre a outra,permanente, e buscamos sempre a outra,permanente, e buscamos sempre a outra, na vida futura; somos aqui em baixo, nãona vida futura; somos aqui em baixo, nãona vida futura; somos aqui em baixo, nãona vida futura; somos aqui em baixo, não senhores, mas hóspedes e peregrinos.senhores, mas hóspedes e peregrinos.senhores, mas hóspedes e peregrinos.senhores, mas hóspedes e peregrinos. Conceito esse que Sta. Tereza expri- miu em duas belas frases: “ A vida é uma noite a passar em mau albergue. O tempo é a tua nave não a tua morada.” Daí o recolhimento e o amor à oração; daí a repugnância àqueles folguedos que constituem a alegria da infância. S. Jerôni- mo afirmar-nos que Sta. Inês, demonstran- do precoce naturalidade, aborrecia as horas de recreio. Também Sta. Tereza do Menino Jesus recebeu este dom, e escre- ve: “Não sabendo fazer algazarra como as demais crianças, percebia não ser uma companheira agradável, e por mais que me esforçasse em imitá-lás, nunca o con- segui.” (1) Essa foi a manhã do brevíssimo dia de Inês na terra. Uma pequena e delicadíssima flor des- pontada no jardim fechado de uma família cristã, cuidada com terna preocupação, mas sempre pronta para receber as res- tauradoras barrascas do céu e os raios de sol; cândida pela inocência, perfumada pelas virtudes que nela se iam desenvol- vendo. Jesus preparara a esposa para as lutas e robustecia aquela alma preparan- do-a para o martírio . Ela se deixava con- duzir, ou melhor, levar pela graça com a confiança de uma criança que repousa sobre o seio materno, jamais opondo à secreta obra de Deus, aqueles pequenos caprichos que se soe lamentar mesmo nas almas inocentes. O amor divino que tão facilmente se acende nos corações que não sofreram contato com o mundo, a ilimitada confian- ça em Deus, despertaram em Inês, vivíssi- mo desejo de lhe ser fiel, e santo horror pela mínima culpa. Este é o segredo da santidade que culminou, mais tarde, com o ato heróico de martírio. Quando em uma alma inocente, como num terreno bem cultivado, se semeiam as sementes divinas das virtudes cristãs, quem poderá dizer as maravilhas que Deus ai fará brotar? Vem a propósito, uma observação psicológica de Sta. Terezinha. Estava na casa de seu tio Guérin e, visitan- do uma mãe de família pobre e doente, pôde observar sobre os filhinhos da mes- ma: “Ocupei-me bastante com as suas filhinhas, a mais velha das quais não ti- nha, ainda, sete anos. Que prazer para mim observar o candor da fé que depu- nham nas minhas palavras! Os germens das virtudes teologais, depositadas nas almas pelo Santo Batismo, devem ser muito fecundas uma vez que a esperança dos seus futuros é suficiente, mesmo na infância, para fazer aceitar voluntariamen- te qualquer espécie de sacrifício. P á g i n a 3 A F a m í l i a C a t ó l i c a A noiva singular Mons. De Marchi
  • 4. Quando queria ver verdadeiramente unidas entre elas, aquelas criancinhas, em lugar de recorrer às promessas de doces e brinquedos, falava-lhes das recompensas eternas que o Menino Jesus daria aos meninos bons. A maior- zinha, cuja inteligência já se entreabria, olhava-me com expressão viva e alegre, fazendo-me mil perguntas interessantes sobre o pequeno Jesus e seu Paraíso. Acrescentava, a seguir, que cederia sempre ante a irmãzinha e não queria, jamais, esquecer as lições da “ senhori- ta grande” como costumava chamar- me”. Se isso pode acontecer em nossos tempos, em que a indiferença religiosa e os maus costumes intoxicam grande número de famílias, que poderemos dizer da pequena Inês, crescida qual flor de estufa, numa família de santos, quando os cristãos podiam ser chama- dos, a qualquer hora para prestar con- tas da sua fé e dar-lhe o sigilo do próprio sangue? Outra coisa que observamos em Sta. Terezinha e que nos pode auxiliar no conhecimento da alma jovem de Inês, é o espírito da oração. “Quando da prepa- ração para a minha primeira Comu- nhão— diz ela— desejava que me ensi- nassem como meditar, porquanto Ma- ria, minha irmã mais velha, achando que eu já era bastante devota, permitia- me, apenas, as orações vocais. Um dia, uma das minhas professoras perguntou- me sobre minhas ocupações nos dias feriados. Respondi-lhe, timidamente: - Senhora, costumo refugiar-me em um cantinho do quarto, que posso, facil- mente rodear com os cortinados da cama, e lá, ponho-me a pensar. — Mas no que pensa você? - acrescentou. Pen- so em Deus, na brevidade desta vida, na eternidade; enfim, penso. Tempos depois, minha professora, falando do tempo em que eu pensava, perguntava-me sempre se ainda costumava pensar. Agora compreendo ter feito naqueles tempos, verdadeira meditação, em que o Mestre Divino, tácita e suavemente instruía o meu coração.” Esta precoce facilidade ao recolhimento, este dom da oração, que vem diretamente do Espírito Santo, vamos encontrá-lo em muitos outros santos. O senhor compraz-se neles, a divina Sabedoria que foge das almas orgulhosas e mendazes, chama a si os pequenos: “ quem é criança venha a mim. E aos que não têm juízo ( isto é : àqueles que ainda não alcan- çaram o pleno uso da razão ), diz ela a Sa- bedoria: “Vinde, comei o meu pão e bebei o vinho que preparei para vós. Abandonai a infanti- lidade e vivereis; seguí os caminhos da pru- dência.” ( Provérbios IX, 4-6) O julgar-se sem juízo, diz S. Gregório o Grande, deve entender-se de acordo com os sentimentos íntimos de humildade que deve nutrir em seu coração quem quer se tornar verdadeiramente sábio; porque quem não se despreza a si mesmo, não abraçou ainda a humilde sabedoria de Deus, conforme a palavra de Cristo: “Escondeste estas cousas aos sábios e prudentes e as revelaste aos pequeni- nos.” (Mat. XI, 25) Tudo isso nos conduz a conhecer o valor daquela infância espiritual que tan- to brilha na vida e nos escritos de Sta. Terezinha, e aquela força de vontade pela qual, quando nos aprofundamos nos segredos divinos, sabemos subjugar ao dever as paixões, adquirir sobre elas ab- soluto domínio e buscar aquela tranquili- dade que só nos pode advir de Deus, tornando a alma insensível aos argumen- tos do mundo, intrépida ao afrontar a dor, as perseguições e a morte. Cremo-nos plenamente autorizados a pensar que Inês, desde criança tenha tido o dom da oração e da íntima união com Deus. Podemos argumentar esse ponto de vista pelo sorriso que sempre resplandecia em todo o seu semblante, pelas sensatas respostas que deu ao juiz e pela confiança em Deus que demons- trou nos momentos das mais tremendas ameaças. As verdadeiras e viris virtudes ( a frase é de S. Francisco de Sales), as da- mas romanas as hauriam nas Sagradas Escrituras que tanto prezavam. De Sta. Cecília conta-se que as levava, dia e noite sobre o peito, assim como de muitos outros mártires que preferiram a morte a ceder aos profanos os livros Sagrados. Naturalmente foi neles que se inspirou a mãe de Inês ao educá-la. Deles, por sua vez, deve ter servido Inês, para meditar. “Vistes algum dia passar no céu, no início do outono, esses bandos de pássaros, que, formando uma longa fila, seguem, do primeiro ao ultimo, as mesmas sinuo- sidades? Diz-se que o mais forte é que voa na frente, fendendo ao ar, e que os mais fracos, vindo atrás, entram, então, sem dificuldade na corrente de ar formada. Por demais fracos que sejamos para abrir sozinhos o caminho do céu, saibamos ao me- nos entrar no caminho deixado pelos santos: seu voo forte e seguro arrastar-nos-á atrás de si e, quando os virmos tão amáveis, porque eram tão amantes, caminhare- mos com menos temor para Aquele que constitui o fim supremo de seu amor, Deus” Pe. Henri PerreyvePe. Henri PerreyvePe. Henri PerreyvePe. Henri Perreyve Edição: Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES. h p://www.nossasenhoradasalegrias.com.br/ Entre em contato conosco pelo e-mail: jornalafamiliacatolica@gmail.com