O documento discute uma sequência didática para ensinar o gênero textual reportagem para alunos do 6o ano. A sequência inclui análise de modelos, identificação de estratégias discursivas e recursos linguísticos, e atividades de escrita e reescrita que levam a uma melhoria na produção de uma aluna. O professor deve fornecer feedback positivo e apontar melhorias para a próxima versão.
O professor leitor do texto do aluno: SD, reflexão linguística, reescrita
1. O professor leitor do texto do aluno
Sequência didática, reescrita e reflexão linguística
Professora Terezinha Barroso - UFJF
2. Objetivos da oficina
Propor ao professor
uma postura de leitor diferenciada, frente ao texto escrito do
aluno;
uma sequência didática para o aprendizado do gênero
reportagem;
a reeescrita, como modelo didático eficiente para potencializar a
competência linguística e discursiva do aluno e sua capacidade de
refletir sobre a língua.
3. Condições de produção do texto
• ano escolar: 6º ano de uma escola pública
• base teórica ISD
• projeto coletivo proposto aos alunos: criação de
um jornal de sala. Para isso: conhecer (ler e
escrever) os gêneros textuais que irão compor
o jornal
• proposta guia da produção inicial: escrever uma
reportagem, com apoio em informações
fornecidas por um esquema previamente dado
pelo professor
4. Esquema
Nome: Fernando Falcão Henriques
Profissão: engenheiro
Naturalidade: carioca
Coleção: telecartofilia – 5000 cartões telefônicos de várias partes
do mundo
Trabalho publicado: catálogo recém-lançado sobre a curta história
dos cartões de polipropileno brasileiros
6. Análise da produção inicial da aluna
Quanto ao domínio da capacidade linguístico-discursiva:
relações lógico-semânticas mal definidas entre as
informações;
redundância do conector “e “;
não domínio de estratégias de inserção de depoimentos na
reportagem, por meio pontuação e do uso de verbos de
elocução;
ausência de uma introdução, cuja função discursiva seja a
de motivar para a leitura da reportagem;
ausência de um fechamento para a reportagem;
escolha inadequada do título.
7. Sequência didática para potencializar a capacidade linguística-
discursiva para a produção do gênero em foco –
reportagem em jornal da sala
Leitura de pequenas reportagens (modelos textuais) para reconhecimento da natureza e
características do gênero em estudo (em revistas e sites infantis): reconhecimento do gênero
por comparação com outros já aprendidos, mapeamento da moldura comunicativa:
identificação do suporte, local e data de publicação, leitor pretendido, leitura de imagens
que compõem a reportagem).
Atividade de identificação das estratégias discursivas utilizadas pelo jornalista para:
introduzir o tema;
finalizar a reportagem;
definir o título da reportagem;
envolver o leitor ao longo do texto.
e a função dessas estratégias na esfera jornalística.
Identificação dos recursos linguísticos utilizados para apresentar depoimentos em
reportagem: forma de apresentação da pessoa entrevistada (nome, idade, profissão,
nacionalidade), uso dos verbos de elocução (comentar, afirmar, advertir, testemunhar etc) e
sua posição no texto.
Exercícios escritos: identificar a plano geral de uma reportagem; pesquisar em jornais verbos
de elocução usados e associá-los aos depoimentos, adequando verbo ao contéudo do
depoimento e ao depoente; selecionar expressões linguísticas mobilzadoras de interesse e
motivação do leitor; criar novos títulos para as reportagens lidas etc.
8.
9. Proposta de produção de reportagem
Versão final
A partir do esquema fornecido, produzir uma reportagem, podendo o aluno
acrescentar à redação final outras informações coerentes com o assunto.
Nome: José Paulo de Sousa, 17 anos
Profissão: estudante do Colégio Santa Clara
Naturalidade: paulista
Coleção: 45000 latas de cerveja e refrigerante do mundo inteiro
Ações: * fundou um clube: “Clube da Lata”, com participação de alunos da escola e de
escolas vizinhas;
* organizou um evento na escola: “Hora de Troca e Venda;
* criou uma página na internet.
11. Análise da produção final da aluna - os avanços da
jornalista mirim
adequação do texto ao gênero solicitado;
relações lógico-semânticas entre as informações;
uso variado de conectores;
inserção de depoimentos na reportagem, por meio de
pontuação e uso de verbos de elocução;
introdução com a função discursiva de motivar a leitura
da reportagem;
fechamento da reportagem;
melhor escolha para o título da reportagem;
aproveitamento adequado das informações do
esquema.
12. O professor leitor da produção final de C.
refletir com o aluno sobre seus avanços, nomeando-os –
comparar as duas produções;
qualificar o aluno como bom candidato a repórter do jornal de
sala;
sinalizar por escrito (no final da página) alguns desvios que
deverão ser corrigidos pelo aluno, para facilitar a leitura do
leitor da reportagem:
informar sobre o destino normalmente dado às latinhas;
selecionar verbo de elocução mais adequado ao depoimento de José
Paulo;
reescrever o período destinado à apresentação de José Paulo;
dar maiores informações sobre o site criado;
refazer o fechamento do texto adequando-o ao gênero.
13. Produção final: versão reescrita
Colecionar latinhas uma nova forma de diversão
Quando você pensa em beber alguma coisa, você logo lembra de refrigerante e
cerveja, e a maioria das pessoas sempre tem um destino para essas latinhas o lixo.
José Paulo de Sousa, que adora colecionar latinhas, e tem uma grande coleção, não
gosta que as pessoas joguem latas fora, pois ele tem um bom destino para elas: sua
coleção. O rapaz de 17 anos, paulista, estudante, comenta: “Já tenho 4500 latinhas de
todo o mundo, por isso, fundei um clube chamado “Clube da Lata” do qual participam
alunos do meu colégio e de colégios vizinhos. No clube tem hora de troca e venda, e eu
também criei um página da internet para que todos interessados possam participar.”
Se você quiser entrar nesse clube é só entrar no site: Clube da lata @ Rede
Globo.com.BR e ficará sabendo de como fazer parte do clube, as regras,etc.
14. Algumas considerações finais
A prática de análise linguística é aliada poderosa do
desenvolvimento da competência discursiva – uso da língua
em gêneros textuais.
A didática de ensino, com base no planejamento de
sequência didática, deve considerar uma progressão de
complexidade das capacidades de linguagem envolvidas na
produção do gênero.
A escrita deve ser assumida como processo; não como
produto.
Ensinar a escrever é ensinar a reescrever: reler o próprio
texto, avaliar o que escreveu, refletir sobre recursos
linguísticos e discursivos, fazer mudanças necessárias para
adequar o texto à situação de produção.
15. Lembretes importantes quanto
ao conhecimento do professor sobre o gênero que passa a compor a
unidade de estudo: sem o domínio de um repertório de gêneros
textuais que circulam na sociedade e o reconhecimento das
capacidades de linguagem que envolvem a produção e a recepção do
gênero selecionado como unidade de estudo, o professor não será
capaz de construir um olhar analítico sobre esse objeto de ensino,
assim como terá dificuldades para organizar uma sequência didática
que culmine na compreensão do gênero em foco pelos alunos;
aos objetivos de ensino a que a sequência didática vai servir: são
variados e dependem diretamente da avaliação diagnóstica do
professor, que identificará: (1) o grau de intimidade do aprendiz com
o universo de gêneros textuais disponíveis, (2) o gênero textual a ser
estudado através da SD, (3) as dificuldades de natureza discursiva e
linguística para o uso de determinado gênero oral ou escrito.
16. Referências
• ABAURRE, Maria Bernadete Marques; FIAD, Raquel Salek et alii. Cenas de Aquisição
da Escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras: ALB,2001.
• BARROSO, Terezinha. Gêneros textuais e ensino de Língua Portuguesa IN: Boletim
Pedagógico – Língua Portuguesa / Proeb 2000, UFJF/CAED. pp 69-76, julho 2001.
• FIAD, Raquel Salek. Escrever é reescrever: caderno do professor. Belo Horizonte:
Ceale/FaE/UFMG, 2006.
• SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação
de um procedimento IN: Gêneros orais e escritos na escola. 2. ed. Campinas:
Mercado das Letras, 2010.
• http://criancas.uol.com.br/novidades/2011/11/05/colecionadores-mirins-falam-
sobre-filatelia-e-reporter-do-uol-vira- estampa-de-selo.jhtm
• http://quandoeutinha8anos.wordpress.com/2010/01/23/pequenos-colecionadores/
• http://blogs.estadao.com.br/estadinho/2012/04/07/pequenos-colecionadores/