SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 24
Baixar para ler offline
PUC Minas Virtual • 1
1. Objetivos da Disciplina
O objetivo principal dessa disciplina é conhecer os diversos tipos de respiradores que podem ser utilizados
como recurso adicional para a proteção dos trabalhadores expostos aos agentes químicos ou a ambientes
com deficiência de oxigênio, bem como a metodologia recomendada para a adequada especificação de
proteção respiratória.
Nesta diciplina, você verá que o PPR – Programa de Proteção Respiratória – pode ser considerado como
um complemento do PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e do PCMSO – Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional e deve ser entendido como um conjunto organizado de recomen-
dações formais e medidas técnicas-administrativas para especificar e usar adequadamente Equipamentos
de Proteção Respiratória – EPR, de forma que a exposição dos trabalhadores a agentes tóxicos ou a at-
mosferas deficientes de oxigênio seja efetivamente controlada, ou, no mínimo, atenuada a níveis aceitá-
veis.
Entendemos como níveis aceitáveis aquelas concentrações de agentes químicos que estejam abaixo do
nível de ação, ou seja, 50% dos limites de exposição do agente em estudo, determinadas de acordo com
uma estratégia de amostragem confiável, passível de rastreabilidade e dentro de um padrão de exposição
relativamente estável.
Criado pela Instrução Normativa 01, de 11 de abril de 1994, o PPR tem suas diretivas contidas na publica-
ção da Fundacentro – Programa de Proteção Respiratória – PPRA: Recomendações, Seleção e Uso de
Respiradores, elaborada por especialistas integrantes da Comissão de Estudos de Proteção Respiratória
da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Como o manual de Programa de Proteção Respiratória publicado pela FUNDACENTRO é bem completo,
não é nossa intenção copiar todo o programa e o colocar nesse material didádico, mas apenas chamar a
atenção do aluno para os pontos principais contidos nesse programa, além de conteplar outros conceitos
não contemplados por este.
Com o intuito de ampliar seus conhecimentos sobre este assunto, recomendamos a leitura do livro Manual
de Proteção Respiratória, dos pesquisadores Maurício Torloni e Antônio Vladimir Vieira, que aborda de
forma didática e abrangente os aspectos técnicos necessários para a leitura completa do documento da
Fundacentro.
Em consonância com a legislação e normas técnicas pertinentes de segurança, higiene e saúde ocupaci-
onal, o PPR deve ser um complemento das medidas de controle adotadas pelas empresas, quando com-
provadamente as de natureza coletiva e/ou administrativas não forem suficientes para controlar os riscos
existentes, ou estiverem sendo implantadas, ou ainda em caráter emergencial, com a finalidade de garan-
tir uma completa proteção aos trabalhadores contra os agentes químicos existentes nos ambientes de
trabalho.
A publicação PPR da Fundacentro apresenta um Glossário de Termos empregados em seu conteúdo.
Programa de Proteção Respiratória
Alexandre Pinto da Silva
PUC Minas Virtual • 2
2. Agentes e Riscos Químicos: Conceituação no Âmbito da Higiene Ocupacional
2.1. Riscos Químicos
Você sabia que Agente Químico é uma categoria importante de fator de risco ocupacional constituída por
substâncias, compostos ou produtos, orgânicos ou inorgânicos, naturais ou sintéticos que, durante a ex-
ploração, fabricação, manuseio, transporte, armazenamento ou uso, tem potencial para comprometer a
saúde e a integridade física dos seres vivos?
Pois bem, basicamente os mesmos agentes químicos que geram condições insalubres nos ambientes de
trabalho podem vir a constituir aspectos ambientais significativos quando extrapolam os limites físicos da
organização, afetando as comunidades vizinhas, o meio ambiente e os recursos naturais. Daí a interação
(comumente, as melhorias que são implantadas na empresa para controlar estes riscos também favore-
cem o meio ambiente e vice-versa) entre a Higiene Ocupacional e as disciplinas ambientais.
Já o Risco Químico, é a exposição a substâncias, compostos ou produtos químicos presentes no ambiente
de trabalho, na condição de matéria-prima, insumos, produto intermediário, produto final ou como resíduo,
em qualquer estado físico, e que em função das características da exposição e/ou da eficácia das medidas
de controle, poderão entrar em contato com o corpo humano, interagindo de forma localizada, ou em ação
generalizada ou sistêmica, quando for levado pelos fluidos internos, chegando aos diferentes órgãos e
tecidos do organismo.
2.2. Higiene Ocupacional - Agentes Químicos
No âmbito da Higiene Ocupacional, os agentes químicos estão relacionados à insalubridade e compreen-
dem as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas
formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de ex-
posição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão (item
9.1.5.2 – NR 9).
Esta conceituação legal já antecipa as formas como uma substância química pode adentrar no organismo
e a classificação destes agentes, de acordo com as suas características físico-químicas. Também menci-
ona a natureza da atividade de exposição, como pré-requisito para a configuração do risco propriamente
dito.
Do ponto de vista químico, substância (ou espécie química) é a porção de matéria formada por moléculas
quimicamente iguais, isto é, constituídas dos mesmos elementos, nas mesmas proporções e dispostos do
mesmo modo no espaço. Assim, por exemplo, são as substâncias hidrogênio (H2), oxigênio (O2), ácido
sulfúrico (H2SO4), álcool etílico (C2H6O), dentre outras.
As substâncias cujas moléculas são formadas por átomos do mesmo elemento químico são substâncias
simples (H2, O2). As que são formadas por átomos de elementos químicos diferentes (H2O, H2SO4) são
substâncias compostas. Já os compostos são substâncias constituídas por dois ou mais elementos em
que a existência de ligações químicas garante a uniformidade de propriedades e a constância de compo-
sição.
PUC Minas Virtual • 3
2.3. Vias de Ingresso dos Agentes Químicos no Organismo Humano
Os diversos agentes químicos que podem estar presentes no ambiente de trabalho e, dependendo da
natureza da exposição e da existência e eficácia das medidas de controle, entrar em contato com o orga-
nismo dos trabalhadores, podem apresentar uma ação localizada ou serem distribuídos aos diferentes
órgãos e tecidos, levados pelos fluídos internos (sangue e outros), produzindo uma ação sistêmica.
Os efeitos localizados aparecem na superfície de contato entre o organismo e o agente químico, como
ocorre com os trabalhadores da construção civil que manuseiam cimento sem a devida proteção. O conta-
to com o cimento pode ressecar, irritar ou ferir a pele no local de contato onde a massa de cimento per-
manecer por certo tempo, podendo provocar uma dermatose ocupacional grave.
A maioria das substâncias, porém, são absorvidas pelo sistema circulatório e distribuídas pelo organismo
e agem em local distante da via de entrada, isto é, provocando dano sistêmico em tecidos, órgãos-alvo ou
sistemas do corpo, distantes do ponto de entrada. São exemplos de alvos: pele, pulmão, sistema nervoso
central, sistema imunológico, fígado e rim.
O sistema circulatório em geral não está em contato direto com materiais nocivos como estão a pele, os
pulmões e o sistema digestivo. Todavia após uma substância prejudicial ter atingido a corrente sanguínea,
ela pode ser transportada a qualquer parte do corpo. O centro do sistema circulatório é o coração. Ele
bombeia sangue através de uma extensa rede de vasos sanguíneos, os quais se ramificam como uma
árvore e são cada vez menores. Portanto, para que se dê uma ação sistêmica, é necessário que o agente
se introduza no sangue, de onde é transportado até o local em que exercerá a sua ação.
A inalação, através do processo de respiração, constitui a principal via de ingresso de agentes químicos, já
que a superfície dos alvéolos pulmonares representa no homem adulto uma área entre 80 a 90 m². Esta
grande superfície facilita a absorção de gases e vapores, os quais podem passar ao sangue, para serem
distribuídos a outras regiões do organismo.
Alguns sólidos e líquidos ficam retidos nesses tecidos podendo produzir uma ação localizada, ou dissol-
vem-se para serem distribuídos através do sistema circulatório.
Algumas substâncias, como o chumbo tetraetila, apresentam tanto efeitos locais (pele) como sistêmico
(sistema nervoso central). As principais rotas de ingresso destes agentes no organismo são:
 Inalação - através do processo de respiração.
 Absorção - através da pele.
 Ingestão - através da boca, ao se inserir sólidos ou líquidos.
Sendo o consumo de ar de 10 a 20 kg diários, dependendo fundamentalmente do esforço físico realizado,
é fácil chegar à conclusão que mais de 90% das intoxicações ocupacionais tenham esta origem.
A absorção pela pele é outra forma comum de entrada de substâncias tóxicas. A pele pode ser considera-
da o maior órgão do corpo e sua extensa superfície pode entrar em contato direto com substâncias noci-
vas.
PUC Minas Virtual • 4
A via cutânea inclui todo o tecido cutâneo que recobre o corpo humano, juntamente com mucosas (lábios,
conjuntiva ocular), pêlos e unhas. Representa 16% do peso do corpo humano com uma área aproximada
de 1,80 m² e espessura entre 0.15 a 1.4 mm. Constitui-se fundamentalmente de epiderme (região mais
externa) e derme que é constituída por tecido conjuntivo, onde se encontram as glândulas sudoríparas,
sebáceas, folículos pilosos, vasos sanguíneos e linfáticos. A epiderme possui uma camada mais profunda,
constituída por células que se dividem continuamente (tecido vivo), originando a camada externa que está
em contato com o meio ambiente, chamada de camada córnea, onde as células se queratinizam, morren-
do e desprendendo-se pouco a pouco, sob a forma de escamas. As mucosas não apresentam camada
córnea. As glândulas sebáceas impregnam a pele de graxa, formando uma camada que proporciona flexi-
bilidade e proteção. As glândulas sudoríparas, que formam o suor, com função de excreção e refrigeração.
A pele é um eficiente meio de proteção contra batidas (trauma), secagem, bactérias, penetração de água,
luz ultravioleta, substâncias nocivas dentre outras, sendo sua camada exterior, composta por células mor-
tas e endurecidas, resistentes aos contatos do dia a dia.
As múltiplas estruturas que compõe a pele participam ativamente de uma série de mecanismos fisiológicos
do corpo, tais como: Glândulas sudoríparas: ajudam a resfriar o corpo quando o ambiente é muito quente.
Glândulas sebáceas: produzem óleos que repelem a água. Uma rede de vasos capilares sanguíneos:
controle da temperatura corporal. Estes capilares se expandem no calor, ajudando na perda por radiação
pelo ar, contraindo-se no frio de modo a conservar calor no corpo. Uma camada protetora de óleos e pro-
teínas: ajudam a impedir ou diminuir a penetração de substâncias prejudiciais.
Certos solventes usados na fabricação de tintas podem facilmente penetrar na pele, atingir a corrente
sanguínea e alcançar outros órgãos. Evitando-se estes solventes, a superfície da pele pode ser conside-
rada como praticamente impermeável.
Quando uma substância entra em contato com a pele, podem ocorrer as seguintes situações: A pele e a
gordura podem atuar como uma barreira protetora efetiva. O agente pode agir na superfície da pele, pro-
vocando uma irritação primária. A substância química pode combinar com as proteínas da pele e provocar
uma sensibilização. Se a pele é penetrada por agentes biológicos, as células brancas do sangue têm a
capacidade de envolver bactérias e as destruir. Após a penetração de um antígeno no organismo o siste-
ma imunológico reage produzindo anticorpos para neutralizar o efeito. O agente pode penetrar através
dela, atingir o sangue e atuar como um tóxico sistêmico.
A permeabilidade cutânea aos agentes químicos pode ser alterada por propriedades físico-químicos, como
hidrossolubilidade, lipossolubilidade, peso molecular, tamanho molecular; sudorese (suor); espessura da
pele; temperatura ambiente; circulação periférica; idade; capacidade dos agentes químicos de se ligarem
aos constituintes da pele; potencial de biotransformação da pele; integridade da pele. Apesar destas con-
siderações, normalmente a pele é uma barreira bastante efetiva para os diferentes agentes químicos, e
são poucas as substâncias que conseguem ser absorvidas em quantidades perigosas.
De importância secundária na saúde ocupacional, salvo em casos de intoxicação acidental e quando o
trabalhador se alimenta ou fuma em ambiente de trabalho, os produtos químicos são absorvidos no estô-
mago e no intestino delgado, ricos em vasos sanguíneos e passam para o fígado, antes de serem distribu-
ídos por todo o organismo através da circulação. Alguns produtos como ácidos e álcalis provocam efeitos
locais sobre os tecidos. Muitas vezes, as substâncias químicas depositam-se nas vias aéreas superiores
PUC Minas Virtual • 5
e, através de movimentos dos cílios aí existentes ou pela tosse, são transportados para a boca, podendo
ser deglutidas. Muitos produtos químicos são inativados pela acidez do estômago, pela secreção do pân-
creas e pelas enzimas digestivas. Além disso, ao atingirem o fígado, muitas vezes, ocorrem biotransfor-
mações que inativam os agentes tóxicos.
A falta de organização e limpeza no ambiente, aliado a baixa higiene pessoal do indivíduo, também são
fatores importantes para este tipo de contaminação. Fazer qualquer tipo de refeição em ambiente insalu-
bre, sem lavar as mãos, certamente aumenta a possibilidade de um eventual agente químico adentrar no
organismo pela boca.
Alguns autores incluem uma quarta via de ingresso de agentes nocivos no organismo: a injeção. Substân-
cias nocivas, normalmente de natureza biológica, podem penetrar no corpo humano através de injeção.
Por exemplo, trabalhadores de hospitais operando com seringas contaminadas podem acidentalmente
injetar vírus em seu próprio corpo. O processo de imunização envolve a deliberada injeção de antígenos
no corpo, de modo que o sistema imunológico reaja produzindo anticorpos que neutralizem a invasão e
protejam o organismo da suscetibilidade de uma futura invasão pelo mesmo agente.
Existem outras rotas de entrada dos agentes químicos no organismo humano, porém com importância
bastante secundária em relação à inalação, absorção e ingestão, como através de mucosas e outras cavi-
dades do corpo (pálpebras dos olhos, lábios da vulva, vagina, prepúcio, ânus) ou através da córnea, dos
tímpanos e do orifício urinário.
2.4.Classificação Básica Agentes Químicos
A Portaria nº 3214/78, mais especificamente a NR 9 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBI-
ENTAIS, no item 9.1.5, considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos exis-
tentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo
de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador:
Os agentes físicos são, em última análise, alguma forma de energia, liberada pelas condições dos proces-
sos e equipamentos, os quais os trabalhadores podem estar expostos. Esta energia pode ocorrer na forma
de: ruído, vibrações, temperaturas extremas (calor e frio), radiações ionizantes e não ionizantes e pres-
sões anormais.
Os agentes biológicos são representados por todas as classes de microorganismos patogênicos (algumas
vezes adicionados de organismos mais complexos, como insetos e animais peçonhentos), por exemplo:
vírus, bactérias e fungos. Notar que merecem uma ação bem diversa em relação aos demais agentes
ambientais e que muitas formas de controle serão específicas.
Os agentes químicos, mais que por sua característica individual, mas sim por sua dimensão físico-
química, são classificados em gases, vapores e aerodispersoídes (estes últimos são subdivididos ainda
em poeiras, fumos, névoas, neblinas, fibras).
Podemos entender os agentes químicos como todas as substâncias puras, compostos ou produtos (mistu-
ras) que podem entrar em contato com o organismo por uma multiplicidade de vias, expondo o trabalhador
PUC Minas Virtual • 6
aos seus efeitos. Cada caso tem sua toxicologia específica, sendo também possível e mais usual agrupá-
los em famílias químicas.
O subitem 9.1.5.2 da NR 9 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, considera
agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via
respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da
atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por in-
gestão.
2.5. Riscos químicos
Você sabia que Agente Químico é uma categoria importante de fator de risco ocupacional constituída por
substâncias, compostos ou produtos, orgânicos ou inorgânicos, naturais ou sintéticos que, durante a ex-
ploração, fabricação, manuseio, transporte, armazenamento ou uso, tem potencial para comprometer a
saúde e a integridade física dos seres vivos?
Pois bem, basicamente os mesmos agentes químicos que geram condições insalubres nos ambientes de
trabalho podem vir a constituir aspectos ambientais significativos quando extrapolam os limites físicos da
organização, afetando as comunidades vizinhas, o meio ambiente e os recursos naturais. Daí a interação
(comumente, as melhorias que são implantadas na empresa para controlar estes riscos também favore-
cem o meio ambiente e vice-versa) entre a Higiene Ocupacional e as disciplinas ambientais.
PUC Minas Virtual • 7
Já o Risco Químico, é a exposição a substâncias, compostos ou produtos químicos presentes no ambiente
de trabalho, na condição de matéria-prima, insumos, produto intermediário, produto final ou como resíduo,
em qualquer estado físico, e que em função das características da exposição e/ou da eficácia das medidas
de controle, poderão entrar em contato com o corpo humano, interagindo de forma localizada, ou em ação
generalizada ou sistêmica, quando for levado pelos fluidos internos, chegando aos diferentes órgãos e
tecidos do organismo.
Quando esta interação ocorre de forma significativa com o meio ambiente e recursos naturais dá-se o
nome de impacto ambiental:
2.5.1. Agentes Químicos como Fator de Periculosidade
Os agentes químicos são designados como Produtos Especiais ou Produtos Químicos Perigosos e são
tratados nas organizações pela Segurança do Trabalho e Empresarial (brigadas de emergência), conforme
circunstâncias.
Casos graves de incêndios e explosões são bem conhecidos, como o desastre ocorrido pela liberação de
Metil-Isocianato que ocorreu em Bhopal (Índia) no ano de 1984, que resultou em um número de mortos
superior a 2000 e cerca de 20.000 atingidos. Outro exemplo, foi o ocorrido em 1976 em Seveso (Itália)
onde houve a liberação acidental de dioxina, atingindo 30 pessoas e provocou a evacuação de cerca de
22.000 habitantes. A explosão de ciclohexano em Flixborough (Grã Bretanha) vitimou 28 pessoas e atingiu
89 habitantes.
As causas destas catástrofes sempre se relacionam com eventos incontroláveis, envolvendo fogo, explo-
são ou liberação de produtos tóxicos que resultaram em doenças, mortes, danos ao meio ambiente e efei-
tos econômicos incalculáveis.
Além do aspecto insalubre, tratado pela Higiene Ocupacional com foco na prevenção de doenças, os
agentes químicos também são agentes periculosos e podem causar acidentes típicos com lesões imedia-
tas aos trabalhadores e outros de tipos de eventos de maior monta que também impactam as comunida-
des, o meio ambiente e os recursos naturais (grandes vazamentos, incêndios e explosões).
A NBR 7502 da ABNT agrupa as substâncias químicas, como produtos químicos perigosos, em 9 classes:
Classe 1 – Explosivos (pólvora, dinamite, cordel detonante)
Classe 2 – Gases comprimidos, liquefeitos, dissolvidos sob pressão ou altamente refrigerados (GLP, oxi-
gênio, amônia, acetileno)
Classe 3 – Líquidos inflamáveis (gasolina, álcool, querosene)
Classe 4 – Sólidos inflamáveis (carvão, sódio metálico, enxofre)
Classe 5 – Substâncias oxidantes e Peróxidos orgânicos (água oxigenada, nitrato de amônia)
Classe 6 – Substâncias tóxicas, substâncias infectantes (acetato de chumbo, acetona, lixo hospitalar)
PUC Minas Virtual • 8
Classe 7 – Substâncias radioativas (urânio, césio, cobalto)
Classe 8 – Corrosivos (ácido sulfúrico, ácido perclórico)
Classe 9 – Substâncias perigosas diversas (produtos ou misturas não enquadradas nas classes anteriores)
A palavra perigoso é originária do latim – periculosu –significa uma situação em que há perigo, que causa
ameaça ou ameaça perigo, situação em que pode ocorrer risco de vida. Daí a origem do adicional de peri-
culosidade regulamentado pela NR-16 da Portaria n.3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego.
Do ponto de vista legal, o artigo 193 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, considera atividades ou
operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo então Ministério do Trabalho, aquelas
que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem em contato permanente com inflamáveis ou
explosivos em condições de risco acentuado.
Além dos inflamáveis e explosivos, trabalhos envolvendo energia elétrica, radiações ionizantes, segurança
pessoal e patrimonial, atividade de motociclista, também se enquadram no rol das atividades e operações
periculosas, passíveis de percepção do adicional de periculosidade.
O adicional de periculosidade é uma compensação financeira devida ao trabalhador que, em determinadas
circunstâncias, desenvolveu ou desenvolve suas atividades sob condições perigosas, ou seja, risco de
vida. Aqui não se cogita o risco de contrair uma doença decorrente das condições insalubres em que o
trabalho é realizado.
Evidentemente que existem outros agentes no mundo do trabalho tão ou mais perigosos, entretanto não
são amparados legalmente para efeitos de direito à percepção do adicional de periculosidade. O exercício
do trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30%,
incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos
lucros da empresa.
Quando a questão é insalubridade a regulamentação legal é embasada no artigo 192 da CLT e os adicio-
nais (10, 20 ou 40%) incidem sobre o salário mínimo. Risco de se contrair uma doença do trabalho ou
profissional em função da exposição a agentes ambientais físicos, químicos ou biológicos.
Não faz parte dos objetivos de aprendizagem desta unidade abordar os agentes químicos como agentes
de insalubridade e/ou periculosidade, por isso não aprofundaremos no assunto. No entanto, recomenda-
mos aos interessados consultar o Decreto Federal n. 96044, NBR 7.501 da ABNT, NR 15, NR 16 da Porta-
ria n. 3.214/78, Decreto n. 93.412/86, Portaria n. 3.393/87 do Ministério do Trabalho e Emprego.
PUC Minas Virtual • 9
3. Programa de Proteção Respiratória
3.1.Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR
Os EPR podem ser classificados quanto à concepção, às aplicações e ao nível de proteção que podem
proporcionar ao usuário. A NBR 12543 os divide em duas grandes classes: purificadores de ar e adução
de ar. Respiradores purificadores de ar dependem da atmosfera ambiente. Respiradores de adução de ar
não dependem da atmosfera ambiente
A imagem abaixo resume a classificação dos EPR, segundo a NBR 12543:
3.2.Os Tópicos Básicos de um PPR
Alguns tópicos básicos devem ser desenvolvidos em um PPR, sendo eles:
 Política de saúde ocupacional da empresa, definida e aprovada pela alta administração e disseminada
entre todos os empregados próprios e terceiros da organização, enfatizando a priorização das medidas
de controle coletivas e administrativas;
 Indicação do administrador do programa e suas respectivas atribuições e responsabilidades. O empre-
gador deve atribuir a uma só pessoa a responsabilidade e a autoridade pelo programa de uso de respi-
radores. Essa pessoa deve possuir conhecimentos de proteção respiratória suficiente para administrar
de modo apropriado o programa. A responsabilidade do administrador pelo programa inclui o monito-
ramento dos riscos respiratórios, a atualização dos registros e a realização das auditorias.
 Metodologia técnica para escolha do respirador, coerente com a publicação do PPR da Fundacentro.
 Treinamento e reciclagem dos usuários e da supervisão. Cada usuário de respirador deve receber trei-
namento e reciclagem, que deve incluir explanação e discussão sobre:
PUC Minas Virtual • 10
a) o risco respiratório e o efeito sobre o organismo humano se o respirador não for usado de modo correto:
b) as medidas de controle coletivo e administrativo que estão sendo adotadas e a necessidade do uso de
respiradores para proporcionar a proteção adequada;
c) as razões que levaram a seleção de um tipo particular de respirador;
d) o funcionamento, as características e limitações do respirador selecionado;
e) o modo de colocar o respirador e de verificar se ele está colocado corretamente no rosto;
f) o modo correto de usar o respirador durante a realização do trabalho;
g) os cuidados de manutenção, inspeção e guarda, quando não estiver em uso;
h) o reconhecimento de situações de emergência e como enfrentá-las;
i) as exigências legais sobre o uso de respiradores para certas substancias.
Com filtro quí-
mico
PUC Minas Virtual • 11
 Procedimentos administrativos para aquisição, armazenagem, fornecimento, substituição e descarte de
respiradores. Em toda a empresa onde os respiradores forem necessários, devem existir procedimen-
tos operacionais escritos cobrindo o programa completo de uso de respiradores. Além de existir, esses
procedimentos devem estar sendo cumpridos.
 Regras para inspeção, limpeza, manutenção, higienização regular e guarda dos respiradores, de acor-
do com as instruções do fabricante e do administrador do programa. O usuário deve examinar o respi-
rador antes de colocá-lo, para verificar se está em boas condições de uso. O respirador deve ser guar-
dado em local conveniente, limpo e higiênico.
 Rotina de monitoramento da exposição dos trabalhadores frente aos agentes químicos e classificação
do risco;
 Cadastro das fontes artificiais de ar respirável existentes no estabelecimento e respectivo programa de
inspeção e manutenção das mesmas. Literaturas e normas especializadas apresentam os requisitos
mínimos da qualidade do ar que os respiradores de linha de ar comprimido e as mascaras autônomas
que utilizam ar devem obedecer.
 Inventário atualizado dos espaços confinados do estabelecimento;
 Situações de emergências e respectivas ações de controle e mitigação. Embora não seja possível pre-
ver todas as situações de emergência e de salvamento para cada tipo de operação industrial, pode-se
prever muitas condições nas quais será necessário o uso de respiradores. Pode-se chegar a escolha
de respiradores apropriados para uma situação concreta, pela análise cuidadosa dos riscos potenciais
devidos a enganos na condução do processo industrial ou a defeitos ou falhas no funcionamento.
 Exames e rotinas médicas para avaliar o grau de aptidão dos usuários aos respiradores selecionados.
Cabe a um médico determinar se uma pessoa tem ou não condições médicas de usar um respirador. O
conteúdo e a frequência desse exame médico estão especificados na regulamentação elaborada pela
FUNDACENTRO. Com a finalidade de auxiliar o médico na sua avaliação, o administrador do progra-
ma deve informá-lo sobre:
a) tipo de respiradores para uso rotineiro e de emergências;
b) atividades típicas no trabalho; condições ambientais, frequência e duração da atividade que exige
o uso do respirador;
c) substancias contra as quais o respirador deve ser usado, incluindo a exposição provável a uma
atmosfera com deficiência de oxigênio.
 Avaliação periódica e individualizada da eficiência dos respiradores (ensaios e testes de vedação).
Antes de ser fornecido um respirador para uma pessoa, ele deve ser submetido ao teste de vedação
para verificar se aquele respirador proporciona boa vedação no seu rosto. Após este teste preliminar,
toda vez que for colocar ou ajustar o respirador no rosto, ele deve fazer a verificação da vedação.
 Avaliação da gestão e resultados do programa, no mínimo, anual.
PUC Minas Virtual • 12
3.2.1. A Responsablidade pela Implantação do PPR
Algumas responsabilidades são atribuídas ao empregador e ao empregado em relação ao PPR
3.2.1.1. Responsabilidade do empregador quanto ao PPR
I. Fornecer o respirador, quando necessário, para proteger a saúde do trabalhador.
II. Fornecer o respirador conveniente e apropriado para o fim desejado.
III. Ser responsável pelo estabelecimento e manutenção de um programa de uso de respiradores pa-
ra proteção respiratória, cujo conteúdo mínimo está descrito na publicação da FUNDACENTRO.
IV. Permitir ao empregado que use o respirador deixar a área de risco por qualquer motivo relaciona-
do com o seu uso.
Essas razões podem incluir, mas não se limitam às seguintes:
a) falha do respirador que altere a proteção proporcionada pelo mesmo;
b) mau funcionamento do respirador;
c) detecção de penetração de ar contaminado dentro do respirador;
d) aumento da resistência a respiração;
e) grande desconforto devido ao uso do respirador;
f) mal-estar sentido pelo usuário, tais como: náusea, fraqueza, tosse, espirro, dificuldade para respi-
rar, calafrio, tontura, vômito, febre;
g) lavar o rosto e a pega facial do respirador, sempre que necessário, para diminuir a irritação da pele;
h) trocar o filtro ou outros componentes, sempre que necessário;
i) descanso periódico em área não contaminada.
V. Investigar a causa do mau funcionamento do respirador e tomar providências para saná-la. Se o
defeito for de fabricação, o empregador deverá comunicá-lo ao fabricante e ao órgão competente
do Ministério do Trabalho e Emprego.
3.2.2. Responsabilidades do Empregado quanto ao PPR
I. Usar o respirador fornecido de acordo com as instruções e treinamento recebidos.
II. Guardar o respirador, quando não estiver em uso, de modo conveniente para que não se danifique ou
deforme.
PUC Minas Virtual • 13
III. Se observar que o respirador não está funcionando bem, deverá deixar imediatamente a área contami-
nada e comunicar o defeito à pessoa responsável indicada pelo empregador nos procedimentos opera-
cionais escritos.
IV. Comunicar à pessoa responsável qualquer alteração do seu estado de saúde que possa influir na sua
capacidade de usar o respirador de modo seguro.
4. Filtros Químicos
Os filtros químicos retêm os gases e vapores contidos no ar através da interação das moléculas do gás ou
do vapor com o material granulado do filtro, geralmente porosos. Os mecanismos que ocorrem nesta inte-
ração são: adsorção física, adsorção química, absorção e catálise.
Normalmente são utilizados os seguintes adsorventes: carvão ativado, alumina ativada e a sílica-gel.
Como absorventes: compostos de hidróxido de potássio e sódio com carbonato de sódio e/ou silicatos
alcalinos.
O catalizador mais empregado é o Hopcalite, que é uma mistura de gráos altamente porosos de óxidos de
cobre e manganês, que forma o dióxido de carbono.
Os filtros químicos são produzidos e disponibilizados no mercado como descrito abaixo:
 Vapores orgânicos,
 Gases ácidos,
 Amônia,
 Filtros múltiplos (combinação de dois ou mais dos tipos citados
anteriormente e que atendem os requisitos de cada tipo),
 Filtros especiais (uso contra contaminantes específicos, não incluídos nos tipos anteriores),
 Filtros combinados (utilizado em conjunto com um filtro para particulados).
PUC Minas Virtual • 14
Conforme a NBR 13696, os filtros químicos são classificados em tipos e classes, conforme tabela abaixo:
Observem que na 3ª coluna da tabela acima, há a indicação da concentração máxima para cada tipo de
filtro. Este parâmetro é conhecido como MCU – Máxima Concentração de Uso.
Cada classe de filtro químico somente pode ser utilizada abaixo da Máxima Concentração de Uso (MCU)
correspondente.
Algumas situações podem alterar os valores de MCU indicados. O livro Manual de Proteção Respiratória,
de M.Torloni e A.V.Vieira, citam as seguintes situações que podem alterar a MCU de um determinado filtro
químico:
a) A máxima concentração de uso dos respiradores em situações rotineiras que incorporem filtro químico,
para um dado gás ou vapor, deve ser:
I. menor que o valor IPVS;
PUC Minas Virtual • 15
II. menor que o valor indicado na tabela acima para o referido gás ou vapor;
III. menor que o produto Fator de Proteção Atribuído do respirador purificador utilizado x limite de
exposição.
Dos três valores obtidos, adotar o que for menor.
b) O uso contra vapores orgânicos ou gases ácidos com fracas propriedades de alerta, ou que gerem alto
calor de reação com o conteúdo do cartucho, deve obedecer ao exigido no item (m) de 4.2.2.2 da Pu-
blicação PPR-Fundacentro. É neste item que a referida publicação define as etapas para a seleção do
respirador.
c) Essas máximas concentrações de uso se referem a filtros do tipo clase 2 ou 3 utilizados em respirado-
res de fuga em situações IPVS. A MCU dos filtros classe 2 ou 3 pode ser superior aos valores indica-
dos desde que satisfaçam os requisitos estabelecidos em norma norte-americana ou europeia.
Exemplo:
Um filtro classe 1 para vapor orgânico, segundo a tabela pode ser utilizado até a concentração de 1000
ppm. Porém, se o vapor orgânico a que o trabalhador está exposto tem concentração IPVS = 100 ppm,
pela nota(A) (1) a MCU do filtro ficará alterada para valor de 100 ppm e não mais ao valor previsto pela
tabela que era 1000 ppm.
É necessário esclarecer que existe uma máxima concentração de uso do filtro químico e uma máxima
concentração de uso do respirador. A MCU relacionada na tabela acima se refere ao filtro isoladamente e
não ao respirador completo (peça facial e filtro).
A seleção do tipo de filtro (ácido, vapor orgânico, etc.) exige o conhecimento da natureza química da subs-
tância, que nem sempre é fácil, uma vez que existe a possibilidade de o agente químico pertencer a duas
categorias simultaneamente.
Também é importante conhecer o comportamento do adsorvente ou absorvente empregado no filtro em
relação ao agente. Recomenda-se então, consultar sempre o fabricante sobre o filtro mais indicado para
cada tipo de contaminante.
Os respiradores dotados de filtros químicos somente podem ser utilizados quando:
a) O teor de oxigênio no ar estiver acima de 18%, em volume, e abaixo de 23,5%, ao nível do mar;
b) A concentração do agente químico estiver abaixo da sua concentração IPVS;
c) A concentração do agente químico no ar for menor que a MCU do filtro que se pretende utilizar;
d) O agente químico apresentar propriedades de alerta.
PUC Minas Virtual • 16
A vida útil de um filtro químico depende dos seguintes fatores ligados ao:
 Usuário: demanda de ar pelo usuário
 Filtro: uniformidade do recheio, qualidade e quantidade do recheio
 Agente: nível de concentração, presença simultânea, natureza química.
 Meio ambiente: temperatura, umidade relativa do ar.
5. Respiradores Purificadores de Ar
Os respiradores purificadores de ar dependem da atmosfera ambiente. Estes equipamentos filtram o ar
ambiente, removendo os contaminantes, antes da inalação. Para particulados usam-se filtros mecânicos e
para gases e vapores filtros químicos específicos. Dependendo do processo pode ser necessário o uso de
respirador com filtro combinado (mecânico e químico).
Os respiradores purificadores de ar somente podem ser utilizados em atmosferas com, no mínimo, 18% de
oxigênio e com substâncias que possuem propriedades de alerta ou que não sejam muito tóxicas uma vez
que, se o filtro saturar durante o uso, o trabalhador poderá ficar exposto ao agente. Portanto, este tipo de
respirador exige um conhecimento prévio do tipo e concentração do contaminante presente no ar ambien-
te.
Estes respiradores podem ser motorizados ou não motorizados.
5.1. Respiradores purificadores de ar não motorizados
Os respiradores purificadores de ar não motorizados tem como características:
 Necessitam de filtros. É importante lembrar que os respiradores purificadores de ar FILTRAM o ar exis-
tente no ambiente, mas não suprem de oxigênio, portanto não podem ser utilizados em ambientes defici-
entes de oxigênio;
 O ar chega às vias respiratórias (nariz e boca) do usuário devido unicamente a ação pulmonar do usuá-
rio;
 As coberturas das vias respiratórias devem ser com vedação facial: um quarto facial, semifacial, facial
inteira e bocal com pinça nasal;
 O ar que está dentro da cobertura das vias respiratórias nunca é totalmente isento de contaminante de-
vido à pressão negativa existente durante a inalação, associada à falta de vedação no rosto. Pressão
negativa se refere à relação entre a pressão no interior do respirador e a pressão atmosférica externa ao
respirador, quando, durante a inspiração, a pressão no interior da peça facial permanece abaixo da pres-
são atmosférica ambiente. Quando ocorre o contrário (pressão interna
maior que a pressão externa) temos um quadro de pressão positiva.
Os principais tipos de respiradores purificadores de ar não motorizados são:
PUC Minas Virtual • 17
Peças semifaciais filtrantes (PFF): Podem ser para particulado ou para certos gases e vapores. Confor-
me o próprio nome indica, a peça facial é o próprio material filtrante, a qual pode ser dobrável ou não. Al-
guns modelos podem possuir ou não válvula de exalação. Válvula de exalação é um dispositivo presente
em alguns modelos de respiradores que garantem que o ar expirado e inspirado escoe na direção correta.
Dependendo da quantidade de material que deixam passar em teste de laboratório podem ser classifica-
das em PFF1, PFF2 e PFF3.
Geralmente este tipo de respirador, quando utilizado em indústria, é utilizado apenas em uma jornada de
trabalho, motivo pelo qual são também conhecidos como respiradores descartáveis.
Respiradores purificadores com peça um quarto facial e semifacial: Possuem válvulas de inalação,
de expiração e suporte para o filtro. Podem possuir um ou dois filtros, que de certa forma pode interferir
com o campo visual do usuário. Da mesma forma que as PFF, não proporcionam proteção para os olhos.
A diferença entre uma cobertura das vias respiratórias um quarto facial e semi-
facial é que a peça um quarto facial se apóia no rosto entre o queixo o lábio
inferior, e a semifacial, por baixo do queixo.
Respiradores purificadores com peça facial inteira: Estes respiradores pro-
tegem os olhos do usuário contra substâncias irritan-
tes, dispensando o uso de óculos de proteção e permi-
tindo o uso de lentes corretivas. São disponibilizadas
com filtros de vários tamanhos. Existe uma maior resis-
tência ao uso quando fornecidas a usuários não treinados, o que caracteriza uma
condição de risco significativa, conforme a concentração do contaminante no
local.
Respiradores purificadores de ar motorizados: Nos respiradores purificadores
de ar motorizados o ar passa por um ou mais filtros graças à ação de uma ventoinha movida por motor
alimentado por bateria. Pode ser acoplada a filtros mecânicos, químicos ou combinados.
A vantagem deste tipo de respirador é que, quando a ventoinha está acionada continuamente e a vazão
do ar é alta, cria-se uma pressão positiva no interior do respirador (pressão no interior da cobertura das
vias respiratórias maior que a pressão atmosférica interna), mesmo durante a inspiração, o que reduz a
possibilidade de entrada de ar contaminado na zona de contato entre o respirador e
o rosto do usuário (capacidade de vedação). Há que se atentar para a questão de a
vazão de ar, geralmente maior que o consumo pode não garantir sempre pressão
positiva.
Por outro lado, os filtros dos respiradores motorizados apresentam menor durabili-
dade do que os não motorizados.
A cobertura das vias respiratória pode ser com vedação facial (semifacial, facial intei-
ra) ou sem vedação facial (capuz, capacete, visor, touca). Alguns tipos de cobertura
das vias respiratórias podem ser utilizados por trabalhadores com barba.
PUC Minas Virtual • 18
6. Tipos de Respiradores de Adução de Ar
a) Respiradores de Linha de Ar comprimido:
De acordo com a variação da vazão de ar que chega ao usuário com a fase do ciclo respiratório, estes
respiradores podem ser de fluxo contínuo ou de demanda. Se o ar chega continuamente à cobertura das
vias respiratórias, isto é, durante a inspiração e a expiração, é denominado fluxo contínuo. Se chegar so-
mente durante a inalação, é chamado de demanda.
Os de demanda podem operar com pressão positiva, ou sem pressão positiva. Os modelos de demanda
economizam ar.
Os do tipo de demanda sem pressão positiva permitem mais facilmente
a entrada de contaminantes que os de fluxo contínuo ou com pressão
positiva.
As fontes de ar que alimentam os respiradores de linha de ar compri-
mido podem ser compressor portátil, rede de ar comprimido ou conjun-
to de cilindros. A qualidade do ar comprimido é importante e às vezes
pode ser necessária a utilização de unidade purificadora. O uso de
oxigênio ou ar enriquecido pode provocar acidentes.
Os elementos principais de um respirador de linha de ar comprimido situ-
ados entre uma peça facial e a mangueira de alimentação de ar compri-
mido são:Traquéia, válvula, cinturão, engate rápido.
A vazão mínima de ar que chega a cobertura das vias respiratórias, espe-
cificada pelo fabricante, somente será alcançada se o usuário obedecer à
pressão de trabalho recomendada para cada tipo de respirador, tipo de
mangueira, conexões e acessórios.
As vazões mínimas que devem obrigatoriamente chegar às coberturas das vias respiratórias indicadas
são:
 Peça semifacial e facial inteira: 120 litros / minuto.
 Capuz, touca: 170 litros / minuto.
O uso de respiradores de linha de ar comprimido durante longos períodos pode provocar sangramento
nasal para alguns indivíduos, pois o ar comprimido é sempre muito seco (UR < 15%). Estes respiradores
limitam a mobilidade do usuário e não podem ser utilizados em situações IPVS.
PUC Minas Virtual • 19
b) Máscaras Autônomas:
Nestes respiradores o usuário transporta junto ao corpo o suprimento de ar ou geração de oxigênio.
Nas máscaras de circuito fechado o ar exalado é reutilizado, onde o oxigênio consumido pode ser reposto
de três maneiras diferentes: oxigênio gasoso comprimido, oxigênio líquido e geração química.
As máscaras autônomas de demanda sem pressão positiva não são mais eficientes que o respirador puri-
ficador de ar com o mesmo tipo de peça facial.
É proibido encher cilindros com oxigênio puro antes utilizados com ar
comprimido. A utilização de oxigênio puro ou ar enriquecido fora das con-
dições especiais pode provocar o envenenamento pelo oxigênio (hipero-
xia).
A autonomia das máscaras autônomas pode ser expressa em volume de
ar armazenado ou tempo de uso. Autonomia corresponde o tempo que
uma máscara autônoma consegue fornecer ar suficiente para o usuário.
Uma máscara autônoma com cilindro de 1600 litros de ar, por exemplo,
com um consumo médio de 50 litros por minuto, proporciona uma auto-
nomia de 32 minutos, ou seja, 1600/50.
Existem disponíveis no mercado máscaras com autonomia de 4, 3, 2 e 1
hora ou 45, 30, 15, 10, 5 e 3 minutos. Estes cilindros são dotados de manômetros que indicam a pressão e
que permitem estimar, nas condições ambientes, o volume de ar contido em seu interior. Embora todas as
máscaras autônomas possam ser usadas em ambientes com deficiência de oxigênio, somente as de de-
manda com pressão positiva podem ser utilizadas em situaçoes IPVS, associada à linha de ar comprimido
com cilindro auxiliar.
c) Respiradores de Linha de Ar Comprimido de Demanda com Pressão Positiva e Cilindro Auxiliar:
Este tipo de respirador é uma combinação de um de linha de ar comprimido com uma máscara autônoma
de pequena autonomia. O cilindro com autonomia de até 15 minutos pode ser usado somente para esca-
pe.
Devem sempre ser de demanda com pressão positiva.
No respirador de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar para escape, quando o cilindro auxiliar está
em uso, o respirador é considerado como uma máscara autônoma.
Os respiradores de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar devem ser apenas do tipo de demanda,
para economizar ar quando o cilindro estiver em uso, e com pressão positiva. Conforme o item 4.3 da pu-
blicação PPR-FUNDACENTRO, estes respiradores e as máscaras autônomas de demanda com pressão
positiva são os únicos EPR que podem ser utilizados para situações IPVS.
PUC Minas Virtual • 20
d) Respiradores de Ar Natural:
Neste tipo de respirador o usuário inspira o ar isento de contaminante
vindo de outro ambiente, através de uma mangueira que apresenta baixa
resistência à respiração.
Alguns modelos utilizam uma ventoinha acionada manualmente ou por
motor elétrico.
Um respirador de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar para entra-
da em espaços confinados pode empregar o cilindro auxiliar para entrada
somente quando a autonomia for acima de 15 minutos e somente se for
utilizado para a entrada até 20% do ar do cilindro).
Observações:
I. O uso de respiradores em ambientes com baixas ou altas temperaturas deve ser previamente avalia-
do, já que estas condições geralmente implicam em algum tipo de dificuldade para o usuário.
II. O anexo 12 da publicação PPR-FUNDACENTRO trata especificamente da questão de comunicação
verbal entre usuários de respiradores, num ambiente ruidoso. Falar em voz alta pode provocar o des-
locamento de algumas peças faciais e prejudicar a vedação no rosto. Nesta condição, o usuário pode
também ser entado a retirar a peça facial do rosto enquanto fala.
III. Não se recomenda o uso de lentes de contato concomitantemente com o uso de respirador, conven-
cional, em função do desconforto. Respiradores com peças faciais inteiras podem ser equipados com
acessórios que facilitam o uso destas lentes. Neste caso, as lentes devem ser montadas somente por
pessoa qualificada, de modo a garantir boa visibilidade, conforto e vedação. Os usuários de respira-
dores que usam óculos com lentes corretivas, não devem utilizá-lo com hastes que atravessam as
bordas de vedação da peça facial inteira.
IV. Respiradores não devem ser usados com gorros ou bonés com abas que interfiram com a vedação
da peça facial no rosto.
PUC Minas Virtual • 21
7. Seleção de Respiradores para uso em Atmosferas IPVS, Espaços Confinados
ou Atmosferas com Pressão Reduzida
7.1. Atmosfera IPVS
Um local é considerado IPVS quando:
a) a concentração é conhecida ou se suspeita que esteja acima do limite de exposição IPVS;
b) é um espaço confinado com teor de oxigênio menor que o normal (20,9% em volume), a menos que a
causa da redução do teor de oxigênio sola conhecida e controlada.
c) o teor de oxigênio é menor que 12,5%, ao nível do mar, ou
d) a pressão atmosférica do local é menor que 450 mmHg (equivalente a 4240m de altitude) ou qualquer
combinação de redução na porcentagem de oxigênio e pressão reduzida que leve a uma pressão par-
cial de oxigênio menor que 95 mmHg.
7.1.1. Respiradores para uso em condições IPVS na pressão atmosférica normal
O respirador que deve ser usado em condições IPVS provocadas pela presença de contaminantes tóxicos,
ou pela redução do teor de oxigênio como descrito nas condições a, b e c no item 4.3.1, é a máscara au-
tônoma, ou uma combinação de um respirador de ar comprimido com cilindro auxiliar para escape.
Exemplos (livro Manual de Proteção Respiratória – M.Torloni, AV Vieira):
Obs: Todos os itens citados nos exercícios propostos são referentes ao Programa de Proteção Respirató-
ria da FUNDACENTRO.
1 Selecionar o respirador que deve ser utilizado por um trabalhador que necessita fazer reparos em uma
galeria de esgotos industriais e que não dispõe de nenhum instrumento para avaliar os contaminantes
presentes. Verificou-se que o teor de exigênio é normal e que a atmosfera não é explosiva.
Resposta: Segundo o roteiro acima, verifica-se que o risco é desconhecido e ou ambiente deve ser
considerado IPVS. Pelo item 4.3, os respiradores que devem ser utilizados são:
• Máscara Autônoma de demanda com pressão positiva, ou um respirador de linha de ar comrimido
de demanda, com pressão positiva, combinado com cilindro auxiliar para escape, ambos com pe-
ça facial inteira.
PUC Minas Virtual • 22
2 Um técnico de laboratório que auxilia um pesquisador no preparo de sal de platina solúvel na forma de
pó está exposto a uma concentração média ponderada de 0,008 mg/m³. O local não possui capela e é
mal ventilado. Qual é o respirador recomendado?
Resposta: Pelo item 4.2.2.2 (passo a), o risco não é desconhecido, pois se sabe quem é o agente e a
sua concentração. No passo b, encontra-se no manual da ACGIH o TLV de 0,002 mg/m³ para o agen-
te em questão, além das informações:
• Irritação
• Asma
• Sensibilização
No passo C, não existe legislação específica de proteção respiratória para esse agente, uma vez que a IN
somente se refere ao aminanto e a sílica livre, No passo d, a atmosfera não é deficiente de oxigênio. Plo
passo f, resulta FPR = Concentação/limite de exposição = 0,008/0,002 = 4. Pela tabela específica, pode –
se selecionar um respirador com purificador de ar, por exemplo, peça semifacial (FPA = 10). Pelo passo j
deve-se selecionar um filtro classe P3 ou uma PFF3.
7.2. Respirador de Fuga
Onde for distribuído respirador de fuga devido a riscos potenciais em uma emergência, os usuários dessa
área de risco devem ser treinados no seu uso.
As pessoas que não realizam tarefas nessa área, ou os visitantes, devem receber instruções breves sobre
o seu uso. Para estas pessoas, não é obrigatório o treinamento detalhado e o exame médico para verificar
sua compatibilidade com o respirador.
PUC Minas Virtual • 23
8. Ensaios de Vedação
O ensaio de vedação objetiva avaliar se o respirador selecionado veda bem o rosto do usuário. Por esta
razão, ao se conduzir o ensaio de vedação, é necessário que exista disponível mais de um tamanho ou
formato de respirador para que o usuário escolha aquele que proporcione melhor vedação e o menor des-
conforto.
Estes ensaios podem ser qualitativos ou quantitativos, usando um respirador novo. Se o trabalhador utiliza
mais de um tipo de respirador o ensaio de vedação deve ser feito com todos eles.
Ensaios Qualitativos:
Vantagens: são mais comuns e o equipamento tem custo menor.
Desvantagens: não são totalmente confiáveis, pois dependem da resposta do usuário
Ensaios Quantitativos:
Vantagens: não depende da resposta do usuário e é um ensaio indicado principalmente quando o respira-
dor vai ser usado com agentes muito tóxicos.
Desvantagens – o equipamento tem custo mais elevado.
Os ensaios qualitativos são subjetivos, pois dependem da resposta do usuário e consiste em submeter o
indivíduo, utilizando respirador, a um agente de teste com cheiro característico (óleo de banana, por
exemplo), a um sabor (sacarina ou bitrex) ou a um fumo irritante.
A barba e/ou cicatrizes impedem um ajuste e vedação adequados à proteção, facilitando a passagem dos
contaminantes pelas deficiências de vedação.
Os ensaios quantitativos não dependem da resposta do usuário. São de dois tipos básicos: o que utiliza
aerossol de teste e o que mede o vazamento que ocorre na zona de selagem no rosto, controlando a
pressão dentro da peça facial.
Os procedimentos recomendados para a realização do ensaio de vedação estão detalhados no Anexo 5
da publicação PPR/Fundacentro.
Os ensaios de vedação devem ser feitos no mínimo uma vez por ano, com o arquivamento dos os respec-
tivos registros.
Convém observar a diferença entre as expressões: verificação de vedação e ensaio de vedação emprega-
da na publicação PPR/Fundacentro.
A verificação de vedação é um ensaio rápido feito pelo próprio usuário antes de entrar na área de risco, ou
na própria área, sem o uso de nenhum agente químico.
O ensaio de vedação é feito numa sala, fora da área de risco onde uma pessoa espalha um agente quími-
co ao redor do rosto do usuário e observa as suas respostas.
PUC Minas Virtual • 24
Leitura Obrigatória
TORLONI, Maurício. Programa de Proteção Respiratória: recomendações, seleção e uso de respiradores.
São Paulo: FUNDACENTRO, 1994.
ABNT; Equipamentos de proteção respiratória; peça semifacial filtrante para partículas, NBR 13698.1996.
PORTARIA n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Ministério do Trabalho. 36ed., Atlas, NR-6
Instrução Normativa n.1 de 11/04/1994, Ministério do Trabalho e Emprego.
Programa de Proteção Respiratória, Recomendações, seleção e Uso de Respiradores, FUNDACENTRO.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Apostila da-aula-no55-do-dia-18-04-2015 (1)

Manual de formação riscos biológicos
Manual de formação riscos biológicosManual de formação riscos biológicos
Manual de formação riscos biológicosFilipa Andrade
 
Agte quimico 19 02 08
Agte quimico 19 02 08Agte quimico 19 02 08
Agte quimico 19 02 08Jupira Silva
 
MANUAL UFCD 3778- AGENTES QUIMICOS.doc
MANUAL UFCD 3778- AGENTES QUIMICOS.docMANUAL UFCD 3778- AGENTES QUIMICOS.doc
MANUAL UFCD 3778- AGENTES QUIMICOS.doccidalia7
 
Higiene ocupacional i
Higiene ocupacional i Higiene ocupacional i
Higiene ocupacional i Tst Valadares
 
Apostila toxicologia geral
Apostila toxicologia geral Apostila toxicologia geral
Apostila toxicologia geral NUNO RICARDO
 
Apostila toxicologia
Apostila toxicologiaApostila toxicologia
Apostila toxicologiaAne Costa
 
Trabalho de-agentes-quimicos-sb
Trabalho de-agentes-quimicos-sbTrabalho de-agentes-quimicos-sb
Trabalho de-agentes-quimicos-sbelizangelalily
 
Tcnicas de avaliao_de_agentes_ambientais_
Tcnicas de avaliao_de_agentes_ambientais_Tcnicas de avaliao_de_agentes_ambientais_
Tcnicas de avaliao_de_agentes_ambientais_Cristiano Mendes
 
Noções de toxicologia-Saúde Ocupacional
Noções de toxicologia-Saúde OcupacionalNoções de toxicologia-Saúde Ocupacional
Noções de toxicologia-Saúde OcupacionalJoao Victor
 
agentes-quim-celio.doc
agentes-quim-celio.docagentes-quim-celio.doc
agentes-quim-celio.docAirton Júnior
 
O Princípio da Precaução no uso de indicadores de riscos químicos ambientais ...
O Princípio da Precaução no uso de indicadores de riscos químicos ambientais ...O Princípio da Precaução no uso de indicadores de riscos químicos ambientais ...
O Princípio da Precaução no uso de indicadores de riscos químicos ambientais ...Zanel EPIs de Raspa e Vaqueta
 

Semelhante a Apostila da-aula-no55-do-dia-18-04-2015 (1) (20)

Toxicologia!
Toxicologia!Toxicologia!
Toxicologia!
 
Manual de formação riscos biológicos
Manual de formação riscos biológicosManual de formação riscos biológicos
Manual de formação riscos biológicos
 
Agte quimico 19 02 08
Agte quimico 19 02 08Agte quimico 19 02 08
Agte quimico 19 02 08
 
Agte quimico 19 02 08
Agte quimico 19 02 08Agte quimico 19 02 08
Agte quimico 19 02 08
 
Agte quimico 19 02 08
Agte quimico 19 02 08Agte quimico 19 02 08
Agte quimico 19 02 08
 
MANUAL UFCD 3778- AGENTES QUIMICOS.doc
MANUAL UFCD 3778- AGENTES QUIMICOS.docMANUAL UFCD 3778- AGENTES QUIMICOS.doc
MANUAL UFCD 3778- AGENTES QUIMICOS.doc
 
Toxicidade
ToxicidadeToxicidade
Toxicidade
 
Higiene ocupacional i
Higiene ocupacional i Higiene ocupacional i
Higiene ocupacional i
 
Apostila toxicologia geral
Apostila toxicologia geral Apostila toxicologia geral
Apostila toxicologia geral
 
Apostila toxicologia
Apostila toxicologiaApostila toxicologia
Apostila toxicologia
 
Toxicologia munhoz
Toxicologia munhozToxicologia munhoz
Toxicologia munhoz
 
Toxicologia
ToxicologiaToxicologia
Toxicologia
 
Saúde e segurança
Saúde e segurançaSaúde e segurança
Saúde e segurança
 
Trabalho de-agentes-quimicos-sb
Trabalho de-agentes-quimicos-sbTrabalho de-agentes-quimicos-sb
Trabalho de-agentes-quimicos-sb
 
Exposição profissional a agentes químicos
Exposição profissional a agentes químicosExposição profissional a agentes químicos
Exposição profissional a agentes químicos
 
Tcnicas de avaliao_de_agentes_ambientais_
Tcnicas de avaliao_de_agentes_ambientais_Tcnicas de avaliao_de_agentes_ambientais_
Tcnicas de avaliao_de_agentes_ambientais_
 
Noções de toxicologia-Saúde Ocupacional
Noções de toxicologia-Saúde OcupacionalNoções de toxicologia-Saúde Ocupacional
Noções de toxicologia-Saúde Ocupacional
 
agentes-quim-celio.doc
agentes-quim-celio.docagentes-quim-celio.doc
agentes-quim-celio.doc
 
Protecaorespiratoria
ProtecaorespiratoriaProtecaorespiratoria
Protecaorespiratoria
 
O Princípio da Precaução no uso de indicadores de riscos químicos ambientais ...
O Princípio da Precaução no uso de indicadores de riscos químicos ambientais ...O Princípio da Precaução no uso de indicadores de riscos químicos ambientais ...
O Princípio da Precaução no uso de indicadores de riscos químicos ambientais ...
 

Mais de Tarcisio Lopes

Manual motores ac-manut
Manual motores ac-manutManual motores ac-manut
Manual motores ac-manutTarcisio Lopes
 
Processo de manutenção
Processo de manutençãoProcesso de manutenção
Processo de manutençãoTarcisio Lopes
 
Introdução à ciência dos materiais callister - capítulo 06 - propriedades m...
Introdução à ciência dos materiais   callister - capítulo 06 - propriedades m...Introdução à ciência dos materiais   callister - capítulo 06 - propriedades m...
Introdução à ciência dos materiais callister - capítulo 06 - propriedades m...Tarcisio Lopes
 
Gestao projetos instalacoes_ind
Gestao projetos instalacoes_indGestao projetos instalacoes_ind
Gestao projetos instalacoes_indTarcisio Lopes
 
01072009 093713 mecanica_de_aeronaves
01072009 093713 mecanica_de_aeronaves01072009 093713 mecanica_de_aeronaves
01072009 093713 mecanica_de_aeronavesTarcisio Lopes
 

Mais de Tarcisio Lopes (11)

Manual motores ac-manut
Manual motores ac-manutManual motores ac-manut
Manual motores ac-manut
 
manutenção
manutençãomanutenção
manutenção
 
Processo de manutenção
Processo de manutençãoProcesso de manutenção
Processo de manutenção
 
Introdução
IntroduçãoIntrodução
Introdução
 
Introdução à ciência dos materiais callister - capítulo 06 - propriedades m...
Introdução à ciência dos materiais   callister - capítulo 06 - propriedades m...Introdução à ciência dos materiais   callister - capítulo 06 - propriedades m...
Introdução à ciência dos materiais callister - capítulo 06 - propriedades m...
 
Gestao projetos instalacoes_ind
Gestao projetos instalacoes_indGestao projetos instalacoes_ind
Gestao projetos instalacoes_ind
 
Conformacao
ConformacaoConformacao
Conformacao
 
Bombas e compressores
Bombas e compressoresBombas e compressores
Bombas e compressores
 
Agr
AgrAgr
Agr
 
01072009 093713 mecanica_de_aeronaves
01072009 093713 mecanica_de_aeronaves01072009 093713 mecanica_de_aeronaves
01072009 093713 mecanica_de_aeronaves
 
Lubrificacao
LubrificacaoLubrificacao
Lubrificacao
 

Último

Treinamento de NR06 Equipamento de Proteção Individual
Treinamento de NR06 Equipamento de Proteção IndividualTreinamento de NR06 Equipamento de Proteção Individual
Treinamento de NR06 Equipamento de Proteção Individualpablocastilho3
 
A Importância dos EPI's no trabalho e no dia a dia laboral
A Importância dos EPI's no trabalho e no dia a dia laboralA Importância dos EPI's no trabalho e no dia a dia laboral
A Importância dos EPI's no trabalho e no dia a dia laboralFranciscaArrudadaSil
 
Eletricista instalador - Senai Almirante Tamandaré
Eletricista instalador - Senai Almirante TamandaréEletricista instalador - Senai Almirante Tamandaré
Eletricista instalador - Senai Almirante TamandaréGuilhermeLucio9
 
A EXTENSÃO RURAL NO BRASIL Sociologia e Extensão 1 2014.ppt
A EXTENSÃO RURAL NO BRASIL Sociologia e Extensão 1 2014.pptA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL Sociologia e Extensão 1 2014.ppt
A EXTENSÃO RURAL NO BRASIL Sociologia e Extensão 1 2014.pptssuserb964fe
 
Livro Vibrações Mecânicas - Rao Singiresu - 4ª Ed.pdf
Livro Vibrações Mecânicas - Rao Singiresu - 4ª Ed.pdfLivro Vibrações Mecânicas - Rao Singiresu - 4ª Ed.pdf
Livro Vibrações Mecânicas - Rao Singiresu - 4ª Ed.pdfSamuel Ramos
 
LEAN SIX SIGMA - Garantia da qualidade e segurança
LEAN SIX SIGMA - Garantia da qualidade e segurançaLEAN SIX SIGMA - Garantia da qualidade e segurança
LEAN SIX SIGMA - Garantia da qualidade e segurançaGuilhermeLucio9
 
Tecnólogo em Mecatrônica - Universidade Anhanguera
Tecnólogo em Mecatrônica - Universidade AnhangueraTecnólogo em Mecatrônica - Universidade Anhanguera
Tecnólogo em Mecatrônica - Universidade AnhangueraGuilhermeLucio9
 

Último (7)

Treinamento de NR06 Equipamento de Proteção Individual
Treinamento de NR06 Equipamento de Proteção IndividualTreinamento de NR06 Equipamento de Proteção Individual
Treinamento de NR06 Equipamento de Proteção Individual
 
A Importância dos EPI's no trabalho e no dia a dia laboral
A Importância dos EPI's no trabalho e no dia a dia laboralA Importância dos EPI's no trabalho e no dia a dia laboral
A Importância dos EPI's no trabalho e no dia a dia laboral
 
Eletricista instalador - Senai Almirante Tamandaré
Eletricista instalador - Senai Almirante TamandaréEletricista instalador - Senai Almirante Tamandaré
Eletricista instalador - Senai Almirante Tamandaré
 
A EXTENSÃO RURAL NO BRASIL Sociologia e Extensão 1 2014.ppt
A EXTENSÃO RURAL NO BRASIL Sociologia e Extensão 1 2014.pptA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL Sociologia e Extensão 1 2014.ppt
A EXTENSÃO RURAL NO BRASIL Sociologia e Extensão 1 2014.ppt
 
Livro Vibrações Mecânicas - Rao Singiresu - 4ª Ed.pdf
Livro Vibrações Mecânicas - Rao Singiresu - 4ª Ed.pdfLivro Vibrações Mecânicas - Rao Singiresu - 4ª Ed.pdf
Livro Vibrações Mecânicas - Rao Singiresu - 4ª Ed.pdf
 
LEAN SIX SIGMA - Garantia da qualidade e segurança
LEAN SIX SIGMA - Garantia da qualidade e segurançaLEAN SIX SIGMA - Garantia da qualidade e segurança
LEAN SIX SIGMA - Garantia da qualidade e segurança
 
Tecnólogo em Mecatrônica - Universidade Anhanguera
Tecnólogo em Mecatrônica - Universidade AnhangueraTecnólogo em Mecatrônica - Universidade Anhanguera
Tecnólogo em Mecatrônica - Universidade Anhanguera
 

Apostila da-aula-no55-do-dia-18-04-2015 (1)

  • 1. PUC Minas Virtual • 1 1. Objetivos da Disciplina O objetivo principal dessa disciplina é conhecer os diversos tipos de respiradores que podem ser utilizados como recurso adicional para a proteção dos trabalhadores expostos aos agentes químicos ou a ambientes com deficiência de oxigênio, bem como a metodologia recomendada para a adequada especificação de proteção respiratória. Nesta diciplina, você verá que o PPR – Programa de Proteção Respiratória – pode ser considerado como um complemento do PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e do PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional e deve ser entendido como um conjunto organizado de recomen- dações formais e medidas técnicas-administrativas para especificar e usar adequadamente Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR, de forma que a exposição dos trabalhadores a agentes tóxicos ou a at- mosferas deficientes de oxigênio seja efetivamente controlada, ou, no mínimo, atenuada a níveis aceitá- veis. Entendemos como níveis aceitáveis aquelas concentrações de agentes químicos que estejam abaixo do nível de ação, ou seja, 50% dos limites de exposição do agente em estudo, determinadas de acordo com uma estratégia de amostragem confiável, passível de rastreabilidade e dentro de um padrão de exposição relativamente estável. Criado pela Instrução Normativa 01, de 11 de abril de 1994, o PPR tem suas diretivas contidas na publica- ção da Fundacentro – Programa de Proteção Respiratória – PPRA: Recomendações, Seleção e Uso de Respiradores, elaborada por especialistas integrantes da Comissão de Estudos de Proteção Respiratória da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Como o manual de Programa de Proteção Respiratória publicado pela FUNDACENTRO é bem completo, não é nossa intenção copiar todo o programa e o colocar nesse material didádico, mas apenas chamar a atenção do aluno para os pontos principais contidos nesse programa, além de conteplar outros conceitos não contemplados por este. Com o intuito de ampliar seus conhecimentos sobre este assunto, recomendamos a leitura do livro Manual de Proteção Respiratória, dos pesquisadores Maurício Torloni e Antônio Vladimir Vieira, que aborda de forma didática e abrangente os aspectos técnicos necessários para a leitura completa do documento da Fundacentro. Em consonância com a legislação e normas técnicas pertinentes de segurança, higiene e saúde ocupaci- onal, o PPR deve ser um complemento das medidas de controle adotadas pelas empresas, quando com- provadamente as de natureza coletiva e/ou administrativas não forem suficientes para controlar os riscos existentes, ou estiverem sendo implantadas, ou ainda em caráter emergencial, com a finalidade de garan- tir uma completa proteção aos trabalhadores contra os agentes químicos existentes nos ambientes de trabalho. A publicação PPR da Fundacentro apresenta um Glossário de Termos empregados em seu conteúdo. Programa de Proteção Respiratória Alexandre Pinto da Silva
  • 2. PUC Minas Virtual • 2 2. Agentes e Riscos Químicos: Conceituação no Âmbito da Higiene Ocupacional 2.1. Riscos Químicos Você sabia que Agente Químico é uma categoria importante de fator de risco ocupacional constituída por substâncias, compostos ou produtos, orgânicos ou inorgânicos, naturais ou sintéticos que, durante a ex- ploração, fabricação, manuseio, transporte, armazenamento ou uso, tem potencial para comprometer a saúde e a integridade física dos seres vivos? Pois bem, basicamente os mesmos agentes químicos que geram condições insalubres nos ambientes de trabalho podem vir a constituir aspectos ambientais significativos quando extrapolam os limites físicos da organização, afetando as comunidades vizinhas, o meio ambiente e os recursos naturais. Daí a interação (comumente, as melhorias que são implantadas na empresa para controlar estes riscos também favore- cem o meio ambiente e vice-versa) entre a Higiene Ocupacional e as disciplinas ambientais. Já o Risco Químico, é a exposição a substâncias, compostos ou produtos químicos presentes no ambiente de trabalho, na condição de matéria-prima, insumos, produto intermediário, produto final ou como resíduo, em qualquer estado físico, e que em função das características da exposição e/ou da eficácia das medidas de controle, poderão entrar em contato com o corpo humano, interagindo de forma localizada, ou em ação generalizada ou sistêmica, quando for levado pelos fluidos internos, chegando aos diferentes órgãos e tecidos do organismo. 2.2. Higiene Ocupacional - Agentes Químicos No âmbito da Higiene Ocupacional, os agentes químicos estão relacionados à insalubridade e compreen- dem as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de ex- posição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão (item 9.1.5.2 – NR 9). Esta conceituação legal já antecipa as formas como uma substância química pode adentrar no organismo e a classificação destes agentes, de acordo com as suas características físico-químicas. Também menci- ona a natureza da atividade de exposição, como pré-requisito para a configuração do risco propriamente dito. Do ponto de vista químico, substância (ou espécie química) é a porção de matéria formada por moléculas quimicamente iguais, isto é, constituídas dos mesmos elementos, nas mesmas proporções e dispostos do mesmo modo no espaço. Assim, por exemplo, são as substâncias hidrogênio (H2), oxigênio (O2), ácido sulfúrico (H2SO4), álcool etílico (C2H6O), dentre outras. As substâncias cujas moléculas são formadas por átomos do mesmo elemento químico são substâncias simples (H2, O2). As que são formadas por átomos de elementos químicos diferentes (H2O, H2SO4) são substâncias compostas. Já os compostos são substâncias constituídas por dois ou mais elementos em que a existência de ligações químicas garante a uniformidade de propriedades e a constância de compo- sição.
  • 3. PUC Minas Virtual • 3 2.3. Vias de Ingresso dos Agentes Químicos no Organismo Humano Os diversos agentes químicos que podem estar presentes no ambiente de trabalho e, dependendo da natureza da exposição e da existência e eficácia das medidas de controle, entrar em contato com o orga- nismo dos trabalhadores, podem apresentar uma ação localizada ou serem distribuídos aos diferentes órgãos e tecidos, levados pelos fluídos internos (sangue e outros), produzindo uma ação sistêmica. Os efeitos localizados aparecem na superfície de contato entre o organismo e o agente químico, como ocorre com os trabalhadores da construção civil que manuseiam cimento sem a devida proteção. O conta- to com o cimento pode ressecar, irritar ou ferir a pele no local de contato onde a massa de cimento per- manecer por certo tempo, podendo provocar uma dermatose ocupacional grave. A maioria das substâncias, porém, são absorvidas pelo sistema circulatório e distribuídas pelo organismo e agem em local distante da via de entrada, isto é, provocando dano sistêmico em tecidos, órgãos-alvo ou sistemas do corpo, distantes do ponto de entrada. São exemplos de alvos: pele, pulmão, sistema nervoso central, sistema imunológico, fígado e rim. O sistema circulatório em geral não está em contato direto com materiais nocivos como estão a pele, os pulmões e o sistema digestivo. Todavia após uma substância prejudicial ter atingido a corrente sanguínea, ela pode ser transportada a qualquer parte do corpo. O centro do sistema circulatório é o coração. Ele bombeia sangue através de uma extensa rede de vasos sanguíneos, os quais se ramificam como uma árvore e são cada vez menores. Portanto, para que se dê uma ação sistêmica, é necessário que o agente se introduza no sangue, de onde é transportado até o local em que exercerá a sua ação. A inalação, através do processo de respiração, constitui a principal via de ingresso de agentes químicos, já que a superfície dos alvéolos pulmonares representa no homem adulto uma área entre 80 a 90 m². Esta grande superfície facilita a absorção de gases e vapores, os quais podem passar ao sangue, para serem distribuídos a outras regiões do organismo. Alguns sólidos e líquidos ficam retidos nesses tecidos podendo produzir uma ação localizada, ou dissol- vem-se para serem distribuídos através do sistema circulatório. Algumas substâncias, como o chumbo tetraetila, apresentam tanto efeitos locais (pele) como sistêmico (sistema nervoso central). As principais rotas de ingresso destes agentes no organismo são:  Inalação - através do processo de respiração.  Absorção - através da pele.  Ingestão - através da boca, ao se inserir sólidos ou líquidos. Sendo o consumo de ar de 10 a 20 kg diários, dependendo fundamentalmente do esforço físico realizado, é fácil chegar à conclusão que mais de 90% das intoxicações ocupacionais tenham esta origem. A absorção pela pele é outra forma comum de entrada de substâncias tóxicas. A pele pode ser considera- da o maior órgão do corpo e sua extensa superfície pode entrar em contato direto com substâncias noci- vas.
  • 4. PUC Minas Virtual • 4 A via cutânea inclui todo o tecido cutâneo que recobre o corpo humano, juntamente com mucosas (lábios, conjuntiva ocular), pêlos e unhas. Representa 16% do peso do corpo humano com uma área aproximada de 1,80 m² e espessura entre 0.15 a 1.4 mm. Constitui-se fundamentalmente de epiderme (região mais externa) e derme que é constituída por tecido conjuntivo, onde se encontram as glândulas sudoríparas, sebáceas, folículos pilosos, vasos sanguíneos e linfáticos. A epiderme possui uma camada mais profunda, constituída por células que se dividem continuamente (tecido vivo), originando a camada externa que está em contato com o meio ambiente, chamada de camada córnea, onde as células se queratinizam, morren- do e desprendendo-se pouco a pouco, sob a forma de escamas. As mucosas não apresentam camada córnea. As glândulas sebáceas impregnam a pele de graxa, formando uma camada que proporciona flexi- bilidade e proteção. As glândulas sudoríparas, que formam o suor, com função de excreção e refrigeração. A pele é um eficiente meio de proteção contra batidas (trauma), secagem, bactérias, penetração de água, luz ultravioleta, substâncias nocivas dentre outras, sendo sua camada exterior, composta por células mor- tas e endurecidas, resistentes aos contatos do dia a dia. As múltiplas estruturas que compõe a pele participam ativamente de uma série de mecanismos fisiológicos do corpo, tais como: Glândulas sudoríparas: ajudam a resfriar o corpo quando o ambiente é muito quente. Glândulas sebáceas: produzem óleos que repelem a água. Uma rede de vasos capilares sanguíneos: controle da temperatura corporal. Estes capilares se expandem no calor, ajudando na perda por radiação pelo ar, contraindo-se no frio de modo a conservar calor no corpo. Uma camada protetora de óleos e pro- teínas: ajudam a impedir ou diminuir a penetração de substâncias prejudiciais. Certos solventes usados na fabricação de tintas podem facilmente penetrar na pele, atingir a corrente sanguínea e alcançar outros órgãos. Evitando-se estes solventes, a superfície da pele pode ser conside- rada como praticamente impermeável. Quando uma substância entra em contato com a pele, podem ocorrer as seguintes situações: A pele e a gordura podem atuar como uma barreira protetora efetiva. O agente pode agir na superfície da pele, pro- vocando uma irritação primária. A substância química pode combinar com as proteínas da pele e provocar uma sensibilização. Se a pele é penetrada por agentes biológicos, as células brancas do sangue têm a capacidade de envolver bactérias e as destruir. Após a penetração de um antígeno no organismo o siste- ma imunológico reage produzindo anticorpos para neutralizar o efeito. O agente pode penetrar através dela, atingir o sangue e atuar como um tóxico sistêmico. A permeabilidade cutânea aos agentes químicos pode ser alterada por propriedades físico-químicos, como hidrossolubilidade, lipossolubilidade, peso molecular, tamanho molecular; sudorese (suor); espessura da pele; temperatura ambiente; circulação periférica; idade; capacidade dos agentes químicos de se ligarem aos constituintes da pele; potencial de biotransformação da pele; integridade da pele. Apesar destas con- siderações, normalmente a pele é uma barreira bastante efetiva para os diferentes agentes químicos, e são poucas as substâncias que conseguem ser absorvidas em quantidades perigosas. De importância secundária na saúde ocupacional, salvo em casos de intoxicação acidental e quando o trabalhador se alimenta ou fuma em ambiente de trabalho, os produtos químicos são absorvidos no estô- mago e no intestino delgado, ricos em vasos sanguíneos e passam para o fígado, antes de serem distribu- ídos por todo o organismo através da circulação. Alguns produtos como ácidos e álcalis provocam efeitos locais sobre os tecidos. Muitas vezes, as substâncias químicas depositam-se nas vias aéreas superiores
  • 5. PUC Minas Virtual • 5 e, através de movimentos dos cílios aí existentes ou pela tosse, são transportados para a boca, podendo ser deglutidas. Muitos produtos químicos são inativados pela acidez do estômago, pela secreção do pân- creas e pelas enzimas digestivas. Além disso, ao atingirem o fígado, muitas vezes, ocorrem biotransfor- mações que inativam os agentes tóxicos. A falta de organização e limpeza no ambiente, aliado a baixa higiene pessoal do indivíduo, também são fatores importantes para este tipo de contaminação. Fazer qualquer tipo de refeição em ambiente insalu- bre, sem lavar as mãos, certamente aumenta a possibilidade de um eventual agente químico adentrar no organismo pela boca. Alguns autores incluem uma quarta via de ingresso de agentes nocivos no organismo: a injeção. Substân- cias nocivas, normalmente de natureza biológica, podem penetrar no corpo humano através de injeção. Por exemplo, trabalhadores de hospitais operando com seringas contaminadas podem acidentalmente injetar vírus em seu próprio corpo. O processo de imunização envolve a deliberada injeção de antígenos no corpo, de modo que o sistema imunológico reaja produzindo anticorpos que neutralizem a invasão e protejam o organismo da suscetibilidade de uma futura invasão pelo mesmo agente. Existem outras rotas de entrada dos agentes químicos no organismo humano, porém com importância bastante secundária em relação à inalação, absorção e ingestão, como através de mucosas e outras cavi- dades do corpo (pálpebras dos olhos, lábios da vulva, vagina, prepúcio, ânus) ou através da córnea, dos tímpanos e do orifício urinário. 2.4.Classificação Básica Agentes Químicos A Portaria nº 3214/78, mais especificamente a NR 9 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBI- ENTAIS, no item 9.1.5, considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos exis- tentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador: Os agentes físicos são, em última análise, alguma forma de energia, liberada pelas condições dos proces- sos e equipamentos, os quais os trabalhadores podem estar expostos. Esta energia pode ocorrer na forma de: ruído, vibrações, temperaturas extremas (calor e frio), radiações ionizantes e não ionizantes e pres- sões anormais. Os agentes biológicos são representados por todas as classes de microorganismos patogênicos (algumas vezes adicionados de organismos mais complexos, como insetos e animais peçonhentos), por exemplo: vírus, bactérias e fungos. Notar que merecem uma ação bem diversa em relação aos demais agentes ambientais e que muitas formas de controle serão específicas. Os agentes químicos, mais que por sua característica individual, mas sim por sua dimensão físico- química, são classificados em gases, vapores e aerodispersoídes (estes últimos são subdivididos ainda em poeiras, fumos, névoas, neblinas, fibras). Podemos entender os agentes químicos como todas as substâncias puras, compostos ou produtos (mistu- ras) que podem entrar em contato com o organismo por uma multiplicidade de vias, expondo o trabalhador
  • 6. PUC Minas Virtual • 6 aos seus efeitos. Cada caso tem sua toxicologia específica, sendo também possível e mais usual agrupá- los em famílias químicas. O subitem 9.1.5.2 da NR 9 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, considera agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por in- gestão. 2.5. Riscos químicos Você sabia que Agente Químico é uma categoria importante de fator de risco ocupacional constituída por substâncias, compostos ou produtos, orgânicos ou inorgânicos, naturais ou sintéticos que, durante a ex- ploração, fabricação, manuseio, transporte, armazenamento ou uso, tem potencial para comprometer a saúde e a integridade física dos seres vivos? Pois bem, basicamente os mesmos agentes químicos que geram condições insalubres nos ambientes de trabalho podem vir a constituir aspectos ambientais significativos quando extrapolam os limites físicos da organização, afetando as comunidades vizinhas, o meio ambiente e os recursos naturais. Daí a interação (comumente, as melhorias que são implantadas na empresa para controlar estes riscos também favore- cem o meio ambiente e vice-versa) entre a Higiene Ocupacional e as disciplinas ambientais.
  • 7. PUC Minas Virtual • 7 Já o Risco Químico, é a exposição a substâncias, compostos ou produtos químicos presentes no ambiente de trabalho, na condição de matéria-prima, insumos, produto intermediário, produto final ou como resíduo, em qualquer estado físico, e que em função das características da exposição e/ou da eficácia das medidas de controle, poderão entrar em contato com o corpo humano, interagindo de forma localizada, ou em ação generalizada ou sistêmica, quando for levado pelos fluidos internos, chegando aos diferentes órgãos e tecidos do organismo. Quando esta interação ocorre de forma significativa com o meio ambiente e recursos naturais dá-se o nome de impacto ambiental: 2.5.1. Agentes Químicos como Fator de Periculosidade Os agentes químicos são designados como Produtos Especiais ou Produtos Químicos Perigosos e são tratados nas organizações pela Segurança do Trabalho e Empresarial (brigadas de emergência), conforme circunstâncias. Casos graves de incêndios e explosões são bem conhecidos, como o desastre ocorrido pela liberação de Metil-Isocianato que ocorreu em Bhopal (Índia) no ano de 1984, que resultou em um número de mortos superior a 2000 e cerca de 20.000 atingidos. Outro exemplo, foi o ocorrido em 1976 em Seveso (Itália) onde houve a liberação acidental de dioxina, atingindo 30 pessoas e provocou a evacuação de cerca de 22.000 habitantes. A explosão de ciclohexano em Flixborough (Grã Bretanha) vitimou 28 pessoas e atingiu 89 habitantes. As causas destas catástrofes sempre se relacionam com eventos incontroláveis, envolvendo fogo, explo- são ou liberação de produtos tóxicos que resultaram em doenças, mortes, danos ao meio ambiente e efei- tos econômicos incalculáveis. Além do aspecto insalubre, tratado pela Higiene Ocupacional com foco na prevenção de doenças, os agentes químicos também são agentes periculosos e podem causar acidentes típicos com lesões imedia- tas aos trabalhadores e outros de tipos de eventos de maior monta que também impactam as comunida- des, o meio ambiente e os recursos naturais (grandes vazamentos, incêndios e explosões). A NBR 7502 da ABNT agrupa as substâncias químicas, como produtos químicos perigosos, em 9 classes: Classe 1 – Explosivos (pólvora, dinamite, cordel detonante) Classe 2 – Gases comprimidos, liquefeitos, dissolvidos sob pressão ou altamente refrigerados (GLP, oxi- gênio, amônia, acetileno) Classe 3 – Líquidos inflamáveis (gasolina, álcool, querosene) Classe 4 – Sólidos inflamáveis (carvão, sódio metálico, enxofre) Classe 5 – Substâncias oxidantes e Peróxidos orgânicos (água oxigenada, nitrato de amônia) Classe 6 – Substâncias tóxicas, substâncias infectantes (acetato de chumbo, acetona, lixo hospitalar)
  • 8. PUC Minas Virtual • 8 Classe 7 – Substâncias radioativas (urânio, césio, cobalto) Classe 8 – Corrosivos (ácido sulfúrico, ácido perclórico) Classe 9 – Substâncias perigosas diversas (produtos ou misturas não enquadradas nas classes anteriores) A palavra perigoso é originária do latim – periculosu –significa uma situação em que há perigo, que causa ameaça ou ameaça perigo, situação em que pode ocorrer risco de vida. Daí a origem do adicional de peri- culosidade regulamentado pela NR-16 da Portaria n.3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego. Do ponto de vista legal, o artigo 193 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, considera atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo então Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem em contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. Além dos inflamáveis e explosivos, trabalhos envolvendo energia elétrica, radiações ionizantes, segurança pessoal e patrimonial, atividade de motociclista, também se enquadram no rol das atividades e operações periculosas, passíveis de percepção do adicional de periculosidade. O adicional de periculosidade é uma compensação financeira devida ao trabalhador que, em determinadas circunstâncias, desenvolveu ou desenvolve suas atividades sob condições perigosas, ou seja, risco de vida. Aqui não se cogita o risco de contrair uma doença decorrente das condições insalubres em que o trabalho é realizado. Evidentemente que existem outros agentes no mundo do trabalho tão ou mais perigosos, entretanto não são amparados legalmente para efeitos de direito à percepção do adicional de periculosidade. O exercício do trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30%, incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa. Quando a questão é insalubridade a regulamentação legal é embasada no artigo 192 da CLT e os adicio- nais (10, 20 ou 40%) incidem sobre o salário mínimo. Risco de se contrair uma doença do trabalho ou profissional em função da exposição a agentes ambientais físicos, químicos ou biológicos. Não faz parte dos objetivos de aprendizagem desta unidade abordar os agentes químicos como agentes de insalubridade e/ou periculosidade, por isso não aprofundaremos no assunto. No entanto, recomenda- mos aos interessados consultar o Decreto Federal n. 96044, NBR 7.501 da ABNT, NR 15, NR 16 da Porta- ria n. 3.214/78, Decreto n. 93.412/86, Portaria n. 3.393/87 do Ministério do Trabalho e Emprego.
  • 9. PUC Minas Virtual • 9 3. Programa de Proteção Respiratória 3.1.Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR Os EPR podem ser classificados quanto à concepção, às aplicações e ao nível de proteção que podem proporcionar ao usuário. A NBR 12543 os divide em duas grandes classes: purificadores de ar e adução de ar. Respiradores purificadores de ar dependem da atmosfera ambiente. Respiradores de adução de ar não dependem da atmosfera ambiente A imagem abaixo resume a classificação dos EPR, segundo a NBR 12543: 3.2.Os Tópicos Básicos de um PPR Alguns tópicos básicos devem ser desenvolvidos em um PPR, sendo eles:  Política de saúde ocupacional da empresa, definida e aprovada pela alta administração e disseminada entre todos os empregados próprios e terceiros da organização, enfatizando a priorização das medidas de controle coletivas e administrativas;  Indicação do administrador do programa e suas respectivas atribuições e responsabilidades. O empre- gador deve atribuir a uma só pessoa a responsabilidade e a autoridade pelo programa de uso de respi- radores. Essa pessoa deve possuir conhecimentos de proteção respiratória suficiente para administrar de modo apropriado o programa. A responsabilidade do administrador pelo programa inclui o monito- ramento dos riscos respiratórios, a atualização dos registros e a realização das auditorias.  Metodologia técnica para escolha do respirador, coerente com a publicação do PPR da Fundacentro.  Treinamento e reciclagem dos usuários e da supervisão. Cada usuário de respirador deve receber trei- namento e reciclagem, que deve incluir explanação e discussão sobre:
  • 10. PUC Minas Virtual • 10 a) o risco respiratório e o efeito sobre o organismo humano se o respirador não for usado de modo correto: b) as medidas de controle coletivo e administrativo que estão sendo adotadas e a necessidade do uso de respiradores para proporcionar a proteção adequada; c) as razões que levaram a seleção de um tipo particular de respirador; d) o funcionamento, as características e limitações do respirador selecionado; e) o modo de colocar o respirador e de verificar se ele está colocado corretamente no rosto; f) o modo correto de usar o respirador durante a realização do trabalho; g) os cuidados de manutenção, inspeção e guarda, quando não estiver em uso; h) o reconhecimento de situações de emergência e como enfrentá-las; i) as exigências legais sobre o uso de respiradores para certas substancias. Com filtro quí- mico
  • 11. PUC Minas Virtual • 11  Procedimentos administrativos para aquisição, armazenagem, fornecimento, substituição e descarte de respiradores. Em toda a empresa onde os respiradores forem necessários, devem existir procedimen- tos operacionais escritos cobrindo o programa completo de uso de respiradores. Além de existir, esses procedimentos devem estar sendo cumpridos.  Regras para inspeção, limpeza, manutenção, higienização regular e guarda dos respiradores, de acor- do com as instruções do fabricante e do administrador do programa. O usuário deve examinar o respi- rador antes de colocá-lo, para verificar se está em boas condições de uso. O respirador deve ser guar- dado em local conveniente, limpo e higiênico.  Rotina de monitoramento da exposição dos trabalhadores frente aos agentes químicos e classificação do risco;  Cadastro das fontes artificiais de ar respirável existentes no estabelecimento e respectivo programa de inspeção e manutenção das mesmas. Literaturas e normas especializadas apresentam os requisitos mínimos da qualidade do ar que os respiradores de linha de ar comprimido e as mascaras autônomas que utilizam ar devem obedecer.  Inventário atualizado dos espaços confinados do estabelecimento;  Situações de emergências e respectivas ações de controle e mitigação. Embora não seja possível pre- ver todas as situações de emergência e de salvamento para cada tipo de operação industrial, pode-se prever muitas condições nas quais será necessário o uso de respiradores. Pode-se chegar a escolha de respiradores apropriados para uma situação concreta, pela análise cuidadosa dos riscos potenciais devidos a enganos na condução do processo industrial ou a defeitos ou falhas no funcionamento.  Exames e rotinas médicas para avaliar o grau de aptidão dos usuários aos respiradores selecionados. Cabe a um médico determinar se uma pessoa tem ou não condições médicas de usar um respirador. O conteúdo e a frequência desse exame médico estão especificados na regulamentação elaborada pela FUNDACENTRO. Com a finalidade de auxiliar o médico na sua avaliação, o administrador do progra- ma deve informá-lo sobre: a) tipo de respiradores para uso rotineiro e de emergências; b) atividades típicas no trabalho; condições ambientais, frequência e duração da atividade que exige o uso do respirador; c) substancias contra as quais o respirador deve ser usado, incluindo a exposição provável a uma atmosfera com deficiência de oxigênio.  Avaliação periódica e individualizada da eficiência dos respiradores (ensaios e testes de vedação). Antes de ser fornecido um respirador para uma pessoa, ele deve ser submetido ao teste de vedação para verificar se aquele respirador proporciona boa vedação no seu rosto. Após este teste preliminar, toda vez que for colocar ou ajustar o respirador no rosto, ele deve fazer a verificação da vedação.  Avaliação da gestão e resultados do programa, no mínimo, anual.
  • 12. PUC Minas Virtual • 12 3.2.1. A Responsablidade pela Implantação do PPR Algumas responsabilidades são atribuídas ao empregador e ao empregado em relação ao PPR 3.2.1.1. Responsabilidade do empregador quanto ao PPR I. Fornecer o respirador, quando necessário, para proteger a saúde do trabalhador. II. Fornecer o respirador conveniente e apropriado para o fim desejado. III. Ser responsável pelo estabelecimento e manutenção de um programa de uso de respiradores pa- ra proteção respiratória, cujo conteúdo mínimo está descrito na publicação da FUNDACENTRO. IV. Permitir ao empregado que use o respirador deixar a área de risco por qualquer motivo relaciona- do com o seu uso. Essas razões podem incluir, mas não se limitam às seguintes: a) falha do respirador que altere a proteção proporcionada pelo mesmo; b) mau funcionamento do respirador; c) detecção de penetração de ar contaminado dentro do respirador; d) aumento da resistência a respiração; e) grande desconforto devido ao uso do respirador; f) mal-estar sentido pelo usuário, tais como: náusea, fraqueza, tosse, espirro, dificuldade para respi- rar, calafrio, tontura, vômito, febre; g) lavar o rosto e a pega facial do respirador, sempre que necessário, para diminuir a irritação da pele; h) trocar o filtro ou outros componentes, sempre que necessário; i) descanso periódico em área não contaminada. V. Investigar a causa do mau funcionamento do respirador e tomar providências para saná-la. Se o defeito for de fabricação, o empregador deverá comunicá-lo ao fabricante e ao órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego. 3.2.2. Responsabilidades do Empregado quanto ao PPR I. Usar o respirador fornecido de acordo com as instruções e treinamento recebidos. II. Guardar o respirador, quando não estiver em uso, de modo conveniente para que não se danifique ou deforme.
  • 13. PUC Minas Virtual • 13 III. Se observar que o respirador não está funcionando bem, deverá deixar imediatamente a área contami- nada e comunicar o defeito à pessoa responsável indicada pelo empregador nos procedimentos opera- cionais escritos. IV. Comunicar à pessoa responsável qualquer alteração do seu estado de saúde que possa influir na sua capacidade de usar o respirador de modo seguro. 4. Filtros Químicos Os filtros químicos retêm os gases e vapores contidos no ar através da interação das moléculas do gás ou do vapor com o material granulado do filtro, geralmente porosos. Os mecanismos que ocorrem nesta inte- ração são: adsorção física, adsorção química, absorção e catálise. Normalmente são utilizados os seguintes adsorventes: carvão ativado, alumina ativada e a sílica-gel. Como absorventes: compostos de hidróxido de potássio e sódio com carbonato de sódio e/ou silicatos alcalinos. O catalizador mais empregado é o Hopcalite, que é uma mistura de gráos altamente porosos de óxidos de cobre e manganês, que forma o dióxido de carbono. Os filtros químicos são produzidos e disponibilizados no mercado como descrito abaixo:  Vapores orgânicos,  Gases ácidos,  Amônia,  Filtros múltiplos (combinação de dois ou mais dos tipos citados anteriormente e que atendem os requisitos de cada tipo),  Filtros especiais (uso contra contaminantes específicos, não incluídos nos tipos anteriores),  Filtros combinados (utilizado em conjunto com um filtro para particulados).
  • 14. PUC Minas Virtual • 14 Conforme a NBR 13696, os filtros químicos são classificados em tipos e classes, conforme tabela abaixo: Observem que na 3ª coluna da tabela acima, há a indicação da concentração máxima para cada tipo de filtro. Este parâmetro é conhecido como MCU – Máxima Concentração de Uso. Cada classe de filtro químico somente pode ser utilizada abaixo da Máxima Concentração de Uso (MCU) correspondente. Algumas situações podem alterar os valores de MCU indicados. O livro Manual de Proteção Respiratória, de M.Torloni e A.V.Vieira, citam as seguintes situações que podem alterar a MCU de um determinado filtro químico: a) A máxima concentração de uso dos respiradores em situações rotineiras que incorporem filtro químico, para um dado gás ou vapor, deve ser: I. menor que o valor IPVS;
  • 15. PUC Minas Virtual • 15 II. menor que o valor indicado na tabela acima para o referido gás ou vapor; III. menor que o produto Fator de Proteção Atribuído do respirador purificador utilizado x limite de exposição. Dos três valores obtidos, adotar o que for menor. b) O uso contra vapores orgânicos ou gases ácidos com fracas propriedades de alerta, ou que gerem alto calor de reação com o conteúdo do cartucho, deve obedecer ao exigido no item (m) de 4.2.2.2 da Pu- blicação PPR-Fundacentro. É neste item que a referida publicação define as etapas para a seleção do respirador. c) Essas máximas concentrações de uso se referem a filtros do tipo clase 2 ou 3 utilizados em respirado- res de fuga em situações IPVS. A MCU dos filtros classe 2 ou 3 pode ser superior aos valores indica- dos desde que satisfaçam os requisitos estabelecidos em norma norte-americana ou europeia. Exemplo: Um filtro classe 1 para vapor orgânico, segundo a tabela pode ser utilizado até a concentração de 1000 ppm. Porém, se o vapor orgânico a que o trabalhador está exposto tem concentração IPVS = 100 ppm, pela nota(A) (1) a MCU do filtro ficará alterada para valor de 100 ppm e não mais ao valor previsto pela tabela que era 1000 ppm. É necessário esclarecer que existe uma máxima concentração de uso do filtro químico e uma máxima concentração de uso do respirador. A MCU relacionada na tabela acima se refere ao filtro isoladamente e não ao respirador completo (peça facial e filtro). A seleção do tipo de filtro (ácido, vapor orgânico, etc.) exige o conhecimento da natureza química da subs- tância, que nem sempre é fácil, uma vez que existe a possibilidade de o agente químico pertencer a duas categorias simultaneamente. Também é importante conhecer o comportamento do adsorvente ou absorvente empregado no filtro em relação ao agente. Recomenda-se então, consultar sempre o fabricante sobre o filtro mais indicado para cada tipo de contaminante. Os respiradores dotados de filtros químicos somente podem ser utilizados quando: a) O teor de oxigênio no ar estiver acima de 18%, em volume, e abaixo de 23,5%, ao nível do mar; b) A concentração do agente químico estiver abaixo da sua concentração IPVS; c) A concentração do agente químico no ar for menor que a MCU do filtro que se pretende utilizar; d) O agente químico apresentar propriedades de alerta.
  • 16. PUC Minas Virtual • 16 A vida útil de um filtro químico depende dos seguintes fatores ligados ao:  Usuário: demanda de ar pelo usuário  Filtro: uniformidade do recheio, qualidade e quantidade do recheio  Agente: nível de concentração, presença simultânea, natureza química.  Meio ambiente: temperatura, umidade relativa do ar. 5. Respiradores Purificadores de Ar Os respiradores purificadores de ar dependem da atmosfera ambiente. Estes equipamentos filtram o ar ambiente, removendo os contaminantes, antes da inalação. Para particulados usam-se filtros mecânicos e para gases e vapores filtros químicos específicos. Dependendo do processo pode ser necessário o uso de respirador com filtro combinado (mecânico e químico). Os respiradores purificadores de ar somente podem ser utilizados em atmosferas com, no mínimo, 18% de oxigênio e com substâncias que possuem propriedades de alerta ou que não sejam muito tóxicas uma vez que, se o filtro saturar durante o uso, o trabalhador poderá ficar exposto ao agente. Portanto, este tipo de respirador exige um conhecimento prévio do tipo e concentração do contaminante presente no ar ambien- te. Estes respiradores podem ser motorizados ou não motorizados. 5.1. Respiradores purificadores de ar não motorizados Os respiradores purificadores de ar não motorizados tem como características:  Necessitam de filtros. É importante lembrar que os respiradores purificadores de ar FILTRAM o ar exis- tente no ambiente, mas não suprem de oxigênio, portanto não podem ser utilizados em ambientes defici- entes de oxigênio;  O ar chega às vias respiratórias (nariz e boca) do usuário devido unicamente a ação pulmonar do usuá- rio;  As coberturas das vias respiratórias devem ser com vedação facial: um quarto facial, semifacial, facial inteira e bocal com pinça nasal;  O ar que está dentro da cobertura das vias respiratórias nunca é totalmente isento de contaminante de- vido à pressão negativa existente durante a inalação, associada à falta de vedação no rosto. Pressão negativa se refere à relação entre a pressão no interior do respirador e a pressão atmosférica externa ao respirador, quando, durante a inspiração, a pressão no interior da peça facial permanece abaixo da pres- são atmosférica ambiente. Quando ocorre o contrário (pressão interna maior que a pressão externa) temos um quadro de pressão positiva. Os principais tipos de respiradores purificadores de ar não motorizados são:
  • 17. PUC Minas Virtual • 17 Peças semifaciais filtrantes (PFF): Podem ser para particulado ou para certos gases e vapores. Confor- me o próprio nome indica, a peça facial é o próprio material filtrante, a qual pode ser dobrável ou não. Al- guns modelos podem possuir ou não válvula de exalação. Válvula de exalação é um dispositivo presente em alguns modelos de respiradores que garantem que o ar expirado e inspirado escoe na direção correta. Dependendo da quantidade de material que deixam passar em teste de laboratório podem ser classifica- das em PFF1, PFF2 e PFF3. Geralmente este tipo de respirador, quando utilizado em indústria, é utilizado apenas em uma jornada de trabalho, motivo pelo qual são também conhecidos como respiradores descartáveis. Respiradores purificadores com peça um quarto facial e semifacial: Possuem válvulas de inalação, de expiração e suporte para o filtro. Podem possuir um ou dois filtros, que de certa forma pode interferir com o campo visual do usuário. Da mesma forma que as PFF, não proporcionam proteção para os olhos. A diferença entre uma cobertura das vias respiratórias um quarto facial e semi- facial é que a peça um quarto facial se apóia no rosto entre o queixo o lábio inferior, e a semifacial, por baixo do queixo. Respiradores purificadores com peça facial inteira: Estes respiradores pro- tegem os olhos do usuário contra substâncias irritan- tes, dispensando o uso de óculos de proteção e permi- tindo o uso de lentes corretivas. São disponibilizadas com filtros de vários tamanhos. Existe uma maior resis- tência ao uso quando fornecidas a usuários não treinados, o que caracteriza uma condição de risco significativa, conforme a concentração do contaminante no local. Respiradores purificadores de ar motorizados: Nos respiradores purificadores de ar motorizados o ar passa por um ou mais filtros graças à ação de uma ventoinha movida por motor alimentado por bateria. Pode ser acoplada a filtros mecânicos, químicos ou combinados. A vantagem deste tipo de respirador é que, quando a ventoinha está acionada continuamente e a vazão do ar é alta, cria-se uma pressão positiva no interior do respirador (pressão no interior da cobertura das vias respiratórias maior que a pressão atmosférica interna), mesmo durante a inspiração, o que reduz a possibilidade de entrada de ar contaminado na zona de contato entre o respirador e o rosto do usuário (capacidade de vedação). Há que se atentar para a questão de a vazão de ar, geralmente maior que o consumo pode não garantir sempre pressão positiva. Por outro lado, os filtros dos respiradores motorizados apresentam menor durabili- dade do que os não motorizados. A cobertura das vias respiratória pode ser com vedação facial (semifacial, facial intei- ra) ou sem vedação facial (capuz, capacete, visor, touca). Alguns tipos de cobertura das vias respiratórias podem ser utilizados por trabalhadores com barba.
  • 18. PUC Minas Virtual • 18 6. Tipos de Respiradores de Adução de Ar a) Respiradores de Linha de Ar comprimido: De acordo com a variação da vazão de ar que chega ao usuário com a fase do ciclo respiratório, estes respiradores podem ser de fluxo contínuo ou de demanda. Se o ar chega continuamente à cobertura das vias respiratórias, isto é, durante a inspiração e a expiração, é denominado fluxo contínuo. Se chegar so- mente durante a inalação, é chamado de demanda. Os de demanda podem operar com pressão positiva, ou sem pressão positiva. Os modelos de demanda economizam ar. Os do tipo de demanda sem pressão positiva permitem mais facilmente a entrada de contaminantes que os de fluxo contínuo ou com pressão positiva. As fontes de ar que alimentam os respiradores de linha de ar compri- mido podem ser compressor portátil, rede de ar comprimido ou conjun- to de cilindros. A qualidade do ar comprimido é importante e às vezes pode ser necessária a utilização de unidade purificadora. O uso de oxigênio ou ar enriquecido pode provocar acidentes. Os elementos principais de um respirador de linha de ar comprimido situ- ados entre uma peça facial e a mangueira de alimentação de ar compri- mido são:Traquéia, válvula, cinturão, engate rápido. A vazão mínima de ar que chega a cobertura das vias respiratórias, espe- cificada pelo fabricante, somente será alcançada se o usuário obedecer à pressão de trabalho recomendada para cada tipo de respirador, tipo de mangueira, conexões e acessórios. As vazões mínimas que devem obrigatoriamente chegar às coberturas das vias respiratórias indicadas são:  Peça semifacial e facial inteira: 120 litros / minuto.  Capuz, touca: 170 litros / minuto. O uso de respiradores de linha de ar comprimido durante longos períodos pode provocar sangramento nasal para alguns indivíduos, pois o ar comprimido é sempre muito seco (UR < 15%). Estes respiradores limitam a mobilidade do usuário e não podem ser utilizados em situações IPVS.
  • 19. PUC Minas Virtual • 19 b) Máscaras Autônomas: Nestes respiradores o usuário transporta junto ao corpo o suprimento de ar ou geração de oxigênio. Nas máscaras de circuito fechado o ar exalado é reutilizado, onde o oxigênio consumido pode ser reposto de três maneiras diferentes: oxigênio gasoso comprimido, oxigênio líquido e geração química. As máscaras autônomas de demanda sem pressão positiva não são mais eficientes que o respirador puri- ficador de ar com o mesmo tipo de peça facial. É proibido encher cilindros com oxigênio puro antes utilizados com ar comprimido. A utilização de oxigênio puro ou ar enriquecido fora das con- dições especiais pode provocar o envenenamento pelo oxigênio (hipero- xia). A autonomia das máscaras autônomas pode ser expressa em volume de ar armazenado ou tempo de uso. Autonomia corresponde o tempo que uma máscara autônoma consegue fornecer ar suficiente para o usuário. Uma máscara autônoma com cilindro de 1600 litros de ar, por exemplo, com um consumo médio de 50 litros por minuto, proporciona uma auto- nomia de 32 minutos, ou seja, 1600/50. Existem disponíveis no mercado máscaras com autonomia de 4, 3, 2 e 1 hora ou 45, 30, 15, 10, 5 e 3 minutos. Estes cilindros são dotados de manômetros que indicam a pressão e que permitem estimar, nas condições ambientes, o volume de ar contido em seu interior. Embora todas as máscaras autônomas possam ser usadas em ambientes com deficiência de oxigênio, somente as de de- manda com pressão positiva podem ser utilizadas em situaçoes IPVS, associada à linha de ar comprimido com cilindro auxiliar. c) Respiradores de Linha de Ar Comprimido de Demanda com Pressão Positiva e Cilindro Auxiliar: Este tipo de respirador é uma combinação de um de linha de ar comprimido com uma máscara autônoma de pequena autonomia. O cilindro com autonomia de até 15 minutos pode ser usado somente para esca- pe. Devem sempre ser de demanda com pressão positiva. No respirador de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar para escape, quando o cilindro auxiliar está em uso, o respirador é considerado como uma máscara autônoma. Os respiradores de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar devem ser apenas do tipo de demanda, para economizar ar quando o cilindro estiver em uso, e com pressão positiva. Conforme o item 4.3 da pu- blicação PPR-FUNDACENTRO, estes respiradores e as máscaras autônomas de demanda com pressão positiva são os únicos EPR que podem ser utilizados para situações IPVS.
  • 20. PUC Minas Virtual • 20 d) Respiradores de Ar Natural: Neste tipo de respirador o usuário inspira o ar isento de contaminante vindo de outro ambiente, através de uma mangueira que apresenta baixa resistência à respiração. Alguns modelos utilizam uma ventoinha acionada manualmente ou por motor elétrico. Um respirador de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar para entra- da em espaços confinados pode empregar o cilindro auxiliar para entrada somente quando a autonomia for acima de 15 minutos e somente se for utilizado para a entrada até 20% do ar do cilindro). Observações: I. O uso de respiradores em ambientes com baixas ou altas temperaturas deve ser previamente avalia- do, já que estas condições geralmente implicam em algum tipo de dificuldade para o usuário. II. O anexo 12 da publicação PPR-FUNDACENTRO trata especificamente da questão de comunicação verbal entre usuários de respiradores, num ambiente ruidoso. Falar em voz alta pode provocar o des- locamento de algumas peças faciais e prejudicar a vedação no rosto. Nesta condição, o usuário pode também ser entado a retirar a peça facial do rosto enquanto fala. III. Não se recomenda o uso de lentes de contato concomitantemente com o uso de respirador, conven- cional, em função do desconforto. Respiradores com peças faciais inteiras podem ser equipados com acessórios que facilitam o uso destas lentes. Neste caso, as lentes devem ser montadas somente por pessoa qualificada, de modo a garantir boa visibilidade, conforto e vedação. Os usuários de respira- dores que usam óculos com lentes corretivas, não devem utilizá-lo com hastes que atravessam as bordas de vedação da peça facial inteira. IV. Respiradores não devem ser usados com gorros ou bonés com abas que interfiram com a vedação da peça facial no rosto.
  • 21. PUC Minas Virtual • 21 7. Seleção de Respiradores para uso em Atmosferas IPVS, Espaços Confinados ou Atmosferas com Pressão Reduzida 7.1. Atmosfera IPVS Um local é considerado IPVS quando: a) a concentração é conhecida ou se suspeita que esteja acima do limite de exposição IPVS; b) é um espaço confinado com teor de oxigênio menor que o normal (20,9% em volume), a menos que a causa da redução do teor de oxigênio sola conhecida e controlada. c) o teor de oxigênio é menor que 12,5%, ao nível do mar, ou d) a pressão atmosférica do local é menor que 450 mmHg (equivalente a 4240m de altitude) ou qualquer combinação de redução na porcentagem de oxigênio e pressão reduzida que leve a uma pressão par- cial de oxigênio menor que 95 mmHg. 7.1.1. Respiradores para uso em condições IPVS na pressão atmosférica normal O respirador que deve ser usado em condições IPVS provocadas pela presença de contaminantes tóxicos, ou pela redução do teor de oxigênio como descrito nas condições a, b e c no item 4.3.1, é a máscara au- tônoma, ou uma combinação de um respirador de ar comprimido com cilindro auxiliar para escape. Exemplos (livro Manual de Proteção Respiratória – M.Torloni, AV Vieira): Obs: Todos os itens citados nos exercícios propostos são referentes ao Programa de Proteção Respirató- ria da FUNDACENTRO. 1 Selecionar o respirador que deve ser utilizado por um trabalhador que necessita fazer reparos em uma galeria de esgotos industriais e que não dispõe de nenhum instrumento para avaliar os contaminantes presentes. Verificou-se que o teor de exigênio é normal e que a atmosfera não é explosiva. Resposta: Segundo o roteiro acima, verifica-se que o risco é desconhecido e ou ambiente deve ser considerado IPVS. Pelo item 4.3, os respiradores que devem ser utilizados são: • Máscara Autônoma de demanda com pressão positiva, ou um respirador de linha de ar comrimido de demanda, com pressão positiva, combinado com cilindro auxiliar para escape, ambos com pe- ça facial inteira.
  • 22. PUC Minas Virtual • 22 2 Um técnico de laboratório que auxilia um pesquisador no preparo de sal de platina solúvel na forma de pó está exposto a uma concentração média ponderada de 0,008 mg/m³. O local não possui capela e é mal ventilado. Qual é o respirador recomendado? Resposta: Pelo item 4.2.2.2 (passo a), o risco não é desconhecido, pois se sabe quem é o agente e a sua concentração. No passo b, encontra-se no manual da ACGIH o TLV de 0,002 mg/m³ para o agen- te em questão, além das informações: • Irritação • Asma • Sensibilização No passo C, não existe legislação específica de proteção respiratória para esse agente, uma vez que a IN somente se refere ao aminanto e a sílica livre, No passo d, a atmosfera não é deficiente de oxigênio. Plo passo f, resulta FPR = Concentação/limite de exposição = 0,008/0,002 = 4. Pela tabela específica, pode – se selecionar um respirador com purificador de ar, por exemplo, peça semifacial (FPA = 10). Pelo passo j deve-se selecionar um filtro classe P3 ou uma PFF3. 7.2. Respirador de Fuga Onde for distribuído respirador de fuga devido a riscos potenciais em uma emergência, os usuários dessa área de risco devem ser treinados no seu uso. As pessoas que não realizam tarefas nessa área, ou os visitantes, devem receber instruções breves sobre o seu uso. Para estas pessoas, não é obrigatório o treinamento detalhado e o exame médico para verificar sua compatibilidade com o respirador.
  • 23. PUC Minas Virtual • 23 8. Ensaios de Vedação O ensaio de vedação objetiva avaliar se o respirador selecionado veda bem o rosto do usuário. Por esta razão, ao se conduzir o ensaio de vedação, é necessário que exista disponível mais de um tamanho ou formato de respirador para que o usuário escolha aquele que proporcione melhor vedação e o menor des- conforto. Estes ensaios podem ser qualitativos ou quantitativos, usando um respirador novo. Se o trabalhador utiliza mais de um tipo de respirador o ensaio de vedação deve ser feito com todos eles. Ensaios Qualitativos: Vantagens: são mais comuns e o equipamento tem custo menor. Desvantagens: não são totalmente confiáveis, pois dependem da resposta do usuário Ensaios Quantitativos: Vantagens: não depende da resposta do usuário e é um ensaio indicado principalmente quando o respira- dor vai ser usado com agentes muito tóxicos. Desvantagens – o equipamento tem custo mais elevado. Os ensaios qualitativos são subjetivos, pois dependem da resposta do usuário e consiste em submeter o indivíduo, utilizando respirador, a um agente de teste com cheiro característico (óleo de banana, por exemplo), a um sabor (sacarina ou bitrex) ou a um fumo irritante. A barba e/ou cicatrizes impedem um ajuste e vedação adequados à proteção, facilitando a passagem dos contaminantes pelas deficiências de vedação. Os ensaios quantitativos não dependem da resposta do usuário. São de dois tipos básicos: o que utiliza aerossol de teste e o que mede o vazamento que ocorre na zona de selagem no rosto, controlando a pressão dentro da peça facial. Os procedimentos recomendados para a realização do ensaio de vedação estão detalhados no Anexo 5 da publicação PPR/Fundacentro. Os ensaios de vedação devem ser feitos no mínimo uma vez por ano, com o arquivamento dos os respec- tivos registros. Convém observar a diferença entre as expressões: verificação de vedação e ensaio de vedação emprega- da na publicação PPR/Fundacentro. A verificação de vedação é um ensaio rápido feito pelo próprio usuário antes de entrar na área de risco, ou na própria área, sem o uso de nenhum agente químico. O ensaio de vedação é feito numa sala, fora da área de risco onde uma pessoa espalha um agente quími- co ao redor do rosto do usuário e observa as suas respostas.
  • 24. PUC Minas Virtual • 24 Leitura Obrigatória TORLONI, Maurício. Programa de Proteção Respiratória: recomendações, seleção e uso de respiradores. São Paulo: FUNDACENTRO, 1994. ABNT; Equipamentos de proteção respiratória; peça semifacial filtrante para partículas, NBR 13698.1996. PORTARIA n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Ministério do Trabalho. 36ed., Atlas, NR-6 Instrução Normativa n.1 de 11/04/1994, Ministério do Trabalho e Emprego. Programa de Proteção Respiratória, Recomendações, seleção e Uso de Respiradores, FUNDACENTRO.