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Universidad Nacional de Misiones
Facultad de Humanidades y Ciencias Sociales




         Lucíola:
  Mulher anjo, mulher demônio.



                       Aluna: Tamara Capiotti
                       Professoras: Mª. A. Carratini
                                   Cristina Pastori
                       Matéria: Literatura Brasileira
1)     Os principais personagens da obra são Lúcia e Paulo. Lúcia é uma personagem
 esférica. No início da obra, José de Alencar a descreve como uma jovem cortesã do século
 XIX. Atribuindo à personagem descrições sobre seu porte físico, sua elegância em
 vestimentas e seu caráter forte. No decorrer da obra, Lúcia sofre modificações, não
 somente nas vestimentas, já que passa a vestir-se de maneira mais simples, mas também
 na maneira de comportar-se, passa a ser uma mulher modesta. Transita de mulher
 demônio a mulher anjo.
      O foco narrativo da trama se dá a partir de cartas escritas por Paulo, um homem de
 25 anos, apaixonado pela cortesã. No prefácio do livro, nota-se o nome G.M. pessoa que
 teria guardado as cartas de Paulo, reúne-as e monta o livro. O livro, então, está narrado
 em 1ª pessoa, e o narrador é um dos personagens da história. Há um autor real, José de
 Alencar, um autor fictício G.M. e um autor narrador, Paulo.
      O tempo na obra é bastante evidenciado por Paulo, 1855, sendo assim, Brasil
 Imperial, governado por D. Pedro II. “A primeira vez que vim ao Rio de janeiro foi em
 1855.” (Lucíola, pág.: 2). Há presença de salões, de vitrines pomposas na rua do Ouvidor e
 burguesia. O tempo poderia-se dizer que é cronológico, medido em horas, dias, meses e
 anos. Mas também há flash backs quando Lúcia conta o seu passado a Paulo.
     Na obra vê-se referências espaciais de bairros e ruas do Rio de Janeiro, como:
     • - Bairro Santa Tereza;
     • -Rua das Mangueiras.
   Pode-se dizer que o primeiro estabelecimento de verossimilhança seja posto por Paulo,
 que relata fatos desde seu próprio testemunho. O destinatário das cartas de Paulo, G.M.,
 também pode ser tomado como verossimilhança, quem sabe seja um pseudônimo usado
 por Jose de Alencar. Outro fato que marca a verossimilhança na obra é febre amarela
 (Lucíola, pág.: 95), que colocou fim em 1850 ao tráfico negreiro no Rio de Janeiro. Insere
 certos dados com a ideia de provar que a história realmente aconteceu.
   Intertextualidade – A Dama das Camélias.


2)       No livro Lucíola é possível ver como o romancista José de Alencar proporciona ao
público uma nova representação da realidade. Alencar, incorpora percepções individuais da
realidade, os personagens já não são ordinários. O romance sempre fora tratado como uma
representação da vida comum. Alencar está desta maneira transitando, do romancismo ao
realismo, já que em sua obra Lucíola aborda temas como traição, incesto, prostituição,
intrigas e amores. É possível ver como há uma mistura das classes sociais. Esse novo gênero
de romance, com uma pitada de realismo, contava ao público histórias urbanas, dando
credibilidade através da verossimilhança. É interessante, como a prostituição antes era um
tabu e que até hoje é tratada com polêmica. A prostituta é vista pela sociedade como
mercadoria e o dinheiro como em tempos passados, ainda hoje leva os sujeitos a
degradações sociais. A prostituta possui uma das profissões mais antigas, sempre estiveram
presentes na sociedade e, com isso foram criados imaginários sociais sobre as mesmas.
3) a- Lúcia havia perdido a virgindade física, mas conservava a virgindade do espírito.
“Elas não sabem, como tu, que eu tenho outra virgindade, a virgindade do coração.”
(Lucíola, pág.: 104). Lúcia após haver conhecido Paulo, não esteve com outros homens.


b-      Lúcia refere-se a ela mesma antes da prostituição como a inocência perdida.
“Deixamos São Domingos para vir morar na corte; tinham dado a meu pai um emprego nas
obras públicas. Vivemos dois anos ainda bem felizes. À noite toda a família se reunia na
sala; eu dava a minha lição de francês a meu mano mais velho, ou a lição de piano com
minha tia. Depois
passávamos o serão ouvindo meu pai ler ou contar alguma história. Às nove horas ele
fechava o livro, e minha mãe dizia: «Maria da Glória, teu pai quer cear». Levantava-me
então para deitar a toalha.” (Lucíola, pág.: 95). A moça, antes da prostituição era uma
menina de família, ajudava nas tarefas da casa, ensinava os irmãos, generosa e pudorosa
para com sua honra. Era inocente.
Após a prostituição, Lúcia, passa a ser uma mulher fatal, sexy, libidinosa, também
conhecida como Lúcifer. “— Ali está a minha estrela! Olhe, sou eu! disse mostrando-me
Lúcifer, que se elevava no oriente, límpida e fulgurante”.


c-    No nome Maria da Glória, Lúcia conservava sua ingenuidade, virgindade física,
menina simples, romântica, pura, inocente, um anjo. Lúcia, a cortesã mais depravada,
caprichosa, renega o amor, mulher demônio. Adota esse nome dando morte à Maria da
Glória.


d-    O passado era lembrado por Lúcia com doçura, lembrava dos campos, das árvores, a
borda do mar e os perfumes da mata. Lembrava-se da infância feliz. Lúcia preferia pensar
que havia dormido 7 anos e que havia despertado de repente. O passado de Lúcia é
revelado no presente, conta a Paulo sobre seu verdadeiro nome e pede por ele ser
chamada. Desta maneira, ao voltar a utilizar o seu verdadeiro nome, Lúcia se livra de seu
passado.


e-    Lúcia vai morar numa casa no campo e lá se regenera, volta às suas origens. O campo
é um lugar natural, onde foi feliz quando pequena e a cidade era o lugar em que ela se
corrompeu, vendia seu corpo. A cidade é vista como um lugar que corrompe o sujeito e o
torna capitalista e libidinoso.
f-    Quando Lúcia começa a usar o nome de Maria da Glória, não podia mais manter
relações com Paulo, passam a dividir uma casa praticamente como irmãos. Lúcia não se
permite viver um romance, como esposa, entregando-lhe ao seu amor o corpo que muitos
homens haviam possuído. Resolve reclusar seu amor.


g-    Lúcia pensava que um filho saído de suas entranhas era um fruto do pecado, como
ela era. Se o filho não fora concebido dentro das leis do matrimonio estaria marcado pelo
resto da vida, sendo assim ela o mata e serve de caixão para o próprio filho.


h-    Ao desprender-se do luxo da cidade e do dinheiro, Lúcia começa uma caminhada
para a redenção espiritual. Lúcia havia-se corrompido pelo dinheiro, e esse depois lhe
permitiu fazer parte da burguesia, comprando-se coisas luxuosas. Deveria haver o
desprendimento para que seu processo de transformação de voltar às origens seja
completo. Voltaria a viver a vida bela, feliz e simples que vivia como Maria da Glória.


4) No século XIX o Brasil passava por várias transformações, tanto econômicas, como
sociais. Os autores românticos da época tentavam trazer à tona a mulher como alvo de
preconceitos. Numa época machista, em que a mulher ocupava um lugar social de submissa
ao homem, a prostituta quebra todos esses padrões. Na prostituição, Lúcia, demonstra
poder através do corpo, na maneira de seduzir aos homens. Numa sociedade patriarcal,
monárquica, onde a mulher é vista como uma obediente ao homem, Lúcia rompe barreiras
criando suas próprias leis. Entregava-se aos prazeres dos homens, mantendo sua alma
pura, sem apaixonar-se. Paulo aparece para transformá-la em mulher anjo.


5) No século XIX, no Brasil, aconteceram importantes transformações sócio-histórico-
culturais que desenvolveram e repercutiram no romance literário. Dentre eles estava a luta
abolicionista, a formação do Exército Brasileiro e a Guerra do Paraguai. Os romancistas
estavam em plena efervescência do Nacionalismo, e os escritores românticos representam
esse sentimento de busca e de luta por uma identidade nacional em suas produções, da
qual fazia parte a exaltação da natureza. O autor tenta responder perguntas sobre o
passado histórico, as tradições e os costumes. Centro o centro da obra a burguesia, a
aristocracia brasileira e os costumes refinados. Desta maneira, Alencar faz uma crítica à
sociedade fluminense. Os pobres, os escravos não aparecem primados na obra. Não são
relevantes no livro e dá importância à figura da mulher. Em 1822, havia-se proclamado a
independência e o Brasil, como um país novo e livre, queria construir sua própria
identidade, ter sua própria história
6) Lúcia não pode ter um amor puro, seu corpo estava sujo. Ela sabia que não poderia viver
uma vida de prazeres ao lado de um esposo. "O amor!... o amor para uma mulher como eu
seria a mais terrível punição que Deus poderia infligir-lhe! Mas o verdadeiro amor d'alma."
(Lucíola, pág.: 70).
O que resta à Lúcia é a morte. Esta seria a sua redenção e também para seu filho. Lúcia
pensa que foi Deus que quis que a vida dela fosse assim. Morre Lúcia nos braços do homem
amado. Com a destruição do seu corpo devasso ela alcançaria sua liberdade.


7) Lucíola é uma obra tipicamente romântica porque a heroína, a pesar de ser uma cortesã
alcança seu objetivo de purificação da alma. Recebe o perdão de Deus. Paulo em certo
momento sente nojo dela. Por isso precisava do perdão de Lúcia. O fim trágico, a morte de
Lúcia é típica do romance. Nota-se a idealização da mulher, da pátria, do amor e da
sociedade. Volta-se para o subjetivismo, cultuando a sua interioridade, suas emoções,
levando seus sentimentos ao quase exagero. Alencar põe em evidencia o perfil psicológico
de suas personagens. O casal de apaixonados passa por percalços por diferentes condições
sociais.

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Análise da obra Lucíola de José de Alencar

  • 1. Universidad Nacional de Misiones Facultad de Humanidades y Ciencias Sociales Lucíola: Mulher anjo, mulher demônio. Aluna: Tamara Capiotti Professoras: Mª. A. Carratini Cristina Pastori Matéria: Literatura Brasileira
  • 2. 1) Os principais personagens da obra são Lúcia e Paulo. Lúcia é uma personagem esférica. No início da obra, José de Alencar a descreve como uma jovem cortesã do século XIX. Atribuindo à personagem descrições sobre seu porte físico, sua elegância em vestimentas e seu caráter forte. No decorrer da obra, Lúcia sofre modificações, não somente nas vestimentas, já que passa a vestir-se de maneira mais simples, mas também na maneira de comportar-se, passa a ser uma mulher modesta. Transita de mulher demônio a mulher anjo. O foco narrativo da trama se dá a partir de cartas escritas por Paulo, um homem de 25 anos, apaixonado pela cortesã. No prefácio do livro, nota-se o nome G.M. pessoa que teria guardado as cartas de Paulo, reúne-as e monta o livro. O livro, então, está narrado em 1ª pessoa, e o narrador é um dos personagens da história. Há um autor real, José de Alencar, um autor fictício G.M. e um autor narrador, Paulo. O tempo na obra é bastante evidenciado por Paulo, 1855, sendo assim, Brasil Imperial, governado por D. Pedro II. “A primeira vez que vim ao Rio de janeiro foi em 1855.” (Lucíola, pág.: 2). Há presença de salões, de vitrines pomposas na rua do Ouvidor e burguesia. O tempo poderia-se dizer que é cronológico, medido em horas, dias, meses e anos. Mas também há flash backs quando Lúcia conta o seu passado a Paulo. Na obra vê-se referências espaciais de bairros e ruas do Rio de Janeiro, como: • - Bairro Santa Tereza; • -Rua das Mangueiras. Pode-se dizer que o primeiro estabelecimento de verossimilhança seja posto por Paulo, que relata fatos desde seu próprio testemunho. O destinatário das cartas de Paulo, G.M., também pode ser tomado como verossimilhança, quem sabe seja um pseudônimo usado por Jose de Alencar. Outro fato que marca a verossimilhança na obra é febre amarela (Lucíola, pág.: 95), que colocou fim em 1850 ao tráfico negreiro no Rio de Janeiro. Insere certos dados com a ideia de provar que a história realmente aconteceu. Intertextualidade – A Dama das Camélias. 2) No livro Lucíola é possível ver como o romancista José de Alencar proporciona ao público uma nova representação da realidade. Alencar, incorpora percepções individuais da realidade, os personagens já não são ordinários. O romance sempre fora tratado como uma representação da vida comum. Alencar está desta maneira transitando, do romancismo ao realismo, já que em sua obra Lucíola aborda temas como traição, incesto, prostituição, intrigas e amores. É possível ver como há uma mistura das classes sociais. Esse novo gênero de romance, com uma pitada de realismo, contava ao público histórias urbanas, dando credibilidade através da verossimilhança. É interessante, como a prostituição antes era um tabu e que até hoje é tratada com polêmica. A prostituta é vista pela sociedade como mercadoria e o dinheiro como em tempos passados, ainda hoje leva os sujeitos a degradações sociais. A prostituta possui uma das profissões mais antigas, sempre estiveram presentes na sociedade e, com isso foram criados imaginários sociais sobre as mesmas.
  • 3. 3) a- Lúcia havia perdido a virgindade física, mas conservava a virgindade do espírito. “Elas não sabem, como tu, que eu tenho outra virgindade, a virgindade do coração.” (Lucíola, pág.: 104). Lúcia após haver conhecido Paulo, não esteve com outros homens. b- Lúcia refere-se a ela mesma antes da prostituição como a inocência perdida. “Deixamos São Domingos para vir morar na corte; tinham dado a meu pai um emprego nas obras públicas. Vivemos dois anos ainda bem felizes. À noite toda a família se reunia na sala; eu dava a minha lição de francês a meu mano mais velho, ou a lição de piano com minha tia. Depois passávamos o serão ouvindo meu pai ler ou contar alguma história. Às nove horas ele fechava o livro, e minha mãe dizia: «Maria da Glória, teu pai quer cear». Levantava-me então para deitar a toalha.” (Lucíola, pág.: 95). A moça, antes da prostituição era uma menina de família, ajudava nas tarefas da casa, ensinava os irmãos, generosa e pudorosa para com sua honra. Era inocente. Após a prostituição, Lúcia, passa a ser uma mulher fatal, sexy, libidinosa, também conhecida como Lúcifer. “— Ali está a minha estrela! Olhe, sou eu! disse mostrando-me Lúcifer, que se elevava no oriente, límpida e fulgurante”. c- No nome Maria da Glória, Lúcia conservava sua ingenuidade, virgindade física, menina simples, romântica, pura, inocente, um anjo. Lúcia, a cortesã mais depravada, caprichosa, renega o amor, mulher demônio. Adota esse nome dando morte à Maria da Glória. d- O passado era lembrado por Lúcia com doçura, lembrava dos campos, das árvores, a borda do mar e os perfumes da mata. Lembrava-se da infância feliz. Lúcia preferia pensar que havia dormido 7 anos e que havia despertado de repente. O passado de Lúcia é revelado no presente, conta a Paulo sobre seu verdadeiro nome e pede por ele ser chamada. Desta maneira, ao voltar a utilizar o seu verdadeiro nome, Lúcia se livra de seu passado. e- Lúcia vai morar numa casa no campo e lá se regenera, volta às suas origens. O campo é um lugar natural, onde foi feliz quando pequena e a cidade era o lugar em que ela se corrompeu, vendia seu corpo. A cidade é vista como um lugar que corrompe o sujeito e o torna capitalista e libidinoso.
  • 4. f- Quando Lúcia começa a usar o nome de Maria da Glória, não podia mais manter relações com Paulo, passam a dividir uma casa praticamente como irmãos. Lúcia não se permite viver um romance, como esposa, entregando-lhe ao seu amor o corpo que muitos homens haviam possuído. Resolve reclusar seu amor. g- Lúcia pensava que um filho saído de suas entranhas era um fruto do pecado, como ela era. Se o filho não fora concebido dentro das leis do matrimonio estaria marcado pelo resto da vida, sendo assim ela o mata e serve de caixão para o próprio filho. h- Ao desprender-se do luxo da cidade e do dinheiro, Lúcia começa uma caminhada para a redenção espiritual. Lúcia havia-se corrompido pelo dinheiro, e esse depois lhe permitiu fazer parte da burguesia, comprando-se coisas luxuosas. Deveria haver o desprendimento para que seu processo de transformação de voltar às origens seja completo. Voltaria a viver a vida bela, feliz e simples que vivia como Maria da Glória. 4) No século XIX o Brasil passava por várias transformações, tanto econômicas, como sociais. Os autores românticos da época tentavam trazer à tona a mulher como alvo de preconceitos. Numa época machista, em que a mulher ocupava um lugar social de submissa ao homem, a prostituta quebra todos esses padrões. Na prostituição, Lúcia, demonstra poder através do corpo, na maneira de seduzir aos homens. Numa sociedade patriarcal, monárquica, onde a mulher é vista como uma obediente ao homem, Lúcia rompe barreiras criando suas próprias leis. Entregava-se aos prazeres dos homens, mantendo sua alma pura, sem apaixonar-se. Paulo aparece para transformá-la em mulher anjo. 5) No século XIX, no Brasil, aconteceram importantes transformações sócio-histórico- culturais que desenvolveram e repercutiram no romance literário. Dentre eles estava a luta abolicionista, a formação do Exército Brasileiro e a Guerra do Paraguai. Os romancistas estavam em plena efervescência do Nacionalismo, e os escritores românticos representam esse sentimento de busca e de luta por uma identidade nacional em suas produções, da qual fazia parte a exaltação da natureza. O autor tenta responder perguntas sobre o passado histórico, as tradições e os costumes. Centro o centro da obra a burguesia, a aristocracia brasileira e os costumes refinados. Desta maneira, Alencar faz uma crítica à sociedade fluminense. Os pobres, os escravos não aparecem primados na obra. Não são relevantes no livro e dá importância à figura da mulher. Em 1822, havia-se proclamado a independência e o Brasil, como um país novo e livre, queria construir sua própria identidade, ter sua própria história
  • 5. 6) Lúcia não pode ter um amor puro, seu corpo estava sujo. Ela sabia que não poderia viver uma vida de prazeres ao lado de um esposo. "O amor!... o amor para uma mulher como eu seria a mais terrível punição que Deus poderia infligir-lhe! Mas o verdadeiro amor d'alma." (Lucíola, pág.: 70). O que resta à Lúcia é a morte. Esta seria a sua redenção e também para seu filho. Lúcia pensa que foi Deus que quis que a vida dela fosse assim. Morre Lúcia nos braços do homem amado. Com a destruição do seu corpo devasso ela alcançaria sua liberdade. 7) Lucíola é uma obra tipicamente romântica porque a heroína, a pesar de ser uma cortesã alcança seu objetivo de purificação da alma. Recebe o perdão de Deus. Paulo em certo momento sente nojo dela. Por isso precisava do perdão de Lúcia. O fim trágico, a morte de Lúcia é típica do romance. Nota-se a idealização da mulher, da pátria, do amor e da sociedade. Volta-se para o subjetivismo, cultuando a sua interioridade, suas emoções, levando seus sentimentos ao quase exagero. Alencar põe em evidencia o perfil psicológico de suas personagens. O casal de apaixonados passa por percalços por diferentes condições sociais.