1. PLANO DE ESTUDOS DE GEOGRAFIA
O que estudar?
Nesta avaliação, além do conteúdo já avaliado dos capítulos 1 e 2, você deverá também
estudar o capítulo 3.
Utilize o plano de estudos da prova parcial, para revisar os conteúdos dos capítulos 1 e 2.
Dos conteúdos “novos”, é importante:
a) Perceber que o espaço geográfico se mundializa a partir da expansão do capitalismo, a partir
dos séculos XV e XVI
b) Compreender que a organização do espaço é sempre determinada pelos interesses da(s)
potência(s) hemegônica(s) em cada período histórico específico.
c) Analisar as características mais marcantes da Ordem Eurocêntrica.
d) Entender os conflitos mundiais do século XX, especialmente a I Guerra, como um conflito
entre potências imperialistas em busca do espaço vital para seu desenvolvimento.
e) Analisar a evolução territorial e econômica dos Estados Unidos dentro de um contexto
eurocêntrico.
f) Compreender a importância da Revolução Russa e da instituição da planificação econômica
na URSS.
g) Analisar o período entreguerras, especialmente a ascensão do nazifascismo.
h) Compreender a dimensão da Segunda Guerra para a reorganização do Espaço Mundial.
i) Perceber as relações de força nas conferências do pós guerra e suas consequências.
j) Compreender o surgimento da Guerra Fria e seus momentos mais marcantes (Doutrina
Truman, Plano Marshall, OTAN, Pacto de Varsóvia, corrida armamentista, corrida espacial,
conflitos indiretos, formação da ONU etc.)
k) Analisar as ações da União Soviética para exercer seu domínio sobre o bloco socialista
(construção do Muro de Berlim, intervenção na Hungria e Tchecoslováquia) etc.
l) Entender as causas do colapso da economia socialista e as reformas políticas e econômicas
de Gorbachev (Perestroika e Glasnost).
m) Perceber as causas e consequências da queda do Muro de Berlim e o fim da URSS
n) Compreender as características da Nova Ordem Mundial.
2. o) conhecer a tese do “Choque de Civilizações” defendida por Samuel Huntington e relacioná-
la à doutrina BUSH
Utilize um Atlas Geográfico para localizar espacialmente os temas estudados. É fundamental
que se conheça a localização dos fenômenos que se manifestam espacialmente,
principalmente a localização dos mais importantes conflitos do período da Guerra Fria e da
Nova Ordem Mundial.
Não é necessário “decorar” o mapa inteiro, mas é indispensável conhecer a localização dos
principais protagonistas da Geopolítica internacional. Onde se localiza os países que fizeram
parte da chamada Cortina de Ferro? Em que região da Europa está a Alemanha? Quais os
países que surgiram com o esfacelamento da União Soviética?
Para estudar este conteúdo, você tem à disposição o livro didático (capítulo 3) e as
apresentações em Power Point utilizadas em sala de aula, e que estão disponíveis na
biblioteca do colégio.
Utilize também o Caderno do Estudante.
Além disso, há um texto disponibilizado no Portal Moderna Plus (A tecnologia a serviço da
guerra) selecionado para o grupo 1AII (cujo código de acesso é F6B48) e um outro texto
interessante, também no portal, só que em “MATERIAL COMPLEMENTAR ►PROGRAMA DE
LEITURA►GEOPOLÍTICA►GUERRA FRIA. O autor deste livro (José Arbex) disponibilizou o sumário e a
introdução para consulta.
O texto a seguir também faz uma revisão do conteúdo trabalhado após a parcial. Utilize-o também, se
julgar necessário.
Qualquer dúvida, estarei à disposição no e-mail (eduardo@colegioparthenon.com.br), MSN (edu-
parthenon@hotmail.com), skype (eduparthenon1), twitter (@eduardo1968). A correção das atividades do
capítulo 3 estão disponíveis em http://edu-parthenon.blogspot.com/2011/04/gabarito-capitulo-
3.html.
GUERRA FRIA
3. A Guerra Fria foi o período de tensão que ocorreu entre o final da Segunda Guerra Mundial e a
queda da União Soviética (1947 a 1991), marcada pelo estado de tensão entre as duas
potências mundiais da época, os EUA (capitalistas) e a URSS (socialista), no qual se
confrontavam com doutrinas ideológicas antagônicas destinadas a fortalecer-se a si próprio e a
enfraquecer o adversário por meio de constantes dissídios e políticas de alianças, corrida
armamentista, mas sem chegar ao confronto armado.
O fim da Segunda Guerra Mundial foi marcado por uma série de inúmeros tratados que
dividiram o mundo em duas áreas de influência, uma sob controle capitalista liderado pelos
EUA e outra sob controle socialista liderado pela URSS. Na Conferência de Teerã, em 1943,
Roosevelt (presidente dos EUA), Stálin (líder da URSS) e Churchill (primeiro-ministro britânico)
definiram a fronteira da Polônia em relação à União Soviética, garantindo a esta a anexação
dos países bálticos e projetaram a divisão da Alemanha. Vendo próxima a derrota alemã, os
três grandes se reuniram de novo na Conferência de Yalta em 1945. Stálin se beneficiou do
rápido avanço soviético. Os três anunciaram princípios gerais, como a autodeterminação dos
países e a democratização, sem definir qual democracia. Privada de governo, a Alemanha
seria dividida em zonas de ocupação, bem como a Áustria; o ocidente admitiu a instalação do
governo socialista de Tito na Iugoslávia; a Polônia perdia regiões conquistadas à Rússia em
1921 e receberia compensações em direção ao Rio Oder; os soviéticos se comprometiam a
guerrear o Japão em troca de Port-Artur, sul das ilhas Sakhalinas e ilhas Kurilas.
Finda a guerra, parecia muito alto o preço pago aos soviéticos. Em clima de tensão, reuniu-se
a Conferência de Potsdam, em 1945, agora com Truman, Stálin e Churchill. Os soviéticos
haviam ocupado a maior parte da Europa central; não queriam que o ocidente se envolvesse
na reorganização política da região. O Ocidente não queria que a União Soviética se
intrometesse nas questões mediterrâneas e africanas. A Alemanha foi dividida em zonas de
influência, dadas a americanos, soviéticos, ingleses, e franceses. Berlim, a capital, que ficava
no setor soviético, foi igualmente dividida em quatro partes. Os vencedores impuseram aos
alemães uma reparação de guerra de 20 milhões de dólares: 50% para a URSS, 14% para a
Grã-Bretanha, 12,5% para os EUA e 10% para a França. A indústria bélica alemã foi
amputada, a produção de aço limitada e certas fábricas desmontadas em favor dos aliados. Os
principais chefes alemães seriam julgados, para desnazificar o país.
Além disso, o término da Segunda Guerra mudou o panorama político e econômico
internacional. As perdas materiais e humanas da Europa e do Japão rebaixaram a posição das
antigas potências. Surgem novas nações e novas organizações internacionais, como a ONU, o
Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, criados em 1945.
A rivalidade entre aliados e soviéticos na Conferência de Potsdam, pela divisão do mundo em
áreas de influência, inaugurou uma nova política internacional que conduziria, muito
rapidamente, à Guerra Fria. Em 1946, Winston Churchill, já não era mais o primeiro-ministro
britânico, mas ainda um líder da resistência antinazista, tornou-se líder anti-soviético ao preferir
violento discurso, nos EUA, defendendo, pela primeira vez, a necessidade de uma política de
controle e de vigilância da URSS. Era preciso uma cortina de ferro em torno dela para evitar
que entendesse seus domínios no leste europeu e na Ásia. Conclamava os EUA a assumirem
a liderança mundial contra a sovietização do mundo.
ANOS 40 E 50: A GUERRA FRIA CLÁSSICA
Reconstrução da Europa Ocidental
Missão gigantesca diante da destruição causada pela guerra. Só em perdas humanas a URSS
teve 17 milhões; a Alemanha, 5,5 milhões; a Polônia, 4 milhões; a Iugoslávia, 1,6 milhão; a
França, 535 mil; a Itália, 450 mil; os Estados Unidos, 410 mil; e o Reino Unido, 396 mil.
Hegemonia dos EUA
Conquistada em virtude do fortalecimento dos Estados Unidos durante a guerra, concomitante
ao enfraquecimento relativo das potências europeias. A economia norte-americana se expande
4. internacionalmente. Suas Forças Armadas detêm o monopólio da bomba atômica e
disseminam bases pelo mundo. Washington dita a política no Ocidente e disputa a hegemonia
no resto do planeta. A supremacia econômica é alcançada com a exportação de capitais,
empresas, produtos industriais e agrícolas e tecnologia. As empresas norte-americanas
tornam-se multinacionais, com filiais espalhadas por todo o mundo. Exercem influência sobre
as economias nacionais e determinam seu rumo. A busca da hegemonia política tem por base
a Doutrina Truman.
Expansão Soviética
Apesar das perdas humanas e materiais, a URSS sai da guerra como grande potência
econômica e militar. Aumenta a centralização política, a pretexto de uma rápida recuperação
econômica e do perigo de uma nova guerra, desta vez contra as potências ocidentais, tendo os
Estados Unidos à frente. Stalin centraliza em 1946 as funções de secretário-geral do Partido
Comunista, primeiro-ministro e ministro da Defesa. Reorganiza os organismos de repressão
política e intensifica a perseguição aos opositores. A economia é restaurada através da
planificação centralizada, com prioridade para a indústria pesada. Em 1950 a produção
industrial e agrícola atinge os níveis anteriores à guerra. As regiões industriais no oeste do país
são reconstruídas e tem início a exploração da Sibéria. Intensifica-se a mecanização agrícola e
as áreas de cultivo são ampliadas. Entra em execução um plano de massificação do ensino
básico e técnico e tem início o rearmamento. O V Plano Quinquenal, entre 1951 e 1955, é
voltado para a realização de obras energéticas e de irrigação e transporte fluvial. São
executados projetos de armas modernas, centradas em artefatos nucleares e foguetes, e
começa a pesquisa espacial.
Doutrina Truman
No início de 1947, estava dado o passo inicial da política da Guerra Fria, quando os Estados
Unidos decidiram substituir a Inglaterra no controle da região do Mediterrâneo Oriental,
principalmente na Grécia e na Turquia, contra o avanço soviético. A justificativa desse
intervencionismo consta em um discurso de Harry Truman ao Congresso Norte Americano:
"(...) O governo britânico informou-nos de que, em virtude das suas próprias dificuldades, não
pode proporcionar por mais tempo a ajuda financeira ou econômica que vinha prestando à
Turquia. Somos o único país capaz de fornecê-la...
Os povos de certo número de países do mundo tiveram recentemente de aceitar regimes
totalitários impostos, à força, contra a sua vontade. O governo dos Estados Unidos tem lavrado
amiudados protestos contra a coerção e a intimidação, em flagrante desrespeito ao acordo de
Yalta, na Polônia, na Romênia e na Bulgária. Devo também consignar que em certo número de
outros países têm ocorrido fatos semelhantes.
No momento atual da história do mundo quase todas as nações se vêem na contingência de
escolher entre modos alternativos de vida. E a escolha, freqüente vezes, não é livre.
Um dos modos de vida baseia-se na vontade da maioria e distingue-se pelas instituições livres,
pelo governo representativo, pelas eleições livres, pelas garantias de liberdade individual, pela
liberdade de palavra e de religião, pela libertação da opressão política.
O segundo modo de vida baseia-se na vontade da minoria, imposta pela força à maioria.
Escora-se no terror e na opressão, no controle da imprensa e do rádio, em eleições fixas e na
supressão das liberdades pessoais.
Acredito que precisamos ajudar os povos livres a elaborar seus destinos à sua maneira.
Acredito que a nossa ajuda deve ser dada, principalmente, através da assistência econômica e
financeira, essencial á estabilidade econômica e aos processos ordenados...
Alem dos fundos, solicito ao Congresso que autorize o envio pessoal civil e militar à Turquia e à
Grécia, a pedido desses países, a fim de assistir nas tarefas de reconstrução e com o propósito
de supervisar o emprego da assistência financeira e material que vier a ser fornecido...
5. Se fraquejarmos em nossa liderança, podemos pôr em perigo a paz do mundo – e poremos
seguramente o bem-estar da nossa nação..."
Assim, estava lançada a base da Doutrina Truman. Segundo a qual a URSS apresenta um
antagonismo inconciliável com o mundo capitalista, e a sua tendência expansionista só poderia
ser mediante a hábil e vigente aplicação de uma contra força em uma série de pontos
geográficos e políticos em constante mudança correspondente às mudanças e manobras das
políticas soviéticas. Pela Doutrina Truman, era necessário bloquear o expansionismo soviético
ponto a ponto, país por país, em todos os lugares que eles se manifestasse.
Plano Marshall
O Programa de Reconstrução da Europa (ERP) é elaborado em 1947 pelo secretário de
Estado norte-americano George C. Marshall (1880-1959), com base na Doutrina Truman. Os
Estados Unidos decidem abandonar a colaboração com a URSS e investir maciçamente na
Europa ocidental para barrar a expansão comunista e assegurar sua própria hegemonia
política na região. Washington fornece matérias-primas, produtos e capital, na forma de
créditos e doações. Em contrapartida, o mercado europeu evita impor qualquer restrição à
atividade das empresas norte-americanas. A distribuição dos fundos é realizada por meio da
Organização Europeia de Cooperação Econômica (OECE), fundada em Paris, em 1948. Entre
1948 e 1952, o Plano Marshall fornece US$ 14 bilhões para a reconstrução europeia, na forma
de fundos, créditos e suprimentos materiais a juros irrisórios.
OTAN
Em 1949, os Estados Unidos fizeram uma aliança militar com outros países europeus para
combater a influência da União Soviética. Estava nascendo a OTAN, Organização do Tratado
do Atlântico Norte, que completava, no campo militar, a Doutrina Truman. Criou-se um exército
conjunto dos seguintes países: EUA, Alemanha Ocidental, Bélgica, Canadá, Dinamarca,
França, Grã-Bretanha, Grécia, Islândia, Holanda, Itália, Noruega, Portugal e Turquia.
Pacto de Varsóvia
Em 1955, a União Soviética organizou um pacto de defesa mútua com todos os países que
estavam sob sua influência. Esse pacto foi assinado na cidade de Varsóvia, na Polônia, e
consistia em ajuda mútua em caso de agressão armada, consulta sobre problemas de
segurança e questões políticas. Eram membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Romênia,
Tchecoslováquia, Bulgária, Polônia, Hungria e, posteriormente, a Alemanha Oriental.
Bloqueio de Berlim
A Doutrina Truman inviabilizou o projeto de reunificação da Alemanha nos primeiros anos do
pós-guerra. O Plano Marshall, visando reconstruir a economia de mercado nas zonas de
6. ocupação das potências capitalistas, ameaçava desestabilizar o controle soviético do lado
oriental do país.
A resposta soviética não demorou. Uma série de pequenos incidentes entre EUA e URSS,
como bloqueio de abastecimentos e de trânsito entre as áreas de controle, serviu para acirrar
ainda mais as rivalidades.
Na porção ocupada pelos exércitos inglês, francês e americano formou-se a República Federal
Alemã. As reformas econômicas e a ajuda norte-americana propiciaram a reconstrução da
economia alemã em bases capitalistas, permitindo que os grandes trustes alemães se
recuperassem.
Após a ocupação da sua zona, o exército soviético, procedeu a normalização política,
permitindo a formação de vários partidos, iniciando a reforma agrária e nacionalizando os
grandes monopólios alemães. Mas o acirramento das disputas entre os antigos aliados levou a
URSS a atuar no sentido de favorecer uma solução socialista para a sua zona de ocupação.
Berlim também foi divida em quatro zonas de ocupação após a guerra. Assim, mesmo se
localizando na porção soviética, a cidade não poderia ser ocupada por nenhuma das potências
vitoriosas. À medida que as relações entre os antigos aliados iam-se tornando tensas, a URSS
pressionava para que o setor ocidental da cidade fosse abandonado pelas outras potências.
Mas os soviéticos não conseguiram alcançar seu intento. Em 1961, os soviéticos construíram
um muro dividindo a cidade, para impedir a evasão de mão de obra especializada da RDA
(socialista) para a RFA (capitalista).
Anos 60 e 70: Coexistência Pacífica e Détente
Com sistemas sociais e políticos opostos, armas nucleares e políticas de conquista da
hegemonia mundial, Estados Unidos e União Soviética mantêm o mundo sob a ameaça de
uma guerra nuclear. São chamadas de superpotências porque cada uma delas tem
armamentos suficientes para destruir o planeta sozinhas.
Após a explosão da primeira bomba atômica em 1945, os Estados Unidos fazem testes de
novas armas nucleares no atol de Bikini, no Pacífico, e criam a Comissão de Energia Atômica
para a expansão de seu poderio nuclear. Em 1949 a União Soviética explode seu primeiro
artefato atômico no deserto do Cazaquistão, entrando na corrida nuclear. O mundo ingressa
assim na era do terror atômico, na qual cada uma das superpotências se esforça por conseguir
uma bomba mais potente que a experimentada pela outra. Em 1952 os Estados Unidos
explodem a primeira bomba de hidrogênio, com potência de 15 milhões de TNT (750 vezes
mais potente que a primeira bomba atômica). Em 1955 a União Soviética lança sua bomba de
hidrogênio de um avião, considerado um importante avanço técnico sobre os norte-americanos.
Essa corrida coloca o mundo diante do perigo da destruição. Mas outros países, como Reino
Unido, França, China e Índia, entram no rol de países que têm armas nucleares. Países
suspeitos de terem a bomba incluem Paquistão e Israel. Em 1963 é assinado o primeiro acordo
de limitação de atividades nucleares, proibindo testes na atmosfera.
Em 1955, em Genebra, pela primeira vez se encontram Eisenhower pelos Estados Unidos,
Bulganin e Khruchtchev pela URSS e os representantes da França e Grã-Bretanha. Nada de
concreto sai da conferência, mas sua realização tem um alcance simbólico. Estabelece-se um
novo estado das relações; já que não é exatamente a guerra fria, ainda que suas formas
subsistam É o que se denomina a "coexistência pacífica"; os dois grandes resignam a viver
juntos, já que não podem esperar suprimir-se; aliás, tão pouco esperar persuadir o outro a
esposar suas idéias. As relações internacionais conhecerão, desde então, uma alternância de
crises e distensões em que prepondera a vontade de ambos de não levar as coisas até o fim.
Stalinismo X Macarthismo
Stalinismo - Com a morte de Lênin, em 1924, Josef Stálin assume o controle do Partido
Comunista e do governo soviético. Sua política de coletivização forçada das terras, a partir de
1929, provoca a morte de 10 milhões de camponeses por fome ou execução. Ele também
combate às tendências autonomistas dos povos não russos. Com os Processos de Moscou,
7. iniciados em 1936, nos quais julgamentos sumários podiam resultar em penas que iam da
deportação ao fuzilamento, Stálin leva à morte a maioria dos antigos dirigentes bolcheviques.
Trotski é assassinado em 1940, no México, por um agente secreto. Em 1941, a Alemanha
nazista invade a URSS. O avanço das tropas alemãs em território soviético só é interrompido
em 1943, na Batalha de Stalingrado, que muda o curso da II Guerra Mundial. Em 1945, a
URSS emerge como a segunda maior potência do mundo, submetendo o Leste Europeu. A
economia, no entanto, está arruinada, e as mortes provocadas pelo conflito chegam a 20
milhões.
Macarthismo - Movimento iniciado pelo senador Joseph McCarthy, em 1951, com a
organização de comissões de investigação que acusam de atividades antiamericanas qualquer
pessoa suspeita de ligação com movimentos ou organizações consideradas comunistas.
Realiza uma caça às bruxas na área cultural, atingindo artistas, diretores e roteiristas que
durante a guerra manifestam-se a favor da aliança com a União Soviética e, depois, a favor de
medidas para garantir a paz e evitar nova guerra. Charlie Chaplin é o mais famoso entre os
artistas perseguidos pelo macarthismo. Sindicalistas, cientistas, diplomatas, políticos e
jornalistas também são alvo de perseguições. Em 1960 o Senado reconhece que as atividades
das comissões dirigidas por McCarthy colocam em risco a ação do governo.
Projeto Guerra nas Estrelas
Quando o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, anunciou em março de 1983 o
projeto Iniciativa de Defesa Estratégica (IDE), mais conhecido como "guerra nas estrelas", esse
ambicioso plano já tinha sua central de operações. Localizava-se no arenoso atol de Kwajalein,
nas ilhas Marshall (Micronésia, Pacífico Norte), e consistia numa base secreta de alta
tecnologia. Ali, um grupo selecionado de cientistas civis e militares pesquisava e desenvolvia
sistemas antibalísticos e de rastreamento no espaço. Ali também ocorreu a façanha pioneira
que consistiu em explodir, com um míssil teleguiado, outro projétil nuclear em pleno ar (...).
Pela primeira vez desde que se iniciou a corrida espacial, conseguia-se interceptar um míssil
na alta atmosfera. Tornava-se possível explodir ogivas atômicas no espaço, durante o curto
intervalo em que elas se dirigem para o alvo. Era, afinal a prova da viabilidade do projeto
"guerra nas estrelas", que prevê o uso do espaço cósmico para a instalação de escudos
defensivos antimísseis. Seu papel inicial: proteger o território e as instalações militares
americanas contra os 1.400 mísseis balísticos intercontinentais do arsenal soviético,
presumivelmente baseados em terra.
A chave da tecnologia da IDE consiste no uso de armas de energia dirigida: feixes de
partículas atômicas ou raios laser, que têm velocidade superior à dos mísseis convencionais
(de dezenas de quilômetros por segundo até a velocidade da luz, 300.000 km/s, contra apenas
alguns quilômetros por segundo dos mísseis). Segundo os defensores do projeto, seria essa a
única forma de neutralizar um ataque nuclear nos cinco primeiros e cruciais minutos a partir do
seu lançamento: os sistemas antibalísticos então vigentes se baseavam em foguetes capazes
de destruir as ogivas atacantes no dois últimos minutos de sua trajetória, quando os projéteis
reingressam na atmosfera.
Propaganda de Hollyhood
A partir do final dos anos 40 e nas décadas de 50 e 60, o mundo foi bombardeado com
imagens que tentavam mostrar a superioridade do modo de vida de cada sistema. Para
ridicularizar o inimigo, os dois lados utilizavam muito a força das caricaturas. A propaganda
serviu para consolidar a imagem do mundo dividido em blocos. A novidade era o surgimento do
bloco socialista na Europa, formado pelos países com governos de orientação marxista:
Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Iugoslávia, Albânia e
Bulgária. No mundo ocidental, os capitalistas procuravam mostrar que do seu lado a vida era
brilhante. As facilidades tecnológicas estavam ao alcance de todos. Os cidadãos comuns
possuíam carros e bens de consumo, tinham liberdade de opinião e de ir e vir. Segundo a
propaganda ocidental, a vida no lado socialista, retratada em diversos filmes de Hollywood, era
triste e sem brilho, controlada pela polícia política e pelo Partido Comunista. No mundo
socialista, as imagens mostravam exatamente o contrário. A vida no socialismo era alegre e
tranqüila. Os trabalhadores não precisavam se preocupar com emprego, educação e moradia.
8. Tudo era garantido pelo Estado. A cada dia, as novas conquistas tecnológicas, especialmente
na área militar e espacial, mostravam a superioridade do socialismo. A propaganda socialista
mostrava, ainda, o mundo ocidental como decadente e individualista, onde o capitalismo
garantia, para alguns, uma vida confortável. E para a maioria, uma situação de miséria,
privações e desemprego.
Anos 80 – O Colapso na Economia Soviética
No início dos anos 80, a economia soviética estava à beira de um colapso, a maior parte da
indústria soviética estava obsoleta e a qualidade de vida era cada vez pior. Um terço da
população estava desempregada, havia fome, falta de médicos e precariedade de serviços
elementares, como telefone, água e luz.
Mas havia um pequeno grupo de cidadãos privilegiados, que tinham tudo ao seu dispor. Eles
faziam compras em lojas especiais, viajavam ao exterior, viviam em apartamentos grandes e
confortáveis, possuíam carros novos e até casas de campo, as chamadas datchas. Esses
cidadãos eram em geral membros do governo e altos funcionários do Partido Comunista, que
para garantirem seus interesses utilizavam a força e a tortura, sistema garantido pela KGB.
Esse esquema funcionou entre 1964 e 1982 durante o governo de Leonid Brejnev.
O Enigma Andropov
O sucessor de Brejnev foi Iúri Andropov, que foi chefe da KGB entre 1967 e 1982. Iniciou um
programa de pequenas reformas, por ele qualificado como "experimento econômico", formou a
equipe reformista soviética, com Gorbatchov, Eduard Shevarnadze e alguns intelectuais e
políticos que defenderam as reformas democráticas nos anos 80.
Acredita-se que Andropov, por ter sido chefe da KGB, sabia das condições precárias da política
soviética. Seu projeto de reformas seria uma maneira de evitar revoltas populares, que
poderiam abalar a estrutura do poder soviético. Inicialmente essas reformas não seriam
democráticas, seriam uma visão estratégica de poder.
Andropov governou até 1984, ano em que faleceu em circunstâncias que nunca foram
completamente esclarecidas. Nesse ano o Partido Comunista já estava dividido. De um lado
estavam aqueles que eram a favor do desenvolvimento dos "experimentos econômicos" e das
reformas liberais, como Gorbatchov e de outro lado estavam os herdeiros de Brejenev que não
queriam reformas.
O sucessor de Andropov foi Konstantin Tchernenko, que já assumiu o governo com condições
precárias de saúde. Hoje já se sabe que essas eleições foram feitas para o Partido Comunista
ganhar tempo, a disputa pelo poder não estava definida e Tchernenko era um nome
conveniente para os dois lados, já que estava suficientemente velho e doente para não
representar uma ameaça a nenhum dos dois lados.
O governo de Mikhail Gorbatchov
Em março de 1985, morre Tchernenko, e assume o poder Mikhail Sergueievitvh Gorbatchov,
um advogado de 54 anos portador de ideias inovadoras.
Em agosto de 1985 Gorbatchov suspendeu os testes nucleares subterrâneos. A moratória
nuclear unilateral surpreendeu o mundo. Em 1986, quando se realizou o vigésimo sétimo
Congresso do Partido Comunista, Gorbatchov mostrou um programa de reformas políticas e
econômicas. No plano político acabaria com a corrida armamentista e estabeleceria um
processo de colaboração entre as nações. No plano econômico propunha uma revitalização da
sociedade e do país.
Com a Glasnost, termo que em russo significa transparência, Gorbatchov queria expressar uma
nova relação entre o poder e a sociedade, a censura seria abolida. Com a Perestroika, que
significa reconstrução, Gorbatchov queria reconstruir a economia soviética. Era a favor do
9. socialismo e do igualitarismo econômico, mas, não queria mais impedir aqueles que queriam
progredir.
No dia 26 de abril de 1986 ocorreu um acidente na Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia,
que liberou uma nuvem radioativa que contaminou partes da União Soviética e da Europa. A
responsabilidade do acidente foi reconhecida 48 horas depois por Moscou. O local foi liberado
à imprensa internacional, o assunto foi divulgado nos meios de comunicação soviéticos e
iniciou-se um debate sobre o programa nuclear e as condições das usinas no país. Se o
acidente tivesse acontecido na era Brejnev, o acidente seria negado e a causa seria atribuída a
anti-socialistas ou até sabotagem.
Gorbatchov libertou o físico nuclear Andrei Sakharov, que estava exilado desde 1981 na cidade
de Gorki, como resultado de suas atividades em defesa dos direitos humanos e contra a
invasão do Afeganistão pelo Exército Vermelho. Sakharov ganhou o prêmio Nobel da Paz em
1975.
Poucos meses após assumir o governo, Gorbatchov já enfrentava a oposição de duas alas do
Partido Comunista. Uma ala era composta por alguns homens que tinham participado do
governo Brejnev, liderados por Ligatchov, que eram contra as reformas do atual governo. A
outra ala queria dar força à iniciativa privada e individual e limitar os privilégios dos membros
dos partidos, era representada por Bóris Yeltsin, que até 1987 ocupava o cargo de chefe no
Partido Comunista em Moscou.
Para enfrentar essa dupla oposição Gorbatchov adotou uma política de compromissos e
concessões. Ora cedia a ala "reformista", adotando medidas que favoreciam a iniciativa privada
e a liberdade política e ora cedia aos "burocratas".
Durante o ano de 1988 foi implantadas a glasnost e a Perestroika; a Igreja Ortodoxa russa
festejou os seus mil anos de existência em todo o país, sem quaisquer restrições a festas e a
cultos. Em maio de 1988 Gorbatchov recebeu a visita do presidente americano, Ronald
Reagan, para implantar acordos de desarmamento. Nos costumes, a sociedade começava a
ter liberdade, em junho de 1988 surgiu o primeiro concurso para Miss Moscou, pela primeira
vez a beleza feminina deixava de ser considerada um sintoma de decadência burguesa ou um
"desvio do socialismo".
A sociedade estava transformada, casais de namorados passeavam de mãos dadas na rua,
diziam que gostavam de rock’n’roll, artistas expunham obras abstratas, os programas de
televisão passaram a discutir abertamente os problemas reais da sociedade.
Em junho e julho de 1988 se realizou a décima nona Conferência do Partido Comunista.
Gorbatchov anunciou que deveria haver pluralismo político no país, criticou a natureza
autoritária do socialismo soviético e defendeu a criação de um sistema de garantias dos
direitos de todos os cidadãos, o Estado de Direito. Nessa Conferência Gorbatchov deixou
claras suas intenções, tendo que enfrentar os representantes de Brejnev, representados por
Igor Ligatchov.
No mês de agosto são retiradas as tropas do Afeganistão, depois de nove anos de ocupação e
guerras. Nas repúblicas que compunham a União Soviética começavam a surgir as Frentes
Populares, organizações não partidárias, mas que tinham uma plataforma política.
No final de 1988, o antigo regime político soviético não existia, no entanto não havia nascido
uma nova sociedade. A paisagem cultural estava mudando, artistas, jovens e intelectuais se
expressavam com liberdade cada vez maior nas ruas. A mídia refletia esse clima geral com
programas cada vez mais críticos.
As pressões políticas e econômicas vinham de todos os lados para Moscou: nas repúblicas,
movimentos nacionalistas queriam independência; na economia, a maioria da população temia
instabilidade, a inflação e a volta do comércio privado com seus altos preços; na política, o
Partido Comunista estava cada vez mais rachado e as Frentes Populares cresciam.
Em março de 1989, Gorbatchov convocou eleições para o Congresso dos Deputados do Povo,
criado pela décima nona Conferência do Partido Comunista, embora esse era o único partido
legalizado, qualquer pessoa podia se candidatar, tendo o apoio de 500 moradores de seu
10. bairro. Boris Yeltsin retorna ao governo, sendo o deputado mais votado. Com as eleições,
acabou o monopólio do Partido Comunista.
Gorbatchov era aplaudido em todo o mundo, pois trazia a esperança do fim da corrida
armamentista e de uma nova era de paz. Em outubro, quando visitou Berlim Oriental,
Gorbatchov advertiu o então dirigente comunista, Erich Honeker, um homem de linha dura, de
que não admitiria nenhum banho de sangue para sufocar um movimento cada vez mais
poderoso de democracia no país. Essa visita acelerou a queda do Muro de Berlim.
Na prática, com a queda do Muro deixava de existir o Pacto de Varsóvia (cujo fim como aliança
militar só seria oficializado seis meses depois). Isso significa que, no final de 1989, o Leste
Europeu já não era mais controlado por Moscou, ao passo que a OTAN continuava existindo.
Gorbatchov encontrou-se, em dezembro, com o presidente dos Estados Unidos, George Bush,
na Ilha de Malta, no Mediterrâneo. Esse encontro, para muitos historiadores marca o início de
uma Nova Ordem Mundial, com uma única superpotência.
De volta a Moscou, Gorbatchov começou a organizar o vigésimo oitavo Congresso do Partido
Comunista da União Soviética. Seria Também o último. Foi o Congresso em que Boris Yeltsin,
eleito presidente da Rússia pelo Parlamento, rompeu definitivamente com o comunismo.
A "explosão" da Europa do Leste agitava o fim da própria União Soviética. Para evitar um
colapso, Gorbatchov articulou uma estratégia de crescente concessão da economia às
repúblicas da União Soviética, procurando mantê-las no quadro de um único país. Tinha, em
suas mãos, o poderio econômico da Rússia, principal fornecedor de petróleo e matérias-primas
para as repúblicas vizinhas. Se as repúblicas ficassem no quadro da União Soviética, dizia
Gorbatchov, elas poderiam contar com insumos econômicos a preços baixos, proteção militar
de seus territórios e uma ampla autonomia de decisão; caso se separassem, teriam de pagar
um preço político e econômico muito alto por isso.
Com essa estratégia, Gorbatchov formulou um Tratado de União, que deveria ser assinado em
21 de agosto de 1991 pelas repúblicas que constituíam a União Soviética. Não foi um simples
acaso que o golpe tenha acontecido 24 horas antes da assinatura do Tratado da União. A
estratégia de Gorbatchov era inaceitável para os imperialistas russos.
Os golpistas permaneceram menos de 72 horas no poder. O presidente da Rússia, Boris
Yeltsin, que em maio de 1991 havia sido reeleito, dessa vez pelo voto direto, tornou-se grande
herói da resistência aos golpistas. Gorbatchov ainda tentou manter a estratégia do Tratado da
União, mas já era tarde demais. Nos dias seguintes ao golpe, as repúblicas do Báltico, Estônia,
Letônia e Lituânia proclamaram a sua independência. Nos meses seguintes, todas as outras
repúblicas seguiriam o mesmo caminho.
Finalmente em 8 de dezembro de 1991, Yeltsin proclamou oficialmente o fim da União
Soviética, com a formação da Comunidade dos Estados Independentes – CEI – junto com a
Ucrânia e a Belarus. Em 21 de dezembro, as antigas repúblicas da União Soviética, exceto as
11. bálticas e a da Moldávia, ratificaram a decisão. A União Soviética não existia mais.
Acordos para diminuir as armas nucleares
Os acordos internacionais para diminuir a corrida armamentista iniciaram em 1972, com o
chamado Salt-1 que limitava o número de mísseis que cada superpotência poderia construir. O
objetivo era garantir que a União Soviética e os Estados Unidos pudessem proteger apenas um
número limitado de alvos essenciais, como as capitais Washington e Moscou.
Em 1979 foi assinado o Salt-2 durante um período tenso da Guerra Fria, ano da invasão do
Afeganistão, da Revolução da Nicarágua e da Revolução xiita no Irã. Em 1982 inicia o plano
Start, destinado a diminuir os sistemas de armas nucleares estratégicas. O objetivo era reduzir
50% dos arsenais de mísseis intercontinentais. Apesar disso continuava as pesquisas para
novas armas. Foram criados foguetes de ogivas múltiplas, capazes de carregar até 10 bombas
at6omicas. O desenvolvimento da informática permitiu equipar os foguetes com computadores,
com mapas com o caminho para chegar até o alvo, para ler e interpretar dados fornecidos por
sensores de variações de temperatura, de relevo, de som e de outros fatores geofísicos.
Em 1983 o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, começa com a chamada Iniciativa
de Defesa Estratégica ou "Guerra nas Estrelas", um escudo espacial contra mísseis. Reagan
convidou a União Soviética como sócio que não aceitou o convite. O projeto inicial precisava de
um investimento de 1,5 trilhão de dólares. Com o tempo o projeto seria abandonado por ser
caro e de viabilidade duvidosa.
Com a ascensão de Gorbatchov, em 1985, declara moratória nuclear unilateral. Em 1987 as
superpotências concluíram um acordo para eliminar todos os mísseis baseados em terra e com
alcance entre 500 e 5.500 Km. Em 1990 um novo acordo reduzia as tropas dos países da
OTAN e do Pacto de Varsóvia.
Após o fim da URSS, os presidentes Boris Yeltsin e George Bush fazem novo acordo para
eliminar no prazo de 10 anos dois terços dos mísseis e das armas nucleares fabricadas
durante a Guerra Fria.
O fim da Guerra Fria significou o fim da corrida armamentista, mas, o mundo hoje continua com
o mercado de armas inclusive armas nucleares. Ucrânia, Belarus e Cazaquistão mantêm os
seus arsenais nucleares. Antigos cientistas soviéticos desempregados podem fornecer
segredos tecnológicos em troca de dinheiro. Grã-Bretanha, França, Israel e Índia nunca se
mostraram dispostos para eliminar suas armas nucleares.
Nova Ordem Mundial
Após a queda do Muro de Berlim, os Estados Unidos surge no cenário internacional como
superpotência isolada.
12. O Muro de Berlim havia caído, mas, ainda existiam duas Alemanhas. Além disso, continuava
de pé a aliança militar do bloco socialista, o Pacto de Varsóvia, do qual a Alemanha Oriental
era membro. O anúncio da eventual reunificação da Alemanha foi mal recebido pela França,
Grã-Bretanha e por outros países europeus, que temiam o ressurgimento da grande potência
germânica, berço do nazismo e de ambições históricas de hegemonia sobre a Europa. Até
mesmo no interior das duas Alemanhas havia correntes minoritárias de oposição à
reunificação, algumas por temerem o fantasma do nazismo, outras por acharem que a
Alemanha Ocidental, capitalista, teria de pagar um preço alto demais para modernizar as
empresas improdutivas e as estruturas sociais precárias da Alemanha Oriental, socialista.
Sob o impacto da queda do Muro de Berlim, em de junho de 1990, o Pacto de Varsóvia
proclamou que não tinha mais funções militares. Isso representava, na prática, o fim da aliança
socialista. Acabava assim o único obstáculo geopolítico à reunificação da Alemanha. Em 3 de
outubro de 1990, a Alemanha Oriental deixava de existir, a Alemanha estava unificada.
Em 20 de dezembro de 1989, os Estados Unidos resolveram invadir o Panamá. O objetivo
oficial da invasão era depor e prender o general Manoel Antonio Noriega, homem forte no país,
acusado por Bush de ser narcotraficante. Noriega era realmente narcotraficante, mas, nos anos
70 havia trabalhado para a CIA, que usava dinheiro do narcotráfico para financiar operações
clandestinas na Nicarágua, Honduras e El Salvador. Era importante para Bush dizer que
invadia o Panamá para combater o narcotráfico, a luta contra as drogas se tornou uma
bandeira dos Estados Unidos na Nova Ordem Mundial.
Em 1º de janeiro de 1990, ou seja, dez dias após o início da invasão, venceria o prazo para que
os Estados Unidos entregassem ao governo panamenho, o controle administrativo do Canal do
Panamá. A Casa Branca não estava disposta a cumprir esse prazo, o Canal do Panamá, além
de uma importância econômica, é também estratégico, funciona como base do Comando Sul
do Exército dos Estados Unidos.
Na época da Guerra Fria, o Comando Sul servia para impedir o avanço do comunismo na
América Central. Com o fim do comunismo, o combate ao narcotráfico tornou-se uma
justificativa e um pretexto para manter a base e o controle sobre o canal.
Nos anos seguintes a "guerra do narcotráfico" daria aos Estados Unidos o pretexto para enviar
tropas e "agentes especiais" para Brasil, Colômbia, Bolívia, Peru e Equador, aos países
situados na Amazônia Internacional.
Com o fim do comunismo, o capitalismo não tinha nada a oferecer à grande maioria da
população mundial, formada por gente pobre e miserável, mesmo nos Estados Unidos, é cada
vez mais acentuada à concentração de renda e ao aumento da desigualdade entre ricos e
pobres.
Com o fim da Guerra Fria continuou existindo disputa entre países. No plano econômico as
disputas se multiplicaram e aumentaram a intensidade, mediante a formação e consolidação
dos grandes blocos econômicos. Em junho de 1991, o presidente americano anunciou sua
Iniciativa para as Américas, um plano para criar facilidades de transações comerciais e
financeiras entre os Estados Unidos e o restante da América, incluindo tarifas especiais de
importação e exportação. Tratava-se de proteger o mercado americano contra a concorrência
da Europa e dos países asiáticos, todos de olho no mercado latino-americano, em particular o
mercado brasileiro.
No ano de 1993 foi criado a União Européia, uma zona de livre comércio entre os antigos
países membros da Comunidade Econômica Européia. No outro lado do mundo, o Japão e os
chamados Tigres Asiáticos, Hong Kong, Taiwan, Cingapura e Coréia do Sul, constituíram outro
pólo em franca expansão. Em 1994 o então presidente americano Bill Clinton lançou o Nafta,
North America Free Trade Association ou Mercado Comum da América do Norte, agregando
Estados Unidos, Canadá e México. Também em 1994 surge o Mercado Comum do Cone Sul
ou Mercosul, uma zona de livre comércio entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e com a
participação do Chile e da Bolívia.
A Rússia não foi integrada a nenhum bloco econômico. Ela tornou-se o país líder da
Comunidade de Estados Independentes, (CEI), formada após a dissolução da União Soviética.
A CEI constituiu uma espécie de grande mercado para a Rússia, mesmo que não fosse uma
13. zona de livre comércio. Mas a CEI não formou um bloco econômico como decorrência
principalmente da grande crise que assolou a Rússia.
Washington: "Xerife" do Mundo
Em 7 de dezembro de 1992, o presidente Bill Clinton invadiu a Somália, devidamente
autorizado pela ONU. Dessa vez, o pretexto era oferecer ajuda humanitária a um dos países
mais miseráveis do mundo e envolto em uma cruel guerra civil.
A Somália controla a entrada do Golfo de Áden, passagem para o Mar Vermelho e para o
Canal de Suez, que, por essa via, liga o Oceano Índico ao Mar Mediterrâneo. É uma rota de
importância mundial estratégica, por ser via de petroleiros que abastecem o Japão, a Europa e
os Estados Unidos. A guerra contra o Iraque, no início de 1991, já havia dado aos Estados
Unidos o controle militar sobre o Golfo Pérsico. Agora, com a invasão da Somália, Washington
completava seu controle sobre toda a região. Ela consagrou o direito de intervenção dos
Estados Unidos em qualquer ponto do planeta, bastando para isso que a Casa Branca
manifestasse seu desejo nesse sentido.
Em 31 de julho de 1994, foi a vez do Haiti. Novamente autorizados pela ONU, os Estados
Unidos desembarcaram suas tropas em Porto Príncipe, dessa vez com o objetivo de remover o
governo militar e reinstalar o presidente Jean-Bertrand Aristide, deposto por um golpe três anos
antes.
A invasão foi importante para reafirmar o controle americano militar sobre as Antilhas. Teve
também a função de estancar a onda de milhares de emigrantes do Haiti que, levados pelo
desespero e por uma situação de absoluta miséria, procuravam fugir para os Estados Unidos
em jangadas e botes precários.
Também no Oriente Médio os Estados Unidos agiram com as mãos livres. Ali a diplomacia
americana pressionou pela conclusão de um acordo entre Israel e a OLP, procurando com isso
assegurar alguma estabilidade geopolítica duradoura. O famoso aperto de mão entre o então
primeiro ministro israelense Yitzhak Rabin, o chefe da OLP, Iasser Arafat e Bill Clinton em
setembro de 1993 é um símbolo perfeito do lugar ocupado por Washington.
Finalmente, os Estados Unidos também foram a força fundamental para decidir a intervenção
da ONU na guerra civil da Bósnia, no final de 1995. Através da Otan, Clinton praticamente
impôs um acordo às forças em conflito na Bósnia (isto é, muçulmanos, sérvios e croatas).
Em todos esses episódios, no Golfo, na Somália, no Haiti, na Bósnia, assim como nas
cerimônias diplomáticas, a presença da televisão foi fundamental. A multiplicação de imagens
do poderio americano funciona como um meio de reafirmar seu lugar de liderança no mundo.
Suas ações são apresentadas como a própria aplicação da justiça; suas palavras acabam
virando sinônimo da verdade histórica. Trata-se, sem dúvida, de uma nova forma de
autoritarismo, revestida, porém, com as cores da democracia da informação.
Fonte: www.logisticabs.com.br
14. Choque de civilizações
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O mapa das principais civilizações, segundo Huntington.
azul escuro: civilização cristã ocidental
azul claro: civilização cristã oriental
verde: mundo islâmico
vermelho escuro: Civilização Sínica
roxo: América latina
marrom: África subsaariana
laranja: civilização hindu
amarelo: civilização budista
cinza: antigas colônias britânicas
turquesa: Turquia
azul: Israel
marrom claro: Etiópia
verde claro: Haiti
vermelho: Japão
Choque de civilizações é uma teoria proposta pelo cientista político Samuel P. Huntington
segundo a qual as identidadesculturais e religiosas dos povos serão a principal fonte de conflito
no mundo pós-Guerra Fria. A teoria foi originalmente formulada em 1993, num artigo da
Foreign Affairs chamado "The Clash of Civilizations?" (do inglês "O Choque de
Civilizações?"),[1][2] como reação ao livro de Francis Fukuyama, The End of History and the
Last Man (1992). Huntington posteriormente expandiu sua tese num livro de 1996 chamado
15. The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order(do inglês "Choque de Civilizações
e a Reconstrução da Ordem Mundial"). A expressão foi usada pela primeira vez porBernard
Lewis num artigo do exemplar de setembro de 1990 de The Atlantic Monthly, chamado "The
Roots of Muslim Rage"[3] (do inglês "As Raízes da Ira Muçulmana").
Argumento
Huntington começou a articular suas idéias ao examinar as diversas teorias sobre a natureza
da política global no período pós-Guerra Fria. Alguns teóricos e autores argumentavam que os
direitos humanos, a democracia liberal e a economiacapitalista de livre mercado se haviam
tornado a única alternativa ideológica após o fim da Guerra Fria. Especificamente, Francis
Fukuyama afirmava que o mundo havia atingido o "fim da história" num sentido hegeliano.
Huntington acreditava que, embora a era das ideologias houvesse terminado, o mundo havia
simplesmente retornado a um estado normal caracterizado pelos conflitos
culturais. Em sua tese, argumentava que os conflitos no futuro teriam como eixo principal
critérios culturais e religiosos. Postula, ainda, que o conceito de diferentes civilizações, como
nível maior de identidade cultural, se tornará cada vez mais útil para analisar o potencial de
conflitos. No artigo de 1993 na Foreign Affairs, Huntington escreve (tradução livre do inglês):
“ Minha hipótese é que a fonte fundamental de conflitos neste mundo novo não será
principalmente ideológica ou econômica. As grandes divisões entre a humanidade e a fonte
dominante de conflitos será cultural. Os Estados-nações continuarão a ser os atores mais
poderosos no cenário mundial, mas os principais conflitos da política global ocorrerão entre
países e grupos de diferentes civilizações. O choque de civilizações dominará a política global.
As falhas geológicas entre civilizações serão as frentes de combate do futuro. ”
—Samuel P. Huntington.
Huntington parece pertencer à escola primordialista, ao pensar que grupos culturalmente
definidos são antigos e naturais; entretanto, suas primeiras obras parecem indicar que ele seria
um funcionalista estrutural. Sua visão de que Estados-nações continuariam a ser os atores
mais poderosos vai ao encontro do realismo. Finalmente, sua advertência de que a civilização
ocidental pode declinar é inspirada por Arnold J. Toynbee, Carroll Quigley e Oswald Spengler.
Devido a uma enorme reação e à solidificação de seus pontos de vista, Huntington
posteriormente expandiu sua tese no livro The Clash of Civilizations and the Remaking of World
Order ("Choque de Civilizações e a Reconstrução da Ordem Mundial"), de 1996.
Lista de Civilizações
O livro do cientista norte-americano, Samuel P. Huntington lançou outras bases de
entendimento da história, política e sociologia. Segundo ele a humanidade poderia ser dividida
em oito civilizações:
• Civilização Sínica - Seria a civilização confuciana, incluindo principalmente a China, mas
também o sudeste asiático, como Coréia, Tibete, Vietnã, etc.
• Civilização Japonesa - O Japão há muito já possui uma cultura autônoma. A civilização
nipônica seria a única civilização que abrange um pais só e é formada por elementos da
civilização sínica e dos povos altaicos, de onde é oriunda. Atualmente recebe forte
influência da civilização ocidental. Em tese, tal civilização englobaria também a Coréia do
Sul, mas esta seria considerada sínica mais por questões políticas.
• Hindu - Expandiu-se a partir do vale do rio Indo e seria representada hoje principalmente
pela Índia, embora inclua outros países hindus como o Camboja.
• Civilização Islâmica - A civilização no mundo islâmico teria surgido na Arábia e assimilado
as culturas, turca, libanesa, persa, malaia entre outras. A Civilização Islâmica também
estaria profundamente presente no Norte da África.
16. • Civilização Ocidental - Civilização grego-romana, judaico-cristã e iluminista. Englobaria
toda a Europa e a chamada "anglosfera" (Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova
Zelândia).
• Civilização ortodoxa - A região vizinha à Rússia.
• Latino americana - Híbrido da civilização ocidental com a população indígena local.
• A civilização da África subsaariana - A civilização africana, ou mais especificamente sub-
sahariana já que o norte da África pertence à civilização muçulmana, teria a África do Sul
como seu estado-núcleo.
Huntington sustenta que a história da humanidade seria a história dos choques de
civilizações que estaria ainda longe de terminar. Esta opinião contrasta com a de Francis
Fukuyama que em seu livro "O Fim da História e o Último Homem" defende que a história
atinge sua homeostase com a supremacia do ocidente.
Com a globalização hoje podemos encontrar hindus, confucionistas, ortodoxos, etc. em
praticamente todos os países do mundo. De fato, embora as concentrações geográficas
sejam evidentes, as civilizações são maiores e mais complicadas do que isso. Em verdade
estão espalhadas pelo mundo todo de maneira ideológica e histórica não respeitando muito
fronteiras nacionais.
Voltando a Huntington, a Etiópia e o Haiti poderiam ser considerados "estados solitários"
assim como o Caribe que constitui uma entidade distinta flutuando entre a civilizações
Africana e Latinoamericana. Se os países da América latina, assim como os antigos
membros da União Soviética se definirão como parte da civilização ocidental ou autônomos
seria uma importante decisão a ser tomada.
As civilizações Ocidental e Islâmica, seriam as únicas com intenções de expansão e
pretensões universalistas e por isso encontrariam-se constantemente em confrontos e
disputas culturais, políticas e ideológicas.
Críticas
O artigo de Huntington na Foreign Affairs foi um dos que mais provocaram respostas na
história daquela revista. A tese recebeu muitas críticas de paradigmas completamente
diferentes, tendo como alvos freqüentes as suas implicações, metodologia e mesmo os
conceitos básicos. No livro, Huntington baseia-se principalmente em provas circunstanciais.
Apesar de suas expectativas, estudos empíricos mais rigorosos não demonstraram
nenhum aumento particular na freqüência dos conflitos intercivilizacionais no período pós-
Guerra Fria.[4] Na verdade, as guerras e conflitos regionais aumentaram em freqüência
logo após o término da Guerra Fria, mas declinaram lenta e firmemente desde então.
Entretanto, que proporção de conflitos existentes pode ser atribuída a "conflitos
intercivilizacionais" e se tais conflitos aumentam em proporção ao conjunto de conflitos são
questões em aberto