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revista    ESPAÇO




                                               LIVRE
           CIENTÍFICO
BRASIL, V. 1, N. 1, ABR.-MAIO, 2011   DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE
ARTIGOS, RESUMOS E IDEIAS
DE ALUNOS DE NÍVEL
TÉCNICO, SUPERIOR E
PROFISSIONAIS DE DIVERSAS
ÁREAS DE TODO BRASIL




                                                              FOTO: http://www.sxc.hu
revista




                          ESPAÇO
                          CIENTÍFICO
                           LIVRE
FOTO: http://www.sxc.hu
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011



                                                              Colaboradores desta

               EDITORIAL                                      edição

                                                              Verano Costa Dutra
                                                              Editor
                                                              Farmacêutico Industrial,
Nasce o primeiro número da Revista Espaço Científico          com habilitação em
                                                              Homeopatia e Mestre em
Livre que tem o objetivo de ser um ambiente plural de         Saúde Coletiva pela
divulgação de pesquisas, ideias, resumos e artigos            Universidade Federal
científicos de alunos de cursos técnicos e da graduação,      Fluminense (UFF)
e profissionais de diferentes áreas.
                                                              Monique D. Rangel
Aqui estudantes de cursos técnicos, de graduação,             Divulgação
                                                              Graduanda em
profissionais já formados e pós-graduados apresentam
                                                              Administração na
liberdade igual de explorar seu potencial e começar ou        Universidade do Grande Rio
mesmo continuar sua trajetória na construção do               (UNIGRANRIO)
conhecimento científico coletivo.
                                                              Verônica C.D. Silva
Agradecemos a todos que contribuíram enviando                 Revisão
artigos, resumos e trabalhos para esta edição. E              Pedagoga pela
                                                              UNIGRANRIO
convidamos você a mergulhar nesse projeto de
promoção do saber coletivo.                                   Carlos Eduardo Gomes
                                                              Pereira
Boa leitura.                                                  Pedagogo e Pós-Graduado
                                                              no Curso Lato-sensu
Verano Costa Dutra                                            “Ensino de História e
                                                              Ciências Sociais” pela UFF
Editor
                                                              Daniela Tamires
                                                              Psicóloga pela Universidade
A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação            Presidente Antônio Carlos
digital distribuída gratuitamente a estudantes de             (UNIPAC)
escolas técnicas, graduação e profissionais de                Marcelo Justa
diferentes áreas em todo o Brasil.                            Profissional da indústria,
                                                              professor universitário da
                                                              graduação e pós-graduação,
Os textos assinados não apresentam necessariamente,           Administrador, Especialista
                                                              com MBA em gestão e
a posição oficial da Revista Espaço Científico Livre, e       Mestre em Engenharia de
são de total responsabilidade de seus autores.                Produção pela UFAM/FT

                                                              Rodrigo N. Lacerda
A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os            Guimarães
                                                              Licenciado em Matemática,
anúncios aqui apresentados são de total                       Bacharel em Segurança
responsabilidade de seus anunciantes.                         Pública, Pós-graduado em
                                                              Docência do Ensino
                                                              Superior, em Política e
Este conteúdo pode ser publicado livremente, no todo          Estratégia e em
                                                              Planejamento e Gestão de
ou em parte, em qualquer mídia, eletrônica ou impressa,       Projetos Sociais
desde que a Revista Espaço Científico Livre seja citada
como fonte.                                                   Rosana Fernandes de
                                                              Lacerda
                                                              Psicóloga pela Universidade
                                                              Presidente Antônio Carlos
                                                              (UNIPAC)



                                                                                            3
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011




                               SUMÁRIO


CTRL-C e CTRL-V
                                                              pg. 05
Por Marcelo Justa
Como acontece o processo de
alfabetização?                                                pg. 07
Por Verônica Silva
O auxílio psicológico no processo de
emagrecimento e prevenção da
obesidade                                                     pg 09
Por Daniela Tamires e Rosana
Fernandes de Lacerda
As diretrizes do ensino médio no Brasil
                                                              pg 20
Por Carlos Eduardo Gomes Pereira
Democracia de verdade só a mãe
natureza!                                                     pg 26
Por Rodrigo N. Lacerda Guimarães
Eventos acadêmicos                                            pg 31
Cuidado com a AIDS                                            pg 37




                                    FIGUTA: SXC.HU




                                             FI


                                                                       4
JUSTA,M. CTRL-C e CTRL-V. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 5-6, abr.-maio, 2011




                     CTRL-C e CTRL-V
Prof. Marcelo Justa
Profissional da indústria, professor universitário da graduação e pós-graduação,
Administrador, Especialista com MBA em gestão e Mestre em Engenharia de
Produção pela UFAM/FT.
Manaus, AM
E-mail: marcelo.justa@bol.com.br
Blog: http://marcelojusta.blogspot.com/




L
       i recentemente uma matéria muito
       interessante e que me fez
       recordar uma das várias defesas
de mestrado que já tive a oportunidade
de ver. Trata-se de um ato cada vez                     "SEMPRE mencionar a
mais comum no meio acadêmico e                            fonte dos gráficos,
profissional. É o famoso CTRL-C /
CTRL-V. A reportagem publicada no                      tabelas e textos daquilo
Globo News, na edição de 24/02/2011,                    que eu faria referência
dizia o seguinte: "O ministro da Defesa
alemão Karl-Theodor zu Guttenberg                        na minha pesquisa"
copiou trechos da internet para sua
tese de doutorado. Um jornal alemão
fez a denúncia há cerca de uma
semana e ele negou. Mas a imprensa                 defesas de mestrado. Portanto, caso
descobriu mais de cem trechos                      não tivesse participado das 10 defesas,
copiados na tese dele de matérias de               não teria direito a fazer a minha própria
jornal. Ele fez com que funcionários               defesa e concluir o curso de mestrado.
públicos fizessem trabalhos para ele. A
universidade anunciou que retirou o                No início, quando ainda era um leigo na
título de doutor do ministro."                     pesquisa,      achava     todo      esse
                                                   regulamento e pré-requisitos um tanto
Lembro que durante meus estudos no                 que exagerado. Porém, graças à
curso de mestrado da UFAM/FT e                     qualidade do curso de mestrado da
também na minha preparação para                    UFAM/FT, aliado a capacidade de seus
fazer a defesa e conclusão do curso, fui           professores, hoje eu testemunho e
várias     vezes     instruído    pelos            ratifico todo o processo de ensino e
professores sobre os cuidados na                   aprendizagem que tive. Ocorre que em
pesquisa e na escrita dos textos para a            uma das 10 defesas que presenciei, fui
minha dissertação. Dentre as várias                testemunha de uma situação um tanto
instruções uma dizia que eu deveria                embaraçosa. O fato aconteceu quando
SEMPRE mencionar a fonte dos                       um candidato a mestre, durante sua
gráficos, tabelas e textos daquilo que             defesa perante a banca, foi abordado
eu faria referência na minha pesquisa.             por um dos examinadores doutores que
Ocorre que além de todo o esforço,                 fez o seguinte comentário: "... meu
atenção e dedicação necessárias para               querido candidato a mestre, ou você
elaborar uma dissertação que atenda                faz referência a mim como autor dos
todos os requisitos da norma, também               vários trechos que encontrei na sua
eram exigidas a minha participação                 dissertação ou você simplesmente
como ouvinte em no mínimo 10 outras                retira tudo o que está escrito e refaz o
                                                   seu trabalho, pois vários textos

                                                                                                5
JUSTA,M. CTRL-C e CTRL-V. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 5-6, abr.-maio, 2011


pertencem a mim e foram publicados                 pesquisamos é primeiramente um ato
no meu livro sobre o tema que você                 de    respeito   por    alguém     que
pesquisou..."                                      desenvolveu, escreveu e publicou uma
                                                   pesquisa. Fazer as referências corretas
                                                   também nos dá credibilidade para
                                                   aquilo que escrevemos. Vale lembrar
                                                   que outros também irão explorar e usar
    "Fazer as referências                          nossos textos como fonte de pesquisa.
    corretas também nos                            Neste ultimo caso, não gostaríamos
                                                   que nossos textos fossem "clonados"
    dá credibilidade para                          sem que nosso nome seja mencionado.
   aquilo que escrevemos"
                                                   Portanto, o copiar e colar somente são
                                                   validos quando fazemos referência à
                                                   fonte do assunto pesquisado e ainda
                                                   obedecendo SEMPRE às normas
O fato causou embaraço e vergonha                  técnicas da ABNT, tais como: as
para todos, pois nos mostra como é                 citações    indiretas   quando    você
comum essa prática em Manaus, no                   apresenta o pensamento do autor
Brasil e no mundo. Vale então uma                  diluído no texto usando as próprias
reflexão para que nós, estudantes e                palavras e as citações diretas quando
professores, tomemos cuidado em                    você transcreve para o seu texto, entre
relação às fontes de nossas pesquisas.             aspas, exatamente as palavras do
Fazer a referência daquilo que                     autor.


CTRL-C e CTRL-V

Prof. Marcelo Justa
Profissional da indústria, professor universitário da graduação e pós-graduação,
Administrador, Especialista com MBA em gestão e Mestre em Engenharia de
Produção pela UFAM/FT.
Manaus, AM
E-mail: marcelo.justa@bol.com.br
Blog: http://marcelojusta.blogspot.com/




                                                                                                6
SILVA,V.C.D. Como acontece o processo de alfabetização? Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1,
n. 1, p. 7-8, abr.-maio 2011




       Como acontece o processo de
            alfabetização?
Verônica C. D. da Silva
Pedagoga pela Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)
Duque de Caxias, RJ
E-mail: veronicacsilva@pop.com.br


Resumo

O presente artigo busca levar aos leitores compreensão de como acontece o processo
de alfabetização. Trata-se de uma temática que vem chamando a atenção de
educadores há algumas décadas.




E
       sse artigo nasce da necessidade            três letras e possui uma leitura global lê
       de buscar compreensão de                   a palavra como um todo. A segunda é
       como se dá o processo da                   a Hipótese Silábica: onde para cada
alfabetização. Iniciamos a década de              fonema usa uma letra para representar;
80 com grandes debates sobre a                    atribui ou não valor sonoro a letra; usa
alfabetização e as perspectivas da                muitas letras para escrever e ao fazer a
construção do conhecimento sobre a                leitura, aponta uma letra para cada
língua escrita.                                   fonema.; ao escrever frases, pode usar
                                                  uma letra para cada palavra. A próxima
A publicação do livro “Psicogênese da             hipótese é o Silábico-Alfabético onde a
Língua Escrita” em 1985 teve grande               criança compreende que a escrita
importância nesse debate. Ela acredita            representa sons da fala; percebe a
que mesmo antes de saber ler e                    necessidade de mais de uma letra para
escrever convencionalmente, a criança             a maioria das sílabas; reconhece o som
tem idéia de como é ler e escrever.               da letra; pode dar ênfase à escrita só
                                                  de vogais ou só das consoantes: bola=
Para Ferreiro (2006) a criança aprende            ao ou bl; atribui valor do fonema em
a ler e a escrever por se sentir                  algumas letras: cabelo= kbelo.
desafiada pelo professor. A criança
constrói hipóteses a primeira delas é a           A última hipótese Alfabética: onde
Hipótese Pré-Silábica, onde escrever e            compreende a função social da escrita:
desenhar tem o mesmo significado;                 comunicação; conhece o valor sonoro
não relaciona a escrita à fala; não               de todas ou quase todas as letras;
diferencia letra de números; reproduz             possui estabilidade na escrita de
traços típicos da escrita desordenada;            palavras; compreende que cada letra
supõe que a palavra representa o                  tem valor sonoro; adequar à escrita à
objetivo e não o seu nome; acredita               fala; faz leitura com e sem imagem;
que coisas grandes têm nomes                      inicia preocupação com a ortografia;
grandes e coisas pequenas nomes                   separa as palavras quando escreve
pequenos; usa letra do nome para                  frases e produz textos de forma
escrever tudo; não aceita que seja                convencional.
possível escrever e ler com menos de


                                                                                                7
SILVA,V.C.D. Como acontece o processo de alfabetização? Rev. Esp. Cient. Livre,
Brasil, v. 1, n. 1, p. 7-8, abr.-maio 2011


Abordar a necessidade de um cuidado          de     apropriação  de     diferentes
especial para alunos que não                 linguagens produzidas culturalmente”
conseguem aprender no mesmo tempo            (ALMEIDA, 2006,32).
que os outros alunos. De acordo com
Almeida (2006) a alfabetização é um          Segundo Carvalho (2005) a escolha de
processo linguístico e cognitivo, que        uma metodologia não é a questão
não acontece de forma igual para             central do processo de alfabetização,
todos. Cada indivíduo tem seu tempo          mas para escolher um método é
de aprendizagem. A criança precisa ser       preciso ter domínio e fundamentação
estimulada      ao    processo      de       teórica, para ser capaz de solucionar
alfabetização. Ela precisa perceber a        as dúvidas que surgirem no processo.
necessidade da escrita, determinada
ações na vida só serão possíveis pela        Assim como Carvalho (2005), o Freinet
escrita. O desenvolvimento motor e a         (1977) busca vários autores para
coordenação         motora        são        encontra o caminho certo ao realizar o
características fundamentais para o          seu trabalho de professor. Sua técnica
registro da letra, a organização de          ficou conhecida como: “as Técnicas
traços.                                      Freinet da escola Moderna”. A proposta
                                             dele era a utilização de textos livres e a
Acrescenta o mesmo autor que quando          imprensa       escolar.    Através      da
o aluno solicitar ajuda e não tiver, ou se   familiarização com a língua escrita.
ao contrário tiver ajuda em excesso, ele     Para aprender a ler e a escrever, é
poderá começar sozinho registros             preciso que leiam e escreva mesmo
errôneos, ou perder o estímulo pela          antes de dominarem o código da
escrita. “A alfabetização constitui-se       língua.
uma atividade interativa, interdiscursiva


REFERÊNCIAS

FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre
alfabetização.24.ed. São Paulo:              CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e
Cortez.2006.                                 letrar. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. A               FREINET, Célestin. O método natural
produção de textos nas séries                I – A aprendizagem da Língua. Editorial
iniciais: Desenvolvendo as                   Estampa: Lisboa, 1977.
competências da escrita. 2.ed. Rio de
Janeiro WAK, 2006.


Como acontece o processo de alfabetização?

Verônica C. D. da Silva
Pedagoga pela Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)
Duque de Caxias, RJ
E-mail: veronicacsilva@pop.com.br




                                                                                          8
PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e
prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011




O auxílio psicológico no processo
de emagrecimento e prevenção da
            obesidade
Daniela Tamires Pinto
Psicóloga pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC)
Bom Despacho, MG
E-mail: danielatamires@yahoo.com.br

Rosana Fernandes de Lacerda
Psicóloga pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC)
Bom Despacho, MG
E-mail: rosanalacerdacorrea@hotmail.com


Resumo                                               eficácia  da     terapia    cognitivo-
                                                     comportamental no tratamento.
Transtornos alimentares caracterizam-
se por perturbações no comportamento                 Abstract
alimentar levando a prejuízos clínicos e
psicológicos.     A  etiologia     destes            The eating disorders characteristics are
transtornos é multifatorial, envolvendo              the disturbances in the eating behavior
aspectos biológicos, socioeconômicos,                leading to clinical and psychological
psicossociais e culturais. Este artigo               harm. The etiology of these disorders
apresenta uma revisão teórica sobre a                has many factors, including biological,
importância do auxílio psicológico no                socioeconomic,       psychosocial    and
tratamento dos transtornos alimentares,              cultural ones. This article presents a
com foco no transtorno da compulsão                  theoretical review on the importance of
alimentar periódica e obesidade. Os                  psychological help in eating disorders
indivíduos      com    transtorno      da            treatment, focusing binge eating
compulsão alimentar periódica (TCAP)                 disorder and obesity. People suffering
apresentam episódios de ingestão                     Binge Eating Disorder (BED) have
compulsiva de alimentos que exercem                  episodes of binge eating food that have
função         de      comportamentos                functions         of       inappropriate
compensatórios      inadequados.        A            compensatory behaviors. Obesity is a
obesidade é uma doença de múltiplas                  disease with multiple causes, and it is
causas e atualmente é considerada                    currently considered as a public health
como um problema de saúde pública.                   problem. Pertinent aspects related to
Foram abordados aspectos pertinentes                 eating disorders and obesity were
aos     transtornos    alimentares      e            reported, such as the etiology,
obesidade, como etiologia, incidência,               incidence, injuries, the relationship
danos,     relação   entre     transtorno            between regular Binge Eating Disorder
compulsivo alimentar periódico e                     and obesity, as well as evidences of
obesidade, assim como evidências de                  Cognitive-Behavioral           treatment
                                                     effectiveness.



                                                                                                9
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prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011


1. INTRODUÇÃO



O
       presente artigo surgiu do interesse pessoal das autoras em pesquisar formas
      de auxílio disponíveis para pessoas classificadas pela literatura médica como
      obesas e/ou acometidas por transtornos alimentares relacionados à ingestão
compulsiva de alimentos.

 Este artigo descreve de forma geral os transtornos alimentares, busca ampliar a
compreensão acerca do transtorno da compulsão alimentar periódica e da obesidade,
sendo esta última focalizada como uma possível consequência deste transtorno, bem
como as principais técnicas cognitivas e comportamentais utilizadas no tratamento
destes transtornos. Além disso, se dispõe a revisar a importância do psicólogo na
equipe multidisciplinar implicada no acompanhamento das pessoas que apresentam o
problema.

Transtornos alimentares podem ser definidos como desvios do comportamento
alimentar, podendo desencadear emagrecimento extremo ou obesidade, além de
outros problemas físicos ou incapacidades. Dentre os transtornos alimentares se
destacam anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa (BN) e transtorno da compulsão
alimentar periódica (TCAP).

A obesidade é uma doença multifatorial e pode, potencialmente, trazer prejuízos
significativos nos âmbitos fisiológico, social, afetivo, profissional e familiar. Desta
forma, pretende-se investigar as terapêuticas indicadas para tratamento, com
destaque para a terapia cognitivo-comportamental. Além do diagnóstico nosológico,
dos números na balança e dos registros de índices e avaliações fisiológicas, existe
uma pessoa por trás da problemática que carece de acompanhamento que lhe
proporcione percepção adequada da situação em que se encontra, para que se inicie
um processo de reposicionamento diante de si próprio, dos outros e do mundo (BECK,
2005).

2. TRANSTORNOS ALIMENTARES



D
        e acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-
        IV-TR, os transtornos alimentares (TA) caracterizam-se por perturbações no
        comportamento alimentar, levando a prejuízos clínicos e psicológicos.
Dalgalarrondo, afirma que o comportamento alimentar “é um fenômeno humano
complexo e de importância central” (2008, p. 339). Existem alguns transtornos menos
investigados e menos facilmente definidos, como o transtorno da alimentação noturna
e o transtorno alimentar não especificado (TANE). O TANE é a categoria utilizada para
incluir casos que não preenchem estritamente os critérios de classificação existentes¹.
Os transtornos alimentares mais comuns são a anorexia nervosa (AN), a bulimia
nervosa (BN) e o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP).

A anorexia nervosa caracteriza-se pela perda de peso por abstenção de alimentos ou
por comportamentos como vômitos e/ou purgação auto-induzidos, exercício excessivo
e o uso de diuréticos (DALGALARRONDO, 2008, p. 340). AN é “caracterizada por



   ¹Critérios de Classificação: critérios diagnósticos para AN, BN, TCAP segundo o DSM – IV
   (ADA – 1994) e CID – 10 (OMS – 1993). Os critérios diagnósticos estão descritos no Anexo.




                                                                                               10
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prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011


grande e intencional perda de peso, subsequente a severa restrição alimentar, busca
incessante pela magreza e distúrbio da imagem corporal” (OLIVEIRA, 2009, p. 1293).

A bulimia nervosa caracteriza-se por preocupação persistente com o comer e um
desejo irresistível por comida, de modo que a pessoa acometida apresenta repetidos
episódios de hiperfagia (“ataques” à geladeira, a uma sorveteria, etc.). A BN
caracteriza-se ainda por preocupação excessiva com controle de peso corporal,
levando o paciente a tomar medidas extremas, como vômitos, purgação², diuréticos, a
fim de mitigar os efeitos do aumento de peso pela ingestão de alimentos (NUNES;
DUCHESNE, 2008, p. 530).

Indivíduos com TCAP distinguem-se da BN em alguns pontos: na AN e BN há uma
preocupação excessiva com a forma e o peso corporal, o que não acontece no TCAP.
Na BN a compulsão alimentar é claramente concluída por comportamento purgativo,
no TCAP, não há uma terminação lógica, e pode estar associado ao sobrepeso e a
obesidade (GRILO, 2002).

                          O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica é caracterizado por
                          episódios de compulsão alimentar recorrentes da ausência dos
                          comportamentos compensatórios inadequados para evitar o ganho de
                          peso observados na BN (DUCHESNE, 2007, p. 1).

 “O comportamento alimentar no TCAP é caracterizado pela ingestão de grande
quantidade de alimentos em um período de tempo delimitado.” (AZEVEDO; SANTOS;
FONSECA, 2004, p. 171). Durante o episódio de compulsão alimentar, há um
sentimento de falta de controle sobre o comportamento associado à ingestão de
grandes quantidades de alimento, mesmo que o indivíduo esteja sem fome e, em
geral, a situação pode causar desconforto. Esse episódio é sucedido por um intenso
mal-estar subjetivo, caracterizado por sentimentos de angústia, tristeza, culpa,
vergonha e/ou repulsa por si mesmo. Pode-se dizer que muitas vezes o indivíduo
busca na compulsão alimentar uma fuga para os sentimentos de mal-estar,
ocasionando um ciclo vicioso, o que pode levar à obesidade.

2.1 ETIOLOGIA

A etiologia dos transtornos alimentares é multifatorial, envolvendo aspectos biológicos,
socioeconômicos, psicossociais e culturais.

                          É importante lembrar que estes transtornos não emergem
                          abruptamente, mas se desenvolvem ao longo de vários anos, a partir
                          de predisposições presentes desde o nascimento do indivíduo, de
                          vulnerabilidades que emergem nas primeiras etapas da vida e de
                          ocorrências mais tardias na sua história (MORGAN; VECCHIATTI;
                          NEGRÃO, 2002, p. 6).

Bernard e Trouvé citados por Dalgalarrondo (2008. p. 339) ressaltam que “o
comportamento alimentar inclui algumas dimensões complementares” que são as
dimensões fisiológico-nutritiva, psicodinâmica, afetiva e a relacional. A dimensão



   ²Purgação: Ato de purgar, limpar ou purificar pela eliminação de impurezas. Livrar das
   impurezas interiores por meio de purgantes ou outros medicamentos.




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prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011


fisiológica nutritiva relaciona–se a aspectos metabólicos, endócrinos e neuronais, que
regulam a demanda e a satisfação das necessidades nutricionais; a dimensão
psicodinâmica e afetiva, na qual fome e a alimentação se vinculam à satisfação e ao
prazer oral que, segundo a psicanálise, possuem conotação nitidamente libidinal.
Freud, em três ensaios sobre a teoria da sexualidade, descreve a libido como uma
energia vital vinculada à pulsão sexual, desejos e vontades quanto ao instinto de
nutrição que procura a satisfação (1905, p. 344). A dimensão relacional considera que,
no desenvolvimento da criança, a boca é o mediador da primeira relação interpessoal;
a relação mãe–bebê. A incorporação oral pode representar diversas vivências: o amor,
a destruição, a conservação no interior do Eu e a apropriação das qualidades do
objeto amado. Para a mãe, alimentar seu filho é muito mais que uma tarefa fisiológica,
tem valor emocional especial podendo expressar afeto, mistura dos sentimentos de
culpa ou tentativa de “dar amor” que, às vezes, ela se sente incapaz de dar de outra
forma.

2.2 INCIDÊNCIA

O início da AN é observado, com mais frequência, na adolescência, mas pode ocorrer
desde os oito anos de idade. A maioria dos indivíduos acometidos são mulheres
jovens. A proporção de homens identificados na assistência primária é de um décimo
das mulheres.

Estudos mostram que na maioria das vezes, o início da BN é observado no final da
adolescência e início da vida adulta. Entretanto, foram identificadas pessoas com
menos de 14 anos de idade, o que sugere um aumento na ocorrência de BN em
pessoas jovens.

O início do TCAP é observado em torno dos 25 anos ou mais cedo, na adolescência.
Autores revelam que em amostras de comunidade, a relação entre ambos os sexos
parece ser semelhante. Nas pessoas que frequentam programas de perda de peso, a
relação entre mulheres e homens é de 3:2 (TREASURE; MURPHY, 2005).

3. OBESIDADE

        erude e Mannarino, afirmam que “obesidade é o excesso de tecido adiposo

G       associado ao aumento de peso” (2009, p. 240). Dalgalarrondo considera a
        obesidade como uma condição complexa, determinada por fatores genéticos,
familiares, culturais e fatores de desenvolvimento psicológico (2008, p. 341).

Stanley Shadster citado por Crovelli aponta que os obesos simplesmente não
discernem muito bem se estão com fome ou saciados. O obeso seria alguém que
continua a comer ainda que esteja saciado. Sendo assim, a comida assume o papel
de redutor de tensão e, muitas vezes, única fonte de prazer. É preciso modificar
cognições, isto é, crenças, pensamentos, atitudes associadas ao hábito de comer,
desenvolver habilidades cognitivas e comportamentais para lidar com situações de
risco, distinção entre fome e apetite (2002, p. 46).
De acordo com Frühbeck, (2005) estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no
mundo inteiro sofram de obesidade, e mais de um bilhão esteja com sobrepeso.
Existem disparidades na prevalência do sobrepeso e obesidade em muitos segmentos
da população com base na etnia, sexo, idade e nível sócio-econômico. A obesidade é
fator de risco para patologias, como: cardiopatia, hipertensão, diabetes melito,
osteoartrite, apneia do sono, alguns tipos de câncer, problemas psicossociais e outras
doenças graves.



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prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011


O tratamento mais efetivo a longo prazo é e será a prevenção da obesidade.
A importância da prevenção da obesidade está se tornando evidente não apenas para
os profissionais de saúde, mas também para os políticos, em virtude das
consequências médicas, sociais e econômicas de longo alcance ao deparar-se com as
consequências prejudiciais e dificuldades associadas ao seu tratamento (FRÜNBECK,
2005).

4. TRATAMENTO



O
       tratamento dos transtornos alimentares exige uma abordagem multidisciplinar
      na qual a famacoterapia é adjuvante de abordagens psicológicas e nutricionais.
      No tratamento da anorexia nervosa a principal meta é o ganho de peso, a
abordagem farmacológica é necessária se houver comorbidade psiquiátrica. Baseado
em Salzano e Cordás, (2004) verifica-se que a AN ainda não possui tratamento
farmacológico eficaz.

O tratamento da bulimia nervosa tem como principal objetivo regularizar o padrão
alimentar com suspensão de práticas purgativas e restritivas. Para muitos pacientes
com BN o tratamento não farmacológico é considerado o primeiro passo. Se o
tratamento com abordagem psicoterapêutica não estiver evoluindo como o esperado,
medicamentos antidepressivos, principalmente tricíclicos³, podem ser indicados.

No tratamento do transtorno da compulsão alimentar periódica os objetivos são reduzir
os episódios compulsivos, melhorar a psicopatologia associada (sintomas depressivos
e ansiosos) e também diminuição do peso corporal, preferencialmente com associação
de psicofármacos e de psicoterapia. Três classes de medicamentos estão sendo
estudadas para o tratamento do TCAP, sendo elas antidepressivos, inibidores de
apetite com ação no sistema nervoso central e anticonvulsivantes (SALZANO;
CORDÁS, 2004, p. 189).

 “Há evidência crescente que os sintomas do TCAP respondem a farmacoterapia com
inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) e mais recentemente, a
sibutramina e o topiramato têm-se mostrado agentes promisssores.” (APPOLINÁRIO;
BACALTCHUK, 2002, p. 57).

A farmacoterapia efetiva para a obesidade tende a exigir uso a longo prazo, portanto,
é essencial avaliar os efeitos colaterais, riscos potenciais e custos em relação aos
benefícios. Atualmente dois produtos são utilizados, o orlistate e a sibutramina. O
orlistate é um inibidor da lipase, atua no trato digestório impedindo a degradação e
absorção da gordura dietética. A sibutramina é um bloqueador da recaptação de
serotonina-noradrenalina,     misto   que     produz    elevação    dos    níveis    de
neurotransmissores, causando uma redução na ingestão de alimentos (FRÜNBECK,
2005). É importante ressaltar que no Brasil, o uso de sibutramina é proibido, visto que
esta substância pode trazer prejuízos para o paciente.


 ³Antidepressivos Tricíclicos (ATC): assim denominados devido ao núcleo característico com
 três anéis. A princípio acreditou-se que fossem úteis como anti-histamínicos com
 propriedades sedativas e, mais tarde como antipsicóticos. A descoberta de suas
 propriedades antidepressivas foi uma observação clínica fortuita. A imipramina e a
 amitriptilina são os protótipos dessa classe de drogas como inibidores mistos da captação
 da noradrenalina e serotonina, embora tenham também várias outras propriedades
 (KATZUNG, 2003).




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prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011




Em relação ao tratamento farmacológico são necessárias novas pesquisas para
determinar duração do tratamento, doses eficazes, bem como verificar as diferenças
nos resultados terapêuticos com associação de psicoterapia.

A reabilitação nutricional faz parte de qualquer bom plano de assistência e pode ajudar
a diminuir os riscos de complicação. Essa reabilitação também proporciona ao
paciente o tempo necessário para considerar mais claramente seu comportamento,
adquirir conhecimentos sobre a doença e reestabelecer o controle da alimentação. A
adição do exercício físico a um programa de reabilitação é importante, visto que pode
tornar o tratamento mais efetivo. Frühbeck, (2005) afirma que a atividade física é de
suma importância para o manejo a longo prazo do peso corporal.

Com base nas características particulares do paciente, deve-se efetuar mudanças no
estilo de vida, utilizar a farmacoterapia ou recorrer a uma combinação dessas
abordagens para obter melhores resultados no tratamento. O tratamento dos
transtornos alimentares e obesidade são realizados em equipe multidisciplinar, sendo
necessária a associação de psicólogos a outros profissionais, como médicos,
nutricionistas e educadores físicos. O envolvimento da família no tratamento pode
ajudar a criar uma estrutura de colaboração, o que pode facilitar as mudanças.

4.1 TRATAMENTO PSICOLÓGICO

Duchesne e Almeida, (2002) afirmam que vários ensaios clínicos avaliaram a eficácia
da terapia cognitivo comportamental, indicando que ela favorece a remissão ou
diminuição da frequência de episódios de compulsão alimentar, dos comportamentos
purgativos e da restrição alimentar.

Nas orientações nutricionais que visam o emagrecimento, o sujeito acredita que “sabe”
o que fazer e o que comer, mas se sente impotente para fazê-lo, algo “subjetivo” mais
forte o impede. Come sem fome sabendo que não deveria. Assim o indivíduo engorda
e passa a mudar comportamentos, diminui a atividade física, evita ir a lugares onde
tenha que se expor fisicamente, aumentando a ansiedade e a probabilidade de “fugas”
que assumem a forma de comportamentos alimentares compulsivos. O primeiro
aspecto que deve ser investigado é a motivação que o paciente apresenta para o
tratamento. A dificuldade apresentada em participar do tratamento, pode ser reflexo de
baixa confiança e, na maioria das vezes, é necessário criar motivação para o
tratamento.

Segundo Fairburn, 1985; Channon e Wardle, 1989 citados por Rangé (2001) a
motivação para o tratamento pode ser obtida avaliando, do ponto de vista do paciente,
aspectos insatisfatórios de sua vida e concentrando–se inicialmente neles, é preciso
tornar a alteração desses aspectos as metas iniciais do tratamento e gradualmente
abordar outros temas, desde que o peso mínimo viável para o tratamento ambulatorial
seja mantido.

O acompanhamento psicológico no tratamento é fundamental e tem como objetivo
propor indagações que possibilitem um resgate da história pessoal, não só as
questões emocionais, mas a própria reeducação alimentar. Assim o processo que
chamamos de reeducação alimentar não se resume em perder ou ganhar peso, e sim
em mudar atitudes, significados, comportamentos, visão de mundo, modelos e
valores (NUNES, DUCHESNE, 2008).

4.1.1 Terapia Cognitivo-Comportamental


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prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011




De acordo com Nunes e Duchesne (2008) a Terapia Cognitivo Comportamental é uma
intervenção semi-estruturada, objetiva, orientada para metas e prioritariamente voltada
para o presente e o futuro. Aborda fatores cognitivos, emocionais, comportamentais e
interpessoais no tratamento dos transtornos alimentares. Extensamente utilizada, sua
eficácia foi avaliada por diversos estudos, sendo indicada como modelo de tratamento
eficaz na melhora dos quadros clínicos. Foram desenvolvidos vários manuais que
sistematizam detalhadamente o modo como a terapia deve ser praticada. Mas, na
prática clínica, as técnicas utilizadas e a sequência em que são programadas, devem
ser adaptadas às necessidades particulares do paciente.

É importante destacar que o terapeuta deve manter uma atitude empática em relação
às dificuldades e necessidades do paciente e apresentar a terapia como um trabalho
em equipe, no qual ambos terão uma participação ativa na detecção de causas das
dificuldades e na seleção das estratégias utilizadas no tratamento (DUCHESNE;
ALMEIDA, 2002). As técnicas cognitivo-comportamentais são utilizadas visando à
modificação de hábitos prejudiciais ao paciente. A seguir serão descritas algumas
técnicas utilizadas no tratamento dos transtornos alimentares.

O automonitoramento é realizado pelo próprio paciente por meio de registros escritos
sobre sua ingestão alimentar diária, dos episódios de compulsão e os eventos
desencadeantes. Tais informações são úteis no sentido de auxiliar na elaboração do
planejamento e indicações terapêuticas.

O controle de estímulos pode ser utilizado para modificar situações que antecedem o
comportamento disfuncional, como comer em excesso ou a inatividade física. Alguns
exemplos seriam: programar as compras no supermercado mantendo os alimentos
proibidos fora da lista de compras; estimular a atividade física com a evitação
frequente de recursos tecnológicos como controle remoto e ou uso demasiado do
carro quando é possível caminhar, etc.

Na resolução de problemas, terapeuta e paciente devem identificar problemas
relacionados ao excesso de peso. O objetivo desta técnica é implementar novos
padrões de comportamento que auxiliam o paciente na perda e manutenção de
Peso.

                          Para que o paciente faça uma boa adesão à atividade física, é
                          necessário estabelecer modalidades de exercícios que o paciente
                          considere agradáveis. Examinar juntamente com o paciente, os
                          pensamentos e circunstâncias que poderiam dificultar a execução do
                          exercício, com o objetivo de planejar antecipadamente possíveis
                          soluções. Elaborar um plano de exercícios que seja flexível, podendo
                          incluir uma combinação de exercícios diferentes (NUNES;
                          DUCHESNE, 2008, p, 544).

A reestruturação cognitiva consiste em modificar o sistema de crenças do paciente.
Identificar e corrigir crenças e pensamentos disfuncionais com relação ao peso e à
alimentação. Alguns exemplos de distorções cognitivas comuns em pacientes com
excesso de peso são a abstração seletiva, que consiste em prestar atenção e dar mais
valor às informações que confirmam suas suposições “ter comido este doce implica
que não sou capaz de exercer controle sobre meu comportamento alimentar”; o
pensamento “tudo ou nada” consiste em pensar em termos absolutistas “já saí da dieta
mesmo, agora vou comer tudo que vier pela frente”; o pensamento supersticioso em
que acredita-se que há relação de causa e efeito entre eventos não contingentes “ir ao
shopping significa sair da dieta” (BRITO, 2005, p. 3).

                                                                                                 15
PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e
prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011




Na prevenção de recaídas os pacientes são orientados a identificar as situações de
alto risco que poderiam dificultar o controle da alimentação no futuro, e com auxílio do
terapeuta, são elaborados modos de lidar com essas situações. Deve ser organizado
um plano de manutenção por escrito, em conjunto com o paciente, contendo uma lista
das técnicas que se mostraram úteis ao longo do tratamento, as situações que
oferecem maior risco para recaídas e as possíveis soluções para lidar com elas
(NUNES; DUCHESNE, 2008).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS



O
       tratamento de pacientes com transtornos alimentares e/ou obesidade obtém
      melhores resultados quando realizado por uma equipe multiprofissional,
      formada por médicos, nutricionistas, educadores físicos e psicoterapeutas.
Deve se ressaltar que a participação do psicólogo é imprescindível, pois a sua atuação
é direcionada ao paciente, considerando sua singularidade e favorecendo o
autoconhecimento.

Estudos que comparam a terapia cognitivo comportamental a outros tipos de terapia
mostram que a TCC apresenta maior eficácia como terapia de apoio, devido a
variedade de técnicas utilizadas, objetividade e orientações prioritariamente para o
presente e o futuro.

Percebe-se que é necessário efetuar mais pesquisas para alcançar melhor
compreensão sobre os transtornos alimentares. Obter mais informações sobre a
complexa interação biológico-ambiental é fundamental para melhor compreender a
etiologia e o tratamento dos transtornos alimentares. São necessários mais estudos
para investigar os fatores biológicos, psicológicos e ambientais, envolvidos nos
transtornos alimentares e empenhar-se na avaliação dos tratamentos, seus resultados
e prognóstico.

Espera-se que futuros estudos direcionados especificamente para jovens, possam
favorecer a inclusão de futuros programas, com dispositivos para ajudar no
enfrentamento das mudanças físicas, sociais e emocionais durante a puberdade,
como as provocações por colegas acerca da forma e aparência do corpo, da
sexualidade e das súbitas mudanças de humor que caracterizam essa fase do
desenvolvimento.

Acredita-se que uma das chaves para pesquisas futuras esteja na colaboração de
equipes interdisciplinares, reunindo especialistas com abordagens diferentes, porém
efetivas, no manejo destes transtornos.


AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Professor Eustáquio José de Souza Júnior pelo apoio, atenção e
incentivo durante a elaboração do artigo.


REFERÊNCIAS

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PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e
prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011


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PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e
prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011


Classificação de transtornos mentais e               SALZANO, Fábio Tapia; CORDÁS,
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Descrições Clínicas e Diretrizes                     farmacológico        de      transtornos
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ANEXOS

Tabela 1 - Critérios diagnósticos para Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa pelo DSM-IV e
                                       pela CID-10.

              Critérios diagnósticos do DSM-IV e CID-10 para Anorexia Nervosa

                   DSM-IV                                             CID-10

Perda de peso e recusa em manter o peso           Perda de peso e manutenção abaixo do
dentro da faixa normal (≥85% do esperado).        normal (IMC ≤17,5 kg/m2).
Medo mórbido de engordar mesmo estando            Perda de peso auto-induzida pela evitação de
abaixo do peso.                                   alimentos que engordam.
Perturbação na forma de vivenciar o baixo         Medo de engordar e percepção de estar muito
peso, influência indevida do peso sobre a         gorda(o).
auto-avaliação e negação do baixo peso.           Distúrbio endócrino envolvendo o eixo
Amenorréia por 3 ciclos consecutivos.             hipotálamo-hipofisário-gonadal (amenorréia) e
                                                  atraso desenvolvimento puberal.
Subtipos:
1.restritivo (dieta e exercícios apenas)          *vômitos auto-induzidos, purgação e uso de
2.compulsão periódica/purgativo (presença de      inibidores do apetite e/ou diuréticos podem
episódios de compulsão e/ou purgação além         estar presentes.
da dieta, exercícios)


               Critérios diagnósticos do DSM-IV e CID-10 para Bulimia Nervosa

                   DSM-IV                                             CID-10

Episódios recorrentes de compulsão alimentar      Episódios recorrentes de hiperfagia (duas
(excesso alimentar + perda de controle).          vezes/semana por três meses), preocupação
Métodos compensatórios para prevenção de          persistente com o comer e desejo irresistível
ganho de peso: indução de vômitos, uso de         de comida.
laxantes, diuréticos, enemas, jejum, exercícios   Uso de métodos compensatórios para
excessivos ou outros.                             neutralizar ingestão calórica: vômitos, abuso
Freqüência dos episódios compulsivos e            de laxantes, jejuns ou uso de drogas
compensatórios: em média pelo menos duas          (anorexígenos, hormônios tireoidianos ou
vezes/semana por três meses.                      diuréticos)*
Influência indevida do peso/forma corporal        Medo de engordar que leva a busca de um
sobre a auto-avaliação.                           peso abaixo do limiar ótimo ou saudável.
Diagnóstico de AN ausente

Subtipos:                                         *diabéticas podem negligenciar o tratamento
1. Purgativo – vômitos induzidos, abuso de        insulínico (evitando a absorção da glicose


                                                                                                  18
PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e
prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011


laxantes, diuréticos ou enemas                    sanguínea)
2. Não-purgativo –apenas jejum e exercícios
para compensar ingestão calórica


      Tabela 2 - Outros transtornos alimentares e critérios diagnósticos para TCAP

      Critérios diagnósticos do DSM-IV e CID-10 para Transtornos Alimentares sem outra
                                        especificação

                    DSM-IV                                            CID-10

1. Preenche critérios para AN exceto              1. AN Atípica – um ou mais aspectos-chave
amenorreia.                                       da AN está ausente ou tem todos em grau
2. Preenche critérios para AN com perda de        mais leve.
peso, mas ainda dentro da faixa normal.           2. BN Atípica – um ou mais aspectos-chave
3. Preenche critérios para BN exceto pela         da BN pode estar ausente. Ex. Bulimia de
frequência e cronicidade.                         peso normal - episódios de hiperfagia e
4. Comportamento purgativo após ingestão de       purgação em indivíduos de peso normal ou
pequena quantidade de comida.                     excessivo.
5. Mastiga e cospe fora os alimentos.             3. Hiperfagia associada a outros distúrbios
                                                  psicológicos (levando a obesidade).
                                                  4. Vômitos associados a outros distúrbios
                                                  psicológicos.
                                                  5. Pica em adultos, perda de apetite
                                                  psicogênica.


   Critérios diagnósticos do DSM-IV (apêndice B) para Transtorno de Compulsão Alimentar
                                         Periódica


Episódios recorrentes de compulsão alimentar periódica (excesso alimentar + perda de
controle)
Comportamentos associados à compulsão alimentar: (pelo menos 3)
1. Comer rapidamente
2. Comer até sentir-se cheio
3. Comer grandes quantidades de comida mesmo sem estar com fome
4. Sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após a compulsão
Acentuada angústia pela compulsão alimentar.
Frequência e duração da compulsão alimentar: média de dois dias/semana por seis meses.
Não se utiliza de métodos compensatórios inadequados (ex. purgação).




O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade

Daniela Tamires Pinto
Psicóloga pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC)
Bom Despacho, MG
E-mail: danielatamires@yahoo.com.br

Rosana Fernandes de Lacerda
Psicóloga pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC)
Bom Despacho, MG
E-mail: rosanalacerdacorrea@hotmail.com



                                                                                                19
PEREIRA, C.E.G. As diretrizes do ensino médio no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre,
Brasil, v. 1, n. 1, p. 20-25, abr.-maio, 2011




  As diretrizes do ensino médio no
                Brasil
Carlos Eduardo Gomes Pereira
Pedagogo e Pós-Graduado no Curso Lato-sensu “Ensino de História e Ciências
Sociais” pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
São Gonçalo, RJ
E-mail: kadu_gomez@yahoo.com.br


Breve Histórico



P
       ara o século XXI, a educação           social desta época. No Período Pré-
       cria novos paradigmas devido às        Getulista, da República Velha (1889-
       transformações mundiais da             1930), o Estado Nacional brasileiro
sociedade que provocaram uma nova             desperta uma luz de interesse pelo
orientação da educação a nível                ensino médio com a criação das
mundial; a qual afetou sensivelmente a        Escolas de Artífices, em 1909, no
modificação da estrutura e dos                governo de Nilo Peçanha, que tinha
objetivos da educação brasileira em           função moralizante, educativa e
nível de currículo, afetando todas as         profissionalizante.
escalas da etapa de ensino escolar,
mas enfatizo como pode ser sua                Na primeira fase do governo de Getúlio
repercussão para o ensino médio.              Vargas      (1930-1945),     devido     à
                                              transferência de monopólio das forças
No entanto, estas orientações pautadas        de poder das elites rurais cafeeiras
pelos pilares do aprender a ser, do           para a elite urbana burguesa, a
aprender a fazer, do aprender a               sociedade      passa     por     radicais
conhecer e do aprender a viver                modificações, dentre as, a Revolução
coordenadas pela Unesco e a                   Educacional, que criou uma política de
reintrodução da Sociologia e da               estruturação geral da educação
Filosofia no ensino médio não podem           brasileira.
ser problematizadas caso sem fazer
um pequeno histórico do ensino médio          O ensino ficaria dividido em ginasial de
no Brasil.                                    quatro anos com os cursos secundário,
                                              comercial, industrial, agrícola e normal
O ensino médio possui uma história            e em colegial de três anos comercial,
descontínua e oscilante, uma vez que,         agrícola e normal e ensino superior.
no Período Imperial e no Republicano
Pré-Getulista, nunca houve um mínimo          Ao longo de alguns anos, a função do
de preocupação de universalização do          ensino    médio    oscilou   entre    o
ensino médio.                                 propedêutico e o profissionalizante.
                                              Desta forma, a indefinição do perfil do
No Período Imperial, as escolas de            ensino médio comprometeu, em certo
ensino médio existentes; em parte,            sentido, uma expansão mais concisa
eram particulares; públicas, poucas,          do ensino médio e a formação de
sendo modelo de excelência; o D.              políticas centralizadoras no maior
Pedro II, celeiro da elite intelectual e      amadurecimento deste nível de ensino.


                                                                                          20
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Agora, o ensino médio apresenta novos         Quanto a Sociologia, há um grande
rumos, pois adequação desta etapa às          dilema em trabalhar a desnaturalização
diretrizes curriculares (aprender a ser;      e o estranhamento dos fatos sociais, se
a fazer; a viver e a conhecer) e a            a leitura não é um hábito corriqueiro
reinserção da Filosofia e Sociologia no       entre a população brasileira ou ainda a
quadro de suas disciplinas o desafia          forte dependência da juventude a
criar novos horizontes para o futuro da       linguagem da mídia. Além destas
educação e a chance de alunos mais            questões, a transposição didática dos
aptos a se tornarem indivíduos mais           teóricos da Sociologia e da Filosofia
completos e autônomos, além de                para o currículo do ensino médio sem
permitir a formação de profissionais          que      os    ensinamentos       destes
competentes, sensíveis.                       pensadores passem num trânsito
                                              rápido, quase ilustrativo, sem coerência
Assim, o ensino médio tenta corrigir a        com a realidade do aluno.
perpetuação de suas fragilidades e
mazelas, também diminuir os impactos          Desta maneira, este olhar de
da herança da dualidade estrutural do         estranhamento e de desnaturalização
ensino e conciliar os aspectos de uma         da     realidade   deve      partir   dos
reforma educacional que fortaleça a           professores e dos outros profissionais
aliança      entre    as    finalidades       da educação de terem este parâmetro
humanísticas       e     preparatórias-       sobre sua conduta profissional e sobre
profissionais da educação do ensino           os novos mandamentos curriculares
médio.                                        para o ensino médio. Quando
                                              conscientizamos deste horizonte, o
Novos rumos para o ensino médio               trabalhar do conhecimento sociológico;
                                              no ensino médio, ganha um valoroso
1º rumo: a inclusão da Sociologia e           sentido porque entendemos que a
Filosofia no currículo do ensino              Sociologia pode ser um excelente
médio                                         veículo de aprofundar nossa visão da
                                              realidade; contribuindo para uma
Na nossa atualidade, o ensino médio           profissionalização humanística e uma
apresenta o desafio da inclusão da            educação         emancipatória        que
Sociologia e da Filosofia em seus             ultrapasse uma orientação utópica e
currículos,     além      dos    aspectos     ilusória    das   exigências      textuais
estruturais, também se apresentam, os         curriculares para este nível de ensino.
aspectos       da     natureza     destes
conhecimentos. Quanto aos aspectos            Em relação à inclusão da Filosofia, a
estruturais, o período de adequação           natureza do seu conhecimento, da
das escolas de nível médio às                 radicalidade da visão crítica na
exigências deste currículo e a formação       interpretação da realidade auxilia tanto
de profissionais-docentes aptos para          para o profissional e o discente
ministrarem estes dois conhecimentos          entender o porquê da sua atuação
ao nível de disciplina. Quanto à              dentro daquela realidade pertencente a
natureza       destes      conhecimentos      eles; além de ajudar a entender e
sociológicos e filosóficos, a forma como      conviver com a pluralidade e a
estas naturezas são trabalhadas dentro        diversidade de pessoas e de situações.
da sala de aula, temos, por exemplo,          Assim, a Filosofia fomenta o espírito
na Sociologia, cuja sua natureza de           investigativo e crítico das ciências
conhecimento            trabalha        a     sociais.
desnaturalização e o estranhamento
dos fatos sociais; na Filosofia, a            Então, os profissionais da educação
radicalidade da visão crítica ao              em geral (os especialistas da
interpretar os fatos sociais.                 educação)    e      os    professores

                                                                                           21
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vislumbram que complexidade da                2º rumo: A inserção dos novos
Filosofia não está somente na sua             pilares da educação no cotidiano da
existência, mas na sua interlocução           escola
com a realidade, logo esta disciplina;
no ensino médio, pode ser ensinada de         Para o século XXI, novos pilares foram
um modo menos enfadonho e                     estruturados para educação por causa
hermenêutico para os alunos do ensino         da reforma da educação mundial que
médio.                                        uniu os países dos principais
                                              continentes com interlocução da
A Filosofia serve de elo entre os             Unesco que promoveu a discussão
profissionais    da   escola     e   os       destes     pilares   nos     encontros
acontecimentos intra e extra-escolares        promovidos através da Reunião
porque quanto mais nós ficarmos na            Internacional sobre Educação para o
condição de sábio e muito menos de            Século XXI, durante a década de 1990;
aprendiz, nada sabemos, portanto              e a elaboração do Plano decenal de
pouco nosso conhecimento servirá              educação para todos, também no início
para atuar em conjunto, cada um, com          da década de 1990.
sua forma de interpretar a vida, pode
ajudar na construção mais produtiva da        Estes pilares são o aprender a ser; o
realidade, além de saber interconectar        aprender a conhecer; o aprender a
a escola com o mundo para termos              fazer e o aprender a viver. Estes
sujeitos críticos e participantes e não       recentes mandamentos educacionais
dogmáticos e doutrinários.                    para serem transpostos à realidade
                                              escolar necessitam de uma grande
O conhecimento da Filosofia no ensino         sensibilidade e coerência teórica e
médio caso não seja bem aplicado e            prática dos professores em relação à
estruturado no currículo estará na            realidade     da     interioridade  e
situação de mais um adendo, pois              exterioridade da escola.
servirá apenas para contar que
aparentemente o ensino médio evoluiu,         Desta forma, analisando cada um
porém a idéia de evolução ficará              destes pilares, temos uma melhor
estacionada na idealização das linhas         dimensão destes conceitos curriculares
do currículo; e não resulta em efeitos        para a realidade da escola. O primeiro
práticos   para o      cotidiano  dos         pilar; aprender a ser, convida o cidadão
professores e alunos.                         aliar os três pilares restantes na sua
                                              personalidade, ou seja, formar um
A reintrodução da Sociologia e da             sujeito    capaz    de     trabalhar    a
Filosofia; no currículo do ensino médio,      sensibilidade e a criticidade nos seus
indica uma transformação positiva             atos; então a construção do estudante
porque sinaliza que a complexidade da         de     ensino    médio     passa     pela
evolução da sociedade exige uma               observância deste na interpretação-
maior construção do conhecimento;             prática da realidade onde o fazer do
além de perceber que a luta                   sujeito corresponde a sua plena
pedagógica e política pelas disciplinas       coletivização as novas circunstâncias
quanto seu maior reconhecimento de            apresentadas      ao geral contexto
importância pela escola e pela                regulador da sociedade.
sociedade pode ajudar, de uma forma
salutar, quando estes conhecimentos;          Enquanto o aprender a conhecer se
no nível de disciplina escolar,               situa na inserção da diversidade do
possibilitam o amadurecimento crítico         conhecimento para que possa entender
do professor e do aluno, sem nenhuma          a multiplicidade da realidade devido o
pieguice ideológica.                          aumento da heterogeneidade cultural;
                                              logo estimulando o senso crítico e a
                                              não-padronização do conhecimento,

                                                                                          22
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tendo mais capacidade em enfrentar e          A vigilância do aprender a conhecer
resolver problemas, assim fomente             permite a nós questionar o enxame de
discentes adaptáveis a mudanças e             informação que é largada para os
com crescente respeito à diversidade.         jovens atualmente e se estão sabendo
                                              fazer bom uso desta avalanche de
Explorando o pilar do aprender a fazer,       conhecimento e como a escola se
novos desafios são empreendidos ao            comporta diante desta realidade. Além
estudante, uma vez que a prática              de pensarmos se professores e os
mediada por este pilar embolsa a              demais profissionais da educação
preocupação do cidadão em conhecer            estão       estimulando      mais     o
novas      categorias   de    trabalho        individualismo do que a individualidade
(principalmente    numa    época    do        e caso o respeito à diversidade da
aumento da informalidade do trabalho);        cultura nas escolas preserva a
comunicar-se com os inéditos grupos           tolerância à identidade do aluno, por
profissionais modernos e não entender         exemplo, o estímulo ao respeito da
o aprendizado como um simples                 pluralidade de religião nas escolas.
começo ou fim, mas uma contínua
forma de obter conhecimento para              Quando atentamos para o aprender a
efetuar nos círculos sociais que as           fazer, refletimos a maneira como a
pessoas se envolvem.                          escola     estimula    os    alunos    a
                                              prosseguirem nos estudos e a
Em relação, ao aprender a viver, o            ambicionarem        uma      perspectiva
discente necessita trabalhar a questão        profissional, também os reflexos das
da sociabilidade, da alteridade e             condições políticas e sociais do ensino
interagir a variação do contexto global       e da construção do currículo no
interconectado, principalmente com o          cotidiano     de     aprendizado    dos
mega-avanço das formas dos meios de           discentes.
comunicação e de informação.
                                              No tocante a aprender a viver,
Estes parâmetros atuais para a                pensamos nas condições de existência
educação,     perguntamo-nos,    será         de um clima favorável para os valores
possível mesmo empreendê-los a                de sociabilidade e de respeitabilidade
realidade das nossas escolas? , a fim         nas escolas; além da observação de
de responder a esta pergunta, basta           que se o Estado e a sociedade dão
problematizá-los no contexto das              espaço para a escola estimular os
circunstâncias escolares.                     alunos    a    terem   intimidade    e
                                              convivência com as modernas práticas
A observância do aprender a ser na            de tecnologia da comunicação e de
escola      apresenta     uma       densa     informação.
complexidade       porque    como      se
organiza mediante aos outros três             Apresentando este provável quadro da
pilares (aprender a viver; a fazer e a        educação que pode servir para
conhecer); no caso das escolas                qualquer escola, poderemos ter
públicas, uma parte do público dos            possíveis respostas para a nossa
alunos     desta     rede   de     ensino     indagação; entretanto apesar das
experimenta       todo    o    tipo    de     adversidades escolares responderem a
precariedades semelhantes em seus             ocorrência de uma barreira entre o que
lares nas escolas, são apresentados e         é proposto para educação nos
participam do aumento do cenário de           currículos e a realidade vivida por
violência nas escolas e se habitam a          alunos e professores do ensino médio,
carência de laboratórios de informática       os educadores podem usar estas
e de bibliotecas.                             novas prerrogativas gerais para os
                                              currículos; em destaque, o ensino
                                              médio, na avaliação e na expiação de

                                                                                         23
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que maneira suas práticas no cotidiano        vinte anos, procuram se reestruturar
da escola contribuem para a possível          em classe profissional forte.
barreira entre a proposta de currículo e
a vivência cotidiana do professor e do        Desta maneira, o ajustamento da
aluno.                                        educação de ensino médio as novas
                                              propostas curriculares deste nível de
Conclusão                                     ensino pautadas nos pilares (aprender
                                              a ser; aprender a fazer; aprender a
As transformações do ensino médio             conhecer e aprender a viver) depende
são uma das respostas da necessidade          de um conjunto de fatores coligados
de mudança da sociedade, entretanto o         férteis para este intento, senão passará
nosso mergulho nestas mudanças da             de uma idealização qual pelo o
sociedade, por exemplo, da educação,          imediatismo       da     urgência     da
deve    ser    guiado   por    nossa          implantação causará um remendo de
responsabilidade      teórica       e         normas para serem mal digeridas pelos
compromisso em despertar o que há de          professores e pelos alunos no seu
melhor na pessoa pelos caminhos da            cotidiano de escola.
educação.
                                              Estes pilares, de algum modo,
No caso do ensino médio, no Brasil,           sinalizam a emergência da educação
este nível de ensino sofre as                 escolar    sair    do    seu   pedestal
consequências de um retardo do nosso          enciclopedista, para atentar as reais
país (débil e lento) em ultrapassar de        competências e necessidades dos seus
uma mentalidade feudal ruralista em           alunos, como também associar seu
enxergar     o   desenvolvimento    da        patrimônio     de     conhecimento   a
sociedade para uma mentalidade                modernidade       de    construção   e
processual capitalista industrial; que        aquisição do conhecimento sem
trouxe efeito de transmutação para a          desprezar sua criticidade e o bom-
parca visão de educação e um                  senso teórico.
progresso em outros setores da
sociedade.                                    A escola precisa se comunicar melhor
                                              com os novos tempos e com a
Este efeito teve representações na            realidade dos seus alunos do nosso
dificuldade e demora da efetivação            país para abrir margem para a cura das
permanente da Sociologia e da                 fragilidades e feridas do processo
Filosofia no currículo, devido à falta de     escolar     brasileiro;  mas      esta
uma corporação intelectual forte para o       preocupação        não   deve      ser
amadurecimento destes conhecimentos           resolucionada com uma acomodação e
durante o século XIX e a dilapidação          aceitação das novidades na construção
progressiva da auto-estima da classe          das novidades na construção do
de professores que; durante os últimos        conhecimento.


REFERÊNCIAS

DELORS, Jacques. Educação para o              Populares: a democratização do ensino
Século XXI. Ed: Cortez, São Paulo,            médio. UFF. RJ, 2006.
2006, 10º edição.
                                              Parâmetros Curriculares Nacionais
GOMES, Pereira Silva Carlos Eduardo.          (Ciências Humanas): ensino médio.
Trabalho de Conclusão de Curso de             Ministério da Educação. Secretaria de
Pedagogia. Pré-Vestibulares                   Educação Média e Tecnológica.
                                              Brasília: Ministério da Educação, 2006.


                                                                                         24
PEREIRA, C.E.G. As diretrizes do ensino médio no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre,
Brasil, v. 1, n. 1, p. 20-25, abr.-maio, 2011


QUELUZ, Leandro Gilson. Concepções            SILVA JÚNIOR, João dos Reis.
de Ensino Técnico na República Velha          Reforma do Estado e da Educação (No
(1909-1930). Publicação do Programa           Brasil de FHC). Ed: Xamã, São Paulo,
de Pós-Graduação em Tecnologia,               2002.
2002.


As diretrizes do ensino médio no Brasil

Carlos Eduardo Gomes Pereira
Pedagogo e Pós-Graduado no Curso Lato-sensu “Ensino de História e Ciências
Sociais” pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
São Gonçalo, RJ
E-mail: kadu_gomez@yahoo.com.br




                                                                                     25
GUIMARÃES, R.N.L. Democracia de verdade só na mãe natureza! Rev. Esp. Cient. Livre,
Brasil, v. 1, n. 1, p. 26-29, abr.-maio, 2011




              Democracia de verdade
               só a mãe natureza!
Rodrigo N. Lacerda Guimarães
Licenciado em Matemática, Bacharel em Segurança Pública, Pós-graduado em
Docência do Ensino Superior, em Política e Estratégia e em Planejamento e Gestão
de Projetos Sociais
Palmas, TO
E-mail: lacerda703@gmail.com
Blog: http://lacerda703.blogspot.com/




A
      s recentes catástrofes naturais que acometeram algumas nações do mundo
      fazem pensar...


Pensar que está evidente que a natureza não fez diferença entre países ricos ou
pobres. E acho mesmo que somente ela (a natureza) é que não vê essa diferença.

A mídia inclusive foi taxativa em afirmar que não havia nenhuma outra nação mais
preparada para enfrentar catástrofes naturais como o Japão. Todos viram o tamanho
do estrago.

Pensar que quando Rosseau falou que a democracia era praticável somente numa
cidade de deuses, talvez tivesse razão.

No caso do Haiti, um país dos mais pobres do planeta, a ONU foi obrigada até a
suspender o envio de recursos para sua reconstrução, por causa da corrupção.




   "Nossa sociedade é realmente melhor do que a de nossos
                         ancestrais?"

Parece até coisa de filme ou de jogo. Quem é que pode acreditar nisso?

Fico a imaginar como é que pessoas que são chamadas de “autoridades” conseguem
desviar dinheiro numa situação tão miserável como a que se encontram aqueles
coitados.

Pensar que a noção do que seja humano e do que seja direito se perdeu
completamente na história.

Chega a ser estúpido versar sobre outra coisa que não a busca por uma identidade
humana para os seres humanos. Por mais estúpido que isso possa parecer.


                                                                                      26
GUIMARÃES, R.N.L. Democracia de verdade só na mãe natureza! Rev. Esp. Cient. Livre,
Brasil, v. 1, n. 1, p. 26-29, abr.-maio, 2011


Li numa monografia, um dia desses, que se costuma referir à Idade Média como “a
noite dos tempos” ou como o “tempo da barbárie”. Mas, será que evoluímos? Nossa
sociedade é realmente melhor do que a de nossos ancestrais? A escravidão foi
realmente abolida?

Pensar ainda que o socialismo ou o comunismo ruíram e com ele milhares de boas
intenções. Mesmo assim, aparentemente o que estragou tudo foram, de novo, os
homens.

Alguém já dissera que a norma nada mais é do que um conjunto de regras morais que
impõem sua existência pela possibilidade de sua infração.

Assim, estupidez por estupidez, parecia ter razão o filósofo, pois quando olhamos para
nossos políticos e para o quadro de “desenvolvimento” que se desenha para o país,
não dá para dizer que somos de fato um Estado Democrático de Direito, a não ser no
papel, que aceita tudo mesmo.

Tem gente que ainda acredita que somos uma das democracias mais desenvolvidas
do mundo. Acho que estes têm que assistir menos Rede Globo.

Talvez estejamos precisando mesmo é passar pelo julgamento da natureza.

Se no Japão os reatores nucleares andaram explodindo, o que aconteceria com Agra I
e Angra II?

A mídia já andou “investigando” e, conforme disseram, podemos viver em paz.
Acredite quem quiser! Incluindo aí quem acredita em Papai Noel.

Mas fico a me perguntar qual seria a reação das nossas autoridades? Será que o
dinheiro ia chegar mesmo?

Tivemos aqui casos recentes também de inundações e desabamentos. Ouvi dizer que
tem um monte de coisa estragada em alguns depósitos públicos por aí. A justificativa
seria a falta de meios para enviar a ajuda.

Enquanto isso, nossas autoridades dispõem de verbas significativas para visitarem
suas “bases eleitorais”. O custo anual de um Deputado Federal ou de um Senador
daria para comprar caminhões e aviões na casa das dezenas. E ainda dava para
pensar em construir ou melhorar estradas e aeroportos. Acho até que sobrava um
pouquinho para quem quisesse “levar algum por fora”.

Especulações a parte, talvez precisemos entender que “ter direitos” e “ser humano”
não são condições naturais de todos aqueles que habitam o planeta. Provavelmente
isso poderia nos levar inventar novas práticas e novos mundos.

                       Se não entendemos os direitos e o humano como objetos naturais,
                       obedecendo a determinados modelos que lhes seriam inerentes,
                       podemos produzir outros direitos humanos: não mais universais,
                       absolutos, contínuos e em constante evolução, mas a afirmação de
                       direitos locais, descontínuos, fragmentários, processuais, em
                       constante movimento e devir, múltiplos como as forças que os
                       atravessam e os constituem (COIMBRA, LOBO e NASCIMENTO,
                       2008).




                                                                                          27
GUIMARÃES, R.N.L. Democracia de verdade só na mãe natureza! Rev. Esp. Cient. Livre,
Brasil, v. 1, n. 1, p. 26-29, abr.-maio, 2011


Gostei muito desse trecho, pois no impulsiona a pensar por um outro lado. Quem já viu
o vídeo “Ilha das Flores” tem que concordar que os protagonistas não se assemelham
em nada à “imagem e semelhança” de Deus.

Ser humano não consiste apenas em aceitar a equação jusnaturalista e ficar bradando
aos quatro ventos que todos têm direito a isso ou aquilo. Homossexualismo,
prostituição, crimes, divergências de gênero, e tudo quanto é bandeira de grupos de
minorias são temas que configuram a própria existência da humanidade. Nunca vai
deixar de existir e é exatamente o que faz sermos humanos.

Ser humano é, antes de tudo, compreender que somos sujeitos de nossa autonomia e
de nossa própria história. O genial Paulo Freire já tentou alertar para isso há muito
tempo. Engraçado que ainda tem intelectual por aí que tem coragem de dizer que ele
não era tanta coisa assim.

Sou “freireano”! Principalmente pelo fato de que suas contribuições de fato mudaram a
vida das pessoas, oferecendo uma possibilidade de tornarem-se humanas de verdade.
Negar o mínimo acesso ao letramento e à alfabetização é o mesmo que negar comida.

Se for verdade que a norma é uma previsão daquilo que não deveria existir, porque
nunca foi aprovada, ou mesmo proposta, alguma lei que proíba não ser humano?




      "A história mostra que não podemos cristalizar
determinadas condutas e acreditar que está tudo resolvido."


Certamente seja porque ter direito também é algo que precisa ser conquistado. Não
temos direitos simplesmente porque nos deram ou porque nascemos. Temos direitos
porque os conquistamos. Lutamos e adquirimos o direito de manifestar nossas
individualidades e diferenças no contexto coletivo.

Se aceitarmos que já nos foi dado o direito e pronto, iremos esquecer que todas as
nossas ações possuem por delimitação os outros seres humanos. Logo não seremos
humanos, tampouco teria sentido falar em direitos.

Viver é fazer e não poder fazer!

Ninguém vive só de idéias e de documentos. Se a permissão, ou objetivação, de uma
conduta fosse suficiente para ela se materializar em direito, não teríamos mais
nenhuma desgraça no mundo desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Ou mesmo de antes dela. Talvez desde as duas tábuas entregues a Moisés, no monte
Sinai. Ou dos grandes pensadores dos tempos anteriores ao nascimento de Jesus
Cristo.

A história mostra que não podemos cristalizar determinadas condutas e acreditar que
está tudo resolvido. No Brasil mesmo isso é muito latente, afinal não
descriminalizamos o adultério?



                                                                                        28
GUIMARÃES, R.N.L. Democracia de verdade só na mãe natureza! Rev. Esp. Cient. Livre,
Brasil, v. 1, n. 1, p. 26-29, abr.-maio, 2011


Acredito que o direito canônico, assim como todas as outras manifestações daquilo
que pode interessar aos estudiosos e observadores do Direito e da sociedade, parte
exatamente dessa necessidade de valorizar, respeitar e incentivar a diferença, o novo,
o desafio.

Segundo a bíblia, até Deus espera de nós uma ação antes de nos abençoar, mesmo
sendo o detentor de todo o poder.

Considerar tais aspectos conduz à conclusão de que para ser humano e para ter
direito, parece estarmos intimados a reinventar diversas práticas e repensar alguns
dos valores que estão no centro daquilo que configura todo o arcabouço cultural e
jurídico da atualidade.

Ou, podemos deixar a natureza fazer isso por nós, já que ela parece ser a única capaz
de realmente não fazer nenhuma distinção entre as pessoas.


REFERÊNCIAS

COIMBRA, C.M.B.; LOBO, L.F.; NASCIMENTO, M.L. Por uma invenção ética para os
Direitos Humanos. Psicol. clin. Rio de Janeiro, vol. 20, n. 2, p. 89-102, 2008.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pc/v20n2/a07v20n2.pdf>. Acesso em: 25 mar.
2011.


Democracia de verdade só a mãe natureza!

Rodrigo N. Lacerda Guimarães
Licenciado em Matemática, Bacharel em Segurança Pública, Pós-graduado em
Docência do Ensino Superior, em Política e Estratégia e em Planejamento e Gestão
de Projetos Sociais
Palmas, TO
E-mail: lacerda703@gmail.com
Blog: http://lacerda703.blogspot.com/




                                                                                         29
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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011


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                                                              30
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011




                                                              31
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011




                                                              32
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011




                                                              33
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011




                                                              34
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011


                                              ‘




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Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011




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Anuncie na Revista Espaço Científico Livre
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011

  A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação eletrônica
  bimestral de distribuição nacional e gratuita, cujo objetivo é
  ser um local para divulgação de pesquisas, ideias, resumos e
  artigos científicos de alunos de cursos técnicos, graduação e
  profissionais de diferentes áreas de todo Brasil.
  Para anunciar envie um e-mail para
  espacocientificolivre@yahoo.com.br, colocando no assunto
  “anúncio”.

                  Cuidado com a AIDS
J
       á passaram mais de vinte anos desde o início da epidemia da AIDS, e apesar dos
       avanços no tratamento e na qualidade de vida dos portadores do vírus HIV, a
       prevenção não deve ser esquecida.

É importante sempre lembrar que a AIDS é transmitida pelo sangue, sêmen, secreção
vaginal e pelo leite materno.



                                       AIDS mata.
Então é possível a contaminação pelo HIV através:

        Sexo (vaginal, anal e oral) sem camisinha;
        Uso da mesma seringa ou agulha por mais de uma pessoa;
        Mãe contaminada pode passar o vírus para o filho durante a gravidez, no parto
         e na amamentação;
        Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados.

Em 2004, cerca de 593 mil pessoas, entre 15 a 49 anos, tinham AIDS no Brasil.
Sendo, cerca de 208 mil mulheres e 385 mil homens com vírus HIV. Portanto, o mais
importante sempre é prevenir. É possível prevenir a AIDS e outras doenças
sexualmente transmissíveis (DST) através:

        Uso de camisinha (preservativo) nas relações sexuais;
        Seringas e agulhas não devem ser compartilhadas;
        Toda mulher grávida deve fazer o teste do vírus da AIDS (o HIV) e, em caso de
         resultado positivo, deve receber os cuidados recomendados pelo Ministério da
         Saúde, antes, durante e após o parto, para controlar a doença e prevenir a
         transmissão do HIV para o seu filho;

Saiba que todo cidadão tem o direito ao acesso gratuito aos medicamentos
antirretrovirais (usados no tratamento a AIDS). Serviço gratuito do DISQUE AIDS:
0800 61 1997 ou 0800 16 2550.




                                                                                         37
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011




        “O importante é não parar de
               questionar.”
                                                              Albert Einstein
                                                                (1879-1955)




                                                                                38
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011




                                                              39
Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011




ANUNCIE NA




                                                              40

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Peter Schroder Antropologia do Desenvolvimento_3232
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Revista científica brasileira gratuita

  • 1. revista ESPAÇO LIVRE CIENTÍFICO BRASIL, V. 1, N. 1, ABR.-MAIO, 2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS, RESUMOS E IDEIAS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL FOTO: http://www.sxc.hu
  • 2. revista ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE FOTO: http://www.sxc.hu
  • 3. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 Colaboradores desta EDITORIAL edição Verano Costa Dutra Editor Farmacêutico Industrial, Nasce o primeiro número da Revista Espaço Científico com habilitação em Homeopatia e Mestre em Livre que tem o objetivo de ser um ambiente plural de Saúde Coletiva pela divulgação de pesquisas, ideias, resumos e artigos Universidade Federal científicos de alunos de cursos técnicos e da graduação, Fluminense (UFF) e profissionais de diferentes áreas. Monique D. Rangel Aqui estudantes de cursos técnicos, de graduação, Divulgação Graduanda em profissionais já formados e pós-graduados apresentam Administração na liberdade igual de explorar seu potencial e começar ou Universidade do Grande Rio mesmo continuar sua trajetória na construção do (UNIGRANRIO) conhecimento científico coletivo. Verônica C.D. Silva Agradecemos a todos que contribuíram enviando Revisão artigos, resumos e trabalhos para esta edição. E Pedagoga pela UNIGRANRIO convidamos você a mergulhar nesse projeto de promoção do saber coletivo. Carlos Eduardo Gomes Pereira Boa leitura. Pedagogo e Pós-Graduado no Curso Lato-sensu Verano Costa Dutra “Ensino de História e Ciências Sociais” pela UFF Editor Daniela Tamires Psicóloga pela Universidade A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação Presidente Antônio Carlos digital distribuída gratuitamente a estudantes de (UNIPAC) escolas técnicas, graduação e profissionais de Marcelo Justa diferentes áreas em todo o Brasil. Profissional da indústria, professor universitário da graduação e pós-graduação, Os textos assinados não apresentam necessariamente, Administrador, Especialista com MBA em gestão e a posição oficial da Revista Espaço Científico Livre, e Mestre em Engenharia de são de total responsabilidade de seus autores. Produção pela UFAM/FT Rodrigo N. Lacerda A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os Guimarães Licenciado em Matemática, anúncios aqui apresentados são de total Bacharel em Segurança responsabilidade de seus anunciantes. Pública, Pós-graduado em Docência do Ensino Superior, em Política e Este conteúdo pode ser publicado livremente, no todo Estratégia e em Planejamento e Gestão de ou em parte, em qualquer mídia, eletrônica ou impressa, Projetos Sociais desde que a Revista Espaço Científico Livre seja citada como fonte. Rosana Fernandes de Lacerda Psicóloga pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) 3
  • 4. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 SUMÁRIO CTRL-C e CTRL-V pg. 05 Por Marcelo Justa Como acontece o processo de alfabetização? pg. 07 Por Verônica Silva O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade pg 09 Por Daniela Tamires e Rosana Fernandes de Lacerda As diretrizes do ensino médio no Brasil pg 20 Por Carlos Eduardo Gomes Pereira Democracia de verdade só a mãe natureza! pg 26 Por Rodrigo N. Lacerda Guimarães Eventos acadêmicos pg 31 Cuidado com a AIDS pg 37 FIGUTA: SXC.HU FI 4
  • 5. JUSTA,M. CTRL-C e CTRL-V. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 5-6, abr.-maio, 2011 CTRL-C e CTRL-V Prof. Marcelo Justa Profissional da indústria, professor universitário da graduação e pós-graduação, Administrador, Especialista com MBA em gestão e Mestre em Engenharia de Produção pela UFAM/FT. Manaus, AM E-mail: marcelo.justa@bol.com.br Blog: http://marcelojusta.blogspot.com/ L i recentemente uma matéria muito interessante e que me fez recordar uma das várias defesas de mestrado que já tive a oportunidade de ver. Trata-se de um ato cada vez "SEMPRE mencionar a mais comum no meio acadêmico e fonte dos gráficos, profissional. É o famoso CTRL-C / CTRL-V. A reportagem publicada no tabelas e textos daquilo Globo News, na edição de 24/02/2011, que eu faria referência dizia o seguinte: "O ministro da Defesa alemão Karl-Theodor zu Guttenberg na minha pesquisa" copiou trechos da internet para sua tese de doutorado. Um jornal alemão fez a denúncia há cerca de uma semana e ele negou. Mas a imprensa defesas de mestrado. Portanto, caso descobriu mais de cem trechos não tivesse participado das 10 defesas, copiados na tese dele de matérias de não teria direito a fazer a minha própria jornal. Ele fez com que funcionários defesa e concluir o curso de mestrado. públicos fizessem trabalhos para ele. A universidade anunciou que retirou o No início, quando ainda era um leigo na título de doutor do ministro." pesquisa, achava todo esse regulamento e pré-requisitos um tanto Lembro que durante meus estudos no que exagerado. Porém, graças à curso de mestrado da UFAM/FT e qualidade do curso de mestrado da também na minha preparação para UFAM/FT, aliado a capacidade de seus fazer a defesa e conclusão do curso, fui professores, hoje eu testemunho e várias vezes instruído pelos ratifico todo o processo de ensino e professores sobre os cuidados na aprendizagem que tive. Ocorre que em pesquisa e na escrita dos textos para a uma das 10 defesas que presenciei, fui minha dissertação. Dentre as várias testemunha de uma situação um tanto instruções uma dizia que eu deveria embaraçosa. O fato aconteceu quando SEMPRE mencionar a fonte dos um candidato a mestre, durante sua gráficos, tabelas e textos daquilo que defesa perante a banca, foi abordado eu faria referência na minha pesquisa. por um dos examinadores doutores que Ocorre que além de todo o esforço, fez o seguinte comentário: "... meu atenção e dedicação necessárias para querido candidato a mestre, ou você elaborar uma dissertação que atenda faz referência a mim como autor dos todos os requisitos da norma, também vários trechos que encontrei na sua eram exigidas a minha participação dissertação ou você simplesmente como ouvinte em no mínimo 10 outras retira tudo o que está escrito e refaz o seu trabalho, pois vários textos 5
  • 6. JUSTA,M. CTRL-C e CTRL-V. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 5-6, abr.-maio, 2011 pertencem a mim e foram publicados pesquisamos é primeiramente um ato no meu livro sobre o tema que você de respeito por alguém que pesquisou..." desenvolveu, escreveu e publicou uma pesquisa. Fazer as referências corretas também nos dá credibilidade para aquilo que escrevemos. Vale lembrar que outros também irão explorar e usar "Fazer as referências nossos textos como fonte de pesquisa. corretas também nos Neste ultimo caso, não gostaríamos que nossos textos fossem "clonados" dá credibilidade para sem que nosso nome seja mencionado. aquilo que escrevemos" Portanto, o copiar e colar somente são validos quando fazemos referência à fonte do assunto pesquisado e ainda obedecendo SEMPRE às normas O fato causou embaraço e vergonha técnicas da ABNT, tais como: as para todos, pois nos mostra como é citações indiretas quando você comum essa prática em Manaus, no apresenta o pensamento do autor Brasil e no mundo. Vale então uma diluído no texto usando as próprias reflexão para que nós, estudantes e palavras e as citações diretas quando professores, tomemos cuidado em você transcreve para o seu texto, entre relação às fontes de nossas pesquisas. aspas, exatamente as palavras do Fazer a referência daquilo que autor. CTRL-C e CTRL-V Prof. Marcelo Justa Profissional da indústria, professor universitário da graduação e pós-graduação, Administrador, Especialista com MBA em gestão e Mestre em Engenharia de Produção pela UFAM/FT. Manaus, AM E-mail: marcelo.justa@bol.com.br Blog: http://marcelojusta.blogspot.com/ 6
  • 7. SILVA,V.C.D. Como acontece o processo de alfabetização? Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 7-8, abr.-maio 2011 Como acontece o processo de alfabetização? Verônica C. D. da Silva Pedagoga pela Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO) Duque de Caxias, RJ E-mail: veronicacsilva@pop.com.br Resumo O presente artigo busca levar aos leitores compreensão de como acontece o processo de alfabetização. Trata-se de uma temática que vem chamando a atenção de educadores há algumas décadas. E sse artigo nasce da necessidade três letras e possui uma leitura global lê de buscar compreensão de a palavra como um todo. A segunda é como se dá o processo da a Hipótese Silábica: onde para cada alfabetização. Iniciamos a década de fonema usa uma letra para representar; 80 com grandes debates sobre a atribui ou não valor sonoro a letra; usa alfabetização e as perspectivas da muitas letras para escrever e ao fazer a construção do conhecimento sobre a leitura, aponta uma letra para cada língua escrita. fonema.; ao escrever frases, pode usar uma letra para cada palavra. A próxima A publicação do livro “Psicogênese da hipótese é o Silábico-Alfabético onde a Língua Escrita” em 1985 teve grande criança compreende que a escrita importância nesse debate. Ela acredita representa sons da fala; percebe a que mesmo antes de saber ler e necessidade de mais de uma letra para escrever convencionalmente, a criança a maioria das sílabas; reconhece o som tem idéia de como é ler e escrever. da letra; pode dar ênfase à escrita só de vogais ou só das consoantes: bola= Para Ferreiro (2006) a criança aprende ao ou bl; atribui valor do fonema em a ler e a escrever por se sentir algumas letras: cabelo= kbelo. desafiada pelo professor. A criança constrói hipóteses a primeira delas é a A última hipótese Alfabética: onde Hipótese Pré-Silábica, onde escrever e compreende a função social da escrita: desenhar tem o mesmo significado; comunicação; conhece o valor sonoro não relaciona a escrita à fala; não de todas ou quase todas as letras; diferencia letra de números; reproduz possui estabilidade na escrita de traços típicos da escrita desordenada; palavras; compreende que cada letra supõe que a palavra representa o tem valor sonoro; adequar à escrita à objetivo e não o seu nome; acredita fala; faz leitura com e sem imagem; que coisas grandes têm nomes inicia preocupação com a ortografia; grandes e coisas pequenas nomes separa as palavras quando escreve pequenos; usa letra do nome para frases e produz textos de forma escrever tudo; não aceita que seja convencional. possível escrever e ler com menos de 7
  • 8. SILVA,V.C.D. Como acontece o processo de alfabetização? Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 7-8, abr.-maio 2011 Abordar a necessidade de um cuidado de apropriação de diferentes especial para alunos que não linguagens produzidas culturalmente” conseguem aprender no mesmo tempo (ALMEIDA, 2006,32). que os outros alunos. De acordo com Almeida (2006) a alfabetização é um Segundo Carvalho (2005) a escolha de processo linguístico e cognitivo, que uma metodologia não é a questão não acontece de forma igual para central do processo de alfabetização, todos. Cada indivíduo tem seu tempo mas para escolher um método é de aprendizagem. A criança precisa ser preciso ter domínio e fundamentação estimulada ao processo de teórica, para ser capaz de solucionar alfabetização. Ela precisa perceber a as dúvidas que surgirem no processo. necessidade da escrita, determinada ações na vida só serão possíveis pela Assim como Carvalho (2005), o Freinet escrita. O desenvolvimento motor e a (1977) busca vários autores para coordenação motora são encontra o caminho certo ao realizar o características fundamentais para o seu trabalho de professor. Sua técnica registro da letra, a organização de ficou conhecida como: “as Técnicas traços. Freinet da escola Moderna”. A proposta dele era a utilização de textos livres e a Acrescenta o mesmo autor que quando imprensa escolar. Através da o aluno solicitar ajuda e não tiver, ou se familiarização com a língua escrita. ao contrário tiver ajuda em excesso, ele Para aprender a ler e a escrever, é poderá começar sozinho registros preciso que leiam e escreva mesmo errôneos, ou perder o estímulo pela antes de dominarem o código da escrita. “A alfabetização constitui-se língua. uma atividade interativa, interdiscursiva REFERÊNCIAS FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização.24.ed. São Paulo: CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Cortez.2006. letrar. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. A FREINET, Célestin. O método natural produção de textos nas séries I – A aprendizagem da Língua. Editorial iniciais: Desenvolvendo as Estampa: Lisboa, 1977. competências da escrita. 2.ed. Rio de Janeiro WAK, 2006. Como acontece o processo de alfabetização? Verônica C. D. da Silva Pedagoga pela Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO) Duque de Caxias, RJ E-mail: veronicacsilva@pop.com.br 8
  • 9. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade Daniela Tamires Pinto Psicóloga pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) Bom Despacho, MG E-mail: danielatamires@yahoo.com.br Rosana Fernandes de Lacerda Psicóloga pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) Bom Despacho, MG E-mail: rosanalacerdacorrea@hotmail.com Resumo eficácia da terapia cognitivo- comportamental no tratamento. Transtornos alimentares caracterizam- se por perturbações no comportamento Abstract alimentar levando a prejuízos clínicos e psicológicos. A etiologia destes The eating disorders characteristics are transtornos é multifatorial, envolvendo the disturbances in the eating behavior aspectos biológicos, socioeconômicos, leading to clinical and psychological psicossociais e culturais. Este artigo harm. The etiology of these disorders apresenta uma revisão teórica sobre a has many factors, including biological, importância do auxílio psicológico no socioeconomic, psychosocial and tratamento dos transtornos alimentares, cultural ones. This article presents a com foco no transtorno da compulsão theoretical review on the importance of alimentar periódica e obesidade. Os psychological help in eating disorders indivíduos com transtorno da treatment, focusing binge eating compulsão alimentar periódica (TCAP) disorder and obesity. People suffering apresentam episódios de ingestão Binge Eating Disorder (BED) have compulsiva de alimentos que exercem episodes of binge eating food that have função de comportamentos functions of inappropriate compensatórios inadequados. A compensatory behaviors. Obesity is a obesidade é uma doença de múltiplas disease with multiple causes, and it is causas e atualmente é considerada currently considered as a public health como um problema de saúde pública. problem. Pertinent aspects related to Foram abordados aspectos pertinentes eating disorders and obesity were aos transtornos alimentares e reported, such as the etiology, obesidade, como etiologia, incidência, incidence, injuries, the relationship danos, relação entre transtorno between regular Binge Eating Disorder compulsivo alimentar periódico e and obesity, as well as evidences of obesidade, assim como evidências de Cognitive-Behavioral treatment effectiveness. 9
  • 10. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 1. INTRODUÇÃO O presente artigo surgiu do interesse pessoal das autoras em pesquisar formas de auxílio disponíveis para pessoas classificadas pela literatura médica como obesas e/ou acometidas por transtornos alimentares relacionados à ingestão compulsiva de alimentos. Este artigo descreve de forma geral os transtornos alimentares, busca ampliar a compreensão acerca do transtorno da compulsão alimentar periódica e da obesidade, sendo esta última focalizada como uma possível consequência deste transtorno, bem como as principais técnicas cognitivas e comportamentais utilizadas no tratamento destes transtornos. Além disso, se dispõe a revisar a importância do psicólogo na equipe multidisciplinar implicada no acompanhamento das pessoas que apresentam o problema. Transtornos alimentares podem ser definidos como desvios do comportamento alimentar, podendo desencadear emagrecimento extremo ou obesidade, além de outros problemas físicos ou incapacidades. Dentre os transtornos alimentares se destacam anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa (BN) e transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). A obesidade é uma doença multifatorial e pode, potencialmente, trazer prejuízos significativos nos âmbitos fisiológico, social, afetivo, profissional e familiar. Desta forma, pretende-se investigar as terapêuticas indicadas para tratamento, com destaque para a terapia cognitivo-comportamental. Além do diagnóstico nosológico, dos números na balança e dos registros de índices e avaliações fisiológicas, existe uma pessoa por trás da problemática que carece de acompanhamento que lhe proporcione percepção adequada da situação em que se encontra, para que se inicie um processo de reposicionamento diante de si próprio, dos outros e do mundo (BECK, 2005). 2. TRANSTORNOS ALIMENTARES D e acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM- IV-TR, os transtornos alimentares (TA) caracterizam-se por perturbações no comportamento alimentar, levando a prejuízos clínicos e psicológicos. Dalgalarrondo, afirma que o comportamento alimentar “é um fenômeno humano complexo e de importância central” (2008, p. 339). Existem alguns transtornos menos investigados e menos facilmente definidos, como o transtorno da alimentação noturna e o transtorno alimentar não especificado (TANE). O TANE é a categoria utilizada para incluir casos que não preenchem estritamente os critérios de classificação existentes¹. Os transtornos alimentares mais comuns são a anorexia nervosa (AN), a bulimia nervosa (BN) e o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). A anorexia nervosa caracteriza-se pela perda de peso por abstenção de alimentos ou por comportamentos como vômitos e/ou purgação auto-induzidos, exercício excessivo e o uso de diuréticos (DALGALARRONDO, 2008, p. 340). AN é “caracterizada por ¹Critérios de Classificação: critérios diagnósticos para AN, BN, TCAP segundo o DSM – IV (ADA – 1994) e CID – 10 (OMS – 1993). Os critérios diagnósticos estão descritos no Anexo. 10
  • 11. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 grande e intencional perda de peso, subsequente a severa restrição alimentar, busca incessante pela magreza e distúrbio da imagem corporal” (OLIVEIRA, 2009, p. 1293). A bulimia nervosa caracteriza-se por preocupação persistente com o comer e um desejo irresistível por comida, de modo que a pessoa acometida apresenta repetidos episódios de hiperfagia (“ataques” à geladeira, a uma sorveteria, etc.). A BN caracteriza-se ainda por preocupação excessiva com controle de peso corporal, levando o paciente a tomar medidas extremas, como vômitos, purgação², diuréticos, a fim de mitigar os efeitos do aumento de peso pela ingestão de alimentos (NUNES; DUCHESNE, 2008, p. 530). Indivíduos com TCAP distinguem-se da BN em alguns pontos: na AN e BN há uma preocupação excessiva com a forma e o peso corporal, o que não acontece no TCAP. Na BN a compulsão alimentar é claramente concluída por comportamento purgativo, no TCAP, não há uma terminação lógica, e pode estar associado ao sobrepeso e a obesidade (GRILO, 2002). O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica é caracterizado por episódios de compulsão alimentar recorrentes da ausência dos comportamentos compensatórios inadequados para evitar o ganho de peso observados na BN (DUCHESNE, 2007, p. 1). “O comportamento alimentar no TCAP é caracterizado pela ingestão de grande quantidade de alimentos em um período de tempo delimitado.” (AZEVEDO; SANTOS; FONSECA, 2004, p. 171). Durante o episódio de compulsão alimentar, há um sentimento de falta de controle sobre o comportamento associado à ingestão de grandes quantidades de alimento, mesmo que o indivíduo esteja sem fome e, em geral, a situação pode causar desconforto. Esse episódio é sucedido por um intenso mal-estar subjetivo, caracterizado por sentimentos de angústia, tristeza, culpa, vergonha e/ou repulsa por si mesmo. Pode-se dizer que muitas vezes o indivíduo busca na compulsão alimentar uma fuga para os sentimentos de mal-estar, ocasionando um ciclo vicioso, o que pode levar à obesidade. 2.1 ETIOLOGIA A etiologia dos transtornos alimentares é multifatorial, envolvendo aspectos biológicos, socioeconômicos, psicossociais e culturais. É importante lembrar que estes transtornos não emergem abruptamente, mas se desenvolvem ao longo de vários anos, a partir de predisposições presentes desde o nascimento do indivíduo, de vulnerabilidades que emergem nas primeiras etapas da vida e de ocorrências mais tardias na sua história (MORGAN; VECCHIATTI; NEGRÃO, 2002, p. 6). Bernard e Trouvé citados por Dalgalarrondo (2008. p. 339) ressaltam que “o comportamento alimentar inclui algumas dimensões complementares” que são as dimensões fisiológico-nutritiva, psicodinâmica, afetiva e a relacional. A dimensão ²Purgação: Ato de purgar, limpar ou purificar pela eliminação de impurezas. Livrar das impurezas interiores por meio de purgantes ou outros medicamentos. 11
  • 12. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 fisiológica nutritiva relaciona–se a aspectos metabólicos, endócrinos e neuronais, que regulam a demanda e a satisfação das necessidades nutricionais; a dimensão psicodinâmica e afetiva, na qual fome e a alimentação se vinculam à satisfação e ao prazer oral que, segundo a psicanálise, possuem conotação nitidamente libidinal. Freud, em três ensaios sobre a teoria da sexualidade, descreve a libido como uma energia vital vinculada à pulsão sexual, desejos e vontades quanto ao instinto de nutrição que procura a satisfação (1905, p. 344). A dimensão relacional considera que, no desenvolvimento da criança, a boca é o mediador da primeira relação interpessoal; a relação mãe–bebê. A incorporação oral pode representar diversas vivências: o amor, a destruição, a conservação no interior do Eu e a apropriação das qualidades do objeto amado. Para a mãe, alimentar seu filho é muito mais que uma tarefa fisiológica, tem valor emocional especial podendo expressar afeto, mistura dos sentimentos de culpa ou tentativa de “dar amor” que, às vezes, ela se sente incapaz de dar de outra forma. 2.2 INCIDÊNCIA O início da AN é observado, com mais frequência, na adolescência, mas pode ocorrer desde os oito anos de idade. A maioria dos indivíduos acometidos são mulheres jovens. A proporção de homens identificados na assistência primária é de um décimo das mulheres. Estudos mostram que na maioria das vezes, o início da BN é observado no final da adolescência e início da vida adulta. Entretanto, foram identificadas pessoas com menos de 14 anos de idade, o que sugere um aumento na ocorrência de BN em pessoas jovens. O início do TCAP é observado em torno dos 25 anos ou mais cedo, na adolescência. Autores revelam que em amostras de comunidade, a relação entre ambos os sexos parece ser semelhante. Nas pessoas que frequentam programas de perda de peso, a relação entre mulheres e homens é de 3:2 (TREASURE; MURPHY, 2005). 3. OBESIDADE erude e Mannarino, afirmam que “obesidade é o excesso de tecido adiposo G associado ao aumento de peso” (2009, p. 240). Dalgalarrondo considera a obesidade como uma condição complexa, determinada por fatores genéticos, familiares, culturais e fatores de desenvolvimento psicológico (2008, p. 341). Stanley Shadster citado por Crovelli aponta que os obesos simplesmente não discernem muito bem se estão com fome ou saciados. O obeso seria alguém que continua a comer ainda que esteja saciado. Sendo assim, a comida assume o papel de redutor de tensão e, muitas vezes, única fonte de prazer. É preciso modificar cognições, isto é, crenças, pensamentos, atitudes associadas ao hábito de comer, desenvolver habilidades cognitivas e comportamentais para lidar com situações de risco, distinção entre fome e apetite (2002, p. 46). De acordo com Frühbeck, (2005) estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo inteiro sofram de obesidade, e mais de um bilhão esteja com sobrepeso. Existem disparidades na prevalência do sobrepeso e obesidade em muitos segmentos da população com base na etnia, sexo, idade e nível sócio-econômico. A obesidade é fator de risco para patologias, como: cardiopatia, hipertensão, diabetes melito, osteoartrite, apneia do sono, alguns tipos de câncer, problemas psicossociais e outras doenças graves. 12
  • 13. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 O tratamento mais efetivo a longo prazo é e será a prevenção da obesidade. A importância da prevenção da obesidade está se tornando evidente não apenas para os profissionais de saúde, mas também para os políticos, em virtude das consequências médicas, sociais e econômicas de longo alcance ao deparar-se com as consequências prejudiciais e dificuldades associadas ao seu tratamento (FRÜNBECK, 2005). 4. TRATAMENTO O tratamento dos transtornos alimentares exige uma abordagem multidisciplinar na qual a famacoterapia é adjuvante de abordagens psicológicas e nutricionais. No tratamento da anorexia nervosa a principal meta é o ganho de peso, a abordagem farmacológica é necessária se houver comorbidade psiquiátrica. Baseado em Salzano e Cordás, (2004) verifica-se que a AN ainda não possui tratamento farmacológico eficaz. O tratamento da bulimia nervosa tem como principal objetivo regularizar o padrão alimentar com suspensão de práticas purgativas e restritivas. Para muitos pacientes com BN o tratamento não farmacológico é considerado o primeiro passo. Se o tratamento com abordagem psicoterapêutica não estiver evoluindo como o esperado, medicamentos antidepressivos, principalmente tricíclicos³, podem ser indicados. No tratamento do transtorno da compulsão alimentar periódica os objetivos são reduzir os episódios compulsivos, melhorar a psicopatologia associada (sintomas depressivos e ansiosos) e também diminuição do peso corporal, preferencialmente com associação de psicofármacos e de psicoterapia. Três classes de medicamentos estão sendo estudadas para o tratamento do TCAP, sendo elas antidepressivos, inibidores de apetite com ação no sistema nervoso central e anticonvulsivantes (SALZANO; CORDÁS, 2004, p. 189). “Há evidência crescente que os sintomas do TCAP respondem a farmacoterapia com inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) e mais recentemente, a sibutramina e o topiramato têm-se mostrado agentes promisssores.” (APPOLINÁRIO; BACALTCHUK, 2002, p. 57). A farmacoterapia efetiva para a obesidade tende a exigir uso a longo prazo, portanto, é essencial avaliar os efeitos colaterais, riscos potenciais e custos em relação aos benefícios. Atualmente dois produtos são utilizados, o orlistate e a sibutramina. O orlistate é um inibidor da lipase, atua no trato digestório impedindo a degradação e absorção da gordura dietética. A sibutramina é um bloqueador da recaptação de serotonina-noradrenalina, misto que produz elevação dos níveis de neurotransmissores, causando uma redução na ingestão de alimentos (FRÜNBECK, 2005). É importante ressaltar que no Brasil, o uso de sibutramina é proibido, visto que esta substância pode trazer prejuízos para o paciente. ³Antidepressivos Tricíclicos (ATC): assim denominados devido ao núcleo característico com três anéis. A princípio acreditou-se que fossem úteis como anti-histamínicos com propriedades sedativas e, mais tarde como antipsicóticos. A descoberta de suas propriedades antidepressivas foi uma observação clínica fortuita. A imipramina e a amitriptilina são os protótipos dessa classe de drogas como inibidores mistos da captação da noradrenalina e serotonina, embora tenham também várias outras propriedades (KATZUNG, 2003). 13
  • 14. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 Em relação ao tratamento farmacológico são necessárias novas pesquisas para determinar duração do tratamento, doses eficazes, bem como verificar as diferenças nos resultados terapêuticos com associação de psicoterapia. A reabilitação nutricional faz parte de qualquer bom plano de assistência e pode ajudar a diminuir os riscos de complicação. Essa reabilitação também proporciona ao paciente o tempo necessário para considerar mais claramente seu comportamento, adquirir conhecimentos sobre a doença e reestabelecer o controle da alimentação. A adição do exercício físico a um programa de reabilitação é importante, visto que pode tornar o tratamento mais efetivo. Frühbeck, (2005) afirma que a atividade física é de suma importância para o manejo a longo prazo do peso corporal. Com base nas características particulares do paciente, deve-se efetuar mudanças no estilo de vida, utilizar a farmacoterapia ou recorrer a uma combinação dessas abordagens para obter melhores resultados no tratamento. O tratamento dos transtornos alimentares e obesidade são realizados em equipe multidisciplinar, sendo necessária a associação de psicólogos a outros profissionais, como médicos, nutricionistas e educadores físicos. O envolvimento da família no tratamento pode ajudar a criar uma estrutura de colaboração, o que pode facilitar as mudanças. 4.1 TRATAMENTO PSICOLÓGICO Duchesne e Almeida, (2002) afirmam que vários ensaios clínicos avaliaram a eficácia da terapia cognitivo comportamental, indicando que ela favorece a remissão ou diminuição da frequência de episódios de compulsão alimentar, dos comportamentos purgativos e da restrição alimentar. Nas orientações nutricionais que visam o emagrecimento, o sujeito acredita que “sabe” o que fazer e o que comer, mas se sente impotente para fazê-lo, algo “subjetivo” mais forte o impede. Come sem fome sabendo que não deveria. Assim o indivíduo engorda e passa a mudar comportamentos, diminui a atividade física, evita ir a lugares onde tenha que se expor fisicamente, aumentando a ansiedade e a probabilidade de “fugas” que assumem a forma de comportamentos alimentares compulsivos. O primeiro aspecto que deve ser investigado é a motivação que o paciente apresenta para o tratamento. A dificuldade apresentada em participar do tratamento, pode ser reflexo de baixa confiança e, na maioria das vezes, é necessário criar motivação para o tratamento. Segundo Fairburn, 1985; Channon e Wardle, 1989 citados por Rangé (2001) a motivação para o tratamento pode ser obtida avaliando, do ponto de vista do paciente, aspectos insatisfatórios de sua vida e concentrando–se inicialmente neles, é preciso tornar a alteração desses aspectos as metas iniciais do tratamento e gradualmente abordar outros temas, desde que o peso mínimo viável para o tratamento ambulatorial seja mantido. O acompanhamento psicológico no tratamento é fundamental e tem como objetivo propor indagações que possibilitem um resgate da história pessoal, não só as questões emocionais, mas a própria reeducação alimentar. Assim o processo que chamamos de reeducação alimentar não se resume em perder ou ganhar peso, e sim em mudar atitudes, significados, comportamentos, visão de mundo, modelos e valores (NUNES, DUCHESNE, 2008). 4.1.1 Terapia Cognitivo-Comportamental 14
  • 15. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 De acordo com Nunes e Duchesne (2008) a Terapia Cognitivo Comportamental é uma intervenção semi-estruturada, objetiva, orientada para metas e prioritariamente voltada para o presente e o futuro. Aborda fatores cognitivos, emocionais, comportamentais e interpessoais no tratamento dos transtornos alimentares. Extensamente utilizada, sua eficácia foi avaliada por diversos estudos, sendo indicada como modelo de tratamento eficaz na melhora dos quadros clínicos. Foram desenvolvidos vários manuais que sistematizam detalhadamente o modo como a terapia deve ser praticada. Mas, na prática clínica, as técnicas utilizadas e a sequência em que são programadas, devem ser adaptadas às necessidades particulares do paciente. É importante destacar que o terapeuta deve manter uma atitude empática em relação às dificuldades e necessidades do paciente e apresentar a terapia como um trabalho em equipe, no qual ambos terão uma participação ativa na detecção de causas das dificuldades e na seleção das estratégias utilizadas no tratamento (DUCHESNE; ALMEIDA, 2002). As técnicas cognitivo-comportamentais são utilizadas visando à modificação de hábitos prejudiciais ao paciente. A seguir serão descritas algumas técnicas utilizadas no tratamento dos transtornos alimentares. O automonitoramento é realizado pelo próprio paciente por meio de registros escritos sobre sua ingestão alimentar diária, dos episódios de compulsão e os eventos desencadeantes. Tais informações são úteis no sentido de auxiliar na elaboração do planejamento e indicações terapêuticas. O controle de estímulos pode ser utilizado para modificar situações que antecedem o comportamento disfuncional, como comer em excesso ou a inatividade física. Alguns exemplos seriam: programar as compras no supermercado mantendo os alimentos proibidos fora da lista de compras; estimular a atividade física com a evitação frequente de recursos tecnológicos como controle remoto e ou uso demasiado do carro quando é possível caminhar, etc. Na resolução de problemas, terapeuta e paciente devem identificar problemas relacionados ao excesso de peso. O objetivo desta técnica é implementar novos padrões de comportamento que auxiliam o paciente na perda e manutenção de Peso. Para que o paciente faça uma boa adesão à atividade física, é necessário estabelecer modalidades de exercícios que o paciente considere agradáveis. Examinar juntamente com o paciente, os pensamentos e circunstâncias que poderiam dificultar a execução do exercício, com o objetivo de planejar antecipadamente possíveis soluções. Elaborar um plano de exercícios que seja flexível, podendo incluir uma combinação de exercícios diferentes (NUNES; DUCHESNE, 2008, p, 544). A reestruturação cognitiva consiste em modificar o sistema de crenças do paciente. Identificar e corrigir crenças e pensamentos disfuncionais com relação ao peso e à alimentação. Alguns exemplos de distorções cognitivas comuns em pacientes com excesso de peso são a abstração seletiva, que consiste em prestar atenção e dar mais valor às informações que confirmam suas suposições “ter comido este doce implica que não sou capaz de exercer controle sobre meu comportamento alimentar”; o pensamento “tudo ou nada” consiste em pensar em termos absolutistas “já saí da dieta mesmo, agora vou comer tudo que vier pela frente”; o pensamento supersticioso em que acredita-se que há relação de causa e efeito entre eventos não contingentes “ir ao shopping significa sair da dieta” (BRITO, 2005, p. 3). 15
  • 16. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 Na prevenção de recaídas os pacientes são orientados a identificar as situações de alto risco que poderiam dificultar o controle da alimentação no futuro, e com auxílio do terapeuta, são elaborados modos de lidar com essas situações. Deve ser organizado um plano de manutenção por escrito, em conjunto com o paciente, contendo uma lista das técnicas que se mostraram úteis ao longo do tratamento, as situações que oferecem maior risco para recaídas e as possíveis soluções para lidar com elas (NUNES; DUCHESNE, 2008). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O tratamento de pacientes com transtornos alimentares e/ou obesidade obtém melhores resultados quando realizado por uma equipe multiprofissional, formada por médicos, nutricionistas, educadores físicos e psicoterapeutas. Deve se ressaltar que a participação do psicólogo é imprescindível, pois a sua atuação é direcionada ao paciente, considerando sua singularidade e favorecendo o autoconhecimento. Estudos que comparam a terapia cognitivo comportamental a outros tipos de terapia mostram que a TCC apresenta maior eficácia como terapia de apoio, devido a variedade de técnicas utilizadas, objetividade e orientações prioritariamente para o presente e o futuro. Percebe-se que é necessário efetuar mais pesquisas para alcançar melhor compreensão sobre os transtornos alimentares. Obter mais informações sobre a complexa interação biológico-ambiental é fundamental para melhor compreender a etiologia e o tratamento dos transtornos alimentares. São necessários mais estudos para investigar os fatores biológicos, psicológicos e ambientais, envolvidos nos transtornos alimentares e empenhar-se na avaliação dos tratamentos, seus resultados e prognóstico. Espera-se que futuros estudos direcionados especificamente para jovens, possam favorecer a inclusão de futuros programas, com dispositivos para ajudar no enfrentamento das mudanças físicas, sociais e emocionais durante a puberdade, como as provocações por colegas acerca da forma e aparência do corpo, da sexualidade e das súbitas mudanças de humor que caracterizam essa fase do desenvolvimento. Acredita-se que uma das chaves para pesquisas futuras esteja na colaboração de equipes interdisciplinares, reunindo especialistas com abordagens diferentes, porém efetivas, no manejo destes transtornos. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Professor Eustáquio José de Souza Júnior pelo apoio, atenção e incentivo durante a elaboração do artigo. REFERÊNCIAS American Psychiatric Association. de Transtornos Mentais. 4 ed. Manual Diagnóstico e Estatístico Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 16
  • 17. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 Standard Brasileira. Vol. VII. Rio de APPOLINÁRIO, José Janeiro: Imago, 1996. C. BACALTCHUK, Josué. Tratamento farmacológico dos transtornos FRÜHBECK, Gema. Nutrição alimentares. Rev. Brasileira de Excessiva. In: GIBNEY, Michel J. et al. Psiquiatria. 2002, vol.24, p. 54-59. Nutrição Clínica. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 27-56. AZEVEDO, Alexandre Pinto de; SANTOS, Cimâni Cristina dos; GERUDE, Maurício. MANNARINO, Ida FONSECA Dulcinéia Cardoso da. Cristina. Obesidade. In: AUGUSTO, Transtorno da Compulsão Alimentar Ana Lúcia Pires et al. Terapia Periódica. Rev. Brasileira de Nutricional. São Paulo: Atheneu, Psiquiatria Clínica. Vol. 31. São 2002. Cap. 30, p. 240-252. Paulo, 2004. GRILO, C. M. Transtorno de compulsão BECK, A. T. Terapia Cognitiva da Alimentar. In: FAIRBUN, C. G. Depressão. Porto Alegre: Artmed, BROWNELL, K. D. Distúrbios Alimentares e Obesidade: um 2005. manual abrangente. 2. ed, 2002. BRITO, C. L. S. et al. Obesidade: KATZUNG, B. G. Farmacologia Terapia Cognitivo-Comportamental. Básica e Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Projeto Diretrizes. Sociedade Guanabara Koogan. 2003. p. 1054. Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Ago. 2005. LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. 9. ed. CROVELLI, Marcel. Sob o peso da São Paulo: Martins Fontes. 1986. p. obesidade. Revista Mente e Cérebro, 707. São Paulo. Ed. Especial, n. 11, p.46- 53, out. 2002. MORGAN, C. M.; VECCHIATTI, I. R.; NEGRÃO, A. B. Etiologia dos DALGALARRONDO, Paulo. Transtornos Alimentares: aspectos Psicopatologia e Semiologia dos biológicos, psicológicos e sócio- Transtornos Mentais. 2 ed. Porto culturais. Rev. Brasileira de Alegre: Artmed, 2008. Psiquiatria. Vol. 24, supl. III, São Paulo, 2002. DUCHESNE, Mônica et al. Evidências sobre a Terapia Cognitivo NUNES, Maria Angélica. DUCHESNE, Comportamental no tratamento de Mônica. Abordagens psicoterápicas obesos com transtorno da compulsão nos transtornos alimentares: Terapia alimentar periódica. Rev. Brasileira de Cognitivo Comportamental. In: Psiquiatria. Vol. 29, n.1, Porto Alegre, CORDIOLI, Aristides Volpato e Cols. 2007. Psicoterapias Abordagens Atuais. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 530- DUCHESNE, Mônica. ALMEIDA, Paola 548. Espósito de Moraes. Terapia Cognitivo Comportamental dos Transtornos OLIVEIRA, Andrea Ramos de. et al. Alimentares. Rev. Brasileira de Anorexia Nervosa. In: WAITZBERG, Psiquiatria. Vol. 24, supl.III (49-53). Dan L. (Org.) Nutrição oral, enteral e São Paulo, 2002. parenteral na prática clínica. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 2009. p. 1293- FREUD, S. (1905) Três Ensaios sobre 1304. a teoria da Sexualidade. In: Obras Psicológicas Completas. Edição Organização Mundial de Saúde. 17
  • 18. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 Classificação de transtornos mentais e SALZANO, Fábio Tapia; CORDÁS, de comportamento da CID 10. Táki Athanássios. Tratamento Descrições Clínicas e Diretrizes farmacológico de transtornos Diagnósticas. Porto Alegre: Artes alimentares. Rev. Psiquiatria clínica. Médicas, 1993. p. 351. 2004, vol.31, n.4, p. 188-194. RANGÉ, Bernard. (Org.) Psicoterapias TREASURE, Janet; MURPHY, Tara. Cognitivo-comportamentais: um Transtornos Alimentares. In: GIBNEY, Diálogo com a Psiquiatria. Porto Michel J. et al. Nutrição Clínica. 1 ed. Alegre: Artmed. 2001. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 78-90. ANEXOS Tabela 1 - Critérios diagnósticos para Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa pelo DSM-IV e pela CID-10. Critérios diagnósticos do DSM-IV e CID-10 para Anorexia Nervosa DSM-IV CID-10 Perda de peso e recusa em manter o peso Perda de peso e manutenção abaixo do dentro da faixa normal (≥85% do esperado). normal (IMC ≤17,5 kg/m2). Medo mórbido de engordar mesmo estando Perda de peso auto-induzida pela evitação de abaixo do peso. alimentos que engordam. Perturbação na forma de vivenciar o baixo Medo de engordar e percepção de estar muito peso, influência indevida do peso sobre a gorda(o). auto-avaliação e negação do baixo peso. Distúrbio endócrino envolvendo o eixo Amenorréia por 3 ciclos consecutivos. hipotálamo-hipofisário-gonadal (amenorréia) e atraso desenvolvimento puberal. Subtipos: 1.restritivo (dieta e exercícios apenas) *vômitos auto-induzidos, purgação e uso de 2.compulsão periódica/purgativo (presença de inibidores do apetite e/ou diuréticos podem episódios de compulsão e/ou purgação além estar presentes. da dieta, exercícios) Critérios diagnósticos do DSM-IV e CID-10 para Bulimia Nervosa DSM-IV CID-10 Episódios recorrentes de compulsão alimentar Episódios recorrentes de hiperfagia (duas (excesso alimentar + perda de controle). vezes/semana por três meses), preocupação Métodos compensatórios para prevenção de persistente com o comer e desejo irresistível ganho de peso: indução de vômitos, uso de de comida. laxantes, diuréticos, enemas, jejum, exercícios Uso de métodos compensatórios para excessivos ou outros. neutralizar ingestão calórica: vômitos, abuso Freqüência dos episódios compulsivos e de laxantes, jejuns ou uso de drogas compensatórios: em média pelo menos duas (anorexígenos, hormônios tireoidianos ou vezes/semana por três meses. diuréticos)* Influência indevida do peso/forma corporal Medo de engordar que leva a busca de um sobre a auto-avaliação. peso abaixo do limiar ótimo ou saudável. Diagnóstico de AN ausente Subtipos: *diabéticas podem negligenciar o tratamento 1. Purgativo – vômitos induzidos, abuso de insulínico (evitando a absorção da glicose 18
  • 19. PINTO, D.T.; DE LACERDA, R.F. O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 9-19, abr.-maio 2011 laxantes, diuréticos ou enemas sanguínea) 2. Não-purgativo –apenas jejum e exercícios para compensar ingestão calórica Tabela 2 - Outros transtornos alimentares e critérios diagnósticos para TCAP Critérios diagnósticos do DSM-IV e CID-10 para Transtornos Alimentares sem outra especificação DSM-IV CID-10 1. Preenche critérios para AN exceto 1. AN Atípica – um ou mais aspectos-chave amenorreia. da AN está ausente ou tem todos em grau 2. Preenche critérios para AN com perda de mais leve. peso, mas ainda dentro da faixa normal. 2. BN Atípica – um ou mais aspectos-chave 3. Preenche critérios para BN exceto pela da BN pode estar ausente. Ex. Bulimia de frequência e cronicidade. peso normal - episódios de hiperfagia e 4. Comportamento purgativo após ingestão de purgação em indivíduos de peso normal ou pequena quantidade de comida. excessivo. 5. Mastiga e cospe fora os alimentos. 3. Hiperfagia associada a outros distúrbios psicológicos (levando a obesidade). 4. Vômitos associados a outros distúrbios psicológicos. 5. Pica em adultos, perda de apetite psicogênica. Critérios diagnósticos do DSM-IV (apêndice B) para Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica Episódios recorrentes de compulsão alimentar periódica (excesso alimentar + perda de controle) Comportamentos associados à compulsão alimentar: (pelo menos 3) 1. Comer rapidamente 2. Comer até sentir-se cheio 3. Comer grandes quantidades de comida mesmo sem estar com fome 4. Sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após a compulsão Acentuada angústia pela compulsão alimentar. Frequência e duração da compulsão alimentar: média de dois dias/semana por seis meses. Não se utiliza de métodos compensatórios inadequados (ex. purgação). O auxílio psicológico no processo de emagrecimento e prevenção da obesidade Daniela Tamires Pinto Psicóloga pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) Bom Despacho, MG E-mail: danielatamires@yahoo.com.br Rosana Fernandes de Lacerda Psicóloga pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) Bom Despacho, MG E-mail: rosanalacerdacorrea@hotmail.com 19
  • 20. PEREIRA, C.E.G. As diretrizes do ensino médio no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 20-25, abr.-maio, 2011 As diretrizes do ensino médio no Brasil Carlos Eduardo Gomes Pereira Pedagogo e Pós-Graduado no Curso Lato-sensu “Ensino de História e Ciências Sociais” pela Universidade Federal Fluminense (UFF) São Gonçalo, RJ E-mail: kadu_gomez@yahoo.com.br Breve Histórico P ara o século XXI, a educação social desta época. No Período Pré- cria novos paradigmas devido às Getulista, da República Velha (1889- transformações mundiais da 1930), o Estado Nacional brasileiro sociedade que provocaram uma nova desperta uma luz de interesse pelo orientação da educação a nível ensino médio com a criação das mundial; a qual afetou sensivelmente a Escolas de Artífices, em 1909, no modificação da estrutura e dos governo de Nilo Peçanha, que tinha objetivos da educação brasileira em função moralizante, educativa e nível de currículo, afetando todas as profissionalizante. escalas da etapa de ensino escolar, mas enfatizo como pode ser sua Na primeira fase do governo de Getúlio repercussão para o ensino médio. Vargas (1930-1945), devido à transferência de monopólio das forças No entanto, estas orientações pautadas de poder das elites rurais cafeeiras pelos pilares do aprender a ser, do para a elite urbana burguesa, a aprender a fazer, do aprender a sociedade passa por radicais conhecer e do aprender a viver modificações, dentre as, a Revolução coordenadas pela Unesco e a Educacional, que criou uma política de reintrodução da Sociologia e da estruturação geral da educação Filosofia no ensino médio não podem brasileira. ser problematizadas caso sem fazer um pequeno histórico do ensino médio O ensino ficaria dividido em ginasial de no Brasil. quatro anos com os cursos secundário, comercial, industrial, agrícola e normal O ensino médio possui uma história e em colegial de três anos comercial, descontínua e oscilante, uma vez que, agrícola e normal e ensino superior. no Período Imperial e no Republicano Pré-Getulista, nunca houve um mínimo Ao longo de alguns anos, a função do de preocupação de universalização do ensino médio oscilou entre o ensino médio. propedêutico e o profissionalizante. Desta forma, a indefinição do perfil do No Período Imperial, as escolas de ensino médio comprometeu, em certo ensino médio existentes; em parte, sentido, uma expansão mais concisa eram particulares; públicas, poucas, do ensino médio e a formação de sendo modelo de excelência; o D. políticas centralizadoras no maior Pedro II, celeiro da elite intelectual e amadurecimento deste nível de ensino. 20
  • 21. PEREIRA, C.E.G. As diretrizes do ensino médio no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 20-25, abr.-maio, 2011 Agora, o ensino médio apresenta novos Quanto a Sociologia, há um grande rumos, pois adequação desta etapa às dilema em trabalhar a desnaturalização diretrizes curriculares (aprender a ser; e o estranhamento dos fatos sociais, se a fazer; a viver e a conhecer) e a a leitura não é um hábito corriqueiro reinserção da Filosofia e Sociologia no entre a população brasileira ou ainda a quadro de suas disciplinas o desafia forte dependência da juventude a criar novos horizontes para o futuro da linguagem da mídia. Além destas educação e a chance de alunos mais questões, a transposição didática dos aptos a se tornarem indivíduos mais teóricos da Sociologia e da Filosofia completos e autônomos, além de para o currículo do ensino médio sem permitir a formação de profissionais que os ensinamentos destes competentes, sensíveis. pensadores passem num trânsito rápido, quase ilustrativo, sem coerência Assim, o ensino médio tenta corrigir a com a realidade do aluno. perpetuação de suas fragilidades e mazelas, também diminuir os impactos Desta maneira, este olhar de da herança da dualidade estrutural do estranhamento e de desnaturalização ensino e conciliar os aspectos de uma da realidade deve partir dos reforma educacional que fortaleça a professores e dos outros profissionais aliança entre as finalidades da educação de terem este parâmetro humanísticas e preparatórias- sobre sua conduta profissional e sobre profissionais da educação do ensino os novos mandamentos curriculares médio. para o ensino médio. Quando conscientizamos deste horizonte, o Novos rumos para o ensino médio trabalhar do conhecimento sociológico; no ensino médio, ganha um valoroso 1º rumo: a inclusão da Sociologia e sentido porque entendemos que a Filosofia no currículo do ensino Sociologia pode ser um excelente médio veículo de aprofundar nossa visão da realidade; contribuindo para uma Na nossa atualidade, o ensino médio profissionalização humanística e uma apresenta o desafio da inclusão da educação emancipatória que Sociologia e da Filosofia em seus ultrapasse uma orientação utópica e currículos, além dos aspectos ilusória das exigências textuais estruturais, também se apresentam, os curriculares para este nível de ensino. aspectos da natureza destes conhecimentos. Quanto aos aspectos Em relação à inclusão da Filosofia, a estruturais, o período de adequação natureza do seu conhecimento, da das escolas de nível médio às radicalidade da visão crítica na exigências deste currículo e a formação interpretação da realidade auxilia tanto de profissionais-docentes aptos para para o profissional e o discente ministrarem estes dois conhecimentos entender o porquê da sua atuação ao nível de disciplina. Quanto à dentro daquela realidade pertencente a natureza destes conhecimentos eles; além de ajudar a entender e sociológicos e filosóficos, a forma como conviver com a pluralidade e a estas naturezas são trabalhadas dentro diversidade de pessoas e de situações. da sala de aula, temos, por exemplo, Assim, a Filosofia fomenta o espírito na Sociologia, cuja sua natureza de investigativo e crítico das ciências conhecimento trabalha a sociais. desnaturalização e o estranhamento dos fatos sociais; na Filosofia, a Então, os profissionais da educação radicalidade da visão crítica ao em geral (os especialistas da interpretar os fatos sociais. educação) e os professores 21
  • 22. PEREIRA, C.E.G. As diretrizes do ensino médio no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 20-25, abr.-maio, 2011 vislumbram que complexidade da 2º rumo: A inserção dos novos Filosofia não está somente na sua pilares da educação no cotidiano da existência, mas na sua interlocução escola com a realidade, logo esta disciplina; no ensino médio, pode ser ensinada de Para o século XXI, novos pilares foram um modo menos enfadonho e estruturados para educação por causa hermenêutico para os alunos do ensino da reforma da educação mundial que médio. uniu os países dos principais continentes com interlocução da A Filosofia serve de elo entre os Unesco que promoveu a discussão profissionais da escola e os destes pilares nos encontros acontecimentos intra e extra-escolares promovidos através da Reunião porque quanto mais nós ficarmos na Internacional sobre Educação para o condição de sábio e muito menos de Século XXI, durante a década de 1990; aprendiz, nada sabemos, portanto e a elaboração do Plano decenal de pouco nosso conhecimento servirá educação para todos, também no início para atuar em conjunto, cada um, com da década de 1990. sua forma de interpretar a vida, pode ajudar na construção mais produtiva da Estes pilares são o aprender a ser; o realidade, além de saber interconectar aprender a conhecer; o aprender a a escola com o mundo para termos fazer e o aprender a viver. Estes sujeitos críticos e participantes e não recentes mandamentos educacionais dogmáticos e doutrinários. para serem transpostos à realidade escolar necessitam de uma grande O conhecimento da Filosofia no ensino sensibilidade e coerência teórica e médio caso não seja bem aplicado e prática dos professores em relação à estruturado no currículo estará na realidade da interioridade e situação de mais um adendo, pois exterioridade da escola. servirá apenas para contar que aparentemente o ensino médio evoluiu, Desta forma, analisando cada um porém a idéia de evolução ficará destes pilares, temos uma melhor estacionada na idealização das linhas dimensão destes conceitos curriculares do currículo; e não resulta em efeitos para a realidade da escola. O primeiro práticos para o cotidiano dos pilar; aprender a ser, convida o cidadão professores e alunos. aliar os três pilares restantes na sua personalidade, ou seja, formar um A reintrodução da Sociologia e da sujeito capaz de trabalhar a Filosofia; no currículo do ensino médio, sensibilidade e a criticidade nos seus indica uma transformação positiva atos; então a construção do estudante porque sinaliza que a complexidade da de ensino médio passa pela evolução da sociedade exige uma observância deste na interpretação- maior construção do conhecimento; prática da realidade onde o fazer do além de perceber que a luta sujeito corresponde a sua plena pedagógica e política pelas disciplinas coletivização as novas circunstâncias quanto seu maior reconhecimento de apresentadas ao geral contexto importância pela escola e pela regulador da sociedade. sociedade pode ajudar, de uma forma salutar, quando estes conhecimentos; Enquanto o aprender a conhecer se no nível de disciplina escolar, situa na inserção da diversidade do possibilitam o amadurecimento crítico conhecimento para que possa entender do professor e do aluno, sem nenhuma a multiplicidade da realidade devido o pieguice ideológica. aumento da heterogeneidade cultural; logo estimulando o senso crítico e a não-padronização do conhecimento, 22
  • 23. PEREIRA, C.E.G. As diretrizes do ensino médio no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 20-25, abr.-maio, 2011 tendo mais capacidade em enfrentar e A vigilância do aprender a conhecer resolver problemas, assim fomente permite a nós questionar o enxame de discentes adaptáveis a mudanças e informação que é largada para os com crescente respeito à diversidade. jovens atualmente e se estão sabendo fazer bom uso desta avalanche de Explorando o pilar do aprender a fazer, conhecimento e como a escola se novos desafios são empreendidos ao comporta diante desta realidade. Além estudante, uma vez que a prática de pensarmos se professores e os mediada por este pilar embolsa a demais profissionais da educação preocupação do cidadão em conhecer estão estimulando mais o novas categorias de trabalho individualismo do que a individualidade (principalmente numa época do e caso o respeito à diversidade da aumento da informalidade do trabalho); cultura nas escolas preserva a comunicar-se com os inéditos grupos tolerância à identidade do aluno, por profissionais modernos e não entender exemplo, o estímulo ao respeito da o aprendizado como um simples pluralidade de religião nas escolas. começo ou fim, mas uma contínua forma de obter conhecimento para Quando atentamos para o aprender a efetuar nos círculos sociais que as fazer, refletimos a maneira como a pessoas se envolvem. escola estimula os alunos a prosseguirem nos estudos e a Em relação, ao aprender a viver, o ambicionarem uma perspectiva discente necessita trabalhar a questão profissional, também os reflexos das da sociabilidade, da alteridade e condições políticas e sociais do ensino interagir a variação do contexto global e da construção do currículo no interconectado, principalmente com o cotidiano de aprendizado dos mega-avanço das formas dos meios de discentes. comunicação e de informação. No tocante a aprender a viver, Estes parâmetros atuais para a pensamos nas condições de existência educação, perguntamo-nos, será de um clima favorável para os valores possível mesmo empreendê-los a de sociabilidade e de respeitabilidade realidade das nossas escolas? , a fim nas escolas; além da observação de de responder a esta pergunta, basta que se o Estado e a sociedade dão problematizá-los no contexto das espaço para a escola estimular os circunstâncias escolares. alunos a terem intimidade e convivência com as modernas práticas A observância do aprender a ser na de tecnologia da comunicação e de escola apresenta uma densa informação. complexidade porque como se organiza mediante aos outros três Apresentando este provável quadro da pilares (aprender a viver; a fazer e a educação que pode servir para conhecer); no caso das escolas qualquer escola, poderemos ter públicas, uma parte do público dos possíveis respostas para a nossa alunos desta rede de ensino indagação; entretanto apesar das experimenta todo o tipo de adversidades escolares responderem a precariedades semelhantes em seus ocorrência de uma barreira entre o que lares nas escolas, são apresentados e é proposto para educação nos participam do aumento do cenário de currículos e a realidade vivida por violência nas escolas e se habitam a alunos e professores do ensino médio, carência de laboratórios de informática os educadores podem usar estas e de bibliotecas. novas prerrogativas gerais para os currículos; em destaque, o ensino médio, na avaliação e na expiação de 23
  • 24. PEREIRA, C.E.G. As diretrizes do ensino médio no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 20-25, abr.-maio, 2011 que maneira suas práticas no cotidiano vinte anos, procuram se reestruturar da escola contribuem para a possível em classe profissional forte. barreira entre a proposta de currículo e a vivência cotidiana do professor e do Desta maneira, o ajustamento da aluno. educação de ensino médio as novas propostas curriculares deste nível de Conclusão ensino pautadas nos pilares (aprender a ser; aprender a fazer; aprender a As transformações do ensino médio conhecer e aprender a viver) depende são uma das respostas da necessidade de um conjunto de fatores coligados de mudança da sociedade, entretanto o férteis para este intento, senão passará nosso mergulho nestas mudanças da de uma idealização qual pelo o sociedade, por exemplo, da educação, imediatismo da urgência da deve ser guiado por nossa implantação causará um remendo de responsabilidade teórica e normas para serem mal digeridas pelos compromisso em despertar o que há de professores e pelos alunos no seu melhor na pessoa pelos caminhos da cotidiano de escola. educação. Estes pilares, de algum modo, No caso do ensino médio, no Brasil, sinalizam a emergência da educação este nível de ensino sofre as escolar sair do seu pedestal consequências de um retardo do nosso enciclopedista, para atentar as reais país (débil e lento) em ultrapassar de competências e necessidades dos seus uma mentalidade feudal ruralista em alunos, como também associar seu enxergar o desenvolvimento da patrimônio de conhecimento a sociedade para uma mentalidade modernidade de construção e processual capitalista industrial; que aquisição do conhecimento sem trouxe efeito de transmutação para a desprezar sua criticidade e o bom- parca visão de educação e um senso teórico. progresso em outros setores da sociedade. A escola precisa se comunicar melhor com os novos tempos e com a Este efeito teve representações na realidade dos seus alunos do nosso dificuldade e demora da efetivação país para abrir margem para a cura das permanente da Sociologia e da fragilidades e feridas do processo Filosofia no currículo, devido à falta de escolar brasileiro; mas esta uma corporação intelectual forte para o preocupação não deve ser amadurecimento destes conhecimentos resolucionada com uma acomodação e durante o século XIX e a dilapidação aceitação das novidades na construção progressiva da auto-estima da classe das novidades na construção do de professores que; durante os últimos conhecimento. REFERÊNCIAS DELORS, Jacques. Educação para o Populares: a democratização do ensino Século XXI. Ed: Cortez, São Paulo, médio. UFF. RJ, 2006. 2006, 10º edição. Parâmetros Curriculares Nacionais GOMES, Pereira Silva Carlos Eduardo. (Ciências Humanas): ensino médio. Trabalho de Conclusão de Curso de Ministério da Educação. Secretaria de Pedagogia. Pré-Vestibulares Educação Média e Tecnológica. Brasília: Ministério da Educação, 2006. 24
  • 25. PEREIRA, C.E.G. As diretrizes do ensino médio no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 20-25, abr.-maio, 2011 QUELUZ, Leandro Gilson. Concepções SILVA JÚNIOR, João dos Reis. de Ensino Técnico na República Velha Reforma do Estado e da Educação (No (1909-1930). Publicação do Programa Brasil de FHC). Ed: Xamã, São Paulo, de Pós-Graduação em Tecnologia, 2002. 2002. As diretrizes do ensino médio no Brasil Carlos Eduardo Gomes Pereira Pedagogo e Pós-Graduado no Curso Lato-sensu “Ensino de História e Ciências Sociais” pela Universidade Federal Fluminense (UFF) São Gonçalo, RJ E-mail: kadu_gomez@yahoo.com.br 25
  • 26. GUIMARÃES, R.N.L. Democracia de verdade só na mãe natureza! Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 26-29, abr.-maio, 2011 Democracia de verdade só a mãe natureza! Rodrigo N. Lacerda Guimarães Licenciado em Matemática, Bacharel em Segurança Pública, Pós-graduado em Docência do Ensino Superior, em Política e Estratégia e em Planejamento e Gestão de Projetos Sociais Palmas, TO E-mail: lacerda703@gmail.com Blog: http://lacerda703.blogspot.com/ A s recentes catástrofes naturais que acometeram algumas nações do mundo fazem pensar... Pensar que está evidente que a natureza não fez diferença entre países ricos ou pobres. E acho mesmo que somente ela (a natureza) é que não vê essa diferença. A mídia inclusive foi taxativa em afirmar que não havia nenhuma outra nação mais preparada para enfrentar catástrofes naturais como o Japão. Todos viram o tamanho do estrago. Pensar que quando Rosseau falou que a democracia era praticável somente numa cidade de deuses, talvez tivesse razão. No caso do Haiti, um país dos mais pobres do planeta, a ONU foi obrigada até a suspender o envio de recursos para sua reconstrução, por causa da corrupção. "Nossa sociedade é realmente melhor do que a de nossos ancestrais?" Parece até coisa de filme ou de jogo. Quem é que pode acreditar nisso? Fico a imaginar como é que pessoas que são chamadas de “autoridades” conseguem desviar dinheiro numa situação tão miserável como a que se encontram aqueles coitados. Pensar que a noção do que seja humano e do que seja direito se perdeu completamente na história. Chega a ser estúpido versar sobre outra coisa que não a busca por uma identidade humana para os seres humanos. Por mais estúpido que isso possa parecer. 26
  • 27. GUIMARÃES, R.N.L. Democracia de verdade só na mãe natureza! Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 26-29, abr.-maio, 2011 Li numa monografia, um dia desses, que se costuma referir à Idade Média como “a noite dos tempos” ou como o “tempo da barbárie”. Mas, será que evoluímos? Nossa sociedade é realmente melhor do que a de nossos ancestrais? A escravidão foi realmente abolida? Pensar ainda que o socialismo ou o comunismo ruíram e com ele milhares de boas intenções. Mesmo assim, aparentemente o que estragou tudo foram, de novo, os homens. Alguém já dissera que a norma nada mais é do que um conjunto de regras morais que impõem sua existência pela possibilidade de sua infração. Assim, estupidez por estupidez, parecia ter razão o filósofo, pois quando olhamos para nossos políticos e para o quadro de “desenvolvimento” que se desenha para o país, não dá para dizer que somos de fato um Estado Democrático de Direito, a não ser no papel, que aceita tudo mesmo. Tem gente que ainda acredita que somos uma das democracias mais desenvolvidas do mundo. Acho que estes têm que assistir menos Rede Globo. Talvez estejamos precisando mesmo é passar pelo julgamento da natureza. Se no Japão os reatores nucleares andaram explodindo, o que aconteceria com Agra I e Angra II? A mídia já andou “investigando” e, conforme disseram, podemos viver em paz. Acredite quem quiser! Incluindo aí quem acredita em Papai Noel. Mas fico a me perguntar qual seria a reação das nossas autoridades? Será que o dinheiro ia chegar mesmo? Tivemos aqui casos recentes também de inundações e desabamentos. Ouvi dizer que tem um monte de coisa estragada em alguns depósitos públicos por aí. A justificativa seria a falta de meios para enviar a ajuda. Enquanto isso, nossas autoridades dispõem de verbas significativas para visitarem suas “bases eleitorais”. O custo anual de um Deputado Federal ou de um Senador daria para comprar caminhões e aviões na casa das dezenas. E ainda dava para pensar em construir ou melhorar estradas e aeroportos. Acho até que sobrava um pouquinho para quem quisesse “levar algum por fora”. Especulações a parte, talvez precisemos entender que “ter direitos” e “ser humano” não são condições naturais de todos aqueles que habitam o planeta. Provavelmente isso poderia nos levar inventar novas práticas e novos mundos. Se não entendemos os direitos e o humano como objetos naturais, obedecendo a determinados modelos que lhes seriam inerentes, podemos produzir outros direitos humanos: não mais universais, absolutos, contínuos e em constante evolução, mas a afirmação de direitos locais, descontínuos, fragmentários, processuais, em constante movimento e devir, múltiplos como as forças que os atravessam e os constituem (COIMBRA, LOBO e NASCIMENTO, 2008). 27
  • 28. GUIMARÃES, R.N.L. Democracia de verdade só na mãe natureza! Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 26-29, abr.-maio, 2011 Gostei muito desse trecho, pois no impulsiona a pensar por um outro lado. Quem já viu o vídeo “Ilha das Flores” tem que concordar que os protagonistas não se assemelham em nada à “imagem e semelhança” de Deus. Ser humano não consiste apenas em aceitar a equação jusnaturalista e ficar bradando aos quatro ventos que todos têm direito a isso ou aquilo. Homossexualismo, prostituição, crimes, divergências de gênero, e tudo quanto é bandeira de grupos de minorias são temas que configuram a própria existência da humanidade. Nunca vai deixar de existir e é exatamente o que faz sermos humanos. Ser humano é, antes de tudo, compreender que somos sujeitos de nossa autonomia e de nossa própria história. O genial Paulo Freire já tentou alertar para isso há muito tempo. Engraçado que ainda tem intelectual por aí que tem coragem de dizer que ele não era tanta coisa assim. Sou “freireano”! Principalmente pelo fato de que suas contribuições de fato mudaram a vida das pessoas, oferecendo uma possibilidade de tornarem-se humanas de verdade. Negar o mínimo acesso ao letramento e à alfabetização é o mesmo que negar comida. Se for verdade que a norma é uma previsão daquilo que não deveria existir, porque nunca foi aprovada, ou mesmo proposta, alguma lei que proíba não ser humano? "A história mostra que não podemos cristalizar determinadas condutas e acreditar que está tudo resolvido." Certamente seja porque ter direito também é algo que precisa ser conquistado. Não temos direitos simplesmente porque nos deram ou porque nascemos. Temos direitos porque os conquistamos. Lutamos e adquirimos o direito de manifestar nossas individualidades e diferenças no contexto coletivo. Se aceitarmos que já nos foi dado o direito e pronto, iremos esquecer que todas as nossas ações possuem por delimitação os outros seres humanos. Logo não seremos humanos, tampouco teria sentido falar em direitos. Viver é fazer e não poder fazer! Ninguém vive só de idéias e de documentos. Se a permissão, ou objetivação, de uma conduta fosse suficiente para ela se materializar em direito, não teríamos mais nenhuma desgraça no mundo desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ou mesmo de antes dela. Talvez desde as duas tábuas entregues a Moisés, no monte Sinai. Ou dos grandes pensadores dos tempos anteriores ao nascimento de Jesus Cristo. A história mostra que não podemos cristalizar determinadas condutas e acreditar que está tudo resolvido. No Brasil mesmo isso é muito latente, afinal não descriminalizamos o adultério? 28
  • 29. GUIMARÃES, R.N.L. Democracia de verdade só na mãe natureza! Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, p. 26-29, abr.-maio, 2011 Acredito que o direito canônico, assim como todas as outras manifestações daquilo que pode interessar aos estudiosos e observadores do Direito e da sociedade, parte exatamente dessa necessidade de valorizar, respeitar e incentivar a diferença, o novo, o desafio. Segundo a bíblia, até Deus espera de nós uma ação antes de nos abençoar, mesmo sendo o detentor de todo o poder. Considerar tais aspectos conduz à conclusão de que para ser humano e para ter direito, parece estarmos intimados a reinventar diversas práticas e repensar alguns dos valores que estão no centro daquilo que configura todo o arcabouço cultural e jurídico da atualidade. Ou, podemos deixar a natureza fazer isso por nós, já que ela parece ser a única capaz de realmente não fazer nenhuma distinção entre as pessoas. REFERÊNCIAS COIMBRA, C.M.B.; LOBO, L.F.; NASCIMENTO, M.L. Por uma invenção ética para os Direitos Humanos. Psicol. clin. Rio de Janeiro, vol. 20, n. 2, p. 89-102, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pc/v20n2/a07v20n2.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2011. Democracia de verdade só a mãe natureza! Rodrigo N. Lacerda Guimarães Licenciado em Matemática, Bacharel em Segurança Pública, Pós-graduado em Docência do Ensino Superior, em Política e Estratégia e em Planejamento e Gestão de Projetos Sociais Palmas, TO E-mail: lacerda703@gmail.com Blog: http://lacerda703.blogspot.com/ 29
  • 30. CURSOS ON LINE Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 COM CERTIFICADO http://www.buzzero.com/veranocd.html 30
  • 31. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 31
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  • 35. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 ‘ FIGURA: SXU.HU Divulgue seu evento acadêmico A Revista Espaço Científico Livre abre espaço para divulgação de congressos, semanas acadêmicas, seminários, simpósios e afins ligados a instituições de ensino. Para divulgação de eventos acadêmicos envie um e-mail para espacocientificolivre@yahoo.com.br para receber maiores informações. 35
  • 36. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 Envie seus artigos, FIGURA: SXU.HU resumos e ideias Os trabalhos aprovados serão distribuídos para mais de 15000 alunos de escolas técnica, graduação e profissionais de diversas áreas de todo Brasil. As referências bibliográficas devem seguir as normas da ABNT. O número total de ilustrações (se houver) não deve exceder seis. Sugere-se que o número de referências seja no máximo de 30. Recomenda-se quando for pertinente que o artigo seja estruturado com: resumo (com até 300 palavras), palavras-chave, introdução, metodologia, resultados, discussão, conclusão e referências. Os textos devem ser digitados no programa Word (Microsoft) ou Writer (BrOffice) e entregues para o e-mail: espacocientificolivre@yahoo.com.br Observações de envio: 1. Assunto: título abreviado do artigo ou resumo; 2. Corpo da Mensagem: Deve conter o título do artigo ou resumo e nome do autor(es) responsável(is) pela pré-publicação e contatos seguido por uma declaração na qual os autores garantem que: o artigo é original e nunca foi publicado e, caso seja aceito para publicação, que todos os autores tenha participado na construção e elaboração do trabalho. Deve-se afirmar que todos os autores leram e aprovaram a versão que está sendo enviada e que nenhuma informação tenha sido omitida sobre instituições financeiras ou acordos entre os autores e as empresas ou pessoas que possam ter interesse material na matéria tratada no artigo. Agradecimentos às pessoas que fizeram contribuições substanciais para o artigo devem ser citadas. 36
  • 37. Anuncie na Revista Espaço Científico Livre Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação eletrônica bimestral de distribuição nacional e gratuita, cujo objetivo é ser um local para divulgação de pesquisas, ideias, resumos e artigos científicos de alunos de cursos técnicos, graduação e profissionais de diferentes áreas de todo Brasil. Para anunciar envie um e-mail para espacocientificolivre@yahoo.com.br, colocando no assunto “anúncio”. Cuidado com a AIDS J á passaram mais de vinte anos desde o início da epidemia da AIDS, e apesar dos avanços no tratamento e na qualidade de vida dos portadores do vírus HIV, a prevenção não deve ser esquecida. É importante sempre lembrar que a AIDS é transmitida pelo sangue, sêmen, secreção vaginal e pelo leite materno. AIDS mata. Então é possível a contaminação pelo HIV através:  Sexo (vaginal, anal e oral) sem camisinha;  Uso da mesma seringa ou agulha por mais de uma pessoa;  Mãe contaminada pode passar o vírus para o filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;  Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados. Em 2004, cerca de 593 mil pessoas, entre 15 a 49 anos, tinham AIDS no Brasil. Sendo, cerca de 208 mil mulheres e 385 mil homens com vírus HIV. Portanto, o mais importante sempre é prevenir. É possível prevenir a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST) através:  Uso de camisinha (preservativo) nas relações sexuais;  Seringas e agulhas não devem ser compartilhadas;  Toda mulher grávida deve fazer o teste do vírus da AIDS (o HIV) e, em caso de resultado positivo, deve receber os cuidados recomendados pelo Ministério da Saúde, antes, durante e após o parto, para controlar a doença e prevenir a transmissão do HIV para o seu filho; Saiba que todo cidadão tem o direito ao acesso gratuito aos medicamentos antirretrovirais (usados no tratamento a AIDS). Serviço gratuito do DISQUE AIDS: 0800 61 1997 ou 0800 16 2550. 37
  • 38. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 “O importante é não parar de questionar.” Albert Einstein (1879-1955) 38
  • 39. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 39
  • 40. Rev. Esp. Cient. Livre, Brasil, v. 1, n. 1, abr.-maio, 2011 ANUNCIE NA 40