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PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                 “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)




ÍNDICE
       PRIMEIRO MÓDULO - SAGRADA LITURGIA
INTRODUÇÃO À SAGRADA LITURGIA                                                   01

DOCUMENTO “MAGNO” DA IGREJA SOBRE A LITURGIA                                    03


PRINCÍPIOS E DIMENSÕES DA LITURGIA                                              05


ANO LITÚRGICO                                                                   07


ANO LITÚRGICO (RESUMO)                                                          14


PASTORAL LITÚRGICA                                                              16


MANUAL PARA EQUIPES DE LITURGIA                                                 17


COMUNICAÇÃO LITÚRGICA                                                           25


SÍMBOLOS LITÚRGICOS                                                             27


CANTOS LITÚRGICOS                                                               36


ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA                                                       41


A MISSA PARTE POR PARTE                                                         42


CONSIDERAÇÕES FINAIS                                                            53


ORAÇÃO VOCACIONAL                                                               60
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)




                      PRIMEIRO MÓDULO - SAGRADA LITURGIA

INTRODUÇÃO À SAGRADA LITURGIA

    Liturgia não é somente a “Festa do Rei Jesus...”

     Um dos nossos maiores pecados hoje em dia é reduzirmos o assunto liturgia à
celebração da missa e defini-la apenas como um conjunto de rituais e orações que nos
levam ao céu. E tudo isso fruto de uma crescente automação religiosa, que podemos
perceber a cada domingo em nossas assembléias litúrgicas. As pessoas vão à missa
sem saber o porque de estarem ali e nem o que está acontecendo perante elas. São
meros espectadores do preceito dominical ensinado por seus pais. Talvez seja por isso
que nós católicos sejamos tão criticados.
     Destinados àqueles que querem assumir em plenitude o mistério que Cristo
confiou à sua Igreja, e romper com “tradicionalismos”, este manual, de maneira
simples e objetiva, abordará de um modo geral a liturgia em si.
     Uma breve palavra sobre história da salvação . . .




      O gráfico acima é uma representação do plano de salvação de Deus para a
humanidade. Vale aqui recordar que o sentido da palavra “salvar” em Teologia
significa “unir com Deus”. O gráfico mostra como Deus, após a queda original, age na
história da humanidade, até que esta assuma sua plenitude, conforme os planos
originais do Pai (I Jo 3,2).
      E como se dá a ação do Pai na história? Ela é essencialmente Cristológica. Cristo é
o nosso intercessor ao longo de toda história (Ef 1), por ele somos salvos. De fato,
Cristo esteve presente no início da história, pois todas as coisas foram criadas nele (Jo
1,3). Está presente junto ao povo da antiga aliança, através da promessa, manifestada
através dos patriarcas e profetas. Encarna-se na plenitude dos tempos, salvando-nos
definitivamente através de sua paixão, morte e ressurreição. Ascende aos céus,
prometendo permanecer conosco até o fim dos tempos (Mt 28,20). Presença essa
mística, manifesta em sua Igreja e em seus sacramentos - a liturgia. No final dos
tempos Cristo retornará para levar toda criação à plenitude.
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)




     Definição
     Após considerarmos estes aspectos, podemos apropriar-nos da definição que a
Igreja faz da liturgia:
     “Liturgia é uma ação sagrada, através da qual, com ritos, na Igreja e pela Igreja,
se exerce e prolonga a obra sacerdotal de Cristo, que tem por objetivos a santificação
dos homens e a glorificação de Deus” (SC 7).
   Em outras palavras, a liturgia é a continuidade do plano de salvação do Pai,
através da presença mística de Cristo nos sacramentos, que são administrados e
perpetuados pela Igreja. Note-se, à Igreja cabe a missão de continuar a obra de Cristo,
que se dá, sobretudo, através da liturgia. Sem liturgia, não há Igreja e sem Igreja não
há liturgia. E sem liturgia não há continuidade no mistério da salvação da
humanidade.
   Mesmo com todo o empenho dos liturgistas brasileiros, muitos desafios continuam
nos convidando a não descuidarmos da liturgia, continuam lembrando que a
implantação da reforma entre nós permanece em aberto, interpelando nossa coragem,
nosso esforço, nosso estudo, formação, ação, dedicação, etc. . . Entre alguns desafios,
destaco:
        - A participação ativa do povo (parece que só o Padre participa da
           celebração);
        - A formação Litúrgica de modo geral (a maioria dos fiéis desconhece os
           ritos, os símbolos, etc. . . );
        - A linguagem Litúrgica, desconhecida pelos fiéis;
        - O Canto e a música litúrgica (muitas vezes a Missa acaba sendo um show,
           com baterias, etc. . , menos a celebração do mistério);
        - A Adaptação da liturgia às culturas, aos lugares e às pessoas (creio ser o
           maior desafio com relação à inculturação);
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



          DOCUMENTO “MAGNO” DA IGREJA SOBRE A LITURGIA

     No ano que findou inúmeros documentos do magistério foram escritos,
relembrando os 40 anos da Sacrosanctum Concilium (carta magna da Liturgia). O
Santo Padre João Paulo II também nos presenteou com a Carta Apostólica: Spiritus et
Sponsa de 4 de dezembro de 2003. Gostaríamos, à luz destes documentos focalizar
alguns aspectos fundamentais para uma verdadeira vivência da Liturgia.
     Há na liturgia um princípio básico: a liturgia é em primeiro lugar "a obra de Deus
em nós" antes de ser nossa obra para Deus. A liturgia é, em sua própria essência, um
datum, um dom. Ela nos ultrapassa e existe bem antes que tenhamos podido nela
participar. O sujeito ativo da liturgia é Cristo ressuscitado. É ele o primeiro e único
Sumo Sacerdote, o único capaz de oferecer o culto a Deus e santificar a assembléia.
Não se trata apenas de uma verdade teológica abstrata; o fato deve tornar-se evidente
e visível na liturgia. O coração da liturgia já se encontra nos gestos da sua instituição
pelo Senhor. Não quer dizer que a pessoa ou comunidade que celebra não tenha
jamais poder ou autorização de apelar para sua criatividade. A comunidade é
criadora, mas não é uma "instância de criação". Doutra forma, a liturgia não seria mais
epifania dos mistérios de Cristo através do serviço da Igreja, a continuação de sua
encarnação, crucifixão e ressurreição, a "encarnação" dum projeto divino na história e
no mundo das pessoas humanas, por meio de símbolos sagrados. Em tal situação, a
liturgia nada mais seria do que auto-celebração da comunidade.
     A liturgia "preexiste". A comunidade que celebra nela penetra como numa
arquitetura preestabelecida, divina e espiritual. Em certa medida, é igualmente
determinada pelo lugar de Cristo e de seus mistérios na história. A Eucaristia não é
em si uma "refeição sagrada" mas antes a atualização de uma refeição espiritual;
aquele que Cristo tomou com os discípulos na véspera de sua paixão. Neste sentido, a
liturgia não pode jamais tornar-se uma fina refeição da comunidade celebrante. Não
somos criadores; somos servos e guardas dos mistérios. Não somos proprietários,
nem autores.
     A atitude fundamental do homo liturgicus (homem litúrgico) - pessoal e
coletivamente - supõe a receptividade, a escuta, o dom de si e a capacidade de se
relativizar. É a atitude de fé e da obediência fiel. Não é porque uma caricatura desta
atitude de obediência conduziu no passado a um levantamento e a um rubricismo
servil e absurdo que se viu diminuindo o senso de "penetrar naquilo que nos
ultrapassa".
     O homo liturgicus não manipula e o gesto que ele faz não se reduz a uma pressão
de si ou a um desabrochar pessoal. É uma atitude de orientação para Deus, de escuta,
de obediência, acolhimento reconhecido, de encantamento, de adoração e de louvor. É
atitude que consiste em escutar e ver, e que Guardini (grande liturgista alemão)
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



denominava "contemplar", atitude desconhecida do homo faber (homem produtor) de
muitos de nós. Em resumo, a atitude fundamental do homo liturgicus é uma atitude
de oração, de oferta de nós mesmos a Deus para que sua vontade se cumpra em nós.
     Não é de surpreender que numa época como a nossa, que intervém ativamente
na realidade cotidiana e submete esta realidade ao pensamento científico e à perícia
tecnológica, seja particularmente difícil uma atitude litúrgica. A dimensão
"contemplativa" da pessoa humana hoje não é mais evidente, nessas condições; o
cerne da liturgia é ainda menos evidente. A participação ativa deve, pois, ser
recolocada nessa atitude "contemplativa" e ter, por conseguinte suas características
específicas. Ao se tratar de liturgia, é necessário ater-se á seguinte regra: primeiro a
experiência, primeiro "viver" a liturgia, e em seguida refletir e explicar. Os olhos do
coração devem abrir-se antes dos olhos do intelecto porque só se entende de fato a
liturgia com a inteligência do coração. Tudo isso tem conseqüências para as equipes
de liturgia. Os que querem atuar sobre a liturgia, deverão primeiro escutar o tema
com atenção e participar da celebração da liturgia em seu estado atual. Sem isso, toda
meta litúrgica nada mais será do que "expressão de si próprio" em vez de modelar
uma entidade já constituída, que mergulha as raízes na tradição litúrgica do Antigo e
do Novo Testamento e na Tradição viva da Igreja.
     O liturgista digno deste nome começa por escutar, meditar, rezar e interiorizar.
Só depois pode "modular".Aqui está a mística da verdadeira reforma litúrgica como a
sonhou o Concílio Vaticano II.
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



                 PRINCÍPIOS E DIMENSÕES DA LITURGIA
                          “Lex orandi, lex credendi”

       Para uma profunda consciência de liturgia, numa visão geral e num
aprendizado sério, assimilando o ensinamento tradicional da Igreja sobre o mistério
litúrgico, devemos inicialmente dizer que a norma da oração é a norma da fé, ou seja,
aquilo que rezamos é aquilo que cremos. Daí, o adágio litúrgico: “Lex orandi, lex
credendi”. Portanto, não rezamos e cantamos na liturgia, mas rezamos e cantamos a
liturgia. Este princípio fundamental está a exigir profunda mudança na nossa
pastoral litúrgica, em sentido amplo, o que, às vezes, não tem sido objeto de reflexão.

                    A LITURGIA COMO “AÇÃO SIMBÓLICA”

  A palavra liturgia (do grego “laos”, que significa povo, e “ergon”, que significa
obra, trabalho,) é algo que se faz. Etimologicamente, e em sentido primitivo, liturgia
significa, pois, serviço do povo, e no vocabulário teológico da Igreja, mesmo com as
reformulações mais atuais e expressivas, significa, sempre, celebração do povo,
enquanto assembléia por Deus convocada. Não é portanto a liturgia discurso, mas
prática, atividade, ação. Em documentos de liturgia, é traduzida, com acerto, como
ação sagrada ou ação simbólica. O conceito de ação é, pois, empregado com
frequência pelos textos do Concílio Vaticano II, unido aos adjetivos “eclesial”,
“sagrada”, “pastoral” ou “apostólica”, destacando-se a ênfase dada à liturgia como
ação sagrada por excelência, onde nenhuma outra ação da Igreja se encontra no
mesmo nível (Cf. SC 7d). Toda a liturgia é, portanto, ação simbólica, que, servindo-se
de sinais sensíveis e visíveis, aponta para o mistério insondável de Deus.

        A LITURGIA COMO EXERCÍCIO DO SACERDÓCIO DE CRISTO

  A liturgia, como se vê, não é mera devoção, catequese ou simplesmente ocasião de
culto. É ação de Cristo no projeto redentor de Deus, que se faz visível na Igreja. Aqui,
o grande liturgo é, verdadeiramente, Cristo, no exercício de seu sacerdócio real, ao
qual, pelo batismo, ele incorpora todos os fiéis. Esta ação, sagrada por excelência,
volta a dizer, aponta para o compromisso libertador e missionário de todo o povo de
Deus.Focalizando ainda outros princípios e dimensões da liturgia, podemos dizer
que ela é:

TRINITÁRIA: Nesta dimensão, o Pai é fonte da liturgia; o Filho, sua centralidade, e o
Espírito Santo, sua alma, seu sopro vitalizante. Sendo, pois, Cristo o centro da
liturgia, a Igreja ensina que o coração desta, isto é, o seu núcleo vital, é o Mistério
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                     “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



Pascal, com toda a sua eficácia redentora. Daí, a ênfase litúrgica, sempre, mas
principalmente na grande doxologia: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo...”.

MISTÉRICA: A liturgia contém o mistério de Deus, que a Igreja anuncia, celebra e
procura viver na dinâmica e na espiritualidade do Evangelho. E como a liturgia
abarca o mistério divino, ela é também, como consequência, mistério, e, como tal,
escapa ao conhecimento simplesmente racional. De fato a liturgia não se limita ao
espaço temporal, mas é celebrada eternamente no céu, e do céu é trazida por Cristo,
como o cântico de louvor que ressoa vivamente nas moradas celestes. Também não é -
diga-se - função da liturgia discursar sobre o mistério, mas celebrá-lo e vivê-lo na
simplicidade dos símbolos. Na liturgia, o mistério não é, pois, racionalizado, como
nos estudos teológicos, mas vivido e celebrado, mesmo então por gente simples, uma
vez que o sujeito primeiro da liturgia é a assembléia celebrante, na sua diversidade
cultural e de ministérios.

COMUNITÁRIA: Na catequese litúrgica deve-se enfatizar que a liturgia não é
individual, subjetiva, mas ação da Igreja, portanto ação comunitária, centrada, como
já se falou, no Mistério Pascal de Cristo, que se celebra sobretudo na Eucaristia. Na
liturgia, o “eu” individual, psicológico, cede lugar ao “nós” comunitário e litúrgico,
em verdadeira participação, sem perder, porém, a sua identidade pessoal.

BÍBLICA: Nesta dimensão, a Palavra de Deus se faz, sacramentalmente, palavra de
salvação, e o sacrifício redentor de Cristo dá às celebrações eficácia redentora. Por
isso, na liturgia, a Palavra de Deus não é simplesmente lida, mas proclamada,
celebrada, para ser devidamente ouvida e vivida.

HIERÁRQUICA: Quando se diz que a liturgia é hierárquica, diz-se que ela se
identifica com a natureza da Igreja. Portanto, é exercida em graus diversos, mas na
unidade da assembléia celebrante. Na hierarquia, tanto da Igreja como da liturgia,
tudo é serviço que se presta ao povo de Deus e a Deus. A dimensão hierárquica da
liturgia é, pois, de longo alcance: diz respeito ao tempo litúrgico, às próprias
celebrações, aos ritos, aos cantos etc..

ESCATOLÓGICA: Com esta dimensão, o Concílio Vaticano II ensina que a liturgia
antecipa, no tempo, a glória futura dos filhos de Deus, e a ela se ordena. “Na liturgia
terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa
de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos” (Cf. SC nº 8).
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                     “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



LAUDATÓRIA: A liturgia é puro louvor de Deus, na linguagem de um povo orante,
que Cristo inaugurou nesta terra de exílio, e que a Igreja repete pelos séculos, na
maravilhosa variedade de suas formas (Cf. Constituição Apostólica “Cântico de
Louvor”, de Paulo VI). É, pois, a mais viva expressão da Igreja e verdadeira epifania
da comunhão sobrenatural, tornando-se, na verdade, manifestação visível da
comunhão invisível.



                                     ANO LITÚRGICO

      Nos inícios da Igreja, todo Domingo era dia de Páscoa. Os cristãos se reuniam
para celebrar a ressurreição de Jesus. Aos poucos, os cristãos foram percebendo que o
Mistério Pascal de Jesus está presente no mistério da vida de todos os dias. Cristo
continua nascendo, vivendo, morrendo e ressuscitando na vida da Igreja. Não era
mais possível recordar tudo isso num só Domingo. Foi por isso que surgiu o que hoje
conhecemos por ANO LITÚRGICO.
      A Igreja percebeu que era melhor celebrar os mistério da vida de Cristo ao
longo do ano. Este ano não coincide com o ano civil, que começa no dia primeiro de
janeiro e termina em trinta e um de dezembro.
      O ano litúrgico começa no advento, passa pelo Natal e pela Epifania, continua
na Quaresma, Semana Santa e Páscoa, atravessa a Ascensão e Pentecostes e termina
com o tempo comum, na festa de Cristo Rei. Ao longo deste ano são recordados os
principais fatos e ensinamentos da vida de Cristo.
      A equipe de Liturgia precisa estar muito atenta ao Ano Litúrgico. Cada época
tem a sua mensagem própria. Os comentários, cartazes e canções precisam estar em
sintonia com esta mensagem.


                            CONSIDERAÇÕES INICIAIS

01 - Chama-se Ano Litúrgico o tempo em que a Igreja celebra todos os feitos salvíficos
operados por Deus em Jesus Cristo. "Através do ciclo anual, a Igreja comemora o
mistério de Cristo, desde a Encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do
Senhor" (NUALC nº 43 e SC nº 102).

02 - Ano Litúrgico é, pois, um tempo repleto de sentido e de simbolismo religioso, de
essência pascal, marcando, de maneira solene, o ingresso definitivo de Deus na
história humana. É o momento de Deus no tempo, o "kairós" divino na realidade do
mundo criado. Tempo, pois, aqui entendido como tempo favorável, "tempo de graça e
de salvação", como nos revela o pensamento bíblico (Cf. 2Cor 6,2; Is 49,8a).
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



03 - As celebrações do Ano Litúrgico não olham apenas para o passado,
comemorando-o. Olham também para o futuro, na perspectiva do eterno, e fazem do
passado e do futuro um eterno presente, o "hoje" de Deus, pela sacramentabilidade da
liturgia (Cf. Sl 2,7; 94(95)7; Lc 4,21; 23,43). Aqui, enfatiza-se então a dimensão
escatológica do Ano Litúrgico.

04 - O Ano Litúrgico tem como coração o Mistério Pascal de Cristo, centro vital de
todo o seu organismo. Nele palpitam as pulsações do coração de Cristo, enchendo da
vitalidade de Deus o corpo da Igreja e a vida dos cristãos.



                      TEMPO CÓSMICO E VIDA HUMANA

05 - Como sabemos, a comunidade humana vive no tempo, sempre em harmonia com
o ano natural ou cósmico, com as mudanças básicas e salutares das quatro estações
climáticas. Estas como que dinamizam a vida humana, quebrando-lhe toda possível
rotina existencial. A pessoa é, pois, chamada a viver toda a riqueza natural da própria
estação cósmica. Na organização da sociedade humana, o ano cósmico é chamado ano
calendário ou ano civil. Nele, as pessoas, em consenso universal, desenvolvem as
tarefas da atividade humana.

                     ANO LITÚRGICO E PROJETO DE DEUS

06 - Como a vida humana, no seu aspecto natural, se desenvolve no clima salutar do
ano cósmico, assim também a vida cristã, na plena comunhão com Deus, vai viver o
projeto do Senhor numa dinâmica litúrgica própria de um ano específico, chamado,
como vimos, Ano Litúrgico.

07 - O Ano Litúrgico não deve, porém, ser visto como um concorrente do ano civil,
porque, mesmo este, é um dom do Criador. Deus, inserindo-se no tempo, através de
Cristo, pela Encarnação, santificou ainda mais o tempo. Por isso, todo o tempo se
torna também tempo de salvação.

                       SIMBOLISMO DO ANO LITÚRGICO

08 - O Ano Litúrgico tem no círculo a sua simbologia mais expressiva, pois o círculo é
imagem do eterno, do infinito. Notamos isso, olhando uma circunferência. Ela não
tem começo nem fim, pois, nela, o fim é um retorno ao começo. Não, porém, um
retorno exaustivo, rotineiro, mas verdadeiramente um começo sempre novo, de
vitalidade essencial.
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



09 - O círculo é, pois, imagem da vida eterna, e a vida eterna, como sabemos, não
clama por progresso, visto não existir na eternidade carência, de forma alguma. A
vida eterna - podemos afirmar - permanece em constante plenitude.

10 - Cada ano litúrgico, que celebramos e vivemos, deve ser um degrau que subimos
rumo à eternidade do Pai. Em outras palavras, deve ser um crescendo cada vez mais
vivo rumo à pátria celeste. Celebrar o Ano Litúrgico é como subir a montanha de
Deus, não de maneira esportiva, como alpinista, mas como peregrino do Reino, onde,
a cada subida, sente-se mais perto de Deus.

                     RITMO CÓSMICO DO ANO LITÚRGICO

11 - Como se sabe, o ano civil está inteiramente identificado com o ciclo solar,
regendo-se pelos ditames das quatro estações, mas marcado também pelo movimento
lunar, onde se contam as semanas. Ano, mês e dia, como frações do tempo, aqui se
harmonizam, no desenvolvimento da vida humana.

12 - Na datação cósmica do Ano Litúrgico, seguindo a tradição judaica, os cristãos, no
Hemisfério Norte, vão escolher, para a celebração anual da Páscoa, o equinócio da
primavera, por este ser ponto de equilíbrio, de harmonia, de duração igual da noite e
do dia, de equiparação, pois, entre horas de luz e horas de escuridão, momento de
surgimento de vida nova na natureza e de renascimento da vida. Além da estação das
flores, no Hemisfério Norte há ainda o simbolismo suplementar da lua cheia, dando a
entender que, na ressurreição de Cristo, o dia tem vinte e quatro horas de luz.

13 - No Hemisfério Sul, onde vivemos, não estaremos, contudo celebrando a Páscoa
na primavera, mas no outono, dada a inversão do equinócio nos dois hemisférios. Daí,
a polêmica entre estudiosos da liturgia, os quais reclamam uma data universal, fixa,
para a Páscoa, não levando em conta a situação lunar, mas a solar. A Igreja está
estudando essa problemática que, ao que tudo indica, virá no futuro.

14 - Nota explicativa: A Igreja, hoje, celebra a Páscoa não no dia quatorze do mês de
Nisã, isto é, na data da páscoa judaica, como celebravam os cristãos da Ásia Menor e
da Síria, mas no domingo seguinte, acabando assim com a controvérsia pascal do
século segundo, por determinação do Concílio de Nicéia.

15 - Para a celebração do Natal, a evolução litúrgica vai escolher outro núcleo do ano.
Este outro momento é o solstício de inverno, o "dies natalis solis invictus", ou seja, o
"dia de nascimento do sol invicto". Isto também no Hemisfério Norte, pois, no
Hemisfério Sul, nós nos encontramos em pleno verão. Neste tempo, os dias começam
a crescer, e o sol, parecendo exausto e exangue, depois de uma longa marcha anual,
renasce vivo e surpreendente. É neste contexto, do "Sol Invicto", solsticial, que vai
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aparecer na face da Terra "o verdadeiro Sol Nascente" (Cf. Lc 1,78), isto é, Cristo Jesus
Nosso Senhor. Também a antífona da Liturgia das Horas, do dia 24 de dezembro,
inspirando-se no Sl 19,5-6, na sua realidade cósmico-histórico-salvífica, vai cantar
belamente: "Quando o sol sair, vereis o Rei dos reis que vem do Pai, como o esposo sai
da sua câmara nupcial".

                    QUANDO SE INICIA O ANO LITÚRGICO?

16 - Diferente do ano civil, mas, como foi dito, não contrário a ele, o Ano Litúrgico não
tem data fixa de início e de término. Sempre se inicia no primeiro Domingo do
Advento, encerrando-se no sábado da 34ª semana do Tempo Comum, antes das
vésperas do domingo, após a Solenidade de Cristo Rei do Universo. Esta última
solenidade do Ano Litúrgico marca e simboliza a realeza absoluta de Cristo no fim
dos tempos. Daí, sua celebração no fim do Ano Litúrgico, lembrando, porém, que a
principal celebração litúrgica da realeza de Cristo se dá, sobretudo no Domingo da
Paixão e de Ramos.

17 - Mesmo sem uma data fixa de início, qualquer pessoa pode saber quando vai ter
início o Ano Litúrgico, pois ele se inicia sempre no domingo mais próximo de 30 de
novembro. Na prática, o domingo que cai entre os dias 27 de novembro e 3 de
dezembro. A data de 30 de novembro é colocada também como referencial, porque
nela a Igreja celebra a festa de Santo André, apóstolo, irmão de São Pedro, e Santo
André foi, ao que tudo indica, um dos primeiros discípulos a seguir Cristo (Cf. Jo
1,40).

                 ANO LITÚRGICO E DINÂMICA DA SALVAÇÃO

18 - Tendo como centro o Mistério Pascal de Cristo, todo o Ano Litúrgico é
dinamismo de salvação, onde a redenção operada por Deus, através de Jesus Cristo,
no Espírito Santo, deve ser viva realidade em nossas vidas, pois o Ano Litúrgico nos
propicia uma experiência mais viva do amor de Deus, enquanto nos mergulha no
mistério de Cristo e de seu amor sem limites.

              O DOMINGO, FUNDAMENTO DO ANO LITÚRGICO

19 - O Concílio Vaticano II (SC nº 6), fiel à tradição cristã e apostólica, afirma que o
domingo, "Dia do Senhor", é o fundamento do Ano Litúrgico, pois nele a Igreja
celebra o mistério central de nossa fé, na páscoa semanal que, devido à tradição
apostólica, se celebra a cada oitavo dia.

20 - O domingo é justamente o primeiro dia da semana, dia da ressurreição do Senhor,
que nos lembra o primeiro dia da criação, no qual Deus criou a luz (Cf. Gn 1,3-5).
Aqui, o Cristo ressuscitado aparece então como a verdadeira luz, dos homens e das
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



nações. Todo o Novo Testamento está impregnado dessa verdade substancial, quando
enfatiza a ressurreição no primeiro dia da semana (Cf. Mt 28,1; Mc 16,2; Lc 24,1; Jo
20,1; como também At 20,7 e Ap 1,10).

21 - Como o Tríduo Pascal da Morte e Ressurreição do Senhor derrama para todo o
Ano Litúrgico a eficácia redentora de Cristo, assim também, igualmente, o domingo
derrama para toda a semana a mesma vitalidade do Cristo Ressuscitado. O domingo
é, na tradição da Igreja, na prática cristã e na liturgia, o "dia que o Senhor fez para
nós" (Cf. Sl 117(118),24), dia, pois, da jubilosa alegria pascal.

                        AS DIVISÕES DO ANO LITÚRGICO

22 - Os mistérios sublimes de nossa fé, como vimos, são celebrados no Ano Litúrgico,
e este se divide em dois grandes ciclos: o ciclo do Natal, em que se celebra o mistério
da Encarnação do Filho de Deus, e o ciclo da Páscoa, em que celebramos o mistério da
Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, como também sua ascensão ao céu e a vinda
do Espírito Santo sobre a Igreja, na solenidade de Pentecostes.

23 - O ciclo do Natal se inicia no primeiro domingo do Advento e se encerra na Festa
do Batismo do Senhor, tendo seu centro, isto é, sua culminância, na solenidade do
Natal. Já o ciclo da Páscoa tem início na Quarta-Feira de Cinzas, início também da
Quaresma, tendo o seu centro no Tríduo Pascal, encerrando-se no Domingo de
Pentecostes. A solenidade de Pentecostes é o coroamento de todo o ciclo da Páscoa.

24 - Entremeando os dois ciclos do Ano Litúrgico, encontra-se um longo período,
chamado "Tempo Comum". É o tempo verde da vida litúrgica. Após o Natal, exprime
a floração das alegrias natalinas, aí aparecendo o início da vida pública de Jesus, com
suas primeiras pregações. Após o ciclo da Páscoa, este tempo verde anuncia
vivamente a floração das alegrias pascais. Os dois ciclos litúrgicos, com suas duas
irradiações vivas do Tempo Comum, são como que as quatro estações do Ano
Litúrgico.

25 - Mais adiante estudaremos cada parte do Ano Litúrgico, com sua expressividade
própria, suas celebrações, sua dinâmica e seu mistério.

                  O "SANTORAL" OU "PRÓPRIO DOS SANTOS"

26 - Em todo o Ano Litúrgico, exceto nos chamados tempos privilegiados (segunda
parte do Advento, Oitava do Natal, Quaresma, Semana Santa e Oitava da Páscoa), a
Igreja celebra a memória dos santos. Se no Natal e na Páscoa, Deus apresenta à Igreja
o seu projeto de amor em Cristo Jesus, para a salvação de toda a humanidade, no
Santoral a Igreja apresenta a Deus os copiosos frutos da redenção, colhidos na
plantação de esperança do próprio Filho de Deus. São os filhos da Igreja, que
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



seguiram fielmente o Cristo Senhor na estrada salvífica do Evangelho. Em outras
palavras, o Santoral é a resposta solene da Igreja ao convite de Deus para a santidade.

                          AS CORES DO ANO LITÚRGICO

27 - Como a liturgia é ação simbólica, também as cores nela exercem um papel de vital
importância, respeitada a cultura de nosso povo, os costumes e a tradição. Assim, é
conveniente que se dê aqui a cor dos tempos litúrgicos e das festas. A cor diz respeito
aos paramentos do celebrante, à toalha do altar e do ambão e a outros símbolos
litúrgicos da celebração. Pode-se, pois, assim descrevê-la:

   Cor roxa - Usa-se: No Advento, na Quaresma, na Semana Santa (até Quinta-Feira
   Santa de manhã), e na celebração de Finados, como também nas exéquias.

   Cor branca - Usa-se: Na solenidade do Natal, no Tempo do Natal, na Quinta-Feira
   Santa, na Vigília Pascal do Sábado Santo, nas festas do Senhor e na celebração dos
   santos. Também no Tempo Pascal é predominante a cor branca.

   Cor vermelha - Usa-se: No Domingo da Paixão e de Ramos, na Sexta-Feira da
   Paixão, no Domingo de Pentecostes e na celebração dos mártires, apóstolos e
   evangelistas.

   Cor rosa - Pode-se usar: No terceiro Domingo do Advento (chamado "Gaudete") e
   no quarto Domingo da Quaresma chamado "Laetare"). Esses dois domingos são
   classificados, na liturgia, de "domingos da alegria", por causa do tom jubiloso de
   seus textos.

   Cor preta - Pode-se usar na celebração de Finados

   Cor verde - Usa-se: Em todo o Tempo Comum, exceto nas festas do Senhor nele
   celebradas, quando a cor litúrgica é o branco.

Nota explicativa: Se uma festa ou solenidade tomar o lugar da celebração do tempo
litúrgico, usa-se então a cor litúrgica da festa ou solenidade. Exemplo: em 8 de
dezembro, celebra-se a Solenidade da Imaculada Conceição. Neste caso, a cor litúrgica
é então o branco, e não o roxo do Advento. Este mesmo critério é aplicável para a
celebração dos dias de semana.

     ESTRUTURA CELEBRATIVA E PEDAGÓGICA DO ANO LITÚRGICO

28 - Como se vê pelo gráfico, e como já foi referido neste trabalho, o Ano Litúrgico se
divide em dois grandes ciclos: Natal e Páscoa. Entre eles situa-se o Tempo Comum,
não os separando, mas os unindo, na unidade pascal e litúrgica.
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                       “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



29 - Em cada ciclo há três momentos, de grande importância para a compreensão mais
exata da liturgia. São eles: um, de preparação para a festa principal; outro, de
celebração solene, constituindo assim o seu centro; e outro ainda, de prolongamento
da festa celebrada.

30 - No centro do Ano Litúrgico encontra-se Cristo, no seu Mistério Pascal (Paixão,
Morte e Ressurreição). É o memorial do Senhor, que celebramos na Eucaristia. O
Mistério Pascal é, portanto, o coração do Ano Litúrgico, isto é, o seu centro vital.

31 - O círculo é um símbolo expressivo da eternidade, e o Mistério Pascal de Cristo, no
seu centro, constitui o eixo fundamental sobre o qual gira toda a liturgia.

    GRAUS DAS CELEBRAÇÕES E PRECEDÊNCIA DOS DIAS LITÚRGICOS

      Um dado importante vamos ver agora: é que o aspecto hierárquico da Igreja
estende-se também à liturgia. Assim, entende-se que, na liturgia, não só os ritos têm
grau de importância diferente, como também as próprias celebrações divergem
quanto à sua importância litúrgica.

       Podemos afirmar então que existem graus e precedência nas celebrações, e se
dizemos genericamente "festas", três na verdade são os graus da celebração:
"solenidade", "festa" e "memória", podendo esta última ser ainda obrigatória ou
facultativa. Neste subsídio, a palavra "festa" sempre é usada no conceito aqui ora
exposto, a fim de evitar mal-entendidos. Vejamos então:

                                            Solenidade

      É o grau máximo da celebração litúrgica, isto é, aquele que admite, como o
próprio nome sugere, todos os aspectos solenes e próprios da liturgia. Na
"solenidade", então, três são as leituras bíblicas, canta-se o "Glória" e faz-se a profissão
de fé. Para a maioria das solenidades existe também prefácio próprio. Embora no
mesmo grau, as "solenidades" distinguem-se ainda, entre si, quanto à precedência.
Somente o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e ressurreição do Senhor está na liturgia
em posição única. As demais solenidades, portanto se acham na tabela oficial
distinguindo-se apenas quanto ao lugar que ocupam no mesmo nível. Assim, depois
do Tríduo Pascal, temos: Natal, Epifania, Ascensão e Pentecostes, o que equivale a
dizer que estas quatro solenidades são as mais importantes depois do Tríduo Pascal,
mas Natal vem em primeiro lugar, na ordem descrita.

                                                 Festa

       "Festa" é a celebração um pouco inferior à "solenidade". Identifica-se,
inicialmente, com as do dia comum, mas nela canta-se o "Glória" e pode ter prefácio
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                     “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



próprio, dependendo de sua importância. Com referência a "festa" e "solenidade", na
Liturgia das Horas (Ofício das Leituras), canta-se ainda o "Te Deum", fora, porém, da
Quaresma. Como já se falou, as "festas" do Santoral são omitidas quando caem em
domingo.

                                            Memória

       "Memória" é, sempre, celebração de santos, um pouco ainda inferior ao grau de
"festa". Na celebração da "memória", não se canta o "Glória". A "memória" é
obrigatória quando o santo goza de veneração universal. Isto quer dizer que em toda
a Igreja se celebra a sua memória. É, porém, facultativa quando se dá o contrário, ou
seja, quando somente em alguns países ou regiões ele é cultuado.

      As "memórias" não são celebradas nos chamados tempos privilegiados, a não
ser como facultativas, e dentro das normas litúrgicas para a missa e Liturgia das
Horas, conforme já se falou neste trabalho. Quando caem em domingo, são também
omitidas, repetindo-se aqui o que já foi explanado.

      A "memória" pode tornar-se "festa", ou mesmo "solenidade", quando celebração
própria, ou seja, quando o santo festejado for padroeiro principal de um lugar ou
cidade, titular de uma catedral, como também quando for titular, fundador ou
padroeiro principal de uma Ordem ou Congregação. Também a "festa" pode tornar-se
"solenidade" nas circunstâncias litúrgicas aqui descritas, estendendo-se esse
entendimento às celebrações de aniversário de dedicação ou consagração de igrejas.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
    “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



   ANO LITÚRGICO - RESUMO
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
    “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
    “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                     “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



                                PASTORAL LITÚRGICA

       A Pastoral Litúrgica é tão importante quanto as outras pastorais. Muita gente
atua em alguma pastoral ou movimento e nas horas vagas faz papel de “quebra-
galho” em alguma celebração. É fundamental que se forme a consciência de que a
liturgia também é Pastoral.
       Podemos dizer até que todas as pastorais brotam da liturgia e para ela
convergem. A liturgia deveria dinamizar todas as pastorais. Ela é fonte de vida para a
comunidade. Não basta que existam equipes de celebração. É preciso que haja
também uma equipe de liturgia.

                              EQUIPE DE CELEBRAÇÃO

      É um grupo de pessoas encarregado de preparar uma celebração específica. Por
exemplo, a missa da dez no Domingo. Esta equipe é formada por leitores, músicos e
comentaristas e hoje já se falta até mesmo em alguém que esteja preparado para
cantar o Salmo Responsorial. É o salmista. A Equipe de Celebração é uma verdadeira
equipe. As celebrações são preparadas com antecedência. Não é uma equipe em
gavetas. Os mistérios e serviços vão surgindo de acordo com as necessidades da
comunidade reunida para celebrar.

                                 EQUIPE DE LITURGIA

      Este grupo é diferente. Ele não está encarregado de nenhuma celebração
específica. É formado por membros das diversas equipes de celebração de uma
Paróquia. Reúne-se periodicamente para estudar, rezar, avaliar e programar a liturgia
de toda a Paróquia.
      Esta equipe promove cursos e encontros. Sua principal função é animar a
atividade das equipes de celebração. É muito importante que esta equipe seja
assessorada pelo sacerdote. Nesta equipe acontecerá o diálogo.
      O Documento 43 da CNBB diz que esta equipe é o coração e o cérebro da
pastoral litúrgica (nº 187).

  ESTA ORGANIZAÇÃO É O QUE CHAMAMOS DE PASTORAL LITÚRGICA

      A equipe de Pastoral litúrgica não precisa ser muito grande. Seu coordenador
geral normalmente o Pároco ou um seu cooperador. Deverá ter um coordenador que
tenha uma boa formação litúrgica e alguém que entenda de canto litúrgico. Se houver
alguém que domine um instrumento musical é muito bom.
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                   MANUAL PARA EQUIPES DE LITURGIA
01 - As Equipes de Liturgia são formadas para o exercício dos ministérios particulares,
próprios dos cristãos leigos, dado o sacerdócio batismal destes, conhecido como
sacerdócio comum dos fiéis. Exercidos nas celebrações litúrgicas, em profunda união
e comunhão com o sacerdócio ministerial ordenado, não são, pois, os ministérios
leigos como que uma ajuda material aos sacerdotes, mas sim participação mais plena
no mistério da Liturgia, sendo então, ao mesmo tempo, direito e dever de todos os
cristãos, como batizados.

02 - Na sua nova concepção, as Equipes de Liturgia são, pois, um fruto feliz da
renovação litúrgica do Concílio Vaticano II. De fato, a reforma teve o mérito de
enfatizar a participação dos fiéis na liturgia, como direito e como dever, dada a sua
condição de batizados, inseridos que foram no mistério de Cristo, quando,
sacramentalmente, renascem para uma vida nova, também ela essencialmente
missionária, a serviço e a caminho do Reino.

03 - Em paróquias com diversas comunidades, estas precisam de ter sua própria
equipe. Neste caso, é desejável que tenham o mesmo espírito e estejam articuladas
com a equipe principal. Também é de esperar que cada equipe de liturgia tenha um
coordenador, que seja aceito por todos. Deve ele coordenar a equipe, convocando e
dirigindo suas reuniões, e, sempre com outros membros, procurar o crescimento
espiritual de todos.

04 - Os membros de uma equipe litúrgica devem estar conscientes não só de sua
participação na Liturgia, que deve ser sempre mais plena, mas também de que estão
voltados para o serviço do louvor de Deus e santificação dos homens, dimensão
essencial da Liturgia, o que supõe não só atitude orante, mas também preparação e
disposição e, mais ainda, o testemunho existencial e cúltico, manifestado por uma fé
não só rezada e crida, mas também plenamente vivida.

05 - Algumas orientações, de sentido mais celebrativo, são dadas nesse Manual, o
qual, por sua vez, implicitamente, vai exigir encontros de formação, de interiorização,
de avaliação etc., pois é desejável que as Equipes de Liturgia alcancem, por exigência
de sua própria natureza, uma compreensão mais viva de todo o mistério da salvação
que a Igreja celebra, na dinâmica salvífica do Ano Litúrgico e ao ritmo, sobretudo de
nossas eucaristias. Pensando em atualização, as orientações aqui formuladas já estão
fundamentadas na nova Instrução Geral sobre o Missal Romano.
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



                     OS MEMBROS DA EQUIPE DE LITURGIA

06 - São membros de uma equipe litúrgica: o acólito, o ministro extraordinário da
comunhão, o leitor, o salmista, o grupo dos cantores ou coral, o cantor (ou animador
do canto), o organista, o comentarista, os que acolhem os fiéis, os que fazem as coletas
ou delas cuidam, como ainda o sacristão.

                     AS DIVERSAS FUNÇÕES NA LITURGIA

a) - Funções do acólito

07 - O acólito é instituído para o serviço do altar, auxiliando assim o sacerdote e o
diácono. Na procissão de entrada leva a cruz entre dois ministros. Durante toda a
celebração, cabe ao acólito aproximar-se do sacerdote ou do diácono para lhes
apresentar o livro (Missal e Evangeliário) e ajudá-los em outras tarefas necessárias.
Convém, portanto que ocupe um lugar do qual possa facilmente cumprir o seu
ministério, quer junto à cadeira presidencial quer junto ao altar. No rito das oferendas,
e na ausência do diácono, o acólito põe sobre o altar o corporal, o sanguíneo, o cálice,
a patena, a pala, as âmbulas com hóstias para a consagração e o Missal, como também
auxilia na preparação das oferendas e no Lavabo.

08 - Quando há incensação, o acólito apresenta ao sacerdote o turíbulo e o auxilia. A
incensação na missa acontece: no início, quando são incensados o altar, a cruz e
imagem, se for o caso. A imagem de um santo só é incensada uma vez, no início. A
incensação vai continuar depois: na proclamação do Evangelho, no rito das oferendas
(oferendas, cruz, altar e, em seguida, o sacerdote e o povo) e nas elevações durante a
consagração.

09 - Como ministro extraordinário da comunhão, o acólito instituído ajuda a distribuir
a comunhão e no rito sobre as duas espécies ele deve ministrar o cálice, função esta,
porém, que cabe ao diácono, quando presente. Pode ainda, quando legalmente
instituído, terminada a distribuição da comunhão, ajudar o diácono ou o sacerdote na
purificação dos vasos sagrados, o que se recomenda seja feito na credência, e não no
altar como se costuma fazer.

b) - Funções do ministro extraordinário da comunhão

10 - Na ausência de acólito instituído, o ministro extraordinário da comunhão pode
exercer todas as suas funções, entendendo-se que, naquelas situações em que há a
presença tanto do acólito como dos demais ministros extraordinários, as funções do
altar devem ser assumidas em primeiro lugar pelo acólito ou acólitos instituídos. Na
síntese das funções, eles são equiparados, mas só por ordem prática, dada a distinção
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                         “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



entre ministério instituído (acólito) e ministério por mandato (ministro extraordinário
da Comunhão).

11 - Se na igreja, casa de oração, já se pede aos fiéis respeito, reverência e atitude
piedosa, muito mais se espera dos diferentes ministros. Que todos saibam, pois,
portar-se com dignidade, e estejam atentos às suas responsabilidades. Evitem
deslocamentos desnecessários, no presbitério ou no altar, e não chamem atenção para
si. Em deslocamento, às vezes necessário, sejam discretos e simples, sem desviar a
atenção da assembléia.

12 - É desejável que tantos os acólitos como os ministros extraordinários da comunhão
cultivem uma espiritualidade eucarística mais plena, e a eles seja lembrado o que o
bispo diz no rito da instituição: “Designados de modo especial para este ministério,
esforçai-vos por viver mais intensamente do sacrifício do Senhor, conformando-vos
mais plenamente a ele. Procurai entender o sentido profundo e espiritual daquilo que
fazeis, oferecendo-vos todos os dias como oblações espirituais, agradáveis a Deus por
Jesus Cristo”. E mais: “Servi, portanto, com sincero amor, o corpo místico de Cristo,
que é o povo de Deus, especialmente os fracos e os enfermos...”


c) - Funções do leitor

13 - Tudo aquilo que se diz do acólito instituído e que, na sua ausência, pode ser
assumido por outros leigos, como os ministros extraordinários da comunhão, aqui
também, com relação ao leitor instituído, acontece o mesmo: não havendo aqueles que
receberam o ministério pela instituição, então outras pessoas, devidamente
preparadas, podem assumir a sua função.

14 - O leitor tem o mérito de ser aquele pelo qual a Palavra de Deus chega
inicialmente à assembléia, em preparação do ponto culminante, que vai ser o
Evangelho. Ele é, pois, um arauto da mensagem salvífica, um precursor da Boa Nova,
podemos dizer. Daí, a importância e a dignidade de sua função ministerial. Por isso, é
preciso que ele se prepare para o exercício de tão nobre função, familiarizando-se com
o texto, também quanto ao gênero literário (profecia, parábola, sapiencial, epístola
etc.), revelando pela leitura ter assimilado a mensagem que transmite à assembléia.

15 - Cristo Nosso Senhor, na Sagrada Liturgia, primeiro nos é dado como Palavra
salvadora (o Pão da Palavra) e, depois, como Pão da vida eterna, a Eucaristia. Por isso
falamos também de duas mesas, a da Palavra (ambão), e a do Pão Eucarístico (altar).
Vê-se, pois, que a Palavra de Deus, na Liturgia, é de valor sacramental. Assim, não
deve ser apenas lida, mas proclamada, como coloca agora a nova Instrução Geral.
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



Proclamada, a Palavra de Deus se torna celebração, festa, um acontecimento, pois,
salvífico.

16 - Uma orientação, de ordem prática: no exercício de seu ministério, o leitor não
precisa dizer, por exemplo: “Proclamação da profecia de Isaías...”, ou “Leitura da
epístola de São Paulo aos romanos”, mas melhor seria simplesmente dizer: “Profecia
de Isaías”, ou “Carta de São Paulo aos romanos”. Em sentido litúrgico, não é
necessária também a citação de capítulos e versículos do livro sagrado. Também o
diácono ou o sacerdote deveria dizer: “Evangelho de NSJC, segundo Mateus”, por
exemplo, preferível a “Proclamação do Evangelho...”

17 - Para o bom exercício de seu ministério, algumas exigências, mínimas, de ordem
técnica, devem ser lembradas e pedidas ao leitor, como:
      a) - Vocalização, isto é, o cuidado especial em pronunciar bem cada
      sílaba, cada palavra.

      b) - Regulação do volume da voz, de modo que se ouça bem o que é dito,
      especialmente em fins de frase.

      c) - Regulação do ritmo da leitura, reduzindo ou acelerando a emissão de
      voz, segundo o caso, mas, sobretudo intercalando pausas nas vírgulas e
      nos pontos.

      d) - Modulação da voz, ou seja, mudando de tom, quando as variações do
      texto assim o exigir. Isto acontece porque o texto deve ser lido de acordo
      com o seu gênero literário.
18 - A exemplo do que se recomenda aos acólitos e aos ministros extraordinários da
comunhão, com referência a espiritualidade, aos leitores também se faz a mesma
exortação. É desejável, pois, que eles, no exercício de sua função, se dediquem ao
cultivo da espiritualidade bíblica, familiarizando-se não só com a Sagrada Escritura,
mas também com os lecionários e com a dinâmica litúrgica da Palavra de Deus nos
três ciclos de A, B e C. Daí, a necessidade de encontros de formação, de retiro, para
uma compreensão mais plena, por exemplo, da dinâmica do Ano Litúrgico em toda a
Liturgia.

19 - Útil a todos os leitores, e não somente aos que receberam o ministério instituído, é
a exortação do bispo no rito de instituição: “ Tornando-vos leitores ou proclamadores
da Palavra de Deus, ireis colaborar nessa missão. Recebereis assim um ministério
especial dentro do povo de Deus e sereis delegados para o serviço da fé, que se
fundamenta na Palavra de Deus. Proclamareis esta Palavra na assembléia litúrgica,
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



instruireis as crianças e os adultos, preparando-os para receberem dignamente os
sacramentos”. E ainda: “Anunciando aos outros a Palavra divina, sede também dóceis
ao Espírito Santo, recebendo-a de coração aberto, e meditando-a assiduamente, a fim
de amá-la cada vez mais. Manifestai pelas vossas vidas Jesus Cristo, nosso Senhor”.

20 - Dada a ênfase que se dá hoje à participação dos fiéis na Sagrada Liturgia, o ideal,
porém, é que haja verdadeira distribuição de funções, como deixa transparecer
também a Instrução Geral (nº. 91), referindo-se aos princípios da reforma litúrgica do
Vaticano II, que diz: “Nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao
desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas
normas litúrgicas lhe compete” (SC 28).

21 - Embora então o próprio Missal permita para o leitor as diversas funções, como se
explicitou acima, não devemos cair na tentação de procurar o lado prático, admitindo,
em circunstâncias não aplicáveis ao espírito da Liturgia, que um mesmo leitor, por ter
qualidades maiores, venha a monopolizar tais funções.

d) - Funções do salmista

22 - “Compete ao salmista proclamar o salmo ou outro cântico bíblico colocado entre
as leituras. Para bem exercer sua função, é necessário que o salmista saiba salmodiar e
tenha boa pronúncia e dicção” (IGMR 102).

23 - Embora a Instrução Geral fale de “proclamar”, e que é correta, dada a natureza
poética do salmo, contudo, liturgicamente, é melhor falar de canto ou recitação,
principalmente na modalidade “responsorial”, que é a mais antiga. O salmo é a
resposta da assembléia à palavra ouvida, portanto tem dimensão ascendente, e, na
modalidade proposta, o salmista canta ou recita a antífona, que a assembléia responde
no mesmo tom, continuando o salmista a cantar ou recitar as estrofes entre as quais a
assembléia repete a antífona.

24 - A Instrução Geral fala apenas de “saber salmodiar e ter boa pronúncia e dicção”,
mas recomenda-se ao salmista cultivar também a espiritualidade bíblica e salmica,
identificando-se com o autor sagrado nos diferentes gêneros salmicos. Aqui, é
desejável, pois, a formação bíblica, especialmente aquela ligada a salmodia.
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



e) - Funções dos cantores, coral, animador do canto, músicos e organistas

25 - “Entre os fiéis, exerce sua função litúrgica o grupo dos cantores ou coral. Cabe-lhe
executar as partes que lhe são próprias, conforme os diversos gêneros de cantos, e
promover a ativa participação dos fiéis no canto” (IGMR 103).

26 - Vê-se pela Instrução que não é função dos cantores substituir os fiéis na execução
do canto litúrgico, mas favorecer e ajudar a sua participação. Mas isso, às vezes, não
acontece. Muitos cantam sozinhos, em tom exageradamente alto, dificultando a
participação de todos. Outras vezes são os instrumentos que acabam abafando a voz
dos fiéis. Ouve-se a música, mas não se ouve a mensagem da letra, e esta é mais
importante. Também, às vezes, canta-se algo que é apenas do gosto dos cantores, sem
nenhuma fidelidade ao tempo litúrgico ou à festa que se celebra. Tudo isso precisa ser
avaliado e repensado sempre, para que o canto litúrgico recupere a sua importância
no âmbito da Liturgia.

27 - Conforme a Instrução Geral, “o que se diz do grupo de cantores vale também,
com as devidas ressalvas, para os outros músicos, sobretudo para o organista”. E
conclui dizendo que “mesmo não havendo um grupo de cantores, compete ao cantor
dirigir os diversos cantos, com a devida participação do povo”.
28 - É desejável que o canto litúrgico tenha nas celebrações o seu devido apreço, visto
ser ele integrante das ações litúrgicas, e não mero enfeite festivo. Por isso, seus
ministros precisam conhecer a real função do canto litúrgico, isto é, sua
ministerialidade na Liturgia. Na prática muitas vezes se vê um canto sem tanta
importância litúrgica elaborado, porém, com muito esmero, e outro, de maior
importância, como que não trabalhado devidamente, o que acaba por manifestar
desconhecimento por parte dos responsáveis pela equipe do canto. Fala-se aqui dos
graus de importância do canto na Liturgia, ou seja, da compreensão de sua
graduação.

f) - Funções do comentarista

29 - Sobre o comentarista, devemos dizer que sua função, a serviço dos fiéis, deve
conter breves explicações e exortações, visando dispor a comunidade para uma
participação também mais plena e consciente. Sejam então suas explicações
cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras. Deve ele exercer a sua função em lugar
adequado, voltado para a assembléia, uma vez que está a serviço dela, mas não deve
fazê-lo do presbitério e, muito menos, do ambão.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



30 - Com relação ao ministério do comentarista, algumas orientações, de ordem
também pratica, talvez sejam valiosas. Assim, na Liturgia da Palavra, por exemplo,
em vez de antecipar explicações de sua temática, melhor seria se ele convidasse a
assembléia simplesmente a ficar assentada, predispondo-a para a escuta atenta da
Palavra de Deus.

31 - Entendamos: referindo-se a “primeira leitura”, “segunda leitura”, o comentarista
está falando o óbvio, isto é, aquilo que toda a assembléia já sabe. Voltando ao tema da
Palavra de Deus, muitas vezes aquilo que ele diz não é o que a Liturgia de fato está
celebrando, dada a riqueza da revelação bíblica, com suas múltiplas aplicações.
Melhor, pois, é deixar que Deus fale. Cabe à assembléia ouvir. De acordo então com o
que aqui se propõe, o comentarista poderia, quando muito, dizer, com sobriedade:
“Assentados. Vamos celebrar a Liturgia da Palavra. Atentos, ouçamos o que Deus vai
nos dizer, pelo profeta e pelo Apóstolo (quando for o caso). No Evangelho, diria
simplesmente: “De pé, vamos aclamar e ouvir o Evangelho. É o próprio Cristo que
nos fala, como Palavra de vida e de paz”.

32 - Não é preciso nem conveniente que o comentarista diga exatamente as palavras
acima, mas são exemplos que podem ser mudados, melhorados e atualizados. Em
algumas comunidades, costuma-se dizer o nome do leitor, mas não é recomendável,
pois a atenção deve voltar-se para o Senhor que fala, sendo aqui o leitor instrumento
que Deus usa para comunicar-se com o seu povo.



g) - Funções da equipe de acolhida

33 - É desejável que em todas as celebrações, principalmente as da Eucaristia, haja um
grupo de leigos que, no espírito da liturgia, acolham os fiéis, levando-os aos seus
lugares, principalmente quando se trata de pessoas idosas, de crianças e de
deficientes. Tal acolhida muito os ajudará na participação, na compreensão e na
descoberta do espírito fraterno, que sempre deve manifestar-se na Liturgia. É claro
que a equipe de acolhida deve ser constituída por pessoas comunicativas, respeitosas
e alegres. Um grupo de “cara fechada” poria tudo a perder. Lembremo-nos de que, se
a Igreja não sabe acolher os seus membros, muito menos saberá acolher os de fora
(aqui o mundo inteiro) para pregar-lhes o Evangelho da salvação.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



h) - Funções da equipe das oferendas

34 - Como sabemos, nos primórdios da Igreja, os dons do pão e do vinho, como
também a ajuda para os mais necessitados, eram trazidos de casa pelos fiéis e
apresentados ao sacerdote neste momento (que nós chamamos de preparação e
apresentação das oferendas, não mais, portanto de ofertório, como se dizia
antigamente).

35 - O verdadeiro ofertório, como se sabe, só é celebrado após a consagração.
Portanto, esse momento, por causa de sua simbologia, deve, em nossas celebrações,
ser assumido pela assembléia, representada por alguns de seus membros, que serão
previamente convidados para tal função, também na modalidade de equipe. Cada
comunidade, porém, pode ter aqui a sua criatividade e sua liberdade, e, variando,
convidar, por exemplo, pessoas que tenham alguma identificação com o tema
celebrado (dia das mães, dos pais, dos catequistas, das crianças etc.). Os que fazem a
procissão das oferendas sejam instruídos para que, chegando ao altar, façam
inclinação simples, atendendo a orientação da Instrução Geral.

i) - Funções do sacristão

36 - A Instrução nomeia também a figura do sacristão, que é aquele “que dispõe com
cuidado os livros litúrgicos, os paramentos e outras coisas necessárias para a
celebração da missa”. Acrescentamos ainda: para cuidar das hóstias não consagradas,
do vinho, da igreja, como casa de oração, abrindo-a e fechando-a. É função simples,
mas de importância capital, que deve, pois, ser exercida no mesmo espírito de todos
os ministérios.

 OUTRAS CONSIDERAÇÕES PARA A COMPREENSÃO DOS MINISTÉRIOS LEIGOS

37 - Aqui são dadas outras orientações, às vezes gerais, que podem ajudar no
enriquecimento e na compreensão dos ministérios leigos.
38 - “O sacerdote celebrante, o diácono e demais ministros (leitores, salmistas,
ministros extraordinários da comunhão) tomarão lugar no presbitério” (IGMR 294).
Aí também serão dispostas as cadeiras dos concelebrantes, tudo exprimindo a
ordenação hierárquica da Igreja e constituindo uma unidade íntima. Também esteja
junto da cadeira do presidente a cadeira do diácono. Para os demais ministros, sejam
dispostas as cadeiras de maneira tal que se distingam claramente das do clero, e eles
possam exercer com facilidade a função que lhes é confiada (Cf. IGMR 310).
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                     “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



39 - A cadeira do presidente da celebração deve distinguir-se das demais, também
pelo bom gosto, manifestando a função de presidência. Não deve, porém, assemelhar-
se a trono. Na celebração, o lugar apropriado para a cadeira do presidente é de frente
para o povo, no fundo do presbitério, a não ser que a estrutura da igreja não facilite
tal disposição.

40 - De acordo com a Instrução Geral, os outros ministros (comentaristas, cantores,
organistas etc.) não tomam lugar no presbitério, uma vez que fazem parte da
assembléia dos fiéis, e, como estão diretamente a serviço dela, devem ser colocados de
tal forma que a execução de suas funções se torne mais fácil e que cada um de seus
membros possa participar mais plenamente da missa, também na participação mais
plena que é a sacramental.
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                           COMUNICAÇÃO LITÚRGICA

      A Comunicação se dá principalmente através de realidades sensíveis que nos
atingem: gemido, palavra, olhar, carta, desenho, escultura, silêncio, etc. . .
      Fico sabendo o que meu amigo pensa, quando ele o expressa, exterioriza,
comunica. Ele o faz com seu próprio corpo (expressão corporal e verbal) ou lançando
mão de recursos externos: instrumento musical, caneta, pincel, argila, etc.
      Também na liturgia, não só as pessoas comunicam o que trazem em seu íntimo.
Cada elemento que nos rodeia nos põe em relação com o que eles representam.
Assim, o espaço celebrativo, a ornamentação, o cuidado com os objetos litúrgicos, as
atitudes dos membros da assembléia, tudo nos fala de como é nossa fé, nossa teologia,
nosso respeito em relação aos mistérios que celebramos.
      Muitas são as realidades que tocam nossos sentidos, nos comunicam algo e de
certo modo provocam em nós algum tipo de reação. Enumero, a seguir, algumas
dessas realidades, canalizando-as para o campo da liturgia:

     PALAVRA – é o meio mais comum da comunicação entre pessoas (a fonte de
mais mal-entendidos também);

       ESPAÇO CELEBRATIVO – é o espaço onde se desenrola a ação litúrgica. O
estilo da construção, a disposição do altar, dos bancos, cada vez mais devem mostrar
o rosto de uma comunidade de irmãos;

      ORNAMENTAÇÃO – refere-se aos objetos artísticos, pinturas, imagens e
arranjos que revelam o bom gosto da comunidade e comunicam Deus e sua
mensagem;

      VESTIMENTAS – não servem apenas para cobrir e proteger. Elas informam se
é dia de festa ou de trabalho, se temos papel preciso a desempenhar na sociedade ou
não. Na liturgia as vestes indicam também a função de cada ministro. As vestes dos
ministros chamam-se paramentos – por isso é preciso que estejam dignamente
paramentados (vestes limpas e não amarrotadas);

     OBJETOS LITÚRGICOS - não são apenas coisas concretas, são sinais
(símbolos), por isso transmitem mensagem, não só pela presença deles, mas pelo
modo como são utilizados ou conservados. A beleza da patena, do cálice e âmbulas, o
formato e acabamento das velas, as flores naturais e sua conservação, tudo isso deve
concorrer para uma proveitosa celebração do memorial da páscoa de Cristo;
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)




      SÍMBOLOS – é a expressão, a manifestação de uma realidade invisível, de uma
experiência profunda. Com efeito, não podemos atingir Deus diretamente, mas pelas
realidades por ele criadas. Aí encontramos a marca do Criador.
      Na liturgia cristã, o pão e o vinho, unidos à palavra de Cristo na celebração
eucarística, tornam o Cristo presente no seio da sua comunidade. Neste caso, o
símbolo torna-se sacramento.

      EXPRESSÃO CORPORAL – é a comunicação do corpo. Nosso modo de olhar,
gesticular, entrar na igreja, tudo revela nosso interior:
          Gestos (abrir os braços, etc. . . );
          Posturas:
              De pé – posição de Cristo Ressuscitado;
              Sentados – posição de quem ouve (aprende);
              Ajoelhados – espírito de humildade e reconhecimento dos próprios erros;
              ato de profunda adoração a Deus;
              Prostrados – é o ato de deitar de bruços no chão. É realizada no início da
              ação litúrgica da sexta-feira santa – entregar-se, pedir intercessão;
              Genuflexão – exprime a fé na presença de Cristo Ressuscitado;
          Movimentos: procissões, danças, encenações, etc. . . (desde que não perturbe
          a celebração);
          Silêncio – Não somente a ausência de palavras ou ruídos. O silêncio é, acima
          de tudo, atitude que envolve a pessoa toda: nas suas dimensões corporal e
          espiritual. Ele:
                 É atitude de fé e reverência da assembléia litúrgica diante de Deus;
                 Oferece condições para que a pessoa penetre mais profundamente o
                 mistério que celebra;
                 É meio para que ressoe no íntimo dos participantes a palavra de Deus,
                 que os conforta e alimenta-lhes a esperança;
                 Leva a pessoa a reconhecer suas potencialidades e seus limites, por
                 isso ela admite que tem muito a aprender de Deus e dos irmãos;
          Ruídos na Comunicação - os obstáculos, atrapalhões, incômodos que
          prejudicam o bom andamento de qualquer comunicação:
                 Andar de lá para cá;
                 Conversar/afinar instrumentos musicais na hora da consagração;
                 O chio do microfone;
                 Outros mais . . .
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                     “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



                  GESTOS, SÍMBOLOS E SINAIS LITÚRGICOS

       Desde os primeiros séculos, os cristãos sentiram a necessidade de expressar
seus louvores a Deus através de gestos, símbolos e sinais que também fossem
compreensíveis aos homens. Assim, com o passar dos séculos, a liturgia da missa se
desenvolveu e enriqueceu mas, devido a uma maior falta de preparo, nem sempre os
fiéis que participam de uma celebração a compreendem totalmente.

      Para aproveitar as inúmeras graças concedidas durante a missa, todo fiel deve
tentar conhecê-la melhor e não simplesmente repetir o que os outros fazem ou dizem,
sem saber o porquê. A missa compreendida pode ser amada e muito bem amada! No
entanto, ninguém ama aquilo que não conhece e, dessa forma, acaba por não se
beneficiar em tudo que poderia...

      Assim como toda a nossa vida, também a missa é formada por diversos gestos,
símbolos e sinais. São meios humanos de se expressar todo o louvor e adoração que
podemos prestar a Deus. Obviamente, tudo isso possui significado dentro da missa.
No entanto, devem ser feitos de maneira lúcida e não de qualquer modo, pois senão
perdem o seu valor e, quando fazemos algo sem saber seu motivo, que valor poderá
ter para Aquele a quem é dirigido? Portanto, toda liturgia é formada por estes três
elementos: sinal, símbolo e gesto.

                                             SINAL

   É algo que significa alguma coisa. Podemos dizer que o sinal ou figura é sempre
menor que o seu significado. Por exemplo: quando colocamos galhos ou ramos de
árvores em uma curva na estrada alertamos para os outros carros que pode haver
algum acidente ou veículo parado na estrada logo após a curva; outro exemplo de
sinal, agora do meio cristão, é o uso da vela: a chama de uma vela acesa significa a
vida eterna, que nunca se acaba. Observe que ambos os exemplos são de
conhecimento universal.

                                          SÍMBOLO

   O símbolo, ao contrário do sinal, exige um conhecimento especial, podendo nada
representar para pessoas que não convivem em determinado meio. Exemplificando,
os primeiros cristãos desenhavam peixes nas catacumbas porque a palavra peixe em
grego (IXTUS) correspondia à abreviação da expressão "Jesus Cristo Filho de Deus
Salvador".
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



                                             GESTOS

    Os gestos são movimentos que fazemos com os membros de nosso corpo ou,
ainda, com todo o corpo, que também possui seus significados. Na missa, nossos
gestos devem ser sinceros, pois senão nada representam. Contudo, quando todos
fazem o mesmo gesto, demonstra-se a unidade da comunidade. Para exemplificar,
levantamos as mãos quando oramos significando súplica e entrega a Deus.

    O ser humano é, ao mesmo tempo, corporal e espiritual. É matéria e espírito. Sua
percepção, pois, das realidades espirituais depende de imagens e de símbolos, e sua
comunicação só é plenamente objetiva na linha de comunhão. Em todas as
civilizações e culturas e em todos os momentos da história, esse dado antropológico é
registrado, sem discussões. O homem percebe as coisas pela linguagem própria, viva
e silenciosa das coisas e se situa - ele próprio - no mundo do mistério. Tendo
consciência de sua realidade transcendente, o homem busca, pois, a comunhão no
mistério, que se dá, sobretudo na linguagem silenciosa dos símbolos.

    De fato, os símbolos nos mostram, em sua visibilidade, uma realidade que os
transcende, invisível. Falam sempre a linguagem do mistério, apontando para além
deles próprios. Por aqui pode-se perceber o quanto é útil e necessária na liturgia esta
linguagem misteriosa dos símbolos, e eles não têm, como objetivo, explicar o mistério
que se celebra, pois o mistério é para ser vivido, mais portanto que ser explicado. A
finalidade dos símbolos é adornar, na linguagem simples das coisas criadas, a
expressão profunda do mistério, que é invisível.

    Todo símbolo litúrgico deve, pois, mergulhar-nos na grandeza do mistério, sem
reduzir este, e sem banalizá-lo, e, como símbolo, deve ser simples, como simples é
toda a criação visível. Sua principal função, sobretudo na liturgia, é, pois, comunicar-
nos aquela verdade inefável, que brota do mistério de Deus e que, portanto, não se
pode comunicar com palavras. Na participação litúrgica devemos passar da
visibilidade do símbolo, isto é, de seu sentido imediato, de significante, para a sua
dimensão mistérica, invisível, atingindo o significado, que é o objetivo final de toda
realidade simbólica. Se o símbolo não nos leva a essa passagem para um nível
superior de crescimento espiritual, ou ele já não tem mais força expressiva, simbólica,
ou somos nós que falhamos na nossa maneira de participar da liturgia. Um exemplo
de perda de significação simbólica, podemos citar a batina dos padres, ou o uso do
véu na igreja pelas mulheres. Insistir, em nossa cultura, no uso de tais símbolos
litúrgicos, seria forçar uma prática já inexpressiva e que até causaria espanto em
muitas cabeças, para não dizer em toda a assembléia.

   Na liturgia - saibamos - tudo, pois, é simbólico. E a liturgia é descrita como ação
simbólica, no sentido mais pleno. Desde a assembléia reunida até a pequenina chama
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



da vela que arde, tudo é expressão simbólica, que nos remete ao abismo do mistério
de Deus. Na compreensão desse dado litúrgico está a beleza de todo ato celebrativo, e
de sua consciência brota já a alegria pascal, como antecipação sacramental das alegrias
futuras, definitivas e eternas.

   Vejamos então algumas noções dos símbolos e procuremos descobrir sua
ministerialidade na liturgia.

01 - ALFAIAS LITÚRGICAS - Nome que se dá ao conjunto dos objetos litúrgicos
usados nas celebrações. Deve-se também considerar aqui a Arte Sacra, que se estende,
por sua vez, a tudo o que diz respeito ao culto e ao uso sagrado. "Com especial zelo a
Igreja cuidou que as sagradas alfaias servissem digna e belamente ao decoro do culto,
admitindo aquelas mudanças ou na matéria, ou na forma, ou na ornamentação que o
progresso da técnica da arte trouxe no decorrer dos tempos" (SC 122c). Aqui, pode-se
ver como a reforma conciliar do Vaticano II se preocupa com a dignidade das coisas
sagradas. Templo, altar, sacrário, imagens, livros litúrgicos, vestes e paramentos, e
todos os objetos devem, pois, manifestar a dignidade do culto, que, como expressão
viva de fé, identifica-se com a natureza de Deus, a quem o povo, congregado pelo
Filho e na luz do Espírito Santo, adora "em espírito e verdade" (Cf. Jo 4,23-24).


                                  LIVROS LITÚRGICOS

02 - MISSAL - Livro usado pelo sacerdote na celebração eucarística.

03 - LECIONÁRIO - Livro que contém as leituras para a celebração. São três:

      I - Lecionário dominical - Contém as leituras dos domingos e de algumas
solenidades e festas.

       II - Lecionário semanal - Contém as leituras dos dias de semana. A primeira
leitura e o salmo responsorial estão classificados por ano par e ímpar. O evangelho é
sempre o mesmo para os dois anos.

      III - Lecionário santoral - Contém as leituras para as celebrações dos santos.
Nele também constam as leituras para uso na administração de sacramentos e para
diversas circunstâncias.

04 - EVANGELIÁRIO - É o livro que contém o texto do evangelho para as celebrações
dominicais e para as grandes solenidades.
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



                                 ESPAÇO CELEBRATIVO

05 - ALTAR - Mesa fixa, podendo também ser móvel, destinada à celebração
eucarística. É o espaço mais importante da Igreja. Lugar onde se renova o sacrifício
redentor de Cristo.

06 - AMBÃO - Chama-se também Mesa da Palavra. É a estante de onde se proclama a
palavra de Deus. Não deve ser confundida com a estante do comentador e do
animador do canto. Esta não deve ter o mesmo destaque do ambão.

07 - CREDÊNCIA - Pequena mesa onde se colocam os objetos litúrgicos, que serão
utilizados na celebração. Geralmente, fica próxima do altar.

08 - PRESBITÉRIO - espaço ao redor do altar, geralmente um pouco mais elevado,
onde se realizam os principais ritos sagrados.

09 - NAVE DA IGREJA - Espaço do templo reservado aos fiéis.

10 - SACRÁRIO - Chama-se também Tabernáculo. É uma pequena urna onde são
guardadas as partículas consagradas e o Santíssimo Sacramento. Recomenda-se que
fique num lugar apropriado, com dignidade, geralmente numa capela lateral.

PÚLPITO - Lugar nas igrejas antigas de onde o presidente fazia a pregação. Hoje,
praticamente não é mais usado.


                                 OBJETOS LITÚRGICOS

11 - CORPORAL - Tecido em forma quadrangular sobre o qual se coloca o cálice com
o vinho e a patena com o pão.

12 - MANUSTÉRGIO - Toalha com que o sacerdote enxuga as mãos no rito do
Lavabo. Em tamanho menor, é usada pelos ministros da Eucaristia, para enxugarem
os dedos.

13 - PALA - Cartão quadrado, revestido de pano, para cobrir a patena e o cálice.

14 - SANGUINHO - Chamado também purificatório. É um tecido retangular, com o
qual o sacerdote, depois da comunhão, seca o cálice e, se for preciso, a boca e os
dedos.

15 -VÉU DE ÂMBULA - Pequeno tecido, branco, que cobre a âmbula, quando esta
contém partículas consagradas. É recomendado o seu uso, dado o seu forte
simbolismo. O véu vela (esconde) algo precioso, ao mesmo tempo que revela (mostra)
possuir e trazer tal tesouro. (O véu da noiva, na liturgia do Matrimônio, tem também
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                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



esta significação simbólica, embora, na prática, não seja assim percebido, muitas vezes
passando como mero adorno de ostentação).

16 - ÂMBULA, CIBÓRIO OU PÍXIDE - É um recipiente para a conservação e
distribuição das hóstias aos fiéis.

17 - CÁLICE - Recipiente onde se consagra o vinho durante a missa.

18 - CALDEIRINHA E ASPERSÓRIO - A caldeirinha é uma pequena vasilha, onde
se coloca água benta para a aspersão. Já o aspersório é um pequeno instrumento com
o qual se joga água benta sobre o povo ou sobre objetos. Na liturgia são inseparáveis.

19 - CASTIÇAL - Utensílio que se usa para suporte de uma vela.

20 - CANDELABRO - Grande castiçal, com várias ramificações, a cada uma das quais
corresponde um foco de luz.

21 - PATENA - Pequeno prato, geralmente de metal, para conter a hóstia durante a
celebração da missa.

22 - BACIA E JARRA - Em tamanho pequeno, contendo a jarra a água, para o rito do
"Lavabo", na preparação e apresentações dos dons.

23 - CÍRIO PASCAL - Vela grande, que é abençoada solenemente na Vigília Pascal do
Sábado Santo e que permanece nas celebrações até o Domingo de Pentecostes.
Acende-se também nas celebrações do Batismo.

24 - CRUZ - Não só a cruz processional, isto é, a que guia a procissão de entrada, mas
também uma cruz menor, que pode ficar sobre o altar.

25 - VELAS - As velas comuns, porém de bom gosto, que se colocam no altar,
geralmente em número de duas, em dois castiçais.

26 - OSTENSÓRIO - Objeto que serve para expor a hóstia consagrada, para adoração
dos fiéis e para dar a bênção eucarística.

27 - CUSTÓDIA - Parte central do Ostensório, onde se coloca a hóstia consagrada
para exposição do Santíssimo. É parte fixa do Ostensório.

28 - LUNETA - Peça circular do Ostensório, onde se coloca a hóstia consagrada, para a
exposição do Santíssimo. É peça móvel.

29 - GALHETAS - São dois recipientes para a colocação da água e do vinho, para a
celebração                              da                                missa.
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30 - HÓSTIA - Pão não fermentado (ázimo), usado na celebração eucarística. Aqui se
entende a hóstia maior. É comum a forma circular.

31 -PARTÍCULA - O mesmo que hóstia, porém em tamanho pequeno e destinada
geralmente à comunhão dos fiéis.

32 - RESERVA EUCARÍSTICA - Nome que se dá às partículas consagradas,
guardadas no sacrário e destinadas, sobretudo aos doentes e à adoração dos fiéis, em
visita ao Santíssimo. Devem ser consumidas na missa seguinte.

33 - INCENSO - É uma resina aromática, extraída de várias plantas, usada sobre
brasas, nas celebrações solenes (Ver também a referência do nº 66).

34 - NAVETA - Pequeno vaso onde se transporta o incenso nas celebrações litúrgicas.

35 - TECA - Pequeno estojo, geralmente de metal, onde se leva a Eucaristia para os
doentes. Usa-se também, em tamanho maior, na celebração eucarística, para conter as
partículas.

36 - TURÍBULO - Vaso utilizado nas incensações durante a celebração. Nele se
colocam brasas e o incenso.


                                  OUTROS SÍMBOLOS

37 - IHS - Iniciais das palavras latinas Iesus Hominum Salvator, que significam: Jesus
Salvador dos homens. Empregam-se sempre em paramentos litúrgicos, em portas de
sacrário e nas hóstias.

38 - ALFA E ÔMEGA - Primeira e última letra do alfabeto grego. No Cristianismo
aplicam-se a Cristo, princípio e fim de todas as coisas.

39 - TRIÂNGULO - Com seus três ângulos iguais (equilátero), o triângulo simboliza a
Santíssima Trindade. É um símbolo não muito conhecido pelo nosso povo.

40 - INRI - São as iniciais das palavras latinas Iesus Nazarenus Rex Iudaerum, que
querem dizer: Jesus Nazareno Rei dos Judeus, mandadas colocar por Pilatos na
crucifixão de Jesus (Cf. Jo 19,19).

41 - XP - Estas letras, do alfabeto grego, correspondem em português a C e R. Unidas,
formam as iniciais da palavra CRISTÓS (Cristo). Esta significação simbólica é, porém,
ignorada por muitos.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                        “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)




                                    VESTES LITÚRGICAS

Vestes usadas pelos ministros ordenados. São elas:

42 - ALVA - Túnica longa, de cor branca.

43 - TÚNICA - O mesmo que alva. Atualmente pode ser de cor neutra.

44 - AMITO - Pano que o ministro coloca ao redor do pescoço antes de outras vestes
litúrgicas.

45 - CASULA - Veste própria do sacerdote que preside a celebração. Espécie de manto
que se veste sobre a alva e a estola.

46 - ESTOLA - Veste litúrgica do sacerdote. Os diáconos também a usam, porém a
tiracolo, sobre o ombro esquerdo, pendendo-a do lado direito.

47 - CAPA PLUVIAL - Capa longa, que o sacerdote usa ao dar a bênção do Santíssimo
ou ao conduzí-lo nas procissões. Usa-se também no rito de aspersão da assembléia.

48 - CÍNGULO - Cordão com o qual se prende a alva ao redor da cintura.

49 -VÉU UMERAL - Chama-se também véu de ombros. Manto retangular, de cor
dourada, usado pelo sacerdote na bênção do Santíssimo.

50 - DALMÁTICA - Veste própria do diácono. É colocada sobre a alva e a estola.




POSIÇÕES CORPORAIS - Na liturgia toda a pessoa é chamada a participar. Sentido,
corpo, espírito. Assim, os gestos corporais são também vivamente litúrgicos. E como
no corpo humano cada membro tem uma função própria, a serviço, porém, de todo o
corpo, assim, na liturgia, cada gesto do corpo recebe um simbolismo próprio, a
serviço de todo o ato celebrativo. Assim, temos:

57 - AS MÃOS - Que ora se erguem em louvor; ora se estendem em abertura e
oferecimento; ora se elevam em súplica; ora se juntam em recolhimento; ora se abrem
em oferta. Também se faz a imposição de mãos nas ordenações.

58 - OS PÉS - Não só caminham nas procissões litúrgicas, em sentido simbólico de
peregrinação, como também se prestam para o ritmo de danças. Na missa da Quinta-
Feira Santa são lavados em memória do mandamento novo da última Ceia do Senhor
com seus discípulos. Podemos pensar nos pés do Cristo Peregrino, nas estradas
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



difíceis da Palestina, identificados com os nossos pés, na difícil caminhada de nossa
vida.

59 - OS OLHOS - Na leitura eucarística, principalmente, os olhos devem ver,
enxergar, contemplar. Aqui o mistério é "visto". Daí, a atenção que se requer para os
movimentos litúrgicos que se realizam no altar.

60 - OS OUVIDOS - Na Liturgia da Palavra, nosso sentido auditivo é chamado a
participar mais vivamente. Trata-se de ouvir, como no Antigo Testamento: "Ouve
Israel...", a oração judaica mais preciosa (o Xemá judaico, no convite de Dt 6,4).

61 - OUTROS MOVIMENTOS E GESTOS CORPORAIS - Podemos falar ainda: de
ajoelhar-se, de prostrar-se, de sentar-se, de ficar de pé, como também de persignar-se,
de traçar o sinal da cruz. Ainda falamos de genuflexão, do gesto sereno da vênia, este
como reverência diante do Santíssimo e de autoridades eclesiásticas. Atente-se pelo
fato de a posição "de pé", na liturgia, ser a mais expressiva, por indicar prontidão e
nos revelar a atitude de ressuscitados. É como Cristo se mostra depois da ressurreição
(Cf. Jo 20,14; 21,4; Ap 5,6).

               SÍMBOLOS LITÚRGICOS LIGADOS À NATUREZA

62 - A ÁGUA - A água simboliza a vida (remete-nos, sobretudo ao nosso batismo,
onde renascemos para uma vida nova). Pode simbolizar também a morte (enquanto
por ela morremos para o pecado). Nesse sentido, ela é mãe e sepulcro, de acordo com
os Santos Padres. (Ver a referência litúrgica do nº 67, em que se fala da água, nos ritos
do Batismo, do Lavabo e do "asperges").

63 - O FOGO - O fogo ora queima, ora aquece, ora brilha, ora purifica. Está presente
na liturgia da Vigília Pascal do Sábado Santo e nas incensações, como as brasas nos
turíbulos. O fogo pode multiplicar-se indefinidamente. Daí, sua forte expressão
simbólica. É símbolo, sobretudo da ação do Espírito Santo (Cf. Eclo 48,1; Lc 3,16; 12,49;
At 2,3; 1Ts 5,19), e do próprio Deus, como fogo devorador (Cf. Ex 24,17; Is 33,14; Hb
12,29).

64 - A LUZ - A luz brilha, em oposição às trevas, e mesmo no plano natural é
necessária à vida, como a luz do sol. Ela mostra o caminho ao peregrino errante. A luz
produz harmonia e projeta a paz. Como o fogo, pode multiplicar-se indefinidamente.
Uma pequenina chama pode estender-se a um número infinito de chamas e destruir,
assim, a mais espessa nuvem de trevas. É o símbolo mais expressivo do Cristo Vivo,
como no Círio Pascal. A luz e, pois, a expressão mais viva da ressurreição.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



65 - O PÃO E O VINHO - Símbolos do alimento humano. Trigo moído e uva
espremida, sinais do sacrifício da natureza, em favor dos homens. Elementos tomados
por Cristo para significarem o seu próprio sacrifício redentor.

66 - O INCENSO - Como se falou no número 33, com sua especificidade aromática.
Sua fumaça simboliza, pois, a oração dos santos, que sobe a Deus, ora como louvor,
ora como súplica (Cf. Sl 140(141)2; Ap 8,4).

67 - O ÓLEO - Temos na liturgia os óleos dos Catecúmenos, do Crisma e dos
Enfermos, usados liturgicamente nos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Unção
dos Enfermos. Nos três sacramentos, trata-se do gesto litúrgico da unção. Aqui vemos
que o objeto - no caso, o óleo - além de ele próprio ser um símbolo, faz nascer uma
ação, isto é, o gesto simbólico de ungir. Tal também acontece com a água: ela supõe e
cria o banho lustral, de purificação, como nos ritos do Batismo e do "lavabo"
(abluções), e do "asperges", este em sentido duplo: na missa, como rito penitencial, e
na Vigília do Sábado Santo, como memória pascal de nosso Batismo. A esses gestos
litúrgicos e tantos outros, podemos chamar de "símbolos rituais". A unção com o óleo
atravessa toda a história do Antigo Testamento, na consagração de reis, profetas e
sacerdotes, e culmina no Novo Testamento, com a unção misteriosa de Cristo, o
verdadeiro Ungido de Deus (Cf. Is 61,1; Lc 4,18). A palavra Cristo significa, pois,
ungido. No caso, o Ungido, por excelência.

68 - AS CINZAS - As cinzas, principalmente na celebração da Quarta-Feira de Cinzas,
são para nós sinal de penitência, de humildade e de reconhecimento de nossa
natureza mortal. Mas estas mesmas cinzas estão intimamente ligadas ao Mistério
Pascal. Não nos esqueçamos de que elas são fruto das palmas do Domingo de Ramos
do ano anterior, geralmente queimadas na Quaresma, para o rito quaresmal das
cinzas.

      Encerrando esse pequeno subsídio, guardemos então que toda a liturgia é ação
simbólica. Assim, poderíamos ainda falar: do templo, da assembléia, dos sinos, do
jejum, da esmola, das bênçãos, da ceia, da coroa do Advento, da palma, das flores, do
anel, do canto, do abraço, da música, do cordeiro, da hóstia, dos ícones, do
confessionário, do batistério, da arte sacra (em toda a sua vasta extensão) etc., como
também, ainda, de tudo aquilo que diz respeito aos sentidos, tais como: olfato: o
cheiro do incenso e das flores; paladar: o gosto do pão e do vinho; tato: o toque, seja
na imposição de mãos de ritos sagrados, seja nas mãos que se unem às dos irmãos,
seja no toque de coisas sagradas; visão e audição: como se falou nos nºs. 59 e 60 deste
trabalho etc.. Enfim, é todo um universo simbólico, que nos convida a mergulhar cada
vez mais no mistério infinito do amor de Deus.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)




                                 CANTOS LITÚRGICOS

                           A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA

     Desde o início do Cristianismo, a música ocupa lugar de destaque nas
cerimônias litúrgicas. Nascida dentro de uma comunidade judaica, a Igreja cristã já
empregava em suas primeiras reuniões e práticas rituais a música cantada e tocada,
herdada da liturgia judaica.

      A música é uma das mais belas manifestações do espírito humano e, como tal,
não poderia deixar de fazer parte das celebrações litúrgicas da nossa Igreja. Mais do
que qualquer outra forma de expressão artística, a música consegue expressar os mais
variados sentimentos humanos: alegria, tristeza, paz, louvor, etc...

       Este riquíssimo recurso, frequentemente colocado à disposição da liturgia,
possibilita que as celebrações se tornem mais belas e ofereçam um justo louvor a
Deus. A música, juntamente com outros elementos utilizados pela liturgia (cores,
paramentos, objetos sagrados, etc.), serve de mediação entre Deus e os homens.
Assim, deve ser executada com seriedade e cuidado, para que o fim a que se destina
seja alcançado: a edificação dos fiéis e o louvor a Deus.

                                     PRINCÍPIO GERAL

1 - Em todos os estudos sobre o canto e a música na liturgia, devemos ter bem claro o
princípio fundamental formulado pelo Concílio Vaticano II: "... a música sacra será
tanto mais santa, quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica..." (SC 112c).
E ainda: "Uma autêntica celebração exige também que se observe exatamente o
sentido e a natureza próprios de cada parte e de cada canto..." (MS 6b). Conclusão:
Quanto mais gerais forem os textos dos cantos e menos ligados à ação litúrgica ou ao
tempo e à festa, tanto menos litúrgicos serão eles, pois o importante é cantar a liturgia,
e não simplesmente cantar na liturgia, como tantas vezes acontece.

2 - Traduzindo o pensamento conciliar e o ensinamento da Igreja, queremos dizer,
inicialmente, que, na liturgia, não se canta por cantar. Não se canta para encher
espaço ou cobrir possíveis vazios na celebração. Também não se canta por ser o canto
bonito e cheio de mensagens, simplesmente. O canto, na liturgia, não é divertimento
nem se destina a tornar a celebração mais leve, mais agradável, mais movimentada. O
canto litúrgico nunca pode ser mero enfeite, pois ele tem, na celebração, uma função
ministerial, que lhe é própria. Às vezes, porém, certos cantos nos deixam a impressão
de estarem apenas embelezando o momento celebrativo.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



3 - Diga-se, para maior consciência de todos nós, que não existe festa sem canto, nem
celebração sem música, e a liturgia deve ser, pela sua natureza laudatória, uma festa,
antes de tudo. Uma celebração, pois, sem canto é uma celebração morta, apagada. Em
todas as culturas e em todas as civilizações, o canto sempre constitui alegria de um
povo, ou então marca de suas angústias, de seus sonhos e de suas aspirações. Na
liturgia, esse dado fundamental da fenomenologia antropológica é ainda mais
evidente.

4 - Na liturgia, o canto une as pessoas, anima e dá vida à celebração. Facilita passar de
"uma só voz" a "um só coração", e, finalmente, a "uma só alma", como se vê na
espiritualidade das comunidades primitivas. Podemos, pela liturgia, unir nossa voz à
dos anjos, sendo realmente nosso canto exultação de um povo feliz e redimido.

5 - Na linguagem bíblica e litúrgica, canto se associa ao Espírito Santo, e espírito tem
relação com sopro, vento. O Espírito de Deus suscita em nós o "som", a vibração
correta, que nos faz pensar e sentir em uníssono com o próprio Deus. O canto produz,
pois, a harmonia universal. Aliás, a palavra "canto" já tem um sentido etimológico de
"harmonia". Assim, podemos dizer que a criação, na sua harmonia, é um canto de
louvor a Deus, e a liturgia, nas palavras de Paulo VI, é o louvor de Deus, na
linguagem de um povo orante.

6 - O canto ainda amplia o sentido das palavras e, por outro lado, sonda o mais
profundo da interioridade do ser, cativa e faz brotar os sentimentos mais puros e
profundos da alma humana. Ele liberta-nos dos limites da palavra, do racionalismo
intelectual, do mero conceito, para dar-nos uma projeção do infinito e do indizível, na
alegria que faz o coração exultar diante do mistério. É nesse sentido que São Tiago
pergunta e, ao mesmo tempo, responde: "Está alguém alegre? Então cante!" (Cf. Tg
5,13b).

7 - Devemos vivenciar juntos a profundidade espiritual de um canto, pois a música,
na liturgia, é chamada a uma densidade teológica e espiritual à altura do mistério que
nela celebramos. Por isso, não se pode escolher qualquer canto e qualquer música
para a liturgia, pois, como já vimos, ela deve aderir-se à natureza da liturgia, na sua
funcionalidade ministerial. A letra e a música deverão, assim, ser feitas no Espírito,
levando-se em conta a situação ritual do canto.

8 - O canto, no cumprimento das exigências da liturgia, deve trazer texto, ritmo e
melodia prenhes, isto é, grávidos do mistério de Deus, pois a primeira linguagem do
canto, sobretudo litúrgico, é a do inefável, do mistério. Portanto, deve trazer ele as
qualidades essenciais ao mistério: primeiramente, teológica, isto é, com a correta
formulação doutrinária (ortodoxia católica); depois, espiritual, ou seja, capaz de nos
elevar e edificar; também bíblica, quer dizer, com aquele espírito próprio da revelação
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO
                      “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)



divina e com ele facilmente identificável; não dispensando também a qualidade
mistagógica, isto é, aquela experiência vivencial da Igreja que, na simplicidade,
manifesta o reino de Deus. Por último, aparece ainda, como exigência, segundo Ione
Buyst, a qualidade estética, com as notas do poético e do musical, sempre com a força
evocativa e simbólica, tendo espaço: para o mistério, para o silêncio meditativo, para o
vôo contemplativo.

9 - Um canto só é, pois, litúrgico, voltamos a dizer, quando serve à liturgia, dentro das
exigências desta. Fora da celebração, mesmo com todas as qualidades litúrgicas,
torna-se simplesmente um canto sacro, religioso. Isto, porém, não quer dizer que todo
canto religioso serve para a liturgia. Os letristas e compositores, a propósito, são
chamados pelo Concílio Vaticano II a se instruírem no mistério litúrgico, a fim de
comporem textos e músicas que enriqueçam ainda mais o tesouro da eucologia cristã.

                     DISTINÇÃO DE CANTOS NA LITURGIA

10 - Visto que os cantos, na liturgia, não são genéricos, mas funcionais, costuma-se
fazer uma distinção entre eles, de acordo com a sua ministerialidade. Assim, podem
ser classificados:

I - Cantos processionais - São aqueles que acompanham as procissões litúrgicas.
Temos então, com relação à missa: o canto de entrada, o de aclamação ao Evangelho
(quando se faz a procissão deste), o da procissão das oferendas, o da comunhão e o
canto final (quando este acompanha a saída do povo).

II - Cantos interlecionais - São os que ficam entre as leituras bíblicas (O salmo
responsorial e a aclamação ao Evangelho).

III - Cantos fixos ou ordinários - Os que não variam com o tempo litúrgico ou a festa
(O Glória, o Santo, o Kirye e o Cordeiro de Deus).

IV - Cantos próprios - Os que variam de acordo com o tempo litúrgico, festa ou
solenidade.

V - Cantos litânicos - Os que têm a forma de ladainha (Ato penitencial e Cordeiro de
Deus).

VI - Cantos antifonais ou alternados - Os que se cantam alternando-se: coro e povo,
homens e mulheres (O canto alternado ou antifonal embeleza muito a celebração, mas
quase não se pratica. A criatividade pastoral deveria usar mais este recurso).

VII- Cantos responsoriais - No canto responsorial, as estrofes são cantadas pelo coral
ou por um solista, aqui chamado então salmista. O povo só participa com o refrão.
Exemplo de canto responsorial é o salmo depois da primeira leitura.
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Liturgia como continuidade da obra de Cristo

  • 1. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) ÍNDICE PRIMEIRO MÓDULO - SAGRADA LITURGIA INTRODUÇÃO À SAGRADA LITURGIA 01 DOCUMENTO “MAGNO” DA IGREJA SOBRE A LITURGIA 03 PRINCÍPIOS E DIMENSÕES DA LITURGIA 05 ANO LITÚRGICO 07 ANO LITÚRGICO (RESUMO) 14 PASTORAL LITÚRGICA 16 MANUAL PARA EQUIPES DE LITURGIA 17 COMUNICAÇÃO LITÚRGICA 25 SÍMBOLOS LITÚRGICOS 27 CANTOS LITÚRGICOS 36 ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA 41 A MISSA PARTE POR PARTE 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS 53 ORAÇÃO VOCACIONAL 60
  • 2. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) PRIMEIRO MÓDULO - SAGRADA LITURGIA INTRODUÇÃO À SAGRADA LITURGIA Liturgia não é somente a “Festa do Rei Jesus...” Um dos nossos maiores pecados hoje em dia é reduzirmos o assunto liturgia à celebração da missa e defini-la apenas como um conjunto de rituais e orações que nos levam ao céu. E tudo isso fruto de uma crescente automação religiosa, que podemos perceber a cada domingo em nossas assembléias litúrgicas. As pessoas vão à missa sem saber o porque de estarem ali e nem o que está acontecendo perante elas. São meros espectadores do preceito dominical ensinado por seus pais. Talvez seja por isso que nós católicos sejamos tão criticados. Destinados àqueles que querem assumir em plenitude o mistério que Cristo confiou à sua Igreja, e romper com “tradicionalismos”, este manual, de maneira simples e objetiva, abordará de um modo geral a liturgia em si. Uma breve palavra sobre história da salvação . . . O gráfico acima é uma representação do plano de salvação de Deus para a humanidade. Vale aqui recordar que o sentido da palavra “salvar” em Teologia significa “unir com Deus”. O gráfico mostra como Deus, após a queda original, age na história da humanidade, até que esta assuma sua plenitude, conforme os planos originais do Pai (I Jo 3,2). E como se dá a ação do Pai na história? Ela é essencialmente Cristológica. Cristo é o nosso intercessor ao longo de toda história (Ef 1), por ele somos salvos. De fato, Cristo esteve presente no início da história, pois todas as coisas foram criadas nele (Jo 1,3). Está presente junto ao povo da antiga aliança, através da promessa, manifestada através dos patriarcas e profetas. Encarna-se na plenitude dos tempos, salvando-nos definitivamente através de sua paixão, morte e ressurreição. Ascende aos céus, prometendo permanecer conosco até o fim dos tempos (Mt 28,20). Presença essa mística, manifesta em sua Igreja e em seus sacramentos - a liturgia. No final dos tempos Cristo retornará para levar toda criação à plenitude.
  • 3. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) Definição Após considerarmos estes aspectos, podemos apropriar-nos da definição que a Igreja faz da liturgia: “Liturgia é uma ação sagrada, através da qual, com ritos, na Igreja e pela Igreja, se exerce e prolonga a obra sacerdotal de Cristo, que tem por objetivos a santificação dos homens e a glorificação de Deus” (SC 7). Em outras palavras, a liturgia é a continuidade do plano de salvação do Pai, através da presença mística de Cristo nos sacramentos, que são administrados e perpetuados pela Igreja. Note-se, à Igreja cabe a missão de continuar a obra de Cristo, que se dá, sobretudo, através da liturgia. Sem liturgia, não há Igreja e sem Igreja não há liturgia. E sem liturgia não há continuidade no mistério da salvação da humanidade. Mesmo com todo o empenho dos liturgistas brasileiros, muitos desafios continuam nos convidando a não descuidarmos da liturgia, continuam lembrando que a implantação da reforma entre nós permanece em aberto, interpelando nossa coragem, nosso esforço, nosso estudo, formação, ação, dedicação, etc. . . Entre alguns desafios, destaco: - A participação ativa do povo (parece que só o Padre participa da celebração); - A formação Litúrgica de modo geral (a maioria dos fiéis desconhece os ritos, os símbolos, etc. . . ); - A linguagem Litúrgica, desconhecida pelos fiéis; - O Canto e a música litúrgica (muitas vezes a Missa acaba sendo um show, com baterias, etc. . , menos a celebração do mistério); - A Adaptação da liturgia às culturas, aos lugares e às pessoas (creio ser o maior desafio com relação à inculturação);
  • 4. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) DOCUMENTO “MAGNO” DA IGREJA SOBRE A LITURGIA No ano que findou inúmeros documentos do magistério foram escritos, relembrando os 40 anos da Sacrosanctum Concilium (carta magna da Liturgia). O Santo Padre João Paulo II também nos presenteou com a Carta Apostólica: Spiritus et Sponsa de 4 de dezembro de 2003. Gostaríamos, à luz destes documentos focalizar alguns aspectos fundamentais para uma verdadeira vivência da Liturgia. Há na liturgia um princípio básico: a liturgia é em primeiro lugar "a obra de Deus em nós" antes de ser nossa obra para Deus. A liturgia é, em sua própria essência, um datum, um dom. Ela nos ultrapassa e existe bem antes que tenhamos podido nela participar. O sujeito ativo da liturgia é Cristo ressuscitado. É ele o primeiro e único Sumo Sacerdote, o único capaz de oferecer o culto a Deus e santificar a assembléia. Não se trata apenas de uma verdade teológica abstrata; o fato deve tornar-se evidente e visível na liturgia. O coração da liturgia já se encontra nos gestos da sua instituição pelo Senhor. Não quer dizer que a pessoa ou comunidade que celebra não tenha jamais poder ou autorização de apelar para sua criatividade. A comunidade é criadora, mas não é uma "instância de criação". Doutra forma, a liturgia não seria mais epifania dos mistérios de Cristo através do serviço da Igreja, a continuação de sua encarnação, crucifixão e ressurreição, a "encarnação" dum projeto divino na história e no mundo das pessoas humanas, por meio de símbolos sagrados. Em tal situação, a liturgia nada mais seria do que auto-celebração da comunidade. A liturgia "preexiste". A comunidade que celebra nela penetra como numa arquitetura preestabelecida, divina e espiritual. Em certa medida, é igualmente determinada pelo lugar de Cristo e de seus mistérios na história. A Eucaristia não é em si uma "refeição sagrada" mas antes a atualização de uma refeição espiritual; aquele que Cristo tomou com os discípulos na véspera de sua paixão. Neste sentido, a liturgia não pode jamais tornar-se uma fina refeição da comunidade celebrante. Não somos criadores; somos servos e guardas dos mistérios. Não somos proprietários, nem autores. A atitude fundamental do homo liturgicus (homem litúrgico) - pessoal e coletivamente - supõe a receptividade, a escuta, o dom de si e a capacidade de se relativizar. É a atitude de fé e da obediência fiel. Não é porque uma caricatura desta atitude de obediência conduziu no passado a um levantamento e a um rubricismo servil e absurdo que se viu diminuindo o senso de "penetrar naquilo que nos ultrapassa". O homo liturgicus não manipula e o gesto que ele faz não se reduz a uma pressão de si ou a um desabrochar pessoal. É uma atitude de orientação para Deus, de escuta, de obediência, acolhimento reconhecido, de encantamento, de adoração e de louvor. É atitude que consiste em escutar e ver, e que Guardini (grande liturgista alemão)
  • 5. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) denominava "contemplar", atitude desconhecida do homo faber (homem produtor) de muitos de nós. Em resumo, a atitude fundamental do homo liturgicus é uma atitude de oração, de oferta de nós mesmos a Deus para que sua vontade se cumpra em nós. Não é de surpreender que numa época como a nossa, que intervém ativamente na realidade cotidiana e submete esta realidade ao pensamento científico e à perícia tecnológica, seja particularmente difícil uma atitude litúrgica. A dimensão "contemplativa" da pessoa humana hoje não é mais evidente, nessas condições; o cerne da liturgia é ainda menos evidente. A participação ativa deve, pois, ser recolocada nessa atitude "contemplativa" e ter, por conseguinte suas características específicas. Ao se tratar de liturgia, é necessário ater-se á seguinte regra: primeiro a experiência, primeiro "viver" a liturgia, e em seguida refletir e explicar. Os olhos do coração devem abrir-se antes dos olhos do intelecto porque só se entende de fato a liturgia com a inteligência do coração. Tudo isso tem conseqüências para as equipes de liturgia. Os que querem atuar sobre a liturgia, deverão primeiro escutar o tema com atenção e participar da celebração da liturgia em seu estado atual. Sem isso, toda meta litúrgica nada mais será do que "expressão de si próprio" em vez de modelar uma entidade já constituída, que mergulha as raízes na tradição litúrgica do Antigo e do Novo Testamento e na Tradição viva da Igreja. O liturgista digno deste nome começa por escutar, meditar, rezar e interiorizar. Só depois pode "modular".Aqui está a mística da verdadeira reforma litúrgica como a sonhou o Concílio Vaticano II.
  • 6. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) PRINCÍPIOS E DIMENSÕES DA LITURGIA “Lex orandi, lex credendi” Para uma profunda consciência de liturgia, numa visão geral e num aprendizado sério, assimilando o ensinamento tradicional da Igreja sobre o mistério litúrgico, devemos inicialmente dizer que a norma da oração é a norma da fé, ou seja, aquilo que rezamos é aquilo que cremos. Daí, o adágio litúrgico: “Lex orandi, lex credendi”. Portanto, não rezamos e cantamos na liturgia, mas rezamos e cantamos a liturgia. Este princípio fundamental está a exigir profunda mudança na nossa pastoral litúrgica, em sentido amplo, o que, às vezes, não tem sido objeto de reflexão. A LITURGIA COMO “AÇÃO SIMBÓLICA” A palavra liturgia (do grego “laos”, que significa povo, e “ergon”, que significa obra, trabalho,) é algo que se faz. Etimologicamente, e em sentido primitivo, liturgia significa, pois, serviço do povo, e no vocabulário teológico da Igreja, mesmo com as reformulações mais atuais e expressivas, significa, sempre, celebração do povo, enquanto assembléia por Deus convocada. Não é portanto a liturgia discurso, mas prática, atividade, ação. Em documentos de liturgia, é traduzida, com acerto, como ação sagrada ou ação simbólica. O conceito de ação é, pois, empregado com frequência pelos textos do Concílio Vaticano II, unido aos adjetivos “eclesial”, “sagrada”, “pastoral” ou “apostólica”, destacando-se a ênfase dada à liturgia como ação sagrada por excelência, onde nenhuma outra ação da Igreja se encontra no mesmo nível (Cf. SC 7d). Toda a liturgia é, portanto, ação simbólica, que, servindo-se de sinais sensíveis e visíveis, aponta para o mistério insondável de Deus. A LITURGIA COMO EXERCÍCIO DO SACERDÓCIO DE CRISTO A liturgia, como se vê, não é mera devoção, catequese ou simplesmente ocasião de culto. É ação de Cristo no projeto redentor de Deus, que se faz visível na Igreja. Aqui, o grande liturgo é, verdadeiramente, Cristo, no exercício de seu sacerdócio real, ao qual, pelo batismo, ele incorpora todos os fiéis. Esta ação, sagrada por excelência, volta a dizer, aponta para o compromisso libertador e missionário de todo o povo de Deus.Focalizando ainda outros princípios e dimensões da liturgia, podemos dizer que ela é: TRINITÁRIA: Nesta dimensão, o Pai é fonte da liturgia; o Filho, sua centralidade, e o Espírito Santo, sua alma, seu sopro vitalizante. Sendo, pois, Cristo o centro da liturgia, a Igreja ensina que o coração desta, isto é, o seu núcleo vital, é o Mistério
  • 7. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) Pascal, com toda a sua eficácia redentora. Daí, a ênfase litúrgica, sempre, mas principalmente na grande doxologia: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo...”. MISTÉRICA: A liturgia contém o mistério de Deus, que a Igreja anuncia, celebra e procura viver na dinâmica e na espiritualidade do Evangelho. E como a liturgia abarca o mistério divino, ela é também, como consequência, mistério, e, como tal, escapa ao conhecimento simplesmente racional. De fato a liturgia não se limita ao espaço temporal, mas é celebrada eternamente no céu, e do céu é trazida por Cristo, como o cântico de louvor que ressoa vivamente nas moradas celestes. Também não é - diga-se - função da liturgia discursar sobre o mistério, mas celebrá-lo e vivê-lo na simplicidade dos símbolos. Na liturgia, o mistério não é, pois, racionalizado, como nos estudos teológicos, mas vivido e celebrado, mesmo então por gente simples, uma vez que o sujeito primeiro da liturgia é a assembléia celebrante, na sua diversidade cultural e de ministérios. COMUNITÁRIA: Na catequese litúrgica deve-se enfatizar que a liturgia não é individual, subjetiva, mas ação da Igreja, portanto ação comunitária, centrada, como já se falou, no Mistério Pascal de Cristo, que se celebra sobretudo na Eucaristia. Na liturgia, o “eu” individual, psicológico, cede lugar ao “nós” comunitário e litúrgico, em verdadeira participação, sem perder, porém, a sua identidade pessoal. BÍBLICA: Nesta dimensão, a Palavra de Deus se faz, sacramentalmente, palavra de salvação, e o sacrifício redentor de Cristo dá às celebrações eficácia redentora. Por isso, na liturgia, a Palavra de Deus não é simplesmente lida, mas proclamada, celebrada, para ser devidamente ouvida e vivida. HIERÁRQUICA: Quando se diz que a liturgia é hierárquica, diz-se que ela se identifica com a natureza da Igreja. Portanto, é exercida em graus diversos, mas na unidade da assembléia celebrante. Na hierarquia, tanto da Igreja como da liturgia, tudo é serviço que se presta ao povo de Deus e a Deus. A dimensão hierárquica da liturgia é, pois, de longo alcance: diz respeito ao tempo litúrgico, às próprias celebrações, aos ritos, aos cantos etc.. ESCATOLÓGICA: Com esta dimensão, o Concílio Vaticano II ensina que a liturgia antecipa, no tempo, a glória futura dos filhos de Deus, e a ela se ordena. “Na liturgia terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos” (Cf. SC nº 8).
  • 8. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) LAUDATÓRIA: A liturgia é puro louvor de Deus, na linguagem de um povo orante, que Cristo inaugurou nesta terra de exílio, e que a Igreja repete pelos séculos, na maravilhosa variedade de suas formas (Cf. Constituição Apostólica “Cântico de Louvor”, de Paulo VI). É, pois, a mais viva expressão da Igreja e verdadeira epifania da comunhão sobrenatural, tornando-se, na verdade, manifestação visível da comunhão invisível. ANO LITÚRGICO Nos inícios da Igreja, todo Domingo era dia de Páscoa. Os cristãos se reuniam para celebrar a ressurreição de Jesus. Aos poucos, os cristãos foram percebendo que o Mistério Pascal de Jesus está presente no mistério da vida de todos os dias. Cristo continua nascendo, vivendo, morrendo e ressuscitando na vida da Igreja. Não era mais possível recordar tudo isso num só Domingo. Foi por isso que surgiu o que hoje conhecemos por ANO LITÚRGICO. A Igreja percebeu que era melhor celebrar os mistério da vida de Cristo ao longo do ano. Este ano não coincide com o ano civil, que começa no dia primeiro de janeiro e termina em trinta e um de dezembro. O ano litúrgico começa no advento, passa pelo Natal e pela Epifania, continua na Quaresma, Semana Santa e Páscoa, atravessa a Ascensão e Pentecostes e termina com o tempo comum, na festa de Cristo Rei. Ao longo deste ano são recordados os principais fatos e ensinamentos da vida de Cristo. A equipe de Liturgia precisa estar muito atenta ao Ano Litúrgico. Cada época tem a sua mensagem própria. Os comentários, cartazes e canções precisam estar em sintonia com esta mensagem. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 01 - Chama-se Ano Litúrgico o tempo em que a Igreja celebra todos os feitos salvíficos operados por Deus em Jesus Cristo. "Através do ciclo anual, a Igreja comemora o mistério de Cristo, desde a Encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor" (NUALC nº 43 e SC nº 102). 02 - Ano Litúrgico é, pois, um tempo repleto de sentido e de simbolismo religioso, de essência pascal, marcando, de maneira solene, o ingresso definitivo de Deus na história humana. É o momento de Deus no tempo, o "kairós" divino na realidade do mundo criado. Tempo, pois, aqui entendido como tempo favorável, "tempo de graça e de salvação", como nos revela o pensamento bíblico (Cf. 2Cor 6,2; Is 49,8a).
  • 9. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) 03 - As celebrações do Ano Litúrgico não olham apenas para o passado, comemorando-o. Olham também para o futuro, na perspectiva do eterno, e fazem do passado e do futuro um eterno presente, o "hoje" de Deus, pela sacramentabilidade da liturgia (Cf. Sl 2,7; 94(95)7; Lc 4,21; 23,43). Aqui, enfatiza-se então a dimensão escatológica do Ano Litúrgico. 04 - O Ano Litúrgico tem como coração o Mistério Pascal de Cristo, centro vital de todo o seu organismo. Nele palpitam as pulsações do coração de Cristo, enchendo da vitalidade de Deus o corpo da Igreja e a vida dos cristãos. TEMPO CÓSMICO E VIDA HUMANA 05 - Como sabemos, a comunidade humana vive no tempo, sempre em harmonia com o ano natural ou cósmico, com as mudanças básicas e salutares das quatro estações climáticas. Estas como que dinamizam a vida humana, quebrando-lhe toda possível rotina existencial. A pessoa é, pois, chamada a viver toda a riqueza natural da própria estação cósmica. Na organização da sociedade humana, o ano cósmico é chamado ano calendário ou ano civil. Nele, as pessoas, em consenso universal, desenvolvem as tarefas da atividade humana. ANO LITÚRGICO E PROJETO DE DEUS 06 - Como a vida humana, no seu aspecto natural, se desenvolve no clima salutar do ano cósmico, assim também a vida cristã, na plena comunhão com Deus, vai viver o projeto do Senhor numa dinâmica litúrgica própria de um ano específico, chamado, como vimos, Ano Litúrgico. 07 - O Ano Litúrgico não deve, porém, ser visto como um concorrente do ano civil, porque, mesmo este, é um dom do Criador. Deus, inserindo-se no tempo, através de Cristo, pela Encarnação, santificou ainda mais o tempo. Por isso, todo o tempo se torna também tempo de salvação. SIMBOLISMO DO ANO LITÚRGICO 08 - O Ano Litúrgico tem no círculo a sua simbologia mais expressiva, pois o círculo é imagem do eterno, do infinito. Notamos isso, olhando uma circunferência. Ela não tem começo nem fim, pois, nela, o fim é um retorno ao começo. Não, porém, um retorno exaustivo, rotineiro, mas verdadeiramente um começo sempre novo, de vitalidade essencial.
  • 10. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) 09 - O círculo é, pois, imagem da vida eterna, e a vida eterna, como sabemos, não clama por progresso, visto não existir na eternidade carência, de forma alguma. A vida eterna - podemos afirmar - permanece em constante plenitude. 10 - Cada ano litúrgico, que celebramos e vivemos, deve ser um degrau que subimos rumo à eternidade do Pai. Em outras palavras, deve ser um crescendo cada vez mais vivo rumo à pátria celeste. Celebrar o Ano Litúrgico é como subir a montanha de Deus, não de maneira esportiva, como alpinista, mas como peregrino do Reino, onde, a cada subida, sente-se mais perto de Deus. RITMO CÓSMICO DO ANO LITÚRGICO 11 - Como se sabe, o ano civil está inteiramente identificado com o ciclo solar, regendo-se pelos ditames das quatro estações, mas marcado também pelo movimento lunar, onde se contam as semanas. Ano, mês e dia, como frações do tempo, aqui se harmonizam, no desenvolvimento da vida humana. 12 - Na datação cósmica do Ano Litúrgico, seguindo a tradição judaica, os cristãos, no Hemisfério Norte, vão escolher, para a celebração anual da Páscoa, o equinócio da primavera, por este ser ponto de equilíbrio, de harmonia, de duração igual da noite e do dia, de equiparação, pois, entre horas de luz e horas de escuridão, momento de surgimento de vida nova na natureza e de renascimento da vida. Além da estação das flores, no Hemisfério Norte há ainda o simbolismo suplementar da lua cheia, dando a entender que, na ressurreição de Cristo, o dia tem vinte e quatro horas de luz. 13 - No Hemisfério Sul, onde vivemos, não estaremos, contudo celebrando a Páscoa na primavera, mas no outono, dada a inversão do equinócio nos dois hemisférios. Daí, a polêmica entre estudiosos da liturgia, os quais reclamam uma data universal, fixa, para a Páscoa, não levando em conta a situação lunar, mas a solar. A Igreja está estudando essa problemática que, ao que tudo indica, virá no futuro. 14 - Nota explicativa: A Igreja, hoje, celebra a Páscoa não no dia quatorze do mês de Nisã, isto é, na data da páscoa judaica, como celebravam os cristãos da Ásia Menor e da Síria, mas no domingo seguinte, acabando assim com a controvérsia pascal do século segundo, por determinação do Concílio de Nicéia. 15 - Para a celebração do Natal, a evolução litúrgica vai escolher outro núcleo do ano. Este outro momento é o solstício de inverno, o "dies natalis solis invictus", ou seja, o "dia de nascimento do sol invicto". Isto também no Hemisfério Norte, pois, no Hemisfério Sul, nós nos encontramos em pleno verão. Neste tempo, os dias começam a crescer, e o sol, parecendo exausto e exangue, depois de uma longa marcha anual, renasce vivo e surpreendente. É neste contexto, do "Sol Invicto", solsticial, que vai
  • 11. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) aparecer na face da Terra "o verdadeiro Sol Nascente" (Cf. Lc 1,78), isto é, Cristo Jesus Nosso Senhor. Também a antífona da Liturgia das Horas, do dia 24 de dezembro, inspirando-se no Sl 19,5-6, na sua realidade cósmico-histórico-salvífica, vai cantar belamente: "Quando o sol sair, vereis o Rei dos reis que vem do Pai, como o esposo sai da sua câmara nupcial". QUANDO SE INICIA O ANO LITÚRGICO? 16 - Diferente do ano civil, mas, como foi dito, não contrário a ele, o Ano Litúrgico não tem data fixa de início e de término. Sempre se inicia no primeiro Domingo do Advento, encerrando-se no sábado da 34ª semana do Tempo Comum, antes das vésperas do domingo, após a Solenidade de Cristo Rei do Universo. Esta última solenidade do Ano Litúrgico marca e simboliza a realeza absoluta de Cristo no fim dos tempos. Daí, sua celebração no fim do Ano Litúrgico, lembrando, porém, que a principal celebração litúrgica da realeza de Cristo se dá, sobretudo no Domingo da Paixão e de Ramos. 17 - Mesmo sem uma data fixa de início, qualquer pessoa pode saber quando vai ter início o Ano Litúrgico, pois ele se inicia sempre no domingo mais próximo de 30 de novembro. Na prática, o domingo que cai entre os dias 27 de novembro e 3 de dezembro. A data de 30 de novembro é colocada também como referencial, porque nela a Igreja celebra a festa de Santo André, apóstolo, irmão de São Pedro, e Santo André foi, ao que tudo indica, um dos primeiros discípulos a seguir Cristo (Cf. Jo 1,40). ANO LITÚRGICO E DINÂMICA DA SALVAÇÃO 18 - Tendo como centro o Mistério Pascal de Cristo, todo o Ano Litúrgico é dinamismo de salvação, onde a redenção operada por Deus, através de Jesus Cristo, no Espírito Santo, deve ser viva realidade em nossas vidas, pois o Ano Litúrgico nos propicia uma experiência mais viva do amor de Deus, enquanto nos mergulha no mistério de Cristo e de seu amor sem limites. O DOMINGO, FUNDAMENTO DO ANO LITÚRGICO 19 - O Concílio Vaticano II (SC nº 6), fiel à tradição cristã e apostólica, afirma que o domingo, "Dia do Senhor", é o fundamento do Ano Litúrgico, pois nele a Igreja celebra o mistério central de nossa fé, na páscoa semanal que, devido à tradição apostólica, se celebra a cada oitavo dia. 20 - O domingo é justamente o primeiro dia da semana, dia da ressurreição do Senhor, que nos lembra o primeiro dia da criação, no qual Deus criou a luz (Cf. Gn 1,3-5). Aqui, o Cristo ressuscitado aparece então como a verdadeira luz, dos homens e das
  • 12. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) nações. Todo o Novo Testamento está impregnado dessa verdade substancial, quando enfatiza a ressurreição no primeiro dia da semana (Cf. Mt 28,1; Mc 16,2; Lc 24,1; Jo 20,1; como também At 20,7 e Ap 1,10). 21 - Como o Tríduo Pascal da Morte e Ressurreição do Senhor derrama para todo o Ano Litúrgico a eficácia redentora de Cristo, assim também, igualmente, o domingo derrama para toda a semana a mesma vitalidade do Cristo Ressuscitado. O domingo é, na tradição da Igreja, na prática cristã e na liturgia, o "dia que o Senhor fez para nós" (Cf. Sl 117(118),24), dia, pois, da jubilosa alegria pascal. AS DIVISÕES DO ANO LITÚRGICO 22 - Os mistérios sublimes de nossa fé, como vimos, são celebrados no Ano Litúrgico, e este se divide em dois grandes ciclos: o ciclo do Natal, em que se celebra o mistério da Encarnação do Filho de Deus, e o ciclo da Páscoa, em que celebramos o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, como também sua ascensão ao céu e a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja, na solenidade de Pentecostes. 23 - O ciclo do Natal se inicia no primeiro domingo do Advento e se encerra na Festa do Batismo do Senhor, tendo seu centro, isto é, sua culminância, na solenidade do Natal. Já o ciclo da Páscoa tem início na Quarta-Feira de Cinzas, início também da Quaresma, tendo o seu centro no Tríduo Pascal, encerrando-se no Domingo de Pentecostes. A solenidade de Pentecostes é o coroamento de todo o ciclo da Páscoa. 24 - Entremeando os dois ciclos do Ano Litúrgico, encontra-se um longo período, chamado "Tempo Comum". É o tempo verde da vida litúrgica. Após o Natal, exprime a floração das alegrias natalinas, aí aparecendo o início da vida pública de Jesus, com suas primeiras pregações. Após o ciclo da Páscoa, este tempo verde anuncia vivamente a floração das alegrias pascais. Os dois ciclos litúrgicos, com suas duas irradiações vivas do Tempo Comum, são como que as quatro estações do Ano Litúrgico. 25 - Mais adiante estudaremos cada parte do Ano Litúrgico, com sua expressividade própria, suas celebrações, sua dinâmica e seu mistério. O "SANTORAL" OU "PRÓPRIO DOS SANTOS" 26 - Em todo o Ano Litúrgico, exceto nos chamados tempos privilegiados (segunda parte do Advento, Oitava do Natal, Quaresma, Semana Santa e Oitava da Páscoa), a Igreja celebra a memória dos santos. Se no Natal e na Páscoa, Deus apresenta à Igreja o seu projeto de amor em Cristo Jesus, para a salvação de toda a humanidade, no Santoral a Igreja apresenta a Deus os copiosos frutos da redenção, colhidos na plantação de esperança do próprio Filho de Deus. São os filhos da Igreja, que
  • 13. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) seguiram fielmente o Cristo Senhor na estrada salvífica do Evangelho. Em outras palavras, o Santoral é a resposta solene da Igreja ao convite de Deus para a santidade. AS CORES DO ANO LITÚRGICO 27 - Como a liturgia é ação simbólica, também as cores nela exercem um papel de vital importância, respeitada a cultura de nosso povo, os costumes e a tradição. Assim, é conveniente que se dê aqui a cor dos tempos litúrgicos e das festas. A cor diz respeito aos paramentos do celebrante, à toalha do altar e do ambão e a outros símbolos litúrgicos da celebração. Pode-se, pois, assim descrevê-la: Cor roxa - Usa-se: No Advento, na Quaresma, na Semana Santa (até Quinta-Feira Santa de manhã), e na celebração de Finados, como também nas exéquias. Cor branca - Usa-se: Na solenidade do Natal, no Tempo do Natal, na Quinta-Feira Santa, na Vigília Pascal do Sábado Santo, nas festas do Senhor e na celebração dos santos. Também no Tempo Pascal é predominante a cor branca. Cor vermelha - Usa-se: No Domingo da Paixão e de Ramos, na Sexta-Feira da Paixão, no Domingo de Pentecostes e na celebração dos mártires, apóstolos e evangelistas. Cor rosa - Pode-se usar: No terceiro Domingo do Advento (chamado "Gaudete") e no quarto Domingo da Quaresma chamado "Laetare"). Esses dois domingos são classificados, na liturgia, de "domingos da alegria", por causa do tom jubiloso de seus textos. Cor preta - Pode-se usar na celebração de Finados Cor verde - Usa-se: Em todo o Tempo Comum, exceto nas festas do Senhor nele celebradas, quando a cor litúrgica é o branco. Nota explicativa: Se uma festa ou solenidade tomar o lugar da celebração do tempo litúrgico, usa-se então a cor litúrgica da festa ou solenidade. Exemplo: em 8 de dezembro, celebra-se a Solenidade da Imaculada Conceição. Neste caso, a cor litúrgica é então o branco, e não o roxo do Advento. Este mesmo critério é aplicável para a celebração dos dias de semana. ESTRUTURA CELEBRATIVA E PEDAGÓGICA DO ANO LITÚRGICO 28 - Como se vê pelo gráfico, e como já foi referido neste trabalho, o Ano Litúrgico se divide em dois grandes ciclos: Natal e Páscoa. Entre eles situa-se o Tempo Comum, não os separando, mas os unindo, na unidade pascal e litúrgica.
  • 14. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) 29 - Em cada ciclo há três momentos, de grande importância para a compreensão mais exata da liturgia. São eles: um, de preparação para a festa principal; outro, de celebração solene, constituindo assim o seu centro; e outro ainda, de prolongamento da festa celebrada. 30 - No centro do Ano Litúrgico encontra-se Cristo, no seu Mistério Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição). É o memorial do Senhor, que celebramos na Eucaristia. O Mistério Pascal é, portanto, o coração do Ano Litúrgico, isto é, o seu centro vital. 31 - O círculo é um símbolo expressivo da eternidade, e o Mistério Pascal de Cristo, no seu centro, constitui o eixo fundamental sobre o qual gira toda a liturgia. GRAUS DAS CELEBRAÇÕES E PRECEDÊNCIA DOS DIAS LITÚRGICOS Um dado importante vamos ver agora: é que o aspecto hierárquico da Igreja estende-se também à liturgia. Assim, entende-se que, na liturgia, não só os ritos têm grau de importância diferente, como também as próprias celebrações divergem quanto à sua importância litúrgica. Podemos afirmar então que existem graus e precedência nas celebrações, e se dizemos genericamente "festas", três na verdade são os graus da celebração: "solenidade", "festa" e "memória", podendo esta última ser ainda obrigatória ou facultativa. Neste subsídio, a palavra "festa" sempre é usada no conceito aqui ora exposto, a fim de evitar mal-entendidos. Vejamos então: Solenidade É o grau máximo da celebração litúrgica, isto é, aquele que admite, como o próprio nome sugere, todos os aspectos solenes e próprios da liturgia. Na "solenidade", então, três são as leituras bíblicas, canta-se o "Glória" e faz-se a profissão de fé. Para a maioria das solenidades existe também prefácio próprio. Embora no mesmo grau, as "solenidades" distinguem-se ainda, entre si, quanto à precedência. Somente o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e ressurreição do Senhor está na liturgia em posição única. As demais solenidades, portanto se acham na tabela oficial distinguindo-se apenas quanto ao lugar que ocupam no mesmo nível. Assim, depois do Tríduo Pascal, temos: Natal, Epifania, Ascensão e Pentecostes, o que equivale a dizer que estas quatro solenidades são as mais importantes depois do Tríduo Pascal, mas Natal vem em primeiro lugar, na ordem descrita. Festa "Festa" é a celebração um pouco inferior à "solenidade". Identifica-se, inicialmente, com as do dia comum, mas nela canta-se o "Glória" e pode ter prefácio
  • 15. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) próprio, dependendo de sua importância. Com referência a "festa" e "solenidade", na Liturgia das Horas (Ofício das Leituras), canta-se ainda o "Te Deum", fora, porém, da Quaresma. Como já se falou, as "festas" do Santoral são omitidas quando caem em domingo. Memória "Memória" é, sempre, celebração de santos, um pouco ainda inferior ao grau de "festa". Na celebração da "memória", não se canta o "Glória". A "memória" é obrigatória quando o santo goza de veneração universal. Isto quer dizer que em toda a Igreja se celebra a sua memória. É, porém, facultativa quando se dá o contrário, ou seja, quando somente em alguns países ou regiões ele é cultuado. As "memórias" não são celebradas nos chamados tempos privilegiados, a não ser como facultativas, e dentro das normas litúrgicas para a missa e Liturgia das Horas, conforme já se falou neste trabalho. Quando caem em domingo, são também omitidas, repetindo-se aqui o que já foi explanado. A "memória" pode tornar-se "festa", ou mesmo "solenidade", quando celebração própria, ou seja, quando o santo festejado for padroeiro principal de um lugar ou cidade, titular de uma catedral, como também quando for titular, fundador ou padroeiro principal de uma Ordem ou Congregação. Também a "festa" pode tornar-se "solenidade" nas circunstâncias litúrgicas aqui descritas, estendendo-se esse entendimento às celebrações de aniversário de dedicação ou consagração de igrejas.
  • 16. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) ANO LITÚRGICO - RESUMO
  • 17. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)
  • 18. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b)
  • 19. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) PASTORAL LITÚRGICA A Pastoral Litúrgica é tão importante quanto as outras pastorais. Muita gente atua em alguma pastoral ou movimento e nas horas vagas faz papel de “quebra- galho” em alguma celebração. É fundamental que se forme a consciência de que a liturgia também é Pastoral. Podemos dizer até que todas as pastorais brotam da liturgia e para ela convergem. A liturgia deveria dinamizar todas as pastorais. Ela é fonte de vida para a comunidade. Não basta que existam equipes de celebração. É preciso que haja também uma equipe de liturgia. EQUIPE DE CELEBRAÇÃO É um grupo de pessoas encarregado de preparar uma celebração específica. Por exemplo, a missa da dez no Domingo. Esta equipe é formada por leitores, músicos e comentaristas e hoje já se falta até mesmo em alguém que esteja preparado para cantar o Salmo Responsorial. É o salmista. A Equipe de Celebração é uma verdadeira equipe. As celebrações são preparadas com antecedência. Não é uma equipe em gavetas. Os mistérios e serviços vão surgindo de acordo com as necessidades da comunidade reunida para celebrar. EQUIPE DE LITURGIA Este grupo é diferente. Ele não está encarregado de nenhuma celebração específica. É formado por membros das diversas equipes de celebração de uma Paróquia. Reúne-se periodicamente para estudar, rezar, avaliar e programar a liturgia de toda a Paróquia. Esta equipe promove cursos e encontros. Sua principal função é animar a atividade das equipes de celebração. É muito importante que esta equipe seja assessorada pelo sacerdote. Nesta equipe acontecerá o diálogo. O Documento 43 da CNBB diz que esta equipe é o coração e o cérebro da pastoral litúrgica (nº 187). ESTA ORGANIZAÇÃO É O QUE CHAMAMOS DE PASTORAL LITÚRGICA A equipe de Pastoral litúrgica não precisa ser muito grande. Seu coordenador geral normalmente o Pároco ou um seu cooperador. Deverá ter um coordenador que tenha uma boa formação litúrgica e alguém que entenda de canto litúrgico. Se houver alguém que domine um instrumento musical é muito bom.
  • 20. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) MANUAL PARA EQUIPES DE LITURGIA 01 - As Equipes de Liturgia são formadas para o exercício dos ministérios particulares, próprios dos cristãos leigos, dado o sacerdócio batismal destes, conhecido como sacerdócio comum dos fiéis. Exercidos nas celebrações litúrgicas, em profunda união e comunhão com o sacerdócio ministerial ordenado, não são, pois, os ministérios leigos como que uma ajuda material aos sacerdotes, mas sim participação mais plena no mistério da Liturgia, sendo então, ao mesmo tempo, direito e dever de todos os cristãos, como batizados. 02 - Na sua nova concepção, as Equipes de Liturgia são, pois, um fruto feliz da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II. De fato, a reforma teve o mérito de enfatizar a participação dos fiéis na liturgia, como direito e como dever, dada a sua condição de batizados, inseridos que foram no mistério de Cristo, quando, sacramentalmente, renascem para uma vida nova, também ela essencialmente missionária, a serviço e a caminho do Reino. 03 - Em paróquias com diversas comunidades, estas precisam de ter sua própria equipe. Neste caso, é desejável que tenham o mesmo espírito e estejam articuladas com a equipe principal. Também é de esperar que cada equipe de liturgia tenha um coordenador, que seja aceito por todos. Deve ele coordenar a equipe, convocando e dirigindo suas reuniões, e, sempre com outros membros, procurar o crescimento espiritual de todos. 04 - Os membros de uma equipe litúrgica devem estar conscientes não só de sua participação na Liturgia, que deve ser sempre mais plena, mas também de que estão voltados para o serviço do louvor de Deus e santificação dos homens, dimensão essencial da Liturgia, o que supõe não só atitude orante, mas também preparação e disposição e, mais ainda, o testemunho existencial e cúltico, manifestado por uma fé não só rezada e crida, mas também plenamente vivida. 05 - Algumas orientações, de sentido mais celebrativo, são dadas nesse Manual, o qual, por sua vez, implicitamente, vai exigir encontros de formação, de interiorização, de avaliação etc., pois é desejável que as Equipes de Liturgia alcancem, por exigência de sua própria natureza, uma compreensão mais viva de todo o mistério da salvação que a Igreja celebra, na dinâmica salvífica do Ano Litúrgico e ao ritmo, sobretudo de nossas eucaristias. Pensando em atualização, as orientações aqui formuladas já estão fundamentadas na nova Instrução Geral sobre o Missal Romano.
  • 21. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) OS MEMBROS DA EQUIPE DE LITURGIA 06 - São membros de uma equipe litúrgica: o acólito, o ministro extraordinário da comunhão, o leitor, o salmista, o grupo dos cantores ou coral, o cantor (ou animador do canto), o organista, o comentarista, os que acolhem os fiéis, os que fazem as coletas ou delas cuidam, como ainda o sacristão. AS DIVERSAS FUNÇÕES NA LITURGIA a) - Funções do acólito 07 - O acólito é instituído para o serviço do altar, auxiliando assim o sacerdote e o diácono. Na procissão de entrada leva a cruz entre dois ministros. Durante toda a celebração, cabe ao acólito aproximar-se do sacerdote ou do diácono para lhes apresentar o livro (Missal e Evangeliário) e ajudá-los em outras tarefas necessárias. Convém, portanto que ocupe um lugar do qual possa facilmente cumprir o seu ministério, quer junto à cadeira presidencial quer junto ao altar. No rito das oferendas, e na ausência do diácono, o acólito põe sobre o altar o corporal, o sanguíneo, o cálice, a patena, a pala, as âmbulas com hóstias para a consagração e o Missal, como também auxilia na preparação das oferendas e no Lavabo. 08 - Quando há incensação, o acólito apresenta ao sacerdote o turíbulo e o auxilia. A incensação na missa acontece: no início, quando são incensados o altar, a cruz e imagem, se for o caso. A imagem de um santo só é incensada uma vez, no início. A incensação vai continuar depois: na proclamação do Evangelho, no rito das oferendas (oferendas, cruz, altar e, em seguida, o sacerdote e o povo) e nas elevações durante a consagração. 09 - Como ministro extraordinário da comunhão, o acólito instituído ajuda a distribuir a comunhão e no rito sobre as duas espécies ele deve ministrar o cálice, função esta, porém, que cabe ao diácono, quando presente. Pode ainda, quando legalmente instituído, terminada a distribuição da comunhão, ajudar o diácono ou o sacerdote na purificação dos vasos sagrados, o que se recomenda seja feito na credência, e não no altar como se costuma fazer. b) - Funções do ministro extraordinário da comunhão 10 - Na ausência de acólito instituído, o ministro extraordinário da comunhão pode exercer todas as suas funções, entendendo-se que, naquelas situações em que há a presença tanto do acólito como dos demais ministros extraordinários, as funções do altar devem ser assumidas em primeiro lugar pelo acólito ou acólitos instituídos. Na síntese das funções, eles são equiparados, mas só por ordem prática, dada a distinção
  • 22. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) entre ministério instituído (acólito) e ministério por mandato (ministro extraordinário da Comunhão). 11 - Se na igreja, casa de oração, já se pede aos fiéis respeito, reverência e atitude piedosa, muito mais se espera dos diferentes ministros. Que todos saibam, pois, portar-se com dignidade, e estejam atentos às suas responsabilidades. Evitem deslocamentos desnecessários, no presbitério ou no altar, e não chamem atenção para si. Em deslocamento, às vezes necessário, sejam discretos e simples, sem desviar a atenção da assembléia. 12 - É desejável que tantos os acólitos como os ministros extraordinários da comunhão cultivem uma espiritualidade eucarística mais plena, e a eles seja lembrado o que o bispo diz no rito da instituição: “Designados de modo especial para este ministério, esforçai-vos por viver mais intensamente do sacrifício do Senhor, conformando-vos mais plenamente a ele. Procurai entender o sentido profundo e espiritual daquilo que fazeis, oferecendo-vos todos os dias como oblações espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. E mais: “Servi, portanto, com sincero amor, o corpo místico de Cristo, que é o povo de Deus, especialmente os fracos e os enfermos...” c) - Funções do leitor 13 - Tudo aquilo que se diz do acólito instituído e que, na sua ausência, pode ser assumido por outros leigos, como os ministros extraordinários da comunhão, aqui também, com relação ao leitor instituído, acontece o mesmo: não havendo aqueles que receberam o ministério pela instituição, então outras pessoas, devidamente preparadas, podem assumir a sua função. 14 - O leitor tem o mérito de ser aquele pelo qual a Palavra de Deus chega inicialmente à assembléia, em preparação do ponto culminante, que vai ser o Evangelho. Ele é, pois, um arauto da mensagem salvífica, um precursor da Boa Nova, podemos dizer. Daí, a importância e a dignidade de sua função ministerial. Por isso, é preciso que ele se prepare para o exercício de tão nobre função, familiarizando-se com o texto, também quanto ao gênero literário (profecia, parábola, sapiencial, epístola etc.), revelando pela leitura ter assimilado a mensagem que transmite à assembléia. 15 - Cristo Nosso Senhor, na Sagrada Liturgia, primeiro nos é dado como Palavra salvadora (o Pão da Palavra) e, depois, como Pão da vida eterna, a Eucaristia. Por isso falamos também de duas mesas, a da Palavra (ambão), e a do Pão Eucarístico (altar). Vê-se, pois, que a Palavra de Deus, na Liturgia, é de valor sacramental. Assim, não deve ser apenas lida, mas proclamada, como coloca agora a nova Instrução Geral.
  • 23. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) Proclamada, a Palavra de Deus se torna celebração, festa, um acontecimento, pois, salvífico. 16 - Uma orientação, de ordem prática: no exercício de seu ministério, o leitor não precisa dizer, por exemplo: “Proclamação da profecia de Isaías...”, ou “Leitura da epístola de São Paulo aos romanos”, mas melhor seria simplesmente dizer: “Profecia de Isaías”, ou “Carta de São Paulo aos romanos”. Em sentido litúrgico, não é necessária também a citação de capítulos e versículos do livro sagrado. Também o diácono ou o sacerdote deveria dizer: “Evangelho de NSJC, segundo Mateus”, por exemplo, preferível a “Proclamação do Evangelho...” 17 - Para o bom exercício de seu ministério, algumas exigências, mínimas, de ordem técnica, devem ser lembradas e pedidas ao leitor, como: a) - Vocalização, isto é, o cuidado especial em pronunciar bem cada sílaba, cada palavra. b) - Regulação do volume da voz, de modo que se ouça bem o que é dito, especialmente em fins de frase. c) - Regulação do ritmo da leitura, reduzindo ou acelerando a emissão de voz, segundo o caso, mas, sobretudo intercalando pausas nas vírgulas e nos pontos. d) - Modulação da voz, ou seja, mudando de tom, quando as variações do texto assim o exigir. Isto acontece porque o texto deve ser lido de acordo com o seu gênero literário. 18 - A exemplo do que se recomenda aos acólitos e aos ministros extraordinários da comunhão, com referência a espiritualidade, aos leitores também se faz a mesma exortação. É desejável, pois, que eles, no exercício de sua função, se dediquem ao cultivo da espiritualidade bíblica, familiarizando-se não só com a Sagrada Escritura, mas também com os lecionários e com a dinâmica litúrgica da Palavra de Deus nos três ciclos de A, B e C. Daí, a necessidade de encontros de formação, de retiro, para uma compreensão mais plena, por exemplo, da dinâmica do Ano Litúrgico em toda a Liturgia. 19 - Útil a todos os leitores, e não somente aos que receberam o ministério instituído, é a exortação do bispo no rito de instituição: “ Tornando-vos leitores ou proclamadores da Palavra de Deus, ireis colaborar nessa missão. Recebereis assim um ministério especial dentro do povo de Deus e sereis delegados para o serviço da fé, que se fundamenta na Palavra de Deus. Proclamareis esta Palavra na assembléia litúrgica,
  • 24. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) instruireis as crianças e os adultos, preparando-os para receberem dignamente os sacramentos”. E ainda: “Anunciando aos outros a Palavra divina, sede também dóceis ao Espírito Santo, recebendo-a de coração aberto, e meditando-a assiduamente, a fim de amá-la cada vez mais. Manifestai pelas vossas vidas Jesus Cristo, nosso Senhor”. 20 - Dada a ênfase que se dá hoje à participação dos fiéis na Sagrada Liturgia, o ideal, porém, é que haja verdadeira distribuição de funções, como deixa transparecer também a Instrução Geral (nº. 91), referindo-se aos princípios da reforma litúrgica do Vaticano II, que diz: “Nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete” (SC 28). 21 - Embora então o próprio Missal permita para o leitor as diversas funções, como se explicitou acima, não devemos cair na tentação de procurar o lado prático, admitindo, em circunstâncias não aplicáveis ao espírito da Liturgia, que um mesmo leitor, por ter qualidades maiores, venha a monopolizar tais funções. d) - Funções do salmista 22 - “Compete ao salmista proclamar o salmo ou outro cântico bíblico colocado entre as leituras. Para bem exercer sua função, é necessário que o salmista saiba salmodiar e tenha boa pronúncia e dicção” (IGMR 102). 23 - Embora a Instrução Geral fale de “proclamar”, e que é correta, dada a natureza poética do salmo, contudo, liturgicamente, é melhor falar de canto ou recitação, principalmente na modalidade “responsorial”, que é a mais antiga. O salmo é a resposta da assembléia à palavra ouvida, portanto tem dimensão ascendente, e, na modalidade proposta, o salmista canta ou recita a antífona, que a assembléia responde no mesmo tom, continuando o salmista a cantar ou recitar as estrofes entre as quais a assembléia repete a antífona. 24 - A Instrução Geral fala apenas de “saber salmodiar e ter boa pronúncia e dicção”, mas recomenda-se ao salmista cultivar também a espiritualidade bíblica e salmica, identificando-se com o autor sagrado nos diferentes gêneros salmicos. Aqui, é desejável, pois, a formação bíblica, especialmente aquela ligada a salmodia.
  • 25. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) e) - Funções dos cantores, coral, animador do canto, músicos e organistas 25 - “Entre os fiéis, exerce sua função litúrgica o grupo dos cantores ou coral. Cabe-lhe executar as partes que lhe são próprias, conforme os diversos gêneros de cantos, e promover a ativa participação dos fiéis no canto” (IGMR 103). 26 - Vê-se pela Instrução que não é função dos cantores substituir os fiéis na execução do canto litúrgico, mas favorecer e ajudar a sua participação. Mas isso, às vezes, não acontece. Muitos cantam sozinhos, em tom exageradamente alto, dificultando a participação de todos. Outras vezes são os instrumentos que acabam abafando a voz dos fiéis. Ouve-se a música, mas não se ouve a mensagem da letra, e esta é mais importante. Também, às vezes, canta-se algo que é apenas do gosto dos cantores, sem nenhuma fidelidade ao tempo litúrgico ou à festa que se celebra. Tudo isso precisa ser avaliado e repensado sempre, para que o canto litúrgico recupere a sua importância no âmbito da Liturgia. 27 - Conforme a Instrução Geral, “o que se diz do grupo de cantores vale também, com as devidas ressalvas, para os outros músicos, sobretudo para o organista”. E conclui dizendo que “mesmo não havendo um grupo de cantores, compete ao cantor dirigir os diversos cantos, com a devida participação do povo”. 28 - É desejável que o canto litúrgico tenha nas celebrações o seu devido apreço, visto ser ele integrante das ações litúrgicas, e não mero enfeite festivo. Por isso, seus ministros precisam conhecer a real função do canto litúrgico, isto é, sua ministerialidade na Liturgia. Na prática muitas vezes se vê um canto sem tanta importância litúrgica elaborado, porém, com muito esmero, e outro, de maior importância, como que não trabalhado devidamente, o que acaba por manifestar desconhecimento por parte dos responsáveis pela equipe do canto. Fala-se aqui dos graus de importância do canto na Liturgia, ou seja, da compreensão de sua graduação. f) - Funções do comentarista 29 - Sobre o comentarista, devemos dizer que sua função, a serviço dos fiéis, deve conter breves explicações e exortações, visando dispor a comunidade para uma participação também mais plena e consciente. Sejam então suas explicações cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras. Deve ele exercer a sua função em lugar adequado, voltado para a assembléia, uma vez que está a serviço dela, mas não deve fazê-lo do presbitério e, muito menos, do ambão.
  • 26. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) 30 - Com relação ao ministério do comentarista, algumas orientações, de ordem também pratica, talvez sejam valiosas. Assim, na Liturgia da Palavra, por exemplo, em vez de antecipar explicações de sua temática, melhor seria se ele convidasse a assembléia simplesmente a ficar assentada, predispondo-a para a escuta atenta da Palavra de Deus. 31 - Entendamos: referindo-se a “primeira leitura”, “segunda leitura”, o comentarista está falando o óbvio, isto é, aquilo que toda a assembléia já sabe. Voltando ao tema da Palavra de Deus, muitas vezes aquilo que ele diz não é o que a Liturgia de fato está celebrando, dada a riqueza da revelação bíblica, com suas múltiplas aplicações. Melhor, pois, é deixar que Deus fale. Cabe à assembléia ouvir. De acordo então com o que aqui se propõe, o comentarista poderia, quando muito, dizer, com sobriedade: “Assentados. Vamos celebrar a Liturgia da Palavra. Atentos, ouçamos o que Deus vai nos dizer, pelo profeta e pelo Apóstolo (quando for o caso). No Evangelho, diria simplesmente: “De pé, vamos aclamar e ouvir o Evangelho. É o próprio Cristo que nos fala, como Palavra de vida e de paz”. 32 - Não é preciso nem conveniente que o comentarista diga exatamente as palavras acima, mas são exemplos que podem ser mudados, melhorados e atualizados. Em algumas comunidades, costuma-se dizer o nome do leitor, mas não é recomendável, pois a atenção deve voltar-se para o Senhor que fala, sendo aqui o leitor instrumento que Deus usa para comunicar-se com o seu povo. g) - Funções da equipe de acolhida 33 - É desejável que em todas as celebrações, principalmente as da Eucaristia, haja um grupo de leigos que, no espírito da liturgia, acolham os fiéis, levando-os aos seus lugares, principalmente quando se trata de pessoas idosas, de crianças e de deficientes. Tal acolhida muito os ajudará na participação, na compreensão e na descoberta do espírito fraterno, que sempre deve manifestar-se na Liturgia. É claro que a equipe de acolhida deve ser constituída por pessoas comunicativas, respeitosas e alegres. Um grupo de “cara fechada” poria tudo a perder. Lembremo-nos de que, se a Igreja não sabe acolher os seus membros, muito menos saberá acolher os de fora (aqui o mundo inteiro) para pregar-lhes o Evangelho da salvação.
  • 27. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) h) - Funções da equipe das oferendas 34 - Como sabemos, nos primórdios da Igreja, os dons do pão e do vinho, como também a ajuda para os mais necessitados, eram trazidos de casa pelos fiéis e apresentados ao sacerdote neste momento (que nós chamamos de preparação e apresentação das oferendas, não mais, portanto de ofertório, como se dizia antigamente). 35 - O verdadeiro ofertório, como se sabe, só é celebrado após a consagração. Portanto, esse momento, por causa de sua simbologia, deve, em nossas celebrações, ser assumido pela assembléia, representada por alguns de seus membros, que serão previamente convidados para tal função, também na modalidade de equipe. Cada comunidade, porém, pode ter aqui a sua criatividade e sua liberdade, e, variando, convidar, por exemplo, pessoas que tenham alguma identificação com o tema celebrado (dia das mães, dos pais, dos catequistas, das crianças etc.). Os que fazem a procissão das oferendas sejam instruídos para que, chegando ao altar, façam inclinação simples, atendendo a orientação da Instrução Geral. i) - Funções do sacristão 36 - A Instrução nomeia também a figura do sacristão, que é aquele “que dispõe com cuidado os livros litúrgicos, os paramentos e outras coisas necessárias para a celebração da missa”. Acrescentamos ainda: para cuidar das hóstias não consagradas, do vinho, da igreja, como casa de oração, abrindo-a e fechando-a. É função simples, mas de importância capital, que deve, pois, ser exercida no mesmo espírito de todos os ministérios. OUTRAS CONSIDERAÇÕES PARA A COMPREENSÃO DOS MINISTÉRIOS LEIGOS 37 - Aqui são dadas outras orientações, às vezes gerais, que podem ajudar no enriquecimento e na compreensão dos ministérios leigos. 38 - “O sacerdote celebrante, o diácono e demais ministros (leitores, salmistas, ministros extraordinários da comunhão) tomarão lugar no presbitério” (IGMR 294). Aí também serão dispostas as cadeiras dos concelebrantes, tudo exprimindo a ordenação hierárquica da Igreja e constituindo uma unidade íntima. Também esteja junto da cadeira do presidente a cadeira do diácono. Para os demais ministros, sejam dispostas as cadeiras de maneira tal que se distingam claramente das do clero, e eles possam exercer com facilidade a função que lhes é confiada (Cf. IGMR 310).
  • 28. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) 39 - A cadeira do presidente da celebração deve distinguir-se das demais, também pelo bom gosto, manifestando a função de presidência. Não deve, porém, assemelhar- se a trono. Na celebração, o lugar apropriado para a cadeira do presidente é de frente para o povo, no fundo do presbitério, a não ser que a estrutura da igreja não facilite tal disposição. 40 - De acordo com a Instrução Geral, os outros ministros (comentaristas, cantores, organistas etc.) não tomam lugar no presbitério, uma vez que fazem parte da assembléia dos fiéis, e, como estão diretamente a serviço dela, devem ser colocados de tal forma que a execução de suas funções se torne mais fácil e que cada um de seus membros possa participar mais plenamente da missa, também na participação mais plena que é a sacramental.
  • 29. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) COMUNICAÇÃO LITÚRGICA A Comunicação se dá principalmente através de realidades sensíveis que nos atingem: gemido, palavra, olhar, carta, desenho, escultura, silêncio, etc. . . Fico sabendo o que meu amigo pensa, quando ele o expressa, exterioriza, comunica. Ele o faz com seu próprio corpo (expressão corporal e verbal) ou lançando mão de recursos externos: instrumento musical, caneta, pincel, argila, etc. Também na liturgia, não só as pessoas comunicam o que trazem em seu íntimo. Cada elemento que nos rodeia nos põe em relação com o que eles representam. Assim, o espaço celebrativo, a ornamentação, o cuidado com os objetos litúrgicos, as atitudes dos membros da assembléia, tudo nos fala de como é nossa fé, nossa teologia, nosso respeito em relação aos mistérios que celebramos. Muitas são as realidades que tocam nossos sentidos, nos comunicam algo e de certo modo provocam em nós algum tipo de reação. Enumero, a seguir, algumas dessas realidades, canalizando-as para o campo da liturgia: PALAVRA – é o meio mais comum da comunicação entre pessoas (a fonte de mais mal-entendidos também); ESPAÇO CELEBRATIVO – é o espaço onde se desenrola a ação litúrgica. O estilo da construção, a disposição do altar, dos bancos, cada vez mais devem mostrar o rosto de uma comunidade de irmãos; ORNAMENTAÇÃO – refere-se aos objetos artísticos, pinturas, imagens e arranjos que revelam o bom gosto da comunidade e comunicam Deus e sua mensagem; VESTIMENTAS – não servem apenas para cobrir e proteger. Elas informam se é dia de festa ou de trabalho, se temos papel preciso a desempenhar na sociedade ou não. Na liturgia as vestes indicam também a função de cada ministro. As vestes dos ministros chamam-se paramentos – por isso é preciso que estejam dignamente paramentados (vestes limpas e não amarrotadas); OBJETOS LITÚRGICOS - não são apenas coisas concretas, são sinais (símbolos), por isso transmitem mensagem, não só pela presença deles, mas pelo modo como são utilizados ou conservados. A beleza da patena, do cálice e âmbulas, o formato e acabamento das velas, as flores naturais e sua conservação, tudo isso deve concorrer para uma proveitosa celebração do memorial da páscoa de Cristo;
  • 30. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) SÍMBOLOS – é a expressão, a manifestação de uma realidade invisível, de uma experiência profunda. Com efeito, não podemos atingir Deus diretamente, mas pelas realidades por ele criadas. Aí encontramos a marca do Criador. Na liturgia cristã, o pão e o vinho, unidos à palavra de Cristo na celebração eucarística, tornam o Cristo presente no seio da sua comunidade. Neste caso, o símbolo torna-se sacramento. EXPRESSÃO CORPORAL – é a comunicação do corpo. Nosso modo de olhar, gesticular, entrar na igreja, tudo revela nosso interior: Gestos (abrir os braços, etc. . . ); Posturas: De pé – posição de Cristo Ressuscitado; Sentados – posição de quem ouve (aprende); Ajoelhados – espírito de humildade e reconhecimento dos próprios erros; ato de profunda adoração a Deus; Prostrados – é o ato de deitar de bruços no chão. É realizada no início da ação litúrgica da sexta-feira santa – entregar-se, pedir intercessão; Genuflexão – exprime a fé na presença de Cristo Ressuscitado; Movimentos: procissões, danças, encenações, etc. . . (desde que não perturbe a celebração); Silêncio – Não somente a ausência de palavras ou ruídos. O silêncio é, acima de tudo, atitude que envolve a pessoa toda: nas suas dimensões corporal e espiritual. Ele: É atitude de fé e reverência da assembléia litúrgica diante de Deus; Oferece condições para que a pessoa penetre mais profundamente o mistério que celebra; É meio para que ressoe no íntimo dos participantes a palavra de Deus, que os conforta e alimenta-lhes a esperança; Leva a pessoa a reconhecer suas potencialidades e seus limites, por isso ela admite que tem muito a aprender de Deus e dos irmãos; Ruídos na Comunicação - os obstáculos, atrapalhões, incômodos que prejudicam o bom andamento de qualquer comunicação: Andar de lá para cá; Conversar/afinar instrumentos musicais na hora da consagração; O chio do microfone; Outros mais . . .
  • 31. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) GESTOS, SÍMBOLOS E SINAIS LITÚRGICOS Desde os primeiros séculos, os cristãos sentiram a necessidade de expressar seus louvores a Deus através de gestos, símbolos e sinais que também fossem compreensíveis aos homens. Assim, com o passar dos séculos, a liturgia da missa se desenvolveu e enriqueceu mas, devido a uma maior falta de preparo, nem sempre os fiéis que participam de uma celebração a compreendem totalmente. Para aproveitar as inúmeras graças concedidas durante a missa, todo fiel deve tentar conhecê-la melhor e não simplesmente repetir o que os outros fazem ou dizem, sem saber o porquê. A missa compreendida pode ser amada e muito bem amada! No entanto, ninguém ama aquilo que não conhece e, dessa forma, acaba por não se beneficiar em tudo que poderia... Assim como toda a nossa vida, também a missa é formada por diversos gestos, símbolos e sinais. São meios humanos de se expressar todo o louvor e adoração que podemos prestar a Deus. Obviamente, tudo isso possui significado dentro da missa. No entanto, devem ser feitos de maneira lúcida e não de qualquer modo, pois senão perdem o seu valor e, quando fazemos algo sem saber seu motivo, que valor poderá ter para Aquele a quem é dirigido? Portanto, toda liturgia é formada por estes três elementos: sinal, símbolo e gesto. SINAL É algo que significa alguma coisa. Podemos dizer que o sinal ou figura é sempre menor que o seu significado. Por exemplo: quando colocamos galhos ou ramos de árvores em uma curva na estrada alertamos para os outros carros que pode haver algum acidente ou veículo parado na estrada logo após a curva; outro exemplo de sinal, agora do meio cristão, é o uso da vela: a chama de uma vela acesa significa a vida eterna, que nunca se acaba. Observe que ambos os exemplos são de conhecimento universal. SÍMBOLO O símbolo, ao contrário do sinal, exige um conhecimento especial, podendo nada representar para pessoas que não convivem em determinado meio. Exemplificando, os primeiros cristãos desenhavam peixes nas catacumbas porque a palavra peixe em grego (IXTUS) correspondia à abreviação da expressão "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador".
  • 32. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) GESTOS Os gestos são movimentos que fazemos com os membros de nosso corpo ou, ainda, com todo o corpo, que também possui seus significados. Na missa, nossos gestos devem ser sinceros, pois senão nada representam. Contudo, quando todos fazem o mesmo gesto, demonstra-se a unidade da comunidade. Para exemplificar, levantamos as mãos quando oramos significando súplica e entrega a Deus. O ser humano é, ao mesmo tempo, corporal e espiritual. É matéria e espírito. Sua percepção, pois, das realidades espirituais depende de imagens e de símbolos, e sua comunicação só é plenamente objetiva na linha de comunhão. Em todas as civilizações e culturas e em todos os momentos da história, esse dado antropológico é registrado, sem discussões. O homem percebe as coisas pela linguagem própria, viva e silenciosa das coisas e se situa - ele próprio - no mundo do mistério. Tendo consciência de sua realidade transcendente, o homem busca, pois, a comunhão no mistério, que se dá, sobretudo na linguagem silenciosa dos símbolos. De fato, os símbolos nos mostram, em sua visibilidade, uma realidade que os transcende, invisível. Falam sempre a linguagem do mistério, apontando para além deles próprios. Por aqui pode-se perceber o quanto é útil e necessária na liturgia esta linguagem misteriosa dos símbolos, e eles não têm, como objetivo, explicar o mistério que se celebra, pois o mistério é para ser vivido, mais portanto que ser explicado. A finalidade dos símbolos é adornar, na linguagem simples das coisas criadas, a expressão profunda do mistério, que é invisível. Todo símbolo litúrgico deve, pois, mergulhar-nos na grandeza do mistério, sem reduzir este, e sem banalizá-lo, e, como símbolo, deve ser simples, como simples é toda a criação visível. Sua principal função, sobretudo na liturgia, é, pois, comunicar- nos aquela verdade inefável, que brota do mistério de Deus e que, portanto, não se pode comunicar com palavras. Na participação litúrgica devemos passar da visibilidade do símbolo, isto é, de seu sentido imediato, de significante, para a sua dimensão mistérica, invisível, atingindo o significado, que é o objetivo final de toda realidade simbólica. Se o símbolo não nos leva a essa passagem para um nível superior de crescimento espiritual, ou ele já não tem mais força expressiva, simbólica, ou somos nós que falhamos na nossa maneira de participar da liturgia. Um exemplo de perda de significação simbólica, podemos citar a batina dos padres, ou o uso do véu na igreja pelas mulheres. Insistir, em nossa cultura, no uso de tais símbolos litúrgicos, seria forçar uma prática já inexpressiva e que até causaria espanto em muitas cabeças, para não dizer em toda a assembléia. Na liturgia - saibamos - tudo, pois, é simbólico. E a liturgia é descrita como ação simbólica, no sentido mais pleno. Desde a assembléia reunida até a pequenina chama
  • 33. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) da vela que arde, tudo é expressão simbólica, que nos remete ao abismo do mistério de Deus. Na compreensão desse dado litúrgico está a beleza de todo ato celebrativo, e de sua consciência brota já a alegria pascal, como antecipação sacramental das alegrias futuras, definitivas e eternas. Vejamos então algumas noções dos símbolos e procuremos descobrir sua ministerialidade na liturgia. 01 - ALFAIAS LITÚRGICAS - Nome que se dá ao conjunto dos objetos litúrgicos usados nas celebrações. Deve-se também considerar aqui a Arte Sacra, que se estende, por sua vez, a tudo o que diz respeito ao culto e ao uso sagrado. "Com especial zelo a Igreja cuidou que as sagradas alfaias servissem digna e belamente ao decoro do culto, admitindo aquelas mudanças ou na matéria, ou na forma, ou na ornamentação que o progresso da técnica da arte trouxe no decorrer dos tempos" (SC 122c). Aqui, pode-se ver como a reforma conciliar do Vaticano II se preocupa com a dignidade das coisas sagradas. Templo, altar, sacrário, imagens, livros litúrgicos, vestes e paramentos, e todos os objetos devem, pois, manifestar a dignidade do culto, que, como expressão viva de fé, identifica-se com a natureza de Deus, a quem o povo, congregado pelo Filho e na luz do Espírito Santo, adora "em espírito e verdade" (Cf. Jo 4,23-24). LIVROS LITÚRGICOS 02 - MISSAL - Livro usado pelo sacerdote na celebração eucarística. 03 - LECIONÁRIO - Livro que contém as leituras para a celebração. São três: I - Lecionário dominical - Contém as leituras dos domingos e de algumas solenidades e festas. II - Lecionário semanal - Contém as leituras dos dias de semana. A primeira leitura e o salmo responsorial estão classificados por ano par e ímpar. O evangelho é sempre o mesmo para os dois anos. III - Lecionário santoral - Contém as leituras para as celebrações dos santos. Nele também constam as leituras para uso na administração de sacramentos e para diversas circunstâncias. 04 - EVANGELIÁRIO - É o livro que contém o texto do evangelho para as celebrações dominicais e para as grandes solenidades.
  • 34. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) ESPAÇO CELEBRATIVO 05 - ALTAR - Mesa fixa, podendo também ser móvel, destinada à celebração eucarística. É o espaço mais importante da Igreja. Lugar onde se renova o sacrifício redentor de Cristo. 06 - AMBÃO - Chama-se também Mesa da Palavra. É a estante de onde se proclama a palavra de Deus. Não deve ser confundida com a estante do comentador e do animador do canto. Esta não deve ter o mesmo destaque do ambão. 07 - CREDÊNCIA - Pequena mesa onde se colocam os objetos litúrgicos, que serão utilizados na celebração. Geralmente, fica próxima do altar. 08 - PRESBITÉRIO - espaço ao redor do altar, geralmente um pouco mais elevado, onde se realizam os principais ritos sagrados. 09 - NAVE DA IGREJA - Espaço do templo reservado aos fiéis. 10 - SACRÁRIO - Chama-se também Tabernáculo. É uma pequena urna onde são guardadas as partículas consagradas e o Santíssimo Sacramento. Recomenda-se que fique num lugar apropriado, com dignidade, geralmente numa capela lateral. PÚLPITO - Lugar nas igrejas antigas de onde o presidente fazia a pregação. Hoje, praticamente não é mais usado. OBJETOS LITÚRGICOS 11 - CORPORAL - Tecido em forma quadrangular sobre o qual se coloca o cálice com o vinho e a patena com o pão. 12 - MANUSTÉRGIO - Toalha com que o sacerdote enxuga as mãos no rito do Lavabo. Em tamanho menor, é usada pelos ministros da Eucaristia, para enxugarem os dedos. 13 - PALA - Cartão quadrado, revestido de pano, para cobrir a patena e o cálice. 14 - SANGUINHO - Chamado também purificatório. É um tecido retangular, com o qual o sacerdote, depois da comunhão, seca o cálice e, se for preciso, a boca e os dedos. 15 -VÉU DE ÂMBULA - Pequeno tecido, branco, que cobre a âmbula, quando esta contém partículas consagradas. É recomendado o seu uso, dado o seu forte simbolismo. O véu vela (esconde) algo precioso, ao mesmo tempo que revela (mostra) possuir e trazer tal tesouro. (O véu da noiva, na liturgia do Matrimônio, tem também
  • 35. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) esta significação simbólica, embora, na prática, não seja assim percebido, muitas vezes passando como mero adorno de ostentação). 16 - ÂMBULA, CIBÓRIO OU PÍXIDE - É um recipiente para a conservação e distribuição das hóstias aos fiéis. 17 - CÁLICE - Recipiente onde se consagra o vinho durante a missa. 18 - CALDEIRINHA E ASPERSÓRIO - A caldeirinha é uma pequena vasilha, onde se coloca água benta para a aspersão. Já o aspersório é um pequeno instrumento com o qual se joga água benta sobre o povo ou sobre objetos. Na liturgia são inseparáveis. 19 - CASTIÇAL - Utensílio que se usa para suporte de uma vela. 20 - CANDELABRO - Grande castiçal, com várias ramificações, a cada uma das quais corresponde um foco de luz. 21 - PATENA - Pequeno prato, geralmente de metal, para conter a hóstia durante a celebração da missa. 22 - BACIA E JARRA - Em tamanho pequeno, contendo a jarra a água, para o rito do "Lavabo", na preparação e apresentações dos dons. 23 - CÍRIO PASCAL - Vela grande, que é abençoada solenemente na Vigília Pascal do Sábado Santo e que permanece nas celebrações até o Domingo de Pentecostes. Acende-se também nas celebrações do Batismo. 24 - CRUZ - Não só a cruz processional, isto é, a que guia a procissão de entrada, mas também uma cruz menor, que pode ficar sobre o altar. 25 - VELAS - As velas comuns, porém de bom gosto, que se colocam no altar, geralmente em número de duas, em dois castiçais. 26 - OSTENSÓRIO - Objeto que serve para expor a hóstia consagrada, para adoração dos fiéis e para dar a bênção eucarística. 27 - CUSTÓDIA - Parte central do Ostensório, onde se coloca a hóstia consagrada para exposição do Santíssimo. É parte fixa do Ostensório. 28 - LUNETA - Peça circular do Ostensório, onde se coloca a hóstia consagrada, para a exposição do Santíssimo. É peça móvel. 29 - GALHETAS - São dois recipientes para a colocação da água e do vinho, para a celebração da missa.
  • 36. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) 30 - HÓSTIA - Pão não fermentado (ázimo), usado na celebração eucarística. Aqui se entende a hóstia maior. É comum a forma circular. 31 -PARTÍCULA - O mesmo que hóstia, porém em tamanho pequeno e destinada geralmente à comunhão dos fiéis. 32 - RESERVA EUCARÍSTICA - Nome que se dá às partículas consagradas, guardadas no sacrário e destinadas, sobretudo aos doentes e à adoração dos fiéis, em visita ao Santíssimo. Devem ser consumidas na missa seguinte. 33 - INCENSO - É uma resina aromática, extraída de várias plantas, usada sobre brasas, nas celebrações solenes (Ver também a referência do nº 66). 34 - NAVETA - Pequeno vaso onde se transporta o incenso nas celebrações litúrgicas. 35 - TECA - Pequeno estojo, geralmente de metal, onde se leva a Eucaristia para os doentes. Usa-se também, em tamanho maior, na celebração eucarística, para conter as partículas. 36 - TURÍBULO - Vaso utilizado nas incensações durante a celebração. Nele se colocam brasas e o incenso. OUTROS SÍMBOLOS 37 - IHS - Iniciais das palavras latinas Iesus Hominum Salvator, que significam: Jesus Salvador dos homens. Empregam-se sempre em paramentos litúrgicos, em portas de sacrário e nas hóstias. 38 - ALFA E ÔMEGA - Primeira e última letra do alfabeto grego. No Cristianismo aplicam-se a Cristo, princípio e fim de todas as coisas. 39 - TRIÂNGULO - Com seus três ângulos iguais (equilátero), o triângulo simboliza a Santíssima Trindade. É um símbolo não muito conhecido pelo nosso povo. 40 - INRI - São as iniciais das palavras latinas Iesus Nazarenus Rex Iudaerum, que querem dizer: Jesus Nazareno Rei dos Judeus, mandadas colocar por Pilatos na crucifixão de Jesus (Cf. Jo 19,19). 41 - XP - Estas letras, do alfabeto grego, correspondem em português a C e R. Unidas, formam as iniciais da palavra CRISTÓS (Cristo). Esta significação simbólica é, porém, ignorada por muitos.
  • 37. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) VESTES LITÚRGICAS Vestes usadas pelos ministros ordenados. São elas: 42 - ALVA - Túnica longa, de cor branca. 43 - TÚNICA - O mesmo que alva. Atualmente pode ser de cor neutra. 44 - AMITO - Pano que o ministro coloca ao redor do pescoço antes de outras vestes litúrgicas. 45 - CASULA - Veste própria do sacerdote que preside a celebração. Espécie de manto que se veste sobre a alva e a estola. 46 - ESTOLA - Veste litúrgica do sacerdote. Os diáconos também a usam, porém a tiracolo, sobre o ombro esquerdo, pendendo-a do lado direito. 47 - CAPA PLUVIAL - Capa longa, que o sacerdote usa ao dar a bênção do Santíssimo ou ao conduzí-lo nas procissões. Usa-se também no rito de aspersão da assembléia. 48 - CÍNGULO - Cordão com o qual se prende a alva ao redor da cintura. 49 -VÉU UMERAL - Chama-se também véu de ombros. Manto retangular, de cor dourada, usado pelo sacerdote na bênção do Santíssimo. 50 - DALMÁTICA - Veste própria do diácono. É colocada sobre a alva e a estola. POSIÇÕES CORPORAIS - Na liturgia toda a pessoa é chamada a participar. Sentido, corpo, espírito. Assim, os gestos corporais são também vivamente litúrgicos. E como no corpo humano cada membro tem uma função própria, a serviço, porém, de todo o corpo, assim, na liturgia, cada gesto do corpo recebe um simbolismo próprio, a serviço de todo o ato celebrativo. Assim, temos: 57 - AS MÃOS - Que ora se erguem em louvor; ora se estendem em abertura e oferecimento; ora se elevam em súplica; ora se juntam em recolhimento; ora se abrem em oferta. Também se faz a imposição de mãos nas ordenações. 58 - OS PÉS - Não só caminham nas procissões litúrgicas, em sentido simbólico de peregrinação, como também se prestam para o ritmo de danças. Na missa da Quinta- Feira Santa são lavados em memória do mandamento novo da última Ceia do Senhor com seus discípulos. Podemos pensar nos pés do Cristo Peregrino, nas estradas
  • 38. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) difíceis da Palestina, identificados com os nossos pés, na difícil caminhada de nossa vida. 59 - OS OLHOS - Na leitura eucarística, principalmente, os olhos devem ver, enxergar, contemplar. Aqui o mistério é "visto". Daí, a atenção que se requer para os movimentos litúrgicos que se realizam no altar. 60 - OS OUVIDOS - Na Liturgia da Palavra, nosso sentido auditivo é chamado a participar mais vivamente. Trata-se de ouvir, como no Antigo Testamento: "Ouve Israel...", a oração judaica mais preciosa (o Xemá judaico, no convite de Dt 6,4). 61 - OUTROS MOVIMENTOS E GESTOS CORPORAIS - Podemos falar ainda: de ajoelhar-se, de prostrar-se, de sentar-se, de ficar de pé, como também de persignar-se, de traçar o sinal da cruz. Ainda falamos de genuflexão, do gesto sereno da vênia, este como reverência diante do Santíssimo e de autoridades eclesiásticas. Atente-se pelo fato de a posição "de pé", na liturgia, ser a mais expressiva, por indicar prontidão e nos revelar a atitude de ressuscitados. É como Cristo se mostra depois da ressurreição (Cf. Jo 20,14; 21,4; Ap 5,6). SÍMBOLOS LITÚRGICOS LIGADOS À NATUREZA 62 - A ÁGUA - A água simboliza a vida (remete-nos, sobretudo ao nosso batismo, onde renascemos para uma vida nova). Pode simbolizar também a morte (enquanto por ela morremos para o pecado). Nesse sentido, ela é mãe e sepulcro, de acordo com os Santos Padres. (Ver a referência litúrgica do nº 67, em que se fala da água, nos ritos do Batismo, do Lavabo e do "asperges"). 63 - O FOGO - O fogo ora queima, ora aquece, ora brilha, ora purifica. Está presente na liturgia da Vigília Pascal do Sábado Santo e nas incensações, como as brasas nos turíbulos. O fogo pode multiplicar-se indefinidamente. Daí, sua forte expressão simbólica. É símbolo, sobretudo da ação do Espírito Santo (Cf. Eclo 48,1; Lc 3,16; 12,49; At 2,3; 1Ts 5,19), e do próprio Deus, como fogo devorador (Cf. Ex 24,17; Is 33,14; Hb 12,29). 64 - A LUZ - A luz brilha, em oposição às trevas, e mesmo no plano natural é necessária à vida, como a luz do sol. Ela mostra o caminho ao peregrino errante. A luz produz harmonia e projeta a paz. Como o fogo, pode multiplicar-se indefinidamente. Uma pequenina chama pode estender-se a um número infinito de chamas e destruir, assim, a mais espessa nuvem de trevas. É o símbolo mais expressivo do Cristo Vivo, como no Círio Pascal. A luz e, pois, a expressão mais viva da ressurreição.
  • 39. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) 65 - O PÃO E O VINHO - Símbolos do alimento humano. Trigo moído e uva espremida, sinais do sacrifício da natureza, em favor dos homens. Elementos tomados por Cristo para significarem o seu próprio sacrifício redentor. 66 - O INCENSO - Como se falou no número 33, com sua especificidade aromática. Sua fumaça simboliza, pois, a oração dos santos, que sobe a Deus, ora como louvor, ora como súplica (Cf. Sl 140(141)2; Ap 8,4). 67 - O ÓLEO - Temos na liturgia os óleos dos Catecúmenos, do Crisma e dos Enfermos, usados liturgicamente nos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos. Nos três sacramentos, trata-se do gesto litúrgico da unção. Aqui vemos que o objeto - no caso, o óleo - além de ele próprio ser um símbolo, faz nascer uma ação, isto é, o gesto simbólico de ungir. Tal também acontece com a água: ela supõe e cria o banho lustral, de purificação, como nos ritos do Batismo e do "lavabo" (abluções), e do "asperges", este em sentido duplo: na missa, como rito penitencial, e na Vigília do Sábado Santo, como memória pascal de nosso Batismo. A esses gestos litúrgicos e tantos outros, podemos chamar de "símbolos rituais". A unção com o óleo atravessa toda a história do Antigo Testamento, na consagração de reis, profetas e sacerdotes, e culmina no Novo Testamento, com a unção misteriosa de Cristo, o verdadeiro Ungido de Deus (Cf. Is 61,1; Lc 4,18). A palavra Cristo significa, pois, ungido. No caso, o Ungido, por excelência. 68 - AS CINZAS - As cinzas, principalmente na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, são para nós sinal de penitência, de humildade e de reconhecimento de nossa natureza mortal. Mas estas mesmas cinzas estão intimamente ligadas ao Mistério Pascal. Não nos esqueçamos de que elas são fruto das palmas do Domingo de Ramos do ano anterior, geralmente queimadas na Quaresma, para o rito quaresmal das cinzas. Encerrando esse pequeno subsídio, guardemos então que toda a liturgia é ação simbólica. Assim, poderíamos ainda falar: do templo, da assembléia, dos sinos, do jejum, da esmola, das bênçãos, da ceia, da coroa do Advento, da palma, das flores, do anel, do canto, do abraço, da música, do cordeiro, da hóstia, dos ícones, do confessionário, do batistério, da arte sacra (em toda a sua vasta extensão) etc., como também, ainda, de tudo aquilo que diz respeito aos sentidos, tais como: olfato: o cheiro do incenso e das flores; paladar: o gosto do pão e do vinho; tato: o toque, seja na imposição de mãos de ritos sagrados, seja nas mãos que se unem às dos irmãos, seja no toque de coisas sagradas; visão e audição: como se falou nos nºs. 59 e 60 deste trabalho etc.. Enfim, é todo um universo simbólico, que nos convida a mergulhar cada vez mais no mistério infinito do amor de Deus.
  • 40. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) CANTOS LITÚRGICOS A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA Desde o início do Cristianismo, a música ocupa lugar de destaque nas cerimônias litúrgicas. Nascida dentro de uma comunidade judaica, a Igreja cristã já empregava em suas primeiras reuniões e práticas rituais a música cantada e tocada, herdada da liturgia judaica. A música é uma das mais belas manifestações do espírito humano e, como tal, não poderia deixar de fazer parte das celebrações litúrgicas da nossa Igreja. Mais do que qualquer outra forma de expressão artística, a música consegue expressar os mais variados sentimentos humanos: alegria, tristeza, paz, louvor, etc... Este riquíssimo recurso, frequentemente colocado à disposição da liturgia, possibilita que as celebrações se tornem mais belas e ofereçam um justo louvor a Deus. A música, juntamente com outros elementos utilizados pela liturgia (cores, paramentos, objetos sagrados, etc.), serve de mediação entre Deus e os homens. Assim, deve ser executada com seriedade e cuidado, para que o fim a que se destina seja alcançado: a edificação dos fiéis e o louvor a Deus. PRINCÍPIO GERAL 1 - Em todos os estudos sobre o canto e a música na liturgia, devemos ter bem claro o princípio fundamental formulado pelo Concílio Vaticano II: "... a música sacra será tanto mais santa, quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica..." (SC 112c). E ainda: "Uma autêntica celebração exige também que se observe exatamente o sentido e a natureza próprios de cada parte e de cada canto..." (MS 6b). Conclusão: Quanto mais gerais forem os textos dos cantos e menos ligados à ação litúrgica ou ao tempo e à festa, tanto menos litúrgicos serão eles, pois o importante é cantar a liturgia, e não simplesmente cantar na liturgia, como tantas vezes acontece. 2 - Traduzindo o pensamento conciliar e o ensinamento da Igreja, queremos dizer, inicialmente, que, na liturgia, não se canta por cantar. Não se canta para encher espaço ou cobrir possíveis vazios na celebração. Também não se canta por ser o canto bonito e cheio de mensagens, simplesmente. O canto, na liturgia, não é divertimento nem se destina a tornar a celebração mais leve, mais agradável, mais movimentada. O canto litúrgico nunca pode ser mero enfeite, pois ele tem, na celebração, uma função ministerial, que lhe é própria. Às vezes, porém, certos cantos nos deixam a impressão de estarem apenas embelezando o momento celebrativo.
  • 41. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) 3 - Diga-se, para maior consciência de todos nós, que não existe festa sem canto, nem celebração sem música, e a liturgia deve ser, pela sua natureza laudatória, uma festa, antes de tudo. Uma celebração, pois, sem canto é uma celebração morta, apagada. Em todas as culturas e em todas as civilizações, o canto sempre constitui alegria de um povo, ou então marca de suas angústias, de seus sonhos e de suas aspirações. Na liturgia, esse dado fundamental da fenomenologia antropológica é ainda mais evidente. 4 - Na liturgia, o canto une as pessoas, anima e dá vida à celebração. Facilita passar de "uma só voz" a "um só coração", e, finalmente, a "uma só alma", como se vê na espiritualidade das comunidades primitivas. Podemos, pela liturgia, unir nossa voz à dos anjos, sendo realmente nosso canto exultação de um povo feliz e redimido. 5 - Na linguagem bíblica e litúrgica, canto se associa ao Espírito Santo, e espírito tem relação com sopro, vento. O Espírito de Deus suscita em nós o "som", a vibração correta, que nos faz pensar e sentir em uníssono com o próprio Deus. O canto produz, pois, a harmonia universal. Aliás, a palavra "canto" já tem um sentido etimológico de "harmonia". Assim, podemos dizer que a criação, na sua harmonia, é um canto de louvor a Deus, e a liturgia, nas palavras de Paulo VI, é o louvor de Deus, na linguagem de um povo orante. 6 - O canto ainda amplia o sentido das palavras e, por outro lado, sonda o mais profundo da interioridade do ser, cativa e faz brotar os sentimentos mais puros e profundos da alma humana. Ele liberta-nos dos limites da palavra, do racionalismo intelectual, do mero conceito, para dar-nos uma projeção do infinito e do indizível, na alegria que faz o coração exultar diante do mistério. É nesse sentido que São Tiago pergunta e, ao mesmo tempo, responde: "Está alguém alegre? Então cante!" (Cf. Tg 5,13b). 7 - Devemos vivenciar juntos a profundidade espiritual de um canto, pois a música, na liturgia, é chamada a uma densidade teológica e espiritual à altura do mistério que nela celebramos. Por isso, não se pode escolher qualquer canto e qualquer música para a liturgia, pois, como já vimos, ela deve aderir-se à natureza da liturgia, na sua funcionalidade ministerial. A letra e a música deverão, assim, ser feitas no Espírito, levando-se em conta a situação ritual do canto. 8 - O canto, no cumprimento das exigências da liturgia, deve trazer texto, ritmo e melodia prenhes, isto é, grávidos do mistério de Deus, pois a primeira linguagem do canto, sobretudo litúrgico, é a do inefável, do mistério. Portanto, deve trazer ele as qualidades essenciais ao mistério: primeiramente, teológica, isto é, com a correta formulação doutrinária (ortodoxia católica); depois, espiritual, ou seja, capaz de nos elevar e edificar; também bíblica, quer dizer, com aquele espírito próprio da revelação
  • 42. PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA e SÃO LOURENÇO “Em obediência à vossa palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5b) divina e com ele facilmente identificável; não dispensando também a qualidade mistagógica, isto é, aquela experiência vivencial da Igreja que, na simplicidade, manifesta o reino de Deus. Por último, aparece ainda, como exigência, segundo Ione Buyst, a qualidade estética, com as notas do poético e do musical, sempre com a força evocativa e simbólica, tendo espaço: para o mistério, para o silêncio meditativo, para o vôo contemplativo. 9 - Um canto só é, pois, litúrgico, voltamos a dizer, quando serve à liturgia, dentro das exigências desta. Fora da celebração, mesmo com todas as qualidades litúrgicas, torna-se simplesmente um canto sacro, religioso. Isto, porém, não quer dizer que todo canto religioso serve para a liturgia. Os letristas e compositores, a propósito, são chamados pelo Concílio Vaticano II a se instruírem no mistério litúrgico, a fim de comporem textos e músicas que enriqueçam ainda mais o tesouro da eucologia cristã. DISTINÇÃO DE CANTOS NA LITURGIA 10 - Visto que os cantos, na liturgia, não são genéricos, mas funcionais, costuma-se fazer uma distinção entre eles, de acordo com a sua ministerialidade. Assim, podem ser classificados: I - Cantos processionais - São aqueles que acompanham as procissões litúrgicas. Temos então, com relação à missa: o canto de entrada, o de aclamação ao Evangelho (quando se faz a procissão deste), o da procissão das oferendas, o da comunhão e o canto final (quando este acompanha a saída do povo). II - Cantos interlecionais - São os que ficam entre as leituras bíblicas (O salmo responsorial e a aclamação ao Evangelho). III - Cantos fixos ou ordinários - Os que não variam com o tempo litúrgico ou a festa (O Glória, o Santo, o Kirye e o Cordeiro de Deus). IV - Cantos próprios - Os que variam de acordo com o tempo litúrgico, festa ou solenidade. V - Cantos litânicos - Os que têm a forma de ladainha (Ato penitencial e Cordeiro de Deus). VI - Cantos antifonais ou alternados - Os que se cantam alternando-se: coro e povo, homens e mulheres (O canto alternado ou antifonal embeleza muito a celebração, mas quase não se pratica. A criatividade pastoral deveria usar mais este recurso). VII- Cantos responsoriais - No canto responsorial, as estrofes são cantadas pelo coral ou por um solista, aqui chamado então salmista. O povo só participa com o refrão. Exemplo de canto responsorial é o salmo depois da primeira leitura.