ARTIGO 1 A IMPORTANCIA DO DIAGNÓSTICO NA INCLUSÃO.pdf
1 artigo simone helen drumond fund. sócio, político e filosófico da educação
1. http://simonehelendrumond.blogspot.com
Fundamentos Sócio Político e
Filosófico da Educação
Simone Helen Drumond Ischkanian
simone_drumond@hotmail.com
http://simonehelendrumond.blogspot.com
(92) 8813-9525 / 8808-2372
1) Discorra sobre as concepções filosóficas da educação:
Para situar as tendências pedagógicas na prática escolar é importante refletir sobre as
concepções filosóficas que lhes dão suporte.
- Concepção Humanista Tradicional
Está marcada pela visão essencialista do homem, ou seja, de que ele é constituído de
uma essência imutável. O eixo da educação é o intelecto, portanto, priorizam-se os conteúdos
cognitivos, que são adquiridos pelo esforço intelectual.
O papel de destaque cabe ao professor. Do aluno exige-se esforço e disciplina
intelectual. A linha de atuação é diretiva; valoriza-se a quantidade de conhecimento e a
pedagogia deve inspirar-se na ciência da lógica. O importante é aprender, atualizando as
potencialidades contidas à priori. Privilegia-se o adulto, considerado o homem acabado,
completo. A criança é considerada um ser imaturo e incompleto. A educação é, pois, centrada
no educador, no intelecto, no conhecimento.
- Concepção Humanista Moderna
Centra-se na visão de homem calcada não na essência, mas na existência, que precede
a essência. A natureza humana é imutável e determinada pela existência. A ênfase está na
criança, no educando, na vida, na atividade. Desloca-se o eixo do intelecto para o sentimento.
O aspecto psicológico toma o lugar da lógica; no lugar do professor, o aluno; ao invés dos
conteúdos cognitivos, priorizam-se os métodos ou processo de ensino para valorizar o
interesse do aluno.
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Coloca-se o foco na espontaneidade, no não-diretivismo, na qualidade do processo. A
inspiração filosófica centra-se na experiência. Nesta teoria o importante é aprender a
aprender.
- Concepção Analítica
Não pressupõe explicitamente uma visão de homem. A função da filosofia educacional é
a de efetivar a análise lógica da linguagem.
- Concepção Dialética
Vê o homem como síntese de múltiplas determinações, por conseguinte, vê o homem
concreto. A filosofia é o instrumento cuja tarefa é a de explicitar as questões educacionais que
só se explicam tendo como referência o contexto histórico em que estão inseridas.
As tendências pedagógicas buscam nas diversas concepções filosóficas educacionais a
justificativa para fundamentá-las.
A Concepção Humanista, em suas duas vertentes, e a Concepção Analítica sustentam
conceitualmente as tendências pedagógicas liberais. Já a Concepção Dialética sustenta as
tendências pedagógicas progressistas.
Ainda neste contexto acrescento mais duas concepções muito importantes:
- Concepção Pedagógicas Liberais
Assim chamadas por estarem, de alguma forma, voltadas para a manutenção do
sistema capitalista. Historicamente são conservadoras por suporem a manutenção do "status
quo" social. Defendem a neutralidade política da educação e amparam a reprodução do
sistema. Visam a preparar os indivíduos para representarem papeis sociais de acordo com
suas aptidões.As tendências pedagógicas liberais, grosso modo, podem ser categorizadas
em: Escola Tradicional, também conhecida como Educação Bancária, expressão cunhada por
Paulo Freire, a Renovada ou Nova e a Tecnicista.
- Concepção Pedagógicas Progressistas
Partem da análise crítica das realidades sociais; procuram fornecer às camadas
dominadas da sociedade instrumentos intelectuais que lhes permitam lutar pela
transformação social, bem como pelo exercício da cidadania.
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Nas tendências pedagógicas progressistas, conquanto predomine a Escola Libertadora
ou Crítica, merece destaque também a Escola Libertária e a Crítico-Social dos Conteúdos.
O quadro explana sinteticamente as bases filosóficas das concepções: humanista
tradicional, humanista moderna, da concepção analítica e da concepção dialética.
Base Filosófica:
Concepção humanista
tradicional.
Visão essencialista do
homem.
Base Filosófica:
Concepção humanista
moderna.
Visão do homem
centrada na existência.
Base Filosófica:
Concepção analítica.
Centrada na análise
lógica da linguagem
educacional e, em parte,
na concepção humanista
moderna.
Base Filosófica:
Concepção dialética.
Visão do homem concreto,
síntese de múltiplas
determinações em face do
contexto histórico.
- Educação que se
afasta da vida para
melhor compreendê-la,
para confrontá-la com
modelos que
representam o ápice da
produção humana, nas
ciências e nas artes, a
fim do aluno se apropriar
desses modelos
universais.
- O papel do mestre é
essencial, cabe à ele
graduar as dificuldades
e tornar acessíveis ao
aluno as grandes obras
da humanidade.
- Valorização da cultura
geral, especialmente
literária, e do saber
acadêmico.
- Os modelos educativos
estão fora da
experiência habitual do
educando, muitas vezes
opostos à vida e não
modelos de vida.
- O ensino é
enciclopédico,
acadêmico e a
aprendizagem baseada
principalmente na
memorização.
- Ênfase nos conteúdos,
repassados como
verdades absolutas.
- A finalidade da
escola é adequar às
necessidades
individuais ao meio
social.
- O importante não é o
aluno dominar o
conteúdo, mas
aprender a aprender =
processo é mais
importante que
produto.
- Escola ativa =
aprender fazendo.
- Importância do bom
relacionamento afetivo
em sala de aula.
- Todo aprendizado
deve partir do
interesse da criança.
- As diferenças
cognitivas são vistas
como naturais e o
processo
ensino/aprendizagem
prevê tratamento
diferenciado ao aluno,
não para diminuir as
diferenças, mas para
aceitá-las como
naturais.
- A escola deve
funcionar como
modeladora do
comportamento humano,
através de técnicas
específicas.
- Só aquilo que é
objetivo, mensurável,
merece ser ensinado.
- O professor é um
ordenador no meio
escolar.
- A aprendizagem
funciona pelo processo
de estímulo-resposta =
instrução programada.
- A avaliação se dá
mediante testes
objetivos.
- O planejamento
educacional se dá em
moldes sistêmicos.
- A ênfase recai nos
objetivos instrucionais
observáveis.
- A função da escola é a
de preparação de
recursos humanos, a
educação é vista como
treinamento de mão de
obra.
- O ensino é centrado no
aluno, que é o sujeito
construtor de sua
aprendizagem.
- Todo aprendizado deve
partir do conhecimento
prévio do aluno.
- O processo educativo
visa formar o aluno nos
aspectos estético, ético
político e intelectual.
- O conteúdo deve ser
abordado em suas
dimensões: conceitual,
procedimental e
atitudinal.
- O ensino deve ser
significativo e a
memorização
compreensiva.
- O papel do professor é
o de mediador e de
problematizador da
aprendizagem.
- Compromisso com os
problemas sociais.
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- O compromisso da
escola é com a cultura.
Fonte: http://simonehelendrumond.blogspot.com– Pedagogia 2008
2) Descreva a influência do positivismo na educação brasileira e na prática
escolar:
O positivismo é uma linha teórica da sociologia, criada pelo francês Auguste Comte
(1798-1857), que começou a atribuir fatores humanos nas explicações dos diversos assuntos,
contrariando o primado da razão, da teologia e da metafísica. O "Positivismo é a visão de que
o inquérito científico sério não deveria procurar causas últimas que derivem de alguma fonte
externa, mas, sim, confinar-se ao estudo de relações existentes entre fatos que são
diretamente acessíveis pela observação".
Em outras palavras, os positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos
externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais práticas e
presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da ética.
Para compreender a influência do positivismo na educação e na pratica escolar, faz-se
necessário compreender antes as principais características da filosofia positivista, que são:
O estudo da ciência
positiva fornece-nos
o único meio racional
de pôr em evidência
as leis lógicas do
espírito
A filosofia positiva
deve conduzir a uma
transformação do
nosso sistema de
educação
O ensino científico
pode ser considerado
como a base da
educação geral,
verdadeiramente
racional
A filosofia positiva
pode ser considerada
como a única base
sólida da
reorganização da
sociedade
Para Comte, o método positivista consiste na observação dos fenômenos, subordinando
a imaginação à observação. O fundador da linha de pensamento sintetizou seu ideal em sete
palavras: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. Comte preocupou-se em
tentar elaborar um sistema de valores adaptado com a realidade que o mundo vivia na época
da Revolução Industrial, valorizando o ser humano, a paz e a concórdia universal.
A influência do positivismo na educação brasileira
O positivismo teve fortes influências no Brasil, tendo como sua representação máxima, o
emprego da frase positivista “Ordem e Progresso”, extraída da fórmula máxima do
Positivismo: "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim", em plena bandeira
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brasileira. A frase tenta passar a imagem de que cada coisa em seu devido lugar conduziria
para a perfeita orientação ética da vida social.
A filosofia positiva teve um caráter pedagógico muito grande na educação brasileira, pois
além de procurar reorganizar a sociedade através do estudo da ciência positiva também
buscou no ensino científico o suporte para que as ciências especializadas se desenvolvam.
Seus seguidores pregavam a liberdade de ensino, provavelmente como uma forma de reação
ao tipo de educação jesuítica predominante na época. Com isso, ao mesmo tempo em que as
escolas particulares confessionais exerciam uma ação contrária ao positivismo, conseguiram
graças à atuação positivista a abertura do mercado brasileiro. São as escolas livres, como as
de Direito e a Politécnica e as escolas e academias militares que se destacam pela formação
de grande número de positivistas brasileiros. Deste modo, a criação de escolas técnicas
esteve associada a uma orientação positivista, que via no ensino científico a base de uma
educação racional, enquanto as instituições religiosas dedicaram-se a uma educação
humanística.
A Reforma Benjamin Constant rompeu com a tradição humanista clássica e a substitui
pela científica, de acordo com a ordenação positivista de Comte (Matemática, Astronomia,
Física, Química, Biologia, Sociologia e Moral). Entretanto, não foram eliminadas as disciplinas
tradicionais, Latim e Grego, apenas se acrescentou ao currículo anterior o estudo das
disciplinas científicas, tornando o ensino secundário ainda mais enciclopédico. Os princípios
orientadores da Reforma foram à liberdade e a laicidade do ensino e a gratuidade da escola
primária. Além disso, pretendia tornar o ensino secundário formador e não apenas destinado
à preparação ao ensino superior.
Os ideais positivistas no ensino da matemática em artigos de vários periódicos deram a
educação brasileira uma ênfase rumo a novas perspectivas. Observe que na Revista da
Escola Politécnica (1897-1901); na Revista Polytechnica, fundada pelo grêmio de alunos da
Escola Politécnica de São Paulo em 1904; na Revista Brasileira de Matemática, que surgiu
em 1929; na Revista Mensal, periódico da Sociedade Científica e Literária Culto às Letras,
fundada por alunos da Escola Militar de Porto Alegre em 1880; entre outros.
A influência do positivismo no Brasil despertou no Rio Grande do Sul, com a liderança
ideológica de Júlio de Castilhos e de Assis Brasil, gaúchos oriundos das Escolas Militares e
de Engenharia do Rio de Janeiro e da Faculdade de Direito de São Paulo difundiram as idéias
positivistas, o que possibilitou a organização da Escola de Engenharia, em 1896.
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Como autores de livros didáticos com orientação positivista Rio Grande do Sul, temos
Luiz Celestino de Castro, coronel-engenheiro, que escreveu Lições de Arithmetica, em 1883,
como livro texto para suas aulas na Escola Militar e Demétrio Nunes Ribeiro, engenheiro que
se formou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e que trabalhou como professor e diretor
da Escola Normal de Porto Alegre, tendo publicado dois livros didáticos Curso Elementar de
Arithmética, a primeira parte em 1881 e a segunda em 1882 e deixado dois outros livros
manuscritos. “Nem programas de ensino, nem pontos para exames preparatórios da época se
importaram com as discussões de âmbito filosófico sobre as matemáticas. Os pontos e
conteúdos a ensinar já estavam dados desde Ottoni. Não se estabeleceram uma
reestruturação e reorganização das matemáticas a ponto de ter existido uma ‘matemática
escolar positivista’. Ou, o que seria mais preciso dizer, uma matemática elementar nos moldes
preconizados por Comte.”
Escola Politécnica do Rio de Janeiro, por exemplo, em 1882, o então diretor, Inácio da
Cunha Galvão, negou a Miguel Lemos a autorização para que este ministrasse um curso
sobre Filosofia Positiva. Na câmara dos deputados, foram várias as manifestações contra a
propaganda positivista, principalmente com relação à defesa da religião católica, adotada
oficialmente no país naquela época. Ao mesmo tempo, Comte escreveu sua obra Filosofia
Positiva em 1830 e a Matemática a que ele se referia era a do século XVIII e início do século
XIX. Assim, quando Otto de Alencar Silva (1874-1912) inicia a publicação de seus trabalhos
de pesquisa Matemática no Brasil, no final do século XIX, os novos conceitos e teorias da
Matemática passam a ser divulgados e uma nova geração de matemáticos passa a refutar as
idéias de Comte, procurando expulsá-las do ensino. Apesar deste enfraquecimento do
positivismo, vários docentes de Matemática ainda continuaram a citar Comte em seus livros-
textos publicados para o ensino.
O declínio da influência positivista no ensino brasileiro de matemática se daria a partir da
Reforma Francisco Campos (1931), que aceitou integralmente a proposta de reformulação do
currículo de matemática apresentada pela Congregação do Colégio Pedro II, em 1928. A
Reforma Francisco Campos estabelece a união das disciplinas matemáticas englobadas sob
o título de Matemática e busca compatibilizar a modernização dos conteúdos e métodos do
ensino secundário com todos os pontos da proposta de Euclides Roxo, adotando como idéia
central do ensino a noção de função, que deveria fazer a conexão entre os tratamentos
algébricos, aritméticos e geométricos dos conceitos. Na elaboração desta proposta, baseada
no Movimento Internacional para a Modernização do Ensino de Matemática, destaca-se a
figura de Euclides Roxo, diretor do Colégio Pedro II e seguidor das idéias que Félix Klein
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defendia através da Comissão Internacional de Ensino de Matemática.Entretanto, o ideário
positivista ainda se manteve atuante nas medidas governamentais no início da República e na
década de 1970, quando houve a tentativa de implantação da escola tecnicista. Por exprimir a
confiança do homem no conhecimento científico, o positivismo conduz a uma visão de mundo
coerente com a visão tecnicista de planejar, organizar, dirigir e controlar que foi introduzida no
Brasil durante a ditadura militar e que prejudicou, sobretudo, as escolas públicas, por
submeter o plano pedagógico ao administrativo e “transformar o professor em mero executor
de tarefas organizadas pelo setor de planejamento”. Outro aspecto da influência do
positivismo que ainda pode ser notado em Educação Matemática é o que se refere à adoção
do recurso pedagógico da História da Matemática dentro de um enfoque recapitulacionista da
evolução dos conceitos, conforme mostraremos a seguir.
A influência do positivismo na prática escolar
Na pratica escolar, o positivismo reconhece apenas dois tipos de conhecimentos
científicos: o empírico, encontrado nas ciências naturais, e o lógico, constituído pela lógica e
pela matemática. Isto faz com que as ciências em seu conjunto sejam elaboradas por
modelos matemáticos e estatísticos, dando um caráter fragmentário e disperso ao saber
científico. Por outro lado, ao aceitar como realidade somente os fatos que possam ser
estudados, o positivismo também apóia a tese de que os estados mentais podem ser
analisados pela observação de suas manifestações no comportamento, diminuindo assim a
importância dos fatores culturais. Ao adotar o método experimental-matemático como o único
que conduz ao conhecimento verdadeiro, o positivismo adquire um caráter conservador e
legitimador da ordem estabelecida, por não considerar os valores, ideologias e visões sociais
de mundo. Além disso, a visão positivista de que o único conhecimento verdadeiro é o
produzido pela ciência com a aplicação do método experimental-matemático obriga o
pesquisador a estudar a realidade através de partes isoladas e fixas, dá como exemplo os
estudos sobre fracasso escolar que, ao invés de abordarem a dinâmica dos fatos, buscavam
relações simples com fatos como anos de magistério dos professores, grau de formação
profissional, nível sócio-econômico etc. Desse modo, a neutralidade do conhecimento positivo
garantida pela objetividade do cientista ignora a influência dos fatores humanos na pesquisa e
o princípio da verificação ao afirmar que só é verdadeiro o que pode ser empiricamente
confirmável, acaba por limitar o conhecimento científico à experiência sensorial. Com isso, os
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valores culturais, as condições históricas e as diferentes condutas humanas são ignorados na
unificação metodológica positivista para tratar a ciência natural e a ciência social.
3) Quais são as principais características do Neoliberalismo? E do Neoliberalismo
político?
Pode-se definir o neoliberalismo como um conjunto de idéias políticas e econômicas
capitalistas que defende a não participação do estado na economia. De acordo com esta
doutrina, deve haver total liberdade de comércio (livre mercado), pois este princípio garante o
crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país.
Surgiu na década de 1970, através da Escola Monetarista do economista Milton
Friedman, como uma solução para a crise que atingiu a economia mundial em 1973,
provocada pelo aumento excessivo no preço do petróleo.
Características do Neoliberalismo (princípios básicos):
- mínima participação estatal nos rumos da economia de um país;
- pouca intervenção do governo no mercado de trabalho;
- política de privatização de empresas estatais;
- livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização;
- abertura da economia para a entrada de multinacionais;
- adoção de medidas contra o protecionismo econômico;
- desburocratização do estado: leis e regras econômicas mais simplificadas para facilitar
o funcionamento das atividades econômicas;
- diminuição do tamanho do estado, tornando-o mais eficiente;
- posição contrária aos impostos e tributos excessivos;
- aumento da produção, como objetivo básico para atingir o desenvolvimento econômico;
- contra o controle de preços dos produtos e serviços por parte do estado, ou seja, a lei
da oferta e demanda é suficiente para regular os preços;
- a base da economia deve ser formada por empresas privadas;
- defesa dos princípios econômicos do capitalismo.
Críticas ao neoliberalismo
Os críticos ao sistema afirmam que a economia neoliberal só beneficia as grandes
potências econômicas e as empresas multinacionas. Os países pobres ou em processo de
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desenvolvimento (Brasil, por exemplo) sofrem com os resultados de uma política neoliberal.
Nestes países, são apontadas como causas do neoliberalismo: desemprego, baixos salários,
aumento das diferenças sociais e dependência do capital internacional.
Neoliberalismo político
Depois que a dissolução da União Soviética selou o insucesso das economias
centralizadas, a expressão "neoliberalismo" passou a ser amplamente usada pelos meios de
comunicação. Ela não se vincula, porém, a uma ideologia sistematicamente definida, mas é
aplicada a posições ou situações de esquerda ou direita, mais progressistas ou mais
conservadoras.
Neoliberalismo, em sentido amplo, é a retomada dos valores e ideais do liberalismo
político e econômico que nasceu do pensamento iluminista e dos avanços da economia
decorrentes da revolução industrial do final do século XVIII, com a adequação necessária à
realidade política, social e econômica de cada nação em que se manifesta. Em sentido mais
estrito designa, nas democracias capitalistas contemporâneas, as posições pragmáticas e
ideologicamente pouco definidas dos defensores da política do "estado mínimo", que deve
interferir o menos possível na liberdade individual e nas atividades econômicas da iniciativa
privada e, ao mesmo tempo, manter, ampliar e tornar mais racional e eficiente o estado de
bem-estar social. Há neoliberalismo de esquerda, de centro e de direita.
Antecedentes do Neoliberalismo
O movimento neoliberal caracterizou-se, num primeiro momento, pela mudança da
postura liberal em relação ao papel do estado na vida econômica das democracias
capitalistas. Manifestou-se durante a grande depressão da década de 1930, quando defendeu
e implantou a intervenção do estado na economia para amenizar os efeitos sociais da crise
econômica. Num segundo momento, que coincide com a crise da economia mundial da
década de 1970, distinguiu-se pela adoção de critérios de eficiência e de busca de solução de
problemas específicos do estado de bem-estar social e de progresso econômico nos moldes
do capitalismo contemporâneo. Adquiriu características nacionais específicas nos diversos
países em que ocorreu e traduziu as posições dos partidos políticos que adotaram seus
postulados.
Assim, em alguns países europeus continentais, foi assimilado por partidos de tendência
conservadora e de direita; nos Estados Unidos e no Reino Unido, tornou-se bandeira da
política progressista e de intervenção do estado na economia nacional para evitar ou
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contornar crises econômicas, promoveu mudanças nas relações de trabalho e de produção
das economias nacionais, que beneficiaram setores sociais mais desvalidos, e incentivou o
papel do estado na atividade empresarial, especialmente em setores em que a iniciativa
privada se recusou a atuar, para aumentar a oferta de emprego. Foi denunciado por
adversários conservadores como processo de socialização da vida do país pela criação do
estado de bem-estar social.
Neoliberais e conservadores
É na verdade tênue o limite que separa neoliberais e conservadores, o que leva muitas
vezes a uma identificação apressada das duas tendências. Há, no entanto, uma diferença
fundamental: os neoliberais são progressistas, incentivam a mudança útil e defendem a
manutenção do estado de bem-estar social, mas percebem a necessidade de reformá-lo para
uma eficiência maior de gastos, a ampliação do universo dos beneficiados e a contenção de
privilégios conquistados por grupos de interesse de forte presença na sociedade e no
governo. Os conservadores, ao contrário, pregam a omissão quase absoluta do estado
quanto ao rumo da economia nacional, consideram que cabe à "mão invisível" do mercado a
condução das questões econômicas e ao indivíduo a responsabilidade por seu progresso
pessoal e buscam restringir não só o universo dos beneficiários do estado de bem-estar mas
os próprios limites desse estado.
A confusão mais freqüente entre neoliberais e conservadores se verifica em relação às
políticas adotadas ao longo de toda a década de 1980 pelos governos conservadores dos
Estados Unidos e do Reino Unido, países em que é mais clara a identificação do
neoliberalismo. Na tradição política dos dois países, as idéias liberais são o fundamento da
formação do próprio conceito de estado, da democracia e da construção de seus partidos
políticos.
Nos Estados Unidos, os dois partidos que dominam o cenário político e se revezam no
poder, o Republicano e o Democrata, têm raízes liberais, mas divergem na visão do papel do
estado. Para o Partido Democrata, o governo deve atuar na vida social e econômica nacional;
para o Republicano, quanto menos governo, melhor.
A primeira atuação do neoliberalismo americano ocorreu num governo democrata,
durante a grande depressão da década de 1930, e deu origem ao New Deal de Franklin
Roosevelt, que inaugurou a presença do estado como um dos motores da economia nacional,
rompeu com a tradição liberal ao intervir na economia e não deixá-la ao sabor da iniciativa
privada, e deu origem ao estado de bem-estar.
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Os governos democratas ou republicanos que se seguiram mantiveram basicamente a
mesma estrutura até a eleição do republicano Ronald Reagan em 1980, que conseguiu
reverter a política do governo, apesar da oposição dos neoliberais democratas do Congresso,
grupo que se elegeu a partir da crise da economia mundial da década de 1970 e da renúncia
do presidente republicano Richard Nixon.
Essa nova geração democrata no Congresso, herdeira do pensamento de John
Kennedy, acreditava num novo liberalismo que buscasse solucionar problemas e não
simplesmente manter um sistema que apresenta falhas, especialmente no processo que rege
a aplicação dos benefícios do estado de bem-estar, deformado pelo excesso de instâncias e
organizações burocráticas. Identificaram-se com a classe média, suas necessidades e
interesses, e não com a burguesia empresarial dominante no liberalismo conservador e se
caracterizaram por uma visão reformista nas questões sociais e na política externa, por idéias
libertárias e antimilitaristas. Chegou ao poder executivo com a eleição de Bill Clinton para a
presidência em 1992.
Seus grandes adversários são os conservadores do Partido Republicano, que buscam
retirar do estado a função de promover o progresso individual dos cidadãos e incentivar, se
necessário com o corte de impostos, a presença cada vez maior da iniciativa privada na
economia. Esse foi o programa do conservador republicano Ronald Reagan nos oito anos de
seus dois mandatos na presidência e de seu sucessor também republicano George Bush.
No Reino Unido, o liberalismo está também na raiz da formação dos partidos
Conservador e Trabalhista, embora os trabalhistas tenham se inclinado fortemente para a
social-democracia. Para o liberalismo britânico, o estado é sempre um mal necessário e deve
ser mantido dentro de limites restritos.
Os trabalhistas britânicos têm pontos em comum com os democratas americanos; os
conservadores defendem posições próximas às dos republicanos de Reagan. A expressão
maior do conservadorismo britânico é a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, que em seus
11 anos no cargo, de 1979 a 1990, promoveu um programa de privatizações das empresas
estatais e combateu de forma radical os movimentos sindicais trabalhistas. Seu sucessor,
John Major, também do Partido Conservador, deu continuidade ao processo em ritmo mais
lento. Uma das conseqüências dessa política do governo conservador foi a queda do poder
político dos sindicatos e de sua influência na sociedade civil.
Liberais de ontem e de hoje
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A expansão do poder e da responsabilidade do governo que os liberais de hoje
defendem é oposta à contração do poder e das responsabilidades do governo defendidos
pelos liberais de ontem. O conteúdo do liberalismo varia de acordo com a mudança das
condições nacionais e das contingências históricas mas sua inspiração é sempre a mesma: a
hostilidade à concentração de poder que ameaça a liberdade do indivíduo e o impede de
realizar suas potencialidades; a disposição de reexaminar e reconstruir as instituições sociais
à medida que surgem novas necessidades.
Essa disposição, temperada pela aversão à mudança súbita e cataclísmica, é o que
diferencia o liberal do radical, que ignora seus riscos; seu entusiasmo no incentivo ao
progresso e às transformações úteis distingue o liberal do conservador. Se o conteúdo varia,
essas características constituem a forma distintiva e permanente do liberalismo novo ou
velho.
Neoliberalismo no Brasil
Na versão brasileira, o neoliberalismo defende a limitação da participação do estado na
atividade econômica e identifica-se com o ideal de "estado menor" e mais eficiente. Opõe-se
ao corporativismo que domina as relações entre o estado e os poderosos grupos de interesse
da sociedade civil que buscam influenciar as decisões de governo para manter privilégios,
principalmente os que se formaram a partir das bases do trabalhismo lançadas por Getúlio
Vargas no período de 1930 a 1945 e do estatismo, iniciado também por Vargas e acelerado a
partir de seu segundo período no governo, de 1950 a 1954, que beneficiou categorias
especiais de trabalhadores e especialmente de empresários. Para o neoliberalismo brasileiro,
já se esgotou o modelo de estado empresário, que supriu, num momento essencial do
desenvolvimento econômico, o papel do capital privado, que não se dispôs a investir em
setores essenciais. Durante a ditadura militar de 1964 a 1985, a presença do estado na
economia se ampliou até responder por aproximadamente um terço dos investimentos nos
setores produtivos e mais da metade do capital bancário, com atuação em áreas as mais
diversificadas da produção industrial e de serviços.
O neoliberalismo brasileiro aproxima-se portanto do neoliberalismo americano e britânico
e não do conservadorismo representados por Reagan e Thatcher e se identifica muito mais
com o liberal-socialismo, que tenta uma síntese entre socialismo e liberalismo
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Referência:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
20ªed., SP: Paz e Terra, 2001.
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 20ªed.,
Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2006, p.21-33.
MORIN, Edgar. O pensamento da ética. In: método 6. Ética. Porto Alegre: Sulina, 2005,
p.19-30.