1. O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO ● PÁGINA 10 - Edição: 8/04/2012 - Impresso: 7/04/2012 — 02: 26 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
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Domingo, 8 de abril de 2012
SEGUNDOCADERNO
AGAMENON HUMOR
O copo do CARECAÇO DA SEMANA
Carecóstenes Torres
mundo é ● O senador do
DEM, Demoscro-
tos, apesar de ti-
rar onda de ho-
nosso!
nesto e ético, foi
pego numa grava-
ção do “Jornal Na-
cional” e mostrou
que era um pau-
mandado do bi-
cheiro Carlinhos
F
inalmente o Congresso ao Coliseu de Roma, ao Parthe- Cachoeira. Pelas
Nacional tomou uma non grego e à Stonehenge, na In- fitas, a Polícia Fe-
medida certa. E não foi glaterra, as obras estão em rit- deral descobriu
uma medida só não! To- mo frenético. E os outros está- que este Cachoei-
maram todas! Agora é lei: a be- dios Brasil afora também estão ra, um hidro-con-
bida está liberada nos está- bastante adiantados: o Estádio traventor aquáti-
dios durante a Copa do Mundo do Caju Amigo no Ceará, o Beba co, é responsável
de 2014, para alegria da Ambe- Rio em Porto Alegre, o Caipiri- pela geração de
be, a maior multinacional cer- nhão em Recife e o Maracaninha um enorme volu-
vejeira brasileira do mundo! A no Rio de Janeiro. me de dinheiro
cachaça, a birita e os birinai- Pode ser que os estádios que molha a mão
tes tinham mesmo que ser li- não fiquem prontos para a Co- de vários políticos no Sarney e o Jader Barba-
berados na Copa. Só mesmo pa das Bebemorações, mas clima seco do Planalto lho estão no Senado! O
muito doidão e de cara cheia o uma coisa é certa: a ressaca já Central. Pelo conteúdo Ibama agora quer saber
torcedor brasileiro vai conse- está garantida para 2014! escabroso das grava- se a cara de pau do se-
guir aturar essa seleção do ções, podemos afirmar nador é de madeira de
Mano Menezes. AGAMENON MENDES PEDREIRA disse que sua que DEMóstenes Torres lei, quer dizer, madeira
Para celebrar esta decisão, ligação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira não mantinha uma relação fora da lei. Ex-obeso,
enchi a cara e fui visitar as obras passa de cascata promíscua extraconju- Porcóstenes Torres fez
do Maracanã, o Mario Filho. Co- gal com o empresário cirurgia de redução do
mo estava mais alcoolizado que do jogo e não passava caráter e chegou a per-
o Adriano, fiquei surpreso e ani- de um senador caça-ní- der toda a vergonha lo-
mado com o ritmo das obras: quel. Nunca antes na calizada na cara. Encur-
em vez de um estádio só, vi dois ENQUANTO ISSO, o bicheiro História do Brasil se viu ralado pelos fatos, o se-
estádios! Estavam inacabados, é no Senado um sujeito nador do Demoescra-
verdade, mas tinham dois iguai- hidrelétrico Carlinhos tão mentiroso, falso e chos agora está torcen-
zinhos. Em seguida, resolvi to- Cachoeira continua gerando mau-caráter como o se- do para que as investi-
mar uns aperitivos com o Lula e nador careca de Goiás. gações da polícia não
fomos visitar o estádio de Ita- milhões de kilowatts E olha que o Collor, o DEM em nada.
quera, o Cachação. Comparado em escândalos
Brennand: livro e documentário aos 85
Cristina Tardáguila
cris.tardaguila@oglobo.com.br
E
m 2007, quando fo-
lheou o novo “Dicioná-
rio enciclopédico ilus-
trado Larousse”, o es-
cultor e artista plástico Francis-
Artista pernambucano ganha ‘quase um catálogo raisonée’ e filme dirigido pela sobrinha-neta
co Brennand levou um susto: Divulgação/George Ermakoff Reprodução
— Ele informava que sou um O DIÁRIO que o
pintor, ceramista e escultor
brasileiro que busca inspira- artista escreve
ção na arte sacra e no folclore desde 1949
nordestino. Mas eu nunca fiz
um santo de barro sequer e é a base do
pinto mulheres nuas! livro e do filme,
Dono de um dos 11 prêmios
Gabriela Mistral que a Organi- e deve ser
zação dos Estados America- publicado
nos (OEA) distribuiu até hoje
a ícones da cultura no conti- na íntegra
nente, Brennand quer ser re- em breve
conhecido pelo que efetiva-
mente fez e faz. Quer ajustar à
Divulgação/Helder Ferrer
realidade os mitos que giram
em torno de sua figura: a de
um homem que há anos traba-
lha praticamente isolado nu-
ma antiga olaria transformada
em ateliê, em Recife.
Para isso, o artista, que ce-
lebra seus 85 anos em junho,
dedicou os últimos meses à fi-
nalização de um livro e um do-
cumentário sobre ele — am- O LIVRO “O universo de
bos baseados no diário que es-
Francisco Brennand” traz
creve desde 1949, quando foi
estudar pintura na França. mais de 300 pinturas do
Fotografia de Walter Carvalho homem mais conhecido
Com prefácio do poeta Ferrei- por suas figuras de barro
ra Gullar, que compara o escul-
tor pernambucano a Pablo Pi-
casso — ambos são artistas que cinema não é uma conversa, e cerâmica — diz o artista. — É
“transbordam suas obras”, o li- dou valor às vozes do silêncio. uma crônica da evolução da
vro “O universo de Francisco O projeto mais saboroso em arte nos últimos 50 anos.
Brennand” (editora G. Ermakoff) torno da história de Francisco Entre os assuntos abordados
acaba de chegar às livrarias do Brennand, entretanto, ainda está a “resposta oficial” de Bren-
país. Ao longo de quase 500 pá- não tem data para chegar ao nand à polêmica em torno da
ginas, a obra conta a história do grande público. Mariana so- “Coluna de cristão”, erguida em
artista — descendente de uma nha publicar a íntegra do diá- sua Recife natal, em 2000, por
família inglesa — e traz à luz rio que municiou o livro e o fil- conta dos 500 anos da descober-
mais de 300 pinturas do homem O ESCULTOR e pintor Francisco Brennand em seu ateliê-olaria em Recife, onde trabalha praticamente isolado me sobre o tio-avô, mas ainda ta do Brasil:
que é mais conhecido por suas negocia com editoras. — Será minha oportunidade
figuras de barro. São óleos sobre — Serão três volumes que, de impedir que a História re-
tela, óleos sobre madeira, aqua- guem um caminho totalmente nambucano de barba farta pro- dicional. Não há depoimento de juntos, somam quase duas mil gistre apenas a voz de meus
relas, guaches e nanquins sobre diferente. Na cerâmica, eu trato mete lançar o documentário ninguém sobre ele. É ele quem páginas — adianta. inimigos sobre esse assunto.
papel, entre outros suportes. do terrível, da angústia e do sen- “Francisco Brennand”, um lon- fala de si mesmo — conta a di- Brennand conta que a futu- Trata-se de uma obra que me
— É quase um catálogo raiso- timento trágico, e nas telas refli- ga-metragem com fotografia de retora Mariana Brennand. ra obra começa na viagem de foi encomendada e que nunca
née do Brennand — diz o editor to sobre o sensual, o erótico, o Walter Carvalho. Perguntado sobre a dificulda- 12 dias de barco que ele fez en- tive a oportunidade de inaugu-
George Ermakoff. — O livro de- alegre e o colorido — diz Bren- — Em 2002, tomei conheci- de de atuar num documentário, tre o Brasil e a França aos 22 rar oficialmente.
volve o artista à posição de pin- nand, que teve quadros recusa- mento do diário secreto que meu o pernambucano ri alto e entrega anos de idade, trata da solidão A obra em questão é uma co-
tor que ele sempre foi, mas que dos em duas edições da Bienal tio escreve desde 1949 e decidi um pouco do que vem por aí: que viveu naquele país e mos- luna de cerâmica azul de 32 me-
ficou ofuscada pelas esculturas. de São Paulo, em 1957 e 1959. fazer um filme baseado nele. O — Apareço muito andando de tra sua vida particular. tros de altura que tem uma flor
— O mais interessante sobre Além do livro, até o fim do se- documentário está em fase de fi- costas, completando frases. Nem — Mas no centro do diário no alto. Segundo seus críticos, o
meus quadros é que eles se- mestre, a sobrinha-neta do per- nalização e não tem nada de tra- olho para a câmera. Acho que o estão a pintura, a literatura e a formato lembra um pênis. ■