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CON
TI
NEN
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1

Viagem

GALINHOS
Com espírito
de “aventura”
Embora haja muito a fazer para acomodar bem o
turismo, a praia potiguar oferece raro bem-estar aos
viajantes, comsuas belezas insólitas
TEXTO E FOTOS Fred Navarro

A distância de Natal a Galinhos

é de apenas 160 quilômetros para
noroeste, mas o tempo de percurso
a partir da capital do RN atinge
três horas com facilidade. Motivo:
a confusa e congestionada saída
norte da cidade. Com a inauguração,
prevista para 2013, do aeroporto
de São Gonçalo do Amarante,
haverá uma passagem “por fora”
tanto para os turistas quanto para
quem mora em Natal. Percorra esse
trajeto de 160 km com a paciência
de um monge em meditação,
porque há atrativos no caminho.
Primeiro: apesar de paralelos
ao litoral, a geografia e o elemento
humano predominantes ao longo
da RN-406 (em direção a Macau
e Mossoró e, depois, Fortaleza)
mesclam elementos do cerrado
e do sertão em dosagens bem
proporcionadas. Transpostos para
o agreste pernambucano ou para

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23/04/2012 08:25:01
CONTRASTES

o sertão baiano, aqueles homens
e mulheres não destoariam
da paisagem. O tipo caboclo,
moreno e forte, acha-se presente
à beira da estrada, nos postos
de gasolina, nas lanchonetes
e onde quer que se pare.
Avançando rumo ao oeste sem
distanciar-se muito do litoral, ao
norte, a estrada deixa entrever, nas
margens, as típicas plantas baixas e
rasteiras que reinam longe das praias
nordestinas, uma vegetação escassa
que se estende irregularmente em
direção à praia e ao mar, convivendo
com raros coqueiros e variedades
diversas de cactáceas.
Na memória, vamos buscar um
antigo registro de Luís da Câmara
Cascudo: em algumas áreas do
Rio Grande do Norte, o sertão só
termina à beira-mar, o que é fato
singular, raríssimo, no Brasil,
escreveu o mestre potiguar.

Passamos pelos municípios de
Ceará-Mirim, João Câmara (e seus
periódicos tremores de terra) e
Jandaíra. Uma placa e um trevo,
15 km depois, apontam a RN-402,
rumo a Galinhos. Percorridos mais
30 quilômetros, lagunas e margens
de rios, repletos de salinas, com seus
flocos de espuma de sal ao sabor do
vento, destacam-se na paisagem e só
terminam num estacionamento em
Pratagil, num braço de mar que todo
mundo insiste em chamar de rio. Fim
da estrada e do continente. Os carros
ficam ali, só atravessam pessoas,
malas, objetos, mercadorias.
Galinhos está do outro lado, a 10
ou 12 minutos de barco. Se o visitante
estiver num buggy ou num veículo
de tração 4 x 4, terá de seguir alguns
quilômetros adiante para cruzar o
rio em áreas elevadas e chegar à
península, dependendo dos horários
de mudanças das marés.

Galinhos reúne belezas difíceis de
serem encontradas num só lugar, e esse
é o motivo do impacto à primeira vista.
Não há quem resista à mistura de praias
desertas, águas mornas, areias brancas
e finas, dunas de médio e grande
portes, morros e pirâmides de sal, rios
e manguezais sem fim, fauna e flora
intocadas, e um cotidiano de cidade
pequena do interior em que o principal
meio de transporte é uma charrete
rústica puxada por uma burrinha.
Lá, só há duas ou três ruas calçadas,
inclusive a da prefeitura. O resto da
cidade está erguido sobre o areal, que é
a continuidade da areia branca que fica
entre a praia e o rio.
O nome do lugar, diz a tradição,
teve sua origem nos pequenos peixesgalos (do gênero Selene, com o corpo
alto e comprimido) que habitam os
recifes da península, que fica na região
salineira chamada Costa Branca e
inclui a cidade e a praia de Galinhos
( 1.200 habitantes), a praia de Galos
(500 habitantes), e um assentamento
de 400 habitantes (IBGE, 2009).
Quase todos vivem da pesca, do
extrativismo (caju, coco e sisal), da
indústria do sal e, mais recentemente,
do comércio e do turismo. Esse último
dá os primeiros passos e tenta andar
com firmeza, esforçando-se para
aprimorar os serviços oferecidos
nas pousadas e ampliar as opções
de passeios para os visitantes.
Há muito para fazer, desde a
colocação de placas de sinalização
(por exemplo, uma atraente faixa
de praia, por trás do farol, tem
correntes marítimas perigosas) até
o reabastecimento do camarão,
prato de resistência do lugar, que
falta de repente no auge do verão, e
leva dias ou semanas até reaparecer
nos restaurantes e pousadas. A água
ainda é salobra, sem tratamento,
obrigando moradores e turistas
a fazer mágicas para tomar um
banho rápido com água mineral
depois do banho “normal”.
Ponha tudo isso na conta “aventura”
e se deixe levar pela beleza insólita,
única, do lugar.
A vegetação, à beira-mar ou
às margens dos rios, conta com
manguezais nativos e intocados, bem
próximos da cidade, meia hora de

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Viagem
2
Página anterior
1 DUNAS
A 160 km de Natal, Galinhos caracterizase como uma praia com elementos
naturais de cerrado e caatinga
Nestas páginas
2 TRAVESSIA
O acesso mais comum para a localidade
são balsas e barcos que fazem translado
de Pratagil, no continente

3

TRANSPORTE
É possível acessar Galinhos de
carro, mas moradores e visitantes se
locomovem em charretes

4-5 PAISAGEM

Dunas, braços de mar e rio, salinas, faróis,
manguezais, vegetação nativa e intocada
são alguns dos atrativos do lugar

3

caminhada. Mais à frente, em áreas
isoladas da península, cactáceas e
pequenas plantas típicas do sertão
e da caatinga são encontradas
com facilidade: xique-xiques,
facheiros, catingueiras, faveleiros
e marmeleiros. Acredite: tudo isso
numa península, à beira-mar.
E, por toda parte, um espetáculo

visual que, às vezes, lembra um passeio
pelo Rio Paraguai, em pleno Pantanal:
isoladas ou em bandos, nos céus ou
sobre os rios e mangues, desfilam garças
brancas e azuis, marrecas, flamingos,
águias-pescadoras, maçaricos e gaivotas.
As dunas do André e do Capim,
principalmente, estão entre as
mais bonitas do Estado, e saibam

que a concorrência não é pequena.
Acessíveis pelo rio ou pela praia, são de
enorme impacto visual pela extensão,
altura e formas que o vento altera
arbitrariamente. Não há muito o que
falar sobre elas. É preciso vê-las.

FAROL DE CINEMA

E, por fim, um detalhe desses que
costumam fazer a diferença: Galinhos
tem um dos faróis mais charmosos
do Nordeste, com praias desertas
que se perdem de vista, à direita e
à esquerda. Detrás dele, uma lagoa

CONTINENTE MAIO 2012 | 44

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23/04/2012 08:25:10
4

5

temporária (chamada também de
gamboa ou maceió) faz a festa de
crianças e casais de namorados,
com as alterações constantes de
tamanho, formato e profundidade,
que ocorrem diariamente com
as mudanças das marés.
Em frente ao mar, pescadores
experientes protegem-se do sol e das

espumas de sal com exóticas roupas
plásticas. Barcos passam ao largo, a
caminho de Guamarés e de suas torres
de energia eólica, do outro lado, no
quase já esquecido continente.
A exemplo do que acontece em
Fernando de Noronha (a pouco mais
de 400 km, a nordeste dali), uma
estada em Galinhos faz as pessoas

esquecerem as coisas que em boa
hora deixaram para trás. Esses lugares
ainda meio escondidos, esquecidos
pelos mapas, onde o vento faz a curva,
atrás de caixa-pregos, costumam ser
carimbados de “um pedaço do paraíso”.
Não adianta resistir ao lugar-comum.
É exatamente isso o que eles são. É
exatamente isso o que Galinhos é.

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137 mai 12 - galinhos

  • 1. CON TI NEN TE#44 1 Viagem GALINHOS Com espírito de “aventura” Embora haja muito a fazer para acomodar bem o turismo, a praia potiguar oferece raro bem-estar aos viajantes, comsuas belezas insólitas TEXTO E FOTOS Fred Navarro A distância de Natal a Galinhos é de apenas 160 quilômetros para noroeste, mas o tempo de percurso a partir da capital do RN atinge três horas com facilidade. Motivo: a confusa e congestionada saída norte da cidade. Com a inauguração, prevista para 2013, do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, haverá uma passagem “por fora” tanto para os turistas quanto para quem mora em Natal. Percorra esse trajeto de 160 km com a paciência de um monge em meditação, porque há atrativos no caminho. Primeiro: apesar de paralelos ao litoral, a geografia e o elemento humano predominantes ao longo da RN-406 (em direção a Macau e Mossoró e, depois, Fortaleza) mesclam elementos do cerrado e do sertão em dosagens bem proporcionadas. Transpostos para o agreste pernambucano ou para CONTINENTE MAIO 2012 | 42 viagem_galinhos.indd 42 23/04/2012 08:25:01
  • 2. CONTRASTES o sertão baiano, aqueles homens e mulheres não destoariam da paisagem. O tipo caboclo, moreno e forte, acha-se presente à beira da estrada, nos postos de gasolina, nas lanchonetes e onde quer que se pare. Avançando rumo ao oeste sem distanciar-se muito do litoral, ao norte, a estrada deixa entrever, nas margens, as típicas plantas baixas e rasteiras que reinam longe das praias nordestinas, uma vegetação escassa que se estende irregularmente em direção à praia e ao mar, convivendo com raros coqueiros e variedades diversas de cactáceas. Na memória, vamos buscar um antigo registro de Luís da Câmara Cascudo: em algumas áreas do Rio Grande do Norte, o sertão só termina à beira-mar, o que é fato singular, raríssimo, no Brasil, escreveu o mestre potiguar. Passamos pelos municípios de Ceará-Mirim, João Câmara (e seus periódicos tremores de terra) e Jandaíra. Uma placa e um trevo, 15 km depois, apontam a RN-402, rumo a Galinhos. Percorridos mais 30 quilômetros, lagunas e margens de rios, repletos de salinas, com seus flocos de espuma de sal ao sabor do vento, destacam-se na paisagem e só terminam num estacionamento em Pratagil, num braço de mar que todo mundo insiste em chamar de rio. Fim da estrada e do continente. Os carros ficam ali, só atravessam pessoas, malas, objetos, mercadorias. Galinhos está do outro lado, a 10 ou 12 minutos de barco. Se o visitante estiver num buggy ou num veículo de tração 4 x 4, terá de seguir alguns quilômetros adiante para cruzar o rio em áreas elevadas e chegar à península, dependendo dos horários de mudanças das marés. Galinhos reúne belezas difíceis de serem encontradas num só lugar, e esse é o motivo do impacto à primeira vista. Não há quem resista à mistura de praias desertas, águas mornas, areias brancas e finas, dunas de médio e grande portes, morros e pirâmides de sal, rios e manguezais sem fim, fauna e flora intocadas, e um cotidiano de cidade pequena do interior em que o principal meio de transporte é uma charrete rústica puxada por uma burrinha. Lá, só há duas ou três ruas calçadas, inclusive a da prefeitura. O resto da cidade está erguido sobre o areal, que é a continuidade da areia branca que fica entre a praia e o rio. O nome do lugar, diz a tradição, teve sua origem nos pequenos peixesgalos (do gênero Selene, com o corpo alto e comprimido) que habitam os recifes da península, que fica na região salineira chamada Costa Branca e inclui a cidade e a praia de Galinhos ( 1.200 habitantes), a praia de Galos (500 habitantes), e um assentamento de 400 habitantes (IBGE, 2009). Quase todos vivem da pesca, do extrativismo (caju, coco e sisal), da indústria do sal e, mais recentemente, do comércio e do turismo. Esse último dá os primeiros passos e tenta andar com firmeza, esforçando-se para aprimorar os serviços oferecidos nas pousadas e ampliar as opções de passeios para os visitantes. Há muito para fazer, desde a colocação de placas de sinalização (por exemplo, uma atraente faixa de praia, por trás do farol, tem correntes marítimas perigosas) até o reabastecimento do camarão, prato de resistência do lugar, que falta de repente no auge do verão, e leva dias ou semanas até reaparecer nos restaurantes e pousadas. A água ainda é salobra, sem tratamento, obrigando moradores e turistas a fazer mágicas para tomar um banho rápido com água mineral depois do banho “normal”. Ponha tudo isso na conta “aventura” e se deixe levar pela beleza insólita, única, do lugar. A vegetação, à beira-mar ou às margens dos rios, conta com manguezais nativos e intocados, bem próximos da cidade, meia hora de CONTINENTE MAIO 2012 | 43 viagem_galinhos.indd 43 23/04/2012 08:25:02
  • 3. CON TI NEN TE#44 Viagem 2 Página anterior 1 DUNAS A 160 km de Natal, Galinhos caracterizase como uma praia com elementos naturais de cerrado e caatinga Nestas páginas 2 TRAVESSIA O acesso mais comum para a localidade são balsas e barcos que fazem translado de Pratagil, no continente 3 TRANSPORTE É possível acessar Galinhos de carro, mas moradores e visitantes se locomovem em charretes 4-5 PAISAGEM Dunas, braços de mar e rio, salinas, faróis, manguezais, vegetação nativa e intocada são alguns dos atrativos do lugar 3 caminhada. Mais à frente, em áreas isoladas da península, cactáceas e pequenas plantas típicas do sertão e da caatinga são encontradas com facilidade: xique-xiques, facheiros, catingueiras, faveleiros e marmeleiros. Acredite: tudo isso numa península, à beira-mar. E, por toda parte, um espetáculo visual que, às vezes, lembra um passeio pelo Rio Paraguai, em pleno Pantanal: isoladas ou em bandos, nos céus ou sobre os rios e mangues, desfilam garças brancas e azuis, marrecas, flamingos, águias-pescadoras, maçaricos e gaivotas. As dunas do André e do Capim, principalmente, estão entre as mais bonitas do Estado, e saibam que a concorrência não é pequena. Acessíveis pelo rio ou pela praia, são de enorme impacto visual pela extensão, altura e formas que o vento altera arbitrariamente. Não há muito o que falar sobre elas. É preciso vê-las. FAROL DE CINEMA E, por fim, um detalhe desses que costumam fazer a diferença: Galinhos tem um dos faróis mais charmosos do Nordeste, com praias desertas que se perdem de vista, à direita e à esquerda. Detrás dele, uma lagoa CONTINENTE MAIO 2012 | 44 viagem_galinhos.indd 44 23/04/2012 08:25:10
  • 4. 4 5 temporária (chamada também de gamboa ou maceió) faz a festa de crianças e casais de namorados, com as alterações constantes de tamanho, formato e profundidade, que ocorrem diariamente com as mudanças das marés. Em frente ao mar, pescadores experientes protegem-se do sol e das espumas de sal com exóticas roupas plásticas. Barcos passam ao largo, a caminho de Guamarés e de suas torres de energia eólica, do outro lado, no quase já esquecido continente. A exemplo do que acontece em Fernando de Noronha (a pouco mais de 400 km, a nordeste dali), uma estada em Galinhos faz as pessoas esquecerem as coisas que em boa hora deixaram para trás. Esses lugares ainda meio escondidos, esquecidos pelos mapas, onde o vento faz a curva, atrás de caixa-pregos, costumam ser carimbados de “um pedaço do paraíso”. Não adianta resistir ao lugar-comum. É exatamente isso o que eles são. É exatamente isso o que Galinhos é. CONTINENTE MAIO 2012 | 45 viagem_galinhos.indd 45 23/04/2012 08:25:13