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108 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 
Soldagem 
Exposição à radiação em 
processos a arco elétrico: 
consequências à saúde e 
formas de controle 
Dentre os métodos de união usados industrialmente, os processos de soldagem 
a arco elétrico têm vantagens como a versatilidade para atingir as condições 
almejadas em um projeto, fácil treinamento e custos acessíveis. No entanto, pelo 
uso do arco elétrico como fonte de calor (temperaturas superiores a 3.000°C), 
há o surgimento de um espectro de radiação eletromagnética que pode acarretar 
injúrias ocupacionais nos olhos e na pele do soldador. Este artigo aborda os 
mecanismos de formação e os tipos de radiação associados ao arco elétrico, seus 
efeitos sobre a saúde e as formas normatizadas existentes para seu controle (uso 
de equipamentos de proteção coletiva e individual). 
J. A. L. de Sousa, S. R. Barra 
q uando se fala da geração 
de radiação em soldagem, 
é importante que se tenha em 
mente não apenas o conceito e 
os diferentes tipos de radiação, 
mas também o que realmente é 
a soldagem. Em termos de con-ceituação, 
não fica bem claro 
para a comunidade a diferença 
entre solda e soldagem. É impor-tante 
enfatizar que “soldagem” 
refere-se ao processo de fabrica-ção, 
do grupo dos processos de 
união, que visa o revestimento, a 
manutenção e/ou a união de 
materiais, em escala atômica, com 
ou sem o emprego de pressão e 
com ou sem a aplicação de calor. 
Assim, sempre que a ideia se re-ferir 
à operação (preparação, 
execução e/ou avaliação), o termo 
correto a ser utilizado é soldagem. 
Por sua vez, “solda” corresponde 
ao resultado final da operação, ou 
seja, o depósito/cordão. 
Considerando as diferentes 
aplicações industriais do processo 
de fabricação por soldagem, os 
usuários têm a possibilidade de 
escolha de mais de 50 diferentes 
processos aplicáveis às condi-ções 
de fabricação. Destes, os 
processos de soldagem a arco 
elétrico (como, por exemplo, TIG, 
MIG/MAG, eletrodo revestido, 
entre outros), pela adequada 
combinação custo/facilidade de 
operação/gama de aplicação, 
correspondem à maior parcela 
de aplicação no Brasil. 
Para os processos de soldagem 
a arco elétrico, em razão da fonte 
de calor estar associada à for-mação 
e à manutenção do arco 
elétrico (temperaturas superiores 
a 3.000°C), decorre o fenômeno 
de ionização da coluna gasosa e, 
como consequência, há a produ- 
João Andrade Lopes de Sousa e Sérgio Rodrigues Barra são, respectivamente, pesquisadores do Departamento 
de Engenharia Mecânica e do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, em Natal, RN (contato por e-mail: jlopesrn@yahoo.com.br; barra@ct.ufrn.br). Publicação 
autorizada pelos autores.
110 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 
Soldagem 
ção de energia térmica e energia 
luminosa. Dessa forma, a radia-ção 
eletromagnética emitida pela 
soldagem (arco elétrico) cobre os 
espectros das radiações ultravio-leta 
(UV) e infravermelha (IV). 
Segundo o Ministério da Saúde 
(MS), a radiação eletromagnéti-ca 
proveniente do arco elétrico 
pode ser prejudicial à saúde do 
soldador, causando problemas 
visuais e/ou cutâneos(9). Por isso, 
a Sociedade Americana de Sol-dagem 
(AWS, American Welding 
Society) e a Norma Regulamen-tadora 
6 (NR6) do Ministério do 
Trabalho brasileiro recomendam 
a utilização de equipamentos de 
proteção individual (EPIs) para 
evitar injúrias nas áreas do corpo 
citadas anteriormente. 
Um es tudo realizado pelo 
Instituto Nacional de Saúde e 
Segurança Ocupacionais dos 
Estados Unidos (NIOSH, Natio-nal 
Institute for Occupational 
Safety and Health) no ano de 
2010 chegou à conclusão de 
que cerca de 6% dos danos 
Fig. 1 – Acidente de trabalho na região ocular x porcentagem de casos. 
Adaptado de Niosh(18). 
causados à visão dos trabalhado-res 
norte-americanos estão rela-cionados 
ao processo de solda-gem 
a arco elétrico, como pode 
ser visto na figura 1. Lombardi 
et al.(13), estudando a relação 
entre a operação de soldagem e 
a ocorrência de danos nos olhos, 
relatam que lesões traumáticas 
na região ocular caracterizam-se 
como um importante problema 
de saúde e segurança ocupacional 
para os trabalhadores que estão 
envolvidos na operação de solda-gem 
(soldadores e operários 
que trabalham na área em que a 
operação é realizada). No mesmo 
estudo, os autores mostram que, 
das lesões oculares relatadas, 
5,1% foram em soldadores e 
8,2% corresponderam aos de-mais 
operários que atuavam na 
região da operação. 
Radiação 
Em termos conceituais, a radia-ção 
eletromagnética pode ser
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 111 
Fig. 2 – Representação esquemática da relação entre o espectro eletromagnético e suas respectivas fontes de 
emissão. Adaptado de Arpansa(5). 
definida como um conjunto de 
ondas elétricas e magnéticas 
irradiadas (7). Como forma de 
ilustrar o fenômeno, a figura 2 
mostra que as radiações emitidas 
pelo processo de soldagem a arco 
elétrico situam-se nas faixas de 
radiação infravermelha, luz visível 
e, uma grande parte, na região
112 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 
Soldagem 
da radiação ultravioleta (UV). 
Tenkate(20), adotando o esque-ma 
fotobiológico para explicar o 
fenômeno, mostra que as fron-teiras 
que separam as regiões da 
radiação não são bem definidas, 
podendo variar de acordo com a 
aplicação. 
Analisando o espectro ele-tromagnético 
apresentado na 
figura 2, pode-se constatar que 
a faixa de luz visível é muito fina 
em comparação a outras regiões 
espectrais(7). 
Para facilitar o entendimento 
da formação, dos tipos e das 
formas de controle da radiação 
ultravioleta, a figura 3 apresenta 
um mapa conceitual sobre os 
diferentes espectros de radiação 
UV (UVA, UVB ou UVC), os quais 
aparecem com maior intensidade 
no processo de soldagem a arco 
elétrico e, como consequência, 
podem causar danos maiores 
ao trabalhador. Essa emissão é 
originada pelo choque dos íons, 
átomos e elétrons presentes no 
arco. Seu contato com o opera-dor 
pode causar doenças a curto 
(fotoqueratite, eritema cutâneo) 
ou longo prazo (catarata, câncer 
de pele, fotoenvelhecimento). 
Os problemas oriundos da ex-posição 
ao arco elétrico podem 
ser evitados com a seleção e a 
utilização correta dos equipa-mentos 
de segurança (individuais 
ou coletivos). O equipamento de 
proteção individual (EPI) protege-rá 
o soldador e/ou seu ajudante. 
Já a adoção do equipamento de 
Fig. 3 – Mapa conceitual sobre a radiação ultravioleta (tipo, origem, causas e forma de controle)
114 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 
Soldagem 
proteção coletiva (EPC) ampliará 
a proteção aos transeuntes e ao 
ambiente de trabalho vizinho à 
região da operação de soldagem. 
É interessante salientar que, além 
da radiação UV, existem outros 
efeitos físicos deletérios gerados 
no arco: exposição ao calor, aos 
respingos de metal, à luz visível e 
à radiação infravermelha. 
O mecanismo de radiação 
no arco elétrico 
Wainer(21) define o arco elétrico 
como “a descarga elétrica man-tida 
através de um gás ionizado, 
iniciada por uma quantidade de 
elétrons emitidos do eletrodo 
negativo (cátodo) aquecido e 
mantida pela ionização térmica 
do gás aquecido”. 
No arco elétrico (figura 4), 
considerado uma região eletri-camente 
“neutra”, observa-se a 
presença conjunta de cargas ne-gativas 
em constante movimento 
(elétrons livres – e-), cargas posi-tivas 
(prótons), vapores metálicos 
Fig. 4 – Representação do mecanismo de formação e manutenção do arco elétrico durante a 
soldagem: a) mecanismo comum para a abertura do arco; b) fenômenos observados na formação 
e manutenção do arco elétrico. 
e moléculas do gás de proteção. 
Ao realizar-se a abertura do arco 
(colisão de cargas elétricas e 
efeito Joule), ocorre a geração 
de energia térmica e energia 
luminosa. Em complemento, 
como mostrado na figura 4 (b), o 
arco elétrico caracteriza-se ainda 
pela formação de três distintas 
regiões: a região anódica (com 
caráter positivo decorrente do 
acumulo de carga +), a região 
catódica (acumulo de carga -) e 
a coluna do arco (região eletrica-mente 
neutra). 
Nesta linha, a região anódica 
adquire o caráter “-” pela locali-zação/ 
acúmulo dos elétrons que 
foram emitidos da região cató-dica. 
Em contrapartida, a região 
catódica adquire o caráter “+” 
pelo deslocamento e o ancora-mento 
de cargas positivas. Por 
fim, observa-se a coluna locali-zada 
entre as regiões anódicas 
e catódicas, denominada coluna 
do arco ou coluna de plasma, 
com característica de neutrali-dade 
elétrica (igualdade entre as 
cargas + e -). 
No processo de soldagem 
a arco elétrico, uma parte da 
energia que não se transforma 
em calor gera radiações eletro-
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 115 
magnéticas, que são dissipadas 
para o meio exterior ao arco 
(figura 4b). 
Radiação infravermelha 
De acordo com Tenkate (20), a 
radiação infravermelha (IV) está 
compreendida no espectro ele-tromagnético 
na faixa de 7,7.10-7 
até 1,00.10-3 m (figura 6). Ainda 
segundo o autor, a radiação IV 
Fig. 6 – Representação esquemática do espectro eletromagnético contendo tipos de 
radiação em função do comprimento de onda (l). Adaptado de Extruflex (2012). 
pode se dividir em três faixas: IVA 
(7,70.10-7 até 1,40.10-6 m), IVB 
(1,40.10-6 até 3,00.10-6 m) e IVC 
(3,00.10-6 até 1,00.10-3 m). Obser-va- 
se que a faixa de abrangência 
da radiação IV é significativamente 
mais ampla que a da ultravioleta. 
No entanto, em alguns casos, ela 
chega a ser considerada ausente 
em alguns processos de solda-gem. 
Assim, pode-se supor que no 
arco elétrico, a quantidade de 
radiação infravermelha emitida é 
muito menor, em comparação com 
a ultravioleta e a luz visível(20). 
Radiação ultravioleta 
No Brasil, o Ministério da Saúde 
enfatiza que, no processo de sol-dagem 
a arco elétrico, a radiação 
ultravioleta é a que mais pode 
causar danos ao operador. Adi-cionalmente, 
segundo a Agência 
Australiana de Proteção contra 
Fig. 5 – Fenômenos físicos associados ao arco elétrico – 
“distribuição de cargas”(21)
116 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 
Soldagem 
Tab. 1 – Duração da exposição máxima permissível para soldagem ao arco elétrico(20) 
Processo de 
soldagem 
a Radiação e Segurança Nuclear 
(Arpansa, Australian Radiation 
Protection and Nuclear Safety 
Agency)(5) e Faber(9), a radiação 
ultravioleta (UV) está compreen-dida 
no espectro eletromagnético 
com o comprimentos de onda 
entre 1,00.10-7 m e 4,00.10-7 m 
(figura 6). É importante ressaltar 
que a radiação UV não pode ser 
vista a olho nu, sendo somente 
detectada por equipamentos 
específicos para esse fim. 
Os raios UV podem ser classifi-cados 
em três faixas, considerando 
a ordem crescente de perigo ao ser 
humano: UVA – presente na faixa de 
3,15.10-7 até 4,00.10-7 m; UVB – pre-sente 
na faixa de 2,80.10-7 até 
3,15.10-7 m; e a faixa mais nociva 
ao soldador, denominada UVC, 
situada no espectro de 1,00.10-7 
a 2,80.10-7 m(5, 9, 20). 
A emissão de radiação na 
região do arco elétrico pode ser 
influenciada por diversos fatores, 
tais como o tipo de eletrodo, o 
gás de proteção, o fumo gerado 
no processo, o metal de base, a 
corrente e a tensão de soldagem, 
entre outros. Essa condição pode 
ser visualizada na tabela 1, que 
demonstra o tempo máximo (tmax) 
de exposição à radiação (sem 
proteção de EPI, considerando 
uma distância de dois metros da 
fonte de radiação). 
Neste caso, a radiação ul-travioleta 
pode causar danos à 
saúde do soldador de acordo 
com o tempo de exposição. Os 
problemas ocasionados em curto 
prazo são a fotoqueratoconjun-tivite 
(fotoqueratite) e o eritema 
cutâneo. Já os efeitos em longo 
prazo podem ser a catarata, o 
fotoenvelhecimento e o câncer 
de pele, como mostrado no mapa 
conceitual da figura 3(1, 19, 20). 
Radiação ionizante 
A American Welding Society(4) cita 
que a radiação ionizante (radiação 
com energia suficiente para induzir 
íons e elétrons livres na matéria 
exposta “superfície”(átomos e/ou 
moléculas) é produzida no pro-cesso 
de soldagem por feixe de 
elétrons (imposição de um nível 
elevado de tensão elétrica) ou 
por partículas oriundas da ponta 
do eletrodo de tungstênio dopado 
com tório (Th).Outro exemplo des-se 
tipo de radiação são os raios-X 
e os raios gama(4, 7). 
Deve-se, portanto, definir dis-tâncias 
seguras em relação à fonte 
de radiação ionizante e, para o 
particulado, sistemas de exaustão 
e máscaras de proteção adequadas 
para impedir a inalação. 
Radiação não ionizante 
Na soldagem, a radiação não 
ionizante (nível de energia não 
suficiente para destacar elétrons 
dos átomos), como já mencio-nado 
anteriormente, tem sua 
intensidade e tamanho de onda 
variáveis de acordo com os parâ- 
Tab. 2 – Transmitância luminosa em função da tonalidade do filtro(2) 
Filtro: tonalidade 
“número” (visor) 
Transmitância 
luminosa na luz 
visível (valor 
nominal em %) 
Transmitância 
luminosa 
no ultravioleta 
distante (%) 
Exemplos de 
faixas de corrente 
associadas ao 
processo TIG* 
Incolor 100 - – 
5 1,93 0,02 – 
6 0,72 0,001 – 
7 0,27 0,007 – 
8 0,1 0,004 Até 30 A 
9 0,037 0,002 30 até 70 A 
10 0,0139 0,001 70 até 120 A 
11 0,0052 0,0007 120 até 200A 
12 0,0019 0,0004 200 até 300 A 
13 0,00072 0,0002 300 até 350 A 
14 0,00027 0,0001 – 
*Cada processo de soldagem terá relação adequada entre a tonalidade do filtro e a 
corrente regulada no equipamento de soldagem (fonte). 
Gás de 
proteção 
Metal de base 
Corrente de 
soldagem (A) 
Exposição permitida à 
radiação UV 
Tempo máximo tmax (s) 
TIG He 
Aço de baixo 
carbono 
100 50 
250 30 
TIG Ar 
Aço de baixo 
carbono 
100 700 
250 110 
TIG Ar Alumínio 
50 4.000 
100 1.000 
MIG/MAG Ar Alumínio 
150 26 
300 12 
MIG/MAG CO2 
Aço de baixo 
carbono 
150 100 
350 16 
MIG/MAG Ar/O2 
Aço de baixo 
carbono 
150 30 
250 10
118 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 
Soldagem 
metros de soldagem, o tipo de 
eletrodo, o fluxo de material e o 
revestimento. 
O principal tipo de radiação 
não ionizante gerado no processo 
de soldagem a arco elétrico é a 
radiação ultravioleta (UV). Adi-cionalmente, 
é importante citar 
que também há a geração de luz 
visível (situada entre os espectros 
de UV e IV), que provoca incômo-do 
ao operador (soldador). 
É importante salientar que a ra-diação 
ultravioleta é independente 
do brilho visível, ou seja, os raios 
UV podem chegar ao soldador 
mesmo que aparentemente a lumi-nosidade 
não esteja associada. Essa 
observação reforça a importância 
da utilização de EPIs que garantam 
a segurança do trabalhador duran-te 
a exposição ao arco elétrico(4). 
Na soldagem a arco elétrico, a 
proteção coletiva (PC) pode ser 
feita por placas que avisam sobre 
os riscos associados à operação 
para aqueles que estão expostos 
às radiações. Esse tipo de prote-ção 
pode ser usado largamente 
em avisos com dizeres como: 
“Cuidado, ambiente submetido à 
radiação!” e “Perigo!”, entre ou-tros. 
Geralmente, esses avisos são 
posicionados na entrada do local 
ou em um ponto onde sua visua-lização 
seja fácil e rápida(14). 
Outra medida para proteger 
a integridade dos trabalhadores 
é o afastamento da fonte de 
radiação ou o seu enclausura-mento 
entre paredes, tapumes, 
cortinas, biombos ou cabines de 
soldagem(10). A proteção também 
pode ser feita pela pintura das 
Em operações de soldagem, 
os principais equipamentos para 
proteção contra a radiação do 
arco elétrico são as máscaras com 
lente protetora (filtros) no visor 
e as roupas especiais (avental, 
magote, touca, entre outras), que 
impedem que os raios atinjam a 
pele e os olhos do soldador(3, 19). 
Equipamento 
de proteção 
Equipamento de 
proteção coletiva 
Segundo Lyon(14), os equipamentos 
de proteção coletiva (EPCs) têm o 
objetivo de impedir que problemas 
ou injúrias possam ser causados a 
mais de um trabalhador ao mesmo 
tempo ou aos transeuntes em uma 
área de operação.
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 119 
paredes e superfícies com tintas 
que diminuem a reflexão da ra-diação. 
Essa pintura é especial, 
pois possui componentes que 
têm alta absorção da radiação 
ultravioleta, como óxido de zinco 
ou óxido de titânio(14). 
Outra possibilidade de pro-teção 
são rotas demarcadas 
com distâncias seguras para 
os transeuntes e trabalhadores 
vizinhos. 
Equipamento de 
proteção individual 
Segundo a Norma Regulamen-tadora 
número 6 do Ministério 
do Trabalho (NR 6), considera-se 
equipamento de proteção indi-vidual 
(EPI) todo dispositivo ou 
produto de uso individual pelo 
trabalhador destinado à proteção 
contra riscos suscetíveis de amea­çar 
a segurança e a saúde no 
trabalho. No caso da soldagem, 
o EPI deve impedir que ocorram 
injúrias principalmente na pele e 
nos olhos do soldador (1, 4). 
Considerando o que foi exposto, 
a proteção da região de operação 
pode ser feita de duas maneiras, 
ou seja: individualmente (EPI) ou 
Fig. 7 – EPI básico usado durante a operação de soldagem a arco elétrico
120 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 
Soldagem 
coletivamente (EPC). Deve-se 
sempre aliar as duas 
modalidades de proteção, 
visto que uma pode com-plementar 
a outra. Assim, 
pode-se inferir que, antes 
do início da operação, é 
preciso fazer um estudo 
completo sobre os riscos 
que podem prejudicar o 
trabalhador alocado para 
a referida atividade(16). 
Tab. 3 – Levantamento de mercado do preço médio 
dos EPI utilizados pelo soldador 
Avental de raspa de couro 20,00 
Luva de raspa de couro 15,00 
Máscara de proteção (elmo) 30,00 
Perneira de raspa de couro 20,00 
Visor de policarbonato (filtro) 2,00 
Equipamentos de 
proteção individual 
aplicados à soldagem 
Segundo a Norma Regulamenta-dora 
número 6, o EPI é recomen-dado 
para os profissionais que 
estejam diretamente ligados com 
a operação e também os seus 
ajudantes. No Brasil, por força 
de lei, o EPI deve ser fornecido 
gratuitamente aos trabalhadores, 
quando estes estão sujeitos ao 
risco de acidentes de trabalho ou 
de doenças profissionais. 
No processo de soldagem a 
arco elétrico, um dos EPIs mais 
lembrados é a máscara de sol-dagem 
(elmo) , que, além de 
impedir que níveis prejudiciais 
de radiação luminosa e ultra-violeta 
entrem em contato com 
os olhos e o rosto do soldador, 
não permitem que as partículas 
que se desprendem do processo 
(por exemplo, salpicos de metal) 
atinjam o rosto, o pescoço ou 
as orelhas do operário(14, 17, 19). 
O filtro presente nesse EPI (más-cara 
de soldagem) tem algumas 
tonalidades padronizadas pela 
entidade norte-americana Ame-rican 
National Standards Institute 
(ANSI), de acordo com a norma 
Z87.1(2). Esses tons têm como 
objetivo reduzir a quantidade de 
radiação (luz visível e radiação 
EPI (unidade) Valor médio (R$) 
Botas 70,00 
Braceira 20,00 
UV) que chega ao operador, ou 
seja, diminuir (controlar) a trans-missividade 
do visor (atuação 
sobre a transmitância luminosa) 
em função da corrente de solda-gem 
aplicada. 
Segundo Incropera et al.(11), 
considera-se a transmitância 
como a fração da radiação inci-dente 
transmitida pela matéria, 
ou seja, neste caso, a porcen-tagem 
de radiação que o filtro 
permite que chegue ao solda-dor. 
Geralmente, ela é dada em 
porcentagem. Alguns valores de 
transmitância para certas tonali-dades 
de filtros podem ser vistos 
na tabela 2 (pág. 116). 
Em relação ao restante da 
vestimenta, as roupas para pro-teção 
são compostas de perneira, 
braceira, avental e luvas (figura 7, 
pág. 119). Esses EPIs impedem 
que respingos de metal líquido 
em altas temperaturas provenien-tes 
do processo atinjam a pele do 
soldador ou que o operador, aci-dentalmente, 
se queime ao tocar 
uma superfície quente. Por fim, 
também impedem a penetração 
dos raios UV(16). 
Por gravidade, as partículas 
quentes provenientes da poça 
de fusão tendem a cair, podendo 
assim atingir o pé do operador. 
Nesse contexto está a função das 
botas. Além disso, esse EPI protege 
o trabalhador de impactos decor-
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 121 
rentes da queda, sobre os pés, dos 
instrumentos e peças utilizados no 
processo de soldagem(16). 
É importante ressaltar que o uso 
correto dos equipamentos de pro-teção 
em questão é um acréscimo 
para evitar ou diminuir problemas 
ocasionados pelo trabalho(14, 16). 
Custo do EPI versus 
cultura de uso 
Para entender a importância do 
uso do EPI e os respectivos custos 
associados, a tabela 3 (pág. 120) 
mostra uma estimativa do custo 
médio, em reais, dos EPIs utilizados 
no processo de soldagem(N. E.). Para 
o cálculo da média foram levanta-dos 
no mercado (via pesquisa na 
Internet) os preços dos EPIs em três 
diferentes revendas. 
Pela análise dos preços expostos 
na tabela 3, pode-se chegar a um 
valor médio total por soldador 
(conjunto de EPI) na ordem de 
R$ 200,00(N.E.). Observa-se que o 
menor valor entre os EPIs listados 
na referida tabela está associado 
ao visor de policarbonato (filtro), 
que, em comparação com os ou-tros 
equipamentos, representa 
apenas 1% do valor total inves-tido 
na segurança do soldador. 
Portanto, constata-se que o valor 
associado ao filtro é inversamente 
proporcional ao valor da segurança 
proporcionada por este EPI, quando 
comparado, por exemplo, com os 
custos associados ao afastamento 
não programado do operário por 
queimadura nos olhos (tempo de 
afastamento de até 15 dias). Além 
disso, esse é o único dos equipa-mentos 
de proteção individual que, 
Nota dos editores: os preços informados 
correspondem a valores aferidos em no primeiro 
semestre de 2012, período em que foi elaborado o 
artigo.
122 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 
Soldagem 
quando adequadamente seleciona-do, 
permite a visualização da região 
do arco e mantém os olhos do 
soldador sob níveis de transmitância 
(radiações UV) previstos em norma 
(controle da penetração da intensa 
luminosidade e dos raios UV). 
Por fim, de acordo com Lyon(14), 
ressalta-se que o uso do equipa-mento 
de proteção não é o único 
fator responsável pela saúde do 
operador. Se o seu uso não for feito 
de maneira correta, o soldador po-derá 
sofrer com os efeitos nocivos 
da radiação emitida pelo arco elé-trico. 
Isso significa dizer que, além 
da disponibilidade dos EPI, é ne-cessário 
que haja um treinamento 
e o acompanhamento periódico e 
eficiente da mão de obra para que 
injúrias não venham a ocorrer. 
Conclusões 
Com base nos dados pesquisados 
e na normatização vigente, é 
possível afirmar que: 
a) O arco elétrico, por sua nature-za, 
emite dois tipos principais 
de radiação, ionizante e a 
não ionizante. Excetuando-se 
o processo de soldagem por 
feixe de elétrons e as partícu-las 
decorrentes da preparação 
do eletrodo de tungstênio 
dopado com tório (que geram 
radiação ionizante), a radiação 
predominante no arco elétrico 
é a não ionizante (UVA e IV). 
Esse tipo de radiação varia de 
acordo com uma série de fato-res 
(parâmetros de soldagem, 
tipo de eletrodo, metal de 
base e/ou revestimento); 
b) A radiação não ionizante é a 
responsável pela luminosidade 
emitida no processo de sol-dagem 
a arco elétrico e, tam-bém, 
pelos raios ultravioleta 
(UVA, UVB e UVC), sendo que 
os raios UVC são potenciais 
causadores de danos ao solda-dor 
(pele e olhos). Observa-se 
ainda que a radiação infraver-melha 
tem uma pequena faixa 
associada à soldagem (arco 
elétrico), muitas vezes nem 
sendo detectada; 
c) Para garantir condições de se-gurança, 
EPI e EPC são adota-dos 
como forma de permitir a 
visibilidade da região soldada 
(região do arco) e, ao mesmo 
tempo, controlar a exposição 
do soldador à radiação eletro-magnética 
gerada pelo arco 
elétrico (principalmente os 
raios UV – controle da trans-mitância 
luminosa); 
d) É necessário que haja o acom-panhamento 
e o treinamento 
periódico da mão de obra asso-ciada 
com a operação de solda-gem, 
como forma de garantir a 
verificação da certificação dos 
equipamentos e possibilitar seu 
emprego correto; 
e) Na soldagem, mesmo havendo 
normatização e órgãos fisca-lizadores 
indicando a obriga-toriedade 
do uso dos EPIs, 
observa-se que, por falta de 
conscientização do empresário 
e do soldador, o uso do EPI 
ainda é uma questão polêmica 
e pouco discutida no chão de 
fábrica.
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 123 
Referências 
1) Ali, S. A. Dermatoses Ocupacionais. São 
Paulo, Ed. Fundacentro, 2009. 
2) ANSI – American National Standards 
Institute. Z87.1-2003 – Occupational 
and Educational Personal Eye and Face 
Protection Devices, 2003. 
3) AWS – American Welding Society. Eye 
and Face Protection for Welding and 
Cutting Operations. Safety and Health 
Fact Sheet n. 31, 2006. 
4) AWS – American Welding Society. 
Radiation. Safety and Health Fact Sheet 
n. 2, 2003. 
5) Arpansa – Australian Radiation 
Protection and Nuclear Safety Agency. 
Occupational Exposure to Ultraviolet 
Radiation. Radiation Series n. 12, 2006; 
p. 5. 
6) BS EN 379:2003. Personal eye-protection 
– Automatic welding filters. 
7) Côcco, L. C. Previsão de Propriedades 
Fisico-Químicas e Composição Química 
da Gasolina a Partir de Espectros 
no Infravermelho. Tese (doutorado) 
– Universidade Federal do Paraná. 
Setor de Tecnologia. Programa de 
Pós-Graduação em Engenharia – PIPE, 
2008. 
8) Dixon, A. J.; Dixon, B. F. Ultraviolet 
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of skin and ocular malignancy. MJA, 
vol. 181, n. 3, 2004; p.155-157. 
9) Faber, M. Ultraviolet Radiation, 2ª ed. 
Non-ionizing Radiation Protection. 
World Health Organization Regional 
Office for Europe. Copenhagen, 
Dinamarca, 1989. 
10) Gomes, A. A.; Ruppenthal, J. E. Aspectos 
de Higiene e Segurança na Soldagem 
com Eletrodos Revestidos em 
Microempresas do Tipo Serralheria. In: 
XXII Encontro Nacional de Engenharia 
de Produção. Paraná, 2002. 
11) Incropera, F. P.; Dewitt, D. P.; Bergman, 
T. L.; Lavine, A. S. Fundamentos de 
Transferência de Calor e Massa. Rio 
de Janeiro, LTC – Livros Técnicos e 
Científicos Editora, 2008. 
12) International Commission on Non- 
Ionizing Radiation Protection (ICNIRP). 
Protecting Workers from Ultraviolet 
Radiation. ICNIRP 14/2007, ISBN 978-3- 
934994-07-2, 2007. 
13) Lombardi, D.A.; Pannala, R.; Sorock, 
G.S.; Wellman, H. Welding related 
occupational eye injuries: a narrative 
analysis. Inj. Prev. 11(3), 2005; p. 174-9. 
14) Lyon, T. L. Knowing the Danger of 
Actinic Ultraviolet Emissions. Safety and 
Health Fact Sheet, n. 26, 2002. 
15) Machado, I. G. Soldagem e Técnicas 
Conexas: Procesos, 1ª ed. Porto Alegre, 
editado pelo autor, 1996. 
16) MS – Ministério da Saúde. Dermatoses 
Ocupacionais. Brasília, Editora do 
Ministério da Saúde, 2006. 
17) MTE – Ministério do Trabalho e 
Emprego. NR 6 – Equipamento de 
Proteção Individual, 2010. 
18) Niosh – National Institute for 
Occupational Safety and Health. 
Work-related Eye Injuries Treated in 
Emergency Departments by Injury 
Source. Healthy People 2010 Vision. 
Fact Sheet: Eye Safety at Work is 
Everyone’s Business. 
19) Okuno, T.; OJIMA, J.; SAITO, 
H.Ultraviolet Radiation Emitted by 
CO2 Arc Welding. British Occupational 
Hygiene Society, vol. 45, n. 7, 2001; p. 
597-601. 
20) Tenkate, T. D. Optical Radiation 
Hazards of Welding Arcs. Reviews on 
Environmental Health, vol. 13, n. 3, 
1998; p. 131-146. 
21) Wainer et al. Soldagem: Processos e 
Metalurgia, 2ª ed. São Paulo, Edgard 
Blücher, 1992.

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  • 1. 108 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 Soldagem Exposição à radiação em processos a arco elétrico: consequências à saúde e formas de controle Dentre os métodos de união usados industrialmente, os processos de soldagem a arco elétrico têm vantagens como a versatilidade para atingir as condições almejadas em um projeto, fácil treinamento e custos acessíveis. No entanto, pelo uso do arco elétrico como fonte de calor (temperaturas superiores a 3.000°C), há o surgimento de um espectro de radiação eletromagnética que pode acarretar injúrias ocupacionais nos olhos e na pele do soldador. Este artigo aborda os mecanismos de formação e os tipos de radiação associados ao arco elétrico, seus efeitos sobre a saúde e as formas normatizadas existentes para seu controle (uso de equipamentos de proteção coletiva e individual). J. A. L. de Sousa, S. R. Barra q uando se fala da geração de radiação em soldagem, é importante que se tenha em mente não apenas o conceito e os diferentes tipos de radiação, mas também o que realmente é a soldagem. Em termos de con-ceituação, não fica bem claro para a comunidade a diferença entre solda e soldagem. É impor-tante enfatizar que “soldagem” refere-se ao processo de fabrica-ção, do grupo dos processos de união, que visa o revestimento, a manutenção e/ou a união de materiais, em escala atômica, com ou sem o emprego de pressão e com ou sem a aplicação de calor. Assim, sempre que a ideia se re-ferir à operação (preparação, execução e/ou avaliação), o termo correto a ser utilizado é soldagem. Por sua vez, “solda” corresponde ao resultado final da operação, ou seja, o depósito/cordão. Considerando as diferentes aplicações industriais do processo de fabricação por soldagem, os usuários têm a possibilidade de escolha de mais de 50 diferentes processos aplicáveis às condi-ções de fabricação. Destes, os processos de soldagem a arco elétrico (como, por exemplo, TIG, MIG/MAG, eletrodo revestido, entre outros), pela adequada combinação custo/facilidade de operação/gama de aplicação, correspondem à maior parcela de aplicação no Brasil. Para os processos de soldagem a arco elétrico, em razão da fonte de calor estar associada à for-mação e à manutenção do arco elétrico (temperaturas superiores a 3.000°C), decorre o fenômeno de ionização da coluna gasosa e, como consequência, há a produ- João Andrade Lopes de Sousa e Sérgio Rodrigues Barra são, respectivamente, pesquisadores do Departamento de Engenharia Mecânica e do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, RN (contato por e-mail: jlopesrn@yahoo.com.br; barra@ct.ufrn.br). Publicação autorizada pelos autores.
  • 2. 110 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 Soldagem ção de energia térmica e energia luminosa. Dessa forma, a radia-ção eletromagnética emitida pela soldagem (arco elétrico) cobre os espectros das radiações ultravio-leta (UV) e infravermelha (IV). Segundo o Ministério da Saúde (MS), a radiação eletromagnéti-ca proveniente do arco elétrico pode ser prejudicial à saúde do soldador, causando problemas visuais e/ou cutâneos(9). Por isso, a Sociedade Americana de Sol-dagem (AWS, American Welding Society) e a Norma Regulamen-tadora 6 (NR6) do Ministério do Trabalho brasileiro recomendam a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) para evitar injúrias nas áreas do corpo citadas anteriormente. Um es tudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacionais dos Estados Unidos (NIOSH, Natio-nal Institute for Occupational Safety and Health) no ano de 2010 chegou à conclusão de que cerca de 6% dos danos Fig. 1 – Acidente de trabalho na região ocular x porcentagem de casos. Adaptado de Niosh(18). causados à visão dos trabalhado-res norte-americanos estão rela-cionados ao processo de solda-gem a arco elétrico, como pode ser visto na figura 1. Lombardi et al.(13), estudando a relação entre a operação de soldagem e a ocorrência de danos nos olhos, relatam que lesões traumáticas na região ocular caracterizam-se como um importante problema de saúde e segurança ocupacional para os trabalhadores que estão envolvidos na operação de solda-gem (soldadores e operários que trabalham na área em que a operação é realizada). No mesmo estudo, os autores mostram que, das lesões oculares relatadas, 5,1% foram em soldadores e 8,2% corresponderam aos de-mais operários que atuavam na região da operação. Radiação Em termos conceituais, a radia-ção eletromagnética pode ser
  • 3. Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 111 Fig. 2 – Representação esquemática da relação entre o espectro eletromagnético e suas respectivas fontes de emissão. Adaptado de Arpansa(5). definida como um conjunto de ondas elétricas e magnéticas irradiadas (7). Como forma de ilustrar o fenômeno, a figura 2 mostra que as radiações emitidas pelo processo de soldagem a arco elétrico situam-se nas faixas de radiação infravermelha, luz visível e, uma grande parte, na região
  • 4. 112 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 Soldagem da radiação ultravioleta (UV). Tenkate(20), adotando o esque-ma fotobiológico para explicar o fenômeno, mostra que as fron-teiras que separam as regiões da radiação não são bem definidas, podendo variar de acordo com a aplicação. Analisando o espectro ele-tromagnético apresentado na figura 2, pode-se constatar que a faixa de luz visível é muito fina em comparação a outras regiões espectrais(7). Para facilitar o entendimento da formação, dos tipos e das formas de controle da radiação ultravioleta, a figura 3 apresenta um mapa conceitual sobre os diferentes espectros de radiação UV (UVA, UVB ou UVC), os quais aparecem com maior intensidade no processo de soldagem a arco elétrico e, como consequência, podem causar danos maiores ao trabalhador. Essa emissão é originada pelo choque dos íons, átomos e elétrons presentes no arco. Seu contato com o opera-dor pode causar doenças a curto (fotoqueratite, eritema cutâneo) ou longo prazo (catarata, câncer de pele, fotoenvelhecimento). Os problemas oriundos da ex-posição ao arco elétrico podem ser evitados com a seleção e a utilização correta dos equipa-mentos de segurança (individuais ou coletivos). O equipamento de proteção individual (EPI) protege-rá o soldador e/ou seu ajudante. Já a adoção do equipamento de Fig. 3 – Mapa conceitual sobre a radiação ultravioleta (tipo, origem, causas e forma de controle)
  • 5. 114 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 Soldagem proteção coletiva (EPC) ampliará a proteção aos transeuntes e ao ambiente de trabalho vizinho à região da operação de soldagem. É interessante salientar que, além da radiação UV, existem outros efeitos físicos deletérios gerados no arco: exposição ao calor, aos respingos de metal, à luz visível e à radiação infravermelha. O mecanismo de radiação no arco elétrico Wainer(21) define o arco elétrico como “a descarga elétrica man-tida através de um gás ionizado, iniciada por uma quantidade de elétrons emitidos do eletrodo negativo (cátodo) aquecido e mantida pela ionização térmica do gás aquecido”. No arco elétrico (figura 4), considerado uma região eletri-camente “neutra”, observa-se a presença conjunta de cargas ne-gativas em constante movimento (elétrons livres – e-), cargas posi-tivas (prótons), vapores metálicos Fig. 4 – Representação do mecanismo de formação e manutenção do arco elétrico durante a soldagem: a) mecanismo comum para a abertura do arco; b) fenômenos observados na formação e manutenção do arco elétrico. e moléculas do gás de proteção. Ao realizar-se a abertura do arco (colisão de cargas elétricas e efeito Joule), ocorre a geração de energia térmica e energia luminosa. Em complemento, como mostrado na figura 4 (b), o arco elétrico caracteriza-se ainda pela formação de três distintas regiões: a região anódica (com caráter positivo decorrente do acumulo de carga +), a região catódica (acumulo de carga -) e a coluna do arco (região eletrica-mente neutra). Nesta linha, a região anódica adquire o caráter “-” pela locali-zação/ acúmulo dos elétrons que foram emitidos da região cató-dica. Em contrapartida, a região catódica adquire o caráter “+” pelo deslocamento e o ancora-mento de cargas positivas. Por fim, observa-se a coluna locali-zada entre as regiões anódicas e catódicas, denominada coluna do arco ou coluna de plasma, com característica de neutrali-dade elétrica (igualdade entre as cargas + e -). No processo de soldagem a arco elétrico, uma parte da energia que não se transforma em calor gera radiações eletro-
  • 6. Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 115 magnéticas, que são dissipadas para o meio exterior ao arco (figura 4b). Radiação infravermelha De acordo com Tenkate (20), a radiação infravermelha (IV) está compreendida no espectro ele-tromagnético na faixa de 7,7.10-7 até 1,00.10-3 m (figura 6). Ainda segundo o autor, a radiação IV Fig. 6 – Representação esquemática do espectro eletromagnético contendo tipos de radiação em função do comprimento de onda (l). Adaptado de Extruflex (2012). pode se dividir em três faixas: IVA (7,70.10-7 até 1,40.10-6 m), IVB (1,40.10-6 até 3,00.10-6 m) e IVC (3,00.10-6 até 1,00.10-3 m). Obser-va- se que a faixa de abrangência da radiação IV é significativamente mais ampla que a da ultravioleta. No entanto, em alguns casos, ela chega a ser considerada ausente em alguns processos de solda-gem. Assim, pode-se supor que no arco elétrico, a quantidade de radiação infravermelha emitida é muito menor, em comparação com a ultravioleta e a luz visível(20). Radiação ultravioleta No Brasil, o Ministério da Saúde enfatiza que, no processo de sol-dagem a arco elétrico, a radiação ultravioleta é a que mais pode causar danos ao operador. Adi-cionalmente, segundo a Agência Australiana de Proteção contra Fig. 5 – Fenômenos físicos associados ao arco elétrico – “distribuição de cargas”(21)
  • 7. 116 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 Soldagem Tab. 1 – Duração da exposição máxima permissível para soldagem ao arco elétrico(20) Processo de soldagem a Radiação e Segurança Nuclear (Arpansa, Australian Radiation Protection and Nuclear Safety Agency)(5) e Faber(9), a radiação ultravioleta (UV) está compreen-dida no espectro eletromagnético com o comprimentos de onda entre 1,00.10-7 m e 4,00.10-7 m (figura 6). É importante ressaltar que a radiação UV não pode ser vista a olho nu, sendo somente detectada por equipamentos específicos para esse fim. Os raios UV podem ser classifi-cados em três faixas, considerando a ordem crescente de perigo ao ser humano: UVA – presente na faixa de 3,15.10-7 até 4,00.10-7 m; UVB – pre-sente na faixa de 2,80.10-7 até 3,15.10-7 m; e a faixa mais nociva ao soldador, denominada UVC, situada no espectro de 1,00.10-7 a 2,80.10-7 m(5, 9, 20). A emissão de radiação na região do arco elétrico pode ser influenciada por diversos fatores, tais como o tipo de eletrodo, o gás de proteção, o fumo gerado no processo, o metal de base, a corrente e a tensão de soldagem, entre outros. Essa condição pode ser visualizada na tabela 1, que demonstra o tempo máximo (tmax) de exposição à radiação (sem proteção de EPI, considerando uma distância de dois metros da fonte de radiação). Neste caso, a radiação ul-travioleta pode causar danos à saúde do soldador de acordo com o tempo de exposição. Os problemas ocasionados em curto prazo são a fotoqueratoconjun-tivite (fotoqueratite) e o eritema cutâneo. Já os efeitos em longo prazo podem ser a catarata, o fotoenvelhecimento e o câncer de pele, como mostrado no mapa conceitual da figura 3(1, 19, 20). Radiação ionizante A American Welding Society(4) cita que a radiação ionizante (radiação com energia suficiente para induzir íons e elétrons livres na matéria exposta “superfície”(átomos e/ou moléculas) é produzida no pro-cesso de soldagem por feixe de elétrons (imposição de um nível elevado de tensão elétrica) ou por partículas oriundas da ponta do eletrodo de tungstênio dopado com tório (Th).Outro exemplo des-se tipo de radiação são os raios-X e os raios gama(4, 7). Deve-se, portanto, definir dis-tâncias seguras em relação à fonte de radiação ionizante e, para o particulado, sistemas de exaustão e máscaras de proteção adequadas para impedir a inalação. Radiação não ionizante Na soldagem, a radiação não ionizante (nível de energia não suficiente para destacar elétrons dos átomos), como já mencio-nado anteriormente, tem sua intensidade e tamanho de onda variáveis de acordo com os parâ- Tab. 2 – Transmitância luminosa em função da tonalidade do filtro(2) Filtro: tonalidade “número” (visor) Transmitância luminosa na luz visível (valor nominal em %) Transmitância luminosa no ultravioleta distante (%) Exemplos de faixas de corrente associadas ao processo TIG* Incolor 100 - – 5 1,93 0,02 – 6 0,72 0,001 – 7 0,27 0,007 – 8 0,1 0,004 Até 30 A 9 0,037 0,002 30 até 70 A 10 0,0139 0,001 70 até 120 A 11 0,0052 0,0007 120 até 200A 12 0,0019 0,0004 200 até 300 A 13 0,00072 0,0002 300 até 350 A 14 0,00027 0,0001 – *Cada processo de soldagem terá relação adequada entre a tonalidade do filtro e a corrente regulada no equipamento de soldagem (fonte). Gás de proteção Metal de base Corrente de soldagem (A) Exposição permitida à radiação UV Tempo máximo tmax (s) TIG He Aço de baixo carbono 100 50 250 30 TIG Ar Aço de baixo carbono 100 700 250 110 TIG Ar Alumínio 50 4.000 100 1.000 MIG/MAG Ar Alumínio 150 26 300 12 MIG/MAG CO2 Aço de baixo carbono 150 100 350 16 MIG/MAG Ar/O2 Aço de baixo carbono 150 30 250 10
  • 8. 118 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 Soldagem metros de soldagem, o tipo de eletrodo, o fluxo de material e o revestimento. O principal tipo de radiação não ionizante gerado no processo de soldagem a arco elétrico é a radiação ultravioleta (UV). Adi-cionalmente, é importante citar que também há a geração de luz visível (situada entre os espectros de UV e IV), que provoca incômo-do ao operador (soldador). É importante salientar que a ra-diação ultravioleta é independente do brilho visível, ou seja, os raios UV podem chegar ao soldador mesmo que aparentemente a lumi-nosidade não esteja associada. Essa observação reforça a importância da utilização de EPIs que garantam a segurança do trabalhador duran-te a exposição ao arco elétrico(4). Na soldagem a arco elétrico, a proteção coletiva (PC) pode ser feita por placas que avisam sobre os riscos associados à operação para aqueles que estão expostos às radiações. Esse tipo de prote-ção pode ser usado largamente em avisos com dizeres como: “Cuidado, ambiente submetido à radiação!” e “Perigo!”, entre ou-tros. Geralmente, esses avisos são posicionados na entrada do local ou em um ponto onde sua visua-lização seja fácil e rápida(14). Outra medida para proteger a integridade dos trabalhadores é o afastamento da fonte de radiação ou o seu enclausura-mento entre paredes, tapumes, cortinas, biombos ou cabines de soldagem(10). A proteção também pode ser feita pela pintura das Em operações de soldagem, os principais equipamentos para proteção contra a radiação do arco elétrico são as máscaras com lente protetora (filtros) no visor e as roupas especiais (avental, magote, touca, entre outras), que impedem que os raios atinjam a pele e os olhos do soldador(3, 19). Equipamento de proteção Equipamento de proteção coletiva Segundo Lyon(14), os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) têm o objetivo de impedir que problemas ou injúrias possam ser causados a mais de um trabalhador ao mesmo tempo ou aos transeuntes em uma área de operação.
  • 9. Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 119 paredes e superfícies com tintas que diminuem a reflexão da ra-diação. Essa pintura é especial, pois possui componentes que têm alta absorção da radiação ultravioleta, como óxido de zinco ou óxido de titânio(14). Outra possibilidade de pro-teção são rotas demarcadas com distâncias seguras para os transeuntes e trabalhadores vizinhos. Equipamento de proteção individual Segundo a Norma Regulamen-tadora número 6 do Ministério do Trabalho (NR 6), considera-se equipamento de proteção indi-vidual (EPI) todo dispositivo ou produto de uso individual pelo trabalhador destinado à proteção contra riscos suscetíveis de amea­çar a segurança e a saúde no trabalho. No caso da soldagem, o EPI deve impedir que ocorram injúrias principalmente na pele e nos olhos do soldador (1, 4). Considerando o que foi exposto, a proteção da região de operação pode ser feita de duas maneiras, ou seja: individualmente (EPI) ou Fig. 7 – EPI básico usado durante a operação de soldagem a arco elétrico
  • 10. 120 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 Soldagem coletivamente (EPC). Deve-se sempre aliar as duas modalidades de proteção, visto que uma pode com-plementar a outra. Assim, pode-se inferir que, antes do início da operação, é preciso fazer um estudo completo sobre os riscos que podem prejudicar o trabalhador alocado para a referida atividade(16). Tab. 3 – Levantamento de mercado do preço médio dos EPI utilizados pelo soldador Avental de raspa de couro 20,00 Luva de raspa de couro 15,00 Máscara de proteção (elmo) 30,00 Perneira de raspa de couro 20,00 Visor de policarbonato (filtro) 2,00 Equipamentos de proteção individual aplicados à soldagem Segundo a Norma Regulamenta-dora número 6, o EPI é recomen-dado para os profissionais que estejam diretamente ligados com a operação e também os seus ajudantes. No Brasil, por força de lei, o EPI deve ser fornecido gratuitamente aos trabalhadores, quando estes estão sujeitos ao risco de acidentes de trabalho ou de doenças profissionais. No processo de soldagem a arco elétrico, um dos EPIs mais lembrados é a máscara de sol-dagem (elmo) , que, além de impedir que níveis prejudiciais de radiação luminosa e ultra-violeta entrem em contato com os olhos e o rosto do soldador, não permitem que as partículas que se desprendem do processo (por exemplo, salpicos de metal) atinjam o rosto, o pescoço ou as orelhas do operário(14, 17, 19). O filtro presente nesse EPI (más-cara de soldagem) tem algumas tonalidades padronizadas pela entidade norte-americana Ame-rican National Standards Institute (ANSI), de acordo com a norma Z87.1(2). Esses tons têm como objetivo reduzir a quantidade de radiação (luz visível e radiação EPI (unidade) Valor médio (R$) Botas 70,00 Braceira 20,00 UV) que chega ao operador, ou seja, diminuir (controlar) a trans-missividade do visor (atuação sobre a transmitância luminosa) em função da corrente de solda-gem aplicada. Segundo Incropera et al.(11), considera-se a transmitância como a fração da radiação inci-dente transmitida pela matéria, ou seja, neste caso, a porcen-tagem de radiação que o filtro permite que chegue ao solda-dor. Geralmente, ela é dada em porcentagem. Alguns valores de transmitância para certas tonali-dades de filtros podem ser vistos na tabela 2 (pág. 116). Em relação ao restante da vestimenta, as roupas para pro-teção são compostas de perneira, braceira, avental e luvas (figura 7, pág. 119). Esses EPIs impedem que respingos de metal líquido em altas temperaturas provenien-tes do processo atinjam a pele do soldador ou que o operador, aci-dentalmente, se queime ao tocar uma superfície quente. Por fim, também impedem a penetração dos raios UV(16). Por gravidade, as partículas quentes provenientes da poça de fusão tendem a cair, podendo assim atingir o pé do operador. Nesse contexto está a função das botas. Além disso, esse EPI protege o trabalhador de impactos decor-
  • 11. Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 121 rentes da queda, sobre os pés, dos instrumentos e peças utilizados no processo de soldagem(16). É importante ressaltar que o uso correto dos equipamentos de pro-teção em questão é um acréscimo para evitar ou diminuir problemas ocasionados pelo trabalho(14, 16). Custo do EPI versus cultura de uso Para entender a importância do uso do EPI e os respectivos custos associados, a tabela 3 (pág. 120) mostra uma estimativa do custo médio, em reais, dos EPIs utilizados no processo de soldagem(N. E.). Para o cálculo da média foram levanta-dos no mercado (via pesquisa na Internet) os preços dos EPIs em três diferentes revendas. Pela análise dos preços expostos na tabela 3, pode-se chegar a um valor médio total por soldador (conjunto de EPI) na ordem de R$ 200,00(N.E.). Observa-se que o menor valor entre os EPIs listados na referida tabela está associado ao visor de policarbonato (filtro), que, em comparação com os ou-tros equipamentos, representa apenas 1% do valor total inves-tido na segurança do soldador. Portanto, constata-se que o valor associado ao filtro é inversamente proporcional ao valor da segurança proporcionada por este EPI, quando comparado, por exemplo, com os custos associados ao afastamento não programado do operário por queimadura nos olhos (tempo de afastamento de até 15 dias). Além disso, esse é o único dos equipa-mentos de proteção individual que, Nota dos editores: os preços informados correspondem a valores aferidos em no primeiro semestre de 2012, período em que foi elaborado o artigo.
  • 12. 122 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 Soldagem quando adequadamente seleciona-do, permite a visualização da região do arco e mantém os olhos do soldador sob níveis de transmitância (radiações UV) previstos em norma (controle da penetração da intensa luminosidade e dos raios UV). Por fim, de acordo com Lyon(14), ressalta-se que o uso do equipa-mento de proteção não é o único fator responsável pela saúde do operador. Se o seu uso não for feito de maneira correta, o soldador po-derá sofrer com os efeitos nocivos da radiação emitida pelo arco elé-trico. Isso significa dizer que, além da disponibilidade dos EPI, é ne-cessário que haja um treinamento e o acompanhamento periódico e eficiente da mão de obra para que injúrias não venham a ocorrer. Conclusões Com base nos dados pesquisados e na normatização vigente, é possível afirmar que: a) O arco elétrico, por sua nature-za, emite dois tipos principais de radiação, ionizante e a não ionizante. Excetuando-se o processo de soldagem por feixe de elétrons e as partícu-las decorrentes da preparação do eletrodo de tungstênio dopado com tório (que geram radiação ionizante), a radiação predominante no arco elétrico é a não ionizante (UVA e IV). Esse tipo de radiação varia de acordo com uma série de fato-res (parâmetros de soldagem, tipo de eletrodo, metal de base e/ou revestimento); b) A radiação não ionizante é a responsável pela luminosidade emitida no processo de sol-dagem a arco elétrico e, tam-bém, pelos raios ultravioleta (UVA, UVB e UVC), sendo que os raios UVC são potenciais causadores de danos ao solda-dor (pele e olhos). Observa-se ainda que a radiação infraver-melha tem uma pequena faixa associada à soldagem (arco elétrico), muitas vezes nem sendo detectada; c) Para garantir condições de se-gurança, EPI e EPC são adota-dos como forma de permitir a visibilidade da região soldada (região do arco) e, ao mesmo tempo, controlar a exposição do soldador à radiação eletro-magnética gerada pelo arco elétrico (principalmente os raios UV – controle da trans-mitância luminosa); d) É necessário que haja o acom-panhamento e o treinamento periódico da mão de obra asso-ciada com a operação de solda-gem, como forma de garantir a verificação da certificação dos equipamentos e possibilitar seu emprego correto; e) Na soldagem, mesmo havendo normatização e órgãos fisca-lizadores indicando a obriga-toriedade do uso dos EPIs, observa-se que, por falta de conscientização do empresário e do soldador, o uso do EPI ainda é uma questão polêmica e pouco discutida no chão de fábrica.
  • 13. Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 123 Referências 1) Ali, S. A. Dermatoses Ocupacionais. São Paulo, Ed. Fundacentro, 2009. 2) ANSI – American National Standards Institute. Z87.1-2003 – Occupational and Educational Personal Eye and Face Protection Devices, 2003. 3) AWS – American Welding Society. Eye and Face Protection for Welding and Cutting Operations. Safety and Health Fact Sheet n. 31, 2006. 4) AWS – American Welding Society. Radiation. Safety and Health Fact Sheet n. 2, 2003. 5) Arpansa – Australian Radiation Protection and Nuclear Safety Agency. Occupational Exposure to Ultraviolet Radiation. Radiation Series n. 12, 2006; p. 5. 6) BS EN 379:2003. Personal eye-protection – Automatic welding filters. 7) Côcco, L. C. Previsão de Propriedades Fisico-Químicas e Composição Química da Gasolina a Partir de Espectros no Infravermelho. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Paraná. Setor de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia – PIPE, 2008. 8) Dixon, A. J.; Dixon, B. F. Ultraviolet radiation from welding and possible risk of skin and ocular malignancy. MJA, vol. 181, n. 3, 2004; p.155-157. 9) Faber, M. Ultraviolet Radiation, 2ª ed. Non-ionizing Radiation Protection. World Health Organization Regional Office for Europe. Copenhagen, Dinamarca, 1989. 10) Gomes, A. A.; Ruppenthal, J. E. Aspectos de Higiene e Segurança na Soldagem com Eletrodos Revestidos em Microempresas do Tipo Serralheria. In: XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Paraná, 2002. 11) Incropera, F. P.; Dewitt, D. P.; Bergman, T. L.; Lavine, A. S. Fundamentos de Transferência de Calor e Massa. Rio de Janeiro, LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora, 2008. 12) International Commission on Non- Ionizing Radiation Protection (ICNIRP). Protecting Workers from Ultraviolet Radiation. ICNIRP 14/2007, ISBN 978-3- 934994-07-2, 2007. 13) Lombardi, D.A.; Pannala, R.; Sorock, G.S.; Wellman, H. Welding related occupational eye injuries: a narrative analysis. Inj. Prev. 11(3), 2005; p. 174-9. 14) Lyon, T. L. Knowing the Danger of Actinic Ultraviolet Emissions. Safety and Health Fact Sheet, n. 26, 2002. 15) Machado, I. G. Soldagem e Técnicas Conexas: Procesos, 1ª ed. Porto Alegre, editado pelo autor, 1996. 16) MS – Ministério da Saúde. Dermatoses Ocupacionais. Brasília, Editora do Ministério da Saúde, 2006. 17) MTE – Ministério do Trabalho e Emprego. NR 6 – Equipamento de Proteção Individual, 2010. 18) Niosh – National Institute for Occupational Safety and Health. Work-related Eye Injuries Treated in Emergency Departments by Injury Source. Healthy People 2010 Vision. Fact Sheet: Eye Safety at Work is Everyone’s Business. 19) Okuno, T.; OJIMA, J.; SAITO, H.Ultraviolet Radiation Emitted by CO2 Arc Welding. British Occupational Hygiene Society, vol. 45, n. 7, 2001; p. 597-601. 20) Tenkate, T. D. Optical Radiation Hazards of Welding Arcs. Reviews on Environmental Health, vol. 13, n. 3, 1998; p. 131-146. 21) Wainer et al. Soldagem: Processos e Metalurgia, 2ª ed. São Paulo, Edgard Blücher, 1992.